A Química Somando Forças: Ensino e Pesquisa com Empreendedorismo e Inovação
Emprego de jogo didático no ensino de funções orgânicas para alunos com e
sem deficiência visual: um relato de experiência em sala de aula
E.A. Carlos, F.A. Bastos, P.H. Rezende*
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Campus Muzambinho, Estrada de Muzambinho,
Km 35 – Bairro Morro Preto, 37890-000, Muzambinho, Minas Gerais, Brasil
*[email protected]
Palavras chave: jogo, ensino, química orgânica, deficiência visual
INTRODUÇÃO
A inclusão de alunos com deficiência visual (DV) na
rede regular de ensino é um dos desafios atuais das
escolas brasileiras. Neste sentido muitos esforços têm
sido registrados, inclusive de professores e outros
profissionais que buscam novas ferramentas didáticas
para garantir a estes alunos o acesso ao
conhecimento. Tais ferramentas vão desde a
1
confecção de materiais com texturas e relevos , até a
transcrição de livros de química para o Braille2.
Materiais que exploram a percepção tátil são valiosas
estratégias para o ensino de química a alunos DV, pois
possibilitam a construção de imagens mentais. Além
de empregar metodologias de ensino que permitam ao
aluno DV o acesso ao conhecimento, é importante
propor atividades que favoreçam o trabalho em equipe,
a fim de possibilitar a troca de experiências e integrar o
aluno DV aos demais colegas de classe. Neste sentido,
o jogo didático pode ser uma boa opção, pois oferece a
integração
entre
os
alunos/jogadores
e
o
desenvolvimento de habilidades e competências de
uma maneira descontraída. Com base neste contexto,
foi desenvolvido um jogo de cartas como ferramenta
auxiliar para o ensino de funções orgânicas para
alunos com e sem deficiência visual.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O jogo “UNO®” tem sido adaptado para o ensino de
química, permitindo a abordagem de diversos
assuntos, inclusive funções orgânicas. Neste caso, os
autores desenvolveram o jogo para alunos sem
deficiência visual, explorando as fórmulas estruturais,
aplicações e propriedades de compostos orgânicos3.
No presente trabalho o jogo foi elaborado com outras
regras e layout, priorizando a acessibilidade e o
desenvolvimento de habilidades específicas à
identificação
de
compostos orgânicos,
como
reconhecimento da cadeia principal, ramificações e
grupos funcionais. O jogo contém 48 cartas, sendo 8
de cada função oxigenada: álcool, cetona, éter, éster,
ácido carboxílico e aldeído. As cartas foram
confeccionadas em papel cartão e para garantir a
acessibilidade do aluno DV, as fórmulas estruturais
foram escritas em relevo utilizando-se, para isto, tinta
expansível. A fim de simplificar a escrita e facilitar o
reconhecimento dos compostos, os mesmos foram
representados através de fórmula de linha. Este jogo
permite a participação de 2 a 6 jogadores, os quais
recebem 4 cartas cada um. Uma carta adicional é
apresentada aos jogadores como referência, iniciando
a pilha de descarte e as demais são viradas para baixo
para formar o monte. O primeiro jogador é definido por
sorteio, seguido pelo jogador à sua direita. O jogador
da vez deve descartar uma carta que combine com a
referência apresentando o mesmo grupo funcional ou
igual número de átomos de carbono na cadeia
principal. Também é permitido descartar um isômero
funcional e, nesse caso, o jogador ganha o direito de
realizar outro descarte, escolhendo livremente uma de
suas cartas. Se o jogador não tiver uma carta que
combine com a que está na pilha de descarte, deverá
comprar uma no monte e, em seguida, descartá-la, se
for adequada, ou passar a vez para o próximo jogador.
Caso um jogador descarte uma carta que apresenta
um composto de cadeia ramificada, o jogador seguinte
deverá comprar tantas cartas quanto forem os átomos
de carbono da ramificação. O jogo segue até que um
dos jogadores elimine todas as cartas, sendo este o
vencedor. Este jogo foi empregado como atividade de
revisão em sala de aula. A turma foi dividida em
grupos e um deles apresentava um aluno DV como
integrante. Para este grupo foi apresentado o jogo em
relevo e observou-se a acessibilidade do mesmo, além
da participação e motivação dos jogadores. Assim
como o aluno DV, os demais jogadores demonstraram
grande alegria e satisfação com a novidade do jogo e
com a participação efetiva do aluno DV em uma
atividade em grupo. Entusiasmo maior foi observado
na segunda rodada, quando todos tiveram os olhos
vendados e precisaram utilizar a percepção tátil para
jogar, assim como o aluno DV. A sensação de
igualdade, integração e aprendizagem provocou um
sentimento de alegria em todos.
CONCLUSÕES
O jogo demonstrou ser uma ferramenta valiosa para a
socialização do aluno DV com os demais colegas de
classe, além de auxiliar no ensino de química.
AGRADECIMENTOS
IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho.
REFERÊNCIAS
1
Gonçalves, F.P.; Regiani, A.M.; Auras, S.R.; Silveira, T.S.; Coelho, J.C.;
Hobmeir, A.K.T. A educação inclusiva na formação de professores e no ensino
de química: a deficiência visual em debate. QNEsc.Vol. 35, N° 4, novembro, 2013.
2
Pires, R.F.M. Proposta de guia para apoiar a prática pedagógica de
professores de química em sala de aula inclusiva com alunos que apresentam
deficiência visual. Dissertação de mestrado. UnB, 2010.
3
Oliveira, A.P.S; Macêdo, A.P.; Teixeira Júnior, J.G. Uno das funções
orgânicas: um recurso facilitador para o ensino de funções orgânicas. In: XVI
Encontro Nacional de Ensino de Química e X Encontro de Educação Química
da Bahia, Salvador, BA, 2012.
XXVIII Encontro Regional da Sociedade Brasileira de Química – MG, 10 a 12 de Novembro de 2014, Poços de Caldas - MG
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