CASO CLÍNICO VÔMITOS EM LACTENTE Gláucia Vieira Ferreira Orientadora: Dra. Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde Internato - Pediatria – HRAS/SES/DF ANAMNESE Data da história clínica : 09/11/2006. Identificação: MWGA, sexo masculino, branco, 3 meses e 12 dias, natural de Araguarina-TO, procedente de Tocantinópolis-TO. Mãe : RSG, 24 anos, estudante de pedagogia, católica. Pai : RWCA, 26 anos, técnico em informática, católico. ANAMNESE QP: “Vômitos há 1 mês”. HDA:Mãe refere que a criança nasceu prematura e que logo após o nascimento, foi encaminhada à UTI neonatal de Araguarina-TO, onde necessitou de reanimação e permaneceu entubada por 2 semanas. Refere que durante a internação na UTI, a criança apresentou diagnóstico de PNM.Não sabe referir medicamentos administrados no período. ANAMNESE HDA ( Cont.) Refere que há aproximadamente um mês atrás, quando a criança tinha 2 meses, e ainda permanecia internada na UTI, esta iniciou quadro de vômitos biliosos pós alimentares, intermitentes, associada à anasarca e distensão abdominal importante (criança era alimentada por seringa, com LHB + LM ). Não sabe referir se houve atraso na eliminação de mecônio.Nega que a criança tenha apresentado diarréia.Nega alterações em diurese.Nega febre. Há 1 mês ( 06/10/2006 ) criança foi encaminhada para o HRAS, permanecendo internada até então. ANAMNESE Antecedentes gestação/parto/neonatal Mãe, G1P1,fez 6 consultas pré-natais; Sorologias negativas;Nega infecções; Refere ameaça de abortamento com 8 semanas de gestação; Parto hospitalar, cesáreo; IG=28 semanas; Peso:1570g; Estatura:43 cm; Não chorou ao nascer; Necessitou de reanimação; Permaneceu internado até encaminhamento para o HRAS. ANAMNESE Antecedentes pessoais/ fisiológicos/ patológicos Criança não recebeu vacinação (sic). Desenvolvimento neuropsicomotor adequado para idade. Patologias prévias: PNM. Internações prévias: Criança permaneceu internada do nascimento à data da história clínica. Hemotransfusões : Mais de 5 concentrados de hemácias. Cirurgias prévias: Nega. Nega traumas. Nega alergias medicamentosas. ANAMNESE Antecedentes familiares Mãe e pai saudáveis. Pais não consangüíneos. Irmãos saudáveis. Mãe desconhece estado de saúde da família materna. Vô paterno com CA de próstata. ANAMNESE Antecedentes sócio-econômicos Residente em zona urbana; Casa de alvenaria com 5 cômodos, água filtrada, rede de esgotos, luz elétrica e coleta de lixo. Não há animais peridomicílio. EXAME FÍSICO Criança em BEG, hipocorado (+/4+), acianótico, anictérico, hidratado, eupnéico, afebril. Sinais vitais sem alterações. AR : MVF sem RA. ACV : RCR 2T BNF sem sopros e/ou desdobramentos. ABD: Globoso. RHA +. Timpanismo difuso. Ausência de massas palpáveis e/ou VMG. Membros:sem edema e bem perfundidos. Genitália externa: masculina; testículos tópicos. Desenvolvimento neuropsicomotor adequado para idade. EXAMES LABORATORIAIS Hemograma completo 23/10 28/10 29/10 31/10 06/11 Leu 9400 23900 21700 12100 18100 Seg (%) 55 84 74 63 48 Bast(%) 0 3 2 1 0 1 3 37 10SEM 22 47 LEUCOCITOSE DESVIO À35 ESQUERDA Linf(%) Mono(%) 1 2 1 Eos(%) 6 1 1 0 2 Bas(%) 1 0 0 0 0 Hm(x106) 3,4 2,88 Hg 9,7 8,2 Htc(%) 29 24,3 Pla(x103) 156 3,49 10,2 ANEMIA 30,6 3,29 3,29 9,8 9,7 28,6 29 286 335 430 PLAQUETAS NORMAIS 356 EXAMES LABORATORIAIS Bioquímica 23/10 28/10 Gli 42 109 Ur 19 Creat 0,4 TGO 17 0,4 29/10 31/10 06/11 85 67 - - 21 8 - 0,4 0,3 FUNÇÃO RENAL E HEPÁTICA 20 43 24 NORMAIS - TGP 5 15 - 11 - Na 133 134 136 132 133 K 4,5 4,3 4,8 4,4 5,2 Cl 114 Ca 7,1 - 8,2 Prot tot - - 3,7 4,0 - Alb - - 2,2 2,2 - HIPOALBUMINEMIA 110 111 110 108 7,8 8,8 EXAMES LABORATORIAIS Provas inespecíficas inflamatória/infecciosa 23/10 28/10 29/10 de 31/10 atividade 06/11 PROVAS DE ATIVIDADE 15 INFLAMATÓRIA/INFECCIOSA PCR INICIALMENTE - ELEVADOS 15,9 <0,32 VHS EXAMES LABORATORIAIS Outros exames 19/10/06 IgG= 217; IMUNOGLOBULINAS NORMAIS IgA=28,5; IgM=99,9; 22/10/06 Swab pneumoniae. retal: Klebsiella RESUMO LACTENTE PREMATURO VÔMITOS DISTENSÃO ABDOMINAL EDEMA DISCUSSÃO VÔMITOS EM LACTENTES DISCUSSÃO VÔMITOS EM LACTENTES 1- Erro de técnica alimentar. 2- Refluxo gastroesofásico fisiológico. 3-Doença do refluxo gastroesofágico. 4-Quadros obstrutivos. 4- Podem ser congênitos adquiridos. 3- Em lactentes, torna-se emou geral sintomático 5-Doenças inflamatórias. 2Imaturidade da junção gastrointestinal; Esvaziamento 1-Volume da alimentação excessivo Odoenças QC depende da de altura entre oTécnica 2° einflamatórias 4°alimentar mês vida. gástrico lento; 5-As principais em lactentes são : 6-Gastroenterites. para capacidade gástrica da inadequada; criança . arelação diverticulite de da obstrução pode incluir: disfagia, vômitos, QC : e vômitos, regurgitações, Distúrbios na do binômio mãe-filho 7-Distúrbios metabólicos. Meckel e o íleo paralítico. regurgitação, dor abdominal, manifestações respiratórias 6- Em geral cursam febre, anorexia, A diverticulite ocorre em menoscom de 2% dos lactentes e em geral 8-Alergia Alimentar. náuseas, sangramento digestivo, ( apnéia e estridor laríngeo ) 7- São raros nos lactentes e em geral cursam é acompanhada por aquosa,náuseas,vômitos sangramento retal indolor intermitente. diarréia 8Ocorre em 2-3 % dos lactentes e ocorrem distensão abdominal, constipação oumanifestações diarréia, e manifestações neurocomportamentais. com atraso importante O íleo paralítico associa-se à cirurgias abdominais ou infecções e dor abdominal. princ.distensão diarréia), retardo na eliminação do mecônio,icterícia; e gastrintestinais caracteriza-se por( RHA, e respiratórias, dor abdominal. do desenvolvimento neuropsicomotor. cutâneas e comportamentais DISCUSSÃO VÔMITOS EM LACTENTES 1- Erro de técnica alimentar. 2- Refluxo gastroesofásico fisiológico. 3-Doença do refluxo gastroesofágico. 4-Quadros obstrutivos. 5-Doenças inflamatórias. 6-Gastroenterites. 7-Distúrbios metabólicos. 8-Alergia Alimentar. DISCUSSÃO VÔMITOS EM QUALQUER IDADE 1-Ap respiratório Infecções; tosse; gotejamento retronasal; secreção faríngea; 2-Ap GI Hérnia inguinal encarcerada; intoxicação alimentar ( rara ); esofagite; pancreatite; colecistite; 3-Ap geniturinário Litíase; pielonefrite; IRC; tubulopatias (raras); DISCUSSÃO VÔMITOS EM QUALQUER IDADE 4- SNC Meningite; encefalite; HIC e hemorragia subdural ( raros ); 5- Sist. Endocrinológico cetoacidose diabética; síndrome adrenogenital (rara). 6- Miscelânea intoxicação exógena; quimioterapia; radioterapia; RESUMO LACTENTE PREMATURO QUADRO OBSTRUTIVO VÔMITOS DISTENSÃO ABDOMINAL EDEMA DISCUSSÃO Qual o nível da obstrução? DISCUSSÃO • • • • • OBSTRUÇÃO ESOFÁGICA Polidrâmnio materno. Disfagia. Engasgo, cianose e tosse à tentativa de alimentação. Regurgitação. Vômitos de alimentos não digeridos, não biliosos. DISCUSSÃO OBSTRUÇÃO GÁSTRICA • Polidrâmnio materno. • Náuseas. • Vômitos não biliosos. • Dor abdominal. • Sangramento digestivo. • Palpação de massa pilórica ( EHP ). • Ondas peristálticas gástricas visíveis. DISCUSSÃO • • • • • OBSTRUÇÃO EM DUODENO Polidrâmnio materno. Metade dos casos ocorrem em prematuros. Manifestações no 1° dia de vida. Vômitos biliosos sem distensão abdominal Um terço apresentam icterícia. DISCUSSÃO • • • • OBSTRUÇÃO EM JEJUNO E ÍLEO Polidrâmio (25%). Prematuridade1/3. 60 a 75% não eliminam mecônio. A maioria torna-se sintomática no 1° dia de vida, com distensão abdominal e vômitos. Lactente Prematuro Vômitos Distensão abdominal Anemia Hipoalbuminemia Íleo meconial ? Fibrose cística? DISCUSSÃO • • • • • FIBROSE CÍSTICA Doença autossômica recessiva. 1:2500 nascidos vivos. 10% dos pacientes com FC apresentam íleo meconial pela insuficiência pancreática exócrina. 80 a 90 % dos pcts com íleo meconial têm fibrose cística. Lactentes atraso na eliminação de mecônio; icterícia prolongada (colestase neonatal); diarréia; tosse; broncoespasmo; broncopneumonias de repetição; anemia; hipoalbuminemia. DISCUSSÃO OBSTRUÇÃO COLÔNICA • Sintomas nos primeiros meses. • Vômitos e distensão abdominal importante. • Constipação ou diarréia. • Dor abdominal. • Alterações no crescimento. • Pode estar associada à anemia e hipoalbuminemia. Lactente Prematuro Vômitos Distensão abdominal Enterocolite Necrosante Neonatal? Doença de Hirschsprung? DISCUSSÃO • • • • • • ENTEROCOLITE NECROSANTE NEONATAL Ocorre necrose da mucosa ou de toda parede intestinal, principalmente no íleo distal e cólon proximal. Lactentes prematuros são particularmente suscetíveis. Rara em neonatos a termo. A idade de início é inversamente relacionada à IG. Os primeiros sinais são distensão abdominal com vômitos biliosos ou hemorrágicos. 25% sangramento digestivo. DISCUSSÃO • • • • • • DOENÇA DE HIRSCHPRUNG Causada por inervação anormal do intestino. Causa mais comum de obstrução intestinal distal no RN. Maior proporção de meninos acometidos. Incomum entre lactentes prematuros. Sintomas geralmente iniciam ao nascimento atraso na eliminação de mecônio; Dificuldade crescente na eliminação de fezes; Enterocolite; Massa fecal palpável no QIE; Febre;Dor abdominal; RESUMO QUADRO OBSTRUTIVO ( OBSTRUÇÃO BAIXA ) LACTENTE PREMATURO VÔMITOS DISTENSÃO ABDOMINAL EDEMA DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO? EVOLUÇÃO Evolução 06/10/06 a 20/10/06 Internação na Ala B.Realizado raio-X de abdome simples e contrastado. EVOLUÇÃO Raio-X de abdome distensão de alças intestinais EVOLUÇÃO Raio-X contrastado parada de progressão do contraste em cólon transverso EVOLUÇÃO EVOLUÇÃO Evolução 20/10/06 Inventário da cirurgia evidencia distensão de intestino delgado terminal, cólon ascendente e transverso.Defeito de rotação, com ceco solto e localizado no mesogástrio.Realizada ressecção parcial e anastomose de cólon transverso + apendicectomia. EVOLUÇÃO Evolução (Cont.) 20/10/06 a 25/10/06 Internação na UTI.Criança admitida em “REG, entubado, desidratado, hipocorado, com hipotermia, abdome distendido e peristaltismo ausente. Extubou acidentalmente.Mantido em cateter de O2. Iniciada antibioticoterapia com cefepime + amicacina. Evoluiu com estabilidade hemodinâmica, recebendo alta da UTI”. EVOLUÇÃO Evolução (Cont.) 25/10/06 a 29/10/06 Internação na Ala B. Evoluiu com quedas de Sat O2 e leucocitose importante. 29/10/06 a 01/11//06 Internação na UTI.Realizada transfusão de concentrado de hemácias.Iniciada dieta por SOG e NPT.Substituída antibioticoterapia por meropenem.Evoluiu estável, recebendo alta da UTI. EVOLUÇÃO Evolução ( Cont.) 01/11/06 a 09/11/06 Internação na Ala B.Criança evoluiu em BEG, assintomática, com evacuações e diurese preservadas; Retirada SOG e suspensa NPT em 07/11/06.Criança recebeu alta hospitalar aceitando dieta por via oral (LHB + LM + NAN ), sem intercorrências. CONCLUSÃO DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO OBSTRUÇÃO INTESTINAL BAIXA ESTENOSE CONGÊNITA DE CÓLON + MALROTAÇÃO INTESTINAL OBRIGADA !