AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO FINANCEIRO DOS BANCOS COOPERATIVOS NO BRASIL Edevandro Stefanello Clailton Ataídes de Freitas Jefferson Andrônio Ramundo Staduto Resumo: O objetivo do presente trabalho é avaliar o desempenho dos bancos cooperativos diante dos demais bancos comerciais no Brasil, de 1996 a 2001. Para tanto, utiliza-se de alguns indicadores operacionais como: Índice Riskbank, Grau de Alavancagem, Rentabilidade Patrimonial, Margem Líquida entre outros. Com base nesses indicadores pode-se observar que os bancos cooperativos têm apresentados bons resultados em todos os indicadores analisados, o que demonstra responsabilidade na administração de seus recursos e servindo de instrumento para a viabilização dos sistemas de crédito cooperativos representados. Palavras chave: Cooperativismo de crédito, sistema financeiro, indicadores de eficiência. 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo comparar a forma da distribuição e aplicação dos ativos financeiros dos bancos comerciais e cooperativos1, bem como mostrar, através do comportamento do crédito, do risco e de alguns indicadores operacionais e de eficiência, o desempenho dos bancos cooperativos frente aos bancos comerciais no Brasil, de 1994 a 2001. As instituições financeiras no Brasil, até a década de noventa, estavam habituados a uma economia relativamente fechada e obtinham lucros com ganhos advindos do floating2, já que a inflação, até 1994, atingia patamares que permitiam a essas instituições ganhos substanciais com seus depósitos à vista e a prazo, destinados principalmente à aplicação em títulos da dívida pública. O fim dos elevados patamares inflacionários no país e as perdas de receitas com os floats obrigaram o sistema bancário de um modo geral a buscar novas formas de aplicação de seus ativos. Inicialmente, motivados pelo crescimento econômico, aumentaram as operações de crédito concedidos às pessoas físicas e jurídicas. Contudo, as crises internacionais3 e os seus efeitos sobre a economia brasileira, aliado a falta de experiência dessas instituições financeiras em conceder crédito, fizeram com que muitos títulos fossem liquidados com atraso, ou simplesmente, tornaram-se inadimplentes, o que ocasionou prejuízos4 aos bancos. Neste contexto, surgem como desafio das instituições financeiras: como emprestar com segurança a clientes até então vistos como aplicadores? Como rentabilizar da melhor maneira e com menor risco? Qual a melhor opção para o crescimento institucional: aplicar em crédito ou em ativos de menor risco (títulos públicos, por exemplo)? Diante destas questões, nota-se que houve um processo bem definido, no que se refere ao ajuste dos bancos no Brasil. Como demonstra o estudo do Dieese, este se deu em duas formas, a saber: “ajustes para dentro: interno às empresas5, marcados especialmente pela introdução de inovações tecnológicas e gerenciais, 1 Dois bancos cooperativos em atividade no Brasil: Bansicredi (Banco Cooperativo Sicredi S.A) e Bancoob (Banco Cooperativo do Brasil S.A). 2 Recursos oriundos de depósito à vista ou em trânsito, captados a custo zero e aplicados à taxa do dia, o que chegava a representar cerca de 35% das receitas bancárias antes do Plano Real. 3 Destacam-se as crises do México, Tigres Asiáticos e da Rússia. 4 Houve um aumento considerável da inadimplência dos bancos comerciais, levando a contabilização de grandes perdas financeiras para os bancos comerciais no que se refere ao crédito. 5 Refere-se aos bancos 2 além de uma redução significativa no número de empregados; e ajustes para fora: na oferta de produtos e serviços e na relação com os clientes” (Dieese, 1999, p.2). Isto fez com que fosse revista a forma de atuação dos bancos comerciais diante de seus objetivos e prestações de serviços. Sem dúvida, o reaparecimento do crédito, principalmente o crédito para consumo, foi um dos principais fatos pós 1994. Muitas razões podem ser identificadas para o restrito volume de crédito para as empresas no Brasil. Dentre elas, podem ser citados o longo período de instabilidade vivido pelo país; a falta de prioridade das instituições bancárias na concessão de crédito e a própria ausência de uma cultura de crédito como alavanca de desenvolvimento das atividades privadas, visto que operam como financiadores da dívida pública. Há também, o problema da assimetria de informações, principalmente em relação às instituições financeiras. A dificuldade em conhecer principalmente a situação de solvência e liquidez das empresas tomadoras aumenta o risco do crédito e onera ainda mais o custo do financiamento. Buscar formas para fomentar, desenvolver e organizar as empresas, e, ao mesmo tempo, rentabilizar as instituições de crédito é um desafio justificável, tanto para as próprias empresas e instituições financeiras, bem como para os poderes que representam a sociedade. As cooperativas de crédito no Brasil, até a década de 80, estavam praticamente impedidas de prosperarem. Isso ocorria pelo fato delas não estarem organizadas estruturalmente e por sofrerem restrições do Banco Central quanto à concessão de crédito, principalmente rural. A partir dos anos 80, as cooperativas de crédito ganham condições de desenvolverem-se, em razão do fim das restrições. A constituição dos bancos cooperativos surgiu da necessidade da centralização na administração das cooperativas de crédito. Esta constituição foi autorizada pela Resolução nº 2193/95. Apesar de estar concentradas nas Regiões Sul e Sudeste, as Cooperativas de Crédito tiveram, com a possibilidade da criação dos bancos cooperativos, a alternativa para efetuarem suas operações e prestação de serviços bancários à comunidade onde atuam. Hoje, há no Brasil, dois bancos cooperativos: o Bansicredi (Banco Cooperativo Sicredi S.A), fundado em 1995, em Porto Alegre – RS, integrando o Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi) e o Bancoob (Banco Cooperativo do Brasil S.A), fundado em 1997, com sede em Brasília – DF, integrando os Sistemas de Cooperativas de Crédito Regionais do Brasil (Sicoob). Os bancos cooperativos representam as cooperativas de crédito e, por atenderem setores específicos da economia e também conhecerem mais acuradamente a sua carteira de clientes, provavelmente têm melhores condições de reduzir os riscos de insolvência dos empréstimos. Segundo Cattani & Staduto (2003), o perfil da carteira de clientes do Sicredi, preponderantemente de agricultores, contribuiu para o bom desempenho nas operações de crédito. Assim, admitindo-se a possibilidade da diminuição do risco, a oferta de crédito dos bancos cooperativos seria mais favorável, vis-à-vis, aos bancos comerciais6. Isto dá condição de formação de um ambiente de solidariedade moral entre os devedores, diminuindo a inadimplência. Em síntese, é possível resumir a problemática do presente trabalho em duas vertentes: a primeira, os bancos cooperativos são eficientes enquanto administradores dos recursos das cooperativas de crédito no Brasil? A segunda, atualmente, há diferenças entre a administração dos ativos dos bancos cooperativos e dos bancos comerciais no Brasil? Tendo presente estes fatos e, considerando-se que há pouco estudo sobre o assunto, a atual pesquisa contribui no sentido de identificar o comportamento dos bancos cooperativos e dos bancos comerciais no Brasil, diante da administração de seus ativos. O presente trabalho está dividido em cinco itens, incluindo esta introdução. No segundo item é feita uma revisão bibliográfica sobre o cooperativismo no Brasil, identificando as 6 Coaduna com essa afirmação Schardong (2002, p.3-4) 3 modificações históricas e econômicas ocorridas nessas instituições. O terceiro item trata dos aspectos metodológicos e base de dados. No quarto item são analisados os resultados do estudo, através da exposição do comportamento do crédito no Brasil no período de 1994 a 2001, além de considerações sobre a avaliação do risco das principais instituições financeiras. Ainda neste item, analisam-se os indicadores operacionais e de eficiência. No quinto e último item, serão feitas as conclusões finais do trabalho. 2. COOPERATIVISMO E OS BANCOS COOPERATIVOS O movimento cooperativista iniciou-se na Inglaterra, no século XIX, com a fundação da Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale em 1844. Não obstante esse ano tenha sido considerado como o marco do cooperativismo no mundo, Polônio (2001) ressalta que há notícias de experiências anteriores a essa data. Os tecelões de Rochdale constituíram cooperativas de consumo, com o objetivo de enfrentar a crise industrial da época, oferecendo gêneros de primeira necessidade aos associados, passando, posteriormente, às atividades de produção. Os preços eram fixados de forma a não produzir lucro. Nas assembléias, cada cooperado tinha direito a um voto, independente da participação no capital social, característica que predomina até os dias de hoje. As cooperativas de crédito surgiram no Século XIX, em função do desequilíbrio da distribuição de renda e riquezas geradas pela Revolução Industrial. Foram criadas para fomentar a produção do setor primário, organizando a classe trabalhadora rural, para que pudesse produzir mais e melhor. Especificamente, a partir de 1849 são constituídas na Alemanha as cooperativas de crédito e de consumo. A primeira cooperativa de crédito fundada no Brasil e na América Latina foi a de Nova Petrópolis no Rio Grande do Sul, sendo criada porque não existiam nessas comunidades os serviços bancários. A sua finalidade, como a de qualquer outra, seria proporcionar a seus associados créditos, mediante uma taxa de juros compatível com a atividade do pequeno e médio empreendedor independente do setor que o mesmo estivesse vinculado, fosse ele agrícola, industrial, comercial ou profissional. De acordo com a OCB7, já naquela época os movimentos cooperativistas eram estruturados em determinados princípios que, até os dias de hoje, vivificam o espírito cooperativista. São eles: adesão voluntária e livre, gestão democrática, participação econômica, autonomia e independência, educação, formação e informação, intercooperação e interesse pela comunidade. No Brasil, atualmente, cerca de 4% da população adulta faz parte de uma cooperativa, percentual que passa de 70% na Austrália, Canadá, Israel, por exemplo. Nessa circunstancia, é provável que há ainda muito espaço para o crescimento do cooperativismo no Brasil. As cooperativas de crédito regem-se pelo disposto nas Leis nºs. 5.764, de 16.12.1971, e 4.595, de 31.12.1964, nos atos normativos baixados pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil e pelo respectivo estatuto social. Está presente nestas definições o princípio da dupla qualidade do associado; é a denominação que se dá ao fato de que a cooperativa, como empresa, deve ser gerida pelo associado em regime de autogestão. Até 1980, as instituições financeiras cooperativas não estavam autorizadas por aspectos legais – Lei 4.595 oriunda da Reforma Bancária em 1970 – de operar com o crédito rural. Essas restrições normativas fizeram as instituições financeiras cooperativas como um todo perder competitividade. O impacto dessa Reforma Bancária sobre o sistema cooperativo no Rio Grande do Sul foi muito negativo. Neste estado estavam funcionando mais de 50 cooperativas de crédito. Com o fim das restrições, a partir de 1994, o cooperativismo de crédito voltou a ser 7 informação disponível em: www.ocb.org.br, acesso em 10 de fevereiro de 2003. 4 articulado e a reorganizar-se, formando as Centrais de Cooperativas de Crédito8, que reuniam as cooperativas de crédito singulares9, alcançando, assim, maior autonomia estrutural e política, ganhando maior volume operacional em termos de escala e escopo para viabilizar financeiramente os bancos cooperativos. Eles foram criados a partir da publicação da Resolução. 2.193 de 31/08/95 do Conselho Monetário Nacional. Os bancos cooperativos foram autorizados a atuar em todas as atividades permitidas aos bancos comerciais, sendo instrumento das cooperativas de crédito, integrando-as ao mercado financeiro e de capitais, permitindo financiar, por exemplo, as atividades agropecuárias, utilizando recursos próprios, com taxas equalizadas pelo Tesouro Nacional. Há no Brasil, atualmente, dois bancos cooperativos em atividade: o Bansicredi (Banco Cooperativo Sicredi S.A), presente nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo11, e o Bancoob (Banco Cooperativo do Brasil S.A), fundado em 1997, que integra os Sistemas Cooperativos de Crédito Regionais do Brasil (Sicoob), presentes em 12 Estados brasileiros, principalmente na Região Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, dentre eles São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Minas Gerais e Bahia. Os bancos cooperativos, integrados ao sistema financeiro, têm objetivos e atribuições bem definido. Segundo Schardong (2002, p 78-79), é atribuição dos bancos cooperativos: - integrar as Cooperativas Singulares de Crédito, pertencentes à instituição sistêmica, ao Sistema Bancário Nacional e Internacional; - administrar, em escala, os recursos financeiros do Sistema; - formular, para apreciação e deliberação das cooperativas de crédito, através de suas Centrais, as políticas de gestão financeira, crédito e “marketing”; desenvolver e administrar produtos e serviços corporativos. 3. METODOLOGIA E FONTE DE DADOS A avaliação do risco foi feita através do índice Riskbank e o desempenho das instituições financeiras analisando o comportamento dos indicadores operacionais e de eficiência dos principais bancos comerciais e dos bancos cooperativos no Brasil a partir de 199612. Os indicadores operacionais avaliados foram os seguintes: grau de alavancagem, rentabilidade patrimonial, margem líquida, geração de receita dos ativos operacionais e razão custo-receitas. Esses indicadores permitem hierarquizar as instituições, principalmente, no que concerne à geração de lucro. Essa análise positiva, acaba em última instância, refletindo a capacidade das instituições em criar resultados favoráveis e a atingir com maior eficiência os seus objetivos fins. A identificação destes instrumentos irá permitir avaliar o desempenho operacional e financeiro dos bancos cooperativos, enquanto administradores do sistema de crédito cooperativo no Brasil, vis-à-vis os bancos comerciais. 8 Iniciada em 1980 com a Cooperativa Central de Crédito Rural do Rio Grande do Sul Ltda – COCECRER, patrocinada pelas 09 cooperativas de crédito remanescentes (Nova Petrópolis, Cerro Largo, Crissiumal, Horizontina, Santa Cruz, Santa Maria, Guarani das Missões, Rolante e Agudo), com o objetivo de reorganizar o Sistema no Estado e assumir parte de suas funções no financiamento rural. Hoje há Centrais das Cooperativas de Credito na maioria dos Estados onde atuam os Bancos Cooperativos. 9 Cooperativas de credito locais, constituídas pelo numero mínimo de 20 pessoas físicas ou jurídicas com atividades correlatas que abrangem determinado município ou grupo de municípios ou região, onde atuam com seus pontos de atendimento e administrando recursos com determinada autonomia. 11 Iniciando em 2003, a atuação do Sicredi em Santa Catarina, com uma Unidade Regional de Desenvolvimento e Controle (URDC) e dois pontos de atendimento. 12 A metodologia utilizada no presente estudo, no que se refere aos indicadores operacionais e de eficiência, foi utilizada, também, por Vasconcelos et.al (2002, p.14) 5 3.1. Definição dos Índices e Indicadores 3.1.1- Índice Riskbank O Riskbank, elaborado pela empresa Lopes Filho & Associados13, é um índice composto por uma associação de técnicas de análise de balanço, setorial e estatística, e tem o propósito de conhecer o funcionamento e as características operacionais das instituições financeiras, além de permitir identificar os fatores objetivos e subjetivos de cada uma das instituições14. 3.1.2 - Indicadores Operacionais e de Eficiência • Grau de Alavancagem (GA) O GA é mensurado pela proporção do passivo total menos patrimônio líquido em relação ao patrimônio líquido. Esse indicador evidencia a capacidade das instituições financeiras em movimentar recursos dos seus clientes sem receber incremento no seu capital próprio. Em termos do grau de solvência dessas instituições é desejável valor baixo para GA, pois valores altos para GA estariam indicando que a instituição estaria mais propensa ao risco, e conseqüentemente com maior probabilidade de insolvência. A razão GA é dada por. Pt − Pl GA = (1) Pl onde: GA = grau de alavancagem; Pt = passivo total e Pl = patrimônio líquido. • Rentabilidade Patrimonial (RP): O índice RP é calculado pela proporção do lucro líquido sobre o patrimônio líquido. Esse índice avalia a rentabilidade proporcionada pela instituição financeira aos seus acionistas, ou de outra forma evidencia a capacidade da instituição em gerar lucro para seus acionistas. É desejável que instituição em foco apresente RP elevado, pois isso é visto pelos investidores como sendo uma empresa financeiramente equilibrada e rentável. A razão RP é dada por: LL RP = (2) PL onde: RP = rentabilidade patrimonial; LL = lucro líquido e PL = patrimônio líquido. • Margem Líquida (ML): Este índice evidencia a capacidade da instituição em gerar lucro nas suas operações financeiras. Da mesma forma que a RP a ML mais elevada sinaliza que a instituição financeira avaliada é eficiente na administração dos seus recursos. A razão ML é dada por: LL ML = (3) R onde: ML = margem líquida; LL = lucro líquido e R = Receitas. • Geração de Receitas dos Ativos Operacionais (GR): O índice GR mostra a capacidade da instituição financeira em gerar receitas nas suas operações financeiras. Assim, a maior eficiência da instituição estaria associada ao maior o GR. O cálculo deste índice é obtido através da seguinte razão: R GR = (4) AO onde: GR = geração de receitas dos ativos operacionais; R = receitas e AO = ativos operacionais. • Razão Custo-Receita (CR): O índice CR revela o nível das despesas operacionais incorridas pela instituição para gerar receitas nas operações financeiras e na prestação de serviços. Em termos do nível de 13 Constituída desde 1977, é uma consultoria especializada na área de mercados financeiros, relação com investidores e finanças corporativas, tendo sido a pioneira na prestação desses serviços no Brasil. 14 Os critérios metodológicos do índice Riskbank estão disponíveis em www.riskbank.com.br . 6 eficiência da instituição, é preferível que ela apresente baixo valores para CR, pois quanto maior o índice menos eficiente mostra-se a instituição. DO (5) CR = ∑ ( RB + RS ) onde: CR = razão custo receita; DO = despesas operacionais; RB = resultado bruto das intermediações financeiras e RS = receita de serviços. 3.2 Fonte de Dados As informações dos índices apresentados no item anterior pertinente aos bancos comerciais foram obtidas diretamente em Vasconcelos et al. (2002), enquanto esses mesmos índices para os bancos cooperativos em atividade no Brasil foram calculados com base nos seus respectivos balanços contábeis. O período de análise deste estudo compreende aos de 1996 a 2001. Os dados sistemáticos sobre o riskbank foram acessados em www.riskbank.com.br. 4. ANÁLISE DO CRÉDITO, DO RISCO E DOS INDICADORES OPERACIONAIS E DE EFICIÊNCIA 4.1. O Crédito e seu Comportamento Historicamente, o volume de crédito ofertado no Brasil sempre foi inferior à sua demanda, fato esse que contribui para que o crédito nunca se convertesse em alavanca do desenvolvimento no país, como é comum nas economias dos países capitalistas. Entretanto, com o advento do Plano Real, o aumento das instituições financeiras estrangeiras participando no mercado brasileiro e a redução da inflação, dentre outros fatores positivos, criaram expectativas de que, finalmente, o incremento na oferta de crédito bancário fosse compatível com a necessidade das empresas no Brasil. Seria sensato imaginar que com a queda nas receitas de floating e a mudança do cenário econômico, os bancos passassem da captação de depósitos para as operações de crédito. Contudo, como mostra Vasconcelos et al. (2002, p.4-5) não se observa uma mudança significativa no quadro geral de crédito, embora o crédito bancário apresente um crescimento na segunda metade de 1996, voltando a cair nos períodos seguintes, com leve tendência de queda desde o segundo semestre de 1997. Em 1996, surge o primeiro banco cooperativo no Brasil, o Bansicredi, e no ano seguinte o Gráfico 1 - Evolução do Crédito dos Bancos Cooperativos (dezembro 1996a dezembro de 2001, em milhões de reais) 400 350 BANSICREDI 300 BANCOOB 250 200 150 100 50 0 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Fonte: elaboração própria a partir dos balanços dos bancos cooperativos Bancoob. Nota-se um aumento significativo no volume de credito destas instituições, conforme o Gráfico 1. O crescimento da oferta de crédito dos bancos cooperativos deve-se, principalmente à 7 possibilidade dos mesmos operarem com o crédito rural, antes exclusivamente controlado pelos bancos oficiais, especialmente, pelo Banco do Brasil. Com recursos próprios equalizados pelo Banco Central na sua maioria, permite que os bancos cooperativos atendam aos seus cooperativados, fidelisando e formando uma carteira de crédito junto às cooperativas de crédito singulares. O Brasil a partir de 1994 enfrentou um quadro de constantes choques externos e de alta fragilidade macroeconômica. Paula Junior et al. (1999) considera que as instituições bancárias atuantes no Brasil, estrangeiras ou nacionais, tendiam a operar mais como administradores de fundos do que cumpridores da função de intermediários de crédito, adotando uma postura mais defensiva, expressão de sua maior preferência pela liquidez e aversão ao risco. Vasconscelos et al. (2002) indica que o comportamento cauteloso das instituições bancárias, seja nacionais ou estrangeiras, tem feito com que elas priorizem aplicações em títulos públicos federais (ativos de menor risco) frente àquelas que redundariam em operações de crédito para o setor privado, pois embora essas possam oferecer um maior retorno ex ante carregam também menor grau de risco de crédito, especialmente em um ambiente de maior instabilidade macroeconômica. Segundo Rocha (1999), o sistema financeiro brasileiro, até o início do Plano Real desfrutava de grande estabilidade, ao contrário de outros países vizinhos, tais como Chile, Argentina e Uruguai. Nos primeiros anos do Plano Real dos 271 bancos operando no Brasil 50 já havia passado por algum tipo de ajuste, o qual resultou em transferência de controle acionário, intervenção e/ou liquidação por parte do Banco Central. Mesmo diante dessa situação desfavorável, os bancos cooperativos ampliam suas carteiras de crédito. A explicação para tal fato é que as cooperativas de crédito singulares, únicas acionistas dos bancos cooperativos, conhecem mais estreitamente a realidade de cada associado; conseguindo distinguir, na maioria das vezes no seu quadro de associados, o bom do mau pagador. Assim, são criadas condições, que diferem dos demais bancos comerciais, para a redução da insolvência e do grau de inadimplência. 4.2. Avaliação do Risco O primeiro indicador a ser analisado é o Riskbank considerando os dados de junho de 2002. Conforme se pode verificar, a Tabela 1 contém uma amostra composta por dezoito bancos comerciais e os dois bancos cooperativos em atuação no Brasil. Por esse indicador, não há evidências fortes de que os bancos cooperativos sejam mais eficientes em relação a seus ativos e avessos ao risco de crédito do que os bancos comerciais, isto é, sejam mais conservadores na administração de seus ativos e nas suas decisões de concessão de empréstimos e financiamentos. Nota-se, entre os bancos comerciais analisados, que há um equilíbrio entre os bancos com controle nacional e estrangeiro, destacando-se positivamente o Banco Safra e Votorantim (nacionais) e Citibank, Bankboston e BBA-Creditanstalt (estrangeiros), considerados como instituições de baixo risco em longo prazo por Lopes Filho & Associados15. Os bancos públicos parecem ter a característica de assumir maior risco nas suas operações de crédito, pois dos quatro integrantes públicos da amostra, três ficaram com as últimas posições. O índice também compara os níveis de inadimplência entre os bancos. Assim, é possível concluir que os bancos públicos apresentam maior volume de inadimplência e que não existe diferença significativa nesse aspecto entre o grupo dos principais bancos privados nacionais e o dos principais bancos com controle estrangeiro. Com relação aos bancos cooperativos, há uma diferença significativa entre o Bansicredi e o Bancoob. De acordo com a Lopes Filho & Associados, o primeiro obteve um índice melhor, devido o crescimento em 2002 de seus ativos em 73,5% em relação a 2001, diferente de outros bancos que se beneficiaram da alta do dólar. O Bansicredi se beneficiou da melhor condição 15 Assessoria que produz e divulga o Riskbank, anteriormente identificado. 8 Tabela 1 - Classificação do Riskbank dos Principais Bancos Comerciais e dos Bancos Cooperativos Atuantes no Brasil em junho de 2002 Bancos 1) VOTORANTIM 2) SAFRA 3) HSBC* 4) MERCANTIL 5) BILBAO VIZCAYA* 6) BBA-CREDITANSTALT* 7) CI0TIBANK* 8) BANKBOSTON* 9) UNIBANCO 10) BANCO DO BRASIL 11) ABN AMRO* 12) BRADESCO 13) LLOYDS* 14) ITAÚ 15) SANTANDER BR* 16) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 17) NOSSA CAIXA 18) BANRISUL 19) BANCOOB** 20) BANSICREDI** Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados do Riskbank * indica instituição privada estrangeira ** indica instituição cooperativa Classificação 11,24 11,56 10,26 8,28 10,63 11,56 12,14 11,55 10,78 10,88 10,95 10,67 10,04 10,86 11,27 8,59 9,38 9,37 10,42 12,21 financeira das cooperativas acionistas. Como as operações de câmbio ou dependentes da moeda estrangeira são residuais no banco, este se beneficiou do aprimoramento do Sicredi16, que tem feito investimentos em equipamentos mais modernos de informática. Para manter seu enquadramento nos limites do BACEN, realizou aumento de capital no terceiro trimestre de 26,1%, parcialmente financiado pela distribuição de praticamente todo o lucro auferido no exercício. Apesar de todo este crescimento, incomum no Sistema Financeiro, o Bansicredi conseguiu manter seus indicadores em boas condições, reforçando a recomendação de baixo risco para longo prazo, mesmo sendo de pequeno porte. As cooperativas singulares pertencentes ao Sicredi formam, junto ao Bansicredi, uma rede que oferece produtos de uma só marca e opera em um mesmo ambiente virtual, permitindo controle quanto aos riscos assumidos por cada cooperativa. Por conta disso, seu índice de inadimplência é de apenas 0,2% da carteira, além de que 98,8% das operações são classificadas nas três primeiras faixas da Resolução 2.68217, fato único no Sistema Financeiro Nacional. Quanto ao Bancoob, a Assessoria demonstra que houve um notável crescimento das suas operações ativas e passivas, resultado do amadurecimento do relacionamento entre as cooperativas singulares e centrais com o banco, e do aumento do leque de produtos oferecidos. A captação a prazo cresceu cerca de 60% no período de 2001-2002, representando a maior parte dos recursos administrados. O direcionamento destes recursos para operações mais longas reduziu os índices de liquidez para níveis abaixo de sua média, mas ainda confortáveis. Também cabe destacar que o nível de inadimplência em sua carteira de crédito é muito baixo, além de 99,8% de a carteira estar classificada nas três primeiras faixas de risco, conforme Resolução. 2.682, apresentando um índice de qualidade da carteira muito bom. Nota-se, porém que o 16 Como já foi explicitado anteriormente, o Sicredi é o sistema das cooperativas de crédito singulares, únicas acionistas do Bansicredi, que representam o mesmo. 17 Ver as faixas em http://www.bcb.gov.br/htms/infecon/notaempr.pdf). 9 Bancoob situa-se entre os classificados em baixo risco para médio prazo, situação que o coloca na média dos bancos comerciais. 4.3. Análise dos Indicadores Operacionais e de Eficiência Duas formas de análise são importantes quando se estuda a eficiência das instituições financeiras: a análise estática que registra um momento qualquer e o comportamento de determinado grupo econômico e as análises dinâmicas, que comparam a evolução dessas instituições ao longo do período. Neste capítulo, analisa-se a evolução de alguns indicadores operacionais básicos ao longo do período de 1996 a 2001. 4.3.1. Grau de Alavancagem (GA) O Gráfico 2 evidencia o comportamento do GA dos bancos comerciais e cooperativos no Brasil, no período de 1996 a 2001. Nota-se que os bancos cooperativos ao longo do período operam em média com um GA menor que a média dos bancos comerciais analisados. A Tabela 2 identifica a variação anual do GA das instituições financeiras estudadas. Os bancos comerciais privados nacionais e estrangeiros a partir de 1998 reduzem, consideravelmente, os seus níveis de alavancagem, chegando ao ano de 1999, ao nível médio mais baixo, como demonstra a Tabela 2. Dentre as explicações para as variações dos bancos comerciais, estão, como diz Vasconcelos et al. (2002): i) a influência da deterioração do quadro macroeconômico brasileiro, com a crise asiática, em 1997; ii) a crise russa de 1998, que fez os bancos, em especial estrangeiros, assumirem posições mais conservadoras no país, entre outras razões pelo aumento do temor de que os ativos denominados em moeda nacional perdessem Gráfico 2 - Evolução dos graus de alavancagem (GA de dezembro de 1996 a dezembro de 2001) 16 14 bancos com. 12 10 bancos coop. 8 6 4 2 0 96 97 98 99 2000 2001 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da tabela 2. valor em dólar; iii) o período de 1997-1998 ocorreu a passagem do controle de alguns bancos nacionais para o capital estrangeiro, o que ocasionou aportes de capital, seguido de períodos de tomada de conhecimento do banco adquirido, obrigando os compradores a serem mais conservadores em termos operacionais; iv) o Banco Central passou a exigir, a partir de 1997, uma maior razão capital-ativo (de 0,08 para 0,10 e 0,11 ao longo daquele ano), reduzindo a capacidade de alavancagem dos bancos. Isso foi determinante, por exemplo, para que o GA dos bancos com controle estrangeiro (Citibank, Bankboston e ABN Amro Real, principalmente) diminuíssem, já que estes são mais cautelosos em épocas de crise e em períodos de adaptações do mercado. 10 Outro fato demonstrado pela Tabela 2 é o aumento do GA na maioria dos bancos privados nacionais, principalmente o do Bradesco. Este fato é ocasionado, principalmente, pela diversificação de suas carteiras de empréstimos e, também, pela sua consolidação no mercado Tabela 2 - Evolução do Grau de Alavancagem de Bancos Selecionados BANRISUL* BB* CEF* BNB* NOSSA CAIXA* GRUPO BRADESCO* GRUPO ITAÚ* GRUPO UNIBANCO* SAFRA* BBA-CREDITANSTALT* VOTORANTIN* GRUPO SANTANDER BR* GRUPO ABN AMRO* GRUPO BANKBOSTON* GRUPO HSBC* GRUPO CITIBANK* GRUPO BILBAO VIZCAYA* GRUPO LLOYDS* MÉDIA BANCOS COM.** BANCOOB** BANSICREDI** MÉDIA BANCOS COOP.** Dec-96 19,96 13,43 21,94 8,02 11,67 4,59 6,13 9,78 15,58 11,39 12,53 6,20 8,58 16,62 26,55 8,21 6,46 8,78 12,02 Dec-97 29,65 16,73 22,00 5,47 13,77 5,55 8,17 8,20 16,51 12,89 10,29 4,44 8,97 14,30 10,67 8,71 17,76 18,34 12,91 14,87 14,87 8,42 8,42 Dec-98 30,71 18,50 31,36 6,15 12,65 7,81 7,69 8,11 16,15 12,09 14,76 7,95 12,77 11,59 12,26 5,72 12,92 12,54 13,43 15,20 7,29 11,24 Dec-99 9,85 15,84 30,86 6,38 13,40 8,39 5,45 6,47 15,44 12,07 13,81 9,45 3,87 17,89 12,28 6,41 12,00 10,84 11,71 10,10 4,89 7,49 Dec-00 11,85 16,30 42,87 7,01 16,05 8,65 7,30 6,98 16,11 13,16 11,51 10,37 4,19 17,43 11,66 6,95 12,30 9,71 12,80 8,68 5,79 7,24 Dec-01 13,57 16,38 9,67 6,53 15,91 8,88 7,53 7,34 14,11 12,47 14,43 3,98 4,24 21,79 15,84 9,31 13,34 14,53 11,66 6,06 4,02 5,04 Fonte: *Vasconcelos et al. (2002, p. 16). **Elaboração própria a partir dos dados dos balanços dos bancos cooperativos. financeiro. Essa conjunção de fatores permitiu que tais instituições passassem a ter controle cada vez maior do mercado e a operarem com maior segurança no mercado financeiro, redundando em aumento no GA. Um fato que chama atenção é o comportamento do GA dos bancos públicos, que tem índices superiores aos encontrados por todos os outros bancos analisados. Isto é atribuído a própria natureza das instituições, que atuam em setores e situações mais propensas ao risco. Merecem destaque a redução significativa do GA do Banrisul em 1999 e da CEF em 2001, ocasionados pela reestruturação de suas carteiras de crédito e de títulos (aumento nas operações de tesouraria). No início da operação dos bancos cooperativos, em 1996 com o Bansicredi, e em 1998 com o Bancoob, ambas instituições apresentavam elevados índices de alavancagem. Isso se explica porque eles ainda não tinham aportes de capital suficientes para operarem com um GA menor. Passado o impacto inicial, nota-se uma redução considerável do GA, fato este identificado por diversas razões. Os bancos cooperativos têm nas cooperativas de crédito, sua principal fonte de recursos. Como há uma quantidade significativa de cooperativas singulares, os bancos cooperativos carregam consigo o ambiente dessas cooperativas, ou seja, eles estão vinculados diretamente a setores específicos, em regiões determinadas, e, também, há grande conhecimento do associado e de sua atividade econômica. Todas estas peculiaridades facilitam o controle e a administração dos recursos, refletindo em menores riscos, conforme salientado anteriormente. A partir de 2000, verifica-se crescimento considerável do patrimônio e da carteira de crédito dos bancos cooperativos. Este fato é determinado pelos bons resultados obtidos pelas cooperativas de crédito na administração de seus recursos, apesar da instabilidade econômica 11 nacional e das crises internacionais, e em especial a da Argentina. Os ganhos do sistema permitiram aos bancos cooperativos operarem com um GA que representa um grau de solvência acima da média dos bancos comerciais, dando confiabilidade ao sistema representado. 4.3.2. Rentabilidade Patrimonial (RP) Os dados apresentados no Gráfico 3 indicam que, em média, os bancos cooperativos apresentaram mais linearidade do crescimento do RP em relação aos bancos comerciais, este último cresce com grandes flutuações no período observado, destacando uma ascensão abrupta deste índice em 199718. A Tabela 3 permite identificar o comportamento do RP das instituições analisadas. Os bancos privados nacionais vêm apresentando, desde 1996, altas taxas médias de RP, motivados principalmente pelo bom desempenho do Itaú, Unibanco e Bradesco, apesar deste último apresentar no período de 1997 a 1999, baixo índice. Há, porém, redução da rentabilidade dos bancos estrangeiros até 1997, reagindo e invertendo o índice a partir daí, a revelia da grande queda da RP do Grupo Santander Br em 2001, ocasionada pela aquisição do Banespa. Vale considerar, também, o aumento gradativo do índice dos bancos públicos, mesmo com grande Gráfico 3 - Evolução dos Índices de Rentabilidade Patrimonial (RP de dezembro de 1996 a dezembro de 2001) 12 10 bancos com. 8 6 bancos coop. 4 2 0 96 97 98 99 2000 2001 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Tabela 3 queda do RP da CEF em 2001, por ter elevado as provisões para créditos habitacionais. Com relação aos bancos cooperativos, nota-se que o Bansicredi teve sua maior rentabilidade em 1999, quando atingiu o maior índice dos bancos analisados. Contudo, esse comportamento não se confirmou nos anos seguintes, encerrando o período analisado com o seu segundo menor índice. Pode-se atribuir a queda no índice devido à inclusão na sua estrutura de custos, os gastos com apoio e desenvolvimento às cooperativas de crédito integrantes do Sicredi. Esta inclusão não foi identificada pelo Bancoob, que tem registrado aumento gradativo da sua rentabilidade. 18 Para entender a média do RP dos bancos comerciais, deve-se considerar que os valores encontrados para a CEF e Grupo Santander BR em 2001 foram excluídos do gráfico, por representarem discrepâncias, não refletindo a realidade média das instituições analisadas. 12 É possível explicar o diferencial de rentabilidade entre os bancos comerciais e cooperativos sobre duas dimensões. A primeira refere-se à natureza dos acionistas e proprietários do capital. Enquanto nos bancos comerciais privados há uma pessoa ou grupo de pessoas ou, ainda a União, para as quais há uma necessidade de geração de lucros, os bancos cooperativos representam instituições de crédito sem fins lucrativos. Assim, tratam-se de instituições que têm estrutura de capital operando com expectativas de retorno sobre o capital menores do que as do sistema bancário tradicional. Além disso, operam com menores margens de intermediação financeira e custos de captação dos recursos. Desse modo, os recursos são mantidos dentro do próprio sistema, permitindo ao banco cooperativo, que está no topo da estrutura piramidal, a função de atuar como instrumento dessas cooperativas para que tenham acesso ao sistema financeiro. Ao administrar em escala os recursos do sistema, o lucro deixa de ser objetivo último, como é próprio nas demais instituições financeiras, apesar da responsabilidade na administração sobre esses recursos. A rentabilidade é menor nos bancos cooperativos em razão da sua estratégia de crescimento, o qual permite comprimir os seus lucro (sobras). A reduzida automação bancária das cooperativas contribui para esta situação. O acesso a tecnologia moderna reduziu custos e melhorou a competitividade nos bancos comerciais, principalmente os privados, fator este ainda Tabela 3: Rentabilidade Patrimonial de Bancos Selecionados BANRISUL* BB* CEF* BNB* NOSSA CAIXA* GRUPO BRADESCO* GRUPO ITAÚ* GRUPO UNIBANCO* SAFRA* BBA-CREDITANSTALT* VOTORANTIN* GRUPO SANTANDER BR* GRUPO ABN AMRO* GRUPO BANKBOSTON* GRUPO HSBC* GRUPO CITIBANK* GRUPO BILBAO VIZCAYA* GRUPO LLOYDS* MÉDIA BANCOS COM.** BANCOOB** BANSICREDI** MÉDIA BANCOS COOP.** Dez-96 -6,72 4,78 6,22 5,82 0,12 7,69 8,83 7,72 20,70 22,50 3,52 -4,04 6,50 4,47 7,41 -9,37 5,62 -2,66 4,95 Dez-97 -2,44 4,93 2,10 5,76 5,61 -0,45 2,88 10,31 3,76 11,55 1,45 -20,66 5,44 6,69 1,48 -3,08 -21,72 2,86 0,92 1,87 1,87 2,85 2,85 Dez-98 5,41 5,20 5,97 5,31 5,02 3,31 14,82 4,03 6,81 12,25 1,18 0,30 3,55 5,06 0,44 1,57 -27,88 13,94 3,68 1,79 4,07 2,93 Dez-99 -2,68 2,74 7,56 5,11 1,07 -0,10 7,50 4,09 -2,27 7,16 -4,54 0,97 0,47 7,03 0,53 9,73 4,84 7,72 3,16 2,44 7,08 4,76 Dez-00 -1,36 7,76 9,50 3,08 11,56 3,64 11,44 7,41 6,07 13,75 1,95 5,26 2,39 10,65 1,36 6,07 2,35 10,25 6,29 6,22 4,23 5,22 Dez-01 7,71 3,82 -51,19 0,85 6,92 7,83 14,10 7,82 6,48 8,79 14,90 -60,22 4,70 35,14 7,67 19,41 1,81 10,16 2,59 8,73 2,51 5,62 Fonte: * Vasconcelos et al. (2002, p. 18) **Elaboração própria a partir dos dados dos balanços dos respectivos bancos. deficiente nos bancos cooperativos, apesar dos investimentos feitos nos últimos anos nessa área. Além disso, os bancos cooperativos não contam com os benefícios das instituições bancárias estrangeiras, que estão sob a legislação de seu país de origem, permitindo proteger seu capital das variações cambiais, como ocorreu em 2001 com o BankBoston e Citibank, com alto RP devido aos ganhos com hedge. 4.3.3. Margem Líquida (ML) 13 O Gráfico 4 evidencia que os bancos cooperativos mantêm a ML mais ou menos constantes, o que não ocorreu no caso das instituições públicas e privadas estrangeiras19. Gráfico 4- Evolução dos Índices de Margem Líquida (ML de dezembro de 1996 a dezembro de 2001) 3,5 bancos com. 3 bancos coop. 2,5 2 1,5 1 0,5 0 96 97 98 99 2000 2001 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Tabela 4. Conforme a Tabela 4, a maior ML está localizado no grupo das instituições privadas nacionais, em que há variação menor durante o período, mantendo-se mais ou menos constantes os níveis de rentabilidade e eficiência. Cabe destacar os resultados negativos em 2001 da CEF e do Santander, bem como os positivos do Itaú durante todo o período. As razões para isso são as mesmas identificadas na análise do índice RP. Tabela 4: Margem Líquida para Bancos Selecionados BANRISUL* BB* CEF* BNB* NOSSA CAIXA* GRUPO BRADESCO* GRUPO ITAÚ* GRUPO UNIBANCO* SAFRA* BBA-CREDITANSTALT* VOTORANTIN* GRUPO SANTANDER BR* GRUPO ABN AMRO* GRUPO BANKBOSTON* GRUPO HSBC* GRUPO CITIBANK* GRUPO BILBAO VIZCAYA* GRUPO LLOYDS* MÉDIA BANCOS COM.** BANCOOB** BANSICREDI** MÉDIA BANCOS COOP.** Dez-96 -1,82 2,39 2,10 3,31 0,05 9,01 7,49 3,95 10,89 13,47 1,62 -2,96 5,62 2,03 2,26 -6,45 4,38 -1,40 3,11 Dez-97 -0,57 1,43 0,77 5,04 2,23 -0,47 2,22 4,77 1,44 4,08 0,86 -13,26 4,00 2,21 0,85 -1,61 -9,97 0,57 0,26 2,17 2,17 1,37 1,37 Dez-98 1,87 1,62 1,63 4,22 2,05 2,61 9,88 2,11 2,88 5,06 0,34 0,13 2,01 1,71 0,15 1,01 -11,34 3,34 1,74 1,03 1,57 1,30 Dez-99 -1,45 0,95 2,38 3,06 0,43 -0,07 6,03 1,80 -1,01 3,41 -1,18 0,38 0,46 1,42 0,18 5,24 2,48 2,20 1,48 1,19 2,12 1,65 Dez-00 -0,78 3,22 2,48 2,64 6,62 2,28 9,13 5,04 2,77 6,05 0,90 1,19 1,56 3,44 0,40 3,78 1,38 4,82 3,16 3,18 2,11 2,64 Dez-01 4,18 1,73 -28,96 0,75 3,57 3,79 8,69 4,02 2,59 3,28 3,52 -36,79 2,30 5,20 1,46 5,86 0,83 3,07 -0,61 3,58 0,78 2,18 Fonte: * Vasconcelos et al. (2002, p. 21) **Elaboração própria a partir dos dados dos balanços dos respectivos bancos. 19 Deve-se considerar que os valores encontrados para a CEF e Grupo Santander BR em 2001 foram excluídos do gráfico, por representarem discrepâncias, não refletindo a realidade média das instituições analisadas. 14 4.3.4. Geração de Receita dos Ativos Operacionais (GR) O Gráfico 5 demonstra as tendências dos bancos comercias e cooperativos na geração de receitas dos ativos operacionais. Até 1998, nota-se aumento do índice GR nos bancos comerciais. Isso é reflexo, como constata Vasconcelos et al. (2002 p. 22-23) ”da elevação das taxas de juros e dos spreads bancários no período, mas pode apontar também uma mais eficiente e rentável utilização, especialmente aplicações de tesouraria, pelos bancos dos recursos por eles administrados”. A partir daí, nota-se maior estabilidade dos índices dos bancos comerciais, destacando, conforme a Tabela 5, o acréscimo significativo da Caixa Econômica Federal em 2001. Isso decorre do aumento de sua carteira de títulos e diminuição de sua carteira de crédito. Gráfico 5 - Evolução do Índice Geração de Receitas dos Ativos Operacionais (GR de dezembro de 1996 a dezembro de 2001) 25 bancos com. 20 bancos coop. 15 10 5 0 96 97 98 99 2000 2001 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da tabela 5. Tabela 5: Geração de Receita dos Ativos Operacionais BANRISUL* BB* CEF* BNB* NOSSA CAIXA* GRUPO BRADESCO* GRUPO ITAÚ* GRUPO UNIBANCO* SAFRA* BBA-CREDITANSTALT* VOTORANTIN* GRUPO SANTANDER BR* GRUPO ABN AMOR* GRUPO BANKBOSTON* GRUPO HSBC* GRUPO CITIBANK* GRUPO BILBAO VIZCAYA* GRUPO LLOYDS* MÉDIA BANCOS COM.** BANCOOB** BANSICREDI** MEDIA BANCOS COOP.** Dez-96 17,87 13,31 14,75 18,69 20,61 12,91 16,05 17,81 8,77 13,81 10,12 18,49 10,26 9,31 7,98 15,55 16,30 16,90 14,42 Dez-97 14,24 19,90 13,78 16,73 19,62 14,77 14,18 21,88 13,09 19,70 12,37 27,60 12,23 18,26 14,21 20,60 7,97 19,42 16,70 12,91 12,91 17,86 17,86 Dez-98 9,24 15,75 12,92 16,23 20,03 15,32 18,73 20,55 11,36 18,03 21,16 25,69 11,09 20,11 23,69 23,41 17,26 28,59 18,29 26,64 19,15 22,89 Dez-99 17,28 17,28 12,24 20,66 17,85 18,17 19,35 28,41 12,69 16,37 26,56 26,67 22,95 23,48 22,73 23,12 14,62 25,20 20,31 21,14 16,45 18,80 Fonte: * Vasconcelos et al. (2002, p. 22). **Elaboração própria a partir dos dados dos balanços dos respectivos bancos. Dez-00 13,49 14,09 12,05 13,30 10,48 17,33 15,12 16,96 11,71 15,97 16,29 36,64 29,48 15,26 24,91 18,14 11,88 16,64 17,21 17,31 11,66 14,48 Dez-01 12,81 13,05 25,31 13,76 11,93 22,87 21,09 22,64 16,16 18,72 26,17 32,11 40,12 25,80 31,53 32,28 14,33 17,72 22,13 15,01 13,17 14,09 15 Os bancos cooperativos seguem a tendência de crescimento no período de 1996 a 1998, mas a partir de 1999, apresenta redução no desempenho desse índice. É importante considerar que os bancos cooperativos, por terem a responsabilidade de gerenciar os recursos dos sistemas cooperativos, também, têm optado por manter seus recursos aplicados, em grande parte em Títulos Públicos Federais (em média 50% de seus ativos). Dessa maneira, conseguem garantir a liquidez do sistema cooperativo, permitindo a este um melhor aproveitamento dos recursos para aplicação em créditos em sua região de atuação. Por essa razão, não há uma expressiva diferença entre os bancos comerciais e os cooperativos no que se refere ao GR. 4.3.5. Razão Custo-Receitas (CR) O Gráfico 6 mostra tendência bastante parecida do CR dos bancos comerciais e cooperativos durante todo o período, com pequenas melhoras de 1996 para 2001. Porém, é fácil identificar, em média, maior eficiência dos bancos comerciais. Gráfico 6 - Evolução da Razão Custo-Receitas (CR de dezembro de 1996 a dezembro de 2001) 120 bancos com. 100 80 bancos coop. 60 40 20 0 96 97 98 99 2000 2001 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da tabela 6. A Tabela6 demonstra a variação do CR de cada instituição. Nota-se que algumas instituições, principalmente as públicas, apresentam pior desempenho, apesar da melhora geral do CR dos bancos comerciais, fato este também identificado para os bancos cooperativos.Porém, estes ainda continuam com altos índices, explicados pela natureza das instituições analisadas. Enquanto os bancos comerciais trabalham com uma estrutura, cujas agencias têm aporte tecnológico que, permite a redução do custo operacional, os bancos cooperativos têm investido consideráveis quantias em pessoal e desenvolvimento de tecnologia para atenderem a demanda estrutural e operacional de todo o sistema cooperativo. Avaliando individualmente cada grupo, conforme a Tabela 6, nota-se que as instituições da amostra apresentaram melhora no índice de eficiência, sejam elas públicas, privados nacionais, com controle estrangeiro ou cooperativo. Deve-se considerar que houve, no período estudado, grandes investimentos em tecnologia por parte de todas as instituições. Isso fez aumentar o nível de eficiência operacional, tão necessária aos impactos da globalização. Algumas instituições já se beneficiaram desses investimentos, como é o caso do Banrisul e BNB; outras ainda sentem os efeitos da reestruturação patrimonial, no caso da CEF e Santander, ou tecnológica (bancos cooperativos). 16 Tabela 6: Razão Custo-Receitas para Bancos Selecionados BANRISUL* BB* CEF* BNB* NOSSA CAIXA* GRUPO BRADESCO* GRUPO ITAÚ* GRUPO UNIBANCO* SAFRA* BBA-CREDITANSTALT* VOTORANTIN* GRUPO SANTANDER BR* GRUPO ABN AMRO* GRUPO BANKBOSTON* GRUPO HSBC* GRUPO CITIBANK* GRUPO BILBAO VIZCAYA* GRUPO LLOYDS* MÉDIA BANCOS COM.* BANCOOB* BANSICREDI* MEDIA BANCOS COOP* Dez-96 60,69 72,46 80,74 93,86 88,43 72,52 67,11 68,20 60,10 54,09 53,91 69,86 64,33 61,079 52,99 76,05 67,39 55,42 67,74 Dez-97 58,90 85,43 66,86 82,07 75,31 75,10 73,58 63,37 58,25 59,55 54,23 79,90 67,53 60,77 74,78 60,16 71,48 59,32 68,14 97,49 97,49 92,73 92,73 Dez-98 52,50 74,63 67,68 90,92 77,70 68,41 69,56 63,07 56,09 54,41 52,93 59,64 67,47 57,49 64,46 57,96 86,57 57,01 65,47 95,23 91,14 93,18 Dez-99 52,57 75,79 68,36 95,56 101,97 67,66 68,87 57,39 58,25 51,85 52,27 59,99 67,13 58,68 67,24 53,91 62,82 56,74 65,39 81,84 84,99 83,41 Dez-00 53,15 66,87 62,33 51,95 62,27 59,41 70,22 56,64 52,72 51,30 52,62 68,58 62,40 57,19 57,97 52,79 59,30 55,01 58,48 86,86 86,61 86,73 Dez-01 46,68 65,15 124,22 47,47 68,83 54,94 60,82 54,72 51,97 51,91 49,49 81,82 57,35 51,92 54,54 48,98 59,52 52,47 60,16 82,59 95,76 89,17 Fonte: * Vasconcelos et al. (2002, p. 24). **Elaboração própria a partir dos dados dos balanços dos respectivos bancos. 4.3.6 – Análise Global dos Indicadores Operacionais e de Eficiência A Tabela 7 analisa de forma sintética os índices estudados. As instituições são separadas em grupos. Tabela 7 – Indicadores operacionais e de eficiência Grau de Alavancagem de Bancos Selecionados Dec-96 Dec-97 Dec-98 Média Instituições Públicas 16,43 18,27 21,33 Média Inst. Privadas Nacionais 6,80 7,78 8,59 Média Inst. Privadas Estrangeiras 10,14 10,87 10,31 Media Instituições Cooperativas 14,87 8,42 11,24 Rentabilidade Patrimonial de Bancos Selecionados Média Instituições Públicas 4,54 3,74 5,42 Média Inst. Privadas Nacionais 9,10 3,13 7,40 Média Inst. Privadas Estrangeiras 2,46 -1,57 0,39 Media Instituições Cooperativas 1,87 2,85 2,93 Margem Líquida para Bancos Selecionados Média Instituições Públicas 1,87 1,24 1,73 Média Inst. Privadas Nacionais 7,38 2,17 4,61 Média Inst. Privadas Estrangeiras 1,61 -0,80 0,17 Media Instituições Cooperativas 2,17 1,37 1,30 Geração de Receita dos Ativos Operacionais Média Instituições Públicas 14,64 16,96 14,52 Média Inst. Privadas Nacionais 14,20 15,92 16,99 Média Inst. Privadas Estrangeiras 11,30 14,33 19,37 Media Instituições Cooperativas 12,91 17,86 22,89 Razão Custo-Receitas para Bancos Selecionados Média Instituições Públicas 76,28 76,15 71,61 Média Inst. Privadas Nacionais 67,35 67,75 64,66 Média Inst. Privadas Estrangeiras 63,30 66,47 62,73 Media Instituições Cooperativas 97,49 92,73 93,18 Fonte: Compilação própria a partir das Tabelas 5, 6, 7 e 8 Dec-99 18,97 7,67 7,76 7,49 Dec-00 21,17 8,55 8,40 7,24 Dez-01 12,76 8,78 6,84 5,04 3,91 3,38 3,18 4,76 7,69 7,38 4,33 5,22 -20,58 9,82 -25,74 5,62 1,40 2,00 1,57 1,65 3,02 4,79 1,79 2,64 -10,67 4,86 -10,53 2,18 15,40 19,90 22,89 18,80 13,08 15,91 23,99 14,48 16,18 21,53 30,01 14,09 74,31 62,42 60,99 83,41 63,95 59,61 61,08 86,73 82,45 55,31 63,09 89,17 17 O grupo das instituições públicas tem, em média, os maiores índices de alavancagem durante todo o período. A partir de 1999, os bancos cooperativos apresentam os menores GA. Em média, os bancos privados nacionais apresentam os maiores RP, embora os bancos cooperativos têm seu índice aumentado durante o período, passando de 1,87 em 1996 para 5.62 em 2001. Destaca-se o índice negativo das instituições públicas e privadas estrangeiras no ano de 2001, por conta da CEF e do Santander Br., mesmo fato ocorrido com o índice ML. A margem líquida dos bancos cooperativos diminuiu, em média de 1996 a 1998, recuperando-se a partir daí, chegando em 2001 com praticamente os mesmos níveis de 1996. O GR das instituições públicas não apresentou grandes variações, o que não ocorreu com as instituições privadas estrangeiras, que tiveram um aumento considerável, de forma mais ou menos constante durante o período, partindo de 11,30 em 1996 e chegando a 30,01 em 2001. Os bancos cooperativos apresentaram queda no GR a partir de 1999, apresentando o menor índice em 2001 (14,09). O CR dos bancos cooperativos manteve-se alto em todo o período, sendo o maior índice encontrado dentre as instituições estudadas. Não foi identificada grande variação no período. 5. CONCLUSÃO Dentre o conjunto das instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional, este estudo dedicou especial atenção aos bancos cooperativos, ambos autorizados a captar depósitos à vista e a prazo e transformá-los em crédito, além de oferecerem uma gama de serviços de natureza bancária à população. Conforme salientado, os bancos cooperativos contribuem para o desenvolvimento de todo o sistema, pois ao administrar em escala os recursos das cooperativas de crédito, possibilitam que as mesmas tenham acesso ao mercado financeiro e programas especiais de financiamento. Considerando a evolução do crédito nos bancos brasileiros, foi possível demonstrar que o comportamento do crédito nos bancos cooperativos foi distinto dos demais bancos. Esse desempenho favorável dos bancos cooperativos deu-se principalmente pelo aumento do crédito rural, seja ele para custeio, ou para investimento. Isso, dentre outros fatores, ocasionou crescimento do sistema como um todo, tanto em relação ao Bansicredi, como para o Bancoob. Quanto aos níveis de risco, medido pelo Riskbank, conclui-se que, em geral, ele ocorre principalmente em relação às condições do ambiente com que cada instituição financeira trabalha. Como por exemplo, o mercado de títulos públicos no que se refere aos bancos comerciais privados, a “especialização” dos bancos públicos em créditos de prazos mais longos e condições mais favoráveis ao tomador, conhecimento e direcionamento dos recursos para regiões e setores específicos no caso dos bancos cooperativos. Isso indica que a forma de administração dos recursos é fator determinante para o bom desempenho. Os bancos cooperativos destacam-se no Riskbank, principalmente pela sua natureza de serem representantes das cooperativas de crédito, administrando em escala seus recursos. Isso contribui para a redução de seus riscos, demonstrando maior eficiência via-à-vis aos demais bancos comerciais. Assim, destaca-se o Bansicredi que possui o melhor desempenho entre os bancos estudados, o que representa a solidez e a eficiência na administração dos recursos desta instituição. Em síntese, os indicadores operacionais e de eficiência demonstram que a performance dos bancos cooperativos não é muito diferente da verificada nos bancos comerciais, com relação a maioria dos índices estudados. Isso demonstra a responsabilidade com que são administrados os recursos de todo o sistema cooperativo representado por estas instituições. Cabe ressaltar que os recursos administrados pelos bancos cooperativos não têm como fim o lucro, objeto dos bancos comerciais. Ainda; os resultados20 obtidos pelos bancos cooperativos não remuneram 20 O que é chamado de “lucro” para os bancos comerciais, é identificado com “resultado” para os bancos cooperativos. 18 acionistas, mas cooperativas de crédito , que têm como princípio o reinvestimento no associado representado. 21 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, Jose Roberto Mendonça e ALMEIDA Jr., M. F. (1996) . A reestruturação do sistema financeiro no Brasil. http://www.fazenda.gov.br/portugues/document/publica.html, Ago. 38p. _________, Análise do ajuste do sistema financeiro no http://www.fazenda.gov.br/portugues/document/publica.html, maio. 42p. Brasil. (1997). BARROS, Jose Roberto Mendonça, LOYOLA, G. J. L. e BOGDANSKI, J.(1998). Reestruturação do sistema financeiro no Brasil. http://www.fazenda.gov.br/portugues/document/publica.html, jan. 38p. CATTANI, ; STADUTO, Jéferson Andronio Ramundo. (2003). Sistema risco de crédito nos resultados das cooperativas de crédito rural: um estudo do sicredi costa oeste. In: CONGRESSO DE SOCIOLOGIA E ECONOMIA RURAL, 41, Juiz de Fora, 2003. Anais. Juiz de Fora: SOBER. (cd-rom) CERQUEIRA, Daniel Ricardo de Castro. (1998) Créditos e inadimplência no Sistema Financeiro Nacional: evolução recente. Boletim Conjuntural, nº 42. Brasília. Instituto de Pesquisa em Economia Aplicada, jun. 5p. DIEESE.(1999). Bancos (e Finanças) no Brasil: reestruturação e tendências. Boletim Estudos e Pesquisas, n. 213, maio/jun. Home page: <http://www. bcb.gov.br>. Acesso em 10 de fevereiro de 2003. Home page: <http://www.cooperativa.com.br >. Acesso em 10 de fevereiro de 2003. Home page: <http://www.indus.com.br/financiamento/cooperativa.htm>. Acesso em 10 de fevereiro de 2003. Home page: <http://www.lainsignia.org/2001/mayo/econ_012.htm>. Acesso em 10 de fevereiro de 2003. Home page: <http://www. ocb.org.br>. Acesso em 10 de fevereiro de 2003. Home page: <http://www.sicredi.com.br >. Acesso em 20 de março de 2003. Home page: <http://www.bancoob.com.br >. Acesso em 20 de março de 2003. Home page: <http://www.riskbanck.com.br >. Acesso em 10 de fevereiro de 2003. Manuais do Crédito e Manuais Internos do SICREDI. PAULA JÚNIOR, Luiz Fernando Rodrigues de; ANTÔNIO, J. A. e MARQUES, M. B. L. (1999). Ajuste Patrimonial e Padrão de Rentabilidade dos Bancos Privados no Brasil durante o Plano Real. Grupo de Estudos da Moeda e Sistemas Financeiros da UFRJ. Rio de Janeiro (mediu). 29p. PEREIRA, L.P.. (1998). Crédito rural e cooperativismo, 2. ed. Curitiba: Juruá. 21 Já identificadas como únicas acionistas dos bancos cooperativos. 19 POLONIO, Wilson Alves. (2001). Manual das sociedades cooperativas, 3 ed. São Paulo: Atlas. PUGA, Fernando Pimentel (1999). Sistema financeiro brasileiro: reestruturação recente, comparações internacionais e vulnerabilidade à crise cambial. Textos de Discussão BNDES nº 68. Rio de Janeiro: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. 56p. ROCHA, F. (1999). Previsão de falência um modelo de risco proporcional Pesquisa e Planejamento Econômico. IPEA, v. 29, n. 1, p.135-152. SCHARDONG, Ademar. (2002). Cooperativa de Crédito: instrumento de organização econômica da sociedade. Porto Alegre: Rigel.128p. SOARES, Ricardo Pereira (2001). Evolução do crédito de 1994 a 1999: uma explicação. Texto para Discussão IPEA nº 808. Brasília. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. 48p. SOUZA, A. S. (1992).Cooperativismo de crédito: realidades e perspectivas. Rio de Janeiro: OCB, 1992. VASCONCELOS, Marcos R.; FUCIDJI, J. R.; STRACHMAN, E. (2002). Efeitos da Entrada de Bancos Estrangeiros no Setor Bancário: Evolução do Crédito e dos Indicadores Operacionais. In: V Encontro de Economia Região Sul, Florianópolis, 2002. Anais. Florianópolis: 2002. (cd rom). 29p.