PANORAMA NACIONAL NATIONAL PANORAMA Farra das ImportaçÕES e Altos Impostos prejudicam A siderurgia nacional Importation spree and high taxes affect Brazilian plants R ecuperação da produção e do consumo e dificuldades causadas pelo excesso de importações. Esse poderia ser o resumo, numa frase, da situação vivida pela indús tria siderúrgica nacional em 2010. De acordo com dados do Instituto Aço Brasil (IABr), a produção brasileira de aço bruto foi de 32,8 milhões de toneladas, o que significou aumento de 23,8% em relação a igual perí odo de 2009. O consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos atingiu o recorde de 26,6 milhões de toneladas, um crescimento de 43,1% em relação a 2009. Vários outros indicadores também foram positivos. Além do aço bruto, os laminados também tiveram sua produção aumentada, atingindo 25,8 milhões de toneladas o que representa um crescimento de 27,7% na com paração com 2009. As vendas internas acumu ladas em 2010 tiveram um incremento maior ainda, de 29,2%, chegando a 21,1 milhões de toneladas. Quanto às exportações, totalizaram 22 R ecovery of production and consumption, and difficulties caused by excessive imports. This could be the summary, in one sentence, of the situation faced by the domestic steel industry in 2010. According to data from Brazil Steel Institute (IABr), the Brazilian production of crude steel amounted to 32.8 million tons, representing an increase of 23.8% over the same period in 2009. The domestic apparent consumption of steel products reached a record 26.6 million tons, up 43.1% against the previous year. Several other indicators were positive. Besides crude steel, laminates production also increased reaching 25.8 million, which represents a growth of 27.7% in tons up to 2009. Domestic sales in 2010 had an even higher increase: 29.2%, reaching 21.1 million tons. As for exports, international sales totaled 9.0 million tons and US$ 5.8 billion, an increase of 4.1% in volume and 22.8% in value when compared to the previous year. Panorama do AÇO • 2011 Setor da construção civil teve papel importante na recuperação da siderurgia nacional The construction industry had an important role on the recovery of the domestic steel industry 9,0 milhões de toneladas, totalizando 5,8 bilhões de dólares, representando aumento de 1,1% em volume e de 22,8 em valor, quando comparados ao ano anterior. O problema é que as compras externas saltaram 154,2%, chegando a 5,9 milhões de toneladas, criando dificuldades para as side rúrgicas com usinas no país. Para o presidente da Associação Aço do Rio Grande do Sul, José A. F. Martins, o ano de 2010 foi o da continuidade dos resultados das medidas que o governo federal tomou em 2009 para superar a crise mundial, que eclo diu em 2008. “Foram estratégias extrema mente inteligentes, com as quais o governo procurou tirar o país da crise”, afirmou. “Elas incluíram, não só à redução e desoneração do IPI nos automóveis, mas também a diminui ção substancial do depósito compulsório dos bancos. Com isso, essas estratégias criaram uma forte ampliação das linhas de crédito para as empresas”, concluiu. A avaliação do IABr é semelhante. Para o instituto, a melhora no desempenho da side rurgia nacional reflete, além do bom momento da economia nacional e do desempenho dos consumidores de aço apoiados por medidas governamentais, os primeiros efeitos do início das atividades dos diversos programas espe ciais, com destaque para o de Petróleo e Gás, Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016. Um dos setores que mais consome aço, o da construção civil, por exemplo, teve papel importante na recuperação da indústria siderúr gica nacional em 2010. “No primeiro semestre, tivemos um crescimento de 15,7% em relação a igual período do ano anterior”, informou o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão. O aumento do número de empregos gerados pela construção civil é outro dado positivo, que atesta seu crescimento. Até setembro de 2010, foram criados mais de 300 mil postos de tra balho, praticamente o dobro do que tinha sido gerado no mesmo intervalo do ano anterior. “A atitude rápida do governo federal foi deter minante para evitar estragos maiores na eco nomia brasileira no momento da crise”, disse. STEEL Panorama • 2011 The problem is that imports jumped 154.2%, approaching 5.9 million tons, thus creating difficulties for those with steel mills in the country. For the President of the Steel Association of Rio Grande do Sul (AARS), José A. F. Martins, 2010 showed continuity in the results achieved by the federal government’s programs started of 2009, targeting the global crisis that started in 2008. “The strategies adopted by the government to help the country surpass the crisis were extremely intelligent,” he said. “They included not only the reduction and elimination of the IPI tax on cars but also a substantial reduction of compulsory bank deposits. The strategies created a strong expansion in lines of credit for companies,” he concluded. The IABr’s assessment is similar. For the Institute, this improvement in performance of the national steel industry reflects, besides the good moment of the national economy and the performance of steel consumers supported by government action, the first effects of the beginning of the activities of the various special programs, with emphasis on the Oil and Gas, the 2014 World Cup and the 2016 Olympics. The construction industry, as one of the sectors that consume the highest amount of steel, for example, had an important role on the recovery of the domestic steel industry in 2010. “In the first semester, we had growth of 15.7% over the same period last year,” informed the president of the Brazilian Chamber of the Construction Industry (CBIC), Paulo Safady Simão. The increase in the number of jobs generated by the construction industry is another positive factor, re-emphasizing its growth. According to Simão, until September 2010, more than 300,000 jobs were created, almost two times what had been generated in the same period last year. "The quick attitude was crucial to avoid major damage in the Brazilian economy 23 PANORAMA NACIONAL NATIONAL PANORAMA “O maior avanço foi o estreitamento do seu diálogo com o setor produtivo, por meio do que se convencionou chamar de Grupo de Acompanhamento da Crise, que se reunia com a periodicidade necessária para diagnos ticar problemas e buscar soluções”, concluiu. during the crisis," he praised. "The biggest advance was the narrowing of its dialogue with the productive sector, through the socalled Crisis Monitoring Group, which met as often as necessary to diagnose problems and find solutions, he concluded." Ajuda do governo Government help O diretor comercial da Companhia Side rúrgica Nacional (CSN), Luis Fernando Martinez, também aprovou as medidas governamentais. Para ele, o governo cum priu com seu papel. “Como o aço está presente em grande parte dos bens de con sumo, sem dúvida o setor como um todo se beneficiou destas medidas tomadas à época da crise.” Por causa do excesso de compras exter nas, no entanto, as usinas brasileiras não se beneficiaram totalmente da recuperação do mercado siderúrgico brasileiro. De acordo com o presidente-executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, quem lucrou foram as chinesas, russas, coreanas, espanholas, de Taiwan e ucranianas, de onde veio a maioria das importações. “Dentre as preocupações The commercial director of Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Luis Fernando Martinez, also liked the government's measures. For him, the government has fulfilled its role. "It gave incentives to the automotive and white goods, promoted interest rates reduction and offered credit through state banks in order to contribute to the reactivation of the market," he explained. “As the steel is present on most consumer goods, no doubt the industry as a whole benefited from these measures taken at the time of crisis”. Because of the excessive imports, however, the Brazilian plants have not fully benefited from the recovery of the steel industry. According to the IABr chief executive, Marco Polo de Mello Lopes, those that profited were the Chinese, Russian, Korean, Spanish, PRODUÇÃO SIDERÚRGICA BRASILEIRA • unid. 103t Brazilian Steelworks Production • unit (103t) PRODUTOS Products JAN/Dez JAN/DEC 2010(*) 10/09OUT OCTNOV NOV DEZEMBRO DECEMBER 10/09 (%) 2010 2010 2010(*) 2009 (%) ÚLTIMOS 12 MESES Last 12 months AÇO BRUTO Crude Steel 32.819,7 26.506,4 23,8 2.927,7 2.599,6 2.407,0 2.579,5 ( 6,7) 32.819,7 LAMINADOS Laminates 25.832,9 20.222,6 27,7 2.226,7 2.064,5 1.813,3 2.006,1 (9,6) 25.832,9 PLANOS Flat Steel 15.586,7 11.851,8 31,5 1.322,3 1.234,0 1.183,0 1.305,8 (9,4) 15.586,7 LONGOS Long Steel 10.246,2 8.370,8 22,4 904,4 830,5 630,3 700,3 (10,0) 10.246,2 SEMI-ACABADOS P/VENDAS Semi-Finished Steel for Sale 6.200,4 5.461,8 13,5 608,8 641,3 638,2 478,3 33,4 6.200,4 PLACAS Steel Plates 4.873,9 4.089,8 19,2 462,2 500,8 455,8 401,1 13,6 4.873,9 LINGOTES. BLOCOS E TARUGOS Steel Ingots. Blocks and Billets 1.326,5 1.372,0 (3,3) 146,6 140,5 182,4 77,2 136,3 1.326,5 FERRO-GUSA Pig-Iron 31.531,0 25.135,0 25,4 2.772,5 2.488,2 2.464,7 2.580,7 (4,5) 31.531,0 USINAS INTEGRADAS Int. Steel Mills 25.680,4 20.862,4 23,1 2.303,0 2.028,2 1.994,7 2.165,4 (7,9) 25.680,4 PRODUTORES INDEPENDENTES Independent Producers 4.272,6 36,9 469,5 460,0 470,0 415,3 13,2 5.850,6 11.0 (100.0) 0.0 0.0 0.0 0.0 - 0.0 5.850,6 FERRO-ESPONJA DirectReduced Iron Fonte/Source: Instituto Aço Brasil – IABr 24 2009 0.0 (*) Dados Preliminares Preliminary Data Panorama do AÇO • 2011 PANORAMA NACIONAL NATIONAL PANORAMA do setor estão a queda nas exportações e as crescentes importações de bens fabricados por alguns segmentos intensivos em aço”, disse Lopes. “É um quadro que requer aten ção e está associado às taxas de câmbio e, em parte, às assimetrias nas condições de concorrência com empresas internacionais.” Segundo ele, para viabilizar a melhor uti lização de capacidade do parque siderúrgico nacional e a retomada da sua expansão, o mercado interno precisa ser estimulado com incentivo ao consumo, investimentos e pro teção contra importações desleais. Práticas essas que foram adotadas pelo governo para alguns setores durante a crise de 2008 e que tiveram bons resultados. “Com a redução temporária de imposto, o setor automotivo se recuperou”, lembrou Lopes. “A construção civil retomou as suas atividades ao nível de 2006 e apresenta perspectivas favoráveis, principalmente se considerarmos os projetos especiais da Copa 2014, Olimpíadas 2016 e o programa Minha Casa, Minha Vida. Em bens de capital, a situação tem melhorado gradativamente”. Para colocar seus produtos no Brasil, as empresas estrangeiras se beneficiaram de uma conjuntura que incluía o dólar desva lorizado em 20%, a moeda chinesa subva lorizada em 40% e incentivos concedidos por diversos Estados brasileiros, numa “ver dadeira guerra fiscal” para receber o pro duto em seus portos. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), mostram que mais da Taiwanese and Ukrainian, where the majority of imports came from. “The industry's concerns include whether the drop in exports and rise in imports of manufactured goods by some intensive steel segments,” said Lopes. “It is a framework that requires attention and is associated with exchange rates and, partly, to asymmetries in terms of competition with international companies.” According to him, to enable the better utilization of the capacity of the domestic steel industry and the rebound of its expansion, the domestic market had and has to be stimulated, encouraging consumption/ investment and protection against unfair imports. Practices were adopted by the government to protect some sectors during the 2008 crisis, and they were successful. “With the temporary reduction of taxes, the automotive sector recovered,” reminded Lopes. “Construction resumed its activities at the 2006 level and shows favorable perspectives, especially considering the special projects of the 2014 FIFA World Cup, the 2016 Olympics and the My House, My Life program. In capital goods, the situation has improved gradually, he said.” In order to place its products in Brazil, foreign firms have benefited from a backdrop that included the U.S. dollar devalued by 20%, the Chinese currency undervalued by 40% and incentives granted by several Brazilian states, in a "true tax war" to get the product in their ports. Data from the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade EXPORTAçÕes BRASILEIRAS Brazilian Exports PRODUTOS ProductsJAN/DEZ JAN/DEC QUANTIDADE Amount (103t) 2010 2009 10/09DEZEMBRO DECember (%) 2010 2009 10/09 (%) SEMI-ACABADOS Semi-Finished Steel 5.256,9 4.665,7 12,7 574,3 325,4 76,5 PLANOS Flat Steel 2.312,6 2.373,8 (2,6) 369,1 214,6 72,0 LONGOS Long Steel 1.166,8 1.369,0 (14,8) 123,7 85,2 45,2 251,5 224,5 12,0 24,6 20,2 21,8 TRANSFORMADOS Transformed Steel TOTAL Total 8.987,8 8.633,0 4,1 1.091,7 645,4 69,2 VALOR Amount (106 US$ FOB) 5.794,0 4.720,1 22,8 766,2 384,0 99,5 FERRO-GUSA Pig-Iron (103t) 2.308,9 3.158,3 (26,9) 381,2 140,0 172,3 Fonte/Source: MDIC/SECEX 26 Panorama do AÇO • 2011 (MDIC) show that more than half of imported flat steel until June 2010 entered through the ports of São Francisco do Sul (state of Santa Catarina), Pecém (Ceará), Santos (São Paulo), Vitória (Espírito Santo), Paranaguá (Paraná) and Suape (Espírito Santo). Moreover, according to market analysts, many companies saw an opportunity to profit from buying steel abroad and selling in Brazil. Even those who do not usually buy the product did it. Among the main importers were automakers and manufacturers of car parts, machinery and equipment, appliances and pipes, shipbuilding companies, trading firms and traditional distributors. Even the beginners stood out. The consequences of this shopping spree abroad were harmful to plants in the country because they had to face strong competition from foreign products, especially from Asia. An example is what happened with the three steel plants that produce flat steel in the country – CSN, Usiminas and ArcelorMittal – whose main customers are companies from the automotive, construction, white goods, machinery and equipment sectors. In 2010, imports of this type of steel amounted to 4.067 million tons (an increase of 172.4% against 2009), almost 70% of all steel purchased abroad by the country, i.e., 5.46 million tons. Because of this, some of those markets were lost. In the case of CSN, its overall sales in Brazil fell 10% in the third quarter compared to the second. In the case of Usiminas, the drop was close to 14%. metade do aço plano importado até junho de 2010 entrou pelos portos de São Francisco do Sul (SC), Pecém (CE), Santos (SP), Vitória (ES), Paranaguá (PR) e Suape (ES). Além disso, de acordo com analistas do mercado, muitas empresas viram oportuni dade de lucrar adquirindo aço no exterior e vendendo no Brasil. Até aquelas que não costumavam comprar o produto fize ram isso. Entre os principais importadores, se destacaram montadoras de automóveis, fabricantes de autopeças, de máquinas e equipamentos, de linha branca e de tubos, estaleiros navais, tradings, e distribuidores tradicionais e até novatos. As consequências dessa farra de compras no exterior foram danosas para as usinas instaladas no país, que tiveram que enfrentar forte concorrência do produto estrangeiro, principalmente da Ásia. Um exemplo é o que ocorreu com as três siderúrgicas que produ zem aços planos no país – CSN, Usiminas e ArcelorMittal –, que têm como principais clientes empresas dos setores automotivo, construção civil, linha branca, máquinas e equipamentos. Em 2010, as importações desse tipo de aço chegaram a 4,067 milhões de toneladas – um aumento de 172,4% sobre 2009 – quase 70% de todo o aço comprado no exterior pelo país, 5,46 milhões de toneladas. Em conse quência, perderam parte desses mercados. No caso da CSN, as suas vendas em geral no Brasil caíram 10% no terceiro trimestre em comparação ao segundo. Na Usiminas, a queda foi da ordem de 14%. IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS Brazilian Imports PRODUTOS ProductsJAN/DEZ JAN/DEC QUANTIDADE Amount (103t) 2010 2009 SEMI-ACABADOS Semi-Finished Steel 10/09DEZEMBRO DECember (%) 2010 2009 10/09 (%) 53,1 37,4 42,0 3,7 0,7 428,6 PLANOS Flat Steel 4.067,1 1.493,2 172,4 302,8 144,4 109,7 LONGOS Long Steel 1.347,3 508,2 165,1 87,3 46,7 86,9 460,5 293,0 57,2 38,3 25,9 47,9 TRANSFORMADOS Transformed Steel TOTAL Total 5.928,0 2.331,8 154,2 432,1 217,7 98,5 VALOR Amount (106US$ FOB) 5.483,6 2.815,3 94,8 452,1 219,7 105,8 Fonte/Source: MDIC/SECEX STEEL Panorama • 2011 27 PANORAMA NACIONAL NATIONAL PANORAMA Na verdade, a entrada de produtos side rúrgicos no mercado brasileiro começou a crescer no início de 2010 e foi aumentando mês a mês até chegar às 5,9 milhões de toneladas em dezembro. A situação ficou tão grave que o governo, alertado pelo IABr, que representa as usinas, resolveu agir e adotar medidas para restringir a entrada de aço estrangeiro no país. Actually, the entry of steel products in the Brazilian market began to grow in early 2010 and has increased month by month to reach the 5.9 million tons accumulated in December. The situation became so serious that the government, encouraged by the IABr – which represents the steel mills --, decided to act and take measures to restrict the entry of foreign steel in the country. Medidas contra importação Measures against imports Em outubro, a Receita Federal, por meio da Coordenação Geral de Administração Aduaneira (Coana), colocou em vigor um mecanismo chamado de valoração aduaneira, que tinha como objetivo impedir a entrada no país de produtos siderúrgicos com preços subfaturados. Trata-se de uma medida adotada com base nos critérios do Acordo de Valoração Aduaneira da Organização Mundial de Comércio (OMC). É um procedimento comum que já é usado por vários setores no país. Foi então criada uma tabela de preços, elabo rada ao longo de um ano pelo IABr e entregue ao governo federal, que fixou um valor mínimo para 16 tipos de aços planos e longos. Os preços foram calculados levando em conta a estrutura de custo de produção de cada item. Com isso, os compra dores passaram a ser obrigados a pagar a alíquota de importação de 12% do produto adquirido no exterior sobre o preço mínimo fixado nessa tabe la e não sobre o valor declarado na nota de com pra, que muitas vezes era muito menor do que o preço praticado no mercado internacional. In October, the Brazilian Internal Revenue (RF), through the General Coordination of Customs Administration (COANA), put into effect a mechanism known as customs valuation, aimed at preventing the entry into the country of steel products with invoices under reported prices. It is a measure adopted based on criteria of the Customs Valuation Agreement of the World Trade Organization (WTO). It is a common procedure that is already used by various sectors in the country. Through the program, a price list was elaborated over a period of a year by the IABr and delivered to the federal government, setting a minimum value for 16 types of flat and long steel. Prices were calculated taking into account the structure of production cost of each item. Thus, buyers were required to pay import duties on 12% of the product purchased abroad at the minimum price set on this table and not on the declared value on the purchase receipt, which was often much lower than the price in the international market. VENDAS MERCADO INTERNO Unit.: 103t Domestic Market Sales Unit.: 103t PRODUTOS ProductsJAN/DEZ JAN/DEC 2010 2009 10/09 (%) LAMINADOS / Laminates 20.627,7 15.969,6 29,2 1.480,4 1.479,2 0,1 PLANOS / Flat Steel 11.730,5 8.990,7 30,5 854,5 887,9 (3,8) LONGOS / LONG Steel 8.897,2 6.978,9 27,5 625,9 591,3 5,9 SEMI-ACABADOS / Semi-Finished 497,7 375,6 32,5 29,9 39,1 (23,5) PLACAS / Plates 201,1 192,7 4,4 14,5 20,8 (30,3) BLOCOS E TARUGOS / Blocks and Billets 296,6 182,9 62,2 15,4 18,3 (15,8) 16.345,2 29,2 1.510,3 1.518,3 (0,5) TOTAL / TOTAL Fonte/Source: Instituto Aço Brasil – IABr 28 10/09DEZEMBRO DECember (%) 2010 2009 21.125,4 Nota: Exclui as vendas para dentro do parque Note: Except for sales within the industry Panorama do AÇO • 2011 PANORAMA NACIONAL NATIONAL PANORAMA Além da valoração aduaneira, o setor ado tou outras medidas contra a aquisição no exterior de aço subfaturado, como ações anti dumping. A Usiminas, por exemplo, entrou com pedidos para chapas grossas. Se todas as medidas funcionarem, a previsão é de que pode haver uma boa redução nas importações a par tir de janeiro e fevereiro de 2011. Segundo o IABr, o volume de 154,2% de importações de produtos siderúrgicos no consumo nacional, ocorrido em 2010, não se repetirá em 2011. Além dos altos estoques decorrentes daquilo que o Instituto creditou à especulação, o IABr aposta em medidas de contenção das compras externas. Assim como o IABr, a Gerdau, também prevê quedas das importações de aço ao longo de 2011. Segundo a avaliação da empresa, os preços serão pressionados pela combinação de três fatores: altos custos das matérias-primas, elevada competição e exces so de capacidade produtiva. O problema pontual da concorrência estrangeira não foi o único enfrentado pela siderurgia nacional em 2010. Ela também se deparou com um obstáculo mais perene, que ainda não foi resolvido: a alta tributação. Uma análise comparativa da carga tributária na cadeia do aço em seis países – Estados Unidos, Brasil, Alemanha, Turquia, Rússia e China –, encomendada pelo IABr à empresa de consultoria americana Booz & Company, mostrou que a brasileira é a maior. O estudo Besides the customs valuation, the industry has adopted other measures against acquiring overseas under-priced steel, such as antidumping actions. Usiminas, for example, entered restrictions for heavy plates. If all the measures work, the prediction is that there may be a significant reduction in imports from January and February 2011. In addition to high stocks deriving from what the institute called speculation, the IABr bets on the cut back of imports. Like the IABr, Gerdau also foresees the fall of steel imports throughout 2011. According to the company’s appraisal, prices will be affected by a combination of three factors: high costs with raw-materials, fierce competition and excessive production capacity. The specific issue of foreign competition was not the only problem faced by the domestic steel industry in 2010. It also found a more permanent barrier, which has not been solved yet: high taxation. A comparative analysis of the tax burden on the steel chain in six countries – the United States, Brazil, Germany, Turkey, Russia and China – ordered by the IABr to the American consulting firm Booz & Company, showed that Brazil has the highest rates. The study concluded that the domestic product is among the most competitive in the world when evaluating only the direct cost of production, but it is in last place when taking into account the taxes collected in the country. Efeitos de Tributos sobre investimentos (% valor investimentos sem tributos • 2009) Effects of Taxes on Investments (% value of investments without taxes • 2009) Não considerando incentivos ou créditos Disregarding incentives or credits Inclui tributos sobre valor adicionado, encargos sociais e despesas financeiras Including taxes on added value, social charges and financial expenses Média Average1 13% Brazil Fonte/Source: Análise Booz & Company 30 Russia Germany Turkey China USA 1) Média não inclui o Brasil Average does not include Brazil Panorama do AÇO • 2011 concluiu que o produto nacional está entre os mais competitivos do mundo quando se avalia apenas o custo direto de produção, mas fica em último lugar quando se leva em conta os impostos cobrados no país. O levantamento comparou os tributos inci dentes sobre dois produtos, bobina laminada a quente e vergalhões, que são referência na indústria siderúrgica mundial. O primeiro é uti lizado na fabricação de produtos considerados mais nobres, como chapas para fazer carrocerias de automóveis, geladeiras, fogões e autopeças. O segundo é usado principalmente em obras na construção civil em geral, que vão desde pré dios até pontes e barragens de hidrelétricas. Foram analisados os impactos de uma extensa lista de tributos, que incluiu, por exem plo, o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), o PIS e o Cofins, o ICMS, o IPI, encargos trabalhistas, como fundo de garantia (FGTS) e previdência (INSS), além dos impostos Territorial Urbano (IPTU), sobre Operações Financeiras (IOF) e sobre serviços (ISS) e o Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM). Desses, constatou ainda que o ICMS, IPI, PIS e Confins são os que mais pesam. The survey compared taxes on two products, laminated hot rolled steel and steel beams, which are benchmarks in the global steel industry. The first one is used in the manufacture of more complex products, such as plates to make car bodies, refrigerators, stoves and auto parts. The second is mainly used in construction works in general, ranging from buildings t o b r i d g e s a n d h y d ro e l e c t r i c p o w e r plant dams. The study analyzed the impact of a long list of taxes that included the Income Tax (IRPJ), the Social Contribution on Net Profits (CSLL), the contribution for social integration (PIS) and the cont rib ution for the financing of social security (COFINS), the Turnover Tax (ICMS), Tax on Industrialized Products (IPI), labor charges, retirement fund (FGTS), social security (INSS), besides property taxes (IPTU), Tax on Financial Operations (IOF), on Services (ISS) and Freight Surcharge for the Renewal of the Merchant Navy (AFRMM). Of these, the study revealed that those who weigh more are the ICMS, IPI, PIS and COFINS taxes. Custo de Tributos sobre Aço no Brasil vs Outros Países Destino: Mercado Doméstico % sobre preço sem tributos Cost of Taxes Charged on Steel in Brazil vs. other Countries Destination: Domestic Market % on price without taxes Cálculo de Custo de Tributos = Tributos / Preço sem Tributos Tax Cost Calculation of = Taxes / Price free of taxes Média Bobina a Quente Average Hot Rolled Steel Coil (1): 24,1% Média Vergalhão Average Steel Beam (1): 28,7% Brazil Russia USA Germany Turkey China HRC [hot rolled coil] Beam Fonte/Source: Análise Booz & Company STEEL Panorama • 2011 1 Média não incluindo Brasil 31 PANORAMA NACIONAL NATIONAL PANORAMA 32 Altos impostos High taxes O trabalho da Booz & Company mostrou ainda que, quando se compara apenas o custo de produção do aço, sem os impostos equivalentes nos seis países, o Brasil fica numa posição intermediária. O país tem o terceiro melhor custo na bobina laminada e quarto no vergalhão. Mas quando é incluída a carga tributária o país cai para o último lugar nos dois casos. Com os impostos, o custo da bobi na laminada aumenta 47,7% e o do ver galhão, 41,2%, bem acima da média de incremento dos outros cinco países, que é de 24,1% e 28,7%, respectivamente. A pesquisa também avaliou os tributos aplicados sobre novos investimentos, na compra de equipamentos e serviços, além da incidência de despesas financeiras e taxas de juros nesses projetos e constatou que o Brasil tem a taxa mais elevada do mundo, chegando a 50% sobre o investi mento das empresas. No outros cinco paí ses pesquisados, a média dos índices é de 13%. O país que menos onera este tipo de investimento são os Estados Unidos, com 10%. O segundo colocado é a Rússia, com uma taxação de 22%, menos da metade, portanto, da registrada no Brasil. The study by Booz & Company showed that, when comparing just the cost of steel production, when all equivalent taxes in the six countries are removed, Brazil is in an intermediate position. The country has the third highest cost in the laminated rolled coil and fourth in steel beams. But when the tax burden is included, the country falls to last place in both cases. With taxes, the cost of laminated rolled coil increases 47.7% and the steel beam, 41.2%, well above the average increment of the other five countries, 24.1% and 28.7% respectively. The survey also assessed the taxes applied on new investments, in purchasing equipment and services, and the incidence of financial expenses and interest rates on these projects. The study found that Brazil has the highest rate in the world, reaching 50% on the investment companies. In the other five countries, the average of index is 13%. The country that least oppresses this type of investment is the United States, with 10%. The second place is Russia, with a tax rate of 22%, less than half registered in Brazil. Novos investimentos New investments Apesar desses entraves, as usinas bra sileiras, motivadas pelo aumento da demanda, não deixaram de fazer novos investimentos. A CSN, por exemplo, aprovou em maio de 2010, um plano de investimentos até 2016 no valor de R$ 34 bilhões, focado na expansão da mineração, incremento da capacidade de produção de aços planos e o início da produção de longos. “Temos ainda investimentos da ordem R$ 5,4 bilhões na Ferrovia Transnordestina, contribuin do para o desenvolvimento de uma das regiões mais carentes do Brasil”, revelou Martinez, diretor comercial da empresa. Diante da acirrada disputa com os pro dutos estrangeiros, a Usiminas, por sua vez, tem investido para reduzir os seus Despite these barriers, Brazilian steel mills, driven by increased demand, have not quit making new investments. CSN, for example, approved in May 2010 an investment plan through 2016 worth R$ 34 billion, focused on the expansion of mining, increment of production capacity of flat steel and the beginning of long steel production. "We also have investments of R$ 5.4 billion in Transnordestina Railroad, contributing to the development of one of the poorest regions of Brazil," said Martinez, the company's commercial director. Facing the fierce competition from foreign products, Usiminas has invested to reduce its costs and add value to its products. The company is running Panorama do AÇO • 2011 custos e agregar valor aos seus produtos. A empresa está executando um plano de investimentos de R$ 3,2 bilhões em 2010, recorde histórico de aportes da companhia em um único ano. A entrada em operação em outubro da nova coqueria na usina de Ipatinga, por exemplo, com investimen to de R$ 707 milhões, é um importante projeto de redução de custos, tornando a Usiminas autossuficiente em coque. No caso da Gerdau, entre os investi mentos está a aquisição de outra siderúr gica. Em setembro, a empresa anunciou o fechamento de um acordo para a compra da americana Tamco, uma das maiores produtoras de vergalhões da costa oeste dos Estados Unidos, por cerca de US$ 165 milhões, valor sujeito a revisão. O negó cio, feito por meio da subsidiária Gerdau Ameristeel, aguarda a decisão das autori dades antitruste e de revisões regulatórias. Com a Tamco, a Gerdau ampliará sua rede de usinas ‘mini-mills’ (unidades menores) na América do Norte, expandindo sua pre sença geográfica na costa oeste americana e sua capacidade de atendimento do mer cado da construção civil na região. an investment plan of R$ 3.2 billion in 2010, the highest record of investments ever made by the company in a single year. In October, the beginning of operations of the new coking plant located in Ipatinga, for example, after an investment of R$ 707 million, is an important project to reduce costs, making Usiminas self-sufficient in cokes. In the case of Gerdau, among the investments is the acquisition of another steel company. In September, the company announced the signing of an agreement to purchase the American company Tamco, one of the leading producers of steel beams on the west coast of the United States, for about US$ 165 million, the amount being subject to revision. The deal, made through subsidiary Gerdau Ameristeel, should be completed after analysis of antitrust authorities and regulatory reviews. With Tamco, Gerdau will expand its network of 'mini-mills' (smaller units) in North America, expanding its geographical presence in the West Coast and its capacity to serve the civil construction market in the region. Confiança no crescimento Confidence in growth Investimentos como esses sinalizam a confiança das empresas do setor no crescimento da siderur gia nacional. As previsões do IABr confirmaram essa expectativa. A produção nacional de aço bruto em 2010 fechou o ano com 32,8 milhões de toneladas, 23.8% acima das 26,5 milhões de toneladas produzidas 2009. O consumo aparen te, por sua vez, bateu recorde, atingindo 26,6 milhões de toneladas, 43,1% superior a 2009. As perspectivas para 2011 também são posi tivas. Apesar das preocupações com as políticas de juros e câmbio adotadas hoje no país, bem como a carga tributária e o custo Brasil que afetam diretamente a competitividade do setor, Martinez, da CSN, está otimista. “Temos as obras do PAC, da Copa 2014 e das Olimpíadas de 2016, e o avanço do Pré Sal”, justificou. “A geração de empregos e o aumento de renda do trabalhador é uma realidade presente em nosso país, o que estimula o consumo. Pesquisas recen tes mostram que nove milhões de brasileiros da Such investments indicate that companies have confidence in the growth of the national steel industry. The predictions of the IABr confirmed these expectations. Domestic production of crude steel in 2010 ended the year at 32.8 million tons, 23.5% above the 26.5 million tons produced in 2009. Apparent consumption broke records, reaching 26.6 million tons, up 43.1% against 2009. The perspectives for 2011 are also positive. Despite concerns about the interest and exchange policies adopted in the country today, as well as the tax burden and cost Brazil directly affecting the competitiveness of the sector, Martinez (CSN), is optimistic. "There will be construction works for the Growth Acceleration Plan (PAC), the 2014 FIFA World Cup and the 2016 Olympics, and the advance of Pre-Salt [oil prospecting activities]," he said. "The generation of jobs and increased income of the worker is a present reality in our country, stimulating consumption. Recent polls show that nine million Brazilians in lower social STEEL Panorama • 2011 33 PANORAMA NACIONAL NATIONAL PANORAMA classe C planejam a compra de carro nos próxi mos anos. Além disso, acreditamos na força do mercado interno e no crescimento vigoroso do país nos próximos cinco anos.” O setor também tem expectativas favo ráveis em relação ao governo da presidenta Dilma Rousseff. “Nossa esperança é que ela dê continuidade às medidas tomadas pelo pre sidente Lula”, revelou Martins, presidente da AARS. “Entre elas, se destacam o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do BNDES, a redução acentuada da taxa de juros (SELIC) e dos gastos públicos, além da moderniza ção da infraestrutura, prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).” Para que as previsões e boas perspectivas se realizem, o IABr e o Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA) lançaram em novembro de 2009 o programa Aço: Construindo a Copa 2014. O objetivo é estimular o uso desse material nas obras previstas para a realização do evento no Brasil. O IABr estima que a demanda adicional de aço gerada por programas especiais do governo, como Petróleo e Gás, Copa de 2014 e Olimpíada 2016, atinja até 8 milhões de toneladas no período de 2009 a 2016, o que sig nificará importante contribuição para sustentar o crescimento da indústria siderúrgica do país. classes plan to purchase a car in the coming years. Furthermore, we believe in the strength of the internal market and the vigorous growth of the country over the next five years." The sector also has a positive outlook toward the new administration, that of the president Dilma Rouseff. “Our hope is that she will maintain the measures adopted by President Lula,” reveals Martins, AARS’ president. “Among them, BNDES’ Investment Sustainability Program (PSI), aggressive prime-rate (SELIC) reduction, government spending reduction and improvements in infrastructure predicted by the Growth Acceleration Program (PAC, in Portuguese), are all highlighted.” In order for the forecasts and good perspectives to materialize, the IABr and the Brazilian Center of Steel Construction (CBCA) launched in November 2009 a program called Steel: Building the World Cup in 2014. The objective is to encourage the use of this material in the works planned for the event in Brazil. The IABr estimates that the additional demand of steel generated by special government programs such as Oil and Gas, the 2014 FIFA World Cup and the 2016 Olympics, should reach 8 million tons in the period 2009 to 2016, which means an important contribution to sustaining the growth of the steel industry in the country. Programa de investimentos para Expansão da capacidade instalada Investment Program for Expansion of the Installed Capacity Parque Existente Existing Park Novos Entrantes Projeto sem andamento New Players Ongoing Projects Período Investimento 1994/2006 Foco - Modernização das usinas Modernization of steel mills US$ 18,9 bilhões billion Capacidade Atual Current Capacity: 37,1 Mt 2007/2012 Foco - Aumento de Capacidade Focus – Capacity increase US$ 17,2 bilhões billion Aumento de capacidade Capacity Increase: 15,1 Mt 19 anos years US$ 36,1 bilhões billion Capacidade total Total Capacity: 52,2 Mt Após After 2007 US$ 5,8 bilhões billion Capacidade instalada até 2012 Installed Capacity until 2012: 6,8 Mt Capacidade Instalada até 2012 Installed Capacity until 2012: 59 Mt Novo adicional de capacidade Após After 2009 US$ 14,6 bilhões billion Projetos New additional capacity: 19 Mt em estudos (Capacidade em 2006: 37 milhões de t) Projects under study Total US$ 56,5 bilhões billion Total US$ 56.5 billion (Capacity in 2006: 37 million tons) Capacidade Total 78 milhões de t Total Capacity 78 million tons Fonte/Source: Instituto Aço Brasil – IABr 34 Panorama do AÇO • 2011