COMISSÃO DA TRANSPARÊNCIA Foi realizada, nesta segunda-feira, na ALERJ, audiência pública da Comissão Especial da Transparência com o tema “A transparência como ferramenta de combate à corrupção” A audiência, que foi presidida pelo Deputado Estadual Flávio Bolsonaro (PP/RJ), contou com a participação de representantes do poder público e da sociedade, discutiu questões relacionadas ao processo de implantação, pelo Estado e, em especial, pelos Municípios fluminenses, das medidas constantes da lei de transparência. Representando o Fórum Popular de Orçamento, o economista Luís Mário Benhken apontou o que considera como mitos e artimanhas do orçamento do Estado do Rio de Janeiro. Assim, relacionou a tese da dificuldade do cidadão mediano à compreensão do assunto e instrumentos que ensejam a possibilidade de remanejamento de recursos de um setor para outro do orçamento que, ao final, poderiam transformá-lo em mera “peça de ficção”. Outra questão a ser superada, segundo Benhken, seria a adoção de um orçamento efetivamente participativo, com a realização de debates e audiências públicas com entidades representativas e da própria sociedade antes de o orçamento ser enviado ao Poder Legislativo. Hoje não há tal discussão prévia na elaboração da peça orçamentária, de maneira a definir quais setores teriam mais ou menos necessidade de verbas públicas e o Parlamento exerce papel de mero “homologador”. Pela Secretaria Estadual de Finanças, apresentou o Secretário Renato Villela o portal da transparência do Governo do Estado, com ferramentas simples, de acesso público, contendo informações pormenorizadas e diariamente atualizadas, conforme preconiza a lei da transparência. Ressaltou o Secretário que o Estado tem investido bastante do quesito transparência, comprometendo-se, na oportunidade, não só com o maior esforço de divulgação do instrumento à sociedade, como também com a criação de ícones específicos no portal que permitam o acesso direto a dados sobre as despesas estaduais para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016. Outro ponto sensível levantado pelo Secretário relaciona-se aos Municípios que, além da dificuldade de disponibilizar informações orçamentárias, de forma detalhada e em tempo real, em seus portais oficiais, em muitos casos, não possuem, sequer, base de dados informatizada. Nestes casos, todas as etapas do orçamento, desde a arrecadação até o pagamento aos fornecedores, são registradas manualmente, na base do “lápis e papel”. Ao encerrar sua exposição, o Secretário disponibilizou a Escola Fazendária para auxiliar aos Municípios no processo de adequação à lei da transparência, bem como para realizar cursos voltados a integrantes dos demais Poderes, cidadãos interessados e profissionais da imprensa versando sobre a questão orçamentária - no intuito qualificar para o acompanhamento do orçamento. No sentido de aclarar sobre a gravidade do problema, em especial ante os processos de autoria que passarão, a partir do final do corrente ano, a ser realizados em todo o Estado, destacou o Deputado que a lei da transparência estabelece prazos para que os entes públicos se adaptem e cumpram seus requisitos. Ocorre que, para todos os Municípios brasileiros com mais de 50 mil habitantes esse prazo já expirou e a sanção prevista para o seu descumprimento é a proibição do recebimento de transferências voluntárias. Em outras palavras, um Município que não esteja atendendo ao previsto nessa legislação não poderia receber repasses da União, por exemplo. Para que se tenha uma ideia do tamanho do problema, o Município Duque de Caxias, citado à guisa de exemplo, caso não atenda, integralmente, ao disposto na lei de transparência, deixaria de receber, só neste ano, mais de R$ 200 milhões de recursos transferidos da União. Igual problema viveria a Prefeitura de Niterói, ante à não adequação à legislação. Nessa hipótese, em tese, estaria impossibilitada de receber, em 2011, mais de R$ 156 milhões oriundos da União. Os exemplos são apresentados tão somente para evidenciar a vulnerabilidade dos Municípios – ante a possibilidade de perda de recursos vitais pela inobservância de critérios de transparência. O Ministério Público Federal (MPF/RJ), o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPERJ) e o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE/RJ), órgãos com função de fiscalização da gestão dos recursos públicos, fizeram-se representados, respectivamente, pelo Procurador Federal Fábio Seghese, pelo Promotor de Justiça Sydnei Rosa e pela Técnica Denise Buona Rossi. Os três órgãos informaram possuir grupos de trabalho específicos para a questão da transparência dos gastos públicos voltados à Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016 – considerando a preocupação da sociedade e o montante de recursos públicos envolvidos nos dois megaeventos. O TCE/RJ realizará, no dia 24 de outubro, auditoria interna para avaliar medidas a serem tomadas pelo órgão para cobrar, do Estado e Municípios, o cumprimento da lei da transparência – uma vez que, ainda este ano, serão iniciadas as auditorias sobre o tema. O MPF/RJ, a exemplo do MPERJ, se colocou à disposição para receber formalmente qualquer denúncia pelo não cumprimento da legislação sobre transparência, conforme previsto na Lei Complementar 131/2009, tendo em vista as medidas legais cabíveis e a adoção, pelos Municípios, das medidas exigíveis para que não se vejam impedidos de receber repasses vitais à sua vida e funcionamento. A audiência contou, ainda, com representantes do Instituto Ethos, que reforçaram pedido, ao Secretário de Fazenda, no sentido da criação de dispositivo específico, no portal da transparência do Governo do Estado, para compilar informações acerca dos megaeventos já referidos, o que facilitaria o acompanhamento dos respectivos investimentos públicos. A Comissão da Transparência busca acelerar a inevitável e, felizmente, sem volta, caminhada rumo à total transparência dos gastos públicos, buscando consolidar, na sociedade, o uso dessa ferramenta de suma importância no combate à corrupção. Deputado Estadual Flávio Bolsonaro Presidente