UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA Síntese, caracterização de ferritas espinélio com propriedades magnéticas e absorvedoras de microondas José Eves Mendes da Silva _______________________________________ Tese de Doutorado Natal/RN, março de 2013 José Eves Mendes da Silva Síntese, caracterização de ferritas espinélio com propriedades magnéticas e absorvedoras de microondas Tese apresentada ao programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Doutor em Química. Área de concentração: Química. Orientador: Prof. Dr. Ricardo Silveira Nasar Co-Orientadores: Profa. Dra. Marinalva Cerqueira Nasar Prof. Dr. José Humberto de Araújo Natal-RN 2013 Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN Biblioteca Setorial do Instituto de Química Silva, José Eves Mendes da. Síntese, caracterização de ferritas espinélio com propriedades magnéticas e absorvedoras de microondas / José Eves Mendes da Silva. Natal, RN, 2013. 136 f. Orientador: Ricardo Silveira Nasar Co-Orientador: José Humberto de Araújo Tese(Doutorado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química. Afetividade. Química. Aulas experimentais. 1. Ferrita – Tese. 2. Ferrita espinélio - Tese. 3. Citratos precursores - Tese. 4. Material magnético – Tese. 5. absorvedor de radiação I. Nasar, Ricardo Silveira. II. Araújo, José Humberto de. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título. RN/UFRN/BSE- Instituto de Química CDU 549.73(043) Dedico este trabalho A Deus, por ser minha proteção e permitir a concretização desse grande projeto em minha vida. Aos meus pais, Sebastião Mendes da Silva e Maria de Fátima que sempre me incentivaram e pelo exemplo de perseverança e amor a Deus. Aos meus sete irmãos e a toda minha família, por acreditarem que sou capaz. AGREDIMENTOS Gostaria de expressar minha gratidão e admiração aos professores Doutores Ricardo Silveira Nasar e Marinalva Cerqueira Nasar. Obrigado pela orientação e formação. Vocês foram os grandes responsáveis por meu crescimento e sucesso profissional. Ao programa de Pós-Graduação em Química da UFRN, nas pessoas dos professores Doutores Antônio de Souza de Araújo (ex-coordenador) e Sibele B. Castellã Pergher (coordenadora atual) pelo incentivo recebido. À CAPES pelo apoio financeiro. À professora Dra. Mirabel Cerqueira Rezende e a pesquisadora Dra. Míriam Kasumi Hwang ambas do IAE - DCTA em São José dos Campos/SP, pelo apoio para a realização das medidas de refletividade. Agradeço ao Prof. Dr. José Humberto de Araújo do Departamento de Física Teórica e Experimental da UFRN, pelas contribuições nas medidas magnéticas desta tese e por sua coorientação que foi fundamental na conclusão deste trabalho. Ao CCET, Instituto de Química e a todos os funcionários que contribuíram diretamente e indiretamente neste trabalho. Ao professor Dr. Djalma Ribeiro da Silva-UFRN coordenador do NEPGN/UFRN pela realização das análises de DRX, em especial ao técnico Érico do NEPGN/UFRN. Não poderia deixar de agradecer às Doutoras Régia Chacon Pessoa e Ulisandra Ribeiro de Lima pelas contribuições dadas a este trabalho. Agradeço ainda aos amigos e companheiros de pesquisa, Dra. Izângela Marculino de Andrade, Mestre José Francinaldo de Oliveira e Mestra Manuella Karla da Cruz Rodrigues. Aos meus amigos que fizeram parte do LACAV, Severina Denise S. de Oliveira, Fernando Luiz da Silva, Ms. Alciney Miranda Cabral e Ms. Saulo Gregory C. Fonseca, obrigado pela companhia do dia-a-dia. Serei eternamente grato aos meus pais, meus primeiros professores e a todos os professores que passaram pela minha vida, desde as séries iniciais até a pós-graduação. “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” (Cora Coralina). Por fim agradeço a todos, cujo apoio, interesse e sugestões foram indispensáveis para a conclusão deste trabalho. “Os grandes navegadores devem sua reputação aos temporais e às tempestades” (epitarco). RESUMO Foram sintetizadas ferritas do tipo espinélio com fórmula geral Ni0,8Mg0,2-xMxFe2O4, onde M representa os dopantes Mn, Co ou Mn + Co simultaneamente, x varia para os valores 0,02; 0,05 e 0,1. O valor de x foi dividido por 2 nos casos em que M equivale a Mn com Co conjugados. Foi utilizado o método dos citratos precursores e tratamento térmico na obtenção das fases a 1100°C. Os materiais foram caracterizados por DRX, TGA/DTGA, MEV, MAV e medidas de refletividade pelo método de guia de ondas. Os pós a 350°C/3,5h foram cristalinos e nanométricos. De acordo com os resultados nesta temperatura todos os pós apresentam um percentual de fase ferrita superior a 90%. A composição que teve a adição de Mn e Co simultaneamente apresentou maior percentual de fase secundária NiO, 5,8%. As curvas TGA/DTGA indicam que essa amostra alcançou fase(s) cristalina(s) em temperaturas mais baixas. Os difratogramas de raios X das amostras calcinadas a 350°C e 1100°C foram tratados pela técnica de refinamento Rietveld. Os pós calcinados a 1100°C/3h em atmosfera ambiente mostram ser 100% de fase espinélio exceto a composição com 0,02 de dopantes. As micrografias apresentam aglomerados de partículas com tamanhos menores que 1 µm na temperatura de calcinação de 1100°C, o que concordou com o resultado de refinamento Rietveld. Nas composições dopadas com Mn ocorreram os maiores valores de magnetização (45,90 e 53,20 Am2/kg), o que não acarretou alta absorção de microondas. O cálculo teórico da magnetização (MT) foi coerente com os resultados, considerando-se que houve concordância entre o aumento das magnetizações experimental e teórica. Observa-se que houve interrelação do efeito final de absorção com a espessura do MARE, a composição do material ferrimagnético em particular e os valores específicos de freqüência. A análise de refletividade indica que o aumento na concentração de cobalto aumentou a faixa de freqüência e a absorção para 10,17 GHz e 84%, respectivamente. O resultado indica que a melhor homogeneidade química e o valor 2,96 x 10-2 tesla de campo coercitivo foram determinantes para o alto desempenho absorvedor da ferrita com 0,1 de cobalto. O Cobalto tem alta anisotropia magnetocristalina, isto está associado ao aumento do campo coercitivo, H c. Portanto, essa propriedade melhora os resultados de refletividade das ferritas espinélio. Palavras- chave: Ferrita espinélio. Citratos precursores. Material magnético e absorvedor de radiação. ABSTRACT Were synthesized spinel-type ferrites with general formula Ni0,8 Mg0.2-xMxFe2O4 , where M represents the doping Mn, Co or Mn + Co simultaneously, x ranges for the values 0.02, 0.05 and 0.1. The value of x was divided by 2 in cases where M equals Mn and Co conjugates. We used the citrate precursor method and heat treatment to obtain the phases at 1100°C. The materials were characterized by XRD, TGA/ DTGA, SEM, MAV and reflectivity measurements by the method of waveguide. Powders to 350°C/3.5 h were crystalline and nanosized. According to the results this temperature all powders have a percentage of ferrite phase over 90%. The composition had the addition of Mn and Co simultaneously showed a higher percentage of secondary phase NiO, 5.8%. The TGA/DTGA curves indicate that this sample reached phase (s) crystalline (s) at lowest temperatures. The X-ray diffractograms of the samples calcined at 350°C and 1100°C were treated with the Rietveld refinament technique. The powders calcined at 1100 °C/3h in air show to be 100% except spinel phase composition with 0.02 doping. The micrographs show clusters of particles with sizes smaller than 1 µm in calcination temperature of 1100°C which agreed with the result of Rietveld refinement. In the compositions doped with Mn were higher values of magnetization (45.90 and 53.20 Am2/kg), which did not cause high microwave absorption. The theoretical calculation of magnetization (MT) was consistent with the results, considering that there was agreement between the increase of magnetization experimental and theoretical. It was observed that there was the interrelation of the final effect of absorption with the thickness of MARE, the composition of ferrimagnetic materials and in particular the specific values of frequency. The analysis shows that the reflectivity increases in the concentration of cobalt increased the frequency range and also for absorption 10.17 GHz and 84%, respectively. The best result of chemical homogeneity and the value of 2.96 x 10-2 tesla coercive field were crucial for high performance ferrite absorber with 0.1 cobalt. The Cobalt has high magnetocrystalline anisotropy, it is associated with an increased coercive field, Hc. Therefore, this property improves the results of reflectivity of spinel ferrites. Key-words: Ferrite spinel. Citrates precursors. Magnetic material and radiation absorber. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Tipo de ordenamento de dipolos magnéticos nos materiais. (SPALDIN,2003) 31 Figura 2 - (a) Sítio tetraédrico e (b) Sítio octaédrico.................................................. 34 Figura 3 - Estrutura cúbica com característica parecida com a do mineral espinélio... 35 Figura 4 - Curvas esquemática de magnetização para um material magnético mole e um material magnético duro......................................................................... 36 Figura 5 - Esquema dos orbitais p e d envolvidos na interação de supertroca............. 42 Figura 6 - Esquema simplificado, ressaltando os acoplamentos paralelos em sítios A e B e antiferromagnético entre esses dois tipos de sítios. Ferrita típica com fórmula estequiométrica MFe2O4, M pode ser substituído por Fe+2 ou outro íon metálico divalente (KITTEL,2006).................................................... 44 Desdobramento de energia devido a orientação dos orbitais 3d em campo cristalino octaédrico. Os orbitais do tipo energia e g e t2g são degenerados. Δo: parâmetro de desdobramento do campo cristalino, S: momento angular de spin total................................................................................................ 45 Uma partícula que se move em órbita circular tem um momento angular L cujo módulo é dado por L = Mvr............................................................. 47 (a) Domínios magnéticos alinhados aleatoriamente. (b) Domínios magnéticos alinhados com a mesma orientação de magnetização............................... 48 Figura 10 - Material com estrutura de multidomínio (A) e de monodomínio (B). (D) diâmetro das partículas (Dc) diâmetro de partículas com tamanho crítico e (Dsp) e diâmetro de partículas que são menores do que o tamanho crítico.. 49 Figura 11 - Estrutura de uma parede de Bloch de 180° (A) e a variação gradual na direção de magnetização dos domínios (B).............................................. 49 Figura 12 - Crescimento e rotação dos domínios magnéticos, quando um material ferromagnético ou ferrimagnético desmagnetizado é magnetizado........... 50 Figura 13 - Configuração básica de um absorvedor de radar Jaumann............................... 53 Figura 7 - Figura 8 Figura 9 - Figura 14 - Esquema da transformação da energia eletromagnética em calor por um RAM.................................................................................................................. 55 Figura 15 - Fluxograma de síntese e caracterização dos materiais investigados.................. 62 Figura 16 - Diagrama representativo de um magnetômetro de amostra vibrante................. 66 Figura 17 - Acoplador direcional utilizado para medidas em guia de ondas........................ 69 Figura 18 - Suporte das amostras no sistema de guia de ondas. (a) amostra não encaixada no suporte; (b) amostra encaixada no suporte.................................................... 69 Esquema de ligação do guia de ondas para determinação da energia refletida (Er) pela amostra................................................................................................. 70 Figura 19 - Figura 20 - Curvas TGA e DTGA dos materiais calcinados a 350°C. (a) TGA, 0,02Mn; (b) TGA, 0,05Co; (c) TGA, 0,05Mn0,05Co; (d) DTGA, 0,02Mn (e) DTGA, 0,05Co e (f) DTGA, 0,05Mn0,05Co.................................................................. 73 Difratogramas de raios X refinados pela técnica Rietveld das amostras 0,02Mn; 0,05Co e 0,05Mn0,05Co. O material foi calcinado a 350°C/3,5h em atmosfera ambiente. (E) experimental, (C) calculado e (*) picos sobrepostos das fases ferrita e NiO............................................................................ 75 Figura 22 - Difratogramas de raios X refinados pela técnica Rietveld das composições 0,02Mn, 0,05Co e 0,05Mn0,05Co a 350°C........................................................ 76 Figura 23 - Difratogramas de raios X obtidos para a família I de amostras calcinadas em 1100°C. (E) experimental, (C) calculado pela técnica Rietveld, (F) fase ferrita, (N) fase níquel e (H) fase hematita........................................................ 80 Figura 24 - Difratograma de raios X obtido para o pó da amostra c. Houve a formação de duas outras fases neste material a 1100°C......................................................... 82 Figura 25 - Difratogramas de raios X das fases que constituem a família II calcinadas em 1100°C. (E) experimental e (C) calculado pela técnica Rietveld....................... 84 Figura 26 - Difratogramas de raios X das fases que constituem a família III calcinadas em 1100°C. (E) experimental e (C) calculado pela técnica Rietveld................. 85 Figura 27 - Micrografias eletrônicas de varredura obtidas nos pós das composições de F.I a 1100°C. Na análise houve aumento de 10000x das partículas................. 87 Figura 28 - Micrografias eletrônicas de varredura das ferritas que formam as famílias II e III. Os materiais foram calcinados a 1100°C/3h em atmosfera ambiente e houve aumento de 10000x das partículas........................................................... 89 Figura 29 - Microscopia eletrônica de varredura e microanálise do material a 1100°C. MEV do pó da amostra b, mapeamento do Fe, mapeamento do Co, mapeamento do Mg e mapeamento do Ni......................................................... 91 Figura 21 - Figura 30 - Figura 31 - Figura 32 - Figura 33 - Microscopia eletrônica de varredura e microanálise do material a 1100°C. MEV do pó da amostra c, mapeamento do Fe, mapeamento do Co, mapeamento do Mn, mapeamento do Mg e mapeamento do Ni....................... 92 Microscopia eletrônica de varredura e microanálise do material a 1100°C. MEV do pó da amostra c’, mapeamento do Fe, mapeamento do Co, mapeamento do Mn, mapeamento do Mg e mapeamento do Ni....................... 93 Microscopia eletrônica de varredura e microanálise do material a 1100°C. MEV do pó da amostra a”, mapeamento do Fe, mapeamento do Mn, mapeamento do Mg e mapeamento do Ni...................................................... 94 Microscopia eletrônica de varredura e microanálise do material a 1100°C. MEV do pó da amostra c”, mapeamento do Fe, mapeamento do Co, mapeamento do Mn, mapeamento do Mg e mapeamento do Ni....................... 95 Figura 34 - Histereses magnéticas das amostras que constituem a família I. O material foi calcinado a 1100 °C/3,0h em atmosfera ambiente............................................. 102 Figura 35 - Histereses magnéticas das amostras que constituem a família II. O material foi calcinado a 1100 °C/3,0h em atmosfera ambiente........................................ 104 Figura 36 - Histereses magnéticas das amostras que constituem a família III. O material foi calcinado a 1100 °C por 3,0h em atmosfera ambiente................................ 106 Figura 37 - Quantidade de manganês versus magnetização. Composições das famílias I, II e III................................................................................................................ 109 Quantidade de cobalto versus magnetização. Composições das famílias I, II e III....................................................................................................................... 110 Figura 38 - Figura 39 - (*) Magnetização de saturação experimental versus quantidade de dopante, (**) magnetização teórica versus quantidade de dopante................................. 111 Figura 40 - Magnetização de saturação (Ms) versus campo coercitivo das composições que formam as famílias II (F.II) e III (F.III)..................................................... 113 Figura 41 - Gráficos de Mexp. em função dos percentuais de íons Fe+3 e Ni+2 em posições 115 octaédricas............................................................................................ Figura 42 - Gráficos de Mexp. em função dos percentuais de íons Fe+3 e Ni+2 em posições 116 tetraédricas............................................................................................ Figura 43 - Curvas de refletividade em função da frequência (8,2 - 12,4 GHz) para as composições da família I. (a)Ni0,8Mg0,18Mn0,02Fe 2O4, (b)Ni0,8Mg0,18Co0,02Fe 2O4 e (c)Ni0,8Mg0,18Mn0,01Co0,01Fe2O4......................................... 118 Figura 44 - Curvas de refletividade em função do intervalo de frequências (8,2 - 12,4 GHz) para as ferritas de F. II. (a’)Ni0,8Mg0,15Mn0,05Fe 2O4, (b’)Ni0,8Mg0,15Co0,05Fe2O4 e (c’)Ni0,8Mg0,15Mn0,025Co0,025Fe 2O4........................ 120 Figura 45 - Curvas de refletividade em função do intervalo de frequências (8,2 - 12,4 GHz) das composições de F.III a 1100°C. (a”)Ni0,8Mg0,1Mn0,1Fe 2O4, (b”)Ni0,8Mg0,1Co0,1Fe2O4 e (c”)Ni0,8Mg0,1Mn0,05Co0,05Fe2O4.............................. 122 Figura 46 - Campo coercitivo versus concentrção do dopante (Mn e Co) das composições que constituem as famílias F.I, F.II e F.III.................................. 124 Figura 47 - Percentual de atenuação máxima de microondas (Amáx.) versus concentração do dopante (Mn e Co) das composições que constituem F.I, F.II e F.III......... 125 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Efeitos de íons divalentes em uma ferrita Ni0,25Me0,25Zn0,5Fe2O4......... 40 Tabela 2 - Raios iônicos de alguns cátions metálicos presentes nas ferritas espinélio inverso............................................................................................ 41 Tabela 3 - Patamares de temperatura e tempo de calcinação das fases a 350ºC/3,5h.. 60 Tabela 4 - Relação entre atenuação da radiação e porcentagem da energia incidente absorvida......................................................................................... 71 Tabela 5 - Rendimento cerâmico obtido por análise termogravimétrica das fases 0,02Mn, 0,05Co e 0,05Mn0,05Co...................................................... 74 Tabela 6 - Resultados de ocorrência de fases obtidas pela técnica Rietveld para as composições 0,02Mn, 0,05Co e 0,05Mn0,05Co calcinadas a 350°C..... 77 Tabela 7 - Concentrações determinadas por Rietveld para as amostras 0,02Mn, 0,05Co e 0,05Mn0.05Co a 350°C/3,5h............................................... Tabela 8 - Resultados de Sig, RW, a(Å) e V estimados a partir da técnica Rietveld nas amostras a 350°C....................................................................... 78 79 Tabela 9 - Quantidade (s) do(s) dopante(s), Sig, RW, a(Å) e b(nm) estimados por Rietveld para as composições ferritas da família I. Os materiais foram calcinados a 1100°C.......................................................................... 81 Tabela 10 - Resultado de ocorrência de fases obtido pela técnica Rietveld para a amostra c de F.I............................................................................... 83 Quantidade(s) do(s) dopante(s), Sig, R W, a(Å) e b(nm) estimados pelo refinamento Rietveld para as composições de F.II. Os materiais foram calcinados a 1100°C........................................................................... 84 Quantidade(s) do(s) dopante(s), Sig, R W, a(Å) e b(nm) estimados pelo refinamento Rietveld para as composições de F.III. Os materiais foram calcinados a 1100°C.......................................................................... 86 Parâmetros magnéticos das ferritas que constituem a família I, os valores foram obtidos a partir das histereses da Figura 36................................ 103 Tabela 11 - Tabela 12 - Tabela 13 - Tabela 14 - Parâmetros magnéticos das ferritas que constituem a família II, os valores foram obtidos a partir dos anéis de histerese de cada composição...................................................................................... 105 Tabela 15 - Parâmetros magnéticos das ferritas que formam a família III, os valores foram obtidos a partir dos anéis de histerese de cada composição........ Tabela 16 - 107 Quantidade de dopante (Mn/Co), magnetização experimental (M exp.) e magnetização teórica (MT) das fases que compõem a família I........... 107 Tabela 17 - Quantidade de dopante (Mn/Co), magnetização experimental (M exp.) e magnetização teórica (MT) das fases que compõem as famílias II e III.. 108 Tabela 18 - Resultados da análise de parâmetro de rede (a), volume de cela unitária 112 (V), magnetização de saturação (M s) e campo coercitivo (HC)............ Tabela 19 - %Feoct., Nioct., %Fetet., Nitet. e magnetização experimental em termos de magnétons de Bohr das fases que formam as famílias II e III.............. 114 Tabela 20 - Resultados de atenuação de microondas obtidos em função das ferritas da família I....................................................................................... 118 Tabela 21 Resultados de atenuação de microondas obtidos em função das composições da família II................................................................. 120 Tabela 22 - Resultados de atenuação de microondas obtidos com o uso das ferritas da família III.................................................................................... 122 Tabela 23 - Quantidade de manganês, campo coercitivo (Hc), magnetização experimental em termos de magnétons de Bohr ( M exp.) e absorção 126 máxima de microondas (%A) do material a 1100°C............................ Tabela 24 - Quantidade de cobalto, força coercitiva (Hc), magnetização experimental em termos de magnétons de Bohr (M exp.) e absorção máxima de 127 microondas (%A) do material a 1100°C............................................. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CFC Estrutura cúbica de fase centrada TGA Thermogravimetric analysis DTGA Differential termogravimetric analysis MEV Microscopia eletrônica de varredura DRX Difração de raios X MAV Magnetômetro de amostra vibrante RCS Radar Cross Section RAM Radar Absorbing Materials MARE Materiais absorvedores de radiação eletromagnética AC Alternating current DC Direct current kHz Kilohertz MHz Megahertz GHz Gigahertz kV Quilovolt kg Quilograma Ωcm Ohm versus centímetro nm Nanômetro s Segundo cm Centímetro m Metro mm Milímetro mL Mililitro µm Micrômetro Oe Oersted SI Sistema internacional A/m Ampére por metro T Tesla lim Limite MM Massa molar AF Estado antiferromagnético FM Estado ferromagnético FI Estado ferrimagnético min Minuto dB Decibéis LISTA DE GRANDEZAS E SÍMBOLOS H Campo magnético B Indução magnética 2 Wb/m Weber por metro quadrado µ0 Permeabilidade no vácuo µr Permeabilidade relativa M Magnetização V Volume m3 Metro cúbico 2 Am /kg Ampére metro quadrado por quilograma χ Susceptibilidade magnética por unidade de volume χg Susceptibilidade magnética em função da massa χm Susceptibilidade magnética molar ρ Densidade n Número quântico principal ml Número quântico magnético ms Número quântico de spin µB Magnéton de Bohr l Número quântico secundário ou azimutal e Carga elétrica ħ Constante de Planck Momento angular ge Fator do elétron livre Momento angular orbital total S Momento angular de spin total J Momento angular total T Temperatura N Número de Avogadro Z Número atômico m Massa atômica C Constante de Curie µef Momento efetivo de elétrons KB Constante de Boltzmann MS Magnetização de saturação Mr Magnetização remanente Tc Temperatura de Curie TN Temperatura de Néel M+2 Íons metálicos divalentes Å Ângstron HC Campo coercitivo A Sítio tetraédrico B Sítio octaédrico tangδ Tangente de perdas ɛ Permissividade elétrica µ Permeabilidade magnética r Coeficiente de reflexão η Admissão do meio de propagação ɳ0 Admissão do meio incidente ɳM Admissão do substrato Z0 Impedância do vácuo E Campo elétrico ɛ’ Permissividade real ɛ” Permissividade imaginária µ’ Permeabilidade magnética real µ” Permeabilidade magnética imaginária mA Mili - Ampére g Fator de Landé MT Magnetização teórica calculada Mexp. Magnetização experimental em termos de magnétons de Bohr Fd -3m:1 Grupo espacial da estrutura espinélio Somatório SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 19 2 OBJETIVOS............................................................................................ 21 2.1 OBJETIVO GERAL................................................................................ 21 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................. 21 3 REVISÃO DA LITERATURA............................................................. 22 3.1 ASPECTOS TEÓRICOS DO MAGNETISMO....................................... 22 3.2 DIAMAGNETISMO............................................................................... 29 3.3 PARAMAGNETISMO, FERROMAGNETISMO, ANTIFERROMAGNETISMO E FERRIMAGNETISMO.................................................. 3.4 DEFINIÇÃO, ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DE FERRITAS MACIAS............................................................................................... 3.4.1 33 Materiais magneticamente “moles” (ou macios) e “duros”, suas aplicações............................................................................................... 3.5 30 PESQUISAS MAGNÉSIO, RECENTES SOBRE NÍQUEL-ZINCO AS E FERRITAS 35 NÍQUEL- NÍQUEL-ZINCO-COBRE SUBSTITUÍDAS..................................................................................... 38 3.6 PROPRIEDADES MAGNÉTICAS PRESENTES NAS FERRITAS....... 42 3.6.1 Ferrimagnetismo..................................................................................... 43 3.6.2 Distribuição do campo cristalino e momento magnético em termos de magnéton de Bohr................................................................................... 44 3.6.3 Domínios magnéticos............................................................................... 46 3.6.4 Anisotropia magnetocritalina................................................................... 51 3.7 MATERIAIS ABSORVEDORES DE RADIAÇÃO ELETROMAELETROMAGNÉTICA-MARE................................................................. 52 3.7.1 História do desenvolvimento de RAM................................................... 52 3.7.2 Características do MARE........................................................................ 55 4 TÉCNICAS DE PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO................ 59 4.1 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS USADOS NA SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DA(S) FERRITA(S) Ni0,8 Mg0,2-xMxFe2O4; M = 4.1.1 Mn, Co, Mn E Co PARA x= 0,02; 0,05 e 0,1......................................... 59 Refinamento Rietveld de estrutura cristalina........................................ 63 4.1.2 Microscopia eletrônica de varredura, (MEV)....................................... 64 4.1.3 Caracterização magnética...................................................................... 65 4.1.4 Medidas de refletividade........................................................................ 68 4.1.4.1 Relação entre redução de refletividade e porcentagem de energia 70 absorvida 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................... 5.1 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TGA/DTGA), MEV 72 E DIFRATOGRAMAS DE RAIOS X OBTIDOS PELO REFINAMENTO RIETVELD.............................................................................................. 72 5.2 MEDIDAS MAGNÉTICAS..................................................................... 96 5.2.1 Procedimento para determinar a magnetização teórica em termos do 5.2.1.1 5.3 momento angular de spin....................................................................... 96 Cálculo da magnetização teórica feito de acordo com a Equação 41..... 97 ANÁLISE DE REFLETIVIDADE NA FAIXA DE 8,2 A 12,4 GHz EM FUNÇÃO DA ESPESSURA DA CAMADA.......................................... 5.3.1 117 Influência dos dopantes (Mn e Co) nos resultados de campo coercitivo e refletividade......................................................................... 123 6 CONCLUSÕES...................................................................................... 128 7 PERSPECTIVAS PARA TRABALHOS FUTUROS........................... 129 REFERÊNCIAS..................................................................................... 130 19 1INTRODUÇÃO As ferritas níquel-magnésio substituídas se enquadram na classe das cerâmicas magnéticas, apresentam interessantes propriedades elétricas e magnéticas e podem ser promissoras para diversas aplicações tecnológicas (BERCHMANS et al., 2004a; DIAS et al., 2005). Por absorverem ondas eletromagnéticas, esses materiais têm atraído muito a atenção nas últimas décadas como aditivo no processamento de materiais absorvedores de radiação eletromagnética-MARE, em inglês “Radar Absorbing Materials-RAM” (OGASAWARA et al., 2004; DIAS et al., 2005; LIMA et al., 2008a; LIMA et al., 2008b). A fórmula geral de uma ferrita do tipo espinélio pode ser descrita como AB 2O4, onde A representa cátions metálicos em sítios tetraédricos e B em sítios octaédricos (SMITH, 1998; BERCHMANS et al., 2004a; CALLISTER, 2006). Quando não existe a migração de cátions B para sítios tetraédricos, esses sistemas são classificados como normal. Porém, se certa concentração de B migrar para sítios A (ou tetraédricos), os cátions do tipo A irão fazer o caminho inverso para sítios B. Esse comportamento acontece nas ferritas denominadas de inversas. Entre os fatores que influenciam as propriedades estruturais, elétricas e magnéticas de um espinélio estão a escolha apropriada de íons metálicos divalentes e a distribuição desses íons na rede cristalina (VERVEY; HELMANN, 1947; BERCHMANS et al., 2004a; MITTAL et al., 2005; AL-HILLI et al., 2012). Portanto, combinações de diferentes metais de transição associado ao método de preparação são parâmetros que potencializam as propriedades destes materiais (PESSOA, 2009; LIMA et al., 2008a; YAN et al., 2012). Encontram-se na literatura estudos sobre as propriedades elétricas e magnéticas da(s) ferrita(s) Ni1-xMgxFe2O4 para diferentes valores de x (BERCHMANS et al., 2004a; BERCHMANS et al., 2004b; SILVA, 2008). A fase estequiométrica Ni0,8 Mg0,2 Fe2O4 apresenta bom resultado experimental de histerese magnética e característica atenuadora de radiação eletromagnética (SILVA, 2008). Com o intuito de melhorar as propriedades magnéticas desses materiais, neste trabalho foram sintetizadas formulações Ni0,8 Mg0,2xM xFe2O4 dopadas com Mn e Co, bem como realizou-se a caracterização físico-química e magnética do pó. Neste trabalho é dado ênfase ao tamanho micrométrico e à composição química quanto às fases obtidas, podendo dessa forma relacionar os dopantes às características magnéticas e de absorção de micro-ondas do material, mostrando dessa forma, através de características particulares, a continuação deste conhecimento. Os parâmetros extrínsecos e intrínsecos das ferritas, tais como a cristalinidade, tamanho de partícula, magnetização de saturação, campo coercitivo, temperatura de Curie entre outros, 20 dependem da composição química e do tratamento térmico (LIMA et al., 2008a; LIMA et al., 2008b; TORQUATO, 2008). Sabe-se ainda que a seleção de um processo apropriado é, conseqüentemente, a chave para obter ferritas de boa qualidade. Entre os métodos mais eficazes na síntese de nanoferritas destaca-se o processo dos citratos precursores, esse método foi eficiente na obtenção das composições estudadas. Portanto, o presente trabalho pretende contribuir fornecendo parâmetros para orientar na escolha de materiais absorvedores de radiação eletromagnética (MARE), considerando o desenvolvimento de partículas magnéticas com propriedades adequadas para aplicações em diversas áreas tecnológicas. 21 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL O presente trabalho tem como objetivo geral desenvolver ferritas magneticamente macias a partir do método do citrato precursor. Com o intuito de investigar mudanças nas propriedades magnéticas da ferrita níquel-magnésio substituída, foram adicionados os dopantes Mn+2, Co+2 e Mn+2 com Co+2 conjugados. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Os objetivos específicos do presente trabalho incluem o controle dos parâmetros da síntese, tais como: -Sintetizar ferritas na razão estequiométrica Ni0,8 Mg0,2-xMxFe2O4 ; M= Mn, Co, Mn + Co para x= 0,02; 0,05 e 0,1 pelo uso do método dos citratos precursores; -Acompanhar termicamente a formação das fases ferrimagnéticas, nas quais são foram realizadas caracterizações físico-químicas e magnéticas; -Verificar se o material absorve radiação eletromagnética após ser calcinado. -Neste trabalho enfatiza-se ao estudo da influência do tamanho das partículas e da composição química nas propriedades das fases obtidas, destinado a estabelecer a influência destes e de outros parâmetros nas características magnéticas e de absorção do material, neste contexto todos os resultados desta pesquisa se tornam relevante. 22 3 REVISÃO DA LITERATURA A abordagem e estudo deste capítulo fazem-se necessário para a compreensão e desenvolvimento desta pesquisa. No início é feita uma apresentação sobre o magnetismo onde são discutidos os tipos de magnetismo mais relevantes, entre eles: diamagnetismo, paramagnetismo, ferromagnetismo e ferrimagnetismo. Além disso, são apresentados casos na literarura de pesquisas recentes sobre as ferritas níquel-magnésio, níquel-zinco e níquel-zincocobre substituídas. Atualmente, materiais com propriedades ferrimagnéticas vêm desempenhando papel de grande importância na indústria devido às suas inúmeras aplicações tecnológica. Em relação a esses materiais, é feito um esboço sobre as propriedades magnéticas, uso no desenvolvimento de materiais absorvedores e das técnicas de preparação e caracterização. Desse ponto de vista são importante nestes materiais a magnetização de saturação, a magnetização remanente, o campo coercitivo e a anisotropia magnetocristalina. 3.1 ASPECTOS TEÓRICOS DO MAGNETISMO Magnetismo é uma parte da Física que fascina a todas as pessoas. Qual é a criança que não fica maravilhada brincando com imãs que se atraem ou se repelem dependendo de suas posições relativas por meio de forças misteriosas que atravessam materiais? Einstein relata ter ficado maravilhado quando criança brincando com imãs, limalhas de ferro e bússolas (CHEN, 1977). A palavra magnetismo tem sua origem na Grécia Antiga, porque foi em Magnésia, antiga cidade grega, atual Turquia, que se observou um minério com a propriedade de atrair objetos de ferro (CHEN, 1977; CALLISTER, 2006). Tal minério ficou conhecido por magnetita. Provavelmente, foram os gregos os primeiros a refletirem sobre as propriedades da magnetita (Fe3O 4), sendo citada por volta de 800 a.C. O pensamento e a filosofia grega dominaram todo conhecimento neste tema nos séculos seguintes. A primeira aplicação tecnológica magnética foi a bússola. O período e o lugar de seu surgimento é assunto de disputa entre historiadores. Algumas fontes afirmam que os pioneiros na utilização da bússola foram os árabes e esta foi introduzida na China no século XIII. Já outras fontes afirmam que o lugar foi a China, em algum tempo entre 2637 a.C. e 1100 d.C. Entretanto, todos concordam que a bússola era certamente conhecida no oeste da Europa por volta do século XII, pois a primeira referência sobre a sua utilização foi feita por Alexander Neckma. 23 Os fenômenos magnéticos passaram a ser melhor compreendidos a partir do século XIX, com a descoberta de sua correlação com a eletricidade. Quando em 1820, Oersted descobriu que uma corrente elétrica ao circular por um fio também produzia efeito magnético, o qual foi observado pela mudança na orientação da agulha de uma bússola, quando a mesma era aproximada do fio. Posteriormente, Ampère formulou a lei que relaciona o campo magnético gerado com a intensidade de corrente no fio e em 1831, Faraday e Henry, descobriram que um campo magnético variável induzia uma corrente elétrica em um circuito. No século XX Curie e Weiss descobriram o fenômeno da magnetização espontânea e sua dependência com a temperatura. A existência do domínio magnético foi proposta por Weiss para explicar como um material poderia ser magnetizado (BUSCHOW; BOER, 2004; KITTEL, 2006). Nos materiais magnéticos existem dipolos magnéticos, os quais podem ser considerados como pequenos imãs formados por pólos norte e sul, em analogia ás cargas elétricas positivas e negativas. Estes dipolos magnéticos estão caracterizados pelo seu momento magnético. Os dipolos magnéticos são influenciados pelos campos magnéticos. Um dipolo magnético submetido à ação de um campo magnético tende a se orientar na direção deste campo (BUSCHOW; BOER, 2004; CALLISTER, 2006). O campo magnético aplicado externamente é designado por e sua unidade de medida no sistema internacional (SI) é o Ampère por metro (A/m). A presença de um campo magnético pode ser visualizada por uma série de linhas de força ou de fluxo, cuja densidade depende da intensidade do campo magnético aplicado e da substância submetida à ação deste campo. Assim, surge um novo conceito, que é o vetor indução magnética, ou densidade de fluxo magnético, sendo estes representados pela letra onde sua unidade de medida no SI é o Tesla (T) ou Weber por metro quadrado (Wb/m2). A intensidade de campo magnético e a densidade de fluxo estão relacionadas pela seguinte relação: (1) onde μ é a permeabilidade magnética, que é uma propriedade específica do meio por onde passa o campo e por onde está sendo medido no SI sua unidade de medida é Weber por metro vezes Ampère (Wb/A.m). Caso seja medido no vácuo é a permeabilidade no vácuo. , onde 24 Para descrever as propriedades magnéticas dos sólidos podem-se utilizar vários parâmetros (CALLISTER, 2006; CELOZZI, 2008). Um deles é a permeabilidade relativa (número adimensional), que é o quociente entre a permeabilidade do material e a permeabilidade do vácuo. (2) Outra grandeza vetorial que tem grande importância é o vetor magnetização, sendo designado pela letra e tem como unidade de medida no SI, A/m. A magnetização é definida como a soma de todos os momentos magnéticos elementares dividido pelo volume que eles ocupam, sendo representada pela seguinte expressão: (3) onde V é o volume em m3 e µ (vetorial) são os momentos magnéticos elementares. Ou, ainda: (4) ) Em presença de um campo externo em alguns materiais, os momentos magnéticos tendem a se alinhar com o campo. Em outros casos, pode induzir um campo magnético que se opõe ao campo aplicado externamente. Em qualquer um dos casos, a contribuição do material na indução magnética é dada pelo termo da Equação 4. Para um material isotrópico e linear, quando a magnetização é fraca, esta é proporcional à intensidade do campo magnético aplicado, de maneira que: (5) onde χ é a susceptibilidade magnética por unidade de volume, ou simplesmente, susceptibilidade de volume, sendo este um número adimensional no SI. A susceptibilidade magnética é a grandeza que caracteriza um material magnético segundo sua resposta a um campo magnético aplicado, que pode ser estática (DC) ou 25 dinâmica (AC). Muitas vezes, os materiais apresentam uma resposta não linear, de modo que se deve tomar o limite nulo da excitação (campo aplicado) (CELOZZI, 2008): (6) A susceptibilidade magnética e a permeabilidade relativa estão relacionadas da seguinte maneira: (7) Portanto: (8) Às vezes é mais conveniente expressar a susceptibilidade magnética em função da massa ao invés de representá-la em função do volume, para estas representações são utilizadas as seguintes expressões: (9) (10) onde χ g é a susceptibilidade magnética por grama do material, ρ é a densidade do material, χ m é a susceptibilidade magnética por mol do material e M é a massa molecular. Na mecânica quântica, a equação de Schrödinger indica os níveis de energia que podem ser ocupados pelos elétrons. A caracterização de cada elétron no átomo é feita por meio de 4 números quânticos, sendo três espaciais e um de spin (BUSCHOW; BOER, 2004; SHRIVER; ATKINS, 2008): 26 Número Quântico Principal (n): Representa o tamanho da órbita, ou seja, representa aproximadamente a distância do elétron ao núcleo. O número n tem valores inteiros 1, 2, 3,...,7, e os elétrons destinam-se as camadas: K, L, M,..., Q, respectivamente. Sendo responsável pela determinação da energia do elétron, do tamanho do orbital ocupado pelo elétron e da distância do orbital ao núcleo. Número Quântico Secundário ou Azimutal (l): Representa a forma do orbital, descrevendo o momento angular do movimento orbital. Esse número quântico depende do valor de n. O l pode assumir valores inteiros 0, 1, 2, 3,..., n-1, nos quais definem os subníveis de energia. Geralmente nos referimos aos orbitais s, p, d, f,... respectivamente. Número Quântico Magnético (m ou ml): Representa a orientação do orbital no espaço. Esse número quântico depende de l. Para um dado valor de l, existem as seguintes possibilidades: - l, - l + 1,..., 0,..., l - 1, l. Número Quântico de Spin (s ou ms): O número ms pode ter somente os valores +1/2 e -1/2. O princípio da exclusão de Pauli diz que dois elétrons não podem ter o mesmo configuração, ou seja, eles não podem ter a mesma série de 4 números quânticos iguais (SHRIVER; ATKINS, 2008). Portanto, dois elétrons no mesmo orbital poderão ter os três primeiros números quânticos iguais, mas devem ter o quarto número quântico diferente, ou seja, ter spins opostos. O número máximo de elétrons ocupando uma mesma camada é dado por (CULLITY; GRAHAM, 2011). (11) No tratamento clássico, se um momento magnético for associado ao movimento microscópico do elétron em sua órbita, terá uma relação geral entre este momento magnético e o momento angular orbital. Um elétron com momento angular orbital associado: tem um momento magnético orbital 27 (12) onde µ B é chamado Magnéton de Bohr (µ B = 9,274 x 10-24 A.m2), e é a carga elétrica (e = 1,6 x 10-19 C), m é a massa do elétron (m = 9,10 x 10 -31 kg), ħ é a constante de Plank (ħ = 6,62607 x 10-34 Js) e é o momento angular. O valor absoluto do momento angular é dado por: (13) E sua projeção ao longo do campo aplicado é: (14) A situação é diferente para o momento angular do spin. Neste caso, o momento magnético associado é dado por: (15) onde é o fator do elétron livre ( = 2,002290716). O componente na direção do campo é: (16) A energia de um momento magnético , em um campo magnético é dado pelo Hamiltoniano: (17) A energia mais baixa ou o estado fundamental E0 é alcançado quando paralelos. Usando a Equação 18 e mS = - ½, para um elétron, tem-se que: e estão 28 (18) Para um elétron, com o número quântico mS = + ½, a energia é: (19) Isto corresponde a um alinhamento antiparalelo do momento magnético de spin com o respectivo campo aplicado. Quanto à origem atômica do magnetismo, é considerado o movimento orbital e dos spins dos elétrons e ainda a interação entre eles. O momento angular orbital total de um dado átomo é dado por: (20) onde a somatória se estende por todos os elétrons. Lembre-se que a soma sobre uma camada completa é zero, as únicas contribuições vem das camadas incompletas. O mesmo argumento se aplica ao momento angular do spin total: (21) Dessa forma, as resultantes e são acopladas através da interação spin-órbita para formar a resultante momento angular total, onde se a camada estiver menos da metade preenchida isto vai ser (BUSCHOW; BOER, 2004): (22) Se a camada estiver mais da metade preenchida, teremos: (23) 29 Os materiais podem responder a diferentes modos quando submetidos à presença de um campo magnético. Estes comportamentos estão relacionados com a configuração eletrônica dos átomos presentes no material. Na maioria dos materiais os momentos magnéticos de todos os elétrons em um átomo são nulos. Mas existem casos, em que o momento magnético resultante dos elétrons em um átomo não são nulos, isto acontece em átomos com camadas eletrônicas parcialmente preenchidas. Estes momentos magnéticos podem ou não interagirem entre si, caso isto ocorra, eles podem produzir diferentes estados ordenados, dependendo da natureza de interação magnética entre os momentos magnéticos (GOODENOUGH, 1963; CALLISTER, 2006; CELOZZI, 2008). Neste trabalho, dentre os materiais sinterizados, o comportamento ferrimagnético foi observado como contribuição magnética principal. Isto foi determinado fundamentalmente através de medidas de histereses magnéticas em função de um campo magnético aplicado e variável. Na continuação será feita uma rápida introdução sobre os diversos tipos de magnetismo para uma melhor compreensão do leitor. 3.2 DIAMAGNETISMO O diamagnetismo, em geral, corresponde ao tipo mais fraco de resposta magnética de um sistema. É uma propriedade que todos os materiais que tem cargas em movimento apresentam quando sujeitas a um campo externo ou a sua variação. Entretanto, isto só é observado quando não existem outros tipos de comportamento magnéticos superpostos (BUENO, 2003; BLUNDELL, 2006; CELOZZI, 2008). Tal comportamento é caracterizado pela magnetização induzida contrária e proporcional ao campo. O diamagnetismo é também caracterizado por uma pequena susceptibilidade magnética negativa da ordem de 10 -6 e independente da temperatura. Isto é atribuído à reação das cargas em movimento, de tal modo a procurar cancelar qualquer variação do fluxo magnético (lei de Lenz) em algum caminho fechado. Neste caso, existe uma independência com a temperatura e uma dependência com a forma geométrica da amostra passando a ser importante para o entendimento de sua resposta. Aplicando-se a lei de Lenz ao movimento orbital atômico pode ser mostrado (tanto classicamente quanto quanticamente) que: (24) 30 onde N é o número de átomos ou moléculas; Z é o número atômico; e é a carga elétrica; é o valor médio quadrático do raio da órbita atômica em questão e m é massa atômica. Exemplos de materiais diamagnéticos: água, mercúrio, ouro, prata, bismuto, antimônio, zinco, etc. 3.3 PARAMAGNETISMO, FERROMAGNETISMO, ANTIFERROMAGNETISMO E FERRIMAGNETISMO O paramagnetismo ocorre em materiais que possuem dipolos atômicos permanentes em virtude do cancelamento incompleto dos momentos angulares de spin eletrônico (Figura 1). Estes materiais são aqueles que não apresentam uma magnetização espontânea, ou seja, quando mas quando submetidos a um campo magnético, magnetizam-se no mesmo sentido do campo aplicado (CALLISTER, 2006; KITTEL, 2006). Mesmo na presença de um campo externo a magnetização resultante é positiva, porém é pequena, como a susceptibilidade magnética (χ) que esta na ordem de 10 -4 a 10-6. O aumento da temperatura provoca uma agitação térmica, e com isso a orientação dos momentos magnéticos que antes eram praticamente alinhados, passa a ser aleatórias, provocando a diminuição da magnetização. Sendo assim, o alinhamento dos momentos magnéticos é função da temperatura, razão porque o paramagnetismo depende inversamente da temperatura a que a substância se encontra. As substâncias diamagnéticas e paramagnéticas são induzidas por um campo magnético aplicado, apresentando magnetizações reduzidas. Um terceiro tipo de magnetismo é o ferromagnetismo, o qual manifesta uma magnetização espontânea muito grande e permanente (SPALDIN, 2003; KITTEL, 2006; CELOZZI, 2008). Entre os mais importantes elementos ferromagnéticos estão: ferro (Fe), cobalto(Co) e níquel (Ni). Em um material ferromagnético, o acoplamento de interações faz com que os momentos magnéticos de spin adjacentes se alinhem uns com os outros (Figura 1). Esse alinhamento mútuo de spins existe ao longo de regiões do volume do cristal relativamente grandes, chamadas domínios. A aplicação de um campo magnético externo faz a magnetização permanente subir significativamente (CELOZZI, 2008). A máxima magnetização possível, ou magnetização de saturação Ms, de um material ferromagnético ocorre quando todos os dipolos magnéticos de spins de uma amostra estão mutuamente alinhados com o campo externo. Em outros grupos de materiais, o fenômeno das 31 forças de acoplamento leva a alinhamentos antiparalelos dos momentos entre os íons da rede cristalina: se a resultante magnética for zero o material é da classe dos antiferromagnéticos (Figura 1), se o momento magnético resultante é diferente de zero, o material é classificado como ferrimagnético (Figura 1), (SPALDIN, 2003; KITTEL, 2006; CELOZZI, 2008). Figura 1 - Tipo de ordenamento de dipolos magnéticos nos materiais. antiferromagnetismo paramagnetismo ferromagnetismo ferrimagnetismo Fonte: Spaldin, 2003 Os materiais ferrimagnéticos representam uma classe de materiais cerâmicos que são amplamente utilizados em aplicações de alta freqüência. Entre as principais classes desses materiais ferrimagnéticos aparecem as granadas e as ferritas, essa última tem maior importância em aplicações de blindagem, já que apresenta altos valores de permeabilidade magnética e também perdas elevadas. De acordo com a literatura a resistividade das ferritas 32 chega na casa dos 10-6 Ὠm em 20°C, a permeabilidade magnética atinge valores de 5000 para depois chegar no nível de saturação e a permissividade dielétrica vai até 15(CELOZZI, 2008). Para os materiais ferromagnéticos a curva de magnetização em função do campo aplicado (H) é não linear, nesses materiais a magnetização induzida (M) se defasa ou diminui com uma menor taxa, em relação a H (GOODENOUGH, 1963; SMITH, 1998; KITTEL, 2006). Quando um campo magnético externo B é aplicado numa ferrita, os dipolos magnéticos induzidos dos elétrons dos átomos que compõe a mesma produzem uma magnetização induzida em seu interior (MACHADO, 2002; KITTEL, 2006; SPALDIN, 2003). Também nas ferritas a magnetização de saturação não se comporta, em geral, de forma linear com relação a um campo magnético externo, de modo que a susceptibilidade magnética Xm e a permeabilidade magnética do meio dependem do campo e da performance do material (SPALDIN, 2003). No caso de uma ferrita “macia”, a magnetização se comporta de forma aproximadamente linear com o campo magnético externo, quando este é fraco ou moderado; esses materiais não retêm uma magnetização residual elevada, isto é, apresentam uma histerese magnética estreita. Já uma ferrita dura retém uma magnetização residual mesmo quando o campo externo é nulo, e esta apresenta um comportamento não-linear característico. Com o aumento da temperatura, a magnetização de saturação diminui gradualmente, e então cai abruptamente para zero, no que é conhecido como temperatura de Curie (T c). Quando T ≥ T c as forças de acoplamento entre os momentos associados a átomos ou íons adjacentes são completamente destruídas; sendo assim, tanto para os materiais ferromagnéticos quanto para os ferrimagnéticos, a magnetização de saturação é máxima a 0 K, onde as vibrações térmicas são mínimas (KITTEL, 2006; CALLISTER, 2006). O antiferromagnetismo também é afetado pela temperatura, esse comportamento desaparece no ponto crítico denominado temperatura de Néel (TN). A exemplo do ferromagnetismo e ferrimagnetismo, em temperaturas acima do ponto crítico, os materiais antiferromagnéticos se tornam paramagnéticos (KITTEL, 2006; CALLISTER, 2006). A Lei de Curie foi descoberta experimentalmente por Pierre Curie em 1907. Ela diz que a susceptibilidade de um paramagneto é independente do campo aplicado e inversamente proporcional à temperatura absoluta (O’ HANDLEY, 2000; KITTEL, 2006; CULLITY; GRAHAM, 2009). 33 (25) onde C é uma constante de Curie. A forma mais usual de apresentar os dados experimentais da susceptibilidade de um paramagneto é dada através de um gráfico da inversa da susceptibilidade magnética, χ -1 como função de temperatura T. Assim, se os dados obedecem a uma linha reta que passa através da origem, sua inclinação será igual a 1/C. Para sólidos, a lei de Curie pode ser escrita como: (26) onde N é o número de átomos ou moléculas; V é o volume em questão; µ B é o magnéton de Bohr; µef é o momento efetivo de elétrons livres; k B é a constante de Boltzmann e T é a temperatura. São exemplos de substâncias paramagnéticas: alumínio, estanho, cromo, platina, paládio, oxigênio líquido, etc. 3.4 DEFINIÇÃO, ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DE FERRITAS MACIAS As ferritas são materiais cerâmicos magnéticos que se obtêm a partir da combinação de sais de ferro (óxidos, nitratos e carbonatos) com sais de outros metais. Esses materiais possuem propriedades magnéticas e elétrica com importantes aplicações tecnológicas (SINHA et al., 2005; KITTEL, 2006; LIMA, 2011; GAMA et al., 2011) No ramo das cerâmicas magnéticas, as ferritas macias baseiam-se em uma estrutura conhecida como espinélio invertido, caracterizada pelo empacotamento de íons de oxigênio (com raios de ~1,4 Å) em um arranjo cúbico de face centrada e íons metálicos (com raios de 0,7 a 0,8 Å) ocupando sítios ou posições entre os íons de oxigênio (SMITH, 1998; CALLISTER, 2006; SINHA et al., 2005; MOZAFFARI et al., 2011; CARVALHO, 2012). Estes sítios são de dois tipos: tetraédrico ou sítio A (íon metálico localizado no centro de um tetraédro, cujos vértices são preenchidos por íons de oxigênio); octaédrico ou sítio B (íon metálico localizado no centro de um octaedro cujos vértices também são preenchidos por 34 átomos de oxigênio). A estrutura de espinélio inversa possui uma cela unitária cúbica, constituída por oito subcelas. Cada subcela contém uma molécula com fórmula geral M+2 Fe2+3 O4, onde M2+ é um íon metálico divalente a exemplo de Fe+2, Ni+2, Mn+2, Zn+2 , Co+2 entre outros (SMITH, 1998; CALLISTER, 2006; KITTEL, 2006; SHRIVER; ATKINS, 2008). Todos os sítios não são preenchidos pelos íons metálicos. Somente 1/8 dos sítios A e 1/2 dos sítios B estão ocupados. De acordo com o tipo de preenchimento destes sítios é possível agrupar os espinélios como normais, inversos ou mistos. Na estrutura normal, os íons metálicos divalentes M2+ ocupam os sítios tetraédricos e os íons de ferro trivalentes Fe3+ ocupam os sítios octaédricos. Em um espinélio inverso os íons M2+ ocupam uma parte dos sítios octaédricos e os íons Fe 3+ a outra parte dos sítios octaédricos e também os sítios tetraédricos, como exemplo protótipo de um espinélio inverso tem-se a magnetita - Fe+2O-2 (Fe+3)2(O-2)3. No caso de um espinélio misto, ocorre uma ocupação de sítios intermediária entre a estrutura normal e a inversa. Em uma estrutura espinélio inversa os íons Fe+3 ocupam ambos os sítios tetrédricos (Fgura 2a) e octaédrico (Fgura 2b). A Figura 3 ilustra a formação estendida de uma estrutura do tipo espinélio. Figura 2 - (a) Sítio tetraédrico e (b) Sítio octaédrico. (a) (b) Fonte: Autor, 2013 35 Figura 3 - Estrutura cúbica com característica parecida com a do mineral espinélio. Fonte: Autor, 2013 3.4.1 Materiais magneticamente “moles” (ou macios) e “duros”, suas aplicações. O tamanho e a forma da curva de histerese para os materiais ferromagnéticos e ferrimagnéticos são de importância prática considerável. A área no interior do ciclo representa uma perda de energia magnética por unidade de volume do material cada vez que ocorre magnetização e desmagnetização (MACHADO, 2002; CALLISTER, 2006; KITTEL, 2006). Essa perda de energia pode ser manifestada na forma de calor que é gerado no interior da amostra magnética e é capaz de elevar a sua temperatura. Tanto os materiais ferromagnéticos quanto ferrimagnéticos são classificados como moles (macios) ou duros, com base nas suas características de histerese. No caso de uma ferrita “macia” a exemplo da que está sendo investigada nesta pesquisa, a magnetização se comporta de forma aproximadamente linear com o campo magnético externo, quando este é fraco ou moderado; esses materiais não retêm uma magnetização residual elevada, isto é, apresentam uma histerese estreita como mostra a Figura 4 para o caso de um material mole. A área interna do anel de histerese mede a energia dissipada, ou trabalho realizado, durante o ciclo de magnetização e desmagnetização. 36 Esses materiais “macios” são utilizados em aplicações em que se precisa de campos magnéticos intensos, mas que possam ser ligados e desligados de acordo com a necessidade, como, por exemplo, em eletroímãs, núcleos de transformadores e blindagem magnética (MACHADO, 2002). Além disto, as ferritas magneticamente “moles” têm sido destaque em diversas aplicações que envolvem a radiação eletromagnética em alta freqüência ou microondas (TING, 2011). A Figura 4 representa o comportamento de histerese magnética dos dois tipos de materiais magnéticos, “mole” (ou macios) e “duro”. Os materiais magnéticos duros são empregados em aplicações que necessitam de campos magnéticos permanentes, como em armazenamento magnético de informações, isto é, em discos rígidos e flexíveis de computadores, imãs de alto-falantes e geladeiras (MACHADO, 2002). Figura 4 - Curvas esquemática de magnetização para um material magnético mole e um material magnético duro. Fonte: Callister, 2006 37 Para que um material ferromagnético seja “macio” é preciso que seu ciclo de histerese apresente uma força coerciva a menor possível pequena possível, ou seja, o anel de histerese deve ser estreito, para que o material se magnetize facilmente e tenha uma elevada permeabilidade magnética relativa (SMITH, 1998; CALLISTER, 2006; CELOZZI, 2008). Uma elevada magnetização de saturação é também uma propriedade importante dos materiais magnéticos “macios” em termos de aplicações. Em conclusão, um anel de histerese estreito e longo é em geral, requisito desejável para os materiais magnéticos “macios”. 38 3.5 PESQUISAS RECENTES SOBRE AS FERRITAS NÍQUEL-MAGNÉSIO, NÍQUELZINCO E NÍQUEL- ZINCO-COBRE SUBSTITUÍDAS. Mittal et al., (2005) analisaram fases ferritas por espectroscopia de fotoelétrons (XPS) e espectroscopia Mössbauer. Esse estudo informou sobre a distribuição dos cátions metálicos (Ni+2, Mg+2 , Fe+2 e Fe+3) nos sítios tetraédricos (A) e octaédricos (B) do sistema espinélio NixMg1-xFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1). As análises mostraram que os sítios B são ocupados preferencialmente por íons de Ni +2, isto resulta em uma indisponibilidade destes sítios para serem ocupados pelos demais cátions. De acordo com os autores, nesta ferrita ocorre altas concentrações de níquel, eos íons Mg+2 ocupam preferencialmente sítios tetraédricos (A). Verifica-se na literatura (MITTAL et al., 2005; PRADHAN et al., 2005) que as propriedades eletromagnéticas destes materiais tem a ver com a ocupação dos cátions em sítios tetraédricos e octaédricos. Diferentes dopantes metálicos tendem a apresentar mudanças na distribuição de ocupação desses sítios na rede espinélio. Pradhan e colaboradores prepararam nanocristais de ferrita de magnésio (MgFe2O4) por moagem de bolas em alta energia. As características das fases foram estudadas por difração de raios X do pó e pelo método de Rietveld. As diferentes distribuições de cátions entre os sítios tetraédricos (A) e octaédricos (B) da estrutura foram levados em consideração. As variações foram vistas em função do alargamento e deslocamento dos picos de difração. Entretanto, para Pradhan et al., (2005), as propriedades físicas das ferritas dependem de sua microestrutura e, portanto, o seu conhecimento é um pré-requisito importante para controlar o desempenho destes materiais. Análise de Rietveld foi adotada pelo autor para determinar alguns dos parâmetros microestruturais dos sistemas. Com o uso do processo gel de citratos, Berchmans e colaboradores estudaram as propriedades estruturais e elétricas do sistema ferrita Ni1-xMgxFe2 O4 com x igual a 0; 0,3; 0,6 e 0,9. Os autores apresentam difratogramas de raios X do pó que confirmam fase espinélio para as combinações sintetizadas. O parâmetro de rede (a) foi analisado em função da quantidade de magnésio. Um aumento na concentração dos íons Mg+2 , fez com que a aumentasse também. Os parâmetros elétricos, tais como, condutividade elétrica (DC), constante dielétrica e tangente de perdas (tanδ) foram estudados em função da freqüência, para estes materiais. Quando a concentração de íons Mg +2 aumenta na ferrita Ni1-xMgxFe2O4 , alguns dos íons Mg2+ ocupam sítios tetraédricos (A), resultando em uma migração de íons Fe +3 para sítios octaédricos (B). O aumento da concentração de íons Fe3+ em sítios B aumenta a taxa de 39 migração de elétrons, devido ao equilíbrio Ni2+ + Fe3+ <=> Ni3+ + Fe+2 que ocorre entre sítios B. Devido a este fato a máxima condutividade elétrica (DC) 3,3 Ωcm-1 foi obtida para a composição Ni0,4 Mg0,6 Fe2O4 calcinada a 1000°C. Em contraste, uma baixa condutividade (0,8 Ωcm-1) foi obtida em Ni0,1Mg0,9Fe2O4 , isto pode ser devido à baixa concentração de íons ferrosos Fe+2 e íons férricos Fe+3 em sítios B. A constante dielétrica seguiu a polarização interfacial de Maxwell Wagner. Picos de relaxamento foram observados nas propriedades de perdas dielétricas (BERCHMANS et al., 2004a; BERCHMANS et al., 2004b). De acordo com a literatura (LIMA et al., 2008a; LIMA et al., 2008b) a utilização do método dos citratos precursores, na obtenção de ferritas espinélio macias, leva a obtenção de uma alta homogeneidade química das fases, com partículas de tamanhos nanométricos e com propriedades magnéticas promissoras. Foram investigadas fases das ferritas Ni0,5 Zn0,5 Fe2O 4 e NixCu0,5-xZn0,5 Fe2O4 para uma variação níquel-cobre de 0,2 ≤ x ≤ 0,4. Os materiais foram preparados pelo o método dos citratos precursores. Os resultados apresentados por Lima et al., (2008a, 2008b), indicam um valor elevado de magnetização obtido a 350°C. O aumento da temperatura de calcinação aumenta o tamanho de partícula e diminui o campo coercitivo. Dessa forma, foi observada a formação de multidomínios, causando um aumento de mobilidade das paredes de domínios. A 1000°C o material apresentou baixos valores de campo coercitivo. As fases apresentaram um bom desempenho quanto à absorção de radiação eletromagnética. A literatura mostra que é prática comum a adição de dopantes à matriz geral de ferritas macias, isto tem como objetivo ajustar as composições destes sistemas e produzir compostos com uma faixa de propriedades magnética (BRITO, 2006; LIMA et al., 2008a; LIMA et al., 2008b). Os elementos adicionados alteram o peso específico da ferrita e também podem alterar o parâmetro de rede, se incorporados à rede cristalina (BRITO, 2006). As interações eletrônicas entre o íon adicionado e os ligantes na estrutura cristalina são também aspectos importantes que influenciam as propriedades eletromagnéticas finais de uma ferrita (BRITO, 2006; SHRIVER; ATKINS, 2008). Os íons adicionados são incorporados pela estrutura espinélio das ferritas, ocupando as posições A ou B (BRITO, 2006; LIMA et al., 2008a). A posição preferencial de alguns cátions na estrutura espinélio foi definida por diversos pesquisadores, com base em dados termodinâmicos (REZLESCU et al., 2000): posição preferencial A: Cd+2, Co+2, Ti+4, Zn+2; posição preferencial B: Al+3 , Cr +3, Cu+2 , Mg+2, Ni+2 , V+3; indiferente: Fe+3 , Mn+2. Em uma escala mais abrangente, os elementos adicionados poderão influenciar as propriedades das ferritas por meio de alterações microestruturais. Pode-se citar como 40 exemplo, diminuição do tamanho de grão, como conseqüência da precipitação de fases nos contornos de grão e a distribuição catiônica (BRITO, 2006). A Tabela 1 mostra dados da literatura sobre o efeito da substituição de íons divalentes +2 (Me ) nas propriedades estruturais e magnéticas de ferritas do tipo Ni0,25 Me0,25Zn0,5 Fe2O4. A ferrita indicada “sem substituição” corresponde à uma ferrita do tipo Ni0,5Zn0,5Fe2O4 . Percebe-se que o parâmetro de rede tende a aumentar com o aumento do tamanho do raio iônico do íon substituto. Na Tabela 1, os íons substitutos estão em ordem crescente de raio iônico. Tabela 1 - Efeitos de íons divalentes em uma ferrita Ni0,25Me0,25Zn0,5Fe2O4. Íon substituto sem substituição +2 Mg Parâmetro de rede(a)Å Massa espec (g/cm3) Permeabilidade magnética 8,390 4,63 307 8,392 4,18 396 +2 Cu 8,420 4,85 1160 Co+2 8,400 4,35 4,8 Mn+2 8,408 4,22 292 +2 8,415 4,58 522 +2 8,435 4,35 19,1 Cd Ca Fonte: Rezlescu et al., 2000 De acordo com a literatura, os raios iônicos de Mg +2, Mn+2 e Co+2 respectivamente, chegam a medir 72, 67 e 65 picômetros para número de coordenação 6, Tabela 2. Entretanto, esse parâmetro influencia na expansão ou retração das estruturas de cela unitária que estão sendo investigadas. A Tabela 2 apresenta os valores dos raios iônicos dos cátions estudados em simetria tetraédrica e octaédrica. 41 Tabela 2 - Raios iônicos de alguns cátions metálicos presentes nas ferritas espinélio inverso. (*): número de coordenação 4, posição tetraédrica, (**): Número de coordenação 6, posisição octaédrica. Cátions metálicos Raios iônicos (pm) Números de coordenação Fe+2, Fe+2 63*, 61** 4*, 6** +3 49*, 55** 4*, 6** Co+2, Co+2 58*, 65** 4*, 6** +2 Mn , Mn 65**, 67** 6** Mg+2, Mg+2 49*, 72** 4*, 6** Ni+2, Ni+3 55*, 56** 4*, 6** +3 Fe , Fe +3 Fonte: Shriver; Atkins, 2008 Entre as ferritas macias, a ferrita de níquel-magnésio substituída apresenta elevada magnetização por indução combinada com baixas perdas por correntes parasitas (BERCHMANS et al., 2004a). Portanto, esse é um material interessante para se estudar detalhadamente e se testar como material absorvedor de radiação eletromagnética - MARE. As características de absorção de um MARE estão baseadas no fato de que alguns materiais absorvem energia dos campos eletromagnéticos que os atravessam. Sobre o componente imaginário do índice de refração do material, a qual inclui os efeitos dos campos magnéticos e elétricos, é possível avaliar a dissipação de potência ou energia no material em forma de calor (REZENDE et al., 2000; DIAS et al., 2005; FOLGUERAS; REZENDE, 2006). As ferritas apresentam perdas dielétricas e magnéticas, ou seja, valores de permissividade elétrica (ε) e permeabilidade magnética (μ). Essas perdas magnéticas estão relacionadas com o alinhamento e a rotação dos spins dentro dos domínios ferrimagnéticos destes materiais. As variações de permissividade elétrica (ε) e permeabilidade magnética (µ) explicam porque determinados aditivos são mais eficientes que outros, no processamento de um material absorvedor de radiação - MARE (REZENDE et al., 2000; DIAS et al., 2005). 42 3.6 PROPRIEDADES MAGNÉTICAS PRESENTES NAS FERRITAS Tanto os materiais ferromagnéticos quanto os ferrimagnéticos (ferritas) se caracterizam por ter uma magnetização espontânea abaixo de uma temperatura crítica (Tc). Isto só é possível devido certos tipos de interações existentes entre os momentos magnéticos atômicos, o que resulta em um momento magnético não nulo. Nas ferritas essas interações magnéticas podem ser, em primeira aproximação, estudadas com o Hamiltoniano de Heisenberg, através das energias de troca entre átomos da mesma subrede e/ou entre subredes distintas, ou seja, a energia de troca é dada por (KITTEL, 2006; SEGATTO, 2011): (27) Onde Jij é a constante de interação de troca entre os spins situados nas posições i e j da mesma rede ou entre átomos de subredes distintas dentro da célula unitária. Essa interação de troca depende muito das orientações relativas dos átomos magnéticos e não magnéticos (geralmente o oxigênio), resultando em interações antiferromagnéticas. No caso das ferritas com fórmula geral MFe2O 4 à base de metais de transição (Ni, Fe, Mn, Co,....), o magnetismo é ocasionado pelos orbitais 3d destes íons, mas mediados pelos orbitais dos átomos de oxigênio nas configurações octaédricas e tetraédricas, conforme esquematicamente representado na Figura 5 (SHRIVER; ATKINS, 2008; SEGATTO, 2011). Figura 5 - Esquema dos orbitais p e d envolvidos na interação de supertroca. Fonte: O’ Handley, 2000 43 Em outras palavras, os orbitais d’s dos cátions não se superpõem diretamente, mas a interação é obtida com superposições com orbitais p’s dos oxigênios vizinhos. Nesta interação, denominada de interação de super-troca, os elétrons dos orbitais p´s dos oxigênios emparelham-se com os dos cátions adjacentes Fe3+ (sítio B) que, por sua vez, favorecem um acoplamento paralelo (ferromagnético - FM) entre os íons M2+ (sítio A) no caso de uma ferrita normal e também íons M2+ - sítio B se a ferrita for inversa. Entre as sub-redes A e B, a integral de troca é mais fraca e o acoplamento é antiparalelo (tipo antiferromagnético - AF). Em resumo, na fase espinélio a configuração de menor energia magnética é aquela em que os momentos magnéticos das sub-redes individuais, A ou B, estão em acoplamento FM, mas entre as sub-redes o acoplamento é AF, resultando em estados ferrimagnéticos (FI) para as ferritas inversas ou AF para uma normal como a de Zn (KITTEL, 2006). Então, na fase espinélio das ferritas, a magnetização é não nula, por, pelo menos, dois fatores: (i) os momentos magnéticos μ dentro e entre cada uma das sub-redes são diferentes em magnitudes e/ou (ii) as frações de íons nos sítios A e B são diferentes. 3.6.1 Ferrimagnetismo As ferritas apresentam uma magnetização espontânea, mas a magnetização de saturação em T = 0K não corresponde ao valor esperado para os íons paramagnéticos que constituem estes materiais (KITTEL, 2006). Um bom exemplo é a magnetita, Fe3O4 ou Fe+2O.Fe2+3O3, onde os íons férricos (Fe+3) estão em um estado com S = 5/2 e L= 0. Assim, cada íon deveria contribuir com 5µ B para a magnetização. Os íons ferrosos (Fe+2) estão em um estado com S = 2 e L aproximadamente igual a zero e, portanto, cada íon deveria contribuir com 4µ B, mais uma pequena parcela, devido ao momento angular orbital. Assim, o número efetivo de magnétons de Bohr por unidade de fórmula de Fe3O 4 deveria ser da ordem de 2x5 + 4 = 14 se todos os spins estivessem paralelos. O valor observado é 4,1 (KITTEL, 2006). A discrepância desaparece quando se tem metade dos íons Fe+3 em um sentido e a outra metade no sentido oposto; nesse caso, o momento observado é apenas devido ao íon Fe+2, como se observa na Figura 6. Os resultados de difração de nêutrons concordaram com este modelo. O termo ferrimagnetismo foi usado originalmente para descrever a ordenação magnética representada na Figura 6. A exemplo da magnetita, as ferritas cúbicas possuem uma estrutura cristalina do tipo espinélio, já representada anteriormente na Figura 3. Existem oito sítios tetraédricos (ou sítios A) e 16 sítios octaédricos (ou sítios B) ocupados em cela unitária cúbica (CALLISTER, 2006; 44 KITTEL, 2006). A constante de rede é da ordem de 8Å. Uma propriedade interessante dos espinélios é o fato de que as interações de troca JAA, JAB e J BB são todas negativas e favorecem o alinhamento antiparalelo dos spins que participam da interação. Entretanto, a interação AB é mais forte de todas, que força os spins A ficarem paralelos entre si o mesmo ocorre para os spins B, o que leva os spins A ficarem antiparalelos aos spins B (SNOEK, 1936; DATE; DESHPANDE, 1996; KITTEL, 2006). Figura 6-Esquema simplificado, ressaltando os acoplamentos paralelos em sítios A e B e antiferromagnético entre esses dois tipos de sítios. Ferrita típica com fórmula estequiométrica MFe2O4, M pode ser substituído por Fe+2 ou outro íon metálico divalente. 8Fe+3 (8 x 5µB) Sítios tetraédricos ou A 8Fe+2 (8 x 4µB) Sítios octaédricos ou B 8Fe+3 (8 x 5µB) - 40µB + 40µB + 32 µB = 32 µB magnéton de Bohr resultante/cela unitária Fonte: Kittel, 2006 3.6.2 Distribuição do campo cristalino e momento magnético em termos de magnéton de Bohr A magnetização teórica no estado fundamental pode ser obtida pela teoria de Néel (KITTEL, 2006; CALLISTER, 2006). O momento magnético atômico no estado fundamental é calculado para substâncias cristalinas usando-se a teoria do campo cristalino (CALLISTER, 2006; SHRIVER; ATKINS, 2008). Para íons da camada 3d tais como Ni+2(3d8), Mn+2 (3d5), Co+2(3d7) e Fe+3(3d5), que constituem as composições estudadas. No modelo TCC para um complexo octaédrico seis pontos de cargas negativas representando os ligantes são arranjados octaedricamente ao redor do íon metálico central. Estas cargas interagem fortemente com o íon metálico central, e a estabilidade do complexo origina-se em grande parte dessa interação atrativa. No entanto, existe um efeito secundário bem menor, mas muito importante, este 45 surge do fato de que elétrons em diferentes orbitais interagem com os ligantes em diferentes magnitudes, isto significa que cinco orbitais 3d em ambiente de campo octaédrico se desdobra em dois conjuntos de orbitais com energias diferentes, t 2g e eg (SHRIVER; ATKINS, 2008). De acordo com a teoria do campo cristalino, TCC, são possíveis configurações eletrônicas do estado fundamental alternativas para os orbitais 3d das espécies cristalinas (SHRIVER; ATKINS, 2008). A Figura 7 apresenta o diagrama de energia resultante da orientação dos tipos de orbitais 3d em relação aos ligantes em campo cristalino octaédrico. A diferença energética dos dois conjuntos de orbitais (t2g e eg) é chamada de parâmetro de desdobramento do campo cristalino, ∆o (onde o índice o significa um campo cristalino octaédrico). Seguindo a regra de Hund, o quarto elétron pode entrar em um dos orbitais t2g e emparelhar com um elétron já presente. Entretanto, se ele assim o fizer, experimentará uma repulsão coulombiana chamada de energia de emparelhamento, P. Quando a energia de emparelhamento (P) é menor do que ∆o, a configuração é denominada de spin baixo. Já os casos em que ∆o < P denomina-se spin alto, e o sistema torna-se mais estável se o elétron evitar a energia de emparelhamento e ocupar um dos orbitais e g (SHRIVER; ATKINS, 2008). Pela configuração do estado fundamental dos íons Ni+2(d8), Mn+2 (d5), Co+2(d7) e Fe+3(d5) todos os cátions apresentam valor de S (momento angular de spin total) diferente de zero diagrama da Figura 7. Figura 7 - Desdobramento de energia devido a orientação dos orbitais 3d em campo cristalino octaédrico. Os orbitais do tipo energia eg e t2g são degenerados. Δo: parâmetro de desdobramento do campo cristalino, S: momento angular de spin total. Ni+2 (3d8) Mn+2 (3d5) Co+2 (3d7) Fe+3 (3d5) eg 3/5Δo S=1 S= 5/2 S = 3/2 d S = 5/2 Δo 2/5Δo t2g Fonte: Shriver; Atkins, 2008 46 Medidas magnéticas podem ser usadas para distinguir complexos de metal do bloco d entre spin alto e spin baixo (SHRIVER; ATKINS, 2008). Por exemplo, as medidas magnéticas de um complexo d6 correspondem a uma configuração de spin alto t42g e2 g (S = 2, µ = 4,90µB) ou a uma configuração de spin baixo t62g (S = 0, µ = 0). Pode-se também usar os dados magnéticos para determinar a geometria de coordenação destas espécies. O momento magnético atômico envolvendo somente momento angular de spin é µ. Para complexo cristalino com número total de momento angular de spin S, o valor de µ é dado por (SHRIVER; ATKINS, 2008): (28) onde µ B é o momento mgnéton de Bohr que é definido como eħ/2mc no CGS e como eħ/2m no SI. Este valor é praticamente igual ao momento magnético de spin de um elétron isolado (KITTEL, 2006). Para a maioria dos complexos 3d (e alguns complexos 4d), os valores experimentais são razoavelmente próximos dos valores calculados ao se levar em conta somente o spin; desta forma, torna-se possível determinar a configuração do estado fundamental (SHRIVER; ATKINS, 2008). 3.6.3 Domínios magnéticos A propriedade magnética de um material origina-se nas partículas que formam a matéria. Uma grandeza relacionada ao momento angular intrínseco do elétron, chamado de spin, é responsável pela origem do magnetismo. Momento angular no mundo clássico é uma grandeza associada à rotação, Figura 8 (CARARA, 2001; TIPLER, 2010). 47 Figura 8 - Uma partícula que se move em órbita circular tem um momento angular L cujo módulo é dado por L = Mvr. Fonte: Mossoi, 2012 Em um modelo clássico simples, o elétron se comporta como se estivesse girando em torno de si enquanto gira em torno do núcleo. O número quântico de spin ou momento angular intrínseco, representado por mS ,especifica o spin do elétron e possui os valores +1/2 e -1/2, ou seja, spin para cima (up) ou spin para baixo (down), respectivamente. O movimento de partículas carregadas, como elétrons, está relacionado às propriedades magnéticas dos materiais. Por exemplo, em uma agulha de aço, cada átomo de ferro funciona como um pequeno imã. O campo magnético gerado por um deles interage com o campo de átomos vizinhos (ASSIS; FERRANTE, 1998). Qualquer material ferromagnético ou ferrimagnético que está em uma temperatura abaixo de T c (temperatura crítica) é composto por pequenas regiões do volume do cristal onde existe alinhamento mútuo de momentos magnéticos. Tal região é chamada de domínio. Inicialmente, em uma amostra com dimensões macroscópicas irá existir um grande número de domínios e todos poderão ter diferentes orientações de magnetização como indicado na Figura 9 (a) (CALLISTER, 2006; CAMILO, 2006). A magnetização total do sólido é a soma vetorial das magnetizações de todos os domínios. No entanto, essa magnetização é muito menor do que o valor da magnetização de saturação (MS), sendo necessária a aplicação de um campo externo para saturar a amostra, Figura 9 (b). 48 Figura 9 - (a) Domínios magnéticos alinhados aleatoriamente. (b) Domínios magnéticos alinhados com a mesma orientação de magnetização. H=0 H ≠0 (a) (b) Fonte: Assis; Ferrante, 1998 Todos os sistemas físicos obedecem ao princípio da energia mínima, ou seja, o de procurar o estado de menor energia que seja compatível com as condições do sistema, portanto, os momentos atômicos de cada átomo ordenam-se de forma a minimizar a energia total do sistema. O mínimo de energia é obtido com o aparecimento de subregiões denominadas de domínios múltiplos ou multidomínios, Figura 10(A) (CULLITY, 1972; GUIMARÃES, 2000). Quando as dimensões do material magnético diminuem a um tamanho crítico (Dc), a quantidade de energia para produzir paredes de domínios é alta, tornando-se desfavorável a formação de domínios múltiplos ou multidomínios (CULLITY, 1972). Como conseqüência, apenas um monodomínio é formado e suportado, ocorrendo então magnetização espontânea (KNOBEL, 1998). No interior dessas partículas, o material magnético permanece espontaneamente magnetizado em uma só direção, o que leva à formação de um momento magnético gigante, ou “supermomento”. Neste caso, o momento magnético total pode ser representado por apenas um vetor, Figura 10(B), que é a soma de todos os momentos atômicos. 49 Figura 10 - Material com estrutura de multidomínio (A) e de monodomínio (B). (D) diametro das partículas (Dc) diâmetro de partículas com tamanho crítico e (Dsp) e diâmetro de partículas que são menores do que o tamanho crítico. Fonte: Camilo, 2006 Os grãos podem ser monodomínios, usualmente na faixa de 10 a 100 nm, ou multidomínios. Existe uma interface que separa dois domínios adjacentes com sentidos e direções diferentes, denominada de paredes de domínio ou parede de Bloch (CULLITY, 1972; SINNECKER, 2000). Observa-se na Figura 11 que a direção de magnetização varia gradualmente através das paredes de domínios. Figura 11 - Estrutura de uma parede de Bloch de 180° (A) e a variação gradual na direção de magnetização dos domínios (B). Fonte: Camilo, 2006 50 O processo de magnetização envolve mudanças na estrutura de domínios (movimento das paredes que separam os domínios) e na direção de magnetização de cada domínio (rotação de domínio). A caracterização macroscópica dos materiais ferromagnéticos/ferrimagnéticos é feita pelas curvas de magnetização (M x H) ou de indução (B x H), que normalmente apresentam curvas que formam um ciclo de histerese, conforme foi mostrado em 3.4 e 3.5.1. Quando se aplica um campo magnético exterior em uma amostra desmagnetizada, os domínios magnéticos, cujos momentos são inicialmente paralelos ao campo magnético aplicado, crescem à custa dos domínios com orientações menos favoráveis. O crescimento dos domínios ocorre por movimento das paredes ou interfaces dos domínios, como mostra a Figura 12, M aumenta rapidamente com o aumento do campo H. O crescimento dos domínios por movimento das interfaces ocorre preferencialmente porque este processo requer menos energia do que a rotação dos domínios. Ainda pela análise da Figura 12, se aumentar substancialmente o campo aplicado após ter cessado o crescimento dos domínios, ocorre rotação dos domínios. Pelo que pode ser visto no declive da curva de M em função de H, a rotação dos domínios requer muito mais energia do que o crescimento dos domínios, Figura 12. Figura 12 -Crescimento e rotação dos domínios magnéticos, quando um material ferromagnético ou ferrimagnético desmagnetizado é magnetizado. (Fonte: Callister, 2006) 51 3.6.4 Anisotropia magnetocritalina Os materiais ferromagnéticos/ferrimagnéticos cristalinos não apresentam as mesmas propriedades magnéticas em todas as direções cristalográficas (CALLISTER, 2006; KITTEL, 2006; SMITH, 1998). Para cada um desses materiais existe uma direção cristalográfica na qual a magnetização é mais fácil; essa é denominada uma direção de fácil magnetização. De maneira contrária, uma direção cristalográfica “dura” é aquela direção para a qual a magnetização de saturação (M S) é a mais difícil, ou seja, é atingida para o menor campo aplicado (H). A dependência do comportamento magnético em relação à orientação cristalográfica é denominada anisotropia magnética (ou anisotropia magnetocristalina). Essa propriedade define o alinhamento dos momentos magnéticos em uma direção preferencial (CULLITY, 1972; JILES, 1991). Para um sistema uniaxial a energia necessária para promover o alinhamento é definida pela Equação 29: (29) onde K é a constante de energia de anisotropia magnética e θ é o ângulo entre M S e o eixo de fácil magnetização. Para partículas monodomínios, a anisotropia magnética está relacionada com a medida da dificuldade de reverter à direção de magnetização (CULLITY, 1972). Os três tipos mais importantes de anisotropia para materiais granulados são a anisotropia magnetocristalina, a anisotropia de forma e a anisotropia de tensão (CULLITY, 1972). Existem outras formas de anisotropia, porém somente a anisotropia cristalina é intrínseca do material sendo as outras induzidas ou extrínsecas (GUIMARÃES, 2000; FERREIRA, 2009). Qualquer anisotropia é importante e pode se tornar predominante em condições especiais (CULLITY, 1972). 52 3.7 MATERIAIS ABSORVEDORES DE RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA-MARE 3.7.1 História do desenvolvimento de RAM De acordo com Knott et al. (1993 apund SAVILLE, 2005) a exploração de materiais absorvedores de radiação (RAM) iniciou em 1930, logo após o advento do radar e é tema de vários trabalhos e livros. Foram incorporados materiais com diferentes mecanismos de perda e fez-se uso da física óptica para otimizar a absorção em uma banda de mais ampla largura. Portanto, absorvedores vêm com diversos formatos e estruturas variando a espessura das multicamadas e revestimentos individuais. Os materiais absorvedores de radiação eletromagnética têm sido utilizados em aplicações comerciais, para câmaras anecóica e para reduzir os sinais refletidos de edifícios e superestruturas em torno de instalações de radar. Atuais tecnologias de comunicação em frequências de microondas estão impulsionando o desenvolvimento de absorvedores e superfícies de frequência seletiva (SAVILLE, 2005). As pesquisas sobre estes gerou a primeira patente em 1936 na Holanda. Segundo Machinerieen (1963 apund SAVILLE, 2005) o absorvedor era um quarto de onda tipo ressonante, utilizava-se negro de fumo como um material com perdas resistivas e dióxido de titânio por possuir permissividade elevada. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha, preocupada com a camuflagem de radar para submarinos desenvolveu "Wesch" material, um ferro carbonila suportado em mantas de borracha cerca de 0,3 polegadas de espessura e uma frequência ressonante de 3 GHz (SAVILLE, 2005). A superfície frontal deste material foi obtida pelo empilhamento de camadas para maximizar a largura da banda absorvida. Eles também produziram o absorvedor Jaumann, um dispositivo de múltiplas camadas alternadas. Este dispositivo consegue uma redução na refletividade de -20 dB na faixa de 2-15 GHz (SAVILLE, 2005). Durante esse período a América, liderada por Halpern no MIT Laboratório de Radiação desenvolveu materiais conhecidos como "HARP" ( “pintura anti radiação”). A versão conhecida como MX-410, tinha uma espessura de 0,025 polegadas para X-banda de ressonância. Este material oferece uma redução em 15-20 dB refletividade. Segundo Halpern (1960 apund SAVILLE, 2005) surgiu absorvedores de navio que tinha 0,07 polegada de espessura, estes eram à base de partículas de ferro (banda-X) e borracha com uma permissividade de 20 e suficiente permeabilidade para produzir a ressonância ampliada . Ao mesmo tempo, de acordo com Halpern et al. (1960 apund SAVILLE, 2005), a Tela de 53 Salisbury foi desenvolvida com largura de banda com 25% em ressonância. A produção de telas de Salisbury foi auxiliada pelo marketing Rubber Company dos EUA, um tecido de resistência chamado Uskon (SAVILLE, 2005). Um outro projeto absorvedor que surgiu neste momento foi uma estrutura piramidal longa com o interior revestido com tela de Salisbury, era o ápice em direcção de propagação. As reflexões múltiplas desse absorvedor resultaram em atenuação elevada. Segundo Neher (1953 apund SAVILLE, 2005) a importância das ferritas já era conhecida. Com as exceções do dispositivo Jaumann e da pirâmide invertida, estes dispositivos são tipicamente de banda estreita. Desde quando foi inventado, há cerca de 50 anos, os absorvedores Jaumann têm sido examinados por diversos autores e são muito usados na prática. Em geral, a principal função deste dispositivo é maximizar a largura de banda absorvida, a um dado nível de refletividade, utilizando o menor número possível de superfícies resistivas (CRUZ, 2005). A forma básica de absorvedor de radar Jaumann é mostrada na Figura 13. Figura 13 - Configuração básica de um absorvedor de radar Jaumann. Fonte: Cruz, 2005 54 O período pós guerra (1945-1950) foi caracterizado pelo desenvolvimento de absorvedores banda larga utilizando formas geométricas pontiagudas o que representou uma transição (SAVILLE, 2005). Em 1950, houve a produção comercial de MARE chamado "Spongex", com base em carbono revestido de pêlo de animal, pela Companhia Produtos Esponja (SAVILLE, 2005). Este material de 2 polegadas de espessura atenuou -20 dB da refletividade entre 2,4-10 GHz para uma incidência normal (SAVILLE, 2005). Versões 4 e 8 polegadas também foram produzidas para freqüências mais baixas (MUNK, 2000). Isto teve como base materiais magnéticos ressonantes, um novo campo de pesquisa em superfícies seletivas de frequências (FSS). Nos anos 60 e 70 uma significativa redução da espessura dos absorvedores foi demonstrada usando ferritas sob camadas (MUNK, 2000). Absorvedores de forma piramidais estavam sendo usados em câmaras anecóicas para atingir -60 dB de atenuação (SAVILLE, 2005). Absorvedores estavam sendo feitos de espumas, estruturas de malha ou de favo de mel, eram revestidos com uma tinta que continha partículas de carbono. Segundo Fante (1988 apund SAVILLE, 2005) na década de 1980, o projeto de absorvedores é melhorado através de técnicas de otimização. A informática e modelos de linhas de transmissão são aplicados para calcular a propriedade de refletividade dos materiais. Continua sendo utilizado materiais como negro de fumo, grafite e ferritas, embora agora sejam feitos dielétricos artificiais nos formatos de barras, fios, discos e esferas TOIT & CLOETE, 1990). Inclusões helicoidais são encontradas para melhorar a absorção. A teoria de mistura é utilizada para calcular a permissividade e permeabilidade desejada destes novos materiais. Polímeros condutores aparecem como materiais absorvedores de radiação em potencial (SAVILLE, 2005). A partir da década de 1990 até hoje tem-se visto mais técnicas de otimização para estruturas Jaumann, incluindo otimização de algoritmo genético (CHAKRAVART et al., 2001). Conforme relatou Wright et al. (1975 apund SAVILLE, 2005) circuito analógico e frequência seletiva de superfícies continuam sendo importantes na literatura. Polímeros condutores e materiais compósitos como estes encontram-se juntamente com o condutor revestido de fibras e tecidos para a criação de dispositivos. De acordo com Chambers et al. (2003 apund SAVILLE, 2005) uma nova classe de materiais baseados em polímeros condutores é a dos absorvedores dinâmicos, onde a frequência ressonante é ajustável através da variação do elemento resistivo e capacitivo do absorvedor. 55 3.7.2 Características do MARE Atualmente, o processamento dos materiais absorvedores de radiação eletromagnética (MARE) é realizado pela incorporação de partículas magnéticas (ferritas) em uma base polimérica, tipos: Poliuretânicas (PU), neopreno, nitrilas, silicone, uretano, fluoroelastômeros, epóxi, silicones, entre outras ( NOHARA, 2003; DIAS et AL., 2005). A escolha da estrutura cristalina e a quantidade de íons magnéticos afetam as características cristalinas e aplicações das ferritas (DIAS et al., 2005). Para o caso de ferritas de uso na região de microondas a estrutura tipo cúbica espinélio é utilizada, o fato está relacionado com as propriedades de anisotropia magnetocristalina destes materiais (LIMA et al., 2003; DIAS et al., 2005) O mecanismo para explicar o comportamento de determinadas ferritas como centros absorvedores de microondas envolve a perda da energia dos campos elétrico e magnético da onda na orientação dos spins da sua estrutura (DIAS et al., 2005; SAVILLE, 2005); além disso, os materiais absorvedores de radiação possuem a característica de transformar a radiação magnética em energia térmica, Figura 14, quando atingidos por uma onda eletromagnética. Figura 14: Esquema da transformação da energia eletromagnética em calor por um RAM. Fonte: Franchitto, 2001 56 Dentre as propriedades dos materiais absorvedores, as mais importantes estão relacionadas com as suas características dielétricas e magnéticas, quais sejam, a permissividade elétrica (ɛ) e a permeabilidade magnética (μ) do material envolvido na pesquisa. Essas medidas apresentam uma correlação direta com as características de absorção do MARE e estão baseadas no fato de que alguns compostos absorvem energia dos campos eletromagnéticos que os atravessam. A partir do componente imaginário do índice de refração do material, o qual inclui os efeitos dos campos magnético e elétrico, é possível avaliar a dissipação de energia no material como calor, ou seja, as perdas são resultantes de inúmeros efeitos que ocorrem a nível atômico e molecular. Para uma grande parcela de materiais absorvedores do campo elétrico, as perdas são conseqüências da condutividade do material, enquanto que para os materiais absorvedores do campo magnético, a rotação do spin atômico e magnetização dentro dos domínios são os principais mecanismos de perdas (DIAS et al., 2005). Na prática são considerados apenas os efeitos cumulativos das perdas e, portanto, é suficiente relacionar todos os seus mecanismos com a permissividade e a permeabilidade do material (DIAS et al., 2005). Na tentativa de minimizar a reflexão a partir de uma superfície é importante considerar as equações físicas que representam o processo de reflexão. Há três condições que resulta m em uma menor refletividade (SAVILLE, 2005). A primeira é representada pela Equação 30 que descreve o coeficiente de reflexão de uma interface. (30) onde r é o coeficiente de reflexão e η a admissão do meio de propagação (subscrito zero para o meio incidente ou ar e M para o substrato). A admissão ( η ) na Equação 30 pode ser 1 substituída pela impedância intrínseca Z = . O coeficiente de reflexão (r) tende a zero η quando ηM = η0 , ou em outras palavras a impedância do material na camada é correspondente à do meio incidente. A impedância intrínseca do espaço livre é efetivamente dada pela Equação 31: Z0 = E = H μ0 377 ohms ε0 (31) 57 onde: E e H são os vetores dos campos elétrico e magnético e μ 0 e ε 0 são a permeabilidade e a permissividade do espaço livre. Assim, um material com uma impedância de 377 ohms não refletirá microondas se o meio incidente é o espaço livre. Uma combinação de impedância ideal também pode ser obtida se a permissividade e a permeabilidade magnética forem iguais. Isto leva à segunda condição que resulta em um coeficiente de reflexão mínimo. Neste caso, a Equação 30 é reescrita como: ZM -1 Z0 r= ZM +1 Z0 (32) A impedância intrínseca normalizada é: ZM = Z0 μ*r ε*r (33) ' - i " ' i " onde e r* = , os sobrescritos linha (') e duas linhas (") representam os 0 0 * r componentes real e imaginário dos números complexos, respectivamente. Se o meio incidente é o espaço livre e a refletividade é zero, então segue que r* = r* . A implicação é que se ambas as partes real e imaginária da permissividade e da permeabilidade são iguais, então o coeficiente de refletividade é zero. A terceira consideração é a atenuação da onda a medida que se propaga dentro do meio absorvedor. O poder da onda diminui exponencialmente com a distância, x, pelo fator e-αx . é a constante de atenuação do material e pode ser expresso como: 1 1 a = - 0 0 (a 2 + b2 ) 4 sin tan 1 b 2 onde a = r' r' - r" r" e b r' r" r" r' . (34) 58 Para se obter uma quantidade maior atenuação com uma espessura menor do MARE, α deve ser maior, isto implica que r' , r" , r' e r" devem ser maiores. Nota-se aqui que esta condição está de acordo com a primeira condição (Equação 30), onde valores maiores de permissividade e permeabilidade deverão resultar em um coeficiente de reflexão maior (SAVILLE, 2005). Em aplicações práticas, uma camada de material dielétrico está aplicada sobre uma superfície condutora e a impedância normalizada η é dada por: (35) Sendo: d a espessura da camada do material dielétrico. A impedância normalizada pode ser usada para calcular o coeficiente de reflexão do material (r) (DIAS et al., 2005); (36) sendo r um número complexo que tem sua magnitude entre 0 e 1. Esse coeficiente de reflexão também pode ser expresso na escala de decibéis (DIAS et al., 2005): (37) Desta forma, a obtenção de materiais absorvedores de microondas envolve a tecnologia de combinação de materiais, de modo que o |r| permaneça o menor possível, em uma ampla faixa de freqüências. Para isso, resultados satisfatórios na associação de substratos, normalmente poliméricos, e centros absorvedores têm sido obtidos com o uso de materiais carbonosos e/ou ferritas de microondas e/ou polímeros condutores (DIAS et al., 1998; FAEZ et al., 2001). 59 4 TÉCNICAS DE PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO Este tópico descreve primeiro o método seguido na preparação das amostras, e depois as técnicas utilizadas na caracterização dos materiais obtidos. As técnicas são: análise termogravimétrica (TGA/DTGA), difração de raios X (DRX), microscopia eletrônica de varredura (MEV), magnetometria de amostra vibrante (MAV) e refletividade pelo método de guia de ondas. Os dados de DRX foram analisados pelo método Rietveld. A caracterização magnética com os ciclos de histereses foi obtida pela utilização de um magnetômetro de amostra vibrante (MAV). 4.1 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS USADOS NA SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DA(S) FERRITA(S) Ni0,8 Mg0,2-xMxFe2O4; M = Mn, Co, Mn E Co PARA x= 0,02; 0,05 e 0,1 As composições estequiométricas estudadas a 1100°C são mostradas abaixo, nesta temperatura os materiais com a estequiometria 0,02 de dopante formam a família I, aqueles com 0,05 de dopante formam a família II e os com 0,1 a família III. A fórmula geral é Ni0,8 Mg0,2-xMxFe2O4; M= Mn, Co ou Mn com Co conjugados para x= 0,02, 0,05 e 0,1: Família I Família II (a)- Ni0,8 Mg0,18Mn0,02Fe2O4 (a’)- Ni0,8 Mg0,15Mn0,05Fe2O4 (b)- Ni0,8 Mg0,18 Co0,02 Fe2O4 (b’)- Ni0,8 Mg0,15Co0,05 Fe2O4 (c)- Ni0,8Mg0,18Mn0,01Co0,01Fe2O4 (c’)- Ni0,8Mg0,15Mn0,025Co0,025 Fe2O 4 Família III (a”)- Ni0,8 Mg0,1 Mn0,1 Fe2O4 (b”)- Ni0,8 Mg0,1Co0,1Fe2O4 (c”)- Ni0,8 Mg0,1 Mn0,05 Co0,05 Fe2O4 As fases estequiométricas de Ni0,8 Mg0,2-xMxFe2O4 com M= Mn, Co ou Mn + Co são preparadas pelo método dos citratos precursores, na síntese utiliza-se como materiais de partida ácido cítrico e os respectivos nitratos: Ni(NO3)2 .6H2O (99,99% - Aldrich), Mg(NO3)2.6H2O (99% - Aldrich), Mn(NO3 )2.6H2O (98% - Aldrich), Co(NO3)2.6H2O (98% Aldrich), Fe(NO3) 2.9H2O (98% - Aldrich). O ácido cítrico (C6H 8O7.H2O; 99,5% - Nuclear) 60 apresenta a propriedade de se coordenar a íons metálicos e, então, aumentar a homogeneidade de uma mistura com vários cátions dissolvidos em meio apropriado. As massas de reagentes (ácido cítrico + nitrato metálico) são previamente calculadas e pesadas, as quantias são dissolvidas em água destilada na razão estequiométrica 1:3, 1 mol de nitrato para 3 mol do ácido. A solução formada é aquecida sob agitação magnética a 70°C por 2 horas. Durante o aquecimento, forma-se um citrato precursor com alta viscosidade indicando fortes interações de coordenação (LIMA et al., 2008a; LIMA et al., 2008b). O procedimento final da síntese dos citratos foi a operação de gravimetria. Nesta etapa verificou-se a quantidade em massa de óxido puro em 1mL de cada um dos respectivos citratos; o resultado para o citrato de ferro foi 0,068g, para o de cobalto foi 0,050g, para o de manganês foi 0,056, para o de magnésio foi 0,030 e 0,053 para o de níquel. A síntese de cada composição ocorre misturando quantidades estequiométricas dos respectivos citratos e, então, a solução é submetida a uma temperatura de 80ºC/2h sob agitação magnética. Durante o aquecimento ocorre a evaporação de alguns gases e forma uma fase homogênea entre os citratos metálicos. As soluções homogeneizadas são calcinadas em um forno de marca EDG3P-S, a calcinação segue a programação descrita na Tabela 3. Após as etapas de queima a 350°C/3,5h, foi obtido um material com aparência esponjosa de fácil desaglomeração, este material é denominado “puff”. Tabela 3 - Patamares de temperatura e tempo de calcinação das fases a 350ºC/3,5h. Temperatura (°C) Taxa de aquecimento (ºC/min) Tempo de calcinação (min.) 130 10 60 220 10 60 350 10 210 Depois de calcinados, os pós são macerados e peneirados em malha de 325 ABNT/ASTM. Posteriormente, esses materiais foram caracterizados por DRX e TGA/DTGA. As análises termogravimétricas (TGA/DTGA) das amostras foram feitas em uma termobalança (Perkin Elmer modelo TGA 51H). Utilizou-se aproximadamente 10 mg de amostra, com um aquecimento de 25ºC a 1100ºC, sob fluxo de nitrogênio de 50 mL/min. Para as análises por difração de raios X foi usado um difratômetro de raios X Shimadzu XRD 6000, em uma tensão de 30 kV, 30 mA de corrente, radiação CuKα de 1,5418 Å, passo de 2θ= 2°/min e uma varredura de 15° a 85°. Os difratogramas foram tratados pela técnica de 61 refinamento Rietveld utilizando-se o software MAUD na versão 2.044 (PRADHAN et al., 2005; LIMA et al., 2008b). As intensidades 2θ foram identificadas com base em padrões da literatura (BERCHMANS et al., 2004a; PRADHAN et al., 2005). Todas as composições foram calcinadas a 1100ºC por 3 horas, haja vista, que esses materiais obtidos em altas temperaturas melhoram o desempenho de suas propriedades (LIMA et al., 2008a; LIMA et al., 2008b). Os processos de calcinações foram realizados em forno da EDG (3P-S) em atmosfera ambiente. As amostras foram peneiradas em malha de 325 ABNT/ASTM e, então, analisadas por difração de raios X (DRX), técnica de refinamento de Rietveld, microscopia eletrônica de varredura (MEV), magnetometria de amostra vibrante (MAV) e refletividade pelo método de guia de ondas. O fluxograma de blocos da Figura 15 ilustra o procedimento seguido para a síntese e estudo dos materiais a 1100 ºC/3h. 62 Figura 15 - Fluxograma de síntese e caracterização dos materiais investigados. Mistura dos citratos estequiometricamente Homogeneização por 1h sob agitação magnética em 80°C. *Calcinação a 350°C por 3,5h, (Tabela 3) TGA/DTGA e DRX/Rietveld Pó cerâmico - FERRITA **Tratamento térmico a 1100°C/3h MEV DRX/Rietveld MAV Atenuação de microondas (*) Amostras 0,02Mn, 0,05Co, 0,05Mn0,05Co, a, b, c, a’, b’, c’, a”, b”, e c” (**) Amostras a, b, c, a’, b’, c’, a”, b”e c” (*) e (**) Procedimento realizado em forno EDG (3P-S) e atmosfera ambiente. Os dados obtidos por difração de raios X das amostras a 1100 ºC/3h foram refinados no programa MAUD (2.044) do Rietveld. Esta técnica é amplamente reconhecida na análise estrutural de quase todos os materiais policristalinos (FANCIO, 1999; SILVA et al., 2006; LIMA et al., 2008b). O refinamento analisa a quantidade de fase, o ajuste de parâmetros de cela e estudos estruturais como: determinação de tamanho de cristalitos, a distribuição e posições de ocupação dos cátions. 63 4.1.1 Refinamento Rietveld de estrutura cristalina Para a utilização do método Rietveld fez-se necessária a construção de um padrão de difração calculado, de acordo com o modelo da estrutura. O padrão calculado é obtido pela introdução direta dos dados cristalográficos, tais como: a) simetria do grupo espacial, b) posições atômicas, c) posições de ocupação e d) parâmetro de rede. O padrão calculado ao se ajustar ao padrão observado fornece dados dos parâmetros estruturais do material. O termo refinamento no método de Rietveld refere-se ao processo de ajuste do modelo de parâmetros utilizados no cálculo de um padrão de difração, que seja o mais próximo do observado. O procedimento de mínimos quadrados foi adotado para minimizar a diferença entre os padrões de difração observados e simulados em pó. O progresso do refinamento é monitorado através dos parâmetros de confiabilidade, fator residual ponderado (Rwp) e fator residual esperado(Rexp). Rwp e Rexp são definidos pelas expressões que seguem (PRADHAN et al., 2005): (38) (39) I0 e Ic são as intensidades experimental e calculada respectivamente, wi é um fator de peso, N é o número de observações experimentais e P é o número de parâmetros refinados. Além disso, usa-se o fator de ajuste S que segue a relação abaixo: (40) De acordo com a literatura quanto mais próximo de 1 for o valor de S, melhor é a aproximação entre o modelo estrutural calculado e a estrutura real (PRADHAN et al., 2005). Relatos detalhados dos procedimentos matemáticos aplicados na análise de Rietveld são encontrados em outros trabalhos (BID; PRADHAN, 2003; MANIK; PRADHAN, 2004). Foi 64 feito refinamento dos dados experimentais (linhas coloridas) com os dados teóricos (linhas pretas). Os resultados foram obtidos pelo processo de sucessivos refinamentos até o valor de S (índice de qualidade do refinamento) convergir para próximo de 1. Os valores de S e R w são típicos do material em estudo, o que indica uma boa aproximação numérica entre o modelo estrutural calculado e a estrutura real das fases. Portanto, o refinamento com a técnica Rietveld descreve os níveis de ocupação dos cátions das estruturas obtidas. Nessas estruturas, os cátions metálicos estão ocupando simultaneamente posições octaedrais e tetraedrais. 4.1.2 Microscopia eletrônica de varredura, (MEV) O microscópio eletrônico de varredura é um equipamento versátil que faz análises química e estrutural dos materiais. O seu funcionamento consiste em incidir um feixe fino de elétrons de alta energia na superfície da amostra onde, ocorre uma interação, parte do feixe é refletida e coletada por um detector que converte este sinal em imagem de BSE, ou seja, imagem de elétrons retroespalhados (DUARTE et al., 2003; CALLISTER, 2006). A imagem obtida nas análises de MEV desta pesquisa é constituída por aglomerados de partículas ferrimagnéticas espinélios. Ocorre também a emissão de fluorescência de raios X que fornece a composição química elementar de um ponto ou região da superfície. As micrografias das composições de ferritas estudadas neste trabalho foram realizadas em um microscópio eletrônico de varredura com microanálise, Modelo Shimadzu SSX-550 de resolução até 3,5 nm, ampliação 5-300000 vezes, voltagem de aceleração na faixa de 0,5-30 kV, além de metalizador modular de alto vácuo IC-50 para preparação das amostras. 65 4.1.3 Caracterização magnética A propriedade magnética de um composto é influenciada pelo momento magnético no estado fundamental: quanto mais alto o momento magnético, maior é a magnetização de saturação da amostra (SMITH, 1998; CALLISTER, 2006; SHRIVER; ATKINS, 2008). As composições com fórmula geral Ni0,8 Mg1-xMxFe2O4 (M= Mn, Co e Mn + Co) apresentam estrutura semelhante a do mineral espinélio inversa, onde oito dos 64 interstícios tetraédricos são ocupados por certas quantidades de íons Fe+3 e também íons do tipo M, ao passo que dezesseis interstícios octaédricos são ocupados pelos cátions Fe+3 e os demais cátions (SMITH, 1998; BERCHMANS, 2004a; CALLISTER, 2006; SHRIVER; ATKINS, 2008). A magnetização teórica (MT) em termos de momento angular de spin foi determinada pela equação 41. As amostras calcinadas foram investigadas a 1100°C em atmosfera ambiente. Os valores de MT variam com as diferentes distribuições catiônicas. Os íons metálicos ocupam posições octaédricas (B) e tetraédricas (A) nas ferritas espinélios estudadas e seguem o modelo antiferromagnético de Néel (SMITH, 1998; CALLISTER, 2006; KITTEL, 2006; SHRIVER; ATKINS, 2008; CELOZZI, 2008). De acordo com a Equação 4, um entre dois íons semelhantes com spins paralelos ocupa a posição A ao mesmo tempo que o outro ocupa a posição B da rede espinélio. O efeito de magnetização devido a esses íons é cancelado haja visto que seus momentos angulares de spin têm direções opostas. (41) x(tet.): Quantidade de íons x em sítio tetraédrico. x(oct.): Quantidade de íons x em sítio octaédrico. Os valores 5, 3 e 2 relativos à Equação 41 representam a magnetização devido ao momento angular de spin dos respectivos cátions. Esses valores foram obtidos pela Equação 42 (BLUNDELL, 2006): M = gSµ B (42) Em que M é magnetização do determinado íon, g é o fator de Landé, que é igual a 2, S é a soma do momento angular de spin, sendo ½ a magnitude de spin para cada elétron desemparelhado e µ B é a constante do magnéton de Bohr igual a 9,27 x 10 -24 JT-1. 66 A Equação 43 foi usada para calcular a magnetização experimental em termos de magnétons de Bohr (Mexp.), o cálculo foi feito a partir da magnetização de saturação experimental (Ms) obtida em um equipamento de MAV. Os valores de magnetização experimental (Mexp.) foram calculados e comparados com a magnetização teórica. (43) Em que Mexp. é a magnetização experimental em unidades de magnétons de Bohr por molécula, MM a massa molar, Ms a magnetização de saturação, N o número de Avogadro e B é o fator de conversão para expressar o momento magnético por cela unitária, sendo igual a 9,27 x 10-21 erg/Gauss. As histereses do material a 1100°C foram obtidas em um magnetômetro de amostra vibrante (MAV), onde ocorreu a variação do campo para se tiver a voltagem. Se a amostra é colocada para vibrar em um movimento senoidal, a variação do fluxo magnético resultante próximo à amostra induzirá um sinal elétrico nas bobinas captadoras do magnetômetro. Este sinal é proporcional a amplitude e freqüência de vibração, sua magnitude depende das propriedades magnéticas da amostra. A Figura 16 mostra uma ilustração de um magnetômetro de amostra vibrante. Figura 16 - Diagrama representativo de um magnetômetro de amostra vibrante Fonte: Shriver; Atkins, 2008) 67 A voltagem alternada induzida nas bobinas de detecção é dada pela Equação 44, onde µ é o momento magnético da amostra, G é função da geometria das bobinas e A, é a amplitude de vibração (SAMPAIO et al., 2000). O potencial induzido (voltagem) e o campo magnético aplicado a partir de um gaussímetro vão para um computador, ocorre o efeito Hall (SAMPAIO et al., 2000). A partir da aquisição dos dados armazenados no computador obtémse o gráfico da magnetização da amostra, em função de H (o que resulta na histerese magnética). (44) A calibração do sistema pode ser feita usando um material magnético que tenha a temperatura crítica acima da temperatura ambiente, tal como, Co, Fe ou Ni. Este trabalho teve o Ni como material de calibração. A calibração permite que seja feito a conversão do sinal medido em volts para magnetização em Am2/kg. Vale a pena destacar dois detalhes (SAMPAIO et al., 2000), um deles é que a medida de magnetização feita com o deslocamento da amostra permite eliminar outras contribuições que não sejam as oriundas da amostra; o segundo é que a medida é realizada com o auxílio de detecção síncrona, amplificador lock-in, o que proporciona um grande aumento de sensibilidade. Com base neste contexto, o magnetômetro de amostra vibrante (MAV) utilizado foi desenvolvido com autonomia de realizar medidas em um intervalo de temperatura de 77 a 650 K, e campos magnéticos de até 15 kOe. Além disso, o ciclo de histerese pode ser traçado em campos de -15 a 15 kOe. Este equipamento foi montado e desenvolvido no Laboratório de Magnetismo e Materiais Magnéticos (LMMM), Departamento de Física Teórica e Experimental (DFTE) da UFRN, sendo, dessa forma, um sistema de baixo custo, mas com a mesma qualidade de medidas feitas por equipamentos comerciais similares. 68 4.1.4 Medidas de refletividade As amostras de material calcinadas a 1100°C/3h foram preparadas e avaliadas por medidas de refletividade. O método adotado utiliza um guia de onda para a faixa de freqüência de 8,2 a 12,4 GHz. Os materiais absorvedores de radiação eletromagnética (MARE) para estudo em guia de ondas são preparados pela mistura com resina epóxi (Araldite Profissional - CIBA) e adicionados em um molde (PESSOA, 2009). Os moldes são mergulhados em solução desmoldante e, posteriormente, colocados sobre uma placa metálica 100% refletora. A mistura da matéria-prima é feita a partir da pesagem da resina e o endurecedor na proporção 1:1, e a adição do pó de ferrita na proporção 50% em massa do peso total. As medidas por guia de ondas foram realizadas no Laboratório de Caracterização Eletromagnética da Divisão de Materiais do Instituto de Aeronáutica e espaço (IAE). Uma descrição dos equipamentos e acessórios utilizados para viabilizar as medidas por guia de ondas estão listados a seguir: - Acoplador direcional (Direction Coupler), modelo X752C (Hewlett Packard); - gerador de sinais sintetizados (Synthetized Seeper), modelo 83752A (Agilent); - analisador de espectro, modelo 70000 (Hewlett Packard); - microcomputador com interface GPIB (General Purpose Interface Bus), para aquisição de dados; - carga de guia de onda Systron-Donner DBG-458; e - cabos coaxiais de baixas perdas da empresa Suhner, Sucoform SM-141-PE (50Ω). O acoplador direcional utilizado é uma peça de alta precisão mecânica, constituído de dois guias de ondas acoplados, sendo um deles reto e o outro curvo, com três terminais idênticos, esquematicamente ilustrados na Figura 17. O acoplador direcional foi projetado para a onda eletromagnética percorrê-lo da seguinte forma: a fonte de microondas é conectada no terminal A, onde percorrendo o guia de onda atinge o terminal B. A onda eletromagnética que percorre o sentido de A para B do guia de ondas não chega até o terminal C. A amostra em estudo é posicionada no terminal B, com dimensões de 23 mm x 11mm utilizando um suporte construído com as dimensões exatas do acoplador direcional, conforme as Figuras 17 e 18. 69 Figura 17 - Acoplador direcional utilizado para medidas em guia de ondas. Fonte: Dias, 2000; Silva, 2000; Franchitto, 2001; Nohara, 2003 Figura 18 - Suporte das amostras no sistema de guia de ondas. (a) amostra não encaixada no suporte; (b) amostra encaixada no suporte. Fonte: Dias, 2000; Silva, 2000; Franchitto, 2001; Nohara, 2003 Na Figura 19 tem-se o esquema de ligação do acoplador direcional para medir a energia refletida (Er) pela amostra. O gerador de sinais é ligado por um cabo no adaptador coaxial no terminal A, e o analisador de espectro é ligado por um cabo no adaptador coaxial do terminal C. O porta-amostra é colocado no terminal B, com uma carga conectada na sua extremidade. Um prolongamento de guia de ondas é colocado entre o conjunto porta amostra/carga e acoplador direcional, uma vez que a conexão do porta-amostra diretamente no acoplador pode gerar interferências nas medidas. Assim, a onda eletromagnética gerada em A atinge a amostra; a energia transmitida (Et) é totalmente absorvida pela carga, a energia refletida pela amostra é detectada em C e lida no analisador de espectro (E r). Para a determinação do 70 coeficiente de reflexão do material, basta retirar a carga e colocar uma placa metálica na sua posição. Figura 19 - Esquema de ligação do guia de ondas para determinação da energia refletida (Er) pela amostra. Fonte: Dias, 2000; Silva, 2000; Franchitto, 2001; Nohara, 2003 4.1.4.1 Relação entre redução de refletividade e porcentagem de energia absorvida A relação entre a redução da reflexão da radiação incidente (em dB) e a porcentagem de absorção do sinal de radiação é mostrada na Tabela 4. A 20 dB de redução da reflexão, por exemplo, tem-se o equivalente 99% de absorção da energia incidente (REZENDE, 2000). Um exemplo do cálculo de porcentagem da energia absorvida é apresentado a seguir, utilizando-se a Equação 45 de medida de refletividade, R. (45) Pincidente: potência da radiação eletromagnética incidente. Considerando-se Pincidente = 100, para uma atenuação de 50%, tem-se Prefletida = 10, calculando-se: tem-se: 71 Para uma atenuação de 90%, têm-se Prefletida = 50, calculando-se: tem-se: Logo um material que absorve 50% de energia do radar, tem seu sinal atenuado em 3 dB e de 10 dB para uma absorção de 90% de energia. A Tabela 4 apresenta vários valores dessa correlação. Tabela 4 - Relação entre atenuação da radiação e porcentagem da energia incidente absorvida. Atenuação da radiação, dB % da energia absorvida 0 0 -1 20,6 -2 37 -3 50 -6 75 -10 90 -15 96,9 -20 99 -30 99,9 -40 99,99 -50 99,999 -60 99,9999 Fonte: Rezende, 2000 72 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TGA/DTGA), MEV E DIFRATOGRAMAS DE RAIOS X OBTIDOS PELO REFINAMENTO RIETVELD As análises termogravimétricas das amostras 0,02Mn, 0,05Co e 0,05Mn0,05Co que representam respectivamente as ferritas nas razões estequiométricas Ni0,8 Mg0,18 Mn0,02 Fe2O4, Ni0,8 Mg0,15 Co0,05 Fe2 O4 e Ni0,8Mg0,1Mn0,05Co0,05Fe2O4 são mostradas na Figura 20. O material foi calcinado a 350°C/3,5h em atmosfera ambiente e, em seguinda, analisado por TGA e DTGA (Análise Termogravimétrica e Termogravimétrica Diferencial). As curvas TGADTGA das amostras 0,02Mn e 0,05Co apresentam semelhanças, podendo assim ser analisadas conjuntamente. A decomposição de matéria pode ser vista em duas etapas principais (YU et al., 2005; PESSOA, 2009). A primeira ocorre entre 40 e 100°C, det. a1 e b1 das curvas TGA, estando essa perda relacionada à saída de água residual (PESSOA, 2009). Esta etapa de degradação pode ser melhor visualizada através das curvas DTGA, em (d) e (e), que por ser derivada, amplia as perdas de massa que são sutilmente visualizadas nas curvas TGA. A segunda etapa mais intensa de perda de massa ocorre entre 100 e 500°C (det. a2 e b2 da curva TGA), atribui-se esta perda ao remanescente de água estrutural e à saída de orgânicos voláteis (NO, NO2, CO2, CO) nesta faixa de temperatura (YU et al., 2005; SILVERSTEIN, 1994). Acima de 500°C pode-se observar um menor decaimento da curva TGA (det. a3 e b3), isto indica a ocorrência de estabilidade da fase cristalina. Na composição 0,05Mn0,05Co foram usados simultaneamente os dopantes Mn e Co. As curvas TGA/DTGA (det c2) para esta amostra indicam uma degradação abrupta por volta de 400°C observada em (c) e (f) (Figura 20), após esta temperatura a fase manteve-se praticamente estável. Já as amostras 0,02Mn e 0,05Co perderam massa mesmo em altas temperaturas. Conforme observa-se na Tabela 5, o rendimento cerâmico da ferrita com adição de Mn com Co conjugados foi inferior a 80% devido a perda de massa total. O resultado levanta a hipótese de que o aumento dos componentes na mesma ferrita pode gerar concorrência por posições tetraédricas e octaédricas. No caso particular da composição 0,05Mn0,05Co a análise por difração de raios X (Figura 21) indicou que houve um baixo percentual de Ni incorporado na ferrita, o que teria provocado a formação da fase paralela NiO em temperaturas próximas de 400°C. 73 Figura 20 - Curvas TGA e DTGA dos materiais calcinados a 350°C. (a) TGA, 0,02Mn; (b) e TGA, 0,05Co; (c) TGA, 0,05Mn0,05Co; (d) DTGA, 0,02Mn (e) DTGA, 0,05Co (f) DTGA, 0,05Mn0,05Co. 15,4 (d) DTGA (a) TGA det. a1 15,2 0,0000 15,0 det a3 det a2 -0,0005 14,6 dm/dt Massa (%) 14,8 det a2 14,4 det a3 14,2 -0,0010 -0,0015 14,0 det a1 -0,0020 13,8 0 200 400 600 800 1000 1200 0 Temperatura (°C) 200 400 600 800 1000 1200 1000 1200 1000 1200 Temperatura (°C) 0,0002 (e) DTGA (b) TGA 15,6 det b1 0,0000 -0,0002 det b3 det b2 -0,0004 15,2 det b2 dm/dt Massa (%) 15,4 -0,0006 15,0 det b3 -0,0008 14,8 -0,0010 -0,0012 det b1 14,6 0 200 400 600 800 1000 1200 0 Temperatura (°C) 15 400 600 0,002 (c) TGA (f) DTGA 0,000 det c3 -0,002 14 800 Temperatura (°C) 16 detc1 200 detc2 det c1 -0,004 dm/dt Massa (%) 13 12 -0,006 -0,008 11 -0,010 10 detc3 -0,012 9 det c2 -0,014 0 200 400 600 800 1000 1200 0 Temperatura (°C) 200 400 600 800 Temperatura (°C) Fonte: Autor, 2013 74 Tabela 5 - Rendimento cerâmico obtido por análise termogravimétrica das fases 0,02Mn, 0,05Co e 0,05Mn0,05Co. Composição Perda de massa total (%) 0,02Mn Temperatura/Perda de massa principal(%) 51°C/4,15 0,05Co 47°C/1,90 4,10 0,05Mn0,05Co 344°C/10,15 24,31 5,69 Fonte: Autor, 2013 A Figura 21 mostra os difratogramas de raios X com refinamento Rietveld das composições 0,05Mn, 0,05Co e 0,05Mn0,05Co. Nesta análise foram utilizadas pequenas quantidades de pós calcinados a 350°C/3,5h. Os resultados mostram que houve a formação ferrita (acima de 90%) como fase principal e óxido de níquel como fase secundária. A baixa difusão dos íons Ni +2 em posições tetraédricas e octaédricas da estrutura ferrita pode ter levado a formação da fase NiO em detrimento da ferrita. Observa-se nos difratogamas a seguir que valores 2θ iguais a 37,33°, 43,33° e 63,00° representam as principais intensidades do padrão óxido de níquel. As intensidades principais desta fase estão sobrepostas com as da fase ferrita (PRADHAN et al., 2005; PRADEEP; CHANDRASEKARAN, 2006). A análise detalhada dos difratogramas indica que as intensidades principais relativo ao NiO aumentam na mesma proporção com que o pico de intensidade principal de 36,33° diminui. Este efeito confirma a não ocorrência de 100% de fase ferrita em função da formação da fase óxido de níquel. 75 Figura 21 - Difratogramas de raios X refinados pela técnica Rietveld das amostras 0,02Mn; 0,05Co e 0,05Mn0,05Co. O material foi calcinado a 350°C/3,5h em atmosfera ambiente. (E) experimental, (C) calculado e (*) picos sobrepostos das fases ferrita e NiO. 0,02Mn; 300 Intensidade (ctgs) 200 * * 100 0,05Co; 300 * * 100 * E; C * * 0 250 200 150 100 50 0 C * * 0 400 200 * E; * * 0,05Mn0,05Co; * E; C * * 20 30 40 50 60 70 80 2 Fonte: Autor, 2013 Na Figura 22 são observados os difratogramas de raios X analisados pela técnica de Rietveld para os pós 0,02Mn, 0,05Co e 0,05Mn0,05Co. Os padrões cristalográficos do material ferrimagnético (ferrita) e do NiO foram obtidos na página do banco de dados de cristalografia (Crystallography Open Database). Verifica-se a ocorrência de elevado grau de exatidão entre a difração experimental (linha colorida) e o espectro teórico (linha preta). Os valores de 2θ relativos aos padrões das fases ferrita e óxido de níquel estão indicados nos difratogramas, é possível observar que todos os picos de intensidade da fase óxido de níquel sobrepõem-se aos da fase ferrimagnética dificultando a análise da mistura de fases no material. Verifica-se a diminuição do pico mais intenso de fase ferrita em 2θ igual a 36,33° concomitantemente com o aumento das intensidades experimentais (linhas azuis) e calculadas (linhas pretas) em valores 2θ próximos de 37,33°, 43,33° e 63,00°. O resultado mostra que nas calcinações a 350°C, ocorre a nucleação de ferrita como fase principal e óxido de níquel como fase secundária. 76 Figura 22 - Difratogramas de raios X refinados pela técnica Rietveld das composições 0,02Mn, 0,05Co e 0,05Mn0,05Co a 350°C. 0,02Mn 0,05Co 0,05Mn0,05Co Fonte: Autor, 2013 Com a análise pela técnica de Rietveld foi possível determinar a porcentagem de fases e o tamanho de cristalito das composições 0,02Mn; 0,05Co e 0,05Mn0,05Co obtidas a 350°C. De acordo com o resultado (Tabela 6) ambas as composições apresentam um percentual de fase ferrita superior a 90%. A composição 0,05Mn0,05Co foi obtida com a adição de Mn e Co simultaneamente e apresentou maior percentual de fase secundária NiO, 5,8%. A adição de 0,02 de Mn contribuiu para a menor formação desta fase paralela, 2,82%. Entretanto, os resultados mostram que a 350°C, uma concentração remanescente de íons Ni +2 não se estabiliza em sítios octaédricos e tetraédricos da estrutura, o que leva à coexistência das fases 77 ferrita e NiO no material. Observa-se nas curvas termogravimétricas da Figura 22 que os maiores picos de perda de massa ocorreram próximos de 400°C para a amostra 0,05Mn0,05Co. Em função deste comportamento, conclui-se que a estabilização da fase ferrita e de óxido de níquel ocorreu em uma temperatura inferior nesta composição. Independente da concentração e do tipo de dopante obteve-se tamanho de cristalitos nanométricos (6,58 - 12,02 nm) para as fases a 350°C, Tabela 6. Na fase óxido de níquel, o tamanho de cristalito médio atingiu 100 nm. A amostra 0,05Mn0,05Co apresenta menor valor de tamanho de cristalitos que corresponde a picos com intensidades mais baixas e mais largos, como observado nas Figuras 23 e 24. A amostra 0,05Co apresenta o maior valor de bf, 12,02 nm. Verifica-se picos de intensidade mais intensos e mais estreitos nesta composição, Figuras 21 e 22. Tabela 6 -Resultados de ocorrência de fases obtidas pela técnica Rietveld para as composições 0,02Mn, 0,05Co e 0,05Mn0,05Co calcinadas a 350°C. Ferrita + óxido de níquel Quantidade de fase (%) Tamanho de cristalito (nm) ferrita Óxido de Ni bf bn 0,02Mn 97,20 2,82 8,20 100,00 0,05Co 96,69 3,32 12,02 100,00 0,05Mn0,05Co 94,20 5,80 6,58 100,00 bf: tamanho de cristalito da ferrita; bn: tamanho de cristalito do óxido de níquel. Fonte: Autor, 2013. Uma maneira de representar a distribuição dos átomos na rede espinélio está ilustrada a seguir pela fórmula de cada composição sintetizada a 350°C. Verifica-se que os cátions +2 ; metálicos(Ni , Mg+2 , Ni+2, Mn+2 , Co+2 e Fe+3) ocupam simultaneamente os sítios tetraédricos (A) e octaédricos (B) dos sistemas espinélios formados. Sendo assim, a análise de DRX associada com o refinamento Rietveld confirmou a característica de espinélio inversa desses materiais (SMITH, 1998; MITTAL e et al., 2005; SINHA et al., 2005) Os valores sobrescritos no parêntese totalizam 8 e correspondem a 1/8 do total de sítios tetraédricos da cela unitária, os quais foram preenchidos pelos cátions. Já no caso dos valores sobrescritos entre colchetes somam 16 e equivalem à ocupação de ½ dos sítios octaédricos da cela unitária. Observa-se na 78 Tabela 7 que as maiores quantidades de cátions Ni+2, Mg+2, Co+2 e Fe+3 estão ocupando sítios octaédricos (B). Nota-se a inversão dos íons metálicos entre as posições tetraédricas (A) e octaédricas (B). Os resultados confirmam a formação de fase ferrita com grupo espacial Fd3m:1 (CALLISTER, 2006; PRADHAN et al., 2005). 0,02Mn - ( 0,32Mg0,04 0,096Mn0,012 7,584Fe0,948) [6,4Ni0,4 1,12Mg0,07 0,064Mn0,004 8,416Fe0,526]2O4 0,05Co - (0,08Ni0,01 0,12Mg0,015 0,08Co0,01 7,72Fe0,965) [6,32Ni 0,395 1,08Mg0,0675 0,32Co0,02 8,28Fe0,5175]2O4 0,05Mn0,05Co - (0,16Ni0,02 0,16Mg0,02 0,32Mn0,04 0,024Co0,003 7,336Fe0,917) [6,24Ni0,390,64Mg0,04 0,08Mn0,005 0,376 Co0,0235 8,664 Fe0,5415]2O4 Tabela 7 - Concentrações determinadas por Rietveld para as amostras 0,02Mn, 0,05Co e 0,05Mn0.05Co a 350°C/3,5h. Composições Nit Nio Mgt Concentrações (mol) Mgo Mnt Mno Cot 0,02Mn 0 0,80 0,040 0,140 0,012 0,008 0 0,05Co 0,01 0,79 0,015 0,135 0 0 0,05Mn0,05Co 0,02 0,78 0,020 0,080 0,040 0,010 Coo Fet Feo 0 0,948 1,052 0,010 0,040 0,965 1,035 0,003 0,047 0,917 1,083 (+2): Valência dos cátions de metais diferentes do Fe; (+3): Valência do Fe; t: sítio tetraédrico; o: sítio octaédrico. Fonte: Autor, 2013. A análise pelo método Rietveld destes materiais obteve valores de S ≤ 1,247 e Rw ≤ 19,352% os quais podem ser vistos na Tabela 8. Os resultados foram obtidos pelo processo de sucessivos refinamentos até o valor de S convergir para próximo de 1. Foram obtidos valores de S e R w típicos do material em estudo, isto indica uma boa aproximação numérica entre o modelo estrutural calculado e a estrutura real das fases (PRADHAN et al., 2005; LIMA et al., 2008b; PESSOA, 2009). Obteve-se pelo refinamento de Rietveld os parâmetros de rede (a) e foi calculado o volume de cela unitária (V), como observado na Tabela 8. Os cátions metálicos ocupam posições tetraédricas e octaédricas das estruturas formadas, seus raios iônicos consistem em um fator determinante nos valores dos parâmetros de rede (BERCHMANS et al., 2004a). A amostra 0,02Mn apresenta parâmetro de rede com 8,362Å, este valor ficou acima dos valores 79 indicados para as fases 0,05Co e 0,05Mn0,05Co. O resultado de distribuição catiônica visto na Tabela 7 mostra que nesses materiais os cátions Mg+2 , Mn+2, Co+2 e Fe+3 apresentam diferentes níveis de ocupação dos sítios A e B no arranjo tipo espinélio. Entretanto, o aumento das concentrações simultâneas de íons Mg+2 , Mn+2, Co+2 e Fe+3 em sítios B ocasionou pequenas variações nos valores de a(Å) mostrados na Tabela 8. A Tabela 2 apresentou os valores dos raios iônicos para os cátions que constituem as composições estudadas. De acordo com a literatura, os raios iônicos de Mg +2, Mn+2 e Co+2 podem medir 72, 67 e 65 picômetros respectivamente, isto ocorre quando o número de coordenação é 6 (SHRIVER; ATKINS, 2008). Este parâmetro influenciou com pequenas expansões ou retrações das estruturas obtidas. As concentrações de Mg +2, Mn+2, Co+2 e Fe+3 em sítios B (octédricos) influenciaram diretamente no volume de cela unitária (V) das composições a 350°C, Tabela 8. O sistema 0,05Co apresenta menos íons Co+2 e Fe+3 em sítios B e não é dopado com Mn+2. O raio do Co+2 localizado em sítios B das estruturas mede 65 pm (Tabela 2), sendo esse valor menor em relação aos dos íons Mg+2 e Mn+2. Portanto, o volume de cela unitária da composição 0,05Co é 582,810 Å3 e chega a ser menor do que 584,067Å3 e 584,696Å3 obtidos para as composições 0,05Mn0,05Co e 0,02Mn, respectivamente. Tabela 8 - Resultados de Sig, RW, a(Å) e V estimados a partir da técnica Rietveld nas amostras a 350°C. b: Tamanho de cristalito estimado por Rietveld; V : Volume da cela unitária. Composição Sig Rw(%) a(Å) V(Å3) 0,02Mn 1,200 19,352 8,362 584,696 0,05Co 1,247 18,046 8,353 582,810 0,05Mn0,05Co 1,221 17,034 8,359 584,067 Fonte: Autor, 2013 As composições estudadas a 1100°C têm fórmula geral: Ni0,8 Mg0,2-xMxFe2 O4; M= Mn, Co ou Mn com Co conjugados para x= 0,02, 0,05 e 0,1. O valor de x foi dividido por dois nos casos em que M equivale a Mn com Co conjugados. Estes materiais quando calcinados a 1100°C melhoram suas propriedades microestruturais, magnéticas e de absorção de 80 microondas (LIMA et al., 2008a; LIMA et al., 2008b; SILVA, 2008). Para a análise dos difratogramas de raios X na temperarura de 1100ºC, os dados experimentais (linhas coloridas) foram ajustados pela técnica Rietveld com os dados teóricos (linhas pretas). Os refinamentos foram calculados até o valor de S (índice de qualidade do refinamento) convergir para próximo de 1. Houve concordância entre o padrão calculado e o experimental. A Figura 23 apresenta os difratogramas de raios X obtidos nas composições com 0,02 de dopantes, as fases foram denominadas a, b e c e formam a Família I de amostras. Observase espectros de raios X semelhantes para as composições a e b os quais indicam 100% de fase ferrita. Entretanto, na amostra c formou ferrita como fase principal e as fases de hematita (Fe2O3) e níquel metálico como fases secundárias. O excesso de oxigênio favoreceu a formação da fase hematita na amostra calcinada a 1100C (SILVA, 2008; LIMA, 2011). Nesta composição, os dopantes Mn e Co ocupam ambas as posições intersticiais da estrutura. O níquel tem preferência por posições octaédricas de sistemas espinélio, este efeito pode ter sido preponderante na formação de níquel metálico (BERCHMANS et al., 2004a). Figura 23 -Difratogramas de raios X obtidos para a família I de amostras calcinadas em 1100°C. (E) experimental, (C) calculado pela técnica Rietveld, (F) fase ferrita, (N) fase níquel e (H) fase hematita. Ni0.8Mg0.2-XMXFe2O4; M = Mn (a) e M = Co (b) Ni0.8Mg0.2-XMX/2Fe2O4; M = Mn e Co (c) F F F F F (b) F F (F, H) 20 (H) 30 (F) (F, H) (N) 40 C F F FF F E; C (F, H) (H)(N) 50 F E; (c) 0.02 MnCo; (F) (F) 0.02 Co; F F C FF F F F E; F 60 2 Fonte: Autor, 2013 70 (F) (N) (F,H) F F 0.02 Mn; 80 (F,H) (a) (F, H) F (F, H) 3000 2250 1500 750 0 3000 2250 1500 750 0 1500 1000 500 0 (F, H) Intensidade (ctgs) ## (F, H) # 81 A Tabela 9 descreve os resultados da análise pela técnica Rietveld dos materiais que constituem a família I. A composição c foi dopada com Mn e Co simultaneamente ao passo que a amostra a foi dopada apenas com manganês e b apenas com cobalto. Os resultados de difração de raios X mostram que nas composições a (0,02 do dopante Mn) e b (0,02 do dopante Co) prevaleceu 100% de fase ferrita, diferentemente em c formou substratos das fases hematita e níquel metálico além da fase ferrita. Os parâmetros S e R w indicam a qualidade do refinamento da técnica Rietveld (FANCIO, 1999; PRADHAN et al., 2005). Valores de S 1,3 são satisfatórios, os valores típicos obtidos nas análises do material em estudo a 1100°C foram S 1,388 e R w 23,900, Tabela 9. Houve concordância entre o perfil observado e o calculado nestas composições. Na literatura, os valores calculados do desvio padrão R w variam de 10 até 20 em análises otimizadas de materiais cristalinos (FANCIO, 1999). Os valores típicos deste resíduo em fases ferritas estão na faixa de 17 até 35% o que mostra alta qualidade dos resultados obtidos nesse trabalho, (PESSOA, 2009; LIMA, 2011). De acordo com os resultados, as composições de F.I (família I) apresentam parâmetros de rede próximos de 8,34 angstroms, o que confirma a formação de estruturas do tipo espinélio (BERCHMANS et al., 2004a; SILVA, 2008). Como mostra a Tabela 9 os valores de b foram de aproximadamente 414, 578 e 189 nm para as amostras a, b e c, respectivamente. Na composição c o valor do tamanho médio de cristalito foi bem inferior aos obtidos para a e b. Isto pode estar relacionado com a formação de fases secundárias. Tabela 9 - Quantidade (s) do(s) dopante(s), Sig, RW, a(Å) e b(nm) estimados por Rietveld para as composições ferritas da família I. Os materiais foram calcinados a 1100°C. Composição ferrita x/y Sig Rw(%) a(Å) b(nm) a 0,02/0 1,270 21,512 8,342 413,942 b 0/0,02 1,290 20,454 8,346 577,950 c 0,01/0,01 1,388 23,900 8,346 188,853 X/Y: quantidade de Mn/quantidade de Co. a: parâmetro de rede obtido pela técnica Rietveld. b: tamanho de cristalito obtido pela técnica Rietveld. Fonte: Autor, 2013 82 Na Figura 24 é observado o difratograma de raios X refinado pela técnica Rietveld para a composição c. Ocorreu alto grau de exatidão entre a difração experimental e o espectro teórico obtidos pela técnica. O difratograma indica os valores de 2θ em relação a um padrão, sendo observada a existência das fases ferrita, hematita e níquel no material analisado. As intensidades relacionadas com as fases de ferrita e hematita estão sobrepostas. A Tabela 10 mostra os dados de porcentagem de fases e tamanho de cristalito obtidos nesta composição. Os resultados mostram que formou acima de 90% de fase ferrita. Os valores médios de tamanho de cristalito foram 188,853, 100,010 e 100 nm para as fases ferrita, Fe 3O4 e Níquel metálico respectivamente. Isto indica que a calcinação em 1100°C favoreceu a nucleação e o crescimento das partículas de ferrita em detrimento das fases secundárias. Figura 24 -Difratograma de raios X obtido para o pó da amostra c. Houve a formação de duas outras fases neste material a 1100°C. Fonte: Autor, 2013 83 Tabela 10 - Resultado de ocorrência de fases obtido pela técnica Rietveld para a amostra c de F.I. Ferrita + impurezas Quantidade de fase (%) Tamanho de cristalito (nm) ferrita hematita níquel bf bh bn 93,55 4,71 1,73 188,853 100,010 100,000 c bf: tamanho de cristalito da ferrita; bh: tamanho de cristalito da hematita e bn: tamanho de Cristalito da fase níquel metálico. Fonte: Autor, 2013. A Figura 25 apresenta a família II de amostras calcinadas a 1100°C. As fases representadas pelos difratogramas (a’), (b’) e (c’) foram obtidas com a adição de 0,05 de ; dopantes. A cristalinidade foi semelhante em todas as composições com a formação de 100% da fase magnética. Portanto, em tendências gerais os pós apresentam características homogêneas observando-se espectros de raios X semelhantes. Observa-se nos resultados da Tabela 11 que o aumento da quantidade de manganês tem uma relação direta com pequenos incrementos nos parâmetros de rede, a exemplo das amostras a’ e c’. Este resultado indica o efeito do maior raio iônico do Mn+2 em relação ao Co+2 na expansão das estruturas formadas. De acordo com os dados da Tabela 2, os raios de Mn+2 e Co+2 chegam a ser menores do que o valor de 72 pm medido para o íon Mg+2 em sítio octaédrico. Provavelmente, o íon Mn+2 apresenta perfeita difusão em interstícios octaedrais das estruturas. 84 Figura 25 -Difratogramas de raios X das fases que constituem a família II calcinadas em 1100°C. (E) experimental e (C) calculado pela técnica Rietveld. # Ni0.8Mg0.2-XMXFe2O4; M = Mn (a') e M = Co (b') ## Ni0.8Mg0.2-XMX/2Fe2O4; M = Mn e Co (c') 3000 (a') 2250 0.05 Mn; E; C 1500 Intensidade (ctgs) 750 0 3000 (b') 0.05 Co; E; (c') 0.05 MnCo; C 2250 1500 750 0 3000 2250 E; C 1500 750 0 20 30 40 50 60 70 80 2 Fonte: Autor, 2013 Tabela 11 - Quantidade(s) do(s) dopante(s), Sig, RW, a(Å) e b(nm) estimados pelo refinamento Rietveld para as composições de F.II. Os materiais foram calcinados a 1100°C. Composição ferrita x/y Sig Rw(%) a(Å) b(nm) a’ 0,05/0 1,356 20,662 8,345 530,400 b’ 0/0,05 1,473 22,056 8,342 675,200 c’ 0,025/0,025 1,309 21,489 8,347 511,300 X/Y: quantidade de Mn/quantidade de Co. a: parâmetro de rede obtido pela técnica Rietveld. b: tamanho de cristalito obtido pela técnica Rietveld. Fonte: Autor, 2013 85 Encontram-se na Figura 26 espectros de raios X semelhantes para as amostras que constituem a família III, os resultados indicam que o acréscimo da quantidade de dopantes para 0,1 favoreceu a obtenção de fase 100% ferrita. Quando comparados os valores de a(Å) entre a amostra b (Tabela 9) e as amostras b’ e b” (Tabelas 11 e 12, respectivamente), os resultados sugerem que a adição de cobalto segue o efeito do raio atômico menor relativo ao manganês, ou seja, o aumento da quantidade de Co em posições octaedrais causa a retração do volume da cela unitária. O tamanho de cristalito obtido pelo refinamento Rietveld apresenta valores mais altos para as amostras a” e c” (Tabela 12). Este comportamento pode estar relacionado com a presença do dopante manganês nesses sistemas. No entanto, o efeito da otimização da difusão desse íon na estrutura é crítico ou seja, o aumento da concentração do Mn leva a uma competição do íon Mn +2 por sítios octaédricos e tetraédricos o que provavelmente causa um aumento da homogeneidade na distribuição. O efeito de maior empacotamento implica no menor valor de parâmetro de rede e altera as características de atração-repulsão entre íons, portanto afetam o campo elétrico local e deformam os íons o que pode alterar também as propriedades magnéticas dessas ferritas. Figura 26 - Difratogramas de raios X das fases que constituem a família III calcinadas em 1100°C. (E) experimental e (C) calculado pela técnica Rietveld. # Ni0.8Mg0.2-XMXFe2O4; M = Mn (a") e M = Co (b") Intensidade (ctgs) ## Ni0.8Mg0.2-XMX/2Fe2O4; M = Mn e Co (c") 3750 3000 2250 1500 750 0 3000 2250 (a") 0.1 Mn ; (b") 0.1Co; (c") 0.1 MnCo; 50 60 E; C E; C 1500 750 0 3000 E; C 2250 1500 750 0 20 30 40 2 Fonte: Autor, 2013 70 80 86 Tabela 12 - Quantidade(s) do(s) dopante(s), Sig, RW, a(Å) e b(nm) estimados pelo refinamento Rietveld para as composições de F.III. Os materiais foram calcinados a 1100°C. Composição ferrita x/y Sig Rw(%) a(Å) b(nm) a” 0,10/0 1,413 21,228 8,346 625,300 b” 0/0,10 1,370 22,040 8,343 575,600 c” 0,05/0,05 1,343 20,376 8,344 626,200 X/Y: quantidade de Mn/quantidade de Co. a: parâmetro de rede obtido pela técnica Rietveld. b: tamanho de cristalito obtido pela técnica Rietveld. Fonte: Autor, 2013 A Figura 27 mostra as imagens de microscopia eletrônica de varredura (MEV) dos pós da família I. As micrografias mostram tamanhos de partículas menores que 1 µm na temperatura de calcinação de 1100°C. Nota-se nas composições a e b, Figura 29, uma morfologia esférica com profusão de partículas de tamanho por volta de 200 a 500 nm, o resultado do refinamento de Rietveld mostrou tamanhos médios de cristalito próximos de 414 e 578 nm para a e b respectivamente, Tabela 9. Na micrografia da amostra c, é possível observar a formação de macroaglomerados de partículas pré-sinterizadas, isto ocorre devido ao efeito das interações de van der Walls em partículas pequenas (PESSOA, 2008). Os tamanhos de partículas medem aproximadamente 200 nm e outras a metade desse tamanho. De acordo com o refinamento pela técnica de Rietveld para a composição c, a fase ferrita possui tamanho médio de cristalito maior, cerca de 188,853 nm, em relação as fases secundárias que apresentam tamanho médio dos cristais por volta 100 nm, Tabela 10. 87 Figura 27-Micrografias eletrônicas de varredura obtidas nos pós das composições de F.I a 1100°C. na análise houve aumento de 10000x das partículas. (a) (b) (c) Fonte: Autor, 2013 A Figura 28 mostra as micrografias obtidas por MEV das amostras que formam as famílias II e III. Todas as micrografias mostram tamanho médio de partículas menores que 1 µm na temperatura de calcinação de 1100°C. Com exceção da amostra b”, é possível visualizar aglomerados de partículas não homogêneas na forma e tamanho os quais constituem cristais de ferrita espinélio, conforme o DRX (Figuras 25 e 26). A análise pela técnica de Rietveld forneceu tamanhos médios de cristalito na faixa de 0,51 - 0,67 µm, havendo assim boa correlação entre as técnicas. A propriedade magnética das fases e as interações de van der Walls contribuíram para a formação dos aglomerados de partículas no 88 material. A menor homogeneidade na morfologia implica na presença de grandes concentrações de defeitos, o que deve influenciar na formação de domínios ferrimagnéticos próximos à superfície dos cristais. Isto pode alterar as características magnéticas e absorvedoras das partículas. 89 Figura 28 -Micrografias eletrônicas de varredura das ferritas que formam as famílias II e III. Os materiais foram calcinados a 1100°C/3h em atmosfera ambiente e houve aumento de 10000x das partículas. (a’) (a”) (b’) (b”) (c’) (c”) Fonte: Autor, 2013 90 As Figuras 29, 30, 31, 32 e 33 mostram os mapas composicionais das amostras b, c, c’, a” e c”, respectivamente. O mapeamento dos íons por fluorescência de raios X visou observar a homogeneidade da distribuição dos multicomponentes nessas fases ferritas calcinadas a 1100°C. O resultado mostra que o íon Mg+2 tem efeito de baixa distribuição espacial nas partículas, este fato deve influenciar nas propriedades finais do pó. É interessante verificar que os pós foram misturados com altas concentrações de Mg nas composições e que este íon apresenta o maior raio iônico de todos os íons da mistura química, (Tabela 2). Nos espectros tem regiões do mapeamento com baixa concentração de íons Magnésio, o que indica que de alguma forma ocorrem perdas durante o processo de síntese e calcinação. Este efeito pode ser causado pela síntese do citrato de Mg que é limitante do processo de homogeneidade química das fases ferritas. A grande concentração de íons Mg na solução ácido cítrico/nitrato de magnésio causa a competição local a nível molecular da fixação de 1Mg para cada 3 citratos. O caminho livre médio do Mg é diminuído pela concentração de grandes moléculas de citrato, causando assim, uma menor propensão na formação dos citratos. Com relação ao metal manganês todas as microanálises indicam discrepância entre a microscopia e o mapa composicional deste átomo. Tudo indica que houve limitação da técnica ao analisar este íon. 91 Figura 29 -Microscopia eletrônica de varredura e microanálise do material a 1100°C. MEV do pó da amostra b, mapeamento do Fe, mapeamento do Co, mapeamento do Mg e mapeamento do Ni. b Fe Mg Co Ni Fonte: Autor, 2013 92 Figura 30 -Microscopia eletrônica de varredura e microanálise do material a 1100°C. MEV do pó da amostra c, mapeamento do Fe, mapeamento do Co, mapeamento do Mn, mapeamento do Mg e mapeamento do Ni. c Fe Co Mg Mn Ni Fonte: Autor, 2013 93 Figura 31 - Microscopia eletrônica de varredura e microanálise do material a 1100°C. MEV do pó da amostra c’, mapeamento do Fe, mapeamento do Co, mapeamento do Mn, mapeamento do Mg e mapeamento do Ni. c’ Fe Co Mn Mg Ni Fonte: Autor, 2013 94 Figura 32-Microscopia eletrônica de varredura e microanálise do material a 1100°C. MEV do pó da amostra a”, mapeamento do Fe, mapeamento do Mn, mapeamento do Mg e mapeamento do Ni. a” Fe Mn Mg Ni Fonte: Autor, 2013 95 Figura 33 -Microscopia eletrônica de varredura e microanálise do material a 1100°C. MEV do pó da amostra c”, mapeamento do Fe, mapeamento do Co, mapeamento do Mn, mapeamento do Mg e mapeamento do Ni. c” Fe Co Mn Mg Ni Fonte: Autor, 2013 96 5.2 MEDIDAS MAGNÉTICAS 5.2.1 Procedimento para determinar a magnetização teórica em termos do momento angular de spin A magnetização teórica (MT) em termos da resultante de momento angular de spin foi determinada pela Equação 41. Foi levada em consideração a distribuição dos cátions na rede espinélio. Pela técnica de refinamento Rietveld obteve-se os diferentes níveis de ocupação das composições a 1100°C, 5.2.1.1. Conforme indicado nos difratogramas de raios X das Figuras 23, 26 e 27, nesta análise houve uma total concordância entre o perfil calculado e o experimental. O modelo de Néel foi seguido, de modo que a magnetização calculada é do estado fundamental (T = 0K)(GOODENOUGH,1963; KITTEL,2006). Verifica-se pela a fórmula de cada composição (5.2.1.1) que os cátions metálicos (Ni+2 , Mg+2, Ni+2, Mn+2, Co+2 e Fe+3) ocuparam simultaneamente os sítios A e B das estruturas formadas. Sendo assim, a análise de DRX associada com o refinamento Rietveld confirmou a característica de espinélio inversa do material. Os valores sobrescritos no parêntese ( ) totalizam 8 e correspondem a 1/8 do total de sítios tetraédricos (A) da cela unitária que foram preenchidos pelos cátions. Já no caso dos valores sobrescritos entre colchetes [ ] somam 16 e equivalem à ocupação de ½ dos sítios octaédricos(B) da cela unitária, os quais estão sendo preenchidos. Essa propriedade é típica de ferritas espinélio inversa (SMITH, 1998; KITTEL, 2006; CALLISTER, 2006). 97 5.2.1.1 Cálculo da magnetização teórica feito de acordo com a Equação 41 Família I de amostras a 1100°C a-(0,982Ni0,122750,24Mg0,030,078Mn0,009756,7Fe0,8375)[5,418Ni0,3386251,2Mg0,0750,082Mn0,005125 9,3Fe0,58125]2O4 Sítios tetraédricos: Ni+2 Mg+2 Mn+2 Fe+3 Sítios octaédricos: Ni+2 Mg+2 0 Mn+2 Fe+3 0 MT = 5(Feoct. - Fetet.) + 5(Mnoct. - Mntet.) + 2(Ni oct. - Nitet.) MT = 5(9,3 - 6,7) + 5(0,082 - 0,078) + 2(5,418 - 0,982) MT = 13 +0,02 + 8,872 MT = 21,892/8(cela unitária ) 2,74 µB por molécula b - (0,32Ni0,040,1Mg0,01250,05Co0,00625 7,53Fe 0,94125) [6,08Ni0,38 1,34Mg0,08375 0,11Co0,006875 8,47Fe0,529375]2O4 Sítios tetraédricos: Ni+2 Mg+2 Co+2 Sítios octaédricos: Fe+3 Ni+2 Mg+2 0 0 MT = 5(Feoct - Fetet) + 3(Cooct - Cotet) + 2(Nioct - Nitet) MT = 5(8,47 - 7,53) + 3(0,11 - 0,05) + 2(6,08 - 0,32) MT = 4,7+ 0,18 + 11,52 MT = 16,4/8(cela unitária) 2,05 µB por molécula Co+2 Fe+3 98 c - (0,62Ni0,0775 0,1Mg0,0125 0,06Mn0,00750,02Co0,0025 7,2Fe0,9000) [5,78Ni0,36125 1,34Mg0,08375 0,02 Mn0,001250,06Co0,00375 8,80 Fe0,55000]2O4 Sítios tetraédricos: Ni+2 Mg+2 Mn+2 Co+2 Sítios octaédricos: Fe+3 Ni+2 0 Mg+2 Mn+2 Co+2 Fe+3 0 MT = 5(Feoct. - Fetet.) + 5(Mntet. – Mnoct.) + 3(Cooct. - Cotet.) + 2(Nioct. - Nitet.) MT = 5(8,80 - 7,20) + 5(0,06 - 0,02) + 3(0,06 - 0,02) + 2(5,78 - 0,62) MT = 8,00 + 0,20 + 0,12 + 10,32 MT = 18,64/8(cela unitária) 2,33 µB por molécula Família II de amostras a 1100°C a’ - (1,6Ni0,2 0,08Mg0,01 0,32Mn0,04 6,0Fe0,75) [4,8Ni0,3 1,12Mg0,07 0,08Mn0,005 10Fe0,625]2O4 Sítios tetraédricos: Ni+2 Mg+2 Mn+2 Sítios octaédricos: Fe+3 Ni+2 0 Mg+2 0 MT = 5(Feoct. - Fetet.) + 5(Mntet. – Mnoct.) + 2(Nioct. - Nitet.) MT = 5(10 - 6) + 5(0,32 - 0,08) + 2(4,8 - 1,6) MT = 20 + 1,2 + 6,4 MT = 27,6/8(cela unitária) 3,45 µB por molécula Mn+2 Fe+3 99 b’ - (0,08Ni 0,01 0,04Mg0,005 0,08Co0,01 7,8Fe0,975) [6,32Ni0,395 1,16Mg0,0725 0,32Co0,02 8,2Fe0,5125]2O4 Sítios tetraédricos: Ni+2 Mg+2 Sítios octaédricos: Co+2 Fe+3 Ni+2 Mg+2 0 Co+2 Fe+3 0 MT = 5(Feoct - Fetet) + 3(Cooct - Cotet) + 2(Nioct - Nitet) MT = 5(8,20 - 7,80) + 3(0,32 - 0,08) + 2(6,32 - 0,08) MT = 2,00 + 0,72 + 12,48 MT = 15,2/8(cela unitária) 1,90 µB por molécula c’ - (0,4Ni0,05 0,072Mg0,009 0,12Mn0,0150,012Co0,0015 7,396Fe 0,9245) [6,0Ni0,375 1,128Mg0,0705 0,08 Mn0,0050,188Co0,01175 8,604 Fe0,53775]2O4 Sítios tetraédricos: Ni+2 Mg+2 Mn+2 Co+2 Sítios octaédricos: Fe+3 0 Ni+2 Mg+2 Mn+2 Co+2 Fe+3 0 MT = 5(Feoct. - Fetet.) + 5(Mntet. – Mnoct.) + 3(Cooct. - Cotet.) + 2(Nioct. - Nitet.) MT = 5(8,604 - 7,396) + 5(0,12- 0,08) + 3(0,188 - 0,012) + 2(6 - 0,4) MT = 6,04 + 0,20 + 0,528 + 11,2 MT = 17,97/8(cela unitária) 2,25 µB por molécula 100 Família III de amostras a 1100°C a” - (0,96Ni 0,12 0,08Mg0,01 0,48Mn0,06 6,48Fe0,81) [5,44Ni0,34 0,72Mg0,045 0,32Mn0,02 9,52Fe0,595]2O4 Sítios tetraédricos: Ni+2 Mg+2 Mn+2 Sítios octaédricos: Fe+3 Ni+2 Mg+2 0 Mn+2 Fe+3 0 MT = 5(Feoct. - Fetet.) + 5(Mntet. – Mnoct.) + 2(Nioct. - Nitet.) MT = 5(9,52 - 6,48) + 5(0,48 - 0,32) + 2(5,44 - 0,96) MT = 15,20 + 0,80 + 8,96 MT = 24,96/8(cela unitária) 3,12 µB por molécula b” - (1,424Ni0,178 0,048Mg0,006 0,048Co0,006 6,48Fe0,81) [4,976Ni0,311 0,752Mg0,047 0,752Co0,047 9,52Fe0,595]2O4 Sítios tetraédricos: Ni+2 Mg+2 Co+2 Sítios octaédricos: Fe+3 0 Ni+2 Mg+2 0 MT = 5(Feoct - Fetet) + 3(Cooct - Cotet) + 2(Nioct - Nitet) MT = 5(9,52 - 6,48) + 3(0,752 - 0,048) + 2(4,976 - 1,424) MT = 15,200 + 2,112 + 7,104 MT = 24,42/8(cela unitária) 3,05 µB por molécula Co+2 Fe+3 101 c”-(3,168Ni0,3960,048Mg0,0060,24Mn0,030,024Co0,0034,52Fe0,565)[3,232Ni 0,2020,752Mg0,047 0,16 Mn0,010,376Co0,0235 11,48 Fe0,7175]2O4 Sítios tetraédricos: Ni+2 Mg+2 Mn+2 Co+2 Sítios octaédricos: Fe+3 Ni+2 0 Mg+2 Mn+2 Co+2 Fe+3 0 MT = 5(Feoct - Fetet) + 5(Mnoct. - Mntet.) + 3(Cooct. - Cotet.) + 2(Nioct - Nitet) MT = 5(11,48 - 4,52) + 5(0,24 - 0,16) + 3(0,376 – 0,024) + 2(3,232 - 3,168) MT = 34,800 + 0,400 + 1,056 + 0,128 MT = 36,38/8(cela unitária) 4,55 µB por molécula Na Figura 34 pode ser observada a dependência da magnetização em função do campo magnético aplicado por meio do laço de histerese para os pós das ferritas a, b e c (família I) calcinadas a 1100°C/3h em ar. Nessas três composições estequiométricas, os anéis de histereses apresentam baixa perda de energia e baixas coercitividades. As baixas perdas na inversão do campo aplicado indicam que se trata de um material magnético macio sendo dissipada pouca energia para reverter o fluxo magnético (SMITH, 1998; CALLISTER, 2006; KITTEL, 2006). Os parâmetros magnéticos como: magnetização de saturação, magnetização remanescente, permeabilidade magnética e campo coercitivo encontram-se dispostos na Tabela 13. A amostra a alcançou maior valor de magnetição de saturação (Ms = 41,85 Am2/kg) combinado com menores valores de magnetização remanescente e também de campo coercitivo. Isto indica a contribuição do manganês para o efeito total de magnetização do material. Os valores de magnetização remanescente para as amostras a e b de 100% ferrita foram inversamente proporcionais aos de Ms . Este comportamento foi contrário ao apresentado na literatura (VERMA et al., 2012). Como foi visto anteriormente pela análise dos difratogramas de raios X com ajustamento pela técnica Rietveld (Figuras 23 e 24), na composição c houve precipitação das fases de hematita e de níquel. A hematita possui comportamento antiferromagnético, deteriorando as propriedades magnéticas do material (SILVA, 2008; LIMA, 2011). Mesmo assim nesta composição a fase secundária (hematita) não é majoritária o que explica o fato do material ainda ter características ferrimagnéticas, Tabela 13. 102 Verifica-se pelos cálculos teóricos mostrados anteriormente a coerência dos resultados considerando que houve concordância entre o aumento da magnetização experimental e teórica - MT. Efeitos como a homogeneidade química, a concentração de defeitos e o volume dos domínios ferrimagnéticos causam o aumento ou diminuição da magnetização (SMITH, 1998; CALLISTER, 2006; PESSOA, 2009). Figura 34 - Histereses magnéticas das amostras que constituem a família I. O material foi calcinado a 1100 °C/3,0h em atmosfera ambiente. 40 30 a; 0,02Mn b; 0,02Co Magnetizaçăo (Am /kg) 20 2 2 Magnetizaçăo (Am /kg) 20 0 -20 -40 0 -10 -20 -30 -0,5 0,0 0,5 1,0 -1,5 1,5 -1,0 -0,5 40 30 c; 0,02MnCo 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -1,5 0,0 0,5 Campo magnético (T) Campo magnético (T) 2 -1,0 Magnetizaçăo (Am /kg) -1,5 10 -1,0 -0,5 0,0 0,5 Campo magnético (T) Fonte: Autor, 2013 1,0 1,5 1,0 1,5 103 Tabela 13 - Parâmetros magnéticos das ferritas que constituem a família I, os valores foram obtidos a partir das histereses da Figura 36. Composição Magnetização de Saturação MS(Am2/kg) Magnetização remanescente Mr(Am2/kg) Permeabilidade magnética,e (Am2/kg). T Campo coercitivo HC(T) a 41,85 4,21 35,03 9,95 x 10-3 b 26,37 5,27 22,42 1,43 x 10-2 c 33,08 7,59 26,80 1,35 x 10-2 Fonte: Autor, 2013 A Figura 35 mostra os ciclos de histereses magnéticas das amostras a’, b’ e c’ calcinadas a 1100°C por 3h. Foram obtidas curvas de histerese muito estreitas, essa propriedade indica que o material é magneticamente macio. De acordo com os resultados da Tabela 14, foi possível observar para a amostra a’, maior valor de magnetização de saturação e de permeabilidade magnética, com os respectivos valores 45,90 Am2 /kg e 37,62 Am2/kg.T. Nesta família para o menor valor de magnetização de saturação nota-se o maior valor de campo coercitivo, os quais foram obtidos na amostra b’, sendo 23,26 Am2/kg e 10,35 x 10-3 T respectivamente. Este comportamento foi observado por outros autores na literatura (SILVA, 2008; VERMA et al., 2012). A magnetização remanescente cresceu linearmente com a permeabilidade magnética, e ainda houve uma relação inversamente proporcional deste parâmetro com o campo coercitivo, Tabela 14. Neste caso, os resultados mostram que foram obtidas fases ferritas que se magnetizam e desmagnetizam pela influência de um campo magnético, mas algumas vezes a presença de defeitos estruturais oriundos do processo de síntese desfavorece a formação dos multidomínios. 104 Figura 35 - Histereses magnéticas das amostras que constituem a família II. O material foi calcinado a 1100 °C/3,0h em atmosfera ambiente. 60 30 a'; 0,05Mn Magnetizaçăo (Am /kg) 20 2 20 2 Magnetizaçăo (Am /kg) 40 0 -20 -40 -0,5 0,0 0,5 1,0 10 0 -10 -20 -30 -1,5 1,5 -1,0 Campo magnético (T) 30 -0,5 c'; 0,05MnCo 10 0 -10 -20 -30 -1,5 -1,0 0,0 0,5 Campo magnético (T) 20 2 -1,0 Magnetizaçăo (Am /kg) -60 -1,5 b'; 0,05Co -0,5 0,0 0,5 Campo magnético (T) Fonte: Autor, 2013 1,0 1,5 1,0 1,5 105 Tabela 14-Parâmetros magnéticos das ferritas que constituem a família II, os valores foram obtidos a partir dos anéis de histerese de cada composição. Composição Magnetização de Saturação MS(Am2/kg) Magnetização remanescente Mr(Am2/kg) Permeabilidade magnética,e (Am2/kg). T Campo coercitivo HC(T) a’ 45,90 4,12 37,62 4,70 x 10-3 b’ 23,26 3,12 21,10 10,35 x 10-3 c’ 28,92 4,06 24,57 8,20 x 10-3 Fonte: Autor, 2013 Observa-se na Figura 36, que o acréscimo da concentração para 0,1 levou a interessantes propriedades de magnetização nas amostras com adição de Co e Mn com Co conjugados. Na ferrita c” calcinada a 1100°C/3h ocorreu um abrupto aumento da magnetização de saturação para 53,20 Am2 /kg, Tabela 15. Este resultado confirma a importância da composição química para as propriedades magnéticas dos sistemas estudados. Verifica-se na Tabela 15 que os valores de campo coercitivo aumentaram com o aumento da magnetização remanescente, o que resulta em uma maior área de histerese. A ferrita b” apresenta maior valor de campo coercitivo e magnetização remanescente, os respectivos valores para esta amostra foram 0,0296T e 7,98 Am2 /kg. A maior homogeneidade na morfologia (Figura 28) influenciou na característica magnética desta amostra. Na literatura os valores de coercividade encontrados em ferritas moles estão abaixo de 0,0296T (SILVA, 2008; PESSOA, 2009). O fato de b” apresentar uma área de histerese mais larga devido um maior valor de campo coercitivo pode favorecer as propriedades absorvedoras deste material. O aumento do campo coercitivo ocorre quando a anisotropia é mais forte o que leva ao momento magnético responder com oscilações de períodos mais curtos ou freqüências mais altas. Neste caso o momento magnético está mais fortemente alinhado com o eixo de magnetização fácil (CALLISTER, 2006; KITTEL, 2006). Comparando-se os resultados experimentais de magnetização de saturação das três famílias estudadas na temperatura de 1100°C, observa-se que houve concordância com a magnetização teórica em termos de magnéton de Bohr, conforme os cálculos mostrados 106 anteriormente. Os resultados teóricos foram determinados a partir das distribuições catiônicas obtidas no tratamento pela técnica Rietveld. Figura 36 - Histereses magnéticas das amostras que constituem a família III. O material foi calcinado a 1100 °C por 3,0h em atmosfera ambiente. a"; 0,1Mn Magnetizaçăo (Am /kg) 40 b"; 0,1Co 20 2 20 2 Magnetizaçăo (Am /kg) 40 0 -20 -40 -20 -40 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 -1,5 -1,0 Campo magnético (T) 60 -0,5 c"; 0,1MnCo 20 0 -20 -40 -60 -1,5 0,0 0,5 Campo magnético (T) 40 2 -1,0 Magnetizaçăo (Am /kg) -1,5 0 -1,0 -0,5 0,0 0,5 Campo magnético (T) Fonte: Autor, 2013 1,0 1,5 1,0 1,5 107 Tabela 15 -Parâmetros magnéticos das ferritas que formam a família III, os valores foram obtidos a partir dos anéis de histerese de cada composição. Magnetização de Saturação MS(Am2/kg) Magnetização remanescente Mr(Am2/kg) Permeabilidade magnética,e (Am2/kg). T Campo coercitivo HC(T) a” 42,09 6,66 39,22 1,15 x 10-2 b” 38,77 7,98 32,94 2,96 x 10-2 c” 53,20 3,86 45,76 8,65 x 10-3 Composição Fonte: Autor, 2013 Para fazer uma comparação entre os resultados teóricos e experimentais de magnetização estimou-se os valores de magnetização teórica pelo procedimento 5.2.1. Ao passo que a magnetização experimental foi calculada pela Equação 43. A determinação da magnetização teórica segue o modelo de Néel (KITTEL, 2006). Os níveis de ocupação dos cátions em sítios tetraédricos e octaédricos foram obtidos pelo refinamento Rietveld. De acordo com os resultados (Tabelas 16 e 17) a magnetização teórica (MT) atinge o maior valor quando a magnetização experimental do sistema é maior. A determinação da magnetização teórica segue o modelo de Néel (KITTEL, 2006). Os níveis de ocupação dos cátions em sítios tetraédricos e octaédricos foram obtidos pelo refinamento Rietveld. Tabela 16 -Quantidade de dopante (Mn/Co), magnetização experimental (Mexp.) e magnetização teórica (MT) das fases que compõem a família I. (*): Composição com 93,55% de fase ferrita. Composição ferrita Quantidade de Mn/Quantidade de Co Magnetização experimental (Mexp.) Magnetização teórica-MT a 0,02/0,00 1,711 2,74 b 0,00/0,02 1,078 2,05 c* 0,01/0,01 1,353 2,33 Fonte: Autor, 2013 108 Tabela 17 - Quantidade de dopante (Mn/Co), magnetização experimental (M exp.) e magnetização teórica (MT) das fases que compõem as famílias II e III. Na Figura X19 observa-se que prevaleceu uma relação direta da magnetização em Composição ferrita Família II Família III termos de magnéton de Bohr com a quantidade de manganês. Este comportamento é linear ” a’ I (gráfico b’ b” c” para as composições da família F.I) c’e da família IIa(gráfico F.II). Em relação à família III (gráfico F.III), a amostra com adição de 0,05 de Mn apresentou resultado de Quantidade desuperior à 0,05/0 0,025/0,025 0,10/0 assim 0/0,10 ,05/0,05 magnetização adição 0,10/0,05 deste mesmo dopante, mesmo a exemplo do que Mn/Quantidade de Co ocorreu nas famílias I e II verifica-se um acréscimo na magnetização destes materiais devido à adição do manganês. Isto indica que o manganês favorece a propriedade magnética das Mexp. 1,884 0,955 de 1100°C, 1,187 outros efeitos 1,739 como 1,604 2,200 composições estudadas. Na temperatura a homogeneidade química, a concentração de defeitos estrutural e o volume dos domínios ferrimagnéticos causam magnetização. (MT)o aumento ou diminuição 3,450 da1,900 2,250 3,120 3,050 4,550 Fonte: Autor, 2013 Os gráficos da Figura 37 correlacionam os valores experimentais de magnetização com a quantidade de manganês adicionado nos sistemas. Verifica-se um comportamento idêntico nas famílias I (F.I) e II (F.II). O aumento na concentração de manganês foi linear com o aumento da magnetização. Pela técnica de difração de raios X observou-se que após o tratamento térmico a 1100°C houve a completa formação da fase ferrimagnética em quase todas as composições, exceto em c, isso foi visto pelos difratogramas de estruturas similares nas Figuras 23, 25 e 26. O gráfico F.III (Figura 37) mostra um comportamento não linear, mesmo assim houve tendência favorável ao crescimento da resultante magnética em função da adição de manganês. Conforme relatos da literatura a distribuição dos cátions na estrutura espinélio e a rotação dos domínios influem as característica de magnetização das ferritas (VERMA et al., 2012). 109 Figura 37 - Quantidade de manganês versus magnetização. Composições das famílias I, II e III. 2,0 1,8 F.II F.I 1,7 Mn Mn 1,8 1,6 1,6 1,5 Mexp. Mexp. 1,4 1,3 1,4 1,2 1,2 1,1 1,0 1,0 0,8 0,9 0,000 0,005 0,010 0,015 0,00 0,020 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 Concentraçăo de Mn Quantidade de Mn 2,50 F.III Mn 2,25 Mexp. 2,00 1,75 1,50 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 Concentraçăo de Mn Fonte: Autor, 2013 Os gráficos da Figura 38 mostram uma relação inversamente proporcional da magnetização com a quantidade de cobalto adicionado aos sistemas obtidos a 1100°C por 3 horas. Este comportamento é observado nas composições da família I (gráfico F.I) e da família II (gráfico F.II). Em relação à família III (gráfico F.III), a amostra com adição de 0,05 de Co apresentou resultado de magnetização superior à da amostra com adição 0,1 deste dopante, mesmo assim no geral, a exemplo do que ocorreu nas famílias I e II, verifica-se um decréscimo na magnetização destes materiais, devido à adição do cobalto. Isto indica que o cobalto ao contrário do manganês fez diminuir o efeito magnético total das fases. Para calcinações em 1100°C, fatores como o tamanho de partículas, a concentração de defeitos e o 110 volume dos domínios ferrimagnéticos definem o efeito da magnetização total de cada sistema (LIMA et al., 2008a; LIMA et al., 2008b). Figura 38 - Quantidade de cobalto versus magnetização. Composições das famílias I, II e III. 1,8 2,0 F.I 1,7 Co 1,6 F.II Co 1,8 1,5 1,6 Mexp. Mexp. 1,4 1,3 1,2 1,4 1,2 1,1 1,0 1,0 0,9 0,000 0,005 0,010 0,015 0,8 0,020 0,00 Quantidade de Co 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 Quantidade de Co F.III Co 2,25 Mexp. 2,00 1,75 1,50 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 Quantidade de Co Fonte: Autor, 2013 Os gráficos da Figura 39 mostram a relação entre a magnetização teórica em termos do momento angular de spins e a magnetização de saturação, a comparação foi feita para os sistemas que formam as famílias II e III. Observa-se uma relação direta entre a magnetização teórica (MT) e experimental (Ms). O efeito de magnetização de saturação experimental foi maior para a adição de Mn com Co conjugados, nessa amostra a quantidade de dopantes foi 0,1(0,05 de Mn e 0,05 de Co). O resultado revela a importância dos elementos Manganês e Cobalto para as propriedades magnéticas do material. 111 Figura 39 - (*) Magnetização de saturação experimental versus quantidade de dopante, (**) magnetização teórica versus quantidade de dopante. 6 5 MT 4 ** Teórica 3 2 1 0 52,5 * Experimental 37,5 2 Am /kg 45,0 30,0 22,5 15,0 0,05Mn 0,05Co 0,025Mn0,025Co 0,1Mn 0,1Co 0,05Mn0,05Co Quantidade de dopante Fonte: Autor, 2013 A Tabela 18 correlaciona alguns resultados obtidos para as ferritas que formam as famílias II e III. Após o tratamento térmico a 1100°C observou-se 100% de fase pura nestas composições, difratogramas das Figuras 25 e 26. Nota-se que a composição b’ apresenta valor de parâmetro de rede um pouco menor quando comparado às composições a’ e c’. Em relação às composições da família III, nas quais houve aumento nas concentrações dos dopantes para 0,1 manteve a mesma tendência observada na família II com os respectivos valores 8,346, 8,343 e 8,344Å para as amostras a”, b” e c”. Os resultados sugerem que a adição de cobalto segue o efeito do raio atômico menor relativo ao manganês haja visto que o aumento deste dopante em posições octaedrais/tetraedrais causou um efeito sutil de retração do volume de cela. Este efeito de maior empacotamento atômico altera as características de atração-repulsão entre íons, portanto afetam o campo elétrico local e deformam os íons o que pode influenciar também nas propriedades magnéticas dessas ferritas (SMITH, 1998). Os gráficos da Figura 40 correlacionam os valores experimentais de magnetização de saturação e campo coercitivo que se encontram Tabela 18. Verifica-se que o aumento da magnetização de saturação (Ms) causou decréscimo do campo coercitivo (H c), esta tendência 112 prevaleceu nas famílias II e III e concordou com resultados existentes na literatura (VERMA et al., 2012). Observa-se na Tabela 18 a ocorrência de alto valor de campo coercitivo na amostra b”. Isto está associado ao campo anisotrópico desse sistema (LIMA, 2003; KITTEL, 2006). Tabela 18 - Resultados da análise de parâmetro de rede (a), volume de cela unitária (V), magnetização de saturação (Ms) e campo coercitivo (HC). Composição Ferritas da família II Ferritas da família III a’ b’ c’ a” b” c” a (Å) 8,345 8,342 8,347 8,346 8,343 8,344 V(Å3) 581,138 580,511 581,556 581,346 580,720 580,929 Ms (Am2/Kg) 45,90 23,26 28,92 42,09 38,77 53,20 HC (T) 4,70x10-3 10,35x10-3 8,20x10-3 1,15x10-2 2,96x10-2 0,86x10-2 Fonte: Autor, 2013 113 Figura 40 -Magnetização de saturação (Ms) versus campo coercitivo das composições que formam as famílias II (F.II) e III (F.III). 50 50 F.II F.II 45 45 MS(Am /Kg) 40 2 35 35 30 30 25 25 20 -3 4,0x1020 -3 5,0x10 -3 4,0x10 -3 6,0x10 -3 -3 -3 5,0x10 -3 7,0x10 6,0x10 8,0x10 -3 9,0x10 -3 -3 7,0x10 H (T) 8,0x10 C HC(T) -2 1,0x10 -3 -2 1,1x10 -2 9,0x10 1,0x10 -2 1,1x10 . 54 F.III 52 50 48 2 MS(Am /Kg) 2 MS(Am /Kg) 40 46 44 42 40 38 -3 5,0x10 -2 1,0x10 -2 1,5x10 -2 2,0x10 HC(T) Fonte: Autor, 2013 -2 2,5x10 -2 3,0x10 114 A Tabela 19 encontra-se a análise de Rietveld para os níveis de ocupação dos cátions Fe+3 e Ni+2. Os resultados desta análise estão sendo comparados com a magnetização experimental (Mexp.) dos sistemas 100% ferrita (famílias II e III) a 1100°C. Os percentuais dos níveis de ocupação foram obtidos do arquivo padrão utilizado no refinamento. Houve concordância entre o perfil calculado e o observado (experimentalmente), cujos detalhes foram relatados anteriormente. A partir dos dados da Tabela 19, pode-se inferir que o material apresenta estrutura espinélio tipo inversa, ou seja, os íons metálicos Ni+2 e Fe+3 se reversam na ocupação dos sítios tetraédricos e octaédricos. A máxima concentração em um desses sítios, por parte de um dos íons (Ni+2 ou Fe+3) faz diminuir a concentração do outro no mesmo tipo de sítio, e vice-versa. O maior valor de magnetização experimental (Mexp.) ocorreu quando a quantidade de íons Fe+3 em posições octaédricas foi máxima (amostra c’). De forma contrária, para os casos em que houve altas concentrações do íon Ni +2 em posições octaedrais obteve-se os valores mais baixos de magnetização. Tabela 19 - %Feoct., Nioct., %Fetet., Nitet. e magnetização experimental em termos de magnétons de Bohr das fases que formam as famílias II e III. Composição ferrita Família II a’ %Feoct %Nioct. 62,500 75,000 b’ 51,250 98,750 Família III c’ 53,770 93,750 a” 59,500 85,000 b” 59,500 98,750 c” 71,750 50,500 Como observado, no cálculo da resultante MT a partir dos níveis de ocupação calculados +3 por Rietveld, houve aumento do efeito1,250 magnético pela adição preferencial de íons Fe49,500 em %Ni 25,000 6,250 15,000 1,250 tet. %Fetet. 37,500 48,750 46,225 40,500 40,500 28,250 Mexp. 1,884 0,955 1,187 1,739 1,604 2,200 Fonte: Autor, 2013 115 Conforme verifica-se nas Figuras 41 e 42, o percentual do nível de ocupação para os cátions Fe+3 e Ni+2 que foi obtido pela técnica Rietveld está sendo relacionado com a magnetização experimental. Nota-se um crescimento da magnetização com a adição preferencial de Fe+3 em posições octaédricas (Figuras 41) e de Ni+2 em posições tetraedrais (Figuras 42). O resultado está de comum acordo com a literatura (AMIN, NEWNMAM, 1992), uma vez que os íons Fe+3 e Ni+2 têm energia preferencial para sítios tetraédricos e octaédricos. Figura 41- Gráficos de Mexp. em função dos percentuais de íons Fe+3 e Ni+2 em posições octaédricas. +3 % Fe (octaedral) +2 % Ni (octaedral) 100 % Sítios octaédricos 90 80 70 60 50 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 Mexp. Fonte: Autor, 2013 2,0 2,2 116 Figura 42 - Gráficos de Mexp. em função dos percentuais de íons Fe+3 e Ni+2 em posições tetraédricas. +3 % Fe (tetraedral) +2 % Ni (tetraedral) 50 % Sítios tetraédricos 40 30 20 10 0 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 Mexp. Fonte: Autor, 2013 2,0 2,2 117 5.3 ANÁLISE DE REFLETIVIDADE NA FAIXA DE 8,2 A 12,4 GHz EM FUNÇÃO DA ESPESSURA DA CAMADA A Figura 43 apresenta as medidas de refletividade obtidas em várias espessuras para as formulações que constituem a família I. As curvas de refletividade foram obtidas na faixa de frequências de 8,2 a 12,4 GHz (Banda X). O resultado indica que o efeito de absorção variou com a espessura do MARE. Isso pode ser observado nas curvas das três composições (a, b e c) de F.I. A Tabela 20 trás detalhadamente dos valores de absorção em função da espessura e da frequência de cada composição obtida a 1100°C/3h. Em todas as amostras F.I a curva de refletividade cuja espessura é 5 mm tende a deslocar a máxima absorção para regiões de freqüências menores do que 8,2 GHz, Figura 45. Assim as amostras a, b e c com espessura de 5 mm, passa a ter absorção máxima, respectivamente, de aproximadamente -2,3(38%), -2,20 (36,7%) e -7,8(70,2%)dB na frequência 8,2 GHz. Observa-se que na espessura de 4 mm, a ferrita c (0,02Mn0,02Co) apresenta atenuação máxima de -5,2dB, que corresponde a uma absorção de 46,8% da radiação eletromagnética. No entanto, para esta espessura o material apresenta um perfil de banda larga, com a curva de absorção se mantendo próximo de uma constante para intervalo de 8,2 a 12,4 GHz. Provavelmente, houve casamento de impedância para a faixa de freqüência utilizada na caracterização e para as amostras analisadas (GAMA et al., 2011). 118 Figura 43 - Curvas de refletividade em função do intervalo de frequências (8,4 - 12,4 GHz) para as composições de F.I. (a)Ni0,8Mg0,18Mn0,02Fe2O4, b)Ni0,8Mg0,18Co0,02Fe 2O4 e (c)Ni0,8Mg0,18Mn0,01Co0,01Fe2O4. 1,0 1,0 a; 0,02 Mn b; 0,02 Co 0,5 0,5 0,0 Atenuação (dB) Atenuação (dB) 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 Referência 5,0 mm 4,0 mm 3,0 mm 1,4dB ou 23% -2,0 8 9 10 11 12 -1,0 -1,5 2,2dB ou 36,7% 13 8 9 Frequência (GHz) 10 11 12 Frequência (GHz) c; 0,02 MnCo 0 Atenuação (dB) Referência 5,0 mm 4,0 mm 3,0 mm 1,2dB ou 20,0% -2,0 2,3dB ou 38% -2,5 -0,5 -2 -4 -6 Referência 5,0 mm 4,0 mm 3,0 mm 5,2dB ou 46,8% 7,8dB ou 70,2% -8 8 9 10 11 12 13 Frequência (GHz) Fonte: Autor, 2013 Tabela 20 - Resultados de atenuação de microondas obtidos em função das ferritas da família I. (E): Espessura em mm. Composição Faixa de frequência (GHz) %Atenuação máxima da reflexão (E) AbsorçãoFrequência (E) AbsorçãoFrequência a (8,2 - 12,4) (5) 38,08,20 (4) 23,010,35 b (8,2 - 12,4) (5) 36,78,20 (4) 20,010,33 c (8,2 - 12,4) (5) 70,28,20 (4) 46,89,33 Fonte: Autor, 2013 13 119 Na Figura 44 observa-se o resultado de refletividade das amostras que formam a família II. O material foi submetido a tratamento térmico de 1100°C/3horas, em atmosfera ambiente. Os ensaios de refletividade foram realizados para diferentes espessuras de MARE. Nota-se que, em ambas as espessuras, a ferrita com 0,05 de Co apresenta o melhor desempenho absorvedor, Figura 44 (b’). A Tabela 21 mostra os valores de atenuação máxima obtidos nas espessuras 4 e 5 mm para ambas as composições de F.II. É observado que na espessura de 5 mm a amostra b’ atenua 51,3% de radiação na freqüência 8,2 GHz, enquanto que as amostras a’ e c’ nesta espessura atenuam cerca de 48 e 43 %, respectivamente. Nota-se ainda que para a espessura 4 mm diminui bastante a absorção tendendo a absorver com melhor eficiência em regiões de maior freqüência. A influência da espessura nos resultados foi concordante com outros estudos de medidas de refletividade utilizando fases de ferritas macias, que estão na literatura (SILVA, 2008; PESSOA, 2009). A análise de magnetometria de amostra vibrante revelou que houve maior valor de campo coercitivo (Hc) para a composição b’(10,35 x 10-3 tesla), Tabela 14. A propriedade ocasionou melhor desempenho absorvedor nesta amostra, conforme mostrado na Tabela 21. 120 Figura 44 - Curvas de refletividade em função do intervalo de frequências (8,2 - 12,4 GHz) para as ferritas de F. II. (a’)Ni0,8Mg0,15Mn0,05Fe2O4, (b’)Ni0,8Mg0,15Co0,05Fe 2O4 e (c’)Ni0,8Mg0,15Mn0,025Co0,025Fe2O4. 1,0 a' ; 0,05 Mn 0,5 b'; 0,05 Co 1 0 0,0 -1 Atenuação (dB) Atenuação (dB) -0,5 -1,0 -1,2dB ou 20,0% -1,5 Referęncia 5,0 mm 4,0 mm 3,0 mm -2,0 -2,5 -2,9dB ou 48,0% -3,0 8 9 -2 -2,2dB ou 36,7% -3 -4 -5 -6 10 11 12 Referęncia 5,0 mm 4,0 mm 3,0 mm -5,7dB ou 51,3% 13 8 Frequência (GHz) 9 10 11 12 13 Frequência (GHz) 1,0 c' ; 0,05 MnCo 0,5 Atenuação (dB) 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 -2,0 Referęncia 5,0 mm 4,0 mm 3,0 mm -1,6dB ou 26,7% -2,5 -3,0 -2,6dB ou 43,0% 8 9 10 11 12 13 Frequência (GHz) Fonte: Autor, 2013 Tabela 21-Resultados de atenuação de microondas obtidos em função das composições da família II. (E): Espessura em mm. Composição Faixa de frequência (GHz) %Atenuação máxima da reflexão (E) AbsorçãoFrequência (E) AbsorçãoFrequência a’ (8,2 - 12,4) (5) 48,08,20 (4) 20,010,35 b’ (8,2 - 12,4) (5) 51,38,20 (4) 36,78,50 c’ (8,2 - 12,4) (5) 43,08,20 (4) 26,710,50 Fonte: Autor, 2013 121 A Figura 45 apresenta a análise de refletividade realizada na família III de amostras a 1100°C. Verifica-se que a adição 0,1 de dopantes aumentou a atenuação e a frequência na composição b”(0,1Co), para 84% e 10,17 GHz, respectivamente. O material com 0,1 de Co apresenta curva de absorção com um perfil de “U”, obtendo maior atenuação na região entre 8,5 até aproximadamente 11,6 GHz. A exemplo do que ocorreu nas famílias I e II, os materiais absorvedores de radiação (RAM’s - Radar Absorbing Materials) com espessura 5 mm demonstram ser melhor em regiões de frequências fora da banda X, ou seja, em regiões inferiores a 8,2 GHz apresentando atenuação de -11dB (71%) na frequência de 8,2 GHz, não sendo possível a visualização do seu máximo de absorção. Os percentuais máximos de absorção obtidos valores específicos de frequência (na faixa 8,2 – 12,4 GHz) é esboçado na Tabela 22. Observa-se melhor atenuação na espessura 4 mm, em torno de 84% (10,17 GHz) para a amostra b”. Para ferritas da família III o efeito da espessura foi contrário em relação às das famílias I e II. Já que nestas últimas obteve-se maior valor de atenuação maior na espessura 5mm (amostras c e b’), Tabelas 20 e 21. O resultado de campo coercitivo 2,96 x 10-2T foi mais preponderante nos resultados de absorção do que a espessura do compósito. Outra observação que chama atenção na amostra b” (Figura 45) é que mesmo com a queda na absorção, ocorre um alargamento na banda absorvedora com a espessura 3,0 mm. 122 Figura 45 - Curvas de refletividade em função do intervalo de frequências (8,2 - 12,4 GHz) das composições de F.III a 1100°C. (a”)Ni0,8Mg0,1Mn0,1Fe2O4, (b”)Ni0,8Mg0,1Co0,1Fe 2O4 e (c”)Ni0,8Mg0,1Mn0,05Co0,05Fe2O4. 1 a"; 0,05 Mn 0 b"; 0,1 Co -2 -4 Referência 5,0 mm 4,0 mm 3,0 mm -3,8dB ou 34,2% 8 9 10 11 % -8 Referęncia 5,0 mm 4,0 mm 3,0 mm 3, 0d B -10 -12 12 -11 dB ou 71,0 % -1 -3 -6 ou -1,5dB ou 25,0% -2 -4 ,0 -1 84 Atenuação (dB) Atenuação (dB) 0 -14 13 8 9 Frequência (GHz) 10 11 12 Frequência (GHz) 1 c"; 0,1 MnCo 0 -2,1dB ou 35% -2 49 ,5 % -3 Referência 5,0 mm 4,0 mm 3,0 mm ou -4 -5 -5 ,5 dB Atenuação (dB) -1 -6 8 9 10 11 12 13 Frequência (GHz) Fonte: Autor, 2013 Tabela 22 - Resultados de atenuação de microondas obtidos com o uso das ferritas da família III. (E): Espessura em mm. Composição Faixa de frequência (GHz) %Atenuação máxima da reflexão (E) AbsorçãoFrequência (E) AbsorçãoFrequência a” (8,20 - 12,40) (5) 34,28,20 (4) 25,010,50 b” (8,20 - 12,40) (5) 71,08,20 (4) 84,010,17 c” (8,20 - 12,40) (5) 49,58,20 (4) 35,08,50 Fonte: Autor, 2013 13 123 5.3.1 Influência dos dopantes (Mn e Co) nos resultados de campo coercitivo e refletividade A análise conjunta dos gráficos das Figuras 46 e 47 enfatiza a importância do elemento cobalto para as propriedades de campo coercitivo (Hc) e refletividade. A maior concentração desse dopante nos sistemas estudados resultou em maiores valores de campo coercitivo (gráficos azuis da Figura 46), ocorrendo o comportamento inverso em relação ao dopante manganês. Comparando-se as Figuras 46 e 47, observa-se que houve uma relação direta, entre o campo coercitivo e o desempenho absorvedor nas três famílias de amostras, haja visto, que o acréscimo na concentração de Co também elevou os percentuais de absorção (%A), eixo das ordenados dos gráficos da Figura 47. Verifica-se ainda que a coexistência da concentração de manganês nos sistemas também diminui o efeito de absorção, (gráficos vermelhos da Figura 47). É sabido, pela literatura, que o cobalto tem campo de anisotropia magnética forte (CALLISTER, 2006; KITTEL, 2006). Nestes materiais isto está associado ao aumento do campo coercitivo, Hc. De forma que como a medida do campo anisotrópico de um material é extremamente complicada, optou-se pela medida de Hc. 124 -2 1,5x10 -2 1,4x10 -2 Co 1,3x10 -2 Mn 1,2x10 -2 1,1x10 -2 1,0x10 -2 HC(T) F.I -3 9,0x10 -2 1,5x10 1,4x10 -2 1,3x10 -2 1,2x10 -2 1,1x10 -2 1,0x10 -2 9,0x10 -3 0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 1,1x10 -2 1,0x10 -3 9,0x10 -3 8,0x10 -3 7,0x10 -3 6,0x10 -3 5,0x10 -3 4,0x10 -2 1,1x10 -2 1,0x10 -3 9,0x10 -3 8,0x10 -3 7,0x10 -3 6,0x10 -3 5,0x10 -3 4,0x10 F.II Co Mn 0,00 Concentraçăo do dopante (Mn e Co) 3,0x10 -2 2,5x10 -2 2,0x10 -2 1,5x10 -2 1,0x10 -2 HC(T) HC(T) Figura 46 -Campo coercitivo versus concentrção do dopante (Mn e Co) das composições que constituem as famílias F.I, F.II e F.III. F.III -3 Co 5,0x10 -2 3,0x10 2,5x10 -2 2,0x10 -2 1,5x10 -2 1,0x10 -2 5,0x10 -3 Mn 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 Concentraçăo do dopante (Mn e Co) 0,02 0,04 0,06 0,08 Concentraçăo do dopante (Mn e Co) Fonte: Autor, 2013 0,10 0,05 125 70 50 45 40 35 30 25 20 50 45 40 35 30 25 20 Co 60 Mn 50 Co Mn F.II 40 F.I %Amáx. 30 20 50 40 30 20 10 0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,00 100 Mn Co 80 0,01 F.III 60 40 20 90 75 60 45 30 15 0,00 0,02 0,03 0,04 Concentraçăo do dopante (Mn e Co) Concentraçăo do dopante (Mn e Co) %Amáx. %AMáx. Figura 47: Percentual de atenuação máxima de microondas (Amáx.) versus concentração do dopante (Mn e Co) das composições que constituem F.I, F.II e F.III. 0,02 0,04 0,06 0,08 Concentraçăo do dopante (Mn e Co) Fonte: Autor, 2013 0,10 0,05 126 Os parâmetros magnéticos como campo coercitivo (Hc) e magnetização de saturação experimental (Mexp.) estão sendo correlacionados com a quantidade de manganês e com o percentual de absorção na Tabela 23. É importante verificar que a resultante magnética aumentou com a adição de manganês. Nas amostras a’ e a” ocorreram as maiores magnetizações experimentais o que não acarretou alta absorção por parte desses sistemas (Tabela 23), isto indica que o efeito da alta magnetização do pó não corrobora com o aumento da refletividade e sim com a resistência dos domínios magnéticos em se despolarizarem (SHRIVER; ATKINS, 2008). Estes resultados são contrários aos obtidos recentemente na literatura, os quais afirmam existir uma relação direta entre o aumento da magnetização e o aumento da atenuação, o que não foi confirmado por esta pesquisa (LIMA et al., 2008b; PESSOA, 2009). Entretanto, a presença de manganês na estrutura resultou em baixos valores de Hc, essa propriedade apresenta uma relação direta com a diminuição da absorção, Tabela 23. Tabela 23 - Quantidade de manganês, campo coercitivo (Hc), magnetização experimental em termos de magnétons de Bohr ( Mexp.) e absorção máxima de microondas (%A) do material a 1100°C. Composição b” c a c’ a’ a” Quantidade de manganês (Mn) 0 0,01 0,02 0,025 0,05 0,1 Hc (T) 2,96x10-2 9,93x10-3 8,20x10-3 4,70x10-3 1,15x10-2 Mexp. (µB) 1,604 1,353 1,711 1,187 1,884 2,200 (4) (5) (4) (4) (4) (4) 84,010,17 70,28,50 23,010,35 26,710,50 20,010,35 25,010,50 (E)%AFrequência (E): Espessura em mm. específicos. 1,35x10-2 %A: porcentagem máxima de absorção para valores de frequências Fonte: Autor, 2013 127 Os dados da Tabela 24 indicam que o aumento da quantidade de cobalto foi elevou os valores de campo coercitivo (Hc), esse parâmetro também melhorou o resultado de absorção. No entanto, a adição deste dopante causou diminuição da magnetização experimental de do material. A adição máxima (amostra b” ) de cobalto resultou no maior valor de Hc e também melhorou o percentual de absorção, Tabela 24. Portanto, nesta amostra houve aumento da anisotropia magnética (alta frequência de ressonância) devido à adição de 0,1 de Co. Esta propriedade certamente deslocou a frequência e a absorção para maiores valores, resultando em um valor de 10,17 GHz e 84%, respectivamente para b”. O resultado revela a importância do elemento cobalto para a otimização de ferritas com propriedades atenuadoras de microondas. Entretanto, outros fatores relacionados com a morfologia do(s) pó(s), a concentração de defeitos e o volume dos domínios ferrimagnéticos influenciam diretamente no efeito de magnetização e de absorção de microondas destes materiais (LIMA et al., 2008b; PESSOA, 2009). É importante destacar, que entre as causas para um bom desempenho absorvedor na ferrita b” pode está a alta homogeneidade química, revelada pela análise de MEV, Figura 30. Tabela 24 - Quantidade de cobalto, força coercitiva (Hc), magnetização experimental em termos de magnétons de Bohr (Mexp.) e absorção máxima de microondas (%A) do material a 1100°C. a’ b c’ b’ b” Quantidade de cobalto (Co) 0 0,02 0,025 0,05 0,1 Hc (T) 4,7x10-3 1,43x10-2 8,20x10-3 10,35x10-3 2,96x10-2 Ms (µB) 1,884 1,078 1,187 0,995 1,604 (5) (4) (5) (4) 36,78,30 26,710,50 51,38,20 84,010,17 Composição (E)%AFrequência (4) 20,010,35 (E): Espessura em mm. %A: porcentagem máxima de absorção para valores de frequências específicos. Fonte: Autor, 2013 128 6 CONCLUSÕES O método do citrato precursor é eficiente para sintetizar fases nanométricas de ferritas espinélio. Este efeito é observado ao analisar a gravimetria dos citratos e a alta cristalinidade das fases. Houve um controle preciso da estequiometria a nível molecular. Portanto, este método favorece as características morfológicas do pó o que influi diretamente em suas propriedades tecnológicas. O Mn em relação a outros metais inibe o efeito de cristalinidade de óxidos espinélio. Isto pode ser observado pelas análises TGA/DTGA e DRX ajustados pela técnica Rietveld para as amostras obtidas a 350°C. O método Rietveld mostrou-se efetivo ao analisar as composições estudadas. As fases formaram uma estrutura espinélio inversa com um grupo espacial Fd-3m:1. Neste arranjo, os íons Ni +2, Mg+2, Mn+2, Co+2 e Fe+3 se distribuem por posições octaedrais e tetraedrais. Os cátions com maiores raios iônicos, a exemplo do Mg+2 e Mn+2 causam pequenos efeitos de expansão da cela unitária desses materiais. O Mn contribui para aumentar a magnetização de saturação de cada sistema mantendo campos coercitivos baixos. Outros efeitos como o tamanho de partículas, a concentração de defeitos e o volume dos domínios ferrimagnéticos influem decisivamente no valor da magnetização total de cada sistema. Existe uma relação direta entre a magnetização teórica determinada por Rietveld e a magnetização experimental nos materiais investigados. O cobalto quando adicionado em maior quantidade melhorou a homogeneidade química do sistema b, a presença destes íons aumenta a anisotropia do material que significa maior campo coercitivo. Na ferrita b” a absorção atingiu valores de 84% ou próximos disto para valores de frequências específicos da faixa analisada. O resultado indica que o controle da homogeneidade química e o valor 2,96 x 10-2 tesla de campo coercitivo foram determinantes para o alto desempenho absorvedor desse material. Observa-se que houve interrelação do efeito final de absorção com a espessura do MARE, a composição do material ferrimagnético e os valores específicos de frequência. O Cobalto tem alta anisotropia magnetocristalina o que melhora os resultados de refletividade das ferritas espinélio. 129 7 PERSPECTIVAS PARA TRABALHOS FUTUROS Devido à complexidade inerente dos ferroespinélios, a compreensão nas variações das propriedades magnéticas e por conseqüência a variação na absorção da onda eletromagnética é extremamente difícil. Por isso, apesar dos sistemas de ferritas terem sido intensamente estudados nos últimos anos, eles ainda apresentam muitas características que continuam sendo desconhecidas, e há um longo caminho ainda por percorrer para desvendar todas as suas propriedades interessantes. Assim, este trabalho terá continuidade, no intuito de explicar melhor o comportamento das ferritas estudadas. A fim de obter um centro absorvedor com máxima eficiência na absorção de banda larga (em 8,2 – 12,4 GHz), serão estudadas novas formulações a partir da composição b” que apresenta um melhor desempenho absorvedor. O pó das ferritas será processado nas temperaturas de calcinação 1000, 1100 e 1200°C em ambiente atmosfera ou inerte. Ainda como propostas futuras pretende-se: - Escrever e submeter os dados na forma de publicações a revistas internacionais, - Caracterizar o material pela técnica de Mossbauer para certificar a ocupação dos cátions nos sítios tetraédricos e octaédricos, - Fazer análise do fator de perdas magnética e dielétrica do material, - Estudar a eficiência da funcionalidade das ferritas analisadas neste trabalho. 130 REFERÊNCIAS AMIN, A.; NEWNHAN, R. E. Thermiston Key. Engeneering Materials, v. 66/67, p. 339 374, 1992. AL-HILLI, M. F.; SEAN, L.; KASSIM, K. K. Structural analysis, magnetic and electral properties of samarium substituted lithium-nickel mixed ferrites. Journal of Magnetism and Magnetic Materials, v. 324, p. 873-879, 2012. ASSIS, O. B. G.; FERRANTE, M. Caracterização de imãs por meio da visualização dos domínios magnéticos. 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