Engenharias / Engenharia Química / Reatores Químicos DESENVOLVIMENTO DE MODELAGEM CINÉTICA PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL OBTIDO A PARTIR DA MISTURA DOS ÓLEOS DE MAMONA E SOJA EM DIFERENTES CONDIÇÕES REACIONAIS. João Pedro da Silva Moreira [email protected] Graduando em Engenharia Química - Universidade Salvador - UNIFACS Paloma Pereira Cacique Rebeca Oliveira Souza Maia Graduandos em Engenharia Química - Universidade Salvador - UNIFACS Alexandre Pereira Wentz Prof. Dr./Orientador Introdução O emprego do biodiesel como fonte de energia vem sendo uma alternativa interessante para o desenvolvimento sustentável nas áreas ambiental, social e econômica. Ainda hoje a soja é a matéria-prima mais utilizada para produção, tendo dentre as outras oleaginosas, o óleo de mamona apresentando características peculiares que se mostram atraentes à produção de biodiesel (Ogunniyi, 2009). Este óleo possui uma característica positiva que é a estabilidade oxidativa, sendo este um problema enfrentado pelo óleo de soja. Assim, a mistura entre eles visa uma melhora na qualidade do biodiesel, ampliando os pontos positivos e minimizando os pontos negativos. A cinética de uma reação de biodiesel é importante para a análise da produção, visto que através deste estudo é possível verificar o tempo mínimo de uma reação sem que a conversão máxima dos óleos seja influenciada. A modelagem cinética da reação é uma ferramenta a partir da qual é possível avaliar, através de simulações do processo, a influência das variações de parâmetros no equilíbrio da reação, estimar resultados através de dados simulados com dados experimentais, e ser utilizada nas etapas de desenvolvimento e construção de reatores químicos para aplicação em escala industrial. Métodos Foram feitas análises em torno das razões mássicas da mistura dos óleos, soja e mamona (5 blends), caracterizando-as com diferentes proporções, de acordo com os ensaios de Teor de Umidade (AOCS Official Method Ca 2b-38), Índice de Acidez (AOCS Official Method Cd 3d-63), Ácidos Graxos Livres (AOCS Official Method Ca 5a-40), Índice de Peróxidos (AOCS Official Method Cd 8-53) e Índice de Iodo (AOCS Official Method Cd 1-25). Posteriormente, realizaram-se reações de transesterificação com estes blends para consecutiva avaliação de cada biodiesel produzido através das análises de Teor de Éster (EN/ISO 14103), Teor de Água (ASTM 6304), o Índice de Acidez (ASTM D664), o Ponto de Entupimento (ASTM D6371), o Ponto de fulgor (ASTM D93), Mono, di, triacilglicerol (ASTM D6584), Corrosividade ao cobre (ASTM D130), Massa específica (ASTM D4052) e Viscosidade cinemática (ASTM D445). Definiram-se posteriormente as condições reacionais para a razão molar entre o óleo e o álcool (metílico), tempo e temperatura de reação e quantidade de catalisador, definindo-se os valores máximos e mínimos, para encontrar o ponto ótimo de reação, tendo a glicerina gerada reaproveitada no processo de produção, atuando como corretora da acidez do biodiesel. Resultados e Discussão Nas análises de óleo no blend 30% óleo de mamona e 70% óleo de soja obtiveram-se resultados de Ácidos graxos livres de 0,27% de AGL, acidez de 0,45 mg/g da amostra, Índice de Peróxidos de 1,11 meq/Kg, Índice de Iodo de 70,13 meq/Kg e a Umidade de 203,08 mg/Kg. Os Ácidos Graxos Livres tem especificação máxima de 0,57% de AGL, a Acidez de 0,3 mg/g de amostra, Índice de peróxidos máximo de 10 meq/Kg, Índice de Iodo entre 120 e 143 meq/Kg e Umidade máxima 500 mg/Kg. Os resultados foram satisfatórios, exceto no índice de Iodo, porém o menor valor deste, implica em uma maior estabilidade oxidativa, efetivando a ação do óleo de mamona no blend. Na análise do biodiesel produzido do blend citado, foram obtidos resultados de Acidez de 2,9 mg/g da amostra, Umidade de 366 mg/Kg, Ponto de Entupimento de -8°C, Ponto d e Fulgor de 187°C, Massa específica de 894 Kg/m³ e Viscosidade de 5,5 mm/s². As especificações das análises tem valor de acidez máxima de 0,5 mg/g da amostra, Umidade máxima de 500 mg/Kg, Ponto de entupimento de 19°C, Ponto de F ulgor mínimo de 100°C, Massa específica entre 850 e 900 Kg/m³ e Viscosidade entre 3 e 6 mm/s². O tratamento da acidez do biodiesel foi feito com glicerina de processo, afinal o valor estava fora da especificação, obtendo resultado de 0,34 mg/g de amostra. Conclusão Diante dos resultados obtidos, conclui-se que a proporção de 30% em massa de óleo de mamona e 70% de massa de óleo de soja demonstrou melhor eficácia, para sua conseguinte aplicação no estudo cinético. Os testes de qualidade, citados em metodologia, demonstraram que o biodiesel produzido por este blend, atende todas as especificações das normas ASTM/ANP, confirmando seu potencial de produção. Sua taxa de conversão em éster também foi a maior, considerando uma margem de erro de 0,5%, os dados afirmam uma produção de biodiesel de 99,7%, caracterizando o melhor resultado entre os blends em estudo. Visto que o projeto destina seus avanços à aplicação na Usina de Biodiesel do Território de Irecê – Bahia, o qual possui uma planta piloto em estudo, essa seria à proporção que melhor atenderia as exigências, no intuito de um melhor ajuste do processo produtivo. Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq Trabalho de Iniciação Científica Palavras-chave: Biodiesel / Óleo de soja / Óleo de mamona / Transesterificação