Divertículo de Zenker: Análise dos Resultados Clínicos e Cirúrgicos
NOVAES, F.T.; ANGELO, S.N.; LERCO, M.M.; HENRY, M.A.C.A.
DISCIPLINA DE GASTROENTEROLOGIA CIRÚRGICA
FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU - UNESP
INTRODUÇÃO
Os divertículos podem ocorrer em
qualquer área de fraqueza da parede do
esôfago, sendo mais frequentes no
segmento
faringoesofágico.
Quando
ocorrem no triângulo de Killiam (espaço
entre o músculo constritor inferior da
faringe e o cricofaríngeo) são denominados
Divertículo de Zenker, afecção que foi
descrita por Abraham Ludlow em 1764 e
reconhecida por von Zenker em 1879.
O tratamento cirúrgico do
Divertículo de Zenker já é bem
estabelecido e tem eficácia de 80 a 100%.
A abordagem cirúrgica inicial foi a
diverticulectomia
por
cervicotomia,
associada ou não à miotomia do
cricofaríngeo. Posteriormente surgiu a
técnica endoluminal com laringoscópio
rígido e, nos últimos anos, a técnica
endoscópica tem sido aperfeiçoada
permitindo abordagens menos invasivas e
com bons resultados.
O objetivo deste trabalho é analisar
os aspectos clínicos e cirúrgicos de
pacientes portadores desta afecção
acompanhados em nosso hospital.
do sexo feminino, sendo todos da raça
branca e com idades variando entre 37 e
91 anos (média de 63 anos).
A queixa mais frequente foi a
disfagia (90%), com duração variável.
Outras queixas referidas foram: sensação
de corpo estranho cervical, regurgitação,
engasgos e sialorréia.
A endoscopia digestiva alta (EDA)
confirmou a presença do divertículo em
91% dos casos (figura 1) e demonstrou
algumas doenças associadas: esofagite de
refluxo gastroesofágico (4), câncer do
esôfago (1), pólipo esofágico (1) e úlcera
duodenal (1).
A confirmação diagnóstica foi
realizada através de exame radiológico
(Esôfago Estômago Duodenografia). O
menor divertículo apresentava, ao RaioX,
2,5cm em seu maior diâmetro (figura 2) e o
maior, 9 cm (figura 3). A eletromanometria
pré operatória foi realizada em apenas 7
pacientes
porém,
foram
achados
constantes: hipotonia do esfíncter superior
do esôfago (pressão média de 32,5 mmHg)
e incoordenação
entre a contração
faringeana e o relaxamento do esfíncter
superior.
CASUíSTICA E MÉTODOS
Foram incluídos no estudo 30
pacientes com diagnóstico de Divertículo
de Zenker, acompanhados no Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina de
Botucatu – UNESP, no período de janeiro
de 1990 a dezembro de 2009. Do total de
pacientes, 17 eram do sexo masculino e 13
Em 24 pacientes foi realizada
diverticulectomia associada à miotomia do
músculo cricofaríngeo e em 3 pacientes foi
realizado tratamento endoscópico. Nos
demais, a cirurgia foi contraindicada, tendo
em vista associação com câncer avançado
do esôfago (1) e falta de condições clínicas
nos demais.
RESULTADOS
A mortalidade operatória foi nula e as
complicações precoces ocorreram em
pequeno número de pacientes submetidos
à diverticulectomia por cervicotomia. Um
paciente desenvolveu hematoma e outro
abscesso cervical, havendo necessidade de
revisão da cirurgia e drenagem em ambos
os casos. Em outros dois foi observada
rouquidão temporária, com remissão
espontânea.
Figura 1. EDA demonstrando divertículo de
Zenker
No seguimento tardio, todos os
pacientes apresentaram-se assintomáticos
e satisfeitos com a terapêutica instituída
CONCLUSÃO
Os resultados desta investigação
permitem concluir que:
Figura 2. RaioX do esôfago demonstrando
divertículo de tamanho médio na transição
faringoesofágica
1) Embora raro, o divertículo de
Zenker deve fazer parte do
diagnóstico
diferencial
das
disfagias, principalmente no idoso,
grupo etário mais acometido por
essa doença esofágica;
2) Não
houve
diferença
estatísticamente significativa entre
os
grupos
submetidos
a
diverticulectomia por cervicotomia
e ao tratamento endoscópico em
relação a
complicações pós
operatórias e resolução dos
sintomas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.
Figura 3. Raio X do esôfago: grande
divertículo na transição faringoesofágica
Endoscopic Therapy of Zenker’s
Diverticulum.
HONDO,
F.Y.;
KUMAR, A.; SAKAI, P. Front
Gastrointest Res. Brasil, Karger
(2010), vol 27; pp 115-121.
2.
Zenker’s
divericula:
pathophysiology
clinical
presentation
and
flexible
endoscopic
management.
FERREIRA, L.V.v.C.; SIMMONS, D.T.;
BARON, T.H. Diseases of the
Esophagus (2008) vol 21; pp 1-8.
QUESTÕES:
1. O divertículo faringoesofágico, ou
Divertículo de Zenker, é:
a) Um divertículo verdadeiro, de
tração
b) Um divertículo verdadeiro, de
pulsão
c) Um divertículo falso, de tração
d) Um divertículo falso, de pulsão
Resposta: D
Comentário: Os divertículos esofágicos
podem ser de pulsão ou de tração. O
divertículo faringoesofágico, consiste em
uma herniação da mucosa através da
musculatura devido ao aumento da
pressão intraluminar. Portanto, é um
divertículo falso, de pulsão.
2. São complicações dos divertículos
faringoesofágicos exceto:
a) Abscesso
b) Pneumonia
c) DRGE
d) Neoplasia
Resposta: C
Comentário: Pneumonia e outras afecções
respiratórias são complicações comuns,
decorrentes da aspiração de material
regurgitado. A perfuração do divertículo
pode levar a formação de abscesso e o
carcinoma epidermóide, apesar de raro,
pode se desenvolver em divertículos de
longa duração. A DRGE não é uma
complicação
dos
divertículos
faringoesofágicos.
Download

Divertículo de Zenker: Análise dos Resultados Clínicos e Cirúrgicos