Saúde do idoso Profª: Letícia Lazarini de Abreu Atenção à Saúde do Idoso O rápido processo de envelhecimento da população brasileira se dá em razão da transição de uma situação de alta mortalidade e alta fecundidade, para uma de baixa mortalidade e gradualmente baixa fecundidade como justificam as projeções estatísticas para os próximos anos. Tal mudança se configura num desafio para as autoridades sanitárias, especialmente para a implantação de novos modelos e métodos para o enfrentamento do problema. O Idoso consome mais serviços de saúde, as internações hospitalares são mais freqüentes e o tempo de ocupação do leito é maior do que o de outras faixas etárias sem que isto se reverta em seu benefício. Em geral as doenças dos idosos são crônicas e múltiplas, perduram por vários anos e exigem acompanhamento médico e de equipes multidisciplinares permanentes e internações freqüentes. A maioria dos quadros de dependência desta população está associada a condições crônicas que podem ser adequadamente manipuladas, muitas vezes, fora de instituições hospitalares ou asilares. A efetiva organização dos sistemas de saúde pressupõe o fortalecimento do nível primário de atenção reforçando a necessidade de ruptura da visão piramidal. É fundamental a organização dos serviços em ações básicas de atenção a saúde do Idoso na produção do cuidado em defesa da vida. Tal enfoque será norteado por uma concepção de saúde que incorpora os determinantes sociais e coletivos, ressaltando a importância da singularidade do Idoso e tornando sujeito de sua própria condição de saúde. Coordenadoria de Saúde do Idoso Envelhecer O envelhecimento, aspiração de qualquer sociedade, só representará uma conquista social quando for traduzido por uma melhor qualidade de vida. A atenção se volta para a rapidez da mudança do perfil epidemiológico que vem ocorrendo no Brasil e que não estamos preparados para enfrentar. A perspectiva de crescimento da população acima de 60 anos colocará o Brasil, dentro de 25 anos, como a 6ª- maior população de idosos no mundo em números absolutos. Atualmente, contamos com o número de 16 milhões de indivíduos com 60 anos ou mais, que passará a ser 32 milhões em 2025, que representará 15% de nossa população total, segundo fontes do IBGE. Em 1980, para cada 100 crianças, existiam 16 idosos e atualmente calcula-se que essa proporção chegue a 30 crianças para 100 idosos. O conceito de saúde nessa faixa populacional é abrangente e não se restringe à presença ou ausência de doença ou agravo e é estimada pelo nível de independência e autonomia. A avaliação deve ser multidimensional, levando-se em conta o bemestar biopsicossocial e a necessidade de ações integradas da equipe multidisciplinar. Todo cidadão tem direito ao acesso a serviços adequados às necessidades de saúde individuais e coletivas. É nesse contexto que um novo olhar volta-se para a Saúde do Idoso como uma das atuais prioridades das Políticas Públicas de Saúde. A utilização de novos instrumentos, ferramentas e tecnologias surge como uma nova perspectiva para essa abordagem. Daí a necessidade de melhorar a qualidade das prestações de serviços ofertadas pelo sistema público, repensar o modo como as ações são ofertadas e o papel de cada profissional dentro do novo contexto, organizar fluxos e diretrizes e renovar o papel da assistência em atenção ao idoso na condição de um processo de assistência integrado. Dessa forma e considerando a necessidade de dispor de uma política devidamente expressa relacionada à saúde do Idoso, bem como a conclusão do processo de elaboração da referida política, após consultas a diferentes segmentos e aprovação pelos órgãos competentes, o Ministério da Saúde resolveu aprovar a Política Nacional de Saúde do Idoso, Portaria GM/MS Nº. 1395/99. BASE LEGAL PARA O DESENVOLVIMENTO DAS POLÍTICAS EM ATENÇÃO AO IDOSO Lei nº. 8.842 de 04/01/1994 – Política Nacional do Idoso. Portaria nº. 1.395 de 09/12/1999 – Política Nacional de Saúde do Idoso. Portaria nº. 249 de12/04/2002 – Normas para cadastramento de centros de referência em assistência à saúde do Idoso. Portaria nº. 702 de 12/04/2002 – Organização e implantação de redes estaduais de assistência à saúde do idoso. Portaria nº. 703 de 12/04/2002 – Assistência aos portadores da Doença de Alzheimer. Portaria nº. 738 de 12/04/2002 – Assistência domiciliar geriátrica. Resolução SES nº. 1.141 de 26/08/2002 – Cria a Coordenadoria de Atenção ao Idoso. Lei nº. 10.741 de 01/10/2003 – Estatuto do Idoso. RDC n°. 283 de 26/09/2005 – Regulamento Técnico que define Normas de funcionamento para as Instituições de Longa Permanência para Idosos _ ILPI, de caráter residencial. No processo de implementação das políticas de saúde do Idoso, o Estatuto do Idoso – Lei Nº. 10.741/2003 veio definir a diretriz norteadora para a promoção, prevenção e recuperação da saúde desta parcela populacional. Sendo este um aspecto de relevância no que diz respeito à melhoria da qualidade de vida, promoção e recuperação da saúde da população idosa, o Estatuto do Idoso, veio consolidar a legitimidade do direito do cidadão de 60 anos ou mais, “com direito à atenção à saúde íntegra, o direito social à saúde em um sentido mais amplo, que implicará garantia de outros direitos sociais e é dependente da adequada articulação de políticas econômicas e sociais”. A POPULAÇÃO ALVO § Idosos de 60 anos e mais, sexo masculino e feminino OS OBJETIVOS PRINCIPAIS: § Promover o envelhecimento ativo e saudável – bem-sucedido. § Estruturar a atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa. § Fortalecer a participação social. § Monitorar o processo de envelhecimento. § Identificar os fatores de risco de doenças e agravos. § Envolver a família e a comunidade no processo do cuidado. § Promover a formação e a educação permanente para os profissionais de saúde que trabalham com idosos no SUS. § Identificar e promover os fatores de proteção e recuperação da saúde. § Melhorar a qualidade de vida da população idosa do Estado. CONCEITUANDO A SAÚDE DO IDOSO A OMS define saúde como “o estado de completo bem-estar físico, psíquico e social, e não somente a ausência de doenças.” O estado de completo bem-estar físico, mental e social depende de fatores médicos e sociais. Dessa forma, o estado de saúde das pessoas depende de forma significativa da alocação de recursos em setores como a educação, alimentação, infra-estrutura sanitária e habitacional, incentivos ao trabalho, promoções ao estilo de vida saudável com atividades de lazer e cuidados com o meio ambiente. O envelhecimento “Como a criança não pode ser considerada uma miniatura do adulto, o idoso também não deve ser tratado como se fosse a sua continuação.” (Y. Moriguchi). Definir envelhecimento é algo muito complexo, biologicamente é considerado um processo que ocorre durante toda a vida. Existem vários conceitos de envelhecimento, variando de acordo com a visão social, econômica e principalmente com a independência e qualidade de vida do idoso. A população de baixo poder aquisitivo envelhece mais cedo, resultado de uma diversidade de fatores biopsicossociais. O envelhecimento acontece logo após as fases de desenvolvimento e de estabilização, sendo pouco perceptível por um longo período, até que as alterações estruturais e funcionais se tornem evidentes. No ser humano, a fase de desenvolvimento alcança sua plenitude no final da segunda década, seguida por um período de certa estabilidade, sendo que as primeiras alterações do envelhecimento são detectadas no final da terceira década de vida. Caracterizou-se o envelhecimento natural como “a progressiva incapacidade de manutenção do equilíbrio homeostático em condições de sobrecarga funcional”. No nosso corpo, os mecanismos mantenedores da homeostase, desde os mais simples aos mais complexos, compõem-se fundamentalmente de sensores. Para manter o corpo em equilíbrio, por exemplo, existem os responsáveis pela detecção do desequilíbrio, os encarregados da modulação da resposta (centros reguladores), e os efetores que são capazes de executar as correções necessárias. Durante o envelhecimento, ocorrem alterações do número e da sensibilidade dos sensores, do limiar de excitabilidade dos centros reguladores e da eficiência dos efetores, facilitando principalmente as quedas, que são muito freqüentes nos idosos. O envelhecimento não é uniforme, portanto não é possível escolher um indicador único, pode-se dizer que é o conjunto das alterações estruturais e funcionais do organismo que se acumulam progressiva e especificamente com a idade. Aspectos gerais do envelhecimento Além de alterações estruturais e funcionais, a composição corporal vai sofrendo modificações importantes com o envelhecimento: A gordura corporal vai aumentando com o avançar da idade (aos 75 anos, é praticamente o dobro daquela aos 25 anos); No tecido subcutâneo, ocorre a diminuição do tecido adiposo dos membros e aumento no tronco, caracterizando a chamada gordura central; A água corporal total diminui (15% – 20%), principalmente às custas da água intracelular, com redução dos componentes intra e extracelulares, principalmente os íons sódio e potássio, provocando maior susceptibilidade a graves complicações conseqüentes das perdas líquidas e maior dificuldade à reposição do volume perdido; A retração do componente hídrico, associado ao aumento da gordura corporal (20% – 40%) poderá contribuir para a alteração da absorção, metabolização e excreção das drogas no idoso. A redução da albumina altera o transporte de diversas drogas no sangue; O metabolismo basal diminui de 10% a 20% com o progredir da idade, o que deve ser levado em conta quando calculamos as necessidades calóricas diárias do idoso; A tolerância à glicose também se altera, criando, às vezes, dificuldade para se diagnosticar o diabetes, apesar de ser uma doença que incide com muita freqüência no idoso. Senescência X Senilidade É de suma importância para os profissionais de saúde que lidam com pacientes idosos conhecer e distinguir as alterações fisiológicas do envelhecimento, denominadas senescência, daquelas do envelhecimento patológico ou senilidade. Conhecer o considerado normal e o patológico e fazer a distinção entre eles pode ser difícil, pois muitas vezes essas condições se superpõem e, portanto, não se deve atribuir à VELHICE, sinais e sintomas de doenças muitas vezes passíveis de tratamento e cura. Por outro lado, não devemos considerar o processo natural do envelhecimento como sinais e sintomas de doenças ou solicitar exames e instituir tratamento em idosos que apresentem sinais apenas compatíveis com o envelhecimento fisiológico. Mobilidade Capacidade de um indivíduo se mover em um dado ambiente, função básica para a execução de tarefas, realizar atividades de vida diária – AVDs e manter sua independência. Independência Capacidade de autocuidar e realizar as atividades da vida diária – AVDs sem auxílio de outra pessoa. Dependência Incapacidade de realizar uma ou mais atividade da vida diária – AVDs, sem auxílio. É definida em graus, leve, moderada e avançada. Autonomia Capacidade e direito do indivíduo de poder eleger, por si próprio, as regras de conduta, a orientação de seus atos e os riscos que está disposto a correr durante sua vida. Conceito amplo: inclui poder decisório (integridade cognitiva) Capacidade Funcional Define-se como a manutenção plena das habilidades físicas e mentais desenvolvidas ao longo da vida, necessárias e suficientes para uma vida com independência e autonomia. É o grau de preservação da capacidade de realizar as Atividades Básicas de Vida Diária – AVDs ou autocuidado e o grau de capacidade para desempenhar Atividades Instrumentais de Vida Diária – AIVDs. Relação estreita com a avaliação funcional A saúde da pessoa mais velha é entendida como a interação entre saúde física, saúde mental, independência na vida diária, integração social, suporte familiar e independência econômica. SAÚDE DO IDOSO: SAÚDE MENTAL + SAÚDE FÍSICA (INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL E AUTONOMIA) + INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA + SUPORTE FAMILIAR + INTEGRAÇÃO SOCIAL Atuação junto aos idosos O enfermeiro é um profissional qualificado de nível superior, responsável pela promoção, prevenção, recuperação, e reabilitação dos indivíduos a quem comete os cuidados, seja individual, coletivo ou comunitário. Estando apto para atuar nas áreas da saúde assistencial, administrativa, ou gerencial. Ainda dentro da área, encontramos pessoas capacitadas como, auxiliares e técnicos de enfermagem, possuindo funções especificas designadas pelo enfermeiro. Contudo, a figura principal e central relacionado aos serviços e atuações profissionais de atenção á saúde é o paciente. Este, variando de individuo para individuo, pode depender de vários cuidados, e necessidades, tendo a enfermagem que identificar e tomar medidas que aliviem seu sofrimento. Para certos indivíduos/pacientes algumas necessidades básicas são essenciais para manter a satisfação pessoal e quando há limitações para a realização dessas práticas diárias, o paciente necessita de cuidado mais próximos. Os enfermeiros são profissionais de saúde com um papel prioritário no apoio aos idosos, patológicos ou não, independentes ou não, com autonomia ou não. São profissionais determinantes, principalmente no processo de reabilitação fazendo com que a assistência seja sistematizada permitindo assim que se identifiquem os problemas dos idosos de maneira individualizada, colocando seus conhecimentos teórico -prático no controle do processo do envelhecimento, e sempre mantendo sua formação em continuidade para os estudos clínicos preventivos, curativos e paliativos a essa população. A Enfermagem Gerontológica abrange os conhecimentos específicos de enfermagem acrescidos daqueles relacionados ao processo do envelhecimento, sendo o campo da Enfermagem que se especializa na assistência ao idoso. A equipe de enfermagem deve zelar para que o idoso consiga aumentar os hábitos saudáveis, diminuir e compensar as limitações inerentes da idade, confortar-se com a angústia e debilidade da velhice, incluindo o processo de morte. Deve ainda o enfermeiro atuar estimulando o autocuidado, atuando na prevenção e não-complicação das doenças inevitáveis, individualizando o cuidado a partir do princípio de que cada idoso vai apresentar um grau diferente de dependência, diferindo assim a maneira de assistência. A equipe de enfermagem deve zelar para que o idoso consiga aumentar os hábitos saudáveis, diminuir e compensar as limitações inerentes da idade confortar-se com a angustia e debilidade da velhice, incluindo o processo de morte. No entanto, observa-se em muitas instituições a ausência do enfermeiro, assim como da equipe multiprofissional (Aires, Paz e Perosa, 2006). Fato justificado pela falta de recursos financeiros, e da consciência dos governantes para tal problema presente, que futuramente nós, provavelmente vamos enfrentar. Tanatologia A morte ainda é um tabu para a nossa cultura. Ainda prevalece a noção de que a morte é um erro, uma imperícia ou um fracasso. Na era da ciência e da tecnologia conseguimos fazer descobertas surpreendentes, mas não conseguimos conviver com o grande mistério da morte. ... para o ser humano, o ato de morrer, além de um fenômeno biológico natural, contém intrinsecamente uma dimensão simbólica, relacionada tanto a psicologia como as ciências sociais. Enquanto tal, a morte apresentou-se como um fenômeno impregnado de valores dependentes do contexto sócio-cultural e histórico em que se manifesta [...] (COMBINATO; QUEIROZ, 2006, p. 209). O termo Tanatologia vem do grego que significa thnatos o deus da morte e logos estudo. Para Assumpção (2005), tanatologia significaria o “estudo da morte” ou “ciência da morte”. O estudo da tanatologia possibilitou um meio para resgatar o sentido da morte por meio da superação dos medos culturalmente instituídos propondo uma reflexão sobre o sentido da vida e o processo da morte e do morrer com dignidade. No Brasil, Wilma da Costa Torres (1934-2004) foi pioneira no desenvolvimento da área da tanatologia. “[...] Como todos os pioneiros, teve que desbravar campos desconhecidos e lutar contra preconceitos. Na década de 70 surgiram as suas primeiras publicações sobre o assunto. Em 1981 criou o primeiro Curso de Especialização em Tanatologia no Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) da Fundação Getúlio Vargas. Após o fechamento do ISOP passou a desenvolver a área da tanatologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro ministrando aulas na graduação e pós-graduação O estudo da tanatologia é de suma importância para desmistificar preconceitos e fornecer subsídios para um melhor preparo ao lidar com a questão da morte, proporcionando a valorização da humanização no cuidado de pessoas e pacientes com risco iminente de morte assim com também de seus familiares, através de ações de conforto e respeito. TANATOLOGIA Morte súbita e agônica Realidade e cronologia da morte Fenômenos cadavéricos Perícia tanatológica Perinecroscopia Necroscopia Lesões intra-vitam e post-mortem Técnica necroscópica TANATOLOGIA: estuda a morte e seus aspectos jurídico-sociais MORTE: é o processo de cessação completa e definitiva das funções vitais Morte natural Morte violenta Morte suspeita Morte súbita Morte agônica CAUSA JURÍDICA DA MORTE NATURAL: onde não há responsabilidade a apurar VIOLENTA e SUSPEITA: onde é necessário esclarecer circunstâncias e apurar responsabilidades HOMICÍDIO SUICÍDIO ACIDENTE Observar detalhes para permitir as conclusões acima • lesões de defesa • lesões provocadas pelo agressor • local, número • mudança de local da vítima e lesões associadas REALIDADE E CRONOLOGIA DA MORTE DIAGNÓSTICO CLÍNICO DA MORTE Critérios de Morte Encefálica Lei dos Transplantes de Órgãos e Tecidos Lei nº 9434 de 04/02/1997 Resolução nº 1480/97 – CFM Protocolo DIAGNÓSTICO CLÍNICO DA MORTE Critérios Tradicionais • Nenhuma respiração espontânea por 60 minutos • Nenhuma respiração reflexa e nenhuma alteração no ritmo cardíaco por pressão ocular ou do seio carotídeo • Eletroencéfalograma isoelétrico por 60 minutos • Dados laboratoriais básicos • Divisão de responsabilidade com outro colega CRONOLOGIA DA MORTE O tempo da morte é determinado de forma aproximada através dos fenômenos cadavéricos I . Fenômenos Abióticos Imediatos II. Fenômenos Abióticos Consecutivos III . Fenômenos Transformadores IV . Fenômenos Conservadores DIAGNÓSTICO DA REALIDADE DA MORTE I . Fenômenos Abióticos Imediatos • Perda da consciência, • Perda da sensibilidade, • Imobilidade, • Perda do tônus muscular, • Ausência de respiração, • Ausência de circulação. II. Fenômenos Abióticos Consecutivos • Evaporação Tegumentar: apergaminhamento cutâneo, queda de tensão do globo ocular, perda do brilho das mucosas e córnea • Resfriamento Corporal: 1,5 °C/h • Rigidez Cadavérica: na 1ª hora, progride até 8ª hora e se desfaz em 24h • Livores de Hipóstase: na 1ª hora, fixos após a 10ª hora, irremovíveis após esta hora mesmo com a mudança de posição III . Fenômenos Transformadores Autólise Putrefação • fase cromática: em 12h-mancha verde 1 semana • fase gasosa: em 24h-máximo em 96h 3-5semanas • fase coliquativa: 1ª semana alguns meses • fase de esqueletização: 3-4ª semana meses-anos Maceração IV . Fenômenos Conservadores Mumificação Saponificação (adipocera) Corificação Petrificação (Litopédio) PERÍCIA TANATOLÓGICA PERINECROSCOPIA NECROSCOPIA LESÕES INTRA-VITAM e POST-MORTEM TÉCNICA NECROSCÓPICA Perinecroscopia Local de Morte Perito Criminalístico Perito Médico Legista NECROSCOPIA • Necropsia Clínica (SVO, hospitais de referência) • Necropsia Forense em casos de: morte violenta suspeita de morte violenta morte sem assistência médica* • 6h após a morte preferencialmente durante o dia QUESITOS 1º se houve morte; 2º qual a causa da morte; 3º qual o instrumento ou meio que produziu a morte; 4º se foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura ou por outro meio insidioso ou cruel (resposta especificada). A autoridade poder formular quesitos complementares PARA REALIZAR A PERÍCIA • encaminhamento da autoridade e cópia ocorrência • com o maior número de informações possíveis • se ocorreu atendimento médico deve vir acompanhado de boletim de atendimento • guia de remoção do cadáver • tempo de realização da perícia é adequado ao grau de complexidade da mesma • época de realização independe data do fato (acidente de trânsito com evolução arrastada) NECROSCOPIA DESCRIÇÃO MINUCIOSA • documentação • vestes • exame externo • exame interno • RX (tiros, carbonizados, putrefatos) • laboratório (coleta de secreções) • PAFs coletados e identificados separadamente Emissão de Atestado de Óbito Elaboração do Laudo de Necropsia detalhes específicos a cada perícia Atestado de óbito • Resolução CFM no. 1.779/2005 (revogada a Resolução CFM no 1.601/2000) • Morte indeterminada TÉCNICA NECROSCÓPICA INDICADA PELA FERIDA, MEIO DA MORTE RN Envenenamento Enforcamento Espostejados Carbonizados, Putrefatos Exame : Conjunto Vestes Externo Interno ... Interno: cavidade craniana cavidades torácica e abdominal pescoço coluna vertebral cavidades acessórias da cabeça Complementares laboratoriais: RX Sangue Urina Vísceras ERROS •Exame externo sumário ou omisso •Interpretações por intuição •Falta de ilustração •Entendimento errado dos fenômenos post mortem •Necropsias incompletas •Exames à noite •Falta de exames subsidiários •Imprecisão e dubiedade da causa mortis e das respostas aos quesitos •Incisões desnecessárias •Obscuridade descritiva EXUMAÇÃO Solicitação feita em caráter especial, com objetivos criteriosamente justificados e quesitos específicos para averiguar : algum detalhe exata causada morte identificação grave contradição Deve-se ter cuidado na interpretação dos achados PERÍCIA DA EXUMAÇÃO • dirigida aos objetivos a serem esclarecidos, • localização prévia e precisa do túmulo • auxílio da autoridade para isolar o local • presença da autoridade solicitante • documentação multimídia e descritiva da perícia • descrever detalhes • conclusão : elaboração de laudo pós-exumação - Principais Doenças na terceira idade . Doenças Cardiovasculares: Infarto, Angina, Insuficiência Cardíaca Fatores de risco: Pouca atividade física (sedentarismo), fumo, diabetes, alta taxa de gordura no sangue (colesterol) e obesidade (gordura). Sintomas: Falta de ar, dor no peito, inchaço, palpitações. Prevenção: Praticar atividade física de forma sistemática, não fumar e controlar o peso, colesterol e a diabetes. Derrames (Acidente Vascular Cerebral - AVC) Fatores de risco: Pressão alta (hipertensão arterial), fumo, sedentarismo, obesidade e colesterol elevado. Sintomas: Tontura, desmaio paralisia súbita. Prevenção: Praticar atividade física de forma regular e sistemática, não fumar, controla a pressão arterial, peso e o colesterol Câncer Fatores de risco: Fumo, exposição ao sol, alimentação inadequada, obesidade, casos na família, alcoolismo. Sintomas: Depende do tipo de Câncer, um dos sintomas mais comuns e o emagrecimento inexplicável Prevenção: Consultar o médico pelo menos uma vez por ano para fazer exames preventivos, evitar exposição ao sol em excesso e não fumar. Pneumonia Fatores de Risco: Gripe, enfizema e bronquite anteriores, alcoolismo e imobilização na cama Sintomas: Febre, dor ao respirar, escarro, tosse. Prevenção: Praticar atividade física de forma regular e sistemática, boa alimentação, vacinação contra gripe e pneumonia. Enfizema e Bronquite Crônica Fatores de Risco: Fumo, casos na família, poluição excessiva. Sintomas: Tosse, falta de ar e escarro. Prevenção: Para de fumar, manter a casa ventilada e aberta ao solPrevenção: Para de fumar, manter a casa ventilada e aberta ao sol Infecção urinária Fatores de Risco: Retenção urinária no homem e na mulher a incontinência urinária. Sintomas: Ardor ao urinar e vontade freqüente de urinar. Prevenção: Consultar um médico e tratar a infecção e sua causa. Diabetes Fatores de Risco: Obesidade, sedentarismo, casos na família Sintomas: Muita sede e aumento no volume de urina. Prevenção: Controlar o peso e a taxa de açúcar no sangue. Osteoporose Fatores de Risco: Fumo, sedentarismo, dieta pobre em cálcio, nas mulheres o risco é 7 vezes maior. Sintomas: Não há sintomas, em geral, é descoberta pelas complicações (fraturas). Prevenção: Praticar atividade física de forma regular e sistemática, não fumar, comer alimentos ricos em cálcio Osteartrose Fatores de Risco: Obesidade, traumatismo, casos na família. Sintomas: Dores nas juntas de sustentação (joelho, tornojelo e coluna), e na mãos Prevenção: Controlar o peso e praticar atividades física adequada. Lembre-se ... O Ministério da Saúde recomenda que os idosos façam visitas pelo menos uma vez por ano ao médico e realize exames e utilizem vacinas como forma preventiva de identificar e combater as doenças em sua fase inicial facilitando o tratamento e a proteção da saúde. Vacinas: Tetano - a cada 10 anos. Gripe - anualmente. Pneumonia - a cada 05 anos. Exames: Aferir a pressão arterial - anualmente. Coleterol Sangüíneo - anualmente. Glicemia - anualmente. Pressão ocular - anualmente. Urina - anualmente. Ginecológico (feminino) - anualmente. Próstata (masculino) - anualmente. O Sistema Respiratório é composto das seguintes estruturas: Vias respiratórias: · Cavidades nasais · Nasofaringe · Traquéia · Pulmões · Brônquios · Bronquíolos As vias respiratórias, das narinas até os bronquíolos terminais, se mantêm úmidas pela presença de uma camada de células (epitélio) que produz muco. O muco evita que as estruturas fiquem ressecadas além de bloquear a passagem de partículas de pó e de substâncias agressivas e indesejadas. Esse sistema de proteção conta também com a ajuda dos cílios que são estruturas que se movem expelindo as secreções. Os Pulmões: Os pulmões são os principais órgãos do sistema respiratórios, responsáveis pelas trocas gasosas entre o ambiente e o sangue. São 2 órgãos de forma piramidal, de consistência esponjosa medindo mais ou menos 25 cm de comprimento. Os pulmões são compostos de brônquios que se dividem em bronquíolos e alvéolos pulmonares. · Os pulmões humanos são divididos em segmentos denominados lobos. · O pulmão esquerdo possui dois lobos e o direito possui três. · Os pulmões são revestidos externamente por uma membrana chamada pleura. Respiração Na ventilação pulmonar o ar entra e sai dos pulmões devido à contração e ao relaxamento do músculo diafragma. A respiração é a função nobre onde as células absorvem oxigênio (O2) e eliminam o dióxido de carbono (CO2). Nos pulmões, os glóbulos vermelhos eliminam o dióxido de carbono e absorvem oxigênio. Esse processo denomina-se “Hematose”. Inspiração: O diafragma se contrai diminuindo a nos pulmões e o ar, que está no ambiente, rico em oxigênio, é aspirado para dentro do órgão. O oxigênio é necessário para o funcionamento de todas as células do nosso corpo. Expiração: O diafragma se relaxa aumentando a pressão intrapulmonar e o ar que ele continha é expelido agora com o gás carbônico (dióxido de carbono) que é o resultado da "queima" do oxigênio pelas células. Alterações do Sistema Respiratório & Envelhecimento À medida que envelhecemos: Os pulmões ficam menos elásticos diminuindo a Capacidade Vital A atividade ciliar, que faz a limpeza das secreções, diminui de atividade proporcionando acúmulo de secreções que favorecem as infecções respiratórias e dificulta as trocas de gases. A musculatura do tórax perde a capacidade de eliminar secreções pela tosse, de respirar profundamente expandindo os pulmões, e de expelir dióxido de carbono. Essas alterações afetam especialmente os tabagistas e pessoas que vivem em ambientes com alto teor de poluentes e acabam por acarretar a desconforto respiratório. Essas alterações facilitam e favorecem a instalação de doenças. SINTOMAS Tosse: A tosse é uma defesa do organismo na tentativa de expelir secreções acumuladas nas vias respiratórias. Com o passar dos anos, pelos motivos já expostos, a tosse torna-se menos eficiente. A presença de tosse persistente com duração de mais de duas semanas a avaliação médica é imperiosa. A tosse persistente se relaciona intimamente com quadros de regurgitação (entrada de líquidos contidos no estômago nos pulmões-aspiração-), asma, alergias e infecções. CAUSAS MAIS COMUNS DE TOSSE EM IDOSOS: · Tabagismo · Bronquites · Asma · Pneumonias · Refluxo Gastroesofágico · Câncer de Pulmão, Metástases · Tuberculose · Efeito Adverso de Medicamentos: Antihipertensivos (Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina); captopril, enalapril... Beta Bloqueadores (Propanolol) O tratamento da tosse depende da causa. A investigação desse sintoma é realizada pelo exame físico (ausculta pulmonar), exames radiológicos e, em alguns casos, broncoscopia. Sibilos (Chiado): Também conhecido como broncoespasmo é um sintoma relacionado com o som gerado pela passagem do ar por estruturas tubulares (Brônquios). Quando se vai expelir o ar e essas passagens encontram-se contraídas e/ou semiobstruídas ocorre o sibilo. Trata-se de sintoma característico em portadores de bronquite crônica e asma. Dispnéia (Dificuldade para respirar, Falta de Ar): A falta de ar sempre é um sintoma preocupante comum a várias doenças e condições, muitas delas de extrema gravidade. Costuma se apresentar em pessoas que estando em repouso ou com pouca atividade decidem, por exemplo, subir alguns lances de escada. Determina-se a gravidade desse sintoma a partir do grau de dificuldade do movimento de desencadeou o processo. Considera-se muito grave a presença de dispnéia em repouso. Alguns pacientes não conseguem deitar completamente na cama dormindo semi-sentados para aliviar o desconforto dessa grave condição. CAUSA COMUNS DE DISPNÉIA EM IDOSOS · Insuficiência Cardíaca Congestiva · Embolia Pulmonar · Pneumonias Graves Como ficou demonstrado nunca é demais enfatizar a gravidade desse sintoma. A presença de desconforto respiratório em idosos deve ser considerada uma emergência médica. DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) DPOC é uma doença crônica que se caracteriza pela diminuição da capacidade respiratória. Trata-se de um termo genérico comum a algumas doenças: · Enfisema · Asma · Bronquite Crônica · Bronquiectasias Dessas doenças se destacam por sua prevalência a Bronquite Crônica e o Enfisema pulmonar. Bronquite Crônica Pacientes com bronquite crônica apresentam tosse produtiva (com catarro) na maioria dos dias, por pelo menos três meses ao ano, por dois anos consecutivos. Enfisema Pulmonar A doença se manifesta quando um número muito grande de alvéolos nos pulmões está destruído e os restantes já tiveram a sua função comprometida. Os pulmões constituídos por inúmeros alvéolos, pequenas bolsas de ar, onde entra oxigênio e sai gás carbônico. Pode-se dizer que a metade dos fumantes de longa data apresentam DPOC sendo o tabagismo a principal causa dessa condição. Essa condição pode ser controlada, mas não costuma ser revertida. A progressão é lenta, mas inexorável. DIAGNÓSTICO Como em todas as doenças, o médico faz diagnóstico com base na história, exame físico e exames complementares. A avaliação da função pulmonar (espirometria) e o estudo radiológico selam o diagnóstico. Um exame de sangue a ser solicitado e que mostra a oxigenação arterial (gasometria) fornece informações importantes tanto no diagnóstico como também da gravidade da doença. TRATAMENTO · Parar de Fumar · Broncodilatadores (várias apresentações: comprimidos, xaropes, ”bombinhas”, cápsulas inalatórias , etc.) · Corticosteróides · Oxigênio no domicílio · Reabilitação pulmonar (Fisioterapia) O uso de oxigênio contínuo, indicado em casos mais graves,trás grande conforto ao portador. Todos os pacientes portadores de DPOC devem ser vacinados contra a gripe todos os anos e uma vez contra a pneumonia ASPIRAÇÃO A aspiração de líquidos e de outras substâncias pode acarretar sérios problemas. Se alguma substância é aspirada como, conteúdo gástrico (estômago), bactérias da boca, ou outro corpo estranho ocorre uma séria irritação local das vias aéreas podendo levar à chamada, e temida em idosos, “Pneumonia por Aspiração”. Alto risco de aspiração: · AVC recente · Convulsões · Alcoolismo · Anestesia geral · Pacientes debilitados · Demência avançada · Doença de Parkinson terminal · Uso de hipnóticos · Uso de medicamentos sedativos · Traqueostomia · Sondas para alimentação · Pacientes restritos ao leito SINTOMAS · Dificuldade súbita para respirar · Febre · Chiado no peito (Broncoespasmo) CÂNCER DE PULMÃO Causas: O tabagismo está presente na vasta maioria dos casos (80 a 90%). A exposição à radiação e a outros agentes presentes em atividades laborais (Asbesto,Urânio) também são fatores de risco. Fumantes que deixam o hábito reduzem o risco significativamente.Ex-fumantes têm o mesmo risco de Câncer de Pulmão dos não-fumantes. Sintomas de base: Os sintomas demoram a aparecer e costumam ser vistos só quando a doença se encontra em estado avançado. · Tosse · Hemoptise (tosse com sangue) · Febre · Calafrios · Perda de apetite · Emagrecimento importante · Dificuldades para respirar · Astenia, Fraqueza · Pneumonias de repetição · Chiado (broncoespasmo) PNEUMONIA 50% das necropsias em idosos determinam a pneumonia como a causa de morte em idosos. Pacientes em instituições têm um risco 50 vezes maior de adquirir infecção pulmonar quando comparados com aqueles que vivem em seus domicílios. Vários fatores contribuem e facilitam essa terrível complicação. Ao contrário do paciente adulto jovem, a pneumonia, especialmente naqueles mais idosos, não costuma se apresentar de modo clássico, com febre alta, tosse produtiva, catarro amarelado (purulento), dores nas costas e prostração. Pode ocorrer de maneira absolutamente silenciosa, e às vezes apenas uma alteração no padrão de comportamento nos leva a cogitar essa possibilidade. A apresentação da sintomatologia em idosos é muito diferente da que se encontra em jovens conforme demonstra a tabela abaixo: JOVENS IDOSOS Dor no peito comum Raramente Chiado Raramente Tosse em 2/3 dos casos 50% Mortalidade -10% 30% Febre presente Geralmente ausente Sabemos que a tosse é um mecanismo de defesa do organismo promovendo a limpeza dos pulmões, por eliminação de secreções (catarro). Nos pacientes demenciados e especialmente em pacientes idosos, esse mecanismo encontra-se prejudicado, promovendo o acúmulo de secreções e facilitando, desta forma, a instalação de uma infecção pulmonar. Sabemos ainda que o estado de subidratação promove um espessamento das secreções, dificultando a higiene brônquica. A inatividade também dificulta a mobilização das secreções pulmonares e sua conseqüente eliminação. Outro fato relevante é que certos pacientes apresentam distúrbios no mecanismo de deglutição, engasgam constantemente e acabam por aspirar os alimentos (especialmente os muito liquefeitos), causando infecção pulmonar conhecida como pneumonia aspirativa. O que fazer para prevenir: estimular a tosse e hidratar convenientemente. Nos horários de banho, se deixarmos o banheiro com bastante vapor d’água, estaremos propiciando uma eficiente inalação, fluidificando as secreções pulmonares e facilitando sua eliminação. As caminhadas e exercícios físicos contribuem na mobilização das secreções pulmonares. Nunca alimentar o paciente na posição horizontal, deitado; é sempre conveniente escolher a posição sentada ou no mínimo semi-sentada, especialmente quando se administra líquidos. Um erro comum com pacientes que engasgam é pensar que uma dieta liquefeita é mais fácil de ser deglutida; é na realidade uma dieta mais fácil de ser aspirada, sendo assim, deve-se dar preferência às dietas pastosas ou semi-sólidas. Pacientes que apresentam pneumonias de repetição ou outras condições que representem risco, o médico assistente deverá indicar outros recursos como: medicação específica de longa duração, vacinas etc. O uso de aparelhos para inalação só deve ser indicado pelo médico. TUBERCULOSE Doença grave, transmitida pelo ar. Pode acometer todos os órgãos do corpo, em especial nos pulmões. O microorganismo causador da doença é o bacilo de Koch, cientificamente chamado Mycobacterium tuberculosis. Nos EUA, cerca de 30% de novos casos registrados anualmente ocorrem em pessoas acima dos 65 anos de idade. Pessoas que vivem em instituições são mais expostas ao risco de contrair a doença. Acredita-se que 80% dessas pessoas tenham tido contato com o agente etiológico antes dos 30 anos de idade e agora, fragilizados e com seu sistema imunológico comprometido, a micobactéria silente acaba por encontrar a oportunidade para se reativar. Certas condições aumentam o risco: Desnutrição Diabetes mellitus Tabagismo Alcoolismo Neoplasias (Câncer) Doenças graves e debilitantes SINTOMAS Na faixa etária geriátrica, os sintomas costumam ser vagos e inespecíficos: Astenia Fraqueza. Emagrecimento. Tosse. QUE EXAMES SÃO NECESSÁRIOS PARA DIAGNOSTICAR A TUBERCULOSE? Toda a pessoa que apresente tosse por 3 ou mais semanas deverá procurar o Posto de Saúde mais próximo de sua residência, para ser avaliado por um médico e fazer o exame do escarro (baciloscopia). Este exame é muito importante porque permite descobrir aqueles doentes que eliminam os bacilos e que são, portanto, fonte de transmissão. Além do exame de escarro, o profissional de saúde também poderá pedir uma radiografia do tórax. Outros exames, como a cultura de escarro e um teste chamado PPD também podem ser necessários. O QUE É TRATAMENTO SUPERVISIONADO? É uma estratégia recomendada pela Organização Mundial de Saúde, pelo Ministério da Saúde e pelo Programa de Controle de Tuberculose do Estado do Rio de Janeiro para controlar a tuberculose. Entre outras coisas, no tratamento supervisionado um profissional de saúde ou uma pessoa treinada para isto, deve observar o doente tomando/engolindo os remédios. Desta forma a equipe fica mais próxima do doente, que pode assim conversar sobre suas dúvidas e não esquece e nem para de tomar os remédios. Tomar os remédios da forma correta é fundamental para a cura da tuberculose e para evitar que o doente transmita a doença. Doenças Vasculares Os vasos sangüíneos são de três tipos básicos: · Artérias · Veias · Capilares. As artérias saem do coração levando o sangue oxigenado para os órgãos. São elásticas e se contraem. A cada contração do ventrículo esquerdo, uma forte onda se propaga a partir da maior artéria do organismo, a aorta.A partir daí o sangue vai percorrendo artérias cada vez menos calibrosas, levando o sangue rico em nutrientes por todo o corpo, até chegar às artérias muito finas, as arteríolas. As veias são os vasos que chegam ao coração, trazendo o sangue pobre em oxigênio e rico em gás carbônico. As veias são mais finas que as artérias, possuem válvulas que garantem que o sangue não retorne e não pulsam, não são elásticas. As veias de calibre muito reduzido se chamam vênulas. Os capilares são vasos de pequeno calibre, muito finos, que interligam as arteríolas às extremidades das vênulas. Quando o sangue passa pelos capilares, uma parte extravasa pela sua parede e nutre as células adjacentes, estas eliminam gás carbônico e outras substâncias formando o “líquido tissular”. 90% desse líquido é absorvido pelo sistema venoso, a parte remanescente é absorvida pelo sistema linfático (linfa). A partir dessa transição, o sangue venoso começa a voltar para o coração pelas veias para ser oxigenado e purificado e o ciclo se repete. ANEURISMA DA AORTA ABDOMINAL O aneurisma da aorta abdominal é uma doença vascular de natureza grave que atinge cerca de 2% das pessoas a partir dos 65 anos de idade. Pessoas com hipertensão e aterosclerose compõe a população de maior risco. Aneurisma é a dilatação sacular de uma artéria. O paciente costuma não apresentar sintomas e o diagnóstico é feito pelo médico que no exame físico encontra uma massa pulsátil no abdome, por ocasião de um exame radiológico ou em uma cirurgia abdominal por outras indicações. O risco de rompimento súbito e de morte imediata é grande. INSUFICIÊNCIA VASCULAR ARTERIAL PERIFÉRICA A falta adequada de circulação que compromete fundamentalmente as pernas e pés ocorre em cerca de 2% nos homens e 1% nas mulheres com mais de 65 anos de idade. A insuficiência arterial periférica é devida a diminuição do calibre das artérias. As causas mais comuns se relacionam com o tabagismo, sedentarismo, diabetes mellitus e dislipemias (altos níveis de colesterol e triglicérides). A presença da neuropatia diabética, complicação do diabetes mellitus,é um fator agravante. A doença normalmente tem curso lento e o paciente pode nada sentir. Um dos sinais característicos é o escurecimento da pele, mas, sem dor ou desconforto. Pessoas com diminuição visual importante podem até não notar essa alteração. Em alguns casos existe até a perda de tecido e formação de feridas sem que o paciente sinta absolutamente nada. Como as dores só costumam aparecer quando a pessoa está em atividade e , tendo em vista que pessoas muito idosas pouco se movimentam , esse processo pode passar desapercebido por muito tempo até ser reconhecido como um problema de saúde importante que necessita de tratamento. As feridas se formam preferencialmente nos pés e são de difícil cicatrização. O diagnóstico é feito pelo exame clínico. O médico observa a diferença de temperatura entre os dois membros e/ou a diminuição/ausência dos pulsos arteriais do membro afetado. As feridas se formam preferencialmente nos pés e são de difícil cicatrização. O diagnóstico é feito pelo exame clínico. O médico observa a diferença de temperatura entre os dois membros e/ou a diminuição/ausência dos pulsos arteriais do membro afetado. A angiografia confirma o diagnóstico. As medidas imediatas de tratamento são: · Parar de fumar · Controle adequado dos níveis de colesterol, triglicérides e glicemia. · Atividade física leve (caminhar) · Repouso orientado · Controle adequado da pressão arterial · Medicamentos (pentoxifilina) TROMBOSE Quando a obstrução arterial é aguda o quadro é mais evidente com dor local, escurecimento súbito do local, o membro fica frio e a gangrena ocorre em pouco tempo. Normalmente é devido a uma trombose causada pela migração de um coágulo vindo do coração ou da artéria aorta que acaba por literalmente entupir totalmente a artéria em questão. O tratamento clínico é feito com o uso de anticoagulantes e drogas trombolíticas com a estreptoquinase e cirúrgico e para a retirada do êmbolo e o restabelecimento do fluxo o mais cedo possível. A cirurgia está indicada quando o risco de gangrena é considerável. A simpatectomia e a realização de enxertos são os procedimentos cirúrgicos normalmente indicados. INSUFICIÊNCIA VASCULAR VENOSA CRÔNICA Alguns fatores são considerados como de risco para essa condição. Pacientes que sofreram cirurgia para tratamento de varizes e que já apresentaram um episódio de trombose venosa profunda , têm um risco cerca de 40% maior do que a população em geral. Mulheres na sexta década s com várias gestações, portadoras de obesidade mórbida e/ou que fiquem muitas horas em pé ou sentadas e que têm varizes fazem parte do grupo de risco. Outros fatores de risco: · História de trauma nas pernas · Má formação congênita nas válvulas das veias da perna · Presença de massa tumoral obstruindo o fluxo sangüíneo Sintomas: · Edema (inchaço) das pernas que piora no final do dia · Coloração da pele escurecida com tons de marrom (depósito de hemossiderina) · Presença de úlcera na face medial (interna) do tornozelo · Dor local de média intensidade VARIZES Varizes, ou veias varicosas, são veias dilatadas que se tornam alongadas com o decorrer do tempo. Microvarizes, telangiectasias, são varizes intradérmicas, superficiais. Mais comuns em mulheres são devidas a uma insuficiência das válvulas venosas dos membros inferiores. O mau funcionamento dessas válvulas causa refluxo e retenção de sangue acabando por dilatar o vaso. Fatores de risco: · Herança familiar · Aspectos hormonais · Gestações · Uso de anticoncepcionais · Obesidade · Trabalho em pé Sintomas: · Dor · Cansaço · Pernas pesadas · Edema · Dormência · Câimbras Os sintomas pioram no fim do dia e em temperaturas elevadas. O diagnóstico é óbvio e feito pelo exame físico. Tratamento O tratamento cirúrgico radical das varizes por problemas meramente estéticos deve ser evitado em pessoas idosas em função do risco cirúrgico. Casos selecionados podem necessitar de cirurgia. O uso de meias elásticas e o uso de medicamentos que melhoram o fluxo venoso são alternativas mais seguras nessa faixa etária. O tratamento mais utilizado para microvarizes, ou telangiectasias, é a escleroterapia, através de injeções de medicamentos. A prática de exercícios físicos, o uso de meias elásticas, principalmente durante a gestação, ou em atividades em que se permaneça muitas horas em pé, além de manter um peso corporal adequado são as medidas preventivas a serem adotadas. O índice de Massa Corporal (IMC) é uma fórmula que indica se um adulto está acima do peso, obeso ou abaixo do peso ideal. A fórmula para calcular o Índice de Massa Corporal é: IMC = peso / (altura)2 A diminuição da circunferência da cintura em cerca de 9 cm equivale a uma redução de 30% na adiposidade intraabdominal. Resultado IMC em adultos Abaixo do peso Menor que 18,5 N normal Entre 18,5 e 25 Acima do peso Entre 25 e 30 Obeso Acima de 30 Organização Mundial de Saúde ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) A Organização Mundial de Saúde, 2003 defende que o AVC é provocado por uma interrupção no suprimento de sangue ao cérebro e ocorre quando uma artéria que fornece sangue ao cérebro fica bloqueada ou se rompe. DIANTE DO DERRAME O acidente vascular cerebral (AVC), conhecido popularmente por derrame cerebral, é uma doença séria que pode causar seqüelas irreversíveis se a pessoa não for atendida rapidamente. Conheça suas causas, formas de tratamento e reabilitação. O que é AVC O acidente vascular cerebral (AVC) é caracterizado pela lesão no cérebro causada por um "acidente" em um dos vasos sangüineos que irrigam a região cerebral. Pode ocorrer por um entupimento desses vasos, impedindo a circulação sangüínea, caracterizando o "AVC isquêmico", ou, ainda, um vaso sangüineo pode se romper provocando um sangramento no cérebro. Nesse caso, a denominação é "AVC hemorrágico". Um AVC isquémico ocorre quando um vaso sanguíneo é bloqueado, frequentemente pela formação de uma placa aterosclerótica ou pela presença de um coágulo que chega através da circulação de uma outra parte do corpo A arteriosclerose produz a formação de placas e progressiva estenose do vaso. As suas sequelas são então a estenose, ulceração das lesões arterioscleróticas e trombose. A trombose cerebral refere-se à formação ou desenvolvimento de um coágulo de sangue ou trombo no interior das artérias cerebrais, ou de seus ramos. Os trombos podem ser deslocados, “viajando” para outro local, sob a forma de um êmbolo. Os êmbolos cerebrais são pequenas porções de matéria como trombos, tecido, gordura, ar, bactérias, ou outros corpos estranhos, que são libertados na corrente sanguínea e que se deslocam até as artérias cerebrais, produzindo a oclusão e enfarte . O AVC pode ainda ocorrer por um ataque isquémico transitório. Este, refere-se à temporária interrupção do suprimento sanguíneo ao cérebro. O Acidente Vascular Cerebral lsguêmico pode ocorrer nas seguintes situações: · Trombose arterial: é a formação de um coágulo de sangue (como se o sangue "endurecesse", parecendo uma gelatina) dentro do vaso , geralmente sobre uma placa de gordura (aterosclerose), levando a uma obstrução total ou parcial. Os locais mais freqüentes são as artérias carótidas e cerebrais. Assim, se houver obstrução total da carótida direita, por exemplo, "a parte da frente da metade direita do cérebro" estará comprometida, determinando problemas (paralisia, perda de sensibilidade etc.) na metade esquerda do corpo. · Embolia cerebral: surge quando um coágulo (formado num coração doente por arritmia, problema de válvula, etc.) ou uma placa de gordura (ateroma), que se desprende ou se quebra geralmente da artéria carótida, correm através de uma artéria até encontrar um ponto mais estreito, não conseguindo passar e obstruindo a passagem do sangue. Um AVC hemorrágico (acontece em 10% dos AVC’s) ocorre devido à ruptura de um vaso sanguíneo, ou quando a pressão no vaso faz com que ele se rompa devido à hipertensão. A hemorragia pode ser intracerebral ou subaracnoideia. Em ambos os casos, a falta de suprimento sanguíneo causa enfarto na área suprida pelo vaso e as células morrem . Quais os sintomas Os sintomas do AVC dependem da parte do cérebro que foi lesada, do tamanho da área isquémica, da natureza e funções da área atingida e da disponibilidade de um fluxo colateral Em geral, pode haver dificuldade na fala e nos movimentos ou alterações na visão. Formigamento ou fraqueza em uma das partes do corpo também é comum, além de dor de cabeça repentina. Estes sintomas são os mais comuns e podem até ter relação com outro problema, mas a recomendação é que a pessoa procure imediatamente um hospital. No Acidente Vascular Hemorrágico pode ocorrer extravasamento de sangue para dentro do cérebro (hemorragia intracerebral - ou para o lado de fora, entre o cérebro e a aracnóide , ocasionando a hemorragia subacnóidea. Ambos podem ocorrer por crise hipertensiva, ou por uma alteração sangüínea em que ocorra muita dificuldade de realizar a coagulação normal (hemofilia, diminuição de plaquetas, algumas doenças reumáticas. etc.). Uma má-formação congênita de um vaso como um aneurisma cerebral, por exemplo, também pode levar à hemorragia subaracnóidea. Seqüelas O AVC, em geral, deixa seqüelas que são mais ou menos graves, dependendo da área do cérebro afetada e do tempo que o paciente levou para ser atendido. As mais comuns são paralisia total ou parcial (de um lado do corpo, pode ser esquerdo ou direito); a alteração da fala, tanto no que diz respeito a expressão, quanto na compreensão; alterações visuais, dificuldades que podem atingir um lado do campo esquerdo ou direito e alterações de memória. Tratamento A pessoa que sofre AVC isquêmico deve procurar imediatamente um médico neurologista para prescrição de medicamentos apropriados para dissolver os coágulos, causado por entupimento de vaso, para que o sangue volte a circular normalmente na região cerebral atingida. Reabilitação A reabilitação de quem sofre AVC é importante no tratamento, passado o momento agudo do acidente. Existem várias formas de reabilitação e sua aplicação vai depender do tipo de comprometimento neurológico que a pessoa tiver. Por exemplo, no comprometimento motor, há intervenções fisioterápicas de várias naturezas. Se o paciente tiver alteração na fala, a Fonoaudiologia pode ser recomendada. Outros tipos de distúrbios neuropsicológicos, por exemplo, distúrbio de atenção, podem ser reabilitados com tratamentos neuropsicológicos. Existem recursos e reabilitação em várias esferas. Somente um especialista pode prescrever o melhor tratamento e a reabilitação adequados para cada caso. Faixas etárias atingidas O AVC atinge todas as faixas etárias, sendo raro na infância. É mais freqüente nas pessoas acima de 45 anos. Há isquemias relacionadas com os pacientes que têm diabetes e hipertensão arterial, mas existem outros fatores de risco que são comuns em pacientes mais jovens, como os sangramentos cerebrais por aneurisma, que podem acontecer entre a terceira e quarta décadas da vida. Há também casos de AVC causados por uso de pílula anticoncepcional ou consumo de drogas. O coração do idoso O c o r a ç ã o O envelhecimento produz mudanças progressivas na estrutura do coração . As d válvulas aórtica e mitral se espessam eo calcificam , achados que podem interferir i com o seu fechamento normal . Embora esses fenômenos possam levar à d o estenose ou estreitamento da válvula aórtica ( a mais acometida entre todas as s válvulas cardíacas ), não é freqüente o ocomprometimento da função da válvula só por estes mecanismos . Nos vasos sangüíneos, ocorre uma diminuição da elasticidade da parede destes vasos , acarretando uma maior rigidez . No miocárdio , o número de miócitos ( células musculares ) diminui , havendo uma maior deposição de células adiposas ( células de gordura ). O pericárdio ( revestimeno externo do coração ) , também se torna mais espesso. O coração , num todo , torna-se mais rígido. Em repouso, o débito cardíaco ( desempenho do coração como uma bomba ) , mantém-se normal. Com a freqüência cardíaca mais baixa, o aumento no volume sistólico ( quantidade de sangue bombeada a cada batimento ) é o responsável pelo débito cardíaco mantido. Como exercício, a dificuldade de atingir a freqüência cardíaca máxima , impede que o idoso atinja o consumo máximo de oxigênio quando comparado a indivíduos mais jovens. A diminuição da elasticidade da parede das artérias , associadas ao processo de calcificação das mesmas , fazem com que a pressão arterial sistólica ( máxima ) aumente progressivamente após os 55-60 anos de idade. A pressão arterial diastólica ( mínima ) , não aumenta após os 55 anos , por isso , clinicamente passa a não ter maior importância. O sistema nervoso autônomo , que controla os batimentos cardíacos e a pressão arterial , torna-se menos eficiente , acarretando maiores variações da pressão arterial , bem como , espisódios de quedas desta pressão ao adotar a posição de pé ( hipotensão ortostática ) . O processo de aterosclerose ( formação de placas de gordura na parede das artérias do coração ) , por ser crônico e degerativo , torna-se mais exuberante em pacientes idosos. A estenose ( estreitamento ) da válvula aórtica é a doença valvular mais comum no idoso , sendo geralmente causada pela degeneração e calcificação dessa válvula . doença é mais comum a partir da sexta década de vida. Em um estudo com ecocardiograma ( exame que estuda as estruturas cardíacas através de ondas de ultrassom ) , demonstrou que cerca de 2% das pessoas com mais de 65 anos apresenava estenose aórtica calcificada e 29% algum grau de esclerose da válvula , que é considerada a etapa inicila da doença. A presença de diabete melito e dilsipidemia ( anormalidades do colesterol ) são fatores de risco para o desenvolvimento da esclerose. Sinais , sintomas e evolução : O sinal típico da doença é a presença de um sopro cardíaco. Em termos de sintomas , a estenose aórtica calcificada pode causar dispnéia ( falta de ar ) , síncope ( desmaio ) e dor torácica.Embora o paciente possa permanecer assintomático por um longo perído de tempo , após o surgimento dos sintomas , a sobrevida média é de 2 a 3 anos, se não for instituído tratamento cirúrgico. Diagnóstico: Baseia-se no exame clínico , eletrocardiograma e , principalmente no ecocardiograma , exame que confirma o diagnóstico e estabelece a gravidade da doença , por estimar a área da válvula e seu gradiente ( pressão que o jato de sangue determina ao passar pela válvula estreitada ). Tratamento: O tratamento da estenose aórtica calcificada severa é cirúrgico , já que os resultados com medicamentos são desapontadores. São indicativos da necessidade de troca da válvula na estenose aórtica severa : a presença de sintomas , evidências de que o coração está fraco ( disfunção ventricular esquerda ) e a necessidade de cirurgia por outras causas , como a cirurgia de ponte de safena ( faz-se as dois procedimentos cirúrgico juntos ). No idosos , pela expectativa de vida e a não necessidade de anticoagulação , costumamos optra por trocar a válvula e colocar uma prótese ( válvula artificial ) biológica. O infarto do miocárdio Melhor denominado de infarto agudo do miocárdio (IAM ) ou, simplesmente, "ataque cardíaco", é uma emergência médica em que parte do fluxo sangüíneo do coração sofre uma interrupção súbita e intensa, produzindo morte das células do músculo cardíaco (miocárdio) . O pico de ocorrência do primeiro infarto do miocárdio costuma ser aos 55 anos de idade nos homens e aos 65 anos de idade nas mulheres. Sintomas: Embora o infarto do miocárdio possa ocorrer sem sintomas ( infarto do miocárdio silencioso ) , fato mais comum em idosos, cerca de 80% dos casos de infarto do miocárdio sintomáticos , cursam com dor no peito. Geralmente, a dor típica do infarto do miocárdio é um desconforto torácico localizado na região central do peito, a qual pode irradiar para as costas, mandíbula , membros superiores e dorso . A dor ainda pode ocorrer apenas em uma ou várias dessas localizações e não no peito. A dor de um infarto do miocárdio é semelhante a dor da angina do peito , porém costuma ser mais prolongada e não é aliviada pelo repouso e nem pelo uso de nitratos ( vasodilatadores ). Menos freqüentemente, a dor é localizada na parte superior do abdômen, podendo ser confundida com uma indigestão, úlcera ou gastrite. Durante um infarto do miocárdio , o indivíduo ainda pode apresentar uma sudorese excessiva, palidez, agitação, tontura, desmaio, ansiedade ou até uma sensação de morte iminente. Apesar de todos os sintomas possíveis, um em cada cinco indivíduos que sofrem um infarto do miocárdio apresentam apenas sintomas leves ou não apresentam sintomas. Esse infarto do miocárdio , chamado de silencioso, poderá ser detectado algum tempo após a sua ocorrência, através de um eletrocardiograma de rotina. Tratamento: O paciente com suspeita de infarto do miocárdio deverá ser internado imediatamente em unidade de terapia intensiva, visando monitorar seus dados vitais, oxigenação e traçado eletrocardiográfico ( leia a página sobre o quê são as unidades de dor torácica? ). A primeira medicação a ser administrada é o ácido acetil salicílico (aspirina). O clopidogrel, outra droga que inibe a agregação das plaquetas no sangue, também deverá ser administrada. A nitroglicerina ou nitratos ( vasodilatadores ) são usados para o combate da dor, no entanto, o uso de morfina ( analgésico potente ) poderá ser necessário Problemas Osteoarticulares Problemas que afetam as articulações são extremamente comuns em idosos sendo a principal causa de limitações físicas e locomoção. Estima-se que a metade da população geriátrica tenha problemas nessa área. O “reumatismo” é uma das doenças características do envelhecimento. As doenças osteoarticulares em idosos são mais difíceis de serem identificadas e tratadas do que quando acometem a população mais jovem. Os exames relacionados, radiológicos e laboratoriais, costumam mostrar diminuição do espaço articular, alterações da massa óssea, osteofitos (bico de papagaio) sem que estejam necessariamente relacionados com sintomatologia exuberante. Normalmente, mais de uma articulação está comprometida como no caso das osteoartrites, artrite reumatóide etc. aumentando substancialmente o risco de limitações das atividades e da independência. Uma outra constatação é que muitas doenças reumáticas não possuem cura definitiva e assim ,muitas vezes, o tratamento sempre será de longo prazo como no caso as bursites e tendinites. O câncer ósseo (especialmente metástases) nessa região também é uma causa freqüente de dor lombosacra. Muitas doenças reumatológicas são mais prevalentes em idosos como a polimialgia reumática e a pseudogota. O tratamento das condições reumatológicas em geriatria sempre traz consigo potenciais perigos sejam pelo risco cirúrgico ou pelos efeitos colaterais dos medicamentos geralmente indicados. Lesões Periarticulares Os maiores representantes desta condição específica são as bursites e as tendinites. Os sintomas das alterações que envolvem as estruturas próximas às juntas com tendões e ligamentos normalmente se manifestam com dor quando algum movimento é realizado, mas não todos. A dor piora a noite, se intensifica em determinadas posturas corporais e costuma estar localizada não propriamente na articulação e sim em seus arredores. Artropatia Inflamatória Crônica Nas artropatias inflamatórias crônicas, como a artrite reumatóide, os sintomas ,como a dor, costumam ser de apresentação lenta. A rigidez matinal dura poucas horas e geralmente acomete as pequenas articulações (mãos,punho,tornozelo e dos pés). Essa forma de artrite pode se acompanhar de dor abdominal e torácica, manchas vermelhas na pele (rash cutâneo) e perda significativa de peso. Rash Cutâneo O exame clínico cuidadoso vai determinar a forma da artropatia em questão. Algumas formas severas podem causar deformidades irreversíveis, especialmente nas mãos. DOR CERVICAL (Pescoço) É um sintoma muito comum. A causa mais freqüente é o excesso de tensão sobre a musculatura. Quando esse sintoma dura mais que uma semana e, se houver febre e/ou fraqueza dos membros superiores ou inferiores, essa condição deve ser avaliada clinicamente. Causas: Hipertonia Muscular (tensão, postura, etc.) Compressão Radicular Compressão Medular Hérnia de Disco DOR NO OMBRO Dores no ombro são muito comuns. As estruturas que compõe o ombro são complexas e envolvem três articulações. O ombro é rodeado por pequenas almofadas preenchidas de líquido ( bursas) que permitem que as estruturas deslizem para que movimentos sejam facilmente realizados.Quando essas estruturas sofrem lesões e se inflama temos a bursite. Casos mais graves podem levar ao chamado “Ombro Congelado” onde a dor impede mesmo os pequenos movimentos. DOR NAS COSTAS Nas pessoas idosas as causas mais comuns dessa prevalente condição são: Microfraturas (osteoporose) Movimento brusco com lesão muscular Compressão de disco intervertebral Estreitamento do canal medular Outras causas devem ser investigadas: Infecções Aneurismas Tumores DORES NO QUADRIL (Bacia) Essa região está exposta a várias doenças: osteoartrite, gota, artrite reumatóide etc. A ocorrência de fraturas favorecida pela osteoporose é uma complicação séria e sempre grave. A instalação de atrofia muscular pelo desuso causado pela dor deve merecer atenção especial. Nos casos em que o tratamento clínico e/ou cirúrgico não obteve sucesso expressivo é imperioso um programa de reabilitação física conduzido por profissional especializado. Existem várias opções para a atividade física: hidroterapia, hidroginástica, exercícios sem carga etc. DORES NO JOELHO Problemas nessa estrutura acometem cerca de 5% da população geriátrica. É uma condição que compromete a independência e pode levar não só ao isolamento social como também ao sedentarismo e favorecer a instalação da “Síndrome da Imobilidade” com suas graves e previsíveis maléficas conseqüências. As causas mais freqüentes são a osteoartrite e a gota. DORES NOS PÉS Os problemas nos pés costumam acarretar dificuldades na deambulação. A simples inspeção dos pés determina boa parte das causas pela presença de má higiene, micoses, onicomicose etc. Causa de dores nos pés: Calçados Mal Ajustados Deformidade do Hálux (dedão) Doença Vascular Causas Congênitas Doença Neurológica Esporões Artrite Reumatóide Fraturas Tumores Trauma Gota Dor aguda no Hálux (dedão) com vermelhidão e edema (inchaço) é gota até prova em contrário. Queimação nos pés em pacientes diabéticos está relacionada com neuropatia periférica. OSTEOARTRITE A osteoartrite, conhecida também como osteoartrose ou artrose, é caracterizada por um grupo de problemas que resulta em alterações anatômicas, com comprometimentos das articulações, especialmente dos joelhos, quadris, mãos e coluna vertebral. OSTEOARTRITE DE JOELHO Pode ocorrer aumento da articulação comprometida pela perda assimétrica de cartilagem. Acomete a maioria das pessoas acima de 65 anos e cerca de 80% das com 75 anos ou mais. OSTEOARTRITE NAS MÃOS Pode ocorrer aumento da articulação comprometida pela perda assimétrica de cartilagem. Acomete a maioria das pessoas acima de 65 anos e cerca de 80% das com 75 anos ou mais. Os sintomas comuns são: Dor Rigidez e edema (inchaço) Perda de movimentos Deformidades Perda da função do membro As limitações locomotoras são significativas nas osteoartrites de joelho e quadril. OSTEOARTRITE DE QUADRIL O exame do líquido sinovial trás importantes informações no diagnóstico diferencial de acordo com a presença de cristais na gota e pseudogota e na contagem de leucócitos. Os exames de laboratório complementam o diagnóstico. O exame radiológico importante e muitas vezes de difícil interpretação tendo em vista as alterações do processo de envelhecimento. O uso de gelo local duas vezes por dia alivia a dor. Infiltrações com corticosteróides e ,em casos muito severos, a prótese com substituição cirúrgica da articulação ,são opções a serem discutidas com o médico. ARTRITE REUMATÓIDE - AR A Artrite reumatóide é uma doença sistêmica e crônica caracterizada por inflamação das pequenas articulações acometendo preferencialmente as articulações das mãos. Acomete cerca de 3% da população idosa do sexo feminino e 1% dos homens. Outros órgãos e tecidos podem ser atingidos: vasos sanguíneos, coração, pulmões e nervos. A causa não é conhecida. A AR causa destruição da cartilagem, ligamentos, tendões e ossos especialmente nas mãos,punhos,pés e tornozelos. SINTOMATOLOGIA Os sintomas clássicos são: Rigidez Matinal Edema Articular (inchaço) Dor Trata-se de uma doença que progride e evolui se medidas clínicas não forem adotadas. A terapia específica modifica, retarda e até impede que a doença siga seu curso evolutivo. Em idosos, particularmente em homens, é freqüente a apresentação súbita acometendo várias articulações concomitantemente, especialmente dos ombros, joelhos e quadril. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é feito pelo exame físico. Os exames de laboratórios ajudam no raciocínio clínico, mas são limitados em termos de especificidade, não são conclusivos. No hemograma,a presença de leucocitose (aumento da contagem de glóbulos brancos) é um bom indicador da presença da AR. TRATAMENTO O tratamento é feito com antiinflamatórios não hormonais com as cautelas que devem ser tomadas pelos efeitos colaterais dessas drogas(sangramentos gastrointestinais e toxicidade renal (rins), hipertensão arterial etc. Gota Acomete preferencialmente adultos na meia idade e mulheres após a menopausa. A Gota é uma doença que se caracteriza por altas taxas de ácido úrico no sangue (hiperuricemia) e depósitos de cristais de ácido úrico nos tecidos corporais. Trata-se de um distúrbio do metabolismo das purinas. A concentração normal de ácido úrico no sangue é até 7mg/100ml. Interessante notar que cerca de 20% dos pacientes que têm hiperuricemia nunca terão gota. Além dos riscos da hiperuricemia propiciar o aparecimento de cálculos renais, é importante fator de risco para aterosclerose e doenças cardiovasculares. É uma doença de homens adultos. Pessoas que fazem consumo excessivo de álcool ou em uso contínuo de diuréticos apresentam maior risco para contrair essa enfermidade. O tratamento da hiperuricemia é feito com orientação dietética e medicamentos (alopurinol). No caso da gota, o tratamento é sintomático com o uso de antiinflamatórios e analgésicos. O uso da colchicina fica reservado para casos mais graves. Pode haver depósitos visíveis, os tofos gotososos. ORIENTAÇÃO DIETÉTICA EVITAR Carnes como: vitela, bacon, embutidos; Miúdos como: fígado, coração, língua, rim e miolos; Peixes e frutos do mar como sardinha, salmão, bacalhau, ovas de peixe; Bebidas alcoólicas ; Tomate e extrato de tomate; Caldo de carnes e molhos prontos Ingerir com Moderação Carne de vaca, frango, porco, presunto Peixes e frutos do mar como camarão, ostra, lagosta, caranguejo Leguminosas como feijão, soja, grão de bico, ervilha e lentilha, aspargo, cogumelos, couve-flor e espinafre; Cereais integrais como arroz integral, trigo em grão, centeio e aveia; Oleaginosas como coco, nozes, amendoim, castanhas, pistache, avelã. Preferir Queijos magros, ovos cozidos, manteiga e margarina Cereais e farináceos como pão, macarrão, fubá, mandioca, arroz branco e milho Vegetais como couve, repolho, alface, acelga, agrião Doces e frutas em geral FRATURA DE FÊMUR São duas as formas mais comuns de fratura de fêmur: - Colo do Fêmur - Transtrocanteriana (região onde o fêmur fratura) Fratura de Colo do Fêmur Nas fraturas do colo do fêmur pode ocorrer o que se chama de “Fratura Oculta” uma vez que não é detectada pela radiologia convencional e o paciente só apresenta queixas vagas de desconforto na região inguinal e arredores. Normalmente, essas fraturas só são diagnosticadas pela tomografia. As fraturas de colo de fêmur em geral recebem tratamento cirúrgico permitindo que iniciem a reabilitação com deambulação precoce. O tratamento conservador com o uso de muletas e outros aparelhos para eliminar a carga é indicado apenas em pacientes com grande vigor físico. Em cerca de 20% dos casos haverá seqüelas, em outros 30% essas limitações serão graves. A cirurgia costuma ser a prótese total ou parcial. A prótese parcial se limita a substituir a cabeça do fêmur. Na prótese total, além da cabeça do fêmur, o acetábulo (cavidade onde a cabeça do fêmur se encaixa e se articula) também é substituído por uma prótese. Fratura Transtrocanteriana Esse tipo de fratura ocorre entre duas regiões anatômicas do fêmur (trocânteres). Geralmente ocorre após queda acidental da própria altura. Pode haver grande sangramento local levando até mesmo ao choque hipovolêmico. O tratamento é cirúrgico, salvo situações muito especiais como a concomitância de outras doenças especialmente as pulmonares e infecciosas agudas. O tratamento conservador com o uso de tração do membro no leito por 8 semanas ou mais é procedimento de alto risco em idosos. Esse procedimento aparentemente conservador, em grande parte dos casos, acaba por levar o paciente a óbito, vítima de complicações oriundas da imobilização, especialmente infecções pulmonares. Após a cirurgia, o paciente pode rapidamente voltar a deambular com a ajuda de andador. A recuperação completa, desde que o processo de reabilitação seja bem conduzido, costuma devolver a independência para caminhar sem auxílio em cerca de 12 semanas. FRATURAS DE VÉRTEBRAS POR COMPRESSÃO Em pessoas idosas esse tipo de fratura costuma ocorrer a partir de um movimento brusco. Tropeçar, pender para frente quase caindo ou ao levantar um peso de forma inadequada pode determinar a ocorrência de fratura por compressão. A dor se instala subitamente, localizada em um ponto da coluna vertebral que piora quando em pé ou sentada. As complicações neurológicas advindas desse tipo de fratura são raras. O paciente normalmente é hospitalizado, em repouso e medicado sintomaticamente. A internação deve ser curta e o paciente deve ser estimulado para levantar do leito e começar a deambular. Normalmente a recuperação demora cerca de uma a duas semanas. A dor pode persistir por 12 semanas ou mais. Com o processo de reabilitação, a dor que era localizada, pode migrar para as regiões adjacentes a lesão como resposta ao trauma mecânico nas extremidades das estruturas previamente traumatizadas. O uso de colete pode ser necessário em casos selecionados para alívio da dor e retomada rápida das atividades normais. São indicados especialmente em traumas nas regiões mais inferiores da coluna vertebral. Normalmente são mal tolerados e incômodos. Fraturas repetidas nessa região, favorecidas pela osteoporose, por exemplo, acabam com o passar dos anos a determinar posição cifótica (corcunda) com perda da altura do indivíduo. TRANSTORNOS MENTAIS EM IDOSOS A velhice é um período normal do ciclo vital caracterizado por algumas mudanças físicas, mentais e psicológicas. É importante fazer essa consideração pois algumas alterações nesses aspectos não caracterizam necessariamente uma doença. Em contrapartida, há alguns transtornos que são mais comuns em idosos como transtornos depressivos, transtornos cognitivos, fobias e transtornos por uso de álcool. Além disso, os idosos apresentam risco de suicídio e risco de desenvolver sintomas psiquiátricos induzidos por medicamentos. Muitos transtornos mentais em idosos podem ser evitados, aliviados ou mesmo revertidos. Conseqüentemente, uma avaliação médica se faz necessária para o esclarecimento do quadro apresentado pelo idoso. Diversos fatores psicossociais de risco também predispõem os idosos a transtornos mentais. Esses fatores de risco incluem: Perda de papéis sociais Perda da autonomia Morte de amigos e parentes Saúde em declínio Isolamento social Restrições financeiras Redução do funcionamento cognitivo (capacidade de compreender e pensar de uma forma lógica, com prejuízo na memória). Transtornos psiquiátricos mais comuns em idosos Demência Demência tipo Alzheimer Demência vascular Esquizofrenia Transtornos depressivos Transtorno bipolar (do humor) Transtorno delirante Transtornos de ansiedade Transtornos somatoformes Transtornos por uso de álcool e outras substâncias Demência Demência é um comprometimento cognitivo geralmente progressivo e irreversível. As funções mentais anteriormente adquiridas são gradualmente perdidas. Com o aumento da idade a demência torna-se mais freqüente. Acomete 5 a 15% das pessoas com mais de 65 anos e aumenta para 20% nas pessoas com mais de 80 anos. Os fatores de risco conhecidos para a demência são: Idade avançada História de demência na família Sexo feminino Os sintomas incluem alterações na memória, na linguagem, na capacidade de orientar-se. Há perturbações comportamentais como agitação, inquietação, andar a esmo, raiva, violência, gritos, desinibição sexual e social, impulsividade, alterações do sono, pensamento ilógico e alucinações. As causas de demência incluem lesões e tumores cerebrais, síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), álcool, medicamentos, infecções, doenças pulmonares crônicas e doenças inflamatórias. Na maioria das vezes as demências são causadas por doenças degenerativas primárias do sistema nervoso central (SNC) e por doença vascular. Cerca de 10 a 15% dos pacientes com sintomas de demência apresentam condições tratáveis como doenças sistêmicas (doenças cardíacas, renais, endócrinas), deficiências vitamínicas, uso de medicamentos e outras doenças psiquiátricas (depressão). As demências são classificadas em vários tipos de acordo com o quadro clínico, entretanto as mais comuns são demência tipo Alzheimer e demência vascular. Demência tipo Alzheimer De todos os pacientes com demência, 50 a 60% têm demência tipo Alzheimer, o tipo mais comum de demência. É mais freqüente em mulheres que em homens. É caracterizada por um início gradual e pelo declínio progressivo das funções cognitivas. A memória é a função cognitiva mais afetada, mas a linguagem e noção de orientação do indivíduo também são afetadas. Inicialmente, a pessoa pode apresentar uma incapacidade para aprender e evocar novas informações. As alterações do comportamento envolvem depressão, obsessão (pensamento, sentimento, idéia ou sensação intrusiva e persistente) e desconfianças, surtos de raiva com risco de atos violentos. A desorientação leva a pessoa a andar sem rumo podendo ser encontrada longe de casa em uma condição de total confusão. Aparecem também alterações neurológicas como problemas na marcha, na fala, no desempenhar uma função motora e na compreensão do que lhe é falado. O diagnóstico é feito com base na história do paciente e do exame clínico. As técnicas de imagem cerebral como tomografia computadorizada e ressonância magnética podem ser úteis. O tratamento é paliativo e as medicações podem ser úteis para o manejo da agitação e das perturbações comportamentais. Não há prevenção ou cura conhecidas. Demência vascular É o segundo tipo mais comum de demência. Apresenta as mesmas características da demência tipo Alzheimer mas com um início abrupto e um curso gradualmente deteriorante. Pode ser prevenida através da redução de fatores de risco como hipertensão, diabete, tabagismo e arritmias. O diagnóstico pode ser confirmado por técnicas de imagem cerebral e fluxo sangüíneo cerebral. Esquizofrenia (esquizofrenia e outras psicoses) Essa doença começa no final da adolescência ou idade adulta jovem e persiste por toda a vida. Cerca de 20% das pessoas com esquizofrenia não apresentam sintomas ativos aos 65 anos; 80% mostram graus variados de comprometimento. A doença torna-se menos acentuada à medida que o paciente envelhece. Os sintomas incluem retraimento social, comportamento excêntrico, pensamento ilógico, alucinações e afeto rígido. Os idosos com esquizofrenia respondem bem ao tratamento com drogas antipsicóticas que devem ser administradas pelo médico ou Enfermeiro com cautela. Transtornos depressivos A idade avançada não é um fator de risco para o desenvolvimento de depressão, mas ser viúvo ou viúva e ter uma doença crônica estão associados com vulnerabilidade aos transtornos depressivos. A depressão que inicia nessa faixa etária é caracterizada por vários episódios repetidos. Os sintomas incluem redução da energia e concentração, problemas com o sono especialmente despertar precoce pela manhã e múltiplos despertares, diminuição do apetite, perda de peso e queixas somáticas (como dores pelo corpo). Um aspecto importante no quadro de pessoas idosas é a ênfase aumentada sobre as queixas somáticas. Pode haver dificuldades de memória em idosos deprimidos que é chamado de síndrome demencial da depressão que pode ser confundida com a verdadeira demência. Além disso, a depressão pode estar associada com uma doença física e com uso de medicamentos. Transtorno bipolar (transtornos do humor) Os sintomas da mania em idosos são semelhantes àqueles de adultos mais jovens e incluem euforia, humor expansivo e irritável, necessidade de sono diminuída, fácil distração, impulsividade e, freqüentemente, consumo excessivo de álcool. Pode haver um comportamento hostil e desconfiado. Quando um primeiro episódio de comportamento maníaco ocorre após os 65 anos, deve-se alertar para uma causa orgânica associada. O tratamento deve ser feito com medicação cuidadosamente controlada pelo médico. Transtorno delirante A idade de início ocorre por volta da meia-idade mas pode ocorrer em idosos. Os sintomas são alterações do pensamento mais comumente de natureza persecutória (os pacientes crêem que estão sendo espionados, seguidos, envenenados ou de algum modo assediados). Podem tornar-se violentos contra seus supostos perseguidores, trancarem-se em seus aposentos e viverem em reclusão. A natureza dos pensamentos pode ser em relação ao corpo, como acreditar ter uma doença fatal (hipocondria). Ocorre sob estresse físico ou psicológico em indivíduos vulneráveis e pode ser precipitado pela morte do cônjuge, perda do emprego, aposentadoria, isolamento social, circunstâncias financeiras adversas, doenças médicas que debilitam ou por cirurgia, comprometimento visual e surdez. As alterações do pensamento podem acompanhar outras doenças psiquiátricas que devem ser descartadas como demência tipo Alzheimer, transtornos por uso de álcool, esquizofrenia, transtornos depressivos e transtorno bipolar. Além disso, podem ser secundárias ao uso de medicamentos ou sinais precoces de um tumor cerebral. Transtornos de ansiedade Incluem transtornos de pânico, fobias, TOC, ansiedade generalizada, de estresse agudo e de estresse pós-traumático. Desses, os mais comuns são as fobias. Os transtornos de ansiedade começam no início ou no período intermediário da idade adulta, mas alguns aparecem pela primeira vez após os 60 anos. As características são as mesmas das descritas em transtornos de ansiedade em outras faixas etárias. Em idosos a fragilidade do sistema nervoso autônomo pode explicar o desenvolvimento de ansiedade após um estressor importante. O transtorno de estresse pós-traumático freqüentemente é mais severo nos idosos que em indivíduos mais jovens em vista da debilidade física concomitante nos idosos. As obsessões (pensamento, sentimento, idéia ou sensação intrusiva e persistente) e compulsões (comportamento consciente e repetitivo como contar, verificar ou evitar ou um pensamento que serve para anular uma obsessão) podem aparecer pela primeira vez em idosos, embora geralmente seja possível encontrar esses sintomas em pessoas que eram mais organizadas, perfeccionistas, pontuais e parcimoniosas. Tornam-se excessivos em seu desejo por organização, rituais e necessidade excessiva de manter rotinas. Podem ter compulsões para verificar as coisas repetidamente, tornando-se geralmente inflexíveis e rígidos. Transtornos somatoformes São um grupo de transtornos que incluem sintomas físicos (por exemplo dores, náuseas e tonturas) para os quais não pode ser encontrada uma explicação médica adequada e que são suficientemente sérios para causarem um sofrimento emocional ou prejuízo significativo à capacidade do paciente para funcionar em papéis sociais e ocupacionais. Nesses transtornos, os fatores psicológicos são grandes contribuidores para o início, a severidade e a duração dos sintomas. Não são resultado de simulação consciente. A hipocondria é comum em pacientes com mais de 60 anos, embora o seja mais freqüente entre 40 e 50 anos. Exames físicos repetidos são úteis para garantirem aos pacientes que eles não têm uma doença fatal. A queixa é real, a dor é verdadeira e percebida como tal pelo paciente. Ao tratamento, deve-se dar um enfoque psicológico ou farmacológico. Transtornos por uso de álcool e outras substâncias Os pacientes idosos com dependência de álcool, geralmente, apresentam uma história de consumo excessivo que começou na idade adulta e apresentam uma doença médica, principalmente doença hepática. Além disso, um grande número tem demência causada pelo álcool. A dependência de substâncias como hipnóticos, ansiolíticos e narcóticos é comum. Os pacientes idosos podem abusar de ansiolíticos para o alívio da ansiedade crônica ou para garantirem uma noite de sono. A apresentação clínica é variada e inclui quedas, confusão mental, fraca higiene pessoal, depressão e desnutrição. As ações da Atenção Básica em Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa previstas a serem desenvolvidas são: Atribuições Comuns a todos os Profissionais da Equipe a) Planejar, programar e realizar as ações que envolvem a atenção à saúde da pessoa idosa em sua área de abrangência, conforme orientação deste Caderno. b) Identificar e acompanhar pessoas idosas frágeis ou em processo de fragilização. c) Alimentar e analisar dados dos Sistemas de Informação em Saúde - Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) - e outros para planejar, programar e avaliar as ações relativas à saúde da pessoa idosa. d) Conhecer os hábitos de vida, valores culturais, éticos e religiosos das pessoas idosas, de suas famílias e da comunidade. e) Acolher a pessoas idosas de forma humanizada, na perspectiva de uma abordagem integral e resolutiva, possibilitando a criação de vínculos com ética, compromisso e respeito. f) Prestar atenção contíua às necessidades de saúde da pessoa idosa, articulada com os demais níveis de atenção, com vistas ao cuidado longitudinal – ao longo do tempo. g) Preencher, entregar e atualizar a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, conforme Manual de Preenchimento específico. h) Realizar e participar das atividades de educação permanente relativas à saúde da pessoa idosa. i) Desenvolver ações educativas relativas à saúde da pessoa idosa, de acordo com o planejamento da equipe. J) Realizar atividades de educação permanente e interdisciplinar referente à atenção à pessoa idosa. Atribuições do Enfermeiro a) Realizar atenção integral às pessoas idosas. b) Realizar assistência domiciliar, quando necessário. c) Realizar consulta de enfermagem, incluindo a avaliação multidimensional rápida e instrumentos complementares, se necessário, solicitar exames complementares e prescrever medicações, conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal, observadas as disposições legais da profissão. d) Supervisionar e coordenar o trabalho dos ACS e da equipe de enfermagem. e) Realizar atividades de educação permanente e interdisciplinar junto aos demais profissionais da equipe. f) Orientar ao idoso, aos familiares e/ou cuidador sobre a correta utilização dos medicamentos. Atribuições do Auxiliar/Técnico de Enfermagem a) Realizar atenção integral às pessoas idosas. b) Orientar ao idoso, aos familiares e/ou cuidador sobre a correta utilização dos medicamentos. c) Participar das atividades de assistência básica, realizando procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS e quando indicado, ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários. PECULIARIDADES EM DIABETES NO IDOSO Conceito A Diabetes Mellitus é uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade da insulina de exercer adequadamente seus efeitos. Caracteriza-se por hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas. Importância Ter controle rigoroso da hiperglicemia e HAS para reduzir complicações do DM e mortalidade em pacientes adultos. A mortalidade cardiovascular é alta em pacientes diabéticos, sendo multiplicado se houver fatores de risco. Em pacientes hipertensos o risco é duas vezes maior. Classificação Tipo 1 Destruição das células beta do pâncreas Deficiência absoluta de insulina 5 a 10% dos casos: após os 65 anos Etiopatogenia diferente no idoso Tipo 2 Resistência dos tecidos periféricos às ações fisiológicas da insulina Forte componente genético Mais comum entre os idosos Síndrome metabólica hipertensão + dislipidemia + diabetes + obesidade Etiopatogenia No idoso há aumento da intolerância a carboidratos, levando a elevação da glicemia Fatores associados ao metabolismo de carboidratos Fator genético Diminuição da secreção da insulina Maior resistência à insulina Fatores associados ao envelhecimento Aumento da massa adiposa Diminuição da massa magra Diminuição da atividade física Doenças coexistentes Polifarmácia Quadro clínico Frequentemente assintomático Manifestações iniciais: Estado confusional agudo Incontinência urinária Coma cetoacidótico Sinais e sintomas primários Cansaço fácil Visão turva Muita sede Impotência Emagrecimento, aumento do apetite Urina aumentada Sinais e sintomas secundários a complicações agudas Cetoacidose diabética no Diabetes tipo I Coma hiperosmolar no Diabetes tipo II Hipoglicemia Apresentação atípica Sintomas: Adrenérgicos ( tremores , taquicardia) Neuroglicopênicos (convulsões , delirium) Tratamento: Glicose oral ou endovenosa Diagnóstico Após 45 anos: avaliação glicêmica em jejum a cada três anos e avaliar fatores de risco. Complicações As complicações crônicas da Diabetes Mellitus estão relacionadas com alterações vasculares gerando lesões em órgãos alvo, ou seja, os danos, disfunção e falência de órgãos como rins, olhos, nervos, coração e vasos sanguíneos. É a sexta causa de internação e a principal causa de amputação de membros inferiores e de cegueira adquirida, insuficiência renal, sendo responsável por 26% dos pacientes em hemodiálise.Podemos dividir as complicações crônicas no grupo das microangiopatias, onde encontramos a retinopatia diabética, a nefropatia diabética, e a neuropatia diabética. O grupo das macroangiopatias é representado pelo IAM, AVC, Insuficiência arterial periférica (MMII) e o pé diabético, que agrupa as alterações sensitivas, vasculares e mecânicas. Ao examinar um paciente portador de Diabetes Mellitus e com lesão ulcerosa de membros inferiores deve-se proceder à uma inspeção cuidadosa dos pés, avaliando-se os pulsos arteriais, sensibilidade, descrever a lesão avaliando a profundidade e bordas, presença de necrose, colher material para cultura da secreção. E nunca esquecer que o controle glicêmico é fundamental para a resolução e prevenção de novas lesões. *A presença de isquemia potencializa enormemente o risco e a sua descompensação exige tratamento ** Caso não haja vaga para internação, o paciente deverá ser mantido na emergência. O ferimento deverá receber os cuidados necessários de limpeza, desbridamento, e antibioticoterapia quando indicados. Curativos Objetivo O objetivo é desenvolver habilidade de realizar ou orientar a realização de um curativo em uma lesão de membro inferior. 1. Lavagem das mãos 2. Reunir e organizar todo o material a ser utilizado no curativo 3. Colocar o paciente em posição confortável, em local com boa iluminação e explicar o que será feito. Apoiar o membro afetado sobre uma bacia cirúrgica 4. Calçar as luvas 5. Lavar o ferimento com SF 0,9% em jato (sem muita pressão) 6. Esfregar a gaze embebida com solução salina no leito da lesão em um único sentido. Em caso de muita sujeira pode-se associar sabão líquido hospitalar. 7. Desbridamento: Retirar o tecido necrótico com pinças ou tesouras. Caso não consiga retirar todo o tecido necrótico pode-se usar colagenase (evitar em áreas já com tecido de granulação) 8. Pode-se aplicar sulfadiazina de prata, coberturas conforme o tipo da lesão (seca ou com secreção, infectada ou não). 9. Ocluir a lesão com gaze fina, atadura e micropore ou esparadrapo Abordagem Educacional: Modificação do estilo de vida é difícil na terceira idade. Mas deve-se estimular cuidados gerais de saúde como: suspensão do fumo, aumento da atividade física e reorganização dos hábitos alimentares. Dietas restritivas, além de nutricionalmente inadequadas, são de difícil aderência entre idosos. Deve-se insistir nas vantagens do fracionamento dos alimentos. Não é recomendável o uso habitual de bebidas alcoólicas. Deve-se atentar para possíveis deficiências nutricionais associadas (Vit B12, acido folico, etc...). A INCONTINÊNCIA URINÁRIA E FECAL Incontinência urinária é definida como a perda de urina involuntária em quantidade ou freqüência suficiente para originar um desconforto social ou problemas de saúde. As principais conseqüências relacionadas à incontinência urinária são: insuficiência renal, Infecção do Trato urinário/ITU, sepse, aumento do risco de quedas e fraturas, maceração da pele e formação de feridas e o impacto psicossocial (isolamento social, depressão, vergonha). Embora possa ocorrer em todas as faixas etárias, a incidência da incontinência urinária aumenta com o decorrer da idade. Calcula-se que 8 a 34% das pessoas acima de 65 anos possuam algum grau de incontinência urinária sendo que atinge cerca de 50% dos idosos institucionalizados e é mais prevalente em mulheres. Constata-se que apenas 50% dos portadores de incontinência urinária procuram consulta por esse motivo. A Prática Clínica A Incontinência Urinária pode ser definida como “a perda de urina em quantidade e freqüência suficientes para causar um problema social ou higiênico”. Pode variar desde um escape ocasional até uma incapacidade total para segurar qualquer quantidade de urina. Ela se deve, com freqüência, a alterações específicas do corpo em decorrência de doenças, uso de medicamentos ou pode representar o início de uma doença. Entre as mulheres, a principal alteração é a redução da pressão máxima de fechamento uretral, conseqüência de danos secundários à partos, cirurgias, radiação, tabagismo, obesidade, distúrbios neurológicos, da redução da vascularização e hipotrofia dos tecidos que revestem e envolvem a uretra, a bexiga e a vagina e outros. Entre os homens, o aumento da próstata é, provavelmente, o principal fator responsável pelas alterações do fluxo urinário. Algumas alterações da função vesical e da uretra ocorrem em ambos os sexos e incluem redução da contratilidade e da capacidade vesical, declínio da habilidade para retardar a micção, aumento do volume residual. A incontinência urinária pode ser classificada como: Incontinência por Urgência Incontinência Urinária de Esforço Incontinência Mista Incontinência Paradoxal Incontinência Total Classificação A incontinência por urgência Constitui a principal causa de incontinência urinária em pacientes idosos de ambos os sexos (cerca de 60%), geralmente decorre de hiperatividade detrusora e se manifesta clinicamente por perda urinária com desejo súbito e incontrolável de urinar. A incontinência urinária de esforço – ESTRESSE Representa 30% das causas de incontinência em pacientes idosos do sexo feminino, decorre de deficiência esfincteriana associada ou não à hipermotilidade do colo vesical de modo que, durante manobras de esforço (tosse, espirro, etc.), a pressão intravesical supera a pressão no nível de esfíncter gerando perdas. Caracterizar clinicamente as perdas urinárias relacionadas a aumentos da pressão intra-abdominal não precedida de desejo miccional. No homem é comum após ressecção prostática ou radioterapia. A incontinência mista Decorre da associação de incontinência por urgência à incontinência de esforço. A incontinência paradoxal – transbordamento Representa importante causa de incontinência urinária em homens idosos. Decorre de hiperdistenção vesical geralmente secundária à obstrução prostática ou hipocontratilidade detrusora, onde o paciente não consegue obter micções eficazes permanecendo com a bexiga cheia e perdendo urina por transbordamento. Manifesta-se clinicamente por perdas em gotejamento associado a globo vesical palpável (bexigoma). A incontinência total ou funcional Decorre de lesão esfincteriana e geralmente de lesão do esfíncter uretral externo ou de sua inervação, em conseqüência de cirurgias para tratamento de hiperplasia prostática benigna e, principalmente, câncer de próstata. Manifesta-se clinicamente por perdas urinárias contínuas sem globo vesical palpável ou resíduo significativo. Caracterização A incontinência urinária transitória É aquela decorrente de causas externas ao trato urinário que no idoso apresenta uma reserva funcional diminuída. As principais condições que levam o paciente idoso a se tornar incontinente estão listadas e podem ser lembradas utilizando-se o termo mnemônico DIURAMID. DIURAMID: Delírium Infecção Uretrite e vaginite atrófica Restrição de mobilidade Aumento do débito cardíaco Medicações Impactação fecal Tratamento- Medidas Gerais O tratamento deve inicialmente estar focado nas condições externas ao trato urinário. Deve-se descartar a presença de afecções que possam causar incontinência urinária transitória e abordá-las como medida inicial. Assim pacientes com distúrbios metabólicos que levem o paciente às alterações da função cognitivas devem ser corrigidos. Eventuais infecções urinárias sintomáticas devem ser tratadas através de antibioticoterapia adequada. Pacientes pósmenopausa com atrofia vaginal, o uso de hormônio tópico é controverso. A hidratação do paciente deve ser adequada à necessidade do mesmo. Em geral um adulto necessita urinar cerca de 1500 ml ao dia sem uso de diuréticos e com urina não concentrada. A simples adequação deste volume urinário resulta, algumas vezes na remissão da incontinência em muitos pacientes. A medicação do paciente deve ser checada, em especial o uso de diuréticos para tratamento de hipertensão arterial. Muitas vezes, a simples substituição de um diurético de alça por outro de ação mais longa ou ainda por outra droga resulta na redução do volume urinado num curto espaço de tempo e, conseqüentemente, dos episódios de incontinência. O controle da glicemia em diabéticos também atua reduzindo o volume urinário. A normalização do hábito intestinal alivia uma eventual compressão da bexiga pelo fecaloma levando à uma redução da pressão intravesical e diminuindo a possibilidade de perdas. O tratamento de condições como artrose que resulta em melhora da mobilidade também faz parte do tratamento da incontinência neste grupo etário. Da mesma forma, em pacientes nos quais a mobilidade é restrita, medidas de assistência ao toalete podem facilitar a micção e, conseqüentemente, reduzir os episódios de perdas. Incontinência Urinária Total – Incontinência Pósprostatectomia A Incontinência total em idosos geralmente decorre de cirurgias prostáticas, seja por lesão direta do esfíncter, seja por lesão de sua inervação. Embora seja muito mais freqüente após cirurgias para tratamento de câncer de próstata, é igualmente devastadora quando ocorre após cirurgias para tratamento de processos prostáticos benignos (Hipertrofia Prostática Benigna/HPB). É importante ressaltar que a presença de incontinência urinária é bastante comum no pós-operatório recente de cirurgias prostáticas e, por essa razão, o tratamento definitivo dessa condição só deve ser realizado, pelo menos após um ano decorrido Quando encaminhar ao especialista A pessoa idosa deverá ser encaminhada ao urologista ou geriatra, quando as medidas implementadas para tratar a incontinência urinária temporária fracassarem ou se a pessoa apresenta incontinência urinária crônica que não melhora com as medidas iniciais. Cabe ressaltar, que mesmo que a pessoa idosa seja acompanhada por especialista, a equipe da Atenção Básica deverá manter o acompanhamento da mesma. A retenção aguda de urina é uma emergência real, que pode se manifestar como incontinência urinária, delirium ou déficit funcional, ainda que sem presença de dor, e deve ser tratada por meio de sondagem vesical, encaminhando-se imediatamente ao serviço de urgência ou emergência. Incontinência fecal Quadro clínico e epidemiologia Continência anal é a capacidade em retardar a eliminação de gases ou de fezes até o momento em que for conveniente fazêlo. Resulta da inter-relação complexa entre volume e consistência do conteúdo retal, capacidade de distensão (complacência retal), sensibilidade retal e a integridade da musculatura esfinctérica anal, bem como sua inervação. A incontinência anal é a incapacidade, em graus variados, de reter a matéria fecal e de 114 ATENÇÃO À SAÚDE DO IDOSO evacuá-la de forma voluntária. Trata-se de condição incapacitante, constrangedora e com repercussão socioeconômica significativa. Por esses motivos, a prevalência na população é de difícil mensuração. Por vezes, existe uma grande dificuldade do paciente de expor sua condição ao médico. Em outras circunstâncias, o paciente ou seus familiares, por déficit de cognição ou de atenção, pode interpretar os episódios de incontinência como sendo diarréia. Diagnóstico Na maioria dos casos, a queixa não é espontânea, mas seguida ao questionamento do médico. É necessário conhecer o grau de incontinência fecal, se parcial ou total, bem como o grau de comprometimento da qualidade de vida do indivíduo. Perguntar sobre a necessidade de utilizar fralda ou tampão ou se o paciente se priva da realização de viagens ou mesmo sair de casa para passeios ou refeições. Deve-se perguntar sobre operações anais e abdominais, passado obstétrico de mulheres, qualidade de assistência ao parto e história pessoal de constipação. Deve-se perguntar também sobre consistência das fezes, freqüência diária de evacuação, percepção da vontade de evacuação, sintomas como dor e sangramento, bem como sensação de evacuação incompleta. Esses são conhecimentos que auxiliam no diagnóstico da causa da incontinência fecal. A inspeção anal estática É valiosa à avaliação da incontinência fecal, pois, além de identificar a presença de fezes ou vestes sujas, pode identificar cicatriz perineal ou anorretal ou ainda um defeito anal visível que possam ser indicativos de lesão esfinctérica prévia de natureza cirúrgica, traumática ou obstétrica. A inspeção dinâmica Realizada durante a solicitação de manobra de esforço evacuatório ao paciente. Com a retração manual das nádegas pelas mãos do examinador também pode ajudar na inferência sobre a função esfinctérica. Durante essa manobra, a identificação de ânus entreaberto é geralmente indicativa de significativo dano esfinctérico ou neuropatia grave. A avaliação fisiológica especializada É necessária a comprovação das hipóteses sobre a etiologia da incontinência fecal, a delineação da adequada conduta terapêutica e também objetivando conhecer o prognóstico. Trata-se de arsenal diagnóstico ainda restrito aos ambulatórios de especialidade dos centros médicos terciários. Sua realização ajuda sobremaneira no adequado manejo de pacientes com incontinência fecal. No entanto, a impossibilidade de realizá-los não deve constituir empecilho à assistência dos pacientes com incontinência fecal. Tratamento Feito o diagnóstico da causa principal da incontinência fecal, várias opções terapêuticas estão disponíveis, a saber: o tratamento clínico, o tratamento não-cirúrgico por biofeedback (espécie de fisioterapia anal que objetiva aumentar a sensibilidade do reto ao conteúdo fecal e melhorar a força de contração dos esfíncteres anais) e o tratamento cirúrgico propriamente dito. Na medida em que o tratamento cirúrgico da incontinência fecal está reservado aos pacientes com evidente rotura esfinctérica e incontinência fecal grave, significativa parcela dos pacientes com incontinência fecal experimenta melhora sintomática com modificação dietética, agentes constipantes e exercícios pélvicos. O tratamento clínico Não traz a cura da incontinência fecal, mas leva ao alívio sintomático. Em adição à orientação dietética (evitar refeições volumosas, ricas em gordura ou excessivamente ricas em fibras), o tratamento farmacológico deve incluir o uso de antiperistálticos como a loperamida (01 a 02 mg três a quatro vezes ao dia). A abordagem do idoso representa o maior desafio da Medicina moderna. O grau de vulnerabilidade desse novo organismo envelhecido é extremamente heterogêneo. Reconhecer essas diferenças exige amplo conhecimento. O Brasil está num processo de envelhecimento populacional e, a cada década, o percentual de idosos aumenta significativamente. Como resultado, estamos vivenciando um período de crescente demanda de recursos voltados para atender as necessidades desta “nova população”. Nesse processo de preparação e adaptação da sociedade a essa realidade demográfica, deve-se incluir a capacitação dos profissionais que terão a função de cuidar da saúde dos idosos, pois, atualmente, há uma carência significativa de profissionais com essa habilitação. Evidências demonstram que o atendimento ao idoso de forma fragmentada, sem avaliação da sua funcionalidade e sem a compreensão das repercussões do envelhecimento nos processos saúde-doença repercutem negativamente na sua saúde, entendida como “o maior bem estar bio-psicosocial, e não simplesmente a ausência de doenças”. Desta forma, busquei aqui trabalhar os aspectos básicos do processo de envelhecimento e como eles interferem na abordagem do idoso. Pretende-se descortinar problemas que, até então, eram atribuídos ao processo de envelhecimento per si (“da idade”) e, portanto, não abordados de forma adequada. ENVELHECIMENTO ATIVO: UMA POLÍTICA DE SAÚDE UCB Obrigada !!!