U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS D ISCIPLINA NA MODALIDADE A DISTÂNCIA PALHOÇA UNISULVIRTUAL 2007 GP1.pmd 1 7/3/2007, 14:15 GP1.pmd 2 7/3/2007, 14:15 A PRESENT AÇÃO PRESENTAÇÃO Parabéns, você está recebendo o livro didático da disciplina de Gestão Estratégica de Pessoas. Este material didático foi construído, assim como as demais disciplinas, especialmente para este curso, levando em consideração o seu perfil e as necessidades da sua formação. Como os materiais estarão a cada nova versão recebendo melhorias, pedimos que você encaminhe suas sugestões sempre que achar oportuno via professor tutor ou monitor. Recomendamos, antes de você começar os seus estudos, que verifique as datas-chave e elabore os seus planos de estudo pessoal, garantindo assim a boa produtividade no curso. E tenha sempre presente que: você não está só nos seus estudos, conte com o Sistema Tutorial da UnisulVirtual sempre que precisar de ajuda ou alguma orientação. Desejamos que você tenha um excelente êxito neste curso! Equipe UnisulVirtual GP1.pmd 3 7/3/2007, 14:15 GP1.pmd 4 7/3/2007, 14:15 A DEMAR D UTRA GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS L IVRO DIDÁTICO DESIGN INSTRUCIONAL DÊNIA FALCÃO DE BITTENCOURT 3ª. EDIÇÃO REVISTA E ATUALIZADA PALHOÇA UNISULVIRTUAL 2007 GP1.pmd 5 7/3/2007, 14:15 Copyright © UnisulVirtual 2007 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição 658.3 D97 Dutra, Ademar Gestão estratégica de pessoas : livro didático/ Ademar Dutra ; design instrucional Dênia Falcão de Bittencourt, [Viviani Poyer]. – 3. ed. rev. e atual. – Palhoça : UnisulVirtual, 2007. 338 p. : il. ; 28 cm Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7817-020-2 1. Administração de pessoal. 2. Recursos humanos. I. Bittencourt, Dênia Falcão de. II. Poyer, Viviani. III. Título. Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Créditos UNISUL- Universidade do Sul de Santa Catarina UNISULVIRTUAL - Educação Superior a Distância Campus UnisulVirtual Rua João Pereira dos Santos, 303 Palhoça - SC - 88130-475 Fone/fax: (48) 3279-1541 e 3279-1542 E-mail: [email protected] Site: www.virtual.unisul.br Reitor Unisul Gerson Luiz Joner da Silveira Vice-Reitor e Pró-Reitor Acadêmico Sebastião Salésio Heerdt Chefe de gabinete da Reitoria Fabian Martins de Castro Pró-Reitor Administrativo Marcus Vinícius Anátoles da Silva Ferreira Campus Sul Diretor: Valter Alves Schmitz Neto Diretora adjunta: Alexandra Orsoni Campus Norte Diretor: Ailton Nazareno Soares Diretora adjunta: Cibele Schuelter Campus UnisulVirtual Diretor: João Vianney Diretora adjunta: Jucimara Roesler Equipe UnisulVirtual Administração Renato André Luz Valmir Venício Inácio Bibliotecária Soraya Arruda Waltrick Cerimonial de Formatura Jackson Schuelter Wiggers Coordenação dos Cursos Adriano Sérgio da Cunha Aloísio José Rodrigues Ana Luisa Mülbert Ana Paula Reusing Pacheco Cátia Melissa S. Rodrigues (Auxiliar) Charles Cesconetto Diva Marília Flemming Itamar Pedro Bevilaqua Janete Elza Felisbino Jucimara Roesler Lilian Cristina Pettres (Auxiliar) Lauro José Ballock Luiz Guilherme Buchmann Figueiredo Luiz Otávio Botelho Lento Marcelo Cavalcanti Mauri Luiz Heerdt Mauro Faccioni Filho Michelle Denise Durieux Lopes Destri Moacir Heerdt Nélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Patrícia Alberton Patrícia Pozza Raulino Jacó Brüning Rose Clér E. Beche Design Gráfico Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro (coordenador) Adriana Ferreira dos Santos Alex Sandro Xavier Evandro Guedes Machado Fernando Roberto Dias Zimmermann Higor Ghisi Luciano Pedro Paulo Alves Teixeira Rafael Pessi Vilson Martins Filho Equipe Didático-Pedagógica Angelita Marçal Flores Carmen Maria Cipriani Pandini Caroline Batista Carolina Hoeller da Silva Boeing Cristina Klipp de Oliveira Daniela Erani Monteiro Will Dênia Falcão de Bittencourt Enzo de Oliveira Moreira Flávia Lumi Matuzawa Karla Leonora Dahse Nunes Leandro Kingeski Pacheco Ligia Maria Soufen Tumolo Márcia Loch Patrícia Meneghel Silvana Denise Guimarães Tade-Ane de Amorim Vanessa de Andrade Manuel Vanessa Francine Corrêa Viviane Bastos Viviani Poyer Gerência de Relacionamento com o Mercado Walter Félix Cardoso Júnior Logística de Encontros Presenciais Marcia Luz de Oliveira (Coordenadora) Aracelli Araldi Graciele Marinês Lindenmayr Guilherme M. B. Pereira José Carlos Teixeira Letícia Cristina Barbosa Kênia Alexandra Costa Hermann Priscila Santos Alves Logística de Materiais Jeferson Cassiano Almeida da Costa (coordenador) Eduardo Kraus Monitoria e Suporte Rafael da Cunha Lara (coordenador) Adriana Silveira Caroline Mendonça Dyego Rachadel Edison Rodrigo Valim Francielle Arruda Gabriela Malinverni Barbieri Josiane Conceição Leal Maria Eugênia Ferreira Celeghin Rachel Lopes C. Pinto Simone Andréa de Castilho Tatiane Silva Vinícius Maycot Serafim Produção Industrial e Suporte Arthur Emmanuel F. Silveira (coordenador) Francisco Asp (secretária de ensino) Ana Luísa Mittelztatt Ana Paula Pereira Djeime Sammer Bortolotti Carla Cristina Sbardella Franciele da Silva Bruchado Grasiela Martins James Marcel Silva Ribeiro Lamuniê Souza Liana Pamplona Marcelo Pereira Marcos Alcides Medeiros Junior Maria Isabel Aragon Olavo Lajús Priscilla Geovana Pagani Silvana Henrique Silva Vilmar Isaurino Vidal Secretária Executiva Viviane Schalata Martins Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (coordenador) Ricardo Alexandre Bianchini Rodrigo de Barcelos Martins Edição – Livro Didático Professor conteudista Ademar Dutra Design Instrucional Dênia Falcão de Bittencourt Viviani Poyer (3ª edição revista e atualizada) Ilustração Capa Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro Pedro Teixeira Projeto Gráfico Equipe UnisulVirtual Projetos Corporativos Diane Dal Mago Vanderlei Brasil Diagramação Sandra Martins Fabrício T. Ferreira (atualização 2ª edição) Alex Sandro Xavier (atualzação 3ª edição) Secretaria de Ensino a Distância Karine Augusta Zanoni Revisão Ortográfica Simone Rejane Martins SUMÁRIO DISCIPLIN TÉGICA DE PESSO AS DISCIPLINAA GESTÃO ESTRA ESTRATÉGICA PESSOAS Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 Palavras do professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Unidade 1: O contexto da Gestão de pessoas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Unidade 2: A Gestão de pessoas na visão tradicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Unidade 3: A Gestão de pessoas na visão contemporânea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Unidade 4: A Gestão estratégica de pessoas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 Unidade 5: Planejamento de Gestão de pessoas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 Unidade 6: Clima organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101 Unidade 7: A função recrutamento de pessoal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 Unidade 8: A função seleção de pessoal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 Unidade 9: Remuneração estratégica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159 Unidade 10: Remuneração funcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169 Unidade 11: Remuneração variável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201 Unidade 12: Salário indireto – benefícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227 Unidade 13: Treinamento e desenvolvimento pessoal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241 Unidade 14: Avaliação de desempenho funcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 257 Unidade 15: Segurança e saúde ocupacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 273 Unidade 16: Qualidade de vida no trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291 Unidade 17: Responsabilidade social das organizações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301 Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 315 Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 317 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 321 Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 323 Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 325 GP1.pmd 7 7/3/2007, 14:15 GP1.pmd 8 7/3/2007, 14:15 P ALA VRAS ALAVRAS DO PR OFESSOR Bem vindos à disciplina de Gestão Estratégica de Pessoas! Por intermédio desta disciplina você terá oportunidade de refletir como sua empresa interage com seus funcionários: você no seu ambiente de trabalho é considerado mais um recurso organizacional? Mão-de-obra ou mente-de-obra? A análise e a discussão desta questão é importante para que você possa identificar no contexto organizacional se pessoas são ativos que necessitam ser valorizados e desenvolvidos ou apenas recursos para serem consumidos, explorados e descartados quando não servem mais. Caso você já seja um gestor de uma empresa ou de uma área específica, que tal se questionar como se encontra a sua capacidade para mobilizar, estimular, motivar e gerar comprometimento na equipe de trabalho? Será que suas estratégias estão mais voltadas para controlar as pessoas, cobrar horário, punir, e até mesmo desmotivar? Estas entre outras questões estarão presentes no estudo desta disciplina. Pois esta disciplina tem como principal objetivo discutir como uma organização ou um gestor pode gerenciar ou liderar seus colaboradores, dentro de uma visão contemporânea. Você terá também acesso a um conteúdo mais técnico voltado a Gestão de Pessoas, imprescindível para toda e qualquer organização. Verá que algumas se preocupam em adotar as melhores práticas em cada tema, enquanto outras cumprem apenas o básico exigido pela legislação ou acordos coletivos de trabalho. Por fim perceberá que gerenciar pessoas é um desafio constante e exige muita habilidade e competência, pois as expectativas organizacionais nem sempre possuem convergência para com as expectativas dos profissionais que atuam na organização, e vice-versa. Ao elaborar os conteúdos desta disciplina, em vários momentos, me veio à mente quais seriam as expectativas de você frente a esta disciplina. Certo de que esta resposta eu não teria de forma prévia, procurei definir minhas expectativas, as quais passo a destacar. A primeira diz respeito à crença de que os conteúdos que você terá acesso possam agregar valor à organização em que você atua, no sentido de gerar novos conhecimentos com aplicabilidade no cotidiano de seu trabalho. GP1.pmd 9 7/3/2007, 14:15 A segunda refere-se à possibilidade de você desenvolver novas competências e habilidades que possam contribuir para o seu desenvolvimento profissional, assegurando níveis de empregabilidade frente ao mercado de trabalho. Assim, espero que esta disciplina venha ao encontro de suas expectativas como profissional e ser humano. Bons estudos! Professor Ademar Dutra GP1.pmd 10 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA P LANO DE P ESSO AS - P AR TE I ESSOAS ARTE DE ESTUDO E M E N TTAA Gestão de Pessoas e transformações paradigmáticas. Subsistemas de Recursos Humanos. O trabalho em equipe: fases de constituição de equipes. Dinâmica das equipes.Competências e habilidades. Descrição e análise de cargos. Clima e cultura organizacional. Segurança, higiene e saúde ocupacional. Planejamento estratégico de recursos humanos. Empregabilidade. Estratégias de remuneração. O BJETIVOS DA DISCIPLINA A disciplina tem por objetivo principal discutir a gestão de pessoas como gestão estratégica nas organizações, face à exigência de novas relações de trabalho impostas pelo processo de globalização, mercado de trabalho e pela sociedade do conhecimento, e mais especificamente: · Possibilitar uma visão global da Gestão de Pessoas, bem como discutir as principais mudanças e tendências da área; · Discutir as competências e habilidades pessoais e organizacionais requeridas pelo mercado, face ao processo de intensas mudanças vivenciado nos dias atuais; · Oportunizar a interação entre teoria e práticas de Gestão de Pessoas, estimulando a reflexão e contextualização das temáticas abordadas com a realidade das empresas que os alunos atuam ou atuaram; · Explorar as vivências e as experiências dos alunos relacionadas à área de Gestão de Pessoas, buscando com esta interação, a geração de conhecimento. 11 GP1.pmd 11 7/3/2007, 14:15 C RONOGRAMA GP1.pmd 12 DA DISCIPLINA 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Objetivos de aprendizagem Ao final desta unidade você terá subsídios para: ♦ ♦ entender a importância da Gestão de pessoas em uma organização; conhecer a área de Gestão de pessoas e analisar como a empresa que você atua ou atuou gerencia seus colaboradores. Seções de estudo A seguir acompanhe as seções que você irá estudar nesta unidade. Ao final de cada etapa de estudos, use os quadros para assinalar as seções já estudadas. Seção 1 – O que é por Gestão de pessoas? Seção 2 – Ambiente organizacional: a busca da parceria ou do confronto? Unidade 1 O contexto da Gestão de pessoas 13 GP1.pmd 13 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Par araa início de estudo V ocê já par ou par a analisar quantas hor as por dia você trabalha? Considerando sua expectativa de vida, de 80 anos, quantos serão dedicados ao trabalho? Ao realizar este exercício leve em consideração não somente o tempo que você está ou estará dentro da empresa, considere também as horas que, em casa ou no lazer, você fica pensando no seu trabalho, nos problemas que tem para resolver, nas soluções que terá que apresentar, nas metas que terá que cumprir. Você perceberá que a maior parte de seu tempo é dedicada ao trabalho, e sendo assim, pode-se dizer que vivemos para o trabalho, não é mesmo? Antes de se guir ef lita também sobr guntas: seguir guir,, rref eflita sobree estas per perguntas: Nas se gundas-f eir as ocê acor da, sente pr az er segundas-f gundas-feir eiras as,, quando vvocê acorda, praz azer er,, ale alegg ria em ir trabalhar? Como são as suas relações de trabalho, sadias, agradáveis, motivadoras e gratificantes ou uma escravidão, desg astantes eis ar do? desgastantes astantes,, hor rív ríveis eis,, um pesadelo pesadelo,, um ffar ardo? Estas entre outras questões constituem interesses da área de Gestão de pessoas. A Gestão de pessoas e suas questões vem dia-a-dia ganhando maior importância para a conquista de resultados positivos em uma organização. SEÇÃO 1 – O QUE É GESTÃO DE PESSOAS? Ao pesquisar sobre este tema, certamente você irá descobrir que cada autor apresenta a sua definição sobre o que seja Gestão de pessoas, e no final de sua pesquisa, talvez você queira construir a sua própria definição. Entre os autores pesquisados, uma boa definição é citada por GIL (2001): 14 GP1.pmd 14 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Gestão de pessoas é um ramo especializado da Ciência da Administração que contempla todas as ações empreendidas por uma organização, com o objetivo de integrar o colaborador no contexto da organização e aumentar sua produtividade. Observe que quando o autor se refere à integração, não está se referindo somente ao momento em que o colaborador ingressa na empresa, mas sim a todo o período em que atua na mesma. E ainda, sobre o termo “produtividade”, ele indica que a contratação de novos profissionais deve-se à necessidade de gerar maior produtividade e, conseqüentemente, maiores resultados para a empresa. Já Milioni (2002), apresentando uma visão diferente, definiu Gestão de pessoas enfocando outros aspectos. Para ele significa: “(...) conjunto de estratégias, técnicas e procedimentos focados na mobilização de talentos, potênciais, experiências e competências do quadro de colaboradores de uma organização, bem como a gestão e a operacionalização das nor mas inter nas e le incidentes.. ” legg ais incidentes Observe nesta definição a diferença de foco. Você pode notar que a ênfase é dada aos esforços da organização no sentido de aproveitar e explorar o potencial das pessoas, o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que cada profissional possui, e não na produtividade em si. Note também que, quando o autor se refere à operacionalização das normas internas e legais, ele está se referindo à parte burocrática da área da Gestão de pessoas: o registro na Carteira de Trabalho (CTPS), a folha de pagamento, os recolhimentos de encargos trabalhistas, ou seja, o cumprimento de todos os procedimentos previstos na CLT e legislação complementar. Aliás, como você irá estudar na Unidade 2, o surgimento da área de Gestão de pessoas no Brasil foi para atender o que está disposto na CLT. A partir do conceito de Milione (2002) responda a seguinte pergunta: Considerando seus s u a s h a b i l i d a d e ss,, c o n h e c i m e n t o ss,, s u a eexx p e r i ê n c i a , em ter mos porcentuais quanto sua empresa utiliza? Como sua resposta não esteja próxima de 100% sua empresa não está aproveitando todo o seu talento como colaborador. UNIDADE 1 GP1.pmd 15 15 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA DE Antes de finalizar o estudo sobre os conceitos do que é Gestão de pessoas, analise também um conceito mais contemporâneo, ou melhor, um conceito mais voltado para aquilo que empresas de sucesso têm adotado na prática ao gerenciar seus colaboradores. Gestão de pessoas consiste na capacidade de ‘mobilizar os colaboradores para o alcance dos objetivos organizacionais’. O termo mobilizar representa todas as estratégias que visam gerar: comprometimento; motivação; entusiasmo. Afinal, no ambiente organizacional “nada acontece sem as pessoas”, isto é, “não existe empresa sem pessoas”. Uma vez que você conhece algumas definições de Gestão de pessoas, na próxima seção acompanhe como integrar estes conceitos no ambiente organizacional. S EÇÃO 2 – A MBIENTE OR GANIZA CION AL : A B USCA DA PAR CERIA ORGANIZA GANIZACION CIONAL ARCERIA OU DO CONFRONTO ? O contexto da Gestão de pessoas, então, é formado pelos colaboradores e pela organização. Os colaboradores passam boa parte de suas vidas trabalhando dentro de organizações e estas dependem das pessoas para alcançarem os resultados almejados (processo de planejamento). De um lado, o trabalho toma considerável tempo de vida, de esforço e dedicação das pessoas que dependem da organização para sua sobrevivência, sucesso e crescimento pessoal. A realização pessoal, o alcance dos sonhos, objetivos e desejos pessoais, em sua maioria vêm do trabalho desenvolvido nas organizações. 16 GP1.pmd 16 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Assim, as pessoas dependem das organizações para alcançarem seus objetivos e, por sua vez, as organizações também precisam das pessoas para crescer e terem sucesso, numa espécie de dependência mútua. O que você busca em um ambiente organizacional? Quais são seus objetivos ao estabelecer vínculo com uma empresa? Há profissionais que buscam: realização pessoal; oportunidades de crescimento; melhores salários e benefícios; segurança no trabalho; respeito e reconhecimento; qualidade de vida, etc. Ou seja, cada um de nós tem expectativas a serem atendidas, por intermédio do exercício de um cargo ou função em uma organização. Por outro lado, a empresa, através de seus acionistas, proprietários, dirigentes, também possui determinados objetivos que são organizacionais. Tais objetivos podem ser: conquistar novos clientes e mercados; maior produtividade e lucratividade; crescimento sustentado; maior qualidade de seus produtos ou serviços, dentre outros. Em face destes objetivos e expectativas de ambas as partes, o ideal é que haja uma parceria entre o colaborador e a empresa, dentro de uma relação ganha-ganha. Ou seja, ganha os colaboradores, a medida em que, gradativamente, possam alcançar seus objetivos, e as organizações da mesma forma. O pr ocesso de par ceria, par a ter êxito equer dos processo parceria, êxito,, rrequer parceiros alguns atributos básicos, tais como: confiança mútua, tr ansparência nas inf or mações e r espeito infor espeito.. UNIDADE 1 GP1.pmd 17 17 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA É no contexto desta afirmação que a área de Gestão de pessoas atua, isto é, busca reunir parcerias e esforços para que, através da negociação, participação e sinergia, todos possam olhar na mesma direção somando esforços e não dividindo. Mas você já estudou também, em outras disciplinas como História do Pensamento Administrativo, que do ponto de vista histórico as relações de trabalho foram pautadas pelo confronto, no qual somente uma parte levava vantagem, ou seja, a solução empregada era do tipo ganhar-perder. Neste caso, o confronto se caracterizava, por exemplo, através dos movimentos grevistas, que se esgotam todas as possibilidades de negociação. O mundo girou, girou e atualmente, face ao processo de globalização e acirrada disputa por novos mercados e clientes, o diferencial competitivo das organizações passou a ser as pessoas que lá trabalham. As empresas com isso estão precebendo a necessidade de desenvolverem estratégias que visem o comprometimento e não o controle das pessoas. E para gerar tal comprometimento, as empresas estão tendo que entender e identificar quais são as expectativas e os objetivos que possuem os colaboradores. Para colocar em prática os conceitos estudados nesta unidade, a seguir execute as atividades propostas. A TIVID ADES TIVIDADES DE A UT O - A V ALIAÇÃO UTO As atividades de auto-avaliação objetivam ajudá-lo a desenvolver com autonomia a sua aprendizagem. Para você ter sucesso, primeiro realize com obstinação todas as questões sugeridas e somente ao final verifique as suas respostas – é só relacioná-las com as respostas e comentários do professor, presentes ao final deste livro. Após a leitura criteriosa desta unidade, responda as questões que seguem. 1. Escreva com as suas palavras o seu conceito de Gestão de pessoas. 18 GP1.pmd 18 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS 2. Reflita e escreva: ao trabalhar em uma organização, quais são seus objetivos e expectativas? 3. Analise a organização em que trabalha ou outra que você tenha fácil acesso. Observe se a empresa procura atender as necessidades e os objetivos de seus colaboradores? Caso positivo, liste quais são as ações destinadas a este fim. DICA: APROVEITE E FACILITE A SUA APRENDIZAGEM! VOCÊ TEM ACESSO AO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM DA UNISUL? CASO POSITIVO, LEMBRE-SE DE VERIFICAR SE AS ATIVIDADES DE AUTO-APRENDIZAGEM NÃO APARECEM COM UMA MAIOR PROPOSTA DE INTERAÇÃO. UNIDADE 1 GP1.pmd 19 19 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA SÍNTESE Nesta unidade você teve contato com o conceito de Gestão de pessoas e com o paradigma vigente que enfatiza a parceira nas relações de trabalho, ao invés do confronto. A Gestão de pessoas consiste num conjunto de estratégias, técnicas e procedimentos focados na mobilização de talentos, potenciais, experiências e competências do quadro de colaboradores de uma organização. Nesta premissa busca-se o desenvolvimento de competências individuais para que estas migrem para o contexto organizacional e passem a constituir competências organizacionais. No entanto, isto é possível se a organização através da área de Gestão de pessoas e de seus líderes for capaz de criar um ambiente de trabalho desafiador, estimulante, que agregue valor às pessoas e, consequentemente, à organização. Assim, a Gestão de pessoas requer parceira e não confronto. Parceria a medida em que a organização procura atender os interesses e os objetivos dos colaboradores e estes estejam comprometidos e voltados aos alcance dos objetivos organizacionais, representados pelos acionistas, proprietários, investidores, etc. A seguir você terá contato com a Gestão de pessoas na visão tradicional. A Unidade 2 faz um resgate da evolução da área em termos mundiais e em termos de país. Esta retrospectiva é fundamental para entendermos a realidade de muitas organizações e a dificuldade de se migrar para um processo de valorização, desenvolvimento e reconhecimento das pessoas no ambiente de trabalho. S AIBA MAIS Para você aprofundar as questões abordadas nesta unidade leia também o artigo de Paulo Angelim. Experimente durante a sua leitura destacar os aspectos que você concorda e os que você discorda do autor. 20 GP1.pmd 20 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS GENTE É GENTE! Paulo Angelim 1 Pelo amor de Deus! Parem com esta história de “Gestão de Recursos Humanos”. Isso é tão antigo quanto o século passado. Nessa onda de quebrar paradigmas – também não agüento mais esse bordão – que tal se conseguíssemos sepultar esse resquício da dita administração “moderna”! A justificativa para tal é muito simples: gente não é recurso. Explico! De acordo com o dicionário do Aurélio, recurso é um expediente, um meio para resolver um problema. A despeito dessa definição, o mesmo Aurélio se vê obrigado a registrar que ‘recurso humano’ é um “conjunto de pessoas que trabalham numa empresa ou entidade”. Uma mera tradução do dia-a-dia corporativo, sem a necessária reflexão sobre seu real significado. Proponho-na a seguir. Ora, as organizações competitivas, criativas e comprometidas com a qualidade e satisfação de seus clientes já descobriram que não se consegue esses predicados sem gente motivada, envolvida, satisfeita. Sendo assim, nessas organizações, gente passou a ser a fonte das soluções ao invés de somente o meio para se chegar a elas. E, se é assim, gente satisfeita dentro da empresa passou também a ser um fim, um alvo da gestão competitiva. Você pode estar se perguntando: “isso tem alguma relevância, não e só uma questão de semântica?”. A rotunda resposta, na minha opinião, é NÃO! Se fosse irrelevante, por que teríamos abolido do “corporativês” os termos freguês (cliente), subordinado (colaborador), depar tamento (células, times ou equipes), chefe (líderes), reclamações (atendimento ao consumidor), etc? É simples: tais termos não mais expressavam os novos conceitos atribuídos para cada um dos personagens ou processos em questão. Da mesma forma, considerar as pessoas da organização como recursos (meios) abre caminho para que os superiores – digo, líderes – ignorem a necessidade de construírem relações sadias, com vistas ao melhor aproveitamento do potencial dos colaboradores. 1 Paulo Angelim, consultor em marketing, vendas e responsabilidade pessoal. – Artigo Gente é gente! Foi publicado na Revista Você S.A. – On-line, Janeiro/2002. Disponível em http://www.pauloangelim.com.br/artigos2_42.html. Acesso em 14/6/04. UNIDADE 1 GP1.pmd 21 21 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Recurso era cabível quando pessoas eram vistas como mão-de-obra. Hoje, as empresas precisam desesperadamente de mente-em-obra, em qualquer instância hierárquica. Veja bem, pessoas não precisam e não devem ser gerenciadas. Precisam, na verdade, ser lideradas, treinadas, educadas, orientadas. Só assim elas produzem e contribuem mais. Você já se viu alguma vez dizendo que precisa gerenciar melhor seus filhos. Lógico que não. Quer dizer, lógico não, porque tem alguns workaholics que não conseguem separar as coisas – e os coitados dos filhos precisam apresentar memorando para cobrar a mesada. Entretanto, a maioria dos mor tais responsáveis sabe que sua responsabilidade como pai ou mãe é de liderar seus filhos. Não que eu advogue a idéia absurda que empresa é uma família, e que a relação entre líderes e colaboradores deve ser matriarcal ou patriarcal. Mas, por que as relações interpessoais em uma organização devem ser secas e sem calor humano, no nefasto formato de gestão de recurso? Ao meu ver, é inapropriada e nociva. A outra inferência macabra que obtemos quando admitimos a gestão do recur so humano é que pessoas são comparadas a dinheiro, computador, móveis ou equipamentos. Apesar de alguns desumanos quererem dar vida a esses recursos – “o dinheiro é quem manda!” – todos eles são inanimados, sem sentimentos ou opinião própria. Ora, gente não é assim. Por mais que alguns acreditem e professem a tirania, gente não é massa de manobra, não é objeto, que se leva de um lado para o outro, sem negociação, sem acordo. Gente se frustra, se motiva, chora, ri, e por isso precisa ser tratada como tal. Gente não é recurso. Infelizmente ainda preservamos uma cer ta mentalidade escravocrata. Quer uma prova?: “manda quem pode, obedece quem tem juízo!” Não tenho dúvida que tratar gente como recurso gerenciável é ainda um dos resquícios da escravidão que impera em boa par te do mundo corporativo, infestado de feitores e capatazes se passando por líderes. A solução não é só uma mudança cosmética de terminologias, como já temos visto por aí: “Gestão de gente”. Precisa sim, mudar o nome, mas acompanhado de uma mudança de princípios, de valores. Afinal, gente é gente! E nisso não cabe “recurso”, nos dois sentidos. 22 GP1.pmd 22 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Objetivos de aprendizagem Ao final desta unidade você terá subsídios para: ♦ ♦ compreender a evolução da área de Gestão de pessoas por intermédio dos fatos e acontecimentos que marcaram a forma como as empresas se relacionaram com seus funcionários até os dias de hoje; analisar o contexto atual das relações de trabalho, a partir de uma perspectiva que leve em consideração o processo de evolução e as mudanças na área de Gestão de pessoas; ♦ revisar e analisar o conceito de indivíduo (trabalhador) proposto por cada uma das Teorias Administrativas. Seções de estudo A seguir acompanhe as seções que você irá estudar nesta unidade. Ao final de cada etapa de estudos, use os quadros para assinalar as seções já estudadas. Seção 1 – Os fundamentos da evolução da área de Gestão de pessoas. Unidade 2 A Gestão de pessoas na visão tradicional Seção 2 – A evolução da Gestão de pessoas no conte xto br contexto brasileir asileiroo. asileir Seção 3 – A evolução da Gestão de pessoas no contexto mundial. Seção 4 – A evolução do conceito de indivíduo (trabalhador) no contexto das t eorias a dministrativas. 23 GP1.pmd 23 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Par araa início de estudo Para iniciar a unidade, tenha presente que várias ter minolo gias aaplicadas plicadas aatualmente tualmente em rrelação elação à ffor or ma minologias como as empresas vêem seus colaboradores e se relacionam com eles, já são influenciadas pelo processo de evolução da área da Gestão de pessoas. A expressão utilizada nesta disciplina, Gestão estratégica de pessoas - parte I, foi adotado nos últimos anos por algumas empresas para substituir termos como administração de pessoal e administração de recursos humanos. Diversas e novas terminologias estão presentes atualmente para representar a maneira pela qual as empresas gerenciam as suas relações de trabalho. Dentre essas, destacam-se terminologias como: gestão do capital humano, gestão de talentos, gestão do capital intelectual, gestão dos ativos humanos, Gestão de pessoas, entre outros. Quer conhecer mais sobre isso? Acompanhe detalhadamente como evoluiu historicamente essa área administrativa na próxima seção. SEÇÃO 1 – O S FUNDAMENTOS DA EVOLUÇÃO DA ÁREA DE G ESTÃO DE PESSOAS Os fundamentos que caracterizam o processo de evolução na Gestão de pessoas nas organizações surgiram no final do século XIX, com a Revolução Industrial. De acordo com Tonelli (2002), foram vários os fatores que contribuíram para o processo de evolução. Veja nos tópicos a seguir os principais focos desta evolução. A) Forte desenvolvimento econômico e tecnológico – o impulso para o desenvolvimento se deu com a aplicação da máquina a vapor, em diversos tipos de manufaturas, desde a siderurgia até a tecelagem. Particularmente, após a I Guerra Mundial, a indústria típica no Ocidente mais desenvolvido passou por intensa mecanização, mudando da pequena oficina à grande indústria, que produzia em série. Esse desenvolvimento foi conseqüência de tecnologias aplicadas aos processos produtivos. 24 GP1.pmd 24 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Na prática, foi possível observar que o desenvolvimento tecnológico aumentou a sofisticação do trabalho, demandando competências e habilidades mais variadas dos trabalhadores. Assim as empresas passaram a se preocupar em atrair e reter os melhores profissionais por necessidade, pois o mercado de trabalho se tornou mais competitivo, os produtos se diversificaram e as mudanças na tecnologia passaram a exigir organizações mais flexíveis e ágeis. B) Experiências e doutrinas humanistas – esta ocorrência predominou do fim do século XIX até 1930. Neste período testemunhou-se o aparecimento e a difusão de valores humanistas, especialmente ligados ao trabalho. O próprio marxismo e os ideais socialistas deram impulso a uma série de experiências e movimentos de reforma social, inclusive dentro de organizações produtivas. A própria Igreja Católica firmou uma posição neste contexto, dado o processo de exploração e a atuação das pessoas como mera extensão de máquinas, passou a ter maior preocupação com o resgate deste processo, através de maior humanização do trabalho e de suas relações. Tais movimentos decorriam das precárias condições de trabalho dos operários nas oficinas e fábricas, que se expandiam rapidamente durante o início do processo de industrialização em massa. C) Acirramento das relações de trabalho – na medida em que cresciam o mercado e a aplicação de tecnologia na indústria, as organizações ficavam maiores, mais complexas, e com isso o trabalho se tornava mais sofisticado. As teorias administrativas e técnicas de gestão não davam conta da diversidade e complexidade organizacional. Como resultado, as relações de trabalho passaram a ser mais difíceis e conflituosas. Surgem sindicatos mais fortes e com espírito de confrontação – o poder de barganha dos trabalhadores aumenta gradativamente e as greves começam a ganhar grandes repercussões. Os governos e da sociedade de forma geral, propõem modificações nas relações de trabalho e nas formas de gestão das organizações. UNIDADE 2 GP1.pmd 25 25 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA É importante que você compreenda ainda que, além dos fatores já apresentados, pode-se afirmar que também contribuíram para o surgimento da Gestão de pessoas nas organizações: o desenvolvimento do capital e a industrialização, a organização do trabalho, as várias teorias organizacionais que surgiram neste período e as diferentes estruturas organizacionais adotadas pelas empresas, em geral, no decorrer deste processo de evolução. SEÇÃO 2 – A EVOLUÇÃO DA G ESTÃO DE PESSOAS NO CONTEXTO BRASILEIRO No Brasil, a história da área de Gestão de pessoas pode ser classificada em cinco fases, veja o Quadro 1: QU ADR O 1 - AS CINCO FFASES ASES DDAA EV OL UÇÃO DDAA GESTÃO DE PESSO AS QUADR ADRO EVOL OLUÇÃO PESSOAS Época Fase Até 1930 Contábil de 1930 a 1950 Legal de 1950 a 1964 Tecnicista de 1964 a 1985 Administrativa ou Sindicalista posterior a 1985 Estratégica Ao refletir e aprofundar pesquisa sobre cada um destes períodos, você certamente poderá verificar aspectos relacionados às condições sócio-econômicas e às configurações organizacionais vigentes. Para conhecer os detalhes destas fases, mantendo foco nas Gestão de pessoas, leia o que pesquisadores como Gil (2002), Marras (2000), Aquino (1980) e Tonelli (2002) descrevem como características de cada fase. 26 GP1.pmd 26 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA O Q UE OCORREU ATÉ 1930 – DE P ESSO AS ESSOAS A FASE CONTÁBIL ? Neste momento as atividades de RH se restringiam aos cálculos da retribuição a que os trabalhadores faziam jus em decorrência do trabalho prestado. Pioneira da “gestão de pessoal”, também chamada de fase “pré-histórica” por alguns autores, caracterizava-se pela preocupação existente com os custos da organização. Os trabalhadores eram vistos exclusivamente sob o enfoque contábil: comprava-se a mão-de-obra e, portanto, as entradas e saídas provenientes dessa conta deveriam ser registradas contabilmente. Neste período é importante você considerar que aconteciam as seguintes situações: no início do século XX cerca de 80% da população brasileira habitava o campo; apesar da reduzida industrialização, este período conheceu momentos de notável efervescência trabalhista, decorrentes da presença significativa de trabalhadores europeus, dotados de elevado grau de conscientização política, que se instalaram sobretudo em São Paulo e em cidades do sul do país; nas primeiras três décadas do século XX, costuma-se lembrar o significativo número de jornais operários que circularam em SP e RJ, bem como a eclosão de movimentos grevistas, que exigiam medidas de proteção ao trabalhador. E N A FASE LEGAL , ENTRE 1930 A 1950, O Q UE OCORREU ? A partir de 1930, ocorreram alterações significativas nas relações de trabalho no país. O governo de Getúlio Vargas, que se instalou por meio de uma revolução, promoveu amplas intervenções nas questões trabalhistas, gerando mudanças tanto na proteção social ao trabalhador quanto ao processo de organização das associações operárias. No primeiro ano daquele governo criou-se o Ministério do Trabalho, da Indústria e do Comércio, com a finalidade de se ocupar de problemas trabalhistas. Já no ano seguinte foi criado o Departamento Nacional do Trabalho com o objetivo de promover medidas de previdência social e melhoria das condições de trabalho. UNIDADE 2 GP1.pmd 27 Getúlio Vargas (1882-1954) em 1945 foto: CPDOC/Fundação Getúlio Vargas, disponível em http://www2.uol.com.br/ cienciahoje/chdia/n1075.htm 27 7/3/2007, 14:15 DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA ○ U NIVERSID ADE NIVERSIDADE ○ ○ ○ Da tas impor tantes desta ffase ase le Datas legg al, em: ○ ○ ○ ○ 1937, após a instalação do Estado Novo, a nova Constituição atrelou os sindicatos ao Estado e proibiu as greves; ○ ○ 1940 foi criado o imposto sindical; ○ ○ ○ 1943 surgiu a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A CL T se encontr a por inteir a disponív el na CLT disponível inter net. Um dos ender eços de acesso é endereços http://www T/ w.. t r t 0 2 . g o v . b r / g e r a l / t r i b u n a l 2 / l e g i s / C LLT INDICE.HTML A fase legal se caracterizou ainda por importantes acontecimentos. Foi nesse período que a CLT introduziu a carteira profissional, regulamentou o horário de trabalho, definiu o direito de férias, instituiu as comissões mistas de conciliação, dentre outros direitos e normas. Para atender as exigências trabalhistas, as empresas passaram a incluir em sua estrutura a seção de pessoal, e para dirigi-la, surge a figura do chefe de pessoal. A administração de pessoal surgida neste período era de natureza legal, disciplinadora, punitiva e paternalista. Mas o que isso quer dizer? Quer dizer que o chefe de pessoal era um profissional que cuidava basicamente de atividades burocráticas e disciplinares, minimizando os aspectos de integração, produtividade e bem-estar dos trabalhadores, isto é, administrava papéis e não pessoas. O reflexo disso é que o poder, até então unicamente centrado na figura dos feitores (capatazes/chefes de produção) sobre os empregados, passou para as mãos do chefe de pessoal pelo domínio exercido sobre as regras e normas jurídicas impostas pela CLT. Outro fato importante a relembrar é que o Estado Novo, apesar de ter sido um período de concessão de benefícios, na prática, também serviu para acabar com o sindicalismo e com o movimento operário. As eleições sindicais se tornaram uma farsa, pois ao Ministério do Trabalho ficou reservado o direito de validar as diretorias eleitas e de intervir nos sindicatos. Foi somente com a queda do Estado Novo, em 1945, que o movimento operário começou a ressurgir e o direito de greve foi assegurado pela Constituição de 1946. 28 GP1.pmd 28 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA O 1950 Q UE OCORREU ENTRE 1964 – À DE P ESSO AS ESSOAS FASE TECNICIST TECNICISTAA ? NA A década de 50 se caracterizou por mudanças significativas no campo das relações de trabalho. Nesse período ocorreu a expansão da indústria siderúrgica, petrolífera, química, farmacêutica e automobilística. Os setores modernos da indústria passaram a suplantar, tanto em termos de produção como em número de empregados, os setores tradicionais. Com o crescimento das empresas, surgiram novas oportunidades de emprego. Porém, elevou-se o nível de qualificação e conseqüentemente de aspiração e de conscientização dos trabalhadores. Essas mudanças passaram a requerer a presença de um novo profissional para gerenciar os problemas de pessoal. Porém, como o sistema de ensino brasileiro não se mostrava adequado para preparar este novo profissional, as empresas passaram a preencher seus cargos aproveitando os antigos chefes de pessoal. Por isso em muitas empresas a única mudança observada foi a nomenclatura do órgão de pessoal. Você sabia que foi com base na experiência americana que as grandes empresas começaram a criar as gerências e/ou departamentos de relações industriais? ○ ○ ○ ○ Da tas impor tantes da ffase ase tecnicista: Datas ○ ○ ○ ○ ○ ○ no início da década de 60 nota-se progressiva aceleração da politização da classe operária. Nesse período os sindicatos passam a agrupar-se em federações; ○ ○ ○ ○ em 1962, passando por cima da legislação, os sindicatos constituem uma central sindical (CGT); ○ ○ ○ ○ ○ ○ a partir de 1962 observa-se notável queda no ritmo de crescimento econômico do país e a elevação dos níveis inflacionários; ○ ○ ○ ○ em 1964 o cenário econômico vigente contribui para o golpe militar que caracterizou este período. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ UNIDADE 2 GP1.pmd 29 ○ ○ ○ 29 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA A fase tecnicista representou para as organizações e para os trabalhadores um grande avanço na qualidade das relações entre capital e trabalho. Foi nessa fase que a área de RH passou a operacionalizar serviços como os de treinamento, recrutamento e seleção, cargos e salários, higiene e segurança, entre outros. NA FASE ADMINISTRA TIV ADMINISTRATIV TIVAA OU SINDICALIST SINDICALISTAA – DE 1964 A 1985, O QUE OCORREU ? Em 1964, os militares assumiram o poder e dissolveram os organismos unificadores do movimento operário. Por meio de novos mecanismos institucionais passaram a ter o controle econômico e político da classe trabalhadora, e os sindicatos, mais do que em qualquer outro período, passaram a ser tutelados pelo Ministério do Trabalho. Com isso, as lideranças sindicais foram abafadas e o clima tornou-se bastante adverso para as reivindicações dos trabalhadores. Por esta razão, as empresas não tiveram maiores dificuldades para “negociar” com seus empregados (relação ganha-perde). No período entre 68 a 73, o país passou por um notável surto de crescimento econômico (milagre brasileiro). As empresas cresceram e se modernizaram, como conseqüência, um valor cada vez maior passou a ser atribuído à planificação, à tecnologia e aos profissionais especializados. Assim começou a ser valorizado como profissional de recursos humanos, o administrador de empresas, que teve sua profissão regulamentada pela lei nº 4.760/65. Historicamente este foi o período de maior crescimento econômico. Foi a partir de 1973 que a situação econômica do país já não possibilita muito otimismo por parte das empresas. Vieram os choques do petróleo, os níveis de inflação voltaram a se elevar; a mão-de-obra tornou-se mais escassa nos grandes centros industriais e os movimentos operários, abafados por toda uma década, voltaram a se manifestar. Esse cenário passou a requerer das empresas ações mais concretas em relação à administração de seus recursos, tanto materiais e financeiros, quanto humanos. Muitas empresas passaram assim a conferir maior atenção a certas áreas de recursos humanos pouco consideradas até então, tais como treinamento e desenvolvimento de pessoal, cargos, salários e benefícios. 30 GP1.pmd 30 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS ○ Foi por volta desta época que a área de Gestão de pessoas é alterada de gerente/departamento de relações industriais para gerente de recursos humanos. Pretendia-se com essa mudança transferir a ênfase em procedimentos burocráticos e puramente operacionais para as responsabilidades de ordem mais humanísticas, voltadas para os indivíduos e suas relações (com os sindicatos, a sociedade, etc.). ○ ○ ○ Da tas impor tantes da ffase ase administr Datas administraa titivv a ou sindicalista: ○ ○ ○ ○ a partir de 1978, as relações de trabalho no país tornaram-se bem mais tensas; ○ ○ ○ ○ ○ ○ em 1974, o processo de abertura política iniciada por Geisel, apesar de lento e gradual, estimulou os trabalhadores a reivindicar maiores salários e melhores condições de trabalho; ○ ○ ○ em 1983 foi fundada a CUT – Central Única dos Trabalhadores. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Na fase administrativa ou sindicalista as greves tornaram-se mais freqüentes na realidade nacional, apesar da repressão. Tanto o governo quanto os empresários começaram a sentir a necessidade de negociar com os trabalhadores. Os sindicatos se fortaleceram por meio de lideranças cada vez mais lúcidas e bem assessoradas. Com a progressiva democratização do país, as negociações entre trabalhadores, governantes e empresários, tornaram-se cada vez mais imperativas. Isto impulsionou as inovações tecnológicas, que passaram a contribuir decisivamente para alterar a forma de gerenciamento de pessoal. As novas tecnologias de produção passaram a exigir habilidades mais específicas dos trabalhadores. POSTERIOR A 1985 – FASE ESTRA TÉGICA, Q UAIS OS PRINCIP AIS FATOS? ESTRATÉGICA PRINCIPAIS Nesse período o profissional de RH passou a ser mais desafiado, requerendo-se dele novas habilidades, como a de negociador, bem como maiores conhecimentos referentes às teorias e técnicas gerenciais. De maneira geral, a década de 80 foi marcada pela recessão, que elevou o desemprego e os trabalhadores passaram a ganhar proporcionalmente menos. As atividades de RH também foram seriamente afetadas, ocasionando a desativação de alguns setores, sobretudo treinamento e desenvolvimento. UNIDADE 2 GP1.pmd 31 31 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA A fase estratégica foi marcada operacionalmente pela introdução dos primeiros programas de planejamento estratégico de RH, atrelados ao planejamento central das organizações. É quando se rree gistr ar am as primeir as pr eocupações de long preocupações longoo pr az azoo , por par te da direção das empresas, com os seus trabalhadores. O período pós 1985 deu inicio a uma nova alavancagem organizacional do cargo de GRH, que de posição gerencial de terceiro escalão, em nível ainda tático, passou a ser reconhecido como diretoria, em nível estratégico nas organizações. A atuação estratégica pressupõe ainda a vinculação das práticas de Gestão de pessoas: recrutamento e seleção, capacitação, remuneração, avaliação de desempenho, dentre outras, às estratégias da organização. Oportuno destacar que a fase estratégica tem continuidade com as unidades 4 e 5 que você verá na seqüência. Já que você revisou historicamente os acontecimentos nacionais da área de Gestão de pessoas, na próxima seção você verá, de forma sintética, o contexto mundial dessa área com ênfase nos seus principais aspectos. SEÇÃO 3 – A EVOLUÇÃO DA GESTÃO DE PESSOAS NO CONTEXTO MUNDIAL Os principais pesquisadores classificam a Gestão de pessoas no contexto mundial em quatro fases distintas: 1ª fase – do final do século XIX o final da I Guerra Mundial; 2ª fase – o período entre as duas Guerras Mundiais; 3ª fase – da II Guerra Mundial até os anos 1980 e 4ª fase – de 1990 até os dias atuais. Assim, como na seção anterior, de forma bem sintética e tendo como referência Tonelli (2002), acompanhe com reflexão as principais características de cada fase, nas quais destaca-se aspectos relacionados às condições socioeconômicas e às organizacionais vigentes: 1ª FASE: DO FIN AL DO SÉCUL O FINAL SÉCULO XIX ATÉ O FIN AL DA FINAL I GUERRA MUNDIAL Fortalecimento do modelo da Revolução Industrial. Predomínio de empresas manufatureiras. Estruturação das cidades. Mão-de-obra abundante. 32 GP1.pmd 32 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Edição das primeiras leis para a regulação do trabalho. Surgimento dos sindicatos. Produção semi-artesanal e centralizada na manufatura. Início da profissionalização da administração. A Gestão de pessoas não é sistematizada, ou seja, é praticada de forma empírica e sem fundamentos técnicos. Aplicação da remuneração por peças. O controle e a gestão dos trabalhadores são exercidos pelo capataz. 2 ª FASE : O PERÍODO ENTRE AS DU AS DUAS G UERRAS MUNDIAIS Crise de 1920 nos Estados Unidos. Fortalecimentos dos estados nacionais. Crescimento das cidades. Fortalecimento dos sindicatos. Ampliação da legislação trabalhista de proteção aos empregados. Adoção dos modelos Taylorista, Fordista e Burocrata – Escola Clássica. Início do processo de produção em massa. Início da departamentalização nas organizações. Criação das subsidiárias de grandes empresas em outros países. Departamento de pessoal com funções de recrutamento, seleção, treinamento e remuneração. Surgimento dos departamentos de relações industriais e relações humanas. Aplicação da seleção científica prescrita por Taylor – a colocação da pessoa certa no lugar certo. Com a escola de relações humanas (experiência de Hawthorne) as práticas de recursos humanos são ampliadas e passam a considerar aspectos mais complexos, tais como: grupos, motivação, liderança, comunicação, variáveis relacionadas à análise da produtividade e satisfação das pessoas no trabalho. Na indústria americana, as práticas burocráticas de controle de pessoal eram as mais difundidas nesta época: análise de cargos, avaliações, testes de seleção e recrutamento. UNIDADE 2 GP1.pmd 33 33 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 3 ª FASE : DA II G UERRA M UNDIAL ATÉ OS ANOS DE 1980 Rápido crescimento econômico. Internacionalização da economia. Produção e consumo em massa. Entrada das mulheres no mercado de trabalho. A complexidade do mundo organizacional, aliada à sofisticação tecnologica, faz crescer a importância da área de recursos humanos. Fortalecimento aparente dos sindicatos no início do período e perda gradual de poder ao longo dos anos. Pleno emprego no início do período e reestruturações durante a década de 1980. Expansão das multinacionais. Início da difusão de modelos “flexíveis” e mais “orgânicos”. Transformação do departamento de pessoa em departamento de recursos humanos, englobando também relações industriais. Preocupações com a motivação, liderança e retenção de funcionários. Carreiras hierarquizadas. Surgimento de modelos de gestão de recursos humanos orientados para “organização flexível”. 4ª FASE: DE 1990 ATÉ OS DIAS ATU AIS TUAIS Globalização e intensificação da produção. Flexibilidade nas relações de trabalho. Intensificação das tecnologias informacionais. Ênfase nos consumidores. Enfraquecimento dos sindicatos. Mudanças organizacionais intensivas na composição do capital, ênfase na qualidade e na cultura. Organizações matriciais, orgânicas e aparecimento de empresas virtuais. Administração estratégica de recursos humanos. Ênfase na retenção de talentos, descentralização das responsabilidades na Gestão de pessoas para as diversas áreas da empresa. Terceirização das práticas de Gestão de pessoas: recrutamento e seleção, capacitação e rotinas de folha de pagamento. Carreiras mais amplas: laterais e diagonais. 34 GP1.pmd 34 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Ao longo das duas últimas seções você pôde acompanhar uma visão global da evolução da Gestão de pessoas, tanto no contexto nacional como no mundial. Na seção seguinte você verá em maiores detalhes como o comportamento dos indivíduos (trabalhadores) no meio organizacional é proposto nas diferentes teorias administrativas. S EÇÃO 4 – A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE INDIVÍDUO ( TRAB ALHADOR ) NO CONTEXT O D AS TEORIAS ADMINISTRA TIV AS TRABALHADOR CONTEXTO ADMINISTRATIV TIVAS Na disciplina História do Pensamento Administrativo você conheceu a evolução das teorias administrativas, e suas principais características. Nesta seção, baseando-se em Chiavenato (2000) e Ferreira (1997), você irá resgatar esses conceitos relacionando-os à concepção de indivíduo nas diferentes teorias organizacionais, em termos comportamentais no ambiente organizacional. Para melhor comparar e compreender as diferentes visões de homem nas diferentes teorias administrativas, observe o quadro-síntese a seguir. QUADRO 2 - QUADRO-SÍNTESE CONCEPÇÃO DE INDIVÍDUO NAS DIFERENTES TEORIAS ORGANIZACIONAIS UNIDADE 2 GP1.pmd 35 35 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Você observou no quadro-síntese que segundo a ênfase e a abordagem proposta por cada teoria da administração, altera a concepção do indivíduo no ambiente de trabalho. Isto não significa mudanças imediatas no dia-a-dia das organizações, mas sinaliza um novo tipo de comportamento dos indivíduos face aos preceitos de cada teoria. Outra ponto a relevar é que as teorias apresentadas e os comportamentos previstos dos indivíduos ainda podem ser encontrados no dia-a-dia das organizações, algumas apresentando maior ênfase em uma teoria ou outra. Deste modo, é ainda possível relacionar empresas com um modelo de Gestão da Teoria clássica, e nas mais de ponta, que já adotam a Teoria sistêmica. Uma vez que todas as teorias e possíveis comportamentos dos colaboradores se fazem presentes no mundo organizacional. Uma vez que você realizou uma panorâmica sobre a visão tradicional da Gestão de pessoas, o próximo desafio é realizar as atividades de aprendizagem propostas. A TIVID ADES TIVIDADES DE A UT O - A V ALIAÇÃO UTO Após a leitura criteriosa desta unidade, responda as questões que seguem. 1. Os profissionais que atuam em uma empresa possuem determinados objetivos, assim como seus proprietários (acionistas, dirigentes). Com base na relação apresentada a seguir, identifique e selecione os objetivos individuais com “I” e os objetivos organizacionais com “O”. ( ) Reconhecimento e valorização ( ( ) Qualidade dos produtos/serviços ( ( ) Novos mercados ( ) Qualidade de vida ( ) Imagem no mercado ( ) Melhores salários ) Novos clientes ) Melhores benefícios ( ) Estabilidade/segurança no emprego ( ) Liberdade de atuação 2. O que você entende por uma relação “ganha-ganha” no contexto organizacional? 36 GP1.pmd 36 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS 3. A Cia. Alfa é uma empresa familiar, de porte médio, produtora de equipamentos especializados de computação, utilizados em carros, que fornece seus produtos para as montadoras de automóveis. Sendo uma empresa familiar, seu crescimento ocorreu de forma desordenada devido à falta de foco no negócio da empresa, morosidade nas tomadas de decisões e ausência de planejamento estratégico. A área de recursos humanos é composta por um diretor, três especialistas de nível superior (em recrutamento e seleção, remuneração e capacitação) e dois auxiliares administrativos, responsáveis pelas atividades burocráticas e rotineiras referentes a registros, controles, folha de pagamento e outras atividades de fórum administrativo. A atuação da área de RH nas atividades de recrutamento/seleção, remuneração e capacitação ocorre da seguinte forma: recrutamento e seleção – a DRH aprova todas as solicitações, realiza o recrutamento e seleciona os candidatos aplicando testes e entrevistas. Uma vez selecionados os candidatos são encaminhados aos setores onde foram requisitados para iniciarem suas atividades; remuneração – a DRH estabelece os níveis salariais para cada cargo com base em estudos de classificação de cargos e pesquisas de mercado em companhias similares. A DRH assume todas as decisões sobre salários; capacitação – a DRH conduz o processo de capacitação definindo os tipos de cursos, os conteúdos programáticos e os ministrantes de acordo com as necessidades de cada área. Considere o contexto apresentado e responda em que fase histórica de evolução da área de recursos humanos, a Cia. Alfa se enquadra? 4. Historicamente, a área de recursos humanos nas organizações sempre esteve mais preocupada em: ( ) desenvolver os funcionários; ( ) proporcionar qualidade de vida; ( ) controlar os funcionários; ( ) estimular o desenvolvimento e as oportunidades de carreira; ( ) recompensar os funcionários. UNIDADE 2 GP1.pmd 37 37 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 5. Dentre os principais fatores que contribuíram para a evolução da Gestão de pessoas nas organizações (Seção 1), atribua em importância de 1 a 3, as seguintes frases: ( ( ( ) acirramento das relações de trabalho; ) forte desenvolvimento econômico e tecnológico; ) experiências e doutrinas humanistas. SÍNTESE Nesta unidade você teve contato com a Gestão de pessoas na visão tradicional, e conheceu a evolução histórica da área, no contexto mundial e no contexto brasileiro. Como marco inicial do processo de evolução, teve-se a Revolução Industrial que modificou as relações de trabalho até então existentes. Constatou-se que a área de Gestão de pessoas, influenciada pelos aspectos sociais, econômicos e políticos de cada momento histórico, obteve várias denominações. No entanto, o processo de evolução, ora mais intenso, ora mais lento, deveu-se diretamente às seguintes variáveis: forte desenvolvimento econômico e tecnológico, experiências e doutrinas humanistas, acirramento das relações de trabalho. Além dos fatores acima apresentados, também contribuíram para o surgimento da Gestão de pessoas nas organizações: a desenvolvimento do capital e a industrialização, a organização do trabalho, as várias teorias organizacionais que surgiram neste período e as diferentes estruturas organizacionais adotadas pelas empresas, em geral, no decorrer deste processo de evolução. Dentre todos os estágios ou fases desta evolução histórica, o último denomina-se Gestão estratégica de pessoas que será discutido na Unidade 4. Antes desta discussão, na próxima unidade você verá a Gestão de pessoas na visão contemporânea. S AIBA MAIS Para você que deseja conhecer mais sobre os conteúdos desta unidade, a sugestão é ler os capítulos 1 e 3 do livro: Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais de Antonio Carlos Gil, 2001. Para você entender melhor sobre o que se passava durante o período contábil da evolução da Gestão de pessoas uma boa dica é assistir o filme “Tempos Modernos” de Chaplin. 38 GP1.pmd 38 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS A Gestão de pessoas na visão contemporânea Ao final desta unidade você terá subsídios para: ♦ compreender os fundamentos e as recentes mudanças que estão sendo adotadas pelas empresas; ♦ analisar o contexto atual e as demandas do mercado de trabalho que influenciam a forma de gerenciar as pessoas; ♦ analisar e compreender os novos papéis que os profissionais da área de Gestão de pessoas devem assumir e desenvolver para agregar maior valor aos resultados da empresa. Seções de estudo A seguir acompanhe as seções que você irá estudar nesta unidade. Ao final de cada etapa de estudos, use os quadros para assinalar as seções já estudadas. Seção 1 – O contexto da visão contemporânea na Gestão de pessoas. Seção 2 – A visão tr adicional vver er sus a visão tradicional contemporânea na Gestão de pessoas. Unidade 3 Objetivos de aprendizagem Seção 3 – Os novos papéis na Gestão de pessoas. 39 GP1.pmd 39 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Par araa início de estudo Pense na empresa na qual você trabalha atualmente e r ef lita sobr or ma como é ffeita eita a Gestão de pessoas eflita sobree a ffor orma pessoas.. Na sua per ce pção ea bbuscam uscam gger er ar perce cepção pção,, os ggestor estores área erar estor es desta ár compr ometimento dos cola bor ador es par a com a empr esa, comprometimento colabor borador adores para empresa, criam opor tunidades par a os cola bor ador es ter em mais conhecimentos para colabor borador adores terem e experiências, ou dedicam-se a fiscalizar e controlar as pessoas? S EÇÃO 1 – O CONTEXTO DA VISÃO CONTEMPORÂNEA NA G ESTÃO DE PESSOAS As organizações vêm passando por grandes transformações em função de pressões que recebem tanto do contexto organizacional externo como do contexto interno. As mudanças que passam as organizações não estão limitadas às suas estruturas organizacionais formais, aos seus produtos, serviços ou mercados. Afetam, principalmente, os padrões comportamentais ou culturais e os padrões políticos ou relações internas e externas de poder. As pr essões r ela titivv as ao conte xter no têm sido bastante elati contexto xto eexter titivv as ao conte xto inter no não ttêê m elati contexto estudadas,, enquanto as r ela estudadas sido ainda objeto de ggrr ande a pr ofundamento DUTRA ofundamento.. ((DUTRA DUTRA,, 2002) Quanto ao contexto externo, podem-se destacar como pressões que impactam nas organizações os seguintes aspectos: globalização; turbulência do ambiente; produtos e serviços de alto valor agregado; novas arquiteturas organizacionais e de negócios. Estas pressões exigem respostas das organizações, tais como: flexibilidade, agilidade, gerenciamento eficaz da cadeia de valor, comprometimento de seus colaboradores. Já no contexto interno as pressões estão voltadas a aspectos como maior autonomia e liberdade para os colaboradores desenvolverem suas atividades,maior grau de desenvolvimento das pessoas, através de processos permanentes de aprendizagem e desenvolvimento profissional sustentado nas novas capacidades e competências que a organização necessita para alcançar seus objetivos. 40 GP1.pmd 40 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Tendo em vista este processo de mudança, o perfil dos gestores transforma-se de maneira radical, passando de um perfil obediente e disciplinado para um perfil autônomo e empreendedor, que visa a migração de estratégia de controle dos funcionários para estratégias que levam ao comprometimento, a partir da participação e do reconhecimento. Assim, as empresas passam a depender cada vez mais do grau de envolvimento e de comprometimento de seus colaboradores com os objetivos estratégicos e de negócios. Esse envolvimento e comprometimento são vitais para: aumentar o nível de produtividade e qualidade de seus produtos; atingir agilidade na aquisição e internalização de novas tecnologias; gerar rápida aquisição de capacidades e competências organizacionais; garantir maior flexibilidade nos processos de mudança organizacional, face às variáveis internas e externas; alcançar maior agilidade para atender as demandas internas e externas. Note que o alcance do envolvimento e comprometimento não se dá com um discur so bonito e bem pr e par ado sobr e os objeti v os econômicos e sociais ou sobr e a impor tância da empr esa, nem ocor r e com a cooptação 1 das pessoas com salários salários,, benefícios ou facilidades, mas pelo atendimento concreto das expectativas e necessidades dos objetivos individuais de seus colaboradores. Assim, caso o colaborador não verifique vantagens concretas para si mesmo, no presente e no futuro, na relação de trabalho que mantém com a empresa, ele dificilmente irá comprometer-se. O fato das empresas serem obrigadas a observar, com maior precisão, o conjunto de expectativas e necessidades das pessoas, fez com que surgissem as pressões do contexto interno, ou seja, de dentro da própria organização. As empresas, de forma geral, têm grande dificuldade para definir com clareza o que esperam das pessoas, e dificuldades ainda maior para definir os horizontes profissionais que podem oferecer. Cooptação: ato de cooperar; agregação; admissão extraordinária numa cooperação com dispensa das formalidades ordinariamente exigidas. 1 UNIDADE 3 GP1.pmd 41 41 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA O grande desafio que o contexto atual e futuro impõe às empresas é criar condições para que as pessoas alcancem suas expectativas de desenvolvimento, realização e r econhecimento econhecimento.. Quanto mais conscientes de si mesmas xigirão tr ansparência por par te da empr esa, esti estivv er em, mais eexigirão es críticos par a a e esses aspectos se tor narão ffaa tor tores sustentação da competição e manutenção de diferenciais competitivos. SEÇÃO 2 – A VISÃO TRADICIONAL VERSUS A VISÃO CONTEMPORÂNEA DA G ESTÃO DE PESSOAS Nesta seção você vai estudar duas abordagens de Gestão de pessoas, a tradicional e a contemporânea de forma sintetizada. Veja o quadro comparativo a seguir e observe como ele diferencia essas duas formas de Gestão de pessoas. O critério de comparação é realizado com base em várias características da dinâmica de funcionamento das organizações. FONTE: adaptado de Chiavenato, 1999, p. 35. 42 GP1.pmd 42 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Como você pôde verificar no quadro apresentado, em relação ao formato de trabalho, na visão tradicional praticava-se a centralização de todas as atividades e práticas de Gestão de pessoas na própria área. Por exemplo, o processo de recrutamento e seleção, envolvendo a aplicação das respectivas técnicas, era desenvolvido pelos profissionais da área. Já na visão contemporânea, ocorre a descentralização desta prática de gestão para os diretores, gerentes e supervisores da empresa. C ompete ao setor que tem necessidade de contratação de novos colaboradores, definir o perfil desejado dos colaboradores colaboradores,, as técnicas de rrecr ecr utamento e seleção mais adequadas adequadas,, e eexx ecutar esses processos. Cabe aos profissionais da área de Gestão de pessoas pr estar consultoria inter na às demais ár ea da empr esa, par a aaplicar plicar or ma mais adequada, todas as práticas plicar,, de ffor dessa ár ea de conhecimento conhecimento.. Note bem que, em relação à característica “nível de atuação”, na visão tradicional a área é burocratizada, departamentalizada, estritamente operacional e rotineira, tentando atender meramente as exigências da CLT e demais normas legais. Esta forma de atuação é decorrente do surgimento das leis de proteção aos trabalhadores (CLT e outros dispositivos legais), que passaram a exigir das empresas a alocação de profissionais para atender e executar estes dispositivos. Na visão contemporânea, estes serviços passaram a ser terceirizados em sua grande maioria, passando a área de Gestão de pessoas a ter uma atuação estratégica, ou seja, voltada ao alcance dos objetivos globais da empresa. Quanto à característica “comando da ação”, prevalece na visão tradicional o modelo hierárquico rígido, no qual as decisões são tomadas de “cima para baixo”, ou seja, o processo decisório é centralizado nos dirigentes que decidem como a organização deverá se comportar em todos os seus níveis. Já na visão contemporânea, o processo decisório é descentralizado, dependendo da complexidade dos assuntos. Assim, as decisões são de responsabilidade dos gerentes, supervisores e suas equipes de trabalho, principalmente no que se refere às questões de ordem tática e operacional. UNIDADE 3 GP1.pmd 43 43 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Outra característica a observar no quadro, diz respeito à coluna “principais atividades desenvolvidas”. Na visão tradicional, estas atividades estavam mais restritas aos processos de recrutamento e seleção, treinamento, administração salarial, benefícios, higiene e segurança e relações sindicais. Na visão contemporânea, além das atividades terem sido ampliadas, incluindo-se preocupações com pesquisa de clima organizacional, qualidade de vida, terceirização, processos de mudança, gestão participativa, entre outros, a forma tradicional de execução de tais atividades foi alterada. Com o processo de descentralização, os gerentes e suas equipes passaram a ajustar o desenvolvimento e a aplicação de cada atividade, de acordo com as necessidades da respectiva área. Por fim, note que em relação à coluna “missão da área”, na visão tradicional, predominava o entendimento de que gerir pessoas significava vigiar, coagir, punir, ou seja, desenvolver procedimentos para controlar as pessoas, na concepção de que elas iriam causar algum prejuízo à, empresa. Já na visão contemporânea parte-se da premissa que gerenciar pessoas significa desenvolver estratégias para atrair e manter os melhores colaboradores. Busca-se a parceria, o envolvimento e o comprometimento dos colaboradores. RRef ef lita antes de se guir par xto eflita seguir paraa próxima seção . Neste conte contexto xto,, que estratégias você recomendaria para gerar comprometimento no ambiente de trabalho que você atua? SEÇÃO 3 – O S NO NOVVOS PAPÉIS N A G ESTÃO DE PESSO AS PESSOAS Segundo Chiavenato (1999, p. 37), face às grandes transformações no mundo organizacional, a área de Gestão de pessoas, através de seus profissionais, deverá assumir novos papéis. Observe no quadro a seguir como se pode dar a transformação dos novos tipos de papéis face às mudanças organizacionais da área de Gestão de pessoas. 44 GP1.pmd 44 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS A atuação estratégica da área de Gestão de pessoas implica no desenvolvimento de atividades múltiplas e mais complexas, que têm como ênfase contribuir para agregar valor à empresa e não somente dar apoio às demais áreas. Trata-se de uma atuação que deve estar voltada a médio e longo prazo e não somente na busca de respostas e resultados pouco consistentes. Como é a tuar estr a te gicamente na Gestão de pessoas? Esta nova forma de atuação deve ser sistêmica, integradora e estar voltada ao atendimento das seguintes premissas: uma nova visão integrada do colaborador, do trabalho e da empresa; uma estrutura organizacional plana, enxuta, de poucos níveis hierárquicos; atendimento do usuário interno e externo, e, se possível encantá-lo; sintonia com o ritmo e a natureza das mudanças ambientais; uma visão voltada para o futuro e para o destino da empresa e das pessoas; criação e agregação de valor às pessoas, à empresa e ao cliente; a busca de uma administração participativa e baseada em equipes; a busca de agilidade, flexibilidade, dinamismo e proatividade; o compromisso com a qualidade e com a excelência dos serviços; a busca da inovação e da criatividade. UNIDADE 3 GP1.pmd 45 45 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Segundo Ulrich (1998), a Gestão de pessoas, através de seus profissionais, precisa desenvolver e aplicar três novas capacidades: a) criar clareza estratégica; b) fazer com que as mudanças aconteçam; c) criar capital intelectual. Estas capacidades representam os resultados a serem produzidos a médio e longo prazo. Veja em detalhes como elas se configuram. a) Criar clareza estratégica – trata-se do processo de disseminação na organização, em todos os seus níveis, dos objetivos, estratégias e metas fixadas pela empresa para médio e longo prazo. Objetiva esclarecer a todos os colaboradores a missão, a visão da empresa e dar ciência sobre o processo de planejamento estratégico adotado. Ter clareza estratégica visa ainda criar sinergia e fazer com que todos olhem na mesma direção, demonstrando foco e convergência de ações para o alcance do que foi planejado. Uma organização revela capacidade de clareza estratégica enfaa tiza objeti objetivv os os,, tanto a cur to quanto quando sua estr a tégia enf a longo prazo, cria significado para os que estão dentro e fora da empresa, traduz como eficiência práticas organizacionais, er encia a estim ula o compor tamento do cola bor ador e dif estimula colabor difer empresa para clientes e investidores. Pode-se testar a clareza estratégica pedindo ao grupo de colaboradores que identifiquem como a empresa deseja ser conhecida por seus melhores clientes. Quando as respostas a essa pergunta são semelhantes, a empresa possui clareza estratégica. Os profissionais de Gestão de pessoas ao agirem como parceiros estratégicos, desempenham um grande papel na criação de uma unidade estratégica. 46 GP1.pmd 46 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS b) Fazer com que as mudanças aconteçam (ser um agente de mudança) – o ambiente para muitas empresas é imprevisível e incontrolável. Em vez de gastar enormes verbas para criar estratégias que podem funcionar ou não nessas esferas instáveis, as empresas alcançam bons resultados com a capacidade de mudar rapidamente. Organizações com essa capacidade demonstram velocidade, agilidade, flexibilidade e redução do tempo de ciclo. O que é pr eciso par a ser um a g ente de m udança? Note bem que para que os profissionais de Gestão de pessoas possam aprender a se tornar agentes de mudança, é necessário que desempenhem os seguintes papéis: arquitetar mudanças a partir de um modelo, de uma teoria que ajuda o profissional da área a saber por onde começar, como alavancar a mudança e como transformar eventos em modelos de comportamentos; facilitar o processo de mudança alocando as pessoas certas no lugar certo. Para isso, precisam aprender como estimular os principais responsáveis pelos processos decisórios a se envolver em um projeto de mudança; como gerenciar e aprender com a experiência e desencadear os eventos que irão sustentar a mudança. desenvolver um novo projeto para os sistemas (práticas) de Gestão de pessoas que seja coerente com a mudança; praticar em sua área (Gestão de pessoas) as funções e as práticas que recomendam a terceiros. c) Criar capital intelectual (ser um defensor dos colaboradores) – todo dirigente reconhece que o capital intelectual é importante. O desafio está em descobrir o que ele é e como aumentá-lo. Um trabalho recente examina o conceito de maneira simples, mensurável e útil. Trata-se da seguinte fórmula: Capital intelectual = competência X comprometimento Entende-se por competência o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes do colaborador, aplicados ao ambiente de trabalho, aliado à sua experiência. Comprometimento demonstra o grau de envolvimento, de participação com a empresa. Representa “vestir a camisa”, ter motivação. UNIDADE 3 GP1.pmd 47 47 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Essa equação sugere que, em determinada unidade, a competência geral do colaborador pode aumentar, mas por si só não assegura o capital intelectual. Por exemplo, empresas com alta competência, mas baixo comprometimento, podem possuir colaboradores talentosos que não conseguem realizar atividades simples. Empresas com alto comprometimento, mas baixa competência, podem ter funcionários não muito talentosos que executam suas atividades rapidamente, com dedicação e entusiasmo. O capital intelectual requer tanto competência como compr ometimento ometimento.. Os profissionais de Gestão de pessoas que aumentam a competência e o comprometimento formam capital intelectual, e ao fazê-lo, tornam-se defensores dos colaboradores por estarem preocupados pela maneira como a empresa pode satisfazer suas necessidades. Esses profissionais se esforçam para desenvolver práticas para gerar maior nível de competência de acordo com as requeridas pela organização, investem em práticas de Gestão de pessoas para aumentar o comprometimento, a participação e o envolvimento dos colaboradores. Também monitoram se as políticas e práticas organizacionais ajudam ou bloqueiam o crescimento do colaborador. Quando identificam que uma prática impede que o colaborador adquira competência ou comprometimento, eles contestam e propõem mudanças. Agora que você já acompanhou como é a visão contemporânea da Gestão de pessoas, realize as atividades para ampliar sua aprendizagem. 48 GP1.pmd 48 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA A TIVID ADES TIVIDADES DE P ESSO AS ESSOAS DE A UT O - A V ALIAÇÃO UTO Após a leitura criteriosa desta unidade, responda as questões que seguem. 1. Na sua percepção, atualmente quais são as principais pressões do ambiente externo e do ambiente interno que as empresas sofrem? 2. A Gestão de pessoas é uma das áreas mais afetadas pelas recentes mudanças que estão acontecendo no mundo moderno. Hoje se fala em gestão de talentos, capital intelectual, capital humano, ativo humano e não mais em recursos humanos, exatamente para proporcionar uma visão das pessoas não mais como meros funcionários remunerados em função do tempo de disponibilidade à organização, mas como parceiros e colaboradores do negócio da empresa. Com base nesse preceito, observe e assinale as afirmativas que correspondem a esta nova visão voltada à Gestão de pessoas. ( ) Ter pessoas é ter despesas. ( ) Descentralização das práticas de RH rumo aos gerentes e ( suas equipes. ( ) Foco nos processos e não ( nos resultados. ( ) RH presta serviços de ( consultoria interna. ( ) Policiamento e controle. ( ( ( ( ) Centralização total das operações no órgão de RH. ) Decisões vindas da cúpula da organização. ) Parceria e compromisso. ) Pró-ativo e preventivo. ) Operacional e burocrático ) Foco estratégico e no negócio. ) Reativo e solucionador de problemas. UNIDADE 3 GP1.pmd 49 49 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 3. O professor e escritor americano Dave Ulrich afirma que a área de Gestão de pessoas e, conseqüentemente, seus profissionais, devem exercer três papéis essenciais, os quais destacou: criar clareza estratégica – ser um parceiro estratégico; fazer com que as mudanças aconteçam – ser um agente de mudança; criar capital intelectual – ser um defensor dos funcionários. A partir deste conceito, escreva a seguir o que você entende por “criar capital intelectual, ser um defensor dos funcionários”. 4. Explique com suas palavras qual a melhor forma para verificar se numa organização existe clareza estratégica. 50 GP1.pmd 50 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS SÍNTESE Nesta unidade você estudou a visão contemporânea da Gestão de pessoas, acompanhou o contexto em que se insere esta visão, as principais mudanças em relação à visão tradicional e também os novos papéis inerentes à área. Pôde constatar que as pressões relativas ao contexto externo exigem respostas das organizações, tais como: flexibilidade, agilidade, gerenciamento eficaz da cadeia de valor, comprometimento de seus colaboradores. Já no contexto interno as pressões estão voltadas para a maior autonomia e liberdade para os colaboradores desenvolverem suas atividades, maior grau de desenvolvimento das pessoas através de processos permanentes de aprendizagem e desenvolvimento profissional, sustentado nas novas capacidades e competências que a organização necessita para alcançar seus objetivos. Estas pressões de ordem externa e interna exigem nova postura e forma de atuação da área de Gestão de pessoas. Requerem mudanças sinalizadas, principalmente pelo processo de descentralização das práticas de Gestão de pessoas para os gestores da organização em todos os seus níveis, onde os profissionais da área passam a atuar como consultores internos. A visão contemporânea também introduz novos papéis aos profissionais da área, papéis estes voltados a criar clareza estratégica, ser um agente de mudanças e criar capital intelectual. Na próxima unidade a tópica de estudo é a Gestão estratégica de pessoas e você poderá compreender porque a necessidade da área de Gestão de pessoas é estar cada vez mais voltada para o alcance dos objetivos e estratégias da organização. Até lá! S AIBA MAIS Para aprofundar o conteúdo desta unidade sugere-se que você leia a introdução do livro Recursos humanos estratégicos, de Dave Ulrich, 2000. UNIDADE 3 GP1.pmd 51 51 7/3/2007, 14:15 GP1.pmd 52 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS A Gestão estratégica de pessoas Ao final desta unidade você terá subsídios para: ♦ compreender o que consiste a Gestão estratégica de pessoas e sua aplicabilidade no ambiente organizacional; ♦ analisar as principais técnicas de Gestão de pessoas, decorrentes da gestão estratégica. Seções de estudo A seguir acompanhe as seções que você irá estudar nesta unidade. Ao final de cada etapa de estudos use os quadros para assinalar as seções já estudadas. Seção 1 – O que é Gestão estratégica de pessoas? Seção 2 – O que é consultoria inter na? Seção 3 – O que é terceirização? Seção 4 – O que é Empo w er ment ? Empow Unidade 4 Objetivos de aprendizagem Seção 5 – O que é empregabilidade? 53 GP1.pmd 53 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Par araa início de estudo Agora, na Unidade 4, você irá conhecer as características e os focos de atuação da Gestão estratégica de pessoas e identificar algumas tendências e modelos de ggestão estão ocê estão.. É impor tante que vvocê compreenda quando e porque surgiu essa preocupação nas organizações e entenda que esse tema é atual e se constitui em um dos grandes desafios das empresas. Sinta-se também desafiado a elaborar estratégias. Leia com reflexão: O sucesso de uma organização depende cada vez mais do conhecimento, das habilidades, da criatividade e motivação de seus colaboradores. O sucesso das pessoas, por sua vez, depende cada vez mais de atitudes voltadas à criação e ao aproveitamento de oportunidades para aprender ,e de um ambiente favorável ao pleno desenvolvimento de suas potencialidades. É neste contexto que mudança de estratégias de controle dos colaboradores para estratégias voltadas à geração de comprometimento tornase necessária, através da gestão estratégica isto é possível. Estas entre outras questões serão estudadas por você nesta unidade. Siga com atenção! SEÇÃO 1 – O Q UE É G ESTÃO ESTRA TÉGICA DE PESSO AS? ESTRATÉGICA PESSOAS A expressão “Gestão estratégica de pessoas” ou “gestão estratégica de recursos humanos”, surgiu na literatura internacional na década de 1980, sob diferentes argumentações, seja a partir das críticas ao papel funcional, burocrático, operacional e nas fraquezas percebidas na área, seja por pressões ambientais que demonstravam a natureza estratégica de recursos humanos, seja pelo processo de planejamento estratégico que passou a contemplar a atuação da área para fins de alcance dos objetivos organizacionais. 54 GP1.pmd 54 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Atualmente a mudança é uma das características mais marcantes do ambiente empresarial no contexto mundial e no contexto brasileiro. As transformações nas organizações, no ambiente empresarial e na sociedade, são profundas e ocorrem em ritmo cada vez mais dinâmico e rápido. A rapidez das mudanças tecnológicas, a globalização da economia e o acirramento da competição entre empresas e nações geram impactos significativos sobre a forma de gestão das organizações, exigindo um repensar sobre seus pressupostos e modelos. Um dos impactos mais expressivos dessas mudanças no ambiente é, por parte das organizações, o aumento do nível de qualificação e de conhecimentos exigidos dos profissionais, com implicações diretas na Gestão de pessoas e nos modelos utilizados em sua gestão. Lembre-se que na Unidade 1 você estudou que o estágio estratégico na Gestão de pessoas surgiu a par tir da se gunda metade dos anos 80, tendo-se segunda consolidado na década de 90. Quais são as car acterísticas da Gestão estr a tégica de pessoas? Como principais características destaca-se: vinculação das práticas de Gestão de pessoas às estratégias da organização; tradução de estratégias empresarias em capacidades organizacionais e, estas, em práticas de Gestão de pessoas; capacidade de gerar, por meio de pessoas, maior competitividade para a empresa; competência para prover a empresa com as pessoas necessárias para viabilizar seus objetivos estratégicos; habilidade para desenvolver as competências críticas de que a organização necessita para criar vantagens competitivas sustentáveis a longo prazo; envolvimento de todas as pessoas que atuam na organização e não apenas do segmento executivo ou técnico; preocupação e foco, a médio e longo prazo, voltados ao negócio da empresa; reconhecimento de forma explícita dos impactos ambientais UNIDADE 4 GP1.pmd 55 55 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA externos na atuação da área; percepção de que a atuação da área deve perpassar as fronteiras internas da empresa, atingindo a cadeia de valor; atuação descentralizada com ênfase na prestação de consultoria interna; preocupação com a gestão das competências organizacionais e individuais. Segundo as premissas e características da Gestão estratégica de pessoas apresentadas é possível sintetizar que a atuação desta área é voltada para a mudança do modelo tradicional de atuação, fundamentado em estratégias de controle das pessoas, para um modelovoltado à geração de estratégias de comprometimento. Obser v e que estas duas ffor or mas de aatuação tuação da ár ea de área Gestão de pessoas – foco no controle e foco no comprometimento das pessoas com os objetivos organizacionais – se contrapõem. As estratégias de controle partem da premissa de que os colaboradores são percebidos como números, custos e fator de produção (mão-de-obra). E que para desempenharem bem suas funções precisam ser mandados e controlados. Já as estratégias de comprometimento enfatizam os colaboradores como parceiros do negócio da empresa (relação ganha-ganha). Assim, a empresa deve investir em seus funcionários para conseguir a melhoria dos resultados organizacionais. A estratégia de comprometimento baseia-se no pressuposto de que o comprometimento dos colaboradores está diretamente r elacionado com o aumento do desempenho desempenho.. Para ficar claro, a diferença entre as estratégias de controle e de comprometimento, observe bem o quadro a seguir, veja como Albuquerque (2002) apresenta algumas características organizacionais que identificam como as empresas atuam frente à cada uma das características, em situações extremas. 56 GP1.pmd 56 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS QU ADR O 3 - ESTRA TÉGIA DE CONTR OLE X ESTRA TÉGIA DE COMPR OMETIMENT O QUADR ESTRATÉGIA ESTRATÉGIA OMETIMENTO Cabe destacar que as características apresentadas demonstram situações extremas em termos de estratégias de controle e de comprometimento. Cada organização estará situada entre estes limites extremos, ou mais próxima do controle ou mais voltada ao comprometimento. Este processo de migração é gradativo e demanda tempo, avaliação constante e melhoria contínua. A capacidade de uma organização implementar suas estr a tégias é mais impor tante que o pr ocesso de ffor or m ulação processo e de qualidade destas estratégias. Fischmann (1987) realizou uma pesquisa a respeito da implementação de estratégias e identificou os principais motivos que impedem ou dificultam tal processo, resultando em fracasso. A seguir, acompanhe os principais motivos e dificuldades que podem impedir a geração de estratégias de comprometimento: a liderança e a ação dos gerentes não é eficaz; a alta administração não dá sustentação suficiente para a implementação; UNIDADE 4 GP1.pmd 57 57 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA a capacitação da área gerencial não é suficiente; os mecanismos de compensação, como prêmios, e participação nos lucros e resultados, entre outros, não são programados e/ou explicitados; as metas globais de decisão estratégica não são bem assimiladas pelos colaboradores; e as falhas no processo de comunicação. Assim, destaca-se que a atuação da área de Gestão de pessoas, numa concepção estratégica, precisa ter como premissa básica de atuação a geração de comprometimento, que demanda tempo, estratégias adequadas e constante avaliação, com a adoção de medidas corretivas. Conheça na próxima seção algumas das mais recentes técnicas de Gestão de pessoas, decorrentes da atuação estratégica. S EÇÃO 2 – O Q UE É CONSUL CONSULTTORIA INTERN INTERNAA ? Nesta seção a proposta é que você estude uma das maneiras de colocar em prática as características da Gestão estratégica de pessoas com foco para o comprometimento – é a consultoria interna. Ao longo de sua leitura, certamente você perceberá características de muitas empresas conhecidas. A consultoria inter na consiste em um modelo em que cada pr of issional da ár ea de Gestão de pessoas tua de ffor or ma prof ofissional área pessoas,, aatua m ultidisciplinar or mando uma lig ação entr ea de Gestão de ultidisciplinar,, ffor ligação entree a ár área pessoas e as demais unidades de ne gócio da or negócio orgg anização anização.. Por exemplo, considere que a área comercial de uma empresa tem necessidade de novos profissionais para atuar como vendedores. 58 GP1.pmd 58 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Nesta concepção de consultoria interna, todos os procedimentos para o processo de recrutamento e seleção são de responsabilidade da área comercial, e a área de Gestão de pessoas deverá prestar orientações à área comercial sobre as melhores técnicas de recrutamento, como elaborar um anúncio, quais técnicas de seleção são mais adequadas para este cargo, a definição do perfil do cargo, dentre outras orientações. A consultoria interna de Gestão de pessoas mostra uma dimensão que afeta basicamente a forma de trabalhar com os processos de gestão de recursos humanos, que os gestores das demais áreas da empresa, sob orientação e apoio dos profissionais de Gestão de pessoas, irão planejar e executar as práticas de Gestão de pessoas, da forma mais adequada às necessidades dos colaboradores da respectiva área e as estratégias da organização. A postura de atuação dos profissionais de Gestão de pessoas como consultores internos junto às demais áreas da empresa, tem como principal premissa: “No que posso colaborar para que meu cliente interno agregue valor ao negócio da empresa para torná-la mais competitiva?” Perceba que esta nova prática é uma oportunidade para o próprio profissional de Gestão de pessoas deixar as soluções paliativas, superficiais e isoladas, e participar efetivamente das mudanças que farão organizações mais competitivas e com ganhos efetivos. A prática da consultoria inter na eexig xig e de cada xige ultidisciplinar,, pr of issional da ár ea uma a tuação m ultidisciplinar f or mando um elo entr e o c liente inter no e a estr a tégia da or g anização anização.. No papel de consultor interno, o profissional de Gestão de pessoas passa a ser um facilitador da transição interna, propõe soluções e oferece sugestões de acordo com as necessidades do cliente interno. Esse profissional antecipa-se às tendências e identifica metodologias para mudar a cultura da organização, além de se dedicar à pesquisa e ao planejamento de novas tecnologias de Gestão de pessoas adequadas às estratégias e à dinâmica de funcionamento da organização. UNIDADE 4 GP1.pmd 59 59 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Para uma organização implantar a prática de consultoria interna através da área de Gestão de pessoas, recomenda-se as seguintes diretrizes: obter profundo comprometimento da alta direção e dos gestores das diversas áreas da empresa com o modelo; conhecer como outras empresas implantaram ou estão implantando esta prática; tornar a área de Gestão de pessoas uma unidade de negócios; ter políticas de Gestão de pessoas definidas e divulgadas no âmbito da empresa; ter uma forte sustentação administrativa e funcional; capacitar cada profissional de Gestão de pessoas para atuar como consultor interno; capacitar os gerentes de linha como gestores de seus colaboradores; instituir indicadores de desempenho voltados ao alcance de resultados estratégicos; acompanhar e efetuar mudanças constantes, se necessário. A prática de consultoria interna de Gestão de pessoas poderá provocar modificações no quadro de profissionais da área, pois aqueles que não se ajustarem a esta nova forma de atuação, terão que ser redistribuídos para outras áreas da empresa ou, em último caso, serem dispensados. Mas a tenção tenção,, este pr ocesso de descentr alização das práticas de Gestão de pessoas par a os ggestor estor es das demais áreas da empresa, com a conseqüente instituição da consultoria inter na, de v e ser ef etuada de ffor or ma g r ada ti v a, visando g ar antir a contin uidade e a qualidade das práticas de Gestão de pessoas. Outro modelo de gestão que tem sido implementado nas organizações é o modelo de terceirização. Ele é amplamente utilizado hoje e pode ser facilmente percebido até nas esferas da Administração Pública. Para conhecê-lo com detalhes siga até a próxima seção. 60 GP1.pmd 60 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA SEÇÃO 3 – O DE P ESSO AS ESSOAS QUE É TERCEIRIZAÇÃO? A adoção desse modelo de Gestão de pessoas pode gerar uma série de vantagens para as organizações, e é por isso que ele está em voga nas organizações atuais. Ter ceirização tr a ta-se em suma da prática de tr ansf erir titividades vidades que não ffaz az ansferir erir,, par a ter ceir os os,, aati azem em par te do ne gócio principal da empr esa. negócio Foi a partir da década de 1980 que as organizações passaram a adotar com maior intensidade a terceirização como uma nova técnica de gestão organizacional. A terceirização é uma tendência moderna que visa a concentração de esforços nas atividades essenciais da empresa, delegando a terceiros as atividades de apoio e as complementares. Terceirizar consiste no ato de repassar a execução de uma ou mais atividades ou serviços a um profissional ou empresa, sem vínculo empregatício com a tomadora desse serviço, estabelecendo-se condições contratuais de custo, prazo e resultados esperados, entre outras. Repassar a terceiros tudo aquilo que não pertence ao foco de negócio da empresa é uma solução reconhecida como prática e eficiente. Sem contar que é muito atraente para a empresa, pois representa a promessa de livrar-se do pesado encargo de gerenciar folha de pagamento, dentre outros serviços. Mas, a decisão de terceirizar serviços na empresa depende de alguns fatores e resultados obtidos a partir de uma análise de custos e de qualidade desses serviços. UNIDADE 4 GP1.pmd 61 61 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA DE Algumas empresas por puro modismo e sem uma análise técnica e criteriosa tiveram esta postura, mais preocupadas na redução de custos, o que nem sempre ocorre, resultando na perda de qualidade dos serviços prestados. Nem sempre o processo de terceirização tem sido conduzido de forma adequada, pois muitas empresas têm contratado prestadores de serviços incapazes de assegurarem o mesmo nível de qualidade do serviço que era proporcionado pela própria empresa. Ao contrário do que muitos dirigentes pensam, a finalidade básica da terceirização não é cortar custos, mas aumentar a produtividade e focar a atuação da empresa no seu negócio. Muitas vezes, a redução de despesas só vem a ocorrer a longo prazo, mais em decorrência do uso da tecnologia e de processo especializado do que em função da dispensa de profissionais. Além dos aspectos citados, a terceirização de uma atividade não significa que a empresa não precisa mais se preocupar com ela. Pelo contrário, requer a avaliação constante dos terceirizados (prestadoras de serviços ou contratados), sendo recomendável realizar pesquisas com os clientes para medir o nível de satisfação com os serviços. Você, como ccliente liente dessas ter ceirizadas oi consultado sobr terceirizadas ceirizadas,, já ffoi sobree a qualidade dos ser viços pr estados? prestados? Tente ente,, com a ajuda da memória, compar ar os ser viços da empresa X como os prestados pela empresa Y (a ser viço da X). Você os qualif ica como? qualifica A terceirização representa um desafio para a Gestão de pessoas, não apenas porque pode envolver dispensa de pessoal, mas, sobretudo, porque várias atribuições da área podem ser terceirizadas. Em algumas empresas que implantaram a terceirização, foi mantido na área de Gestão de pessoas um pequeno contingente de profissionais para atuarem como consultores internos numa concepção estratégica de Gestão de pessoas. 62 GP1.pmd 62 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Atenção : quando se fala de terceirização é impor tante entender que o que se T E R C E I R I Z A É A E X E C U Ç Ã O e, eventualmente, o C O N T R O L E O P E R A C I O N A L D O S estão S E R V I Ç O S , pois a g gestão estão,, o contr ole e a responsabilidade pelo alcance dos resultados deve ser uma preocupação constante da empresa ou especificamente da área de Gestão de pessoas. Quando terceirizar? Para determinadas atividades de apoio, por exemplo, o serviço de refeitório da empresa, superficialmente, passa a impressão de que é viável terceirizar. No entanto, deve-se analisar o nível de qualidade dos serviços prestados pela empresa e o nível de satisfação dos colaboradores frente a este serviço. Caso o nível de qualidade e de satisfação com um serviço deixar a desejar, a empresa, após uma análise de custo, pode decidir pela terceirização, com o objetivo de elevar os níveis de qualidade e de satisfação dos usuários. Já em outras situações, é preferível que a empresa assuma a realização de tais serviços com o pessoal da própria empresa, mesmo a um custo maior, tendo em vista o nível de qualidade e os resultados que a empresa requer, padrões estes que dificilmente são atingidos por intermédio de empresas contratadas. Outro ponto importante que deve ser levado em conta na decisão de terceirizar, é a questão da confidencialidade do assunto e das informações inerentes à atividade. Em certas circunstâncias, a manutenção do sigilo das informações ultrapassa qualquer parâmetro de custo e viabilidade de se terceirizar. Como identificar e analisar potenciais atividades e/ou ser viços a ser em ter ceirizados? Para a identificação e análise de potenciais atividades e/ou serviços a serem terceirizados recomenda-se levar em consideração situações que envolvam aspectos atitudinais ou comportamentais, como, por exemplo, programas de capacitação, desenvolvimento e motivação dos colaboradores. Nestas situações, a preocupação deve ser em relação à cultura organizacional, aos valores e princípios da empresa, que podem ser afetados de forma negativa ou ignorados em um processo de terceirização. UNIDADE 4 GP1.pmd 63 63 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA No âmbito de uma organização, a terceirização pode envolver: a prestação de serviços específicos – consiste na contratação de empresas ou profissionais autônomos para executarem determinados serviços, sendo a forma mais utilizada. Neste caso terceiriza-se o serviço, devendo a contratada dimensionar o número de profissionais necessários; a relação de trabalho (o vínculo empregatício) – consiste na contratação de profissionais que mantêm o vínculo empregatício com a empresa terceirizada. Neste caso, a contratante especificará de quantos profissionais tem necessidade, identificando os respectivos cargos ou funções. Obser v e que um contr a to de ter ceirização pr ecisa conter no envv olvidas olvidas,, objeto objeto,, mínimo: par tes en obrig ações das par tes tes,, pr az azoo de vigência, custo, condições de reajuste, f or ma de pa g amento amento,, os r esultados esultados,, or mas de contr ole/ ca pacitação pacitação,, ffor auditoria, garantias. Veja no quadro a seguir as principais vantagens e desvantagens da prática de terceirização. QU ADR O 4 - A TER CEIRIZAÇÃO: VANT ANT QUADR ADRO TERCEIRIZAÇÃO: ANTAA GENS E DESV DESVANT ANTAA GENS 64 GP1.pmd 64 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Ao considerar as desvantagens apresentadas, cabe destacar uma prática freqüentemente adotada por várias empresas, a de manter no mesmo ambiente de trabalho (espaço físico) profissionais terceirizados e colaboradores pertencentes ao quadro de pessoal da empresa. Esta situação, devido às diferenças salariais, aos benefícios, dentre outros aspectos, ocasiona conflitos e insatisfação, principalmente por parte dos terceirizados, que se sentem discriminados e explorados, e, normalmente, possuem um desempenho igual ou superior aos profissionais da própria empresa. Neste caso, recomenda-se que o serviço seja realizado integralmente por profissionais terceirizados, e não de forma parcial. Quais são as atividades mais terceirizadas? Especificamente na área de Gestão de pessoas, as atividades comumente terceirizadas são as seguintes: restaurante; limpeza; segurança patrimonial; transporte; segurança e medicina do trabalho; capacitação; folha de pagamento (rotinas trabalhistas); relações de trabalho (vínculo); recrutamento e seleção; benefícios (assistência médica, odontológica, seguro de vida, vale alimentação, etc.). SEÇÃO 4 – O QUE É EMPOWERMENT ? É uma ferramenta de gestão que vem sendo utilizada com grande sucesso no mercado nacional e internacional, alguns estudiosos acreditam, tal sua importância, que as empresas que não acompanharem essa tendência, conhecida como Empowerment correm o risco de não acompanharem as mudanças do mercado e perderem, conseqüentemente, seus melhores talentos humanos. Hoje, por exemplo, há organizações conferindo aos seus colaboradores autonomia suficiente para que eles próprios diagnostiquem, analisem e proponham soluções para determinados problemas ligados ao dia-a-dia organizacional. UNIDADE 4 GP1.pmd 65 65 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA DE Visa basicamente dar poder e autonomia aos colaboradores no desen trib uições na empr esa. Atr w er ment desenvv olvimento de suas aatrib tribuições empresa. Atraa vés do empo empow liberam-se os colaboradores para que atuem com mais autonomia, autoridade e responsabilidade, utilizando suas competências e habilidades. O empowerment está diretamente relacionado ao processo de tomada de decisão mais rápida, através da maior autonomia, autoridade e responsabilidade em todos os níveis. Ao adotar esse tipo de gestão, a organização permite que seus executivos focalizem suas energias nas atividades cruciais e de alta prioridade. Além do que já foi exposto, o empowerment permite que as pessoas cresçam e se desenvolvam tanto em nível pessoal quanto profissional. Nesse ambiente as pessoas possuem automotivação, pois passam a participar das soluções dos problemas da empresa, a criar e inovar nas suas atividades e, como conseqüência, a produtividade e a qualidade aumentam. O que é pr eciso f az er par a adoção do empo w er ment ? azer empow É importante, ao se iniciar este processo, ter presente que primeiro será necessário promover para todos os envolvidos a capacitação, a informação e o conhecimento necessários para eles exercerem seu poder de modo responsável e eficaz. Durante a implementação, como um processo permanente de acompanhamento, é necessário corrigir eventuais desvios ou inconsistências. No empo w er ment o poder emana do próprio indi víduo empow víduo,, que assume total responsabilidade por seus atos. Seu objeti g ar r ecur sos par a que todos da objetivv o de v e ser dele deleg empr esa se sintam com poder par a a gir gir,, e de f a to o façam, com responsabilidade. Como princípios para a adoção desta ferramenta de gestão é recomendável: dar às pessoas um trabalho que elas se sintam mais importantes tornando com isso o cargo mais rico em atribuições e responsabilidades; oportunizar aos colaboradores plena autoridade e responsabilidade, independência e autonomia, no âmbito de suas atribuições; possibilitar que os colaboradores tomem decisões a respeito de seu trabalho; dar visibilidade aos colaboradores e proporcionar reconhecimento por seus esforços e resultados; disseminar as informações em todos os níveis, habilitando as pessoas pensar e agir melhor; intensificar a colaboração e o espírito de equipe. 66 GP1.pmd 66 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Os gestores da empresa precisam assumir ações importantes para criar um ambiente de empowerment eficaz, tais como: questionar o modelo hierárquico; manter a auto-estima dos colaboradores elevada; ouvir e responder com empatia; fazer com que os colaboradores assumam riscos; ou que a direção abra mão do controle das pessoas e se ocupe dos resultados. Em seu livro “10 passos para o empowerment”, Tracy (1994) apresenta os princípios que fundamentam e permitem a implantação desta ferramenta, numa perspectiva de ação do gestor. Dentre os 10 princípios por ele mencionados, selecionei sete (7) que considero os mais importantes. Veja a seguir: UNIDADE 4 GP1.pmd 67 67 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Assim, um importante desafio que vem sendo apresentado às empresas refere-se à redução da dependência dos colaboradores em relação à atuação de seus superiores e ao controle individual sobre o trabalho que executam. Neste contexto, o empowerment é reconhecidamente eficaz para conferir maior qualidade ao trabalho, dotar os colaboradores de competências, habilidades e autoridade para tomar as decisões que, tradicionalmente, têm sido confiadas aos gestores. Sua adoção requer uma verdadeira revolução na organização, pois envolve uma das dimensões mais críticas nas organizações, que é a do poder. Bom, essas tendências, ou modelos, de Gestão de pessoas apresentadas são as mais usadas atualmente. Perceba que para completar estes estudos ainda há lacunas para serem preenchidas, durante a sua aprendizagem lembre que boas idéias nesse sentido são bem vindas. Na próxima seção, o foco é você, ou seja, seu posicionamento nomercado de trabalho, trata-se de seu nível de empregabilidade. SEÇÃO 5 – O QUE É EMPREGABILIDADE? A globalização da economia, os ventos da competitividade, o desenvolvimento tecnológico e os intensos programas de produtividade e de qualidade estão modificando o papel das pessoas nas empresas. E, em contrapartida, estão alterando profundamente o perfil dos cargos e funções, trazendo consigo uma verdadeira seleção natural dos profissionais. Quem não se ajusta a esse perfil está fadado a perder o emprego para outro candidato mais adequado às novas demandas e expectativas do mercado. Por exemplo, é fácil perceber a mudança que vem ocorrendo nas últimas décadas na área bancária. Devido ao processo de automação e da ampliação dos produtos e serviços, um novo perfil profissional passou a ser exigido pelas instituições bancárias. Observa-se hoje, além da eliminação significativa de vagas nesta área, a representativa substituição dos profissionais que atuavam nas últimas décadas. Hoje atuam nos bancos profissionais jovens, dinâmicos, com uma visão global e sistêmica do mercado. 68 GP1.pmd 68 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS O importante agora não é somente conseguir um emprego, mas assegurar a empregabilidade: tornar-se e manter-se empregável ao longo do tempo apesar das mudanças na natureza do emprego. Com o desenvolvimento tecnológico, cargos e funções deixam de existir e novos são criados, gerando oportunidades de emprego, mas para quem se preocupa com sua empregabilidade. As empresas também abandonaram a postura paternalista de garantia de emprego eterno que predominou durante décadas, principalmente até 1980. Antes, a carreira exigia dedicação, lealdade e garra para galgar os patamares da hierarquia da empresa. Em troca, a empresa oferecia um emprego vitalício até a aposentadoria e cuidava da carreira do colaborador como se ele fosse seu dependente. Com a nova visão do mercado e do trabalho, houve uma profunda mudança no contrato de trabalho e, como conseqüência, a quebra do vínculo trabalhista, desestabilizando a relação entre empresa e colaborador. Agora, cada funcionário deve administrar a sua carreira e as condições pessoais de sobrevivência e crescimento no mercado. A competitividade está exigindo de cada pessoa um incessante investimento em sua carreira e em sua preparação e qualificação profissional. Para Chiavenato (2003) a empregabilidade é o conjunto de competências e habilidades necessárias para uma pessoa manter-se colocada em uma empresa. Significa a capacidade de conquistar e de manter um empr e g o de maneir a sempr e ffir ir me e v aliosa. E como a natureza do emprego está mudando rapidamente, essa capacidade deve necessariamente incluir flexibilidade e inovação da pessoa para acompanhar essa mudança. O emprego está se tornando temporário, parcial e passageiro. Mais do que isso, multifuncional, flexível e mutável. Para Saad (2002), a empregabilidade é a capacidade que cada um de nós possui de gerar trabalho e renda. Saad (2002) afirma que a empregabilidade envolve aqueles que atuam em três setores ou atividades profissionais: a) no mercado formal de trabalho; b) os que possuem ou desejam possuir um negócio, seja comércio, indústria; e c) os que estão ou estarão envolvidos na atividade de consultor. UNIDADE 4 GP1.pmd 69 69 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Segundo Minarelli (1995), empregabilidade pode ser conceituada como a ca pacidade de ter empr e g o . Preservadas as devidas características dos setores relacionados, a preocupação com a empregabilidade deve ser de todos, seja para, na perspectiva individual, estar apto a concorrer à sua própria vaga ou para garantir o crescimento e sucesso de um negócio. Face às conceituações apresentadas, pode-se afirmar que empregabilidade significa desenvolver um conjunto de habilidades, aptidões e conhecimentos compatíveis com as exigências do mercado de trabalho, de forma a consolidar um perfil profissional interessante e atraente para futuros empregadores. Num mercado dinâmico e mutável, como o atual, ter empregabilidade significa tornar-se altamente flexível, visto que os pré-requisitos, as exigências para ocupação dos mais diversos cargos mudam com freqüência. Isto significa afirmar que a aprendizagem deve ser constante, que cada profissional deve estar em constante processo de aprendizagem, seja através da leitura, capacitação, visitas técnicas, grupos de discussão, dentre outras várias alternativas. Minarelli (1995) afirma, em relação à empregabilidade, que o melhor negócio é parar de pensar como empregado e começar a pensar como alguém que presta serviços e pode ser solicitado para cumprir determinada atividade. Agora faça uma breve auto-avaliação de suas competências profissionais respondendo as seguintes perguntas: O que sei rrealmente ealmente ffaz az er bem? O que ggosto osto de ffaz az er azer azer er,, mas ainda devo realizar alguns esforços para meu próprio a perf eiçoamento? Quais são meus pontos ffor or tes (que me perfeiçoamento? destacam em relação aos demais profissionais) e quais são meus pontos fracos (que me colocam em desvantagem em relação aos demais profissionais)? Estas indagações são fundamentais para se fazer uma auto-análise do nível de empregabilidade, além de exigir coragem para reconhecer possíveis deficiências e disposição para superá-las. Agora para praticar um pouco os novos conhecimentos adquiridos ,realize as atividades de aprendizagem sugeridas a seguir. 70 GP1.pmd 70 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA A TIVID ADES TIVIDADES DE P ESSO AS ESSOAS DE A UT O - A V ALIAÇÃO UTO Após a leitura criteriosa desta unidade, leia os enunciados e responda a seguir as questões. 1. Analise a realidade de sua empresa ou da última empresa que você prestou serviço e responda: a) A atuação da área de Gestão de pessoas (RH) é (era) estratégica? b) Relacione procedimentos que demonstram estratégias de controle e procedimentos que identificam estratégias de comprometimento. 2. Na sua percepção, relate com suas palavras, quais são as principais vantagens e desvantagens do processo de terceirização? (mínimo três). 3. Relacione os serviços da sua empresa, ou de alguma conhecida, que são terceirizados. UNIDADE 4 GP1.pmd 71 71 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 4. Quais variáveis você levaria em consideração caso optasse pela terceirização de serviços? Especifique o serviço. 5. Pesquise na internet um artigo que aborde o tema: empowerment. Faça a leitura e registre os aspectos relevantes. 6. Como está a sua empregabilidade? Você está disposto a desenvolver o perfil que o mercado procura? 7. Quais são seus pontos fortes (que o destacam em relação aos demais profissionais) e quais são seus pontos fracos (que o colocam em desvantagem em relação aos demais profissionais)? 72 GP1.pmd 72 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS SÍNTESE Nesta unidade você teve contato com a Gestão estratégica de pessoas e com as práticas de consultoria interna, terceirização, empowerment e empregabilidade, decorrentes da gestão estratégica. Observou-se que uma das características da Gestão estratégica de pessoas consiste na vinculação e integração das ações, programas e práticas de Gestão de pessoas, às estratégias corporativas e às estratégias das demais áreas da organização. Como premissa para a implantação de uma gestão estratégica, a atuação da área Gestão de pessoas deve estar voltada a mudanças do modelo tradicional, fundamentado em estratégias de controle das pessoas, para um modelo voltado à geração de estratégias de comprometimento. A consultoria interna pressupõe a descentralização das práticas de Gestão de pessoas para os gerentes e suas equipes de trabalho, passando os profissionais da área a prestarem consultoria interna. Já a terceirização consiste em repassar para terceiros a execução de serviços que não dizem respeito ao negócio principal da empresa. O empowerment é uma ferramenta de gestão que visa basicamente dar poder e autonomia aos colaboradores no desenvolvimento de suas atribuições na empresa. A empregabilidade representa o conjunto de competências e habilidades necessário para uma pessoa manter-se colocada em uma empresa, é a capacidade de cada profissional de estar preparado para disputar periodicamente a sua própria vaga. Na próxima unidade você terá acesso ao planejamento de Gestão de pessoas, desde o estratégico até o planejamento das necessidades de pessoal e as variáveis que interferem neste planejamento, tais como, o absenteísmo e a rotatividade de pessoal. UNIDADE 4 GP1.pmd 73 73 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA S AIBA MAIS Para aprofundar as questões abordadas sobre o tema terceirização, principalmente face às tendências nesta área, a sugestão é que você leia o artigo escrito por Peter Drucker, publicado na revista Exame nº 764 – abril 2002. ARTIGO: ELES NÃO SÃO EMPREGADOS, SÃO PESSOAS (por Peter F. Drucker - Revista Exame ed. 764 - abril 2002) Duas tendências estão mudando rapidamente a forma como as empresas administram talentos. E elas podem representar uma grande ameaça à sua maior vantagem competitiva. Duas mudanças extraordinárias vêm ocorrendo no mundo dos negócios sem que a maioria de nós tenha prestado muita atenção. Em primeiro lugar, um número espantoso de pessoas que trabalham para empresas não são mais empregados tradicionais dessas organizações. E, em segundo lugar, um número cada vez maior de empresas está terceirizando suas relações de emprego. Elas não administram mais os principais aspectos de suas relações com as pessoas que são, formalmente, seus funcionários. Essas tendências não devem se reverter tão cedo. Na verdade, provavelmente vão se acelerar. E estão ocorrendo por alguns bons motivos, como veremos. Dito isso, a atenuação das relações entre as pessoas e as organizações para as quais trabalham representa um grave perigo para os negócios. Uma coisa é uma empresa aproveitar um talento free lance por um bom tempo ou terceirizar os aspectos mais enfadonhos da administração de recursos humanos. Algo muito diferente é esquecer, nesse processo, que desenvolver talentos é a tarefa mais importante – o sine qua non da competição numa economia do conhecimento. Se, ao se desvencilhar das relações com os empregados, as organizações também perderem sua capacidade de desenvolver pessoas, elas terão feito, sem dúvida, um pacto com o diabo. Todos os dias úteis, um dos maiores empregadores privados do mundo, a empresa suíça Adecco, coloca cerca de 700 000 cadastrados em funções administrativas, industriais e técnicas, temporárias ou integrais, em negócios espalhados pelo mundo – desses, talvez cerca de 250 000 sejam alocados nos Estados Unidos. A Adecco é a gigante da indústria de trabalho temporário, mas detém apenas uma pequena parte de um mercado global totalmente fragmentado. Apenas nos Estados Unidos, há milhares de companhias como ela que fornecem, juntas, cerca de 2,5 milhões de trabalhadores todos os dias. Em todo o mundo, pelo menos 8 milhões de trabalhadores temporários (se não forem 10 milhões) são disponibilizados a cada dia. E 70% de todos os temporários trabalham em período integral. Quando começou, há cerca de 50 anos, a indústria do trabalho temporário fornecia funcionários administrativos de baixo escalão para ocupar o posto 74 GP1.pmd 74 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS de escriturários, recepcionistas, telefonistas e estenógrafos que estivessem doentes ou de férias. Hoje em dia, há fornecedores de trabalho temporário para qualquer tipo de cargo, do mais baixo ao executivo-chefe. Uma empresa, por exemplo, fornece gerentes industriais capazes de chefiar fábricas novas desde a sua concepção até que as instalações estejam em produção plena. Em um desdobramento relacionado a essa tendência, a Organização de Empregados Profissionais (OEP) foi o serviço empresarial que mais rapidamente cresceu nos Estados Unidos na década de 90. Esse tipo de empresa gerencia os funcionários dos seus clientes, bem como suas relações de emprego – ou seja, as tarefas administrativas típicas de RH, associadas à gerência de pessoas. Há apenas dez anos, as OEPs eram praticamente desconhecidas, mas por volta de 2000 tornaram-se as “co-empregadoras” de 2,5 milhões a 3 milhões de trabalhadores americanos de baixo e alto escalão. Há, hoje, pelo menos 1 800 dessas organizações. As OEPs, assim como as agências de trabalho temporário, expandiram enormemente sua atuação nos últimos anos. As primeiras, criadas no fim dos anos 80, ofereciam serviços de contabilidade a seus clientes, especialmente folha de pagamentos. Hoje, as OEPs podem cuidar de quase todas as tarefas envolvidas em gerência e relações empregatícias: manutenção de registros e conformidade a normas legais, contratações, treinamento, colocações, promoções, demissões e cortes, planos de aposentadoria e pagamento de pensões. No início, as OEPs restringiamse a cuidar de relações empregatícias em pequenas firmas. Mas a Exult, provavelmente a OEP mais conhecida, foi criada desde o início para ser co-empregadora de 500 companhias globais que fazem parte da lista da revista Fortune. Fundada há apenas quatro anos, a Exult já abriu o capital e é negociada na Nasdaq. Tanto a indústria do trabalho temporário como as OEPs estão crescendo rapidamente. A Adecco está se expandindo a uma taxa de 15% ao ano. No segundo trimestre de 2001, as receitas da Exult cresceram 48%: de 43,5 milhões de dólares para 64,3 milhões. E a indústria das OEPs cresce a uma taxa de 30% ao ano. Em termos coletivos, essas empresas esperam tornar-se co-empregadoras de 10 milhões de trabalhadores americanos por volta de 2005. O leitor deve estar se perguntando: “Como é possível um gerente trabalhar se não pode contratar, promover ou demitir as pessoas em seu departamento?” Eu fiz essa pergunta a um executivo sênior da BP Amoco, cujos funcionários, incluindo cientistas seniores, são atualmente gerenciados pela Exult. A resposta: “A Exult sabe que tem de me satisfazer se quiser manter o contrato. É claro, são eles que tomam a decisão de demitir ou transferir alguém. Mas, em geral, por sugestão minha ou depois de terem me consultado”. De fato, alguma coisa está acontecendo nas relações empregatícias que não combina com o que os livros de administração ainda dizem e com o que nós ensinamos nas escolas de negócios. E certamente não combina com a forma como os departamentos de RH da maioria das empresas foram concebidos. UNIDADE 4 GP1.pmd 75 75 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA ESTRANGULADOS PELA BUROCRACIA O motivo geralmente invocado para a popularidade dos trabalhadores temporários é que eles dão flexibilidade aos empregadores. Mas um número grande demais de temporários trabalha para o mesmo empregador por longos períodos – às vezes, ano após ano – para que essa seja a única razão. E a flexibilidade não explica a emergência das OEPs. Uma razão mais plausível para a popularidade dessa tendência é que ambos os tipos de organização, por meios legais, transformam em “não-empregados” as pessoas que trabalham para as empresas. Eu diria que a força motriz por trás do crescimento constante dos temporários e da emergência das OEPs é o fardo cada vez maior de leis e regulamentos que os empregadores têm de seguir. O custo dessas leis e regulamentos, sozinho, ameaça estrangular pequenos negócios. Segundo o Departamento de Pequenas e Médias Empresas dos Estados Unidos, o custo anual relativo a regulamentos governamentais, papelada exigida pelo governo e impostos, para uma pequena empresa que empregue menos de 500 funcionários, era de cerca de 5.000 dólares por funcionário em 1995 (o último ano para o qual há números confiáveis). Isso representa sobrecarga de cerca de 25%, além dos custos com salário, plano de saúde, seguro e pensão – os quais, em 1995, eram de aproximadamente 22.500 dólares para um empregado médio de um pequeno negócio. Desde então, estima-se que o custo da papelada empregatícia tenha crescido em mais de 10%. Muitos desses custos podem ser totalmente evitados usando-se trabalhadores temporários no lugar dos funcionários tradicionais. É por isso que tantas companhias estão contratando agências de temporários para recrutar trabalhadores – mesmo considerando que o valor por hora de um temporário é, não raro, substancialmente mais alto que o salário e os benefícios de um funcionário formal em tempo integral. Outra forma de reduzir os custos burocráticos é terceirizar o gerenciamento das relações de trabalho – ou seja, deixar um especialista cuidar da papelada. Agregar pequenas empresas em número suficiente para gerir pelo menos 500 empregados como uma única força de trabalho – exatamente o que uma OEP faz – pode cortar custos empregatícios em 40%, segundo dados do departamento. Um estudo da McKinsey de 1997 concluiu que uma das 500 empresas globais de Fortune – em outras palavras, uma companhia muito grande – poderia cortar de 25% a 35% de seus custos trabalhistas passando a gerência das suas relações empregatícias para outra empresa. Esse estudo levou à fundação da Exult um ano depois. A terceirização de funcionários e das relações de emprego é uma tendência internacional. Embora as leis e os regulamentos trabalhistas variem muito de país para país, os custos que impõem sobre as empresas são altos em 76 GP1.pmd 76 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS todas as partes do mundo desenvolvido. O maior mercado da Adecco é a França, o segundo maior mercado são os Estados Unidos, e a companhia está crescendo a uma taxa de 40% ao ano no Japão. Ainda mais onerosas que os custos criados pela observância às leis de emprego são as enormes exigências que esses regulamentos fazem à administração em termos de tempo e atenção. Entre 1980 e 2000, o número de leis e regulamentos sobre políticas e práticas de emprego cresceu cerca de 60%, de 38 para 60. Todos os regulamentos exigem que os administradores apresentem vários relatórios, e todos ameaçam com multas e penas por não-observância, mesmo que a falta não tenha sido intencional. Segundo o setor de pequenas empresas, o proprietário de uma pequena ou média empresa usa até um quarto do seu tempo cuidando de papelada empregatícia. E, além disso, há a ameaça cada vez mais constante dos processos judiciais: entre 1991 e 2000, o número de ações por assédio sexual distribuídas na Comissão de Igualdade de Oportunidades de Emprego mais do que dobrou: de cerca de 6.900 para quase 16.000. E, para cada ação ajuizada, dez ou mais estavam sendo resolvidas internamente, todas exigindo muitas horas de investigação e depoimentos, bem como custas e honorários substanciais. Não é de espantar que os empregadores (especialmente pequenas empresas) se queixem amargamente de não ter tempo para trabalhar em produtos e serviços, clientes e mercados, qualidade e distribuição – ou seja, de não ter tempo para trabalhar em resultados. Em vez disso, trabalham com problemas – ou seja, regulamentações trabalhistas. Não entoam mais o velho mantra: “Pessoas são o nosso maior patrimônio”. Em vez disso, exclamam: “Pessoas são o nosso maior passivo”. O que enfatiza o sucesso das agências de emprego e a emergência das OEPs é que ambas permitem que a administração se concentre nos negócios. Esse argumento, aliás, também pode explicar o sucesso das maquiladoras – as fábricas no lado mexicano da fronteira dos Estados Unidos e, cada vez mais, dentro do território mexicano que recebem componentes produzidos nos Estados Unidos, no Oriente ou no México e montam produtos acabados para o mercado americano. Na verdade, evitar horas com papelada é provavelmente um incentivo mais forte para que as empresas industriais terceirizem esse trabalho de montagem do que a economia, muitas vezes questionável, em custos trabalhistas. A empresa mexicana que é a locadora da maquiladora age como co-empregador e cuida de todas as regulamentações e atividades empregatícias – complicadas tanto no México como nos Estados Unidos – liberando assim o proprietário da indústria americana ou japonesa para que ele possa se concentrar nos negócios. Não há a menor razão para acreditarmos que os custos ou as exigências das leis e das regulamentações trabalhistas vão diminuir em algum país desenvolvido. Muito pelo contrário UNIDADE 4 GP1.pmd 77 77 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA OR GANIZAÇÃO FRA GMENT AD FRAGMENT GMENTAD ADAA Além do desejo de evitar os custos e os meandros dos regulamentos, há uma razão impor tante tanto para o crescimento dos trabalhadores temporários como para a emergência das OEPs: a natureza do trabalho do conhecimento e, mais especificamente, o fato de os trabalhadores do conhecimento serem extraordinariamente especializados. A maioria das grandes organizações baseadas em conhecimento tem especialistas aos montes. Gerenciar todos eles com eficiência é um grande desafio – um desafio que as agências de temporários e as OEPs podem ajudar a enfrentar. Não há muito tempo, até os anos 50, cerca de 90% da força de trabalho era classificada como “obrigada” – subordinados que faziam o que lhes mandavam fazer. Os “não-obrigados” eram os supervisores, que davam as ordens. A maior parte dos empregados “obrigados” era formada por trabalhadores de baixo escalão, que tinham raras habilidades e pouca educação. Geralmente, realizavam tarefas repetitivas na fábrica ou no escritório. Hoje, menos de um quinto da força de trabalho é de baixo escalão. Trabalhadores do conhecimento perfazem dois quintos da força de trabalho, e, embora possam ter um supervisor, eles não são subordinados. São colegas. Dentro da sua área de especialização, dizem o que deve ser feito. Acima de tudo, trabalhadores do conhecimento não são homogêneos: o conhecimento só é eficiente se for especializado. Isso é par ticularmente verdadeiro em relação ao grupo de maior crescimento entre os trabalhadores do conhecimento – de fato, o grupo de maior crescimento em toda a força de trabalho – os especialistas em tecnologia, como reparadores de computador, advogados corporativos e programadores de software. Como é especializado, o trabalho do conhecimento é muito fragmentado, mesmo em grandes organizações. O melhor exemplo é o hospital – a mais complexa organização humana já concebida e também, nos últimos 30 ou 40 anos, um dos tipos de organização de mais rápido crescimento nos países desenvolvidos. Um hospital comunitário de bom tamanho, de 275 a 300 leitos, terá aproximadamente 3.000 pessoas trabalhando. Cerca de metade dessas pessoas serão trabalhadores do conhecimento de algum tipo. Dois desses grupos – enfermeiros e especialistas de departamentos administrativos – são bastante grandes, contando várias centenas de pessoas cada um. Mas há cerca de 30 especialidades de paramédicos: fisioterapeutas, técnicos de laboratório, atendentes psiquiátricos, técnicos oncologistas, as equipes que preparam os pacientes para cirurgia, o pessoal da sonoterapia, os técnicos de ultra-som, os especialistas de clínica cardíaca e muitos mais. Cada uma dessas especialidades tem suas regras e seus regulamentos, exigências educacionais e processos de qualificação. E, no entanto, em todo hospital, cada uma delas compreende poucas pessoas. Por exemplo: num 78 GP1.pmd 78 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS hospital de 275 leitos, pode não haver mais do que sete ou oito nutricionistas. Cada equipe, porém, espera e requer tratamento especial. Cada um deles espera – e necessita – de alguém lá em cima que entenda o que o grupo está fazendo, de que equipamentos precisa e como deveria ser sua relação com médicos e enfermeiros e com o departamento administrativo. Da mesma forma, dentro do hospital, não há oportunidade de crescimento na carreira para nenhum dos especialistas. Nenhum deles quer ser o administrador do hospital nem tem chance de obter o cargo. Atualmente, poucos negócios têm tantos especialistas quanto os hospitais, mas muitos estão chegando lá. Uma cadeia de lojas de departamento que eu conheço conta com 15 ou 16 especialidades – como os compradores para o varejo, os demonstradores, os vendedores e o grupo de promoção e propaganda – e só emprega um punhado de cada tipo de especialista em cada uma de suas lojas. Nos serviços financeiros, também há uma crescente especialização entre os trabalhadores do conhecimento, e menos opor tunidades de carreira dentro da organização. Por exemplo, os especialistas que selecionam os fundos mútuos a ser oferecidos a clientes do varejo provavelmente não se tornarão vendedores atendendo a contas individuais. E é improvável que estejam muito interessados em administrar pouco mais do que um pequeno grupo dentro da empresa – alguns colegas especialistas na melhor das hipóteses. Hospitais nos Estados Unidos têm enfrentado esse problema da especialização por meio de terceirização segmentada. Em muitos deles, cada especialidade do conhecimento é administrada por um terceirista diferente. Vejamos: o grupo que administra transfusões de sangue pode ser gerido por uma empresa especializada nesse procedimento e que administra, simultaneamente, os departamentos de transfusão de vários outros hospitais. Assim como uma OEP, essa empresa é a co-empregadora da equipe de transfusão. Dentro dessa rede, cada um dos especialistas em transfusão tem oportunidade de carreira: se fizer bem o seu trabalho, pode subir para gerir o departamento de transfusão de um hospital maior, que ofereça melhores salários, ou pode supervisionar várias unidades de transfusão dentro da rede. Tanto a grande agência de temporários como a OEP fazem, em grande escala, o que no hospital é feito em alguns setores. Nenhum dos clientes dessas empresas – nem mesmo os maiores – possui a capacidade de gerir, colocar e satisfazer com eficiência trabalhadores do conhecimento altamente especializados. Assim, agências de temporários e OEPs realizam uma função vital para empregados e para empregadores. Isso explica por que as OEPs podem afirmar, e aparentemente provar, que as pessoas das quais elas são co-empregadoras dizem estar muito satisfeitas com o trabalho – ao contrário de tudo que a teoria das relações humanas teria previsto. Um engenheiro metalúrgico de uma empresa química de porte médio pode ser bem pago e ter um emprego interessante, mas a empresa só precisa de uns poucos engenheiros. Ninguém no topo da administração entende o que o engenheiro faz, deveria fazer ou poderia estar fazendo. Não há nenhuma possibilidade, a UNIDADE 4 GP1.pmd 79 79 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA não ser a mais remota, de que o engenheiro venha a se tornar um executivo. Isso significaria desistir daquilo que ele passou anos aprendendo a fazer e ama. Uma agência de temporários bem administrada coloca o engenheiro onde ele possa dar o máximo de contribuição. Ela pode colocar o engenheiro bem-sucedido em cargos cada vez mais bem pagos. No contrato de serviço integral de uma OEP (e muitas OEPs não oferecem nenhum outro tipo) é expressamente definido que ela terá o dever e o direito de colocar pessoas nos cargos e nas empresas em que melhor se adequarem. Equilibrar sua dupla responsabilidade – para com o cliente e para com o empregado – é, provavelmente, a tarefa mais importante e o maior desafio das OEPs. As políticas de RH ainda assumem que a maioria das pessoas que trabalham para uma empresa, se não todas, são funcionários dessa empresa. Mas, como vimos, isso não é mais verdade. Alguns são temporários, e outros, empregados de terceiristas que administram, digamos, os sistemas de informática ou o atendimento ao consumidor. Outros, ainda, são trabalhadores de meio período, que se aposentaram cedo, mas ainda trabalham em tarefas específicas. Com toda essa fragmentação, não sobra ninguém para ver a organização integralmente. As agências de temporários dizem vender produtividade, mas é difícil ver como elas podem cumprir essa promessa. A produtividade das pessoas que elas fornecem a um cliente não depende apenas de como e onde esses trabalhadores estão colocados, mas também de quem os administra e motiva. A agência de temporários não tem controle sobre estas duas últimas áreas. A OEP, da mesma forma, só administra os empregados formais dos seus clientes, não necessariamente os de meio período, temporários ou avulsos. Essa falta de visão geral é realmente um problema. Toda organização tem de assumir responsabilidade gerencial sobre todas as pessoas de cuja produtividade e desempenho ela dependa – sejam elas temporários, empregados de meio período, funcionários da própria organização ou dos seus terceiristas, fornecedores e distribuidores. Há sinais de que estamos caminhando nessa direção. Uma multinacional européia, fabricante de bens de consumo, está prestes a cindir seu grande e respeitado setor de gerência de pessoal numa companhia separada que funcionaria como uma OEP para a empresa-mãe e seus empregados em todo o mundo. Essa OEP também administraria as relações da multinacional com pessoas que não fossem empregados da organização no sentido tradicional, bem como o aproveitamento dessas pessoas. Com o tempo, essa OEP interna se oferece como co-empregadora dos que trabalham para os fornecedores e distribuidores da multinacional, bem como suas mais de 200 associações e parcerias. 80 GP1.pmd 80 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS UMA FONTE DE VANT AS ANTAA GENS COMPETITIV COMPETITIVAS De fato, hoje em dia, mais do que 50 anos atrás, é importante que as organizações prestem muita atenção na saúde e no bem-estar dos trabalhadores. Uma força de trabalho baseada em conhecimento é qualitativamente diferente de uma que não o seja. Sem dúvida, os trabalhadores do conhecimento representam uma minoria da força de trabalho total, e não é provável que algum dia venham a ser mais que isso. Mas eles se tornaram os principais criadores de riqueza e empregos. Cada vez mais, o sucesso – na verdade, a sobrevivência – de cada empresa dependerá do desempenho dos seus trabalhadores do conhecimento. E como é impossível, pelas leis da estatística, que uma organização contrate mais do que um punhado dos “melhores”, a única maneira pela qual ela pode sobressair em uma economia e sociedade baseada no conhecimento é tirar mais desse tipo de pessoa – ou seja, administrar os trabalhadores do conhecimento de forma a alcançar maior produtividade. O desafio, para repetir um velho ditado, é “fazer pessoas comuns realizarem coisas extraordinárias”. O que tornou a força de trabalho tradicional produtiva foi o sistema – fosse ele a “melhor maneira de fazer” de Frederick Winslow Taylor, a linha de montagem de Henry Ford ou a “qualidade total” de W. Edwards Deming. O sistema incorpora o conhecimento. É produtivo porque permite que trabalhadores individuais atinjam um bom desempenho sem muito conhecimento ou habilidade. De fato, em linhas de montagem e oficinas de qualidade total, um indivíduo altamente capaz pode ser uma ameaça para os colegas e para todo o sistema. Em uma organização baseada no conhecimento, no entanto, é a produtividade do trabalhador individual que torna todo o sistema bem-sucedido. Em uma força de trabalho tradicional, o trabalhador serve o sistema. Em uma força de trabalho do conhecimento, o sistema tem de servir o trabalhador. Existe um número suficiente de organizações baseadas em conhecimento para mostrar o que isso significa. O que faz de uma universidade uma grande universidade é o fato de ela atrair professores e pesquisadores, tornandolhes possível realizar pesquisas e ensino de destaque. O mesmo vale para um teatro de ópera. Mas a instituição que mais se parece com uma empresa do conhecimento é a orquestra sinfônica, na qual cerca de 30 instrumentistas diferentes tocam juntos a mesma partitura, como uma equipe. Uma grande orquestra não é composta de grandes músicos, mas de músicos adequados que produzem em grau máximo. Quando um novo maestro é contratado para “levantar” uma orquestra que sofreu anos de inércia e negligência, ele só pode demitir alguns poucos membros, entre os mais estagnados ou mais idosos. Ele tem de tornar produtivo o que herdou. Os maestros bem-sucedidos fazem isso trabalhando de perto com membros individuais da orquestra e com grupos de instrumentistas. Logo, é a habilidade do maestro com as pessoas que faz a diferença. UNIDADE 4 GP1.pmd 81 81 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Seria difícil superestimar a importância da concentração na produtividade dos trabalhadores. A característica decisiva de uma força de trabalho do conhecimento é que seus membros não são o trabalho, são o capital. E o que é decisivo no desempenho do capital não é quanto o capital custa. Não é quanto capital está sendo investido – do contrário, a União Soviética teria sido facilmente a primeira economia do mundo. O que é decisivo é a produtividade do capital. A economia da União Soviética desmoronou, em grande parte, porque seus investimentos na produtividade do capital eram incrivelmente baixos. Em muitos casos, era de menos de um terço em relação aos investimentos de capital em economias de mercado e, às vezes, na verdade, negativa – considerem os enormes investimentos na agricultura durante os anos Brejnev. O motivo do fracasso foi simples: ninguém dava atenção à produtividade do capital. Ninguém tinha essa função. Ninguém era recompensado se a produtividade crescesse. A indústria privada nas economias de mercado ensina a mesma lição. Em novas indústrias, a liderança pode ser obtida e mantida por inovação. Numa indústria estabelecida, entretanto, o que diferencia a empresa líder é quase sempre a destacada produtividade do capital. Na primeira parte do século 20, a General Electric, por exemplo, competia com rivais como a Westinghouse e a Siemens usando tecnologia e produtos inovadores. Mas, no início dos anos 20, depois que a era da rápida inovação tecnológica em eletromecânica havia chegado ao fim, a GE se concentrou na produtividade do capital para obter uma liderança decisiva, e conseguiu. Da mesma forma, os dias de glória da Sears, do fim dos anos 20 até o fim dos 60, não se basearam na sua mercadologia ou nos seus preços – os rivais da empresa, como a Montgomery Ward, estavam se saindo tão bem quanto ela em ambas as áreas. A Sears venceu porque tirava de cada dólar cerca de duas vezes mais trabalho do que os outros varejistas americanos. Da mesma forma, negócios baseados no conhecimento precisam estar concentrados na produtividade do seu capital – ou seja, na produtividade do trabalhador do conhecimento. ADMINISTRADORES LIVRES PPARA ARA GERIR PESSO AS PESSOAS As agências de temporários e, especialmente, as OEPs liberam os administradores para que eles possam se concentrar nos negócios em vez de em leis, regulamentos e papelada empregatícia. Dedicar até um quarto do próprio tempo a papéis relativos aos funcionários é um desperdício de recursos preciosos, caros e escassos. É enfadonho. Rebaixa e corrompe, e a única coisa que eventualmente pode ensinar é uma maior habilidade em enganar. Assim, as empresas têm grandes motivos para tentar se livrar dos trabalhos rotineiros ligados às relações de emprego – seja sistematizando a gerência de empregados dentro da empresa, seja terceirizando-a para agências de temporários ou para uma OEP. Contudo, devem ser cuidadosas para não danificar ou destruir suas relações com as pessoas durante esse processo. De fato, o principal benefício que há em diminuir a papelada pode ser o ganho 82 GP1.pmd 82 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS de tempo para se relacionar com as pessoas. Os executivos vão ter de aprender o que o chefe de departamento eficiente na universidade ou o bem-sucedido maestro de uma orquestra sinfônica há muito já sabem: o segredo da grandeza é procurar os potenciais das pessoas e dedicar tempo a desenvolvê-los. Montar um departamento universitário de destaque exige tempo junto dos jovens pósgraduados e professores assistentes mais promissores, até que eles sobressaiam em seu trabalho. Montar uma orquestra de primeira linha exige ensaiar a mesma passagem da sinfonia vezes seguidas, até que o primeiro clarinete a toque da maneira como o maestro a ouve. Esse princípio também é o que faz um diretor de pesquisa ser bem-sucedido num laboratório industrial. Da mesma forma, líderes em empresas do conhecimento precisam dedicar tempo a profissionais promissores: conhecê-los e ser conhecidos por eles; orientá-los e escutar o que têm a dizer; desafiá-los e encorajá-los. Mesmo não sendo funcionários tradicionais – leia-se, formais –, essas pessoas são um recurso importantíssimo para a organização e crítico para o seu desempenho nos negócios. As tarefas administrativas ligadas a relações empregatícias podem, e devem, ser sistematizadas – e isso significa que elas podem, e talvez devam, tornar-se impessoais. Mas, se as relações de emprego estão sendo terceirizadas, os executivos precisam trabalhar junto com seus colegas das OEPs no desenvolvimento profissional, na motivação, na satisfação e na produtividade dos trabalhadores do conhecimento, de cujo desempenho seus próprios resultados dependem. As organizações modernas emergiram da Revolução Industrial. A usina têxtil e a estrada de ferro vieram primeiro. Mas, embora pioneiras, elas ainda se baseavam no trabalho manual, assim como todo trabalho de antigamente, fosse ele agricultura, manufatura, compensação de cheques, ou registro de seguros de vida num livro contábil. Esse era o caso até 50 ou 60 anos atrás, mesmo nas economias mais desenvolvidas. A emergência do trabalho do conhecimento e do trabalhador do conhecimento – para não falar da sua emergência como a principal fonte de capital na nossa economia e sociedade – é uma mudança tão ou mais profunda que a mudança para uma economia mecanizada. Essa passagem vai exigir mais do que apenas alguns novos programas e práticas. Exigirá novos parâmetros, novos valores, novas metas e novas políticas. Pode-se prever que ainda vamos levar alguns bons anos até termos pensado em tudo isso. No entanto, existe um número suficiente de organizações do conhecimento bem-sucedidas para nos mostrar qual deve ser a premissa básica para a administração de funcionários nas empresas de hoje: os empregados podem ser nosso maior passivo, mas as pessoas são a nossa maior oportunidade. Peter F. Drucker é professor de ciências sociais e administração da Escola Superior de Administração Peter F. Drucker, da Universidade Claremont, na Califórnia UNIDADE 4 GP1.pmd 83 83 7/3/2007, 14:15 GP1.pmd 84 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Planejamento de Gestão de pessoas Ao final desta unidade você terá subsídios para: ♦ ♦ conhecer o processo de planejamento estratégico de Gestão de pessoas e sua interface com o planejamento estratégico global da organização; compreender o processo de planejamento de necessidades de pessoal e os aspectos que interferem neste processo; ♦ conhecer a prática de mapeamento de potenciais com estratégia de planejamento de Gestão de pessoas. Seções de estudo Veja a seguir as seções que você irá estudar nesta unidade. Ao final de cada etapa de estudos, tenha por hábito assinalar as seções já estudadas. Seção 1 – O Planejamento estratégico de Gestão de pessoas. Seção 2 – O planejamento da necessidade de pessoal. Unidade 5 Objetivos de aprendizagem Seção 3 – Fatores que interferem no planejamento de pessoal. Seção 4 – O que é mapeamento de potenciais? 85 GP1.pmd 85 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Par araa início de estudo O estudo desta Unidade 5 da disciplina de Gestão estr a tégica de pessoas - par te I le ocê a levv ará vvocê compr eender por que aatualmente tualmente eexiste xiste uma ffor or te tendência das organizações em realizar o planejamento estratégico de pessoal. É importante que você perceba que nos dias atuais o processo de planejamento é fundamental. Afinal, que caminho escolher, o que fazer, como fazer, quando fazer? Estes são aspectos que são abordados no planejamento e nas políticas de Gestão de pessoas, e não podem estar dissociados do planejamento estratégico global da organização. A área de Gestão de pessoas precisa caminhar na mesma direção que a organização sinalizar. S EÇÃO 1 – O PLANEJ AMENT O ESTRA TÉGICO PLANEJAMENT AMENTO ESTRATÉGICO DE G ESTÃO DE PESSOAS O planejamento estratégico de Gestão de pessoas não pode estar dissociado do planejamento estratégico da organização. A medida em que a empresa formula seu processo de planejamento estratégico global, no desmembramento dos objetivos, das estratégias e dos planos de ação, a área Gestão de pessoas deverá estar envolvida e ter de forma clara quais serão suas atribuições no contexto global. Sua atuação se dá de forma estratégica, tática e operacional para atender as necessidades da organização. O planejamento estratégico de Gestão de pessoas deve ser parte integrante do planejamento global da empresa. O processo de planejamento da área de Gestão de pessoas ocorre naturalmente, na medida em que o planejamento global é formulado, trata-se de um processo de cima para baixo, no qual a área vai identificar o que fazer, como fazer, quando fazer, a partir das estratégias, dos objetivos macros definidos para a organização. Este processo não pode ocorrer de forma isolada, de baixo para cima, ou seja, a área de Gestão de pessoas formular seu planejamento e depois “ligar” com o planejamento estratégico da empresa. 86 GP1.pmd 86 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS O planejamento estratégico de Gestão de pessoas refere-se à maneira como a área pode e deve contribuir para o alcance dos objetivos organizacionais. Com isso, o alinhamento das estratégias e dos objetivos da área de Gestão de pessoas junto às estratégias e aos objetivos globais da organização torna-se indispensável nos dias atuais para gerar sinergia e potencializar o alcance da missão e visão definidos pela organização. Marque bem que o maior desafio para a área de Gestão de or m ular pr pessoas tr tuação estr pessoas,, aatr traa vés de sua aatuação estraa tégica é ffor proo g r amas e práticas de Gestão de pessoas que contribuam e adicionem valor aos r esultados da or orgg anização anização.. A título de ilustração, na figura a seguir de Albuquerque (2002, p. 41), pode-se observar o processo de integração da estratégia de Gestão de pessoas na estratégia corporativa. FONTE: Adaptado de Albuquerque (2002, p.41). FIGURA 1 - E S T R AATT É G I A D A E M P R E S A E E S T R AATT É G I A D E GESTÃO D E P E S S OOAA S UNIDADE 5 GP1.pmd 87 87 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Observe que a estratégia de Gestão de pessoas deve seguir as etapas do processo de formulação e implementação da estratégia corporativa, baseando-se na visão do negócio para desenvolver as diversas etapas da estratégia funcional que irão integrar a estratégia da organização. Por outro lado, cabe destacar a importância do feedback ou da retro-alimentação contínua de informações entre as diversas etapas do processo através das avaliações de resultados ao longo de seu encaminhamento. A estratégia de Gestão de pessoas deve seguir as etapas do processo de formulação e implementação da estratégia da empresa, baseando-se na visão do negócio para desenvolver as diversas etapas da estratégia funcional que irão integrar a estratégia da organização. Por outro lado, cabe destacar a importância do feedback ou da retroalimentação contínua de informações entre as diversas etapas do processo através de avaliações de resultados ao longo de seu desenvolvimento. Um dos principais aspectos que contribui para o processo de planejamento da área de Gestão de pessoas é o dimensionamento das necessidades de pessoal. Você estudará os principais modelos na próxima unidade. S EÇÃO 2 – O PLANEJAMENTO DA NECESSIDADE DE PESSOAL Com o objetivo de garantir a contratação e manutenção de profissionais necessários e adequados ao perfil exigido no processo de planejamento estratégico, a área de Gestão de pessoas deverá planejar estas demandas ou ofertas, as necessidades e os eventuais excessos de pessoal. Este processo de planejamento visa traduzir os objetivos e as estratégias organizacionais em objetivos e estratégias de pessoal, em termos de quantitativo, competências e habilidades. Por exemplo, se uma empresa fixou como um de seus objetivos a abertura de uma nova filial no próximo ano, essa ação vai exigir a identificação de profissionais em número e perfil para atender este objetivo. Segundo Lucena (1995), o planejamento de pessoal compreende no processo gerencial de identificação na análise das necessidades organizacionais de colaboradores e no conseqüente desenvolvimento de políticas, programas, sistemas e atividades que satisfaçam essas necessidades, a curto, médio e longo prazos, tendo em vista assegurar a realização das estratégias do negócio, dos objetivos da empresa e de sua continuidade sob condições de mudança. Por intermédio do planejamento de pessoal a área de Gestão de pessoas demonstra ser pró-ativa, antecipando-se às ocorrências de fatos relacionados à oferta ou a demanda de pessoal. 88 GP1.pmd 88 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Quais são os ganhos do planejamento de pessoal? Ao ser aplicado o planejamento de pessoal fica possível: conhecer as potencialidades e as deficiências do corpo funcional; conciliar e compatibilizar de forma eficaz o dia-a-dia da organização com seus objetivos futuros; expandir a base de informações dos profissionais da organização para todas as áreas; coordenar adequadamente as necessidades de contratação com o perfil e potencial dos profissionais que já atuam na empresa. Segundo Chiavenato (1999), existem vários modelos de planejamento de pessoal, sendo que alguns são genéricos e abrangem toda a organização, enquanto outros são específicos para uma área da organização ou um conjunto de cargos. A seguir, acompanhe os principais modelos: UNIDADE 5 GP1.pmd 89 89 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Até agora, você estudou os modelos de Gestão de pessoas para uma empresa considerada “ideal”. É evidente que existem fatores que interferem no planejamento de pessoal. Acompanhe na próxima seção os três principais fatores. S EÇÃO 3 – F ATORES Q UE INTERFEREM NO PLANEJAMENTO DE PESSOAL No dia-a-dia das organizações nem sempre os colaboradores trabalham durante o período contratado, em face de variáveis que afetam sua permanência no local de trabalho. Quais são os fatores que interferem? Os fatores que interferem no processo de planejamento de pessoal nas organizações são os seguintes: absenteísmo; rotatividade de pessoal; e mudanças nos requisitos da força de trabalho. Para você conhecer as principais características de cada fator, acompanhe os itens que seguem. 3.1 O QUE É ABSENTEÍSMO ? As ausências dos colaboradores provocam certas distorções no cotidiano das empresas, em maior ou menor intensidade. Está relacionado a quantidade de colaboradores ausentes, a área em que atuam e ao período de afastamento. 90 GP1.pmd 90 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Absenteísmo são faltas justificadas ou injustificadas e também atrasos na chegada e saídas antes do término do horário de trabalho. O controle e acompanhamento do absenteísmo deve ser uma das preocupações constantes da área de Gestão de pessoas, principalmente das causas que levam os colaboradores a se afastarem ou não comparecerem ao ambiente de trabalho. Elevados índices de absenteísmo são prejudiciais às empresas e demonstram algum tipo de insatisfação no trabalho, que pode ser talvez com o chefe imediato ou com as outras variáveis do ambiente laboral. O índice de absenteísmo é calculado da seguinte forma: O índice pode ser apurado em dias ou em horas de trabalho. Recomenda-se utilizar horas de trabalho para facilitar a apuração das chegadas tardias e/ou saídas antecipadas. No que se refere aos tipos de ausência, compete à área de Gestão de pessoas defini-los. Poderá ser computado mesmo os afastamentos legais ou justificados, tais como férias, licença para tratamento de saúde, faltas justificadas, dentre outros. Ocorre que o mais importante para a empresa é controlar aquelas ausências injustificadas, ou seja, quando o colaborador falta sem justificativa ou quando esta justificativa não se enquadra nas regras da empresa. Neste contexto, recomenda-se apurar o índice global, considerando todos os afastamentos e o índice específico relativo às ausências injustificadas. Também a empresa deverá decidir se o índice de absenteísmo será obtido por áreas da empresa ou será estimado globalmente. A apuração por área tornase relevante para identificar onde está localizado o maior índice de ausências. UNIDADE 5 GP1.pmd 91 91 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Quanto maior o índice de a bsenteísmo bsenteísmo,, maior o nív el de insa tisf ação dos cola bor ador es com a empr esa. O absenteísmo é uma variável que sinaliza a insatisfação dos colaboradores, e merece ser diagnosticado para identificar as possíveis causas. A pesquisa de clima organizacional, assunto que você irá estudar na próxima unidade, é uma ferramenta para realizar o diagnóstico, de forma global envolvendo todas as variáveis que afetam o ambiente de trabalho. De forma pontual, para a análise das causas específicas do absenteísmo, recomenda-se orientar os profissionais da área médica da empresa, incluindo o serviço de assistência social, que através de entrevistas e contato com os faltantes, certamente obterão informações que sinalizarão as causas dos afastamentos. O recomendado é que o índice de absenteísmo seja calculado mensalmente com a apuração da média anual. Este índice serve como parâmetro para a empresa identificar se está acima ou abaixo da média de mercado, sugere-se buscar informações junto às entidades representativas da área de atuação da empresa: sindicatos, associações. Na análise dos resultados de uma série histórica devem ser levados em consideração aspectos relacionados ao nível de desemprego ou outras variáveis externas, que podem interferir, caso ocorrer variações significativas do índice. 3.2 O Q UE É R O TATIVID ADE DE PESSO AL ? TIVIDADE PESSOAL Também é conhecida como turnover, e significa o grau de movimentação de pessoal decorrente da saída de alguns colaboradores e a entrada de outros para substituí-los. As organizações sofrem um processo contínuo e dinâmico de renovação de seu quadro de pessoal, por saídas voluntárias ou involuntárias. O fluxo de saída e de entrada de novos colaboradores é decorrente de vários motivos, veja no quadro a seguir os principais. 92 GP1.pmd 92 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS A apuração do índice de rotatividade pode ser obtido através da seguinte fórmula: A rotatividade não é uma causa, mas o efeito de algumas v ariáv eis eexter xter nas ee,, principalmente principalmente,, inter nas ariáveis Dentre as variáveis externas está o índice de desemprego no mercado de trabalho, a conjuntura econômica, as oportunidades de emprego, etc. Já as variáveis internas podem estar relacionadas à prática de remuneração, benefícios, ao estilo gerencial, às oportunidades de crescimento na empresa, à integração no ambiente de trabalho, ou seja, à cultura e ao clima organizacional. As informações a respeito dessas variáveis internas e externas podem ser obtidas através da entrevista de desligamento realizada com os colaboradores que saem voluntariamente da empresa. UNIDADE 5 GP1.pmd 93 93 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA O que deve investigar uma entrevista de desligamento? A entrevista de desligamento deve ser realizada por um profissional de Gestão de pessoas e pode abranger os seguintes aspectos: motivo que levou ao desligamento; opinião sobre a empresa, chefe imediato e colegas; opinião a respeito do cargo, horário de trabalho e condições de trabalho; opinião sobre salário, benefícios e oportunidades de carreira na empresa; opinião sobre as oportunidades existentes no mercado de trabalho. Todos estes aspectos, após serem tabulados, cuja periodicidade pode ser mensal, visam identificar e esclarecer as causas da rotatividade de pessoal. Da mesma forma que o índice de absenteísmo, recomenda-se que a apuração da rotatividade seja mensal, com a média anual. Também a empresa pode optar pela apuração global, ou envolvendo cada tipo de desligamento, além de segmentar por área, visando identificar onde está localizado o maior índice de rotatividade no âmbito da empresa. A r ota ti vidade de pessoal gger er a par a a empr esa ele v ados otati custos pois en envv olv olvee , além dos custos do deslig amento amento,, os custos r ef er entes ao r ecr utamento e seleção de no efer novv os pr of issionais e também com o pr ocesso de ca pacitação ofissionais pacitação.. 3.3 Q UAIS SÃO AS MUDANÇAS NOS REQUISITOS DA FORÇA DE TRABALHO ? Aspectos relacionados ao impacto do desenvolvimento tecnológico, às novas formas de organização e configuração empresarial, aos novos produtos e serviços e novos processos de trabalho estão modificando profundamente o perfil e os requisitos da força de trabalho. Com estas mudanças, novos cargos e funções estão sendo criados, enquanto outros deixam de existir. Este processo de mudança vem exigindo novo perfil profissional que as instituições de ensino não estão conseguindo formar. Assim, observa-se no mercado de trabalho um contingente significativo de profissionais em busca de um emprego, mas para alguns cargos e funções os profissionais que estão no mercado não possuem o nível de competências e habilidades exigidos. Para minimizar estas deficiências as empresas estão investindo forte na capacitação dos profissionais contratados. 94 GP1.pmd 94 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Com isso, conclui-se a apresentação dos principais fatores que interferem no planejamento de pessoal, devendo a área de Gestão de pessoas, estar atenta a todas essas variáveis, procurando adotar metodologias e técnicas que permitam elaborar um planejamento mais realista possível, visando prover a organização de profissionais necessários, no tempo, no perfil e na quantidade adequadas. Quanto ao perfil profissional, veja na próxima seção como a empresa pode otimizar seu processo seletivo apenas conhecendo seu capital humano. SEÇÃO 4 – O QUE É MAPEAMENTO DE POTENCIAIS ? Utilizada na literatura sob várias denominações: mapeamento de potenciais, mapeamento de competências ou banco de talentos, trata-se de uma ferramenta que permite à área de Gestão de pessoas conhecer, de forma detalhada, cada colaborador, em termos de competências, capacidades, conhecimentos, habilidades, entre outros atributos. O mapeamento de potenciais permite conhecer o potencial dos colaboradores de uma empresa. Caso a empresa precise preencher uma vaga, possuindo as informações a respeito das potencialidades dos funcionários, a área de Gestão de pessoas terá duas opções: poderá indicar um profissional interno com a certeza que ele corresponderá ao perfil do cargo ou saberá se precisa organizar um processo de recrutamento e seleção externa. Por outro lado, permite analisar se os programas de capacitação, oferecidos aos colaboradores, trazem resultados significativos e contribui para tornar a empresa mais competitiva. No cotidiano do mundo organizacional, exige-se cada vez mais a maximização da capacidade de obter resultados através das pessoas. Pouco adianta o investimento em tecnologias de última geração ou inovação nas metodologias de trabalho, se as pessoas não estiverem preparadas para exercerem suas funções com qualidade e produtividade . UNIDADE 5 GP1.pmd 95 95 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA O MAPEAMENTO DE POTENCIAIS PERMITE : conhecer as experiências, os níveis de formação, as competências, os conhecimentos, as habilidades e as atitudes dos colaboradores da empresa; identificar, a partir do perfil estabelecido pela empresa, as pessoas que estão dentro da média, abaixo e acima das expectativas; tomar decisões relativas ao recrutamento interno, rodízios, promoções, formação de grupos de sucessão, aconselhamento e remanejamentos; preparar as pessoas para assumirem novos cargos e funções na empresa; proceder ao planejamento de pessoal necessário para a empresa. Ao avaliar o potencial do colaborador, identifica-se sua capacidade atual e a sua tendência em termos de capacidade futura, para exercer novos cargos e funções na empresa. O processo de avaliação é fundamental para que a organização possa re-alinhar suas estruturas de pessoal, através do mapeamento humano existente. Para os indivíduos, a vantagem é o conhecimento das suas potencialidades, o que facilita a programação das ações de autodesenvolvimento, favorecendo a condução de suas carreiras. Existem inúmeras formas de avaliar o potencial dos colaboradores de uma empresa, que poderão ser utilizadas em função de variáveis, tais como: número de colaboradores; urgência de tempo; objetivo da avaliação; disponibilidade financeira; capacidade técnica do avaliador; e perfil da clientela. Cada empresa deverá buscar as alternativas mais adequadas às suas características e aos seus objetivos com a aplicação dessa ferramenta. É através do mapeamento de potenciais que a organização poderá definir gráficos de substituição, identificando um estado potencial para substituição na estrutura de cargos gerenciais. Trata-se de uma representação visual de quem substituirá quem na ocorrência de uma vaga nos cargos de direção, gerência ou supervisão. 96 GP1.pmd 96 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA A TIVID ADES TIVIDADES DE P ESSO AS ESSOAS DE A UT O - A V ALIAÇÃO UTO Após a leitura criteriosa desta unidade, leia com atenção os enunciados e realize as questões que seguem. 1. Escreva com suas palavras o que você entendeu como conceito de planejamento estratégico de Gestão de pessoas. 2. Uma organização registra: no final do mês de agosto, um quadro de 550 colaboradores; em 4 de setembro, admite 22 administradores, 8 auxiliares de escritório; 18 vendedores; no dia 15 de setembro, 22 vendedores deixam a empresa, sendo imediatamente substituídos; em 22 de setembro, mais 15 vendedores e 18 auxiliares de Escritório deixam a empresa. Considerando as informações apresentadas, calcule (em percentual com uma casa decimal) qual é o índice de rotatividade geral dessa empresa no mês de setembro. UNIDADE 5 GP1.pmd 97 97 7/3/2007, 14:15 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 3. Uma empresa totalizou, durante o mês de fevereiro, 660 horas de atrasos no trabalho, 190 horas de saídas antecipadas, 210 horas de faltas de meio período, e 90 horas de ausências por período integral. O planejamento indicava que, naquele período, a expectativa era de cumprir 18.000 horas produtivas. Com base nestas informações, calcule o índice de absenteísmo, em percentual, com uma casa decimal. 4. A empresa Alfa S/A vem apresentando nos últimos meses, altos índices de rotatividade de pessoal e também de absenteísmo. Quais as possíveis causas que levaram a estes índices? 5. Relacione as denominações apresentadas na coluna à esquerda com os conceitos relacionados à direita. ( 1 – Mapeamento de potenciais 2 – Gráficos de substituição 3 – Rotatividade de pessoal (turnover) 4 – Absenteísmo 5 – Planejamento de Pessoal ( ( ( ( ) É o resultado da saída de alguns colaboradores e a entrada de outros para substituí-los. ) É um inventário que deve ser o mais completo possível, catalogando a formação escolar, as aptidões e habilidades dos colaboradores. ) Objetiva melhorar a utilização dos recursos humanos de uma organização. ) Constitui a soma dos períodos em que os funcionários encontram-se ausentes do trabalho. ) São uma representação visual de quem substituirá quem na ocorrência de uma vaga de cargo. 98 GP1.pmd 98 7/3/2007, 14:15 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS SÍNTESE Nesta unidade você estudou conteúdos como: o planejamento estratégico de Gestão de pessoas; o planejamento de necessidades de pessoal; os fatores que interferem no planejamento de pessoal e a prática de mapeamento de potenciais. Foi possível observar que o planejamento estratégico de Gestão de pessoas não pode estar dissociado do planejamento estratégico da organização. A medida em que a empresa formula seu processo de planejamento estratégico global, no desmembramento dos objetivos, estratégias e planos de ação, a área Gestão de pessoas precisa estar envolvida. Você estudou que para garantir os profissionais necessários e adequados ao perfil exigido no processo de planejamento estratégico, a área de Gestão de pessoas precisa planejar estas demandas ou ofertas, ou seja, as necessidades e eventuais excessos de pessoal. Foram destacados como fatores que interferem no processo de planejamento da necessidade de pessoal, o absenteísmo, a rotatividade de pessoal e as mudanças nos requisitos da força de trabalho. Para finalizar esta unidade você pôde conhecer qual é a utilidade do mapeamento de potenciais, como esta ferramenta, que permite a área de Gestão de pessoas conhecer de forma detalhada cada colaborador, pode auxiliar em termos de competências, capacidades, conhecimentos, habilidades, entre outros atributos, possibilitando o melhor aproveitamento do capital humano da organização. Na próxima unidade como tema de estudo você será convidado a conhecer a ferramenta clima organizacional, que funciona como um instrumento de diagnóstico da Gestão de pessoas, conheça com o detalhamento das etapas e dos procedimentos para a realização de uma pesquisa de clima. Até lá! UNIDADE 5 GP1.pmd 99 99 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA S AIBA MAIS Para aprofundar os conteúdos apresentados nesta unidade a sugestão é que você: acesse o site: http://www.rh.com.br e pesquise as seguintes expressões: “planejamento estratégico de recursos humanos” “planejamento de recursos humanos” e “mapeamento de potenciais”. Leia os artigos que forem selecionados. 100 GP1.pmd 100 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Clima organizacional Objetivos de aprendizagem ♦ compreender o significado do conceito de clima organizacional e a importância de uma organização gerenciar o clima organizacional; ♦ identificar as variáveis que afetam o clima organizacional; ♦ conhecer e compreender as etapas para elaborar e aplicar uma pesquisa de clima organizacional. Seções de estudo A seguir acompanhe as seções que você irá estudar nesta unidade. Ao final de cada etapa de estudos, use os quadros para assinalar as seções já estudadas. Seção 1 – A impor tância da ggestão estão do cclima lima organizacional. Seção 2 – O que é clima organizacional? Seção 3 – A relação entre clima e cultura organizacional. Seção 4 – Como o clima organizacional se manifesta na empresa? Unidade 6 Ao final desta unidade você terá subsídios para: Seção 5 – As etapas para a elaboração e aplicação de pesquisa de clima organizacional. Seção 6 – Modelo de um instr umento de pesquisa de clima organizacional. 101 GP1.pmd 101 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Par araa início de estudo Nesta Unidade 6 você irá estudar uma nova concepção administrativa. As organizações estão percebendo a necessidade e as vantagens de passarem de um paradigma de “mão-de-obra” para “mentes-de-obra” na relação com seus cola bor ador es es.. Esta m udança é decor r ente m uito mais da exigência de maior competitividade, qualidade dos pr odutos e ser viços , b usca de no v os mer cados , do que de inf luências inter nas nas.. Não há dúvidas de que colaboradores motivados, comprometidos satisfeitos geram melhores resultados para a organização. Neste contexto, as preocupações com o gerenciamento do clima organizacional são fundamentais nos dias de hoje. E é ele, o conteúdo principal desta unidade. S EÇÃO 1 – A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DO CLIMA ORGANIZACIONAL A gestão contemporânea das empresas, no que se refere aos aspectos da dimensão humana, tem, no equilíbrio da dinâmica das relações de trabalho, um de seus fatores críticos de sucesso. A identificação e o envolvimento das pessoas com os processos de trabalho são fundamentais para gerar e manter este equilíbrio. À empresa contemporânea coube estimular e facilitar estas percepções, principalmente, através de ambientes de trabalho saudáveis e capazes de contribuir, de forma efetiva, para a realização profissional e individual. 102 GP1.pmd 102 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Neste sentido, a empresa passa a ser o agente central para contribuir com o projeto pessoal de vida e a felicidade de seus colaboradores. O desafio é investir num clima organizacional positivo e sadio para que os resultados qualitativos e quantitativos aconteçam. As empr esas pr ecisam compr eender que tr a tar a questão do c lima inter no como estratégia de gestão é fundamental para o aumento da melhoria da qualidade de vida das pessoas e par a a saúde do ne gócio negócio gócio.. São enormes geradores de problemas e de custos invisíveis para o negócio os ambientes com clima organizacional ruim. Ambientes estes que se caracterizam por: desmotivação da equipe; ausência de integração de pessoas e departamentos; conflitos entre chefias e pessoas; ausência de objetivos individuais e coletivos; falta de comprometimento das pessoas e de respeito do ser humano; conflitos societários; ausência de transparência na gestão; comunicação deficiente e rotatividade elevada. As empresas precisam investir na melhoria do clima organizacional adotando práticas de gestão abertas e transparentes, privilegiando a busca do comprometimento e do envolvimento com o negócio. É preciso adotar ferramentas modernas de relacionamento e de abertura para que as pessoas produzam mais, melhorem a qualidade e fiquem felizes por estarem ali. A felicidade de um ambiente organizacional produz resultados signif ica titivv os em ter mos de pr oduti vidade do ne gócio e das significa icati odutividade negócio pessoas ee,, com isso ba aagg r e g ando vvalor alor ao ne gócio isso,, aca acaba negócio gócio.. UNIDADE 6 GP1.pmd 103 103 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Já não é novidade alguma no contexto organizacional quando o assunto é “encantar o cliente”. Movidos pela qualidade que hoje impera nas empresas de sucesso e na concorrência, tudo o que se faz é para manter um bom relacionamento com os clientes, antecipar suas necessidades, oferecer o tangível e o intangível e levá-los a desfrutar a honra da excelência dos serviços. É comum o empenho das empresas em propagarem esta cultura a seus colaboradores e que estes se esforcem através do pensamento criativo e de suas atitudes para alcançar futuras conquistas e a fidelidade dos clientes. Há uma boa frase que ainda é negligenciada por muitas organizações: “O dia que o cliente interno for encantado, com certeza o cliente externo também o será”. Isto significa que é uma missão complicada cobrar esforços e resultados de uma equipe sem nada fazer por ela. Infelizmente esta tem sido a prática de muitas organizações que investem para alcançar o cliente externo e esquecem dos seus clientes internos. Diante deste cenário, surge a pergunta: O que as empresas podem fazer para modificar a sua cultura? Para obter esta resposta, coloque-se primeiro na posição de gestor e analise seu ambiente de trabalho, através das seguintes perguntas: você conhece as pessoas da sua empresa? há afetividade nas relações interpessoais? como estão sendo liderados? a comunicação flui com clareza? qual a imagem que a empresa tem para os seus colaboradores? existe a prática do feedback? os colaboradores são valorizados pelos resultados alcançados? a criatividade é valorizada? todos sentem que estão no mesmo barco? 104 GP1.pmd 104 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS As respostas que obteve servem para lhe mostrar como está o clima organizacional, não é mesmo? Portanto, um caminho para mudar a cultura da sua empresa é conhecer como está o clima organizacional da mesma. Na próxima seção, você irá estudar o conceito de clima organizacional e entender as etapas para se conceber um bom clima organizacional e os fatores que interferem nesse resultado. S EÇÃO 2 – O QUE É CLIMA ORGANIZACIONAL ? A partir da leitura da Seção 1 você já tem uma noção do que é clima organizacional, mas para você se aprofundar um pouco mais, leia com atenção a conceituação de alguns autores. Para Champion (1994): clima organizacional são as impressões gerais, as percepções dos colaboradores em relação ao seu ambiente de trabalho, embora nem todos os indi víduos tenham a mesma opinião indivíduos opinião.. Neste caso o ambiente de trabalho reflete o comportamento da organização, ou seja, seus valores, sua cultura, suas atitudes, suas práticas de Gestão de pessoas. Luz (2003) define que o clima organizacional é o reflexo do estado de ânimo ou do grau de satisfação dos funcionários de uma empresa, num dado momento. Note bem que nesta definição é importante destacar que o clima retrata um momento específico, o que corresponde a uma fotografia do grau de satisfação dos colaboradores em relação à empresa. De forma geral, em quase todos os conceitos de clima organizacional presentes na literatura, pode-se encontrar três expressões comuns: satisfação dos colaboradores – é a mais citada pelos autores, devendo ser expressa na forma de uma escala, dos níveis de satisfação; percepção dos colaboradores – é através da percepção dos diferentes aspectos proporcionados pela empresa: remuneração, estilo de gestão, integração, que os colaboradores serão influenciados de forma positiva ou negativa. É a percepção que resultará no nível de satisfação. cultura organizacional – para alguns autores clima e cultura são conceitos similares ou complementares. Isto porque a cultura influencia, de forma significativa, o clima de uma empresa. São faces de uma mesma moeda. UNIDADE 6 GP1.pmd 105 105 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA S EÇÃO 3 – A RELAÇÃO ENTRE CLIMA E CUL TURA OR GANIZA CION AL CULTURA ORGANIZA GANIZACION CIONAL Ao ser analisado, é possível constatar que o clima organizacional é afetado por fatores externos à organização, como por exemplo, pelas condições de saúde, habitação, lazer e familiar dos colaboradores, assim como pelas próprias condições sociais. A cultura organizacional é uma de suas principais causas. Entr e c lima e cultur a, pode-se af ir mar que eexiste xiste uma rrelação elação afir de causalidade. Cultura é a causa e clima é a conseqüência. Outra conclusão é de que clima e cultura são aspectos intangíveis, apesar de manifestarem-se também de forma concreta. Apesar de ser intangível, a cultura se manifesta através da estrutura física da empresa, do modo de vestir e de se comportar dos colaboradores e dirigentes, da relação da empresa com os seus parceiros comerciais, dentre outros aspectos. Uma empresa essencialmente conservadora demonstrará este valor nas suas propagandas e na forma como ela gerencia os avanços tecnológicos, postura esta totalmente diferente de uma empresa inovadora, agressiva que também demonstrará seus valores culturais através de seus produtos, processos de trabalho, tecnologia. A cultura se manifesta através dos rituais de uma empresa, de seus códigos, símbolos, procedimentos que caracterizam o seu dia-a-dia. Esta identidade vai impactando positiva ou negativamente o estado de ânimo das pessoas que nela trabalham. Algumas empresas são rígidas em seus aspectos disciplinares, outras são extremamente formais nas suas relações de trabalho, enquanto outras são demasiadamente informais. Umas são conservadoras, outras inovadoras, umas são ágeis, outras são lentas, umas são modernas, outras são retrógradas. Como você pode reparar, no cotidiano do mundo organizacional, cada empresa tem o seu jeito de ser, o que a torna um lugar especial, ou extremamente difícil para se trabalhar. 106 GP1.pmd 106 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Não é difícil compreender por que algumas empresas apresentam produtividade tão baixa, tantos desperdícios, alta rotatividade, enorme absenteísmo, greves, elevadas reclamatórias trabalhistas, tantos conflitos, elevadas idas ao consultório médico. Tudo isso acaba funcionando como uma espécie de confessionário. Estes aspectos são sinais de que o clima vai mal nestas empresas. Um aspecto relevante na análise da relação entre cultura e clima é que: o clima é um fenômeno temporal, e refere-se ao estado de ânimo dos cola bor ador es colabor adores es.. Já a cultur a decor r e de práticas consolidadas belecidas ao long consolidadas,, esta estabelecidas longoo do tempo tempo.. Uma vez que você entendeu como se dá a dinâmica entre clima e cultura organizacional, a próxima seção lhe convida a estudar outros aspecto do clima organizacional, a sua manifestação. S EÇÃO 4 – C OMO O CLIMA ORGANIZACIONAL SE MANIFEST MANIFESTAA N A EMPRESA Embora o clima organizacional seja algo abstrato, intangível, é possível identificar aspectos que denotam insatisfação e com isto um clima ruim. No cotidiano das organizações podem ser localizados vários “sinais” que demonstram níveis de insatisfação dos colaboradores. Estes “sinais” fornecem parâmetros para a identificação das causas que mais estão afetando positivamente ou negativamente o clima organizacional. Acompanhe a seguir alguns indicadores que possibilitam analisar como anda o clima organizacional, não de forma global e integrada, mas de forma pontual. São indicadores: turnover – quando a rotatividade de pessoal for elevada, considerando parâmetros de mercado, pode significar que as pessoas não vêem estímulos para estarem comprometidas com a empresa, existe motivo de insatisfação; absenteísmo – um excessivo número de faltas e atrasos podem significar o mesmo que o turnover. Outra variável pode ser decorrente de um sistema rígido de controle de freqüência, incompatível ou de difícil conciliação por parte dos colaboradores; UNIDADE 6 GP1.pmd 107 107 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA greves e/ou paralisações – mesmo que as greves estejam mais relacionadas ao descumprimento de obrigações legais por parte da empresa, ou à omissão dos gestores em tomar determinadas decisões que atendam reivindicações dos colaboradores, a adesão às greves revela, muitas vezes, o descontentamento para com a empresa; rabiscos em banheiros – o conteúdo dos rabiscos nos banheiros da empresa é um dos indicadores do clima organizacional. As críticas, as agressões direcionadas a líderes da empresa, indicam o estado de satisfação dos colaboradores; programas de sugestão – quando a empresa adota esta medida de forma adequada e os colaboradores não se manifestam, pode existir indício de insatisfação; conflitos interpessoais e interdepartamentais – esta é a forma mais aparente do clima de uma empresa. A intensidade dos conflitos é que demonstra, muitas vezes, um clima agradável ou tenso; desperdício de materiais – muitas vezes a forma do colaborador reagir contra a empresa é estragando materiais, danificando equipamentos, consumindo-os mais que o necessário. Trata-se de uma forma velada do colaborador se rebelar contra as condições de trabalho a que está sujeito; reclamações no serviço médico – os consultórios médicos das empresas funcionam, muitas vezes, como um confessionário. É o espaço e a oportunidade para os colaboradores descarregarem suas angústias, sob os mais diferentes tipos de reclamações: sobrecarga de trabalho, assédio moral, constrangimentos, discriminações, perseguições, etc. Muitos destes problemas são ocasionados por distúrbios emocionais, que podem resultar em doenças e impactar de forma negativa a qualidade de vida dos profissionais. Estes indicadores apresentados são apenas alguns dos aspectos que a empresa pode observar e analisar, e promover ações de melhoria, visando elevar o nível de satisfação dos colaboradores. Essas ações podem ser iniciadas através de pesquisas de opinião interna. A seguir, você irá estudar as etapas para se produzir esse tipo de instrumento de análise do clima organizacional da empresa. 108 GP1.pmd 108 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA SEÇÃO 5 – AS DE P ESSO AS ESSOAS ET AP AS PARA A ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO ETAP APAS DE PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL Observe atentamente que a pesquisa de clima organizacional pode ser viabilizada através da aplicação das várias técnicas. As principais são: aplicação de questionário; entrevista; e painel de debates. Quais são as vantagens de aplicar a técnica do questionário? A técnica do questionário é a mais utilizada e apresenta as seguintes características: permite atingir todos os colaboradores, mesmo quando estiverem distribuídos em ampla área geográfica; custo relativamente baixo; tem maior aceitabilidade por parte dos colaboradores, pois uma das premissas é a preservação do anonimato. Isto garante maior credibilidade à técnica. permite o uso de questões abertas ou fechadas; possibilita a inclusão de perguntas cruzadas, com o objetivo de checar a coerência e a consistência das respostas; exige clareza e adequação do estilo de redação, pois deverá atingir todos os níveis da organização; pode ser aplicado a uma amostra de colaboradores; não exige espaço físico apropriado para a obtenção das respostas; exige um processo de sensibilização dos dirigentes e dos colaboradores. Quais são as vantagens de usar a técnica da entrevista? UNIDADE 6 GP1.pmd 109 109 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Já a técnica da entrevista possui uma aplicabilidade muito limitada, sendo mais adequada para as organizações que atuam com profissionais de elevado nível de formação e com um estilo de gestão voltado à participação. Apresenta as seguintes características: não assegura o anonimato da pesquisa, sendo uma grande desvantagem, pois pode inibir o relato da realidade da empresa; método mais demorado e de maior investimento que o questionário; exige pessoas tecnicamente habilitadas para conduzi-la; quando o número de entrevistados é elevado, pode comprometer a uniformidade e neutralidade dos entrevistadores na interpretação das respostas. Quais são as vantagens de aplicar a técnica painel de debates? A técnica painel de debates possui características similares as da entrevista, no entanto, é utilizado um grupo de colaboradores para cada painel. Apresenta as seguintes características: investimento menor que o da entrevista, pois os entrevistadores são submetidos em grupos a essa técnica; recomendável de cinco a oito pessoas por sessão; permite que um colaborador levante uma questão, dê seu depoimento pessoal, seu ponto de vista e, com isso, estimule os demais a participarem; ocorre a perda do anonimato das pessoas; exige espaço físico e condições adequadas para sua realização. 5.1 Q U AIS SÃO AS ET AP AS PARA REALIZAR A PESQ UISA DE CLIMA OR GA ETAP APAS PESQUISA NIZACIONAL? O consenso entre pesquisadores da área permite a identificação de 11 etapas distintas, as quais são a saber: aprovação e apoio da direção da empresa; planejamento da pesquisa; definição das variáveis (assuntos) a serem pesquisados; elaboração e validação do instrumento de pesquisa; 110 GP1.pmd 110 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS critérios para a tabulação das opções de resposta; divulgação da pesquisa; aplicação e coleta da pesquisa; tabulação da pesquisa; emissão dos relatórios; divulgação dos resultados da pesquisa; definição de planos de ação. P ar a conhecer em detalhes cada uma das eta pas citadas, leia atentamente a síntese das mesmas a s e g u i rr.. a) Aprovação e apoio da direção da empresa – como etapa inicial é de fundamental importância realizar uma análise criteriosa das vantagens, desvantagens, expectativas, situação da empresa e se o momento é oportuno para a realização da pesquisa. A principal decisão dos dirigentes está relacionada ao apoio, e, principalmente, ao comprometimento com a realização das mudanças que forem sinalizadas com a pesquisa. Assim, o comprometimento da direção deverá ser no sentido de seguir rigorosamente todas as etapas necessárias para a elaboração e aplicação da pesquisa, e, principalmente com o plano de ação que objetivará corrigir os pontos fracos identificados. Caso não existir esta garantia, é preferível não iniciar o processo de pesquisa, pois os dirigentes e a área de Gestão de pessoas poderão perder a credibilidade frente aos colaboradores. Por outro lado, se a empresa possui, “sinais” claros e precisos de elevada insatisfação dos colaboradores, é preferível, primeiro, implementar ações de melhoria nestes aspectos, para posteriormente, realizar a pesquisa. b) Planejamento da pesquisa – esta etapa envolve as seguintes decisões: definição clara do objetivo da pesquisa; público alvo; quem vai conduzir a pesquisa; quem vai coletar as informações e como será a forma de coleta; definição da técnica a ser utilizada; periodicidade ou melhor momento para a aplicação; sensibilização das chefias; abrangência da pesquisa; distribuições dos colaboradores para outras áreas, quando existir reduzido número em uma área; e estratégias para a elaboração dos planos de ação. UNIDADE 6 GP1.pmd 111 111 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Em r elação aos objeti objetivv os da pesquisa, é impor tante destacar que o principal objetivo deverá estar voltado à identificação de opor tunidades de melhoria no ambiente de tr a balho os balho.. Mas Mas,, outr outros benefícios específicos poderão ser definidos . Quanto ao público alvo, cabe decidir se a pesquisa será aplicada a todos os colaboradores, a uma amostra ou a uma área da empresa. Também deve ser discutido se estagiários e terceirizados irão responder a pesquisa. No que se refere à condução dos trabalhos da pesquisa, a empresa, caso opte pela não contratação de consultores externos, deverá decidir se será responsabilidade da área de Gestão de pessoas ou de um comitê multidisciplinar. Estas decisões podem envolver todas as etapas ou cada etapa de forma específica. Por exemplo, a empresa poderá contratar uma consultoria externa somente para aplicar a pesquisa ou para elaborar o formulário. Como envolve o planejamento, recomenda-se que a empresa adote a prática de não exigir a identificação dos colaboradores na aplicação da pesquisa. Ou melhor, deixe claro, em todo o processo de comunicação, que não há esta exigência. Por outro, lado é importante a identificação das áreas de atuação, pois podem haver problemas ou focos de insatisfação em áreas específicas. c) Definição das variáveis (assuntos) a serem pesquisados – variáveis organizacionais são os assuntos que a empresa considera adequado investigar. São os diferentes aspectos que podem causar satisfação ou insatisfação. Caberá à empresa decidir pela abrangência destes fatores. Grande parcela do sucesso da pesquisa está relacionada à correta definição destas variáveis, já que sua abrangência permitirá uma maior ou menor cobertura dos aspectos a serem pesquisados. Os temas normalmente investigados são: desafios; realização/satisfação; valorização/reconhecimento; crescimento profissional; participação/utilidade; estilo de liderança; integração; sistema de recompensa. 112 GP1.pmd 112 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Para cada um destes temas poderá ocorrer um número específico de questões, dependendo do aprofundamento que a empresa pretende atingir. d) Elaboração e validação do instrumento de pesquisa – esta etapa objetiva construir e validar o instrumento de pesquisa a partir das variáveis identificadas na etapa anterior. Caso a escolha da técnica de pesquisa tenha recaído sobre o questionário, é importante decidir se será aplicado de forma impressa ou por meios eletrônicos. O questionário impresso é mais bem aceito pelos colaboradores, pois vêem no eletrônico uma possibilidade da quebra do sigilo. Na elaboração do questionário deve-se: formular as perguntas mais adequadas para cada variável (etapa anterior); decidir pelo uso ou não de perguntas controle ou perguntas cruzadas, visando testar a coerência dos respondentes; escolher as opções de resposta para cada pergunta, se padronizadas ou vários tipos de respostas; optar por somente um ou mais modelos de questionários, de acordo com o público alvo, objeto da pesquisa. Finalmente, concluída a elaboração das questões a serem formuladas, com as respectivas alternativas de resposta, é recomendável realizar a validação do instrumento de pesquisa, através da aplicação piloto a um grupo de colaboradores, com a finalidade de checar: forma, conteúdo, interpretação das perguntas e respostas. Após a validação deve-se proceder aos ajustes necessários. e) Critérios para a tabulação da pesquisa/alternativas de resposta – esta etapa envolve o trabalho de parametrização, ou seja, de definir como a pesquisa será tabulada. Esta etapa deve ser planejada e definida antes da aplicação da pesquisa. Cada opção de resposta deve ser interpretada, no momento da tabulação, como manifestação de satisfação ou insatisfação do respondente. UNIDADE 6 GP1.pmd 113 113 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA f) Divulgação da pesquisa – esta etapa consiste em um processo de comunicação visando sensibilizar os gestores e colaboradores sobre a importância de todos participarem da pesquisa, com a explicitação dos objetivos e da sistemática que será utilizada na fase seguinte, de aplicação. Será esta etapa a que irá garantir o nível de adesão à pesquisa e o real diagnóstico da percepção dos colaboradores frente às variáveis formuladas. O sucesso desta etapa depende, também, do apoio e comprometimento dos dirigentes e dos gestores da empresa. Todas as formas de comunicação devem ser utilizadas, visando sensibilizar os funcionários para a participação, criando um ambiente adequado em torno da pesquisa. As informações sobre a sistemática de distribuição, aplicação e recolhimento dos questionários devem ser divulgadas. g) Aplicação e coleta da pesquisa – concluída a sensibilização, atinge-se a etapa de aplicação da pesquisa. É recomendável que o questionário seja respondido no próprio local de trabalho. Deve-se evitar que os formulários sejam devolvidos diretamente aos gestores, mas através de urnas alocadas nas diversas áreas da empresa. Também os formulários podem ser enviados pelos correios, no caso de unidades externas ou quando foi contratada uma empresa de consultoria para realizar estas atividades. h) Tabulação da pesquisa – esta etapa envolve o processamento manual ou eletrônico dos dados coletados através do formulário, com o propósito de apresentar os resultados sobre o nível de satisfação dos colaboradores em relação às variáveis questionadas. Quando a pesquisa envolve um grande número de profissionais, a tabulação pode demandar tempo, caso sejam utilizados procedimentos eletrônicos de forma parcial. De acordo com o formato do questionário e a sistemática de aplicação da pesquisa, a tabulação poderá apresentar os resultados da seguinte forma: por pergunta; por variável; 114 GP1.pmd 114 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS por conjunto de varáveis; por departamento ou área; por regime de trabalho por tempo de serviço; por turno de trabalho; por sexo e faixa etária; global, identificando os índices gerais; sugestões de melhoria, no caso de perguntas abertas. i) Emissão dos relatórios – esta etapa consiste na emissão dos diversos relatórios, de acordo com o processo de tabulação. Recomenda-se apresentar os resultados de forma gráfica, com a devida análise. Os gráficos facilitam a visualização dos números apresentados pela tabulação da pesquisa e a análise traz os comentários referentes à interpretação das informações, com destaque para os pontos fortes e para os pontos fracos da realidade investigada. j) Divulgação dos resultados da pesquisa – quem participa de uma pesquisa espera ter acesso aos resultados. Por isso é indispensável que a empresa divulgue os resultados. Na divulgação poderão ser observados os seguintes procedimentos: relatórios gerais e completos, por área inclusive, devem ser divulgados para a direção e para os gestores de cada área da empresa; antes da divulgação é recomendável discutir com a direção da empresa a estratégia a ser adotada, divulgação integral ou parcial dos resultados; todos os canais de comunicação devem ser utilizados para atingir o corpo funcional, dando destaque, principalmente para os pontos fortes identificados; quanto mais ilustrada for a comunicação da pesquisa, mas fácil será a assimilação por parte dos colaboradores, principalmente para atingir diferentes níveis de qualificação dos profissionais; poderá a área de Gestão de pessoas reunir-se separadamente com cada gestor, para apresentar e discutir os resultados específicos de cada área. UNIDADE 6 GP1.pmd 115 115 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA k) Definição de planos de ação – esta é a etapa mais importante após a decisão de realizar a pesquisa de clima organizacional. Já que este tipo de pesquisa não pode ser entendido como um fim, ele é um instrumento para análise dos resultados, é um diagnóstico. Portanto, precisa ser um meio para a empresa identificar e implantar oportunidades de melhorias contínuas no ambiente e nas condições de trabalho. É recomendável que a direção da empresa, através da área de Gestão de pessoas, institua grupos de trabalho, com a participação de diversas áreas internas da organização para: priorizar as causas a serem enfrentadas, a partir dos pontos fracos identificados com a pesquisa; discutir e apresentar à direção da empresa, planos de ação com as medidas corretivas cabíveis, identificando cronograma, valor dos investimentos e resultados esperados; implantar planos de ação que devem ser acompanhados e avaliados periodicamente, para que os resultados sejam alcançados. A partir da implantação dos planos de ação, a empresa poderá na próxima edição da pesquisa avaliar as melhorias alcançadas, além das estratégias de gestão do clima organizacional em uma perspectiva de médio e longo prazo. Para você melhor visualizar a pesquisa, acompanhe na Seção 6, um modelo de pesquisa. 116 GP1.pmd 116 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA S EÇÃO 6 – M ODELO DE P ESSO AS ESSOAS DE INSTRUMENTO DE PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL Esta seção tem o objetivo de levar você a conhecer um modelo de questionário para a prática da pesquisa de clima organizacional. É importante que você conheça-o para que possa entender o tipo de informação que pode ser obtida ao final da pesquisa. A idéia então é que você analise o formulário e, se possível, elabore também uma pesquisa. O modelo de formulário que será apresentado a seguir é parcial, somente algumas variáveis estão contempladas. No que se refere ao número de questões ideais para uma pesquisa, não existe unanimidade entre os autores e profissionais da área. Na verdade, essa questão está relacionada à amplitude e profundidade da abordagem das variáveis que a empresa pretende analisar. Uma análise detalhada demandará um número representativo de questões, mas uma abordagem mais genérica, com ênfase maior em apenas algumas variáveis, reduz o número de questões. A seguir veja um exemplo de como foram formuladas as questões em um questionário de pesquisa de clima organizacional apresentado por Flávia Kahale, Diretora de Pesquisa do Instituto MVC. Disponível http:// w w w. i n s t i t u t o m v c . c o m . b r / C l i m a . h t m # E x e m p l o. Acesso em 8/4/04. Ex emplo de pesquisa de cclima lima – por FFlávia lávia K ahale 1 Exemplo 1ª P A R T E – E X E M P LLOO D E P E R G U N TTAA S P A R A E S T R AATT I F I C A Ç Ã O D A A M O S T R A 1 - Cargo 1- [ ] Encarregado 2- [ ] Técnico 3- [ ] Operacional 1 Flávia Kahale, diretora de pesquisa do Instituto MVC. Disponível em http://www.institutomvc.com.br/ Clima.htm#Exemplo. Acesso em 8/4/04. UNIDADE 6 GP1.pmd 117 117 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 2 - Unidade 1- [ ] Unidade 1 2- [ ] Unidade 2 3- [ ] Unidade 3 4- [ ] Unidade 4 3 - Tempo de serviço 1- [ ] Menos de 5 anos que trabalha na empresa 2- [ ] De 6 a 10 anos que trabalha na empresa 3- [ ] De 11 a 15 anos que trabalha na empresa 4- [ ] Mais de 16 anos que trabalha na empresa 4 - Sexo 1- [ ] Feminino 2- [ ] Masculino 2ª P A R T E – E X E M P L O DE PERGUNTAS FECHADAS QUE ENGLOBEM AS DIMENSÕES I M P O R TA N T E S PA R A O M O M E N T O D A E M P R E S A : Fechada única: (só aceita uma opção como resposta) 5 - O relacionamento entre as pessoas da sua equipe, é: 1- Excelente 2- Bom 3- Mais ou menos 4- Ruim 5- Muito ruim 6- Não sabe 118 GP1.pmd 118 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS 6 - A autonomia que você tem para propor melhorias na execução do seu trabalho, é: 1- Muito satisfatória 2- Satisfatória 3- Mais ou menos satisfatória 4- Pouco satisfatória 5- Muito pouco satisfatória 6- Não sabe 7 - Em termos de realização profissional com o trabalho que executa, você se sente: 1- Muito realizado 2- Realizado 3- Mais ou menos realizado 4- Pouco realizado 5- Muito pouco realizado 6- Não sabe 8 - Em termos de sentir que suas idéias e sugestões são ouvidas pela empresa, você está: 1- Muito satisfeito 2- Satisfeito 3- Mais ou menos satisfeito 4- Pouco satisfeito 5- Muito pouco satisfeito 6- Não sabe UNIDADE 6 GP1.pmd 119 119 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 9 - Você se sente reconhecido pelo trabalha que você executa? 1- Muito reconhecido 2- Reconhecido 3- Mais ou menos reconhecido 4- Pouco reconhecido 5- Muito pouco reconhecido 6- Não sabe 10 - Em termos de estabilidade no emprego, as pessoas na sua área, incluindo você, sentem-se atualmente: 1- Muito seguros 2- Seguros 3- Mais ou menos seguros 4- Pouco seguros 5- Muito pouco seguros 6- Não sabe 11 - Como você se sente em relação aos critérios utilizados para promoções internas? 1- Muito satisfeito 2- Satisfeito 3- Mais ou menos satisfeito 4- Pouco satisfeito 5- Muito pouco satisfeito 6- Não sabe 12 - A quantidade de treinamento que você vem recebendo é: 1- Muito satisfatória 2- Satisfatória 3- Mais ou menos satisfatória 4- Pouco satisfatória 5- Muito pouco satisfatória 6- Não sabe 120 GP1.pmd 120 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS 13 - O relacionamento entre o superior imediato e os subordinados dentro da sua equipe é: 1- Muito satisfatório 2- Satisfatório 3- Mais ou menos satisfatório 4- Pouco satisfatório 5- Muito pouco satisfatório 6- Não sabe 14 - Para você, as informações gerais sobre resultados são: 1- Totalmente confiáveis 2- Confiáveis 3- Mais ou menos confiáveis 4- Pouco confiáveis 5- Muito pouco confiáveis 6- Não sabe 15 - Levando tudo em consideração, como você se sente em trabalhar aqui? 1- Muito satisfeito 2- Satisfeito 3- Mais ou menos satisfeito 4- Insatisfeito 5- Muito insatisfeito 6- Não sabe UNIDADE 6 GP1.pmd 121 121 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA FECHADAS MÚLTIPLAS (ACEITAM MAIS DE UMA OPÇÃO COMO RESPOSTA) 16 - Dos itens abaixo relacionados, marque até três opções que você considera, hoje, como as principais vantagens competitivas de sua empresa frente ao mercado. 1-[ ] Preço 2-[ ] Qualidade do produto 3-[ ] Qualidade do atendimento 4-[ ] Qualidade do serviço pós-venda 5-[ ] Marketing 6-[ ] Imagem da empresa 7-[ ] Equipe de profissionais 8-[ ] Criatividade 9-[ ] Rapidez 10 - [ ] Consultoria na solução do problema 11 - [ ] Clima interno 12 - [ ] Outros 122 GP1.pmd 122 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS 17 - Dos itens abaixo relacionados, marque até quatro opções que você considera, hoje, como os principais fatores de motivação para os funcionários da sua empresa: marque somente as opções que retratam o real sentimento de hoje, não aquilo que você gostaria que acontecesse. 1-[ ] Instalações físicas 2-[ ] Quantidade de treinamento que recebem 3-[ ] Qualidade dos treinamentos que recebem 4-[ ] Integração da equipe de trabalho 5-[ ] Oportunidade de crescimento 6-[ ] Autonomia 7-[ ] Estabilidade no emprego 8-[ ] Gostar do que faz 9-[ ] Salário somado a benefícios 10 - [ ] Imagem da empresa 11 - [ ] Desafios existentes no trabalho 12 - [ ] Relação com o cliente 13 - [ ] Participação das decisões 14 - [ ] Relação com a liderança da equipe 15 - [ ] Ser valorizado e reconhecido pelo trabalho que executa 16 - [ ] Ser ouvido 17 - [ ] Nada 18 - [ ] Outros UNIDADE 6 GP1.pmd 123 123 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Esse tipo de pergunta, fechada múltipla, serve para substituir as perguntas abertas, mas para tanto, a escolha de opções possíveis deve ser tratada com bastante critério. Devem ser feitas as entrevistas prévias para coletar o maior número de respostas possíveis que pertençam ao universo da organização pesquisada. 3ª P A R T E – E X E M P LLOO D E Q U E S T Õ E S A B E R TA S (QUESTÕES E X P LLO O R AATT Ó R I A S P A R A SEREM HOMOGENEIZADAS DURANTE A ANÁLISE) 18 - O que você considera, hoje, como as principais vantagens competitivas de sua empresa frente ao mercado (cite até três vantagens)? 19 - O que você considera, hoje, como os principais fatores de motivação para os funcionários da sua empresa (cite até quatro fatores)? Bom após, você ter conhecido um modelo de pesquisa de clima organizacional, a próxima etapa desta unidade lhe convida a realizar as atividades de auto-avaliação. 124 GP1.pmd 124 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA A TIVID ADES TIVIDADES DE P ESSO AS ESSOAS DE A UT O - A V ALIAÇÃO UTO Após a leitura criteriosa desta unidade, leia com atenção os enunciados e realize as questões que seguem. 1. Formule seu conceito sobre o que é clima organizacional. 2. Analise sua empresa ou a última que você teve vínculo e relacione os principais indicadores em que o clima organizacional se manifesta. 3. Das etapas para a elaboração e aplicação de uma pesquisa de clima organizacional, quais são as mais importantes, na sua percepção? Justifique. UNIDADE 6 GP1.pmd 125 125 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 4. Elabore uma pesquisa de clima, envolvendo duas variáveis organizacionais, com no máximo cinco perguntas. Padronize as alternativas de resposta. 5. Você já participou de uma pesquisa de clima organizacional? Caso afirmativo, relate sua experiência. 126 GP1.pmd 126 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS SÍNTESE Nesta unidade você teve contato com a gestão do clima organizacional, foi caracterizada a sua importância, o que é o clima, a relação entre clima e cultura organizacional, como o clima se manifesta na empresa e as etapas para a elaboração e aplicação de pesquisa de clima organizacional. Observou-se que as empresas precisam investir maciçamente na melhoria do clima organizacional, adotando práticas de gestão abertas e transparentes, que privilegiem as pessoas na busca do comprometimento e do envolvimento com o negócio. Como clima organizacional entende-se o grau de satisfação dos funcionários de uma empresa, num dado momento. No cotidiano das organizações, podem ser localizados vários “sinais” que demonstram níveis de insatisfação dos colaboradores. Estes ´sinais´ fornecem parâmetros para a identificação das causas que mais estão afetando positivamente ou negativamente o clima organizacional. Enfim, esta unidade apresentou um conjunto de etapas e procedimentos para a estruturação de uma pesquisa de clima organizacional, possibilitando ao estudante um nível de detalhamento que o subsidie na elaboração de uma pesquisa. Na próxima unidade você terá acesso ao processo de recrutamento de pessoal, serão discutidos os aspectos voltados ao mercado de trabalho e as principais técnicas de recrutamento. Até lá! S AIBA MAIS Para aprofundar as questões abordadas sobre o tema clima organizacional, a sugestão é que você leia a reportagem especial de Patrícia Bispo: Clima organizacional – uma preocupação da Intelbras (Indústria de Telecomunicações e Eletrônica Brasileira –líder nacional na fabricação de terminais e centrais telefônicas, cujo parque fabril localiza-se na região metropolitana de Florianópolis/ SC). Esta reportagem pode ser localizada no site: http://www.rh.com.br/pdf/93edju/intelbras.pdf UNIDADE 6 GP1.pmd 127 127 7/3/2007, 14:16 GP1.pmd 128 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS A função recr utamento de pessoal Após acompanhar esta unidade você terá subsídios para: ♦ entender as características do mercado de trabalho e a sua relação com os profissionais que estão em busca de um emprego; ♦ compreender o conceito de recrutamento de pessoas e as principais técnicas utilizadas. Seções de estudo A seguir acompanhe as seções que você irá estudar nesta unidade. Ao final de cada etapa de estudos, use os quadros para assinalar as seções já estudadas. Seção 1 – Como é definido o mercado de trabalho? Seção 2 – Como se estabelece o mercado de candidatos? Seção 3 – Qual é o pr ocesso de r ecr utamento de processo pessoal? Unidade 7 Objetivos de aprendizagem Seção 4 – Quais são as técnicas de r ecr utamento de pessoal? 129 GP1.pmd 129 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Par araa início de estudo Como atrair os melhores profissionais do mercado? Muitas empresas estão em busca desta resposta. Como as pessoas constituem o mais impor tante aati titivv o de que dispõem as or g anizações anizações,, de devv em ser r ecr utadas e selecionadas com a maior competência possível. E é er nesta unidade: como r ecr utar os isto que v amos vver melhores profissionais. SEÇÃO 1 – C OMO É DEFINIDO O MERCADO DE TRABALHO ? A expressão “mercado” pode ser definida como espaço de transações, de trocas entre aqueles que oferecem um produto ou serviço e aqueles que procuram um produto ou serviço. O mercado de trabalho, segundo Chiavenato (1999), é composto pelas ofertas de oportunidades de trabalho disponibilizadas pelas diversas organizações. Toda organização que disponibiliza vagas é parte integrante do mercado de trabalho. Toledo e Milione (1983) ainda acrescentam que mercado de trabalho refere-se às oportunidades qualitativas e quantitativas de emprego em determinada região. Apesar do mercado ser dinâmico, a identificação do número de vagas existentes será apurada de forma global, considerando o país, por exemplo, em relação a uma região ou um determinado local. Além deste dimensionamento geográfico, torna-se importante também segmentar por área de atuação (indústria, comércio, etc.) e também por tipo de vaga (cargo, nível de escolaridade, etc.). O mer cado de tr a balho está em of er ta quando o númer mercado ofer númeroo de opor tunidades de empr usca por vvaa g as empree g o é superior à bbusca as,, já está em pr ocur a quando eexiste xiste uma escasse escassezz de opor tunidades de empr usca por vvaa g as é superior empree g os e a bbusca superior.. 130 GP1.pmd 130 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS De acordo com o comportamento do mercado de trabalho, as empresas precisam ajustar suas práticas de Gestão de pessoas. Assim, segundo Chiavenato (1999), quando o mercado de trabalho estiver em oferta, o número de vagas for superior ao número de candidatos a emprego, as empresas deverão: investir em recrutamento para atrair candidatos; utilizar critérios de seleção mais flexíveis e menos rigorosos; investir em treinamento para compensar eventuais deficiências dos candidatos; melhorar os níveis de remuneração para atrair mais candidatos; dar maior ênfase no recrutamento interno. Da mesma forma, quando o mercado de trabalho estiver em demanda, o número de vagas for muito inferior ao número de candidatos, ocorrerá o processo inverso, em relação as práticas de Gestão de pessoas. O mercado de trabalho é dinâmico e sofre influências constantes dos seguintes fatores: as variáveis econômicas, tais como índices de inflação, câmbio, crescimento econômico; a natureza e qualidade dos postos de trabalho; a produtividade e a inserção no mercado internacional; o custo Brasil (legislação trabalhista, impostos, taxas, etc.); a qualificação profissional dos candidatos, dentre outros aspectos. As principais tendências de mudanças no mercado de trabalho estão relacionadas: à significativa redução do nível de emprego industrial; á gradativa sofisticação do emprego; ao conhecimento como o recurso mais importante, exigindo dos profissionais constante aprendizagem; ao processo de globalização cada vez mais intenso; ao acelerado desenvolvimento tecnológico; à adoção de modelos orgânicos e sistêmicos de organizações. UNIDADE 7 GP1.pmd 131 131 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Rifkin (1996), em seu livro O fim dos empregos, afirma que estamos em uma nova fase da história, caracterizada pelo declínio gradual e sistemático do emprego. O número de pessoas subempregadas ou sem trabalho está aumentando à medida que milhões de ingressantes no mercado de trabalho passam a ser vítimas da extraordinária revolução tecnológica. Computadores sofisticados, telecomunicações, robótica e outras tecnologias de ponta estão excluindo profissionais em todos os setores, principalmente na indústria. Neste sentido, afirma o autor, o mundo está se polarizando em duas forças irreconciliáveis: de um lado, a elite da informação, que controla e administra a economia global da alta tecnologia; e de outro, o número crescente de trabalhadores deslocados, com poucas perspectivas e pequena esperança de encontrar bons empregos em um mundo cada vez mais automatizado. SEÇÃO 2 – C OMO SE EST ABELECE O MER CADO DE CANDID ESTABELECE MERCADO CANDIDAATOS ? O mercado de candidatos ou de recursos humanos, segundo esclarece Chiavenato (1999), refere-se ao conjunto de candidatos a emprego, ao contingente de pessoas que estão dispostas a trabalhar ou a buscar um outro emprego. Trata-se de profissionais que buscam ingressar no mercado de trabalho, e também daqueles profissionais que pretendem trocar de emprego. O mercado de candidatos é dinâmico e apresenta grande mobilidade. Pode estar em oferta, quando existe um grande número de candidatos buscando uma vaga e pode estar em procura quando há poucos candidatos em busca das vagas. 132 GP1.pmd 132 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS A integração entre o mercado de trabalho (MT) e o mercado de candidatos (MC) ocorre da seguinte forma: FIGURA 2 - M E R C A D O D E TRAB A L H O X M E R CADO DE CANDID CANDIDAA T O S Observe na representação apresentada que o mercado de candidatos, apresenta um grande número de pretendentes às vagas oportunizadas pelo mercado de trabalho. Desta integração somente parte das vagas do MT foram preenchidas, aproximadamente um terço. Os principais motivos do não preenchimento de todas as vagas podem estar relacionados aos seguintes aspectos: falta de qualificação dos candidatos; cargos ou funções com exigências de níveis de formação ainda não disponibilizados ou com disponibilidade limitada por parte das instituições de ensino; candidatos com perfis inadequados ou insuficientes, face às exigências do mercado de trabalho; A representação apresentada é estática e pode caracterizar um contexto global da relação MT e MC, podendo também representar uma situação regional, local, por área de atuação das empresas ou até mesmo por cargo ou função. No entanto, como o mercado é dinâmico, retrata apenas um momento, uma fotografia de um contexto específico. UNIDADE 7 GP1.pmd 133 133 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA SEÇÃO 3 – QUAL É O PR OCESSO DE RECR UT AMENT O DE PESSO AL? PROCESSO RECRUT UTAMENT AMENTO PESSOAL De modo geral, você pode entender que: O r ecr utamento de pessoal cor r esponde ao pr ocesso pelo qual a processo organização atrai candidatos para as vagas disponibilizadas pela empr esa ((CHIA CHIA VEN CHIAVEN VENAAT O ,1999) ,1999).. Na verdade, o recrutamento funciona como um processo de comunicação: ele comunica e divulga as oportunidades de emprego, ao mesmo tempo em que atrai os candidatos para o processo seletivo. No entanto, se o recrutamento apenas divulgar e comunicar as vagas e não atrair candidatos, ele não cumpre sua finalidade principal. Para Pontes (2001), o recrutamento consiste no processo que visa atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro de uma organização. O recrutamento ocorre a partir de um conjunto de informações que envolve a denominação dos cargos, o número de vagas e o perfil em termos de competências e habilidades. A empresa tenta atrair os candidatos que atendem este perfil para fins de seleção. Quais são os tipos de r ecr utamento? O recrutamento pode acontecer de modo interno ou externo. A seguir acompanhe detalhes sobre cada um. 3.1 O Q UE É RECR UT AMENT O INTERNO ? RECRUT UTAMENT AMENTO Ele consiste no recrutamento de candidatos da própria empresa. Esta modalidade de recrutamento, muito utilizada na atualidade, deve integrar a política de valorização dos colaboradores de uma empresa, pois trata da consolidação do desenvolvimento dos colaboradores por meio de promoções, transferências ou oportunidades de carreira. É através do recrutamento interno que a empresa passa a reconhecer os colaboradores. 134 GP1.pmd 134 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS A prática de recrutamento interno deve estar associada às demais práticas de Gestão de pessoas, principalmente ao processo de capacitação e às estratégias de remuneração, através da estruturação de carreiras e de uma política ampla na empresa de valorização e desenvolvimento das pessoas, que estão em busca do aprimoramento de seus conhecimentos, através dos diversos processos de aprendizagem. Quando as organizações fazem a opção pelo recrutamento interno e o adotam de forma justa, escolhendo os profissionais capazes e com bom desempenho, estarão estimulando os demais para um processo de desenvolvimento e crescimento profissional. As principais vantagens do recrutamento interno, de acordo com Chiavenato (1999) e Pontes (2001) são: valorização dos colaboradores; aproveitamento do potencial humano da organização; motivação e encorajamento do desenvolvimento profissional dos colaboradores da empresa; incentivo à permanência dos colaboradores e à sua fidelidade à organização; facilitação e agilizadade da adaptação e da socialização dos colaboradores selecionados; exigência de um investimento menor que o recrutamento externo, além de ser mais rápido; promoção e estímulo do espírito de autodesenvolvimento. Diante das recentes mudanças na área de Gestão de pessoas, como você estudou nas unidades 3 e 4, a adoção de estratégias que gerem o comprometimento dos colaboradores, passa também pela adoção do r ecr utamento inter no no.. Dificilmente uma organização será reconhecida pelos seus colaboradores como um excelente local de trabalho se não tiver oportunidades de desenvolvimento e crescimento. Quais são as desv anta g ens do r ecr utamento inter no? As principais desvantagens da prática de recrutamento interno são: bloquear a entrada de novas idéias e experiências na empresa; facilitar o conservadorismo e a rotina vigente na empresa; não renovar a cultura organizacional. UNIDADE 7 GP1.pmd 135 135 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA É bom que você reflita que estas desvantagens apresentadas no recrutamento interno podem ser minimizadas ou evitadas através de práticas de capacitação, da participação de visitas técnicas a outras empresas e da participação em congressos e seminários. Independente das práticas adotadas, a empresa deverá realizar o acompanhamento permanente dos resultados do recrutamento interno, avaliando se os profissionais promovidos estão desempenhando as novas funções conforme as necessidades e expectativas da empresa. O processo de recrutamento interno deve ser transparente, com a adoção de critérios técnicos para evitar e minimizar a insatisfação dos colaboradores que não foram selecionados. Caso a empresa selecione um colaborador que não atenda o perfil do cargo ou que os colegas de trabalho não reconheçam como um talento que deveria ser aproveitado, focos de insatisfação e desmotivação poderão ocorrer. Portanto, o processo de transparência e comunicação é a chave para o sucesso do recrutamento interno. 3.2 O Q UE É O RECR UT AMENT O EXTERNO ? RECRUT UTAMENT AMENTO Recrutamento externo consiste na busca de profissionais no mercado de trabalho, portanto, fora da organização. Com a prática do recrutamento interno, adotado pela maioria das médias e grandes organizações, o externo recai sobre cargos e funções iniciais da estrutura de carreira das empresas para funções gerenciais estratégicas, ou para as situações em que, através do mapeamento de potenciais, não se identificou profissionais na empresa com as competências e habilidades necessárias. Quais são as v anta g ens do r ecr utamento eexter xter no? Como vantagens do recrutamento externo, Chiavenato (1999) sinaliza os seguintes aspectos: introduz na organização novas competências, habilidades e experiências, aumentando o capital intelectual; facilita a renovação da cultura organizacional. 136 GP1.pmd 136 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Em relação às desvantagens, as principais são as seguintes: afeta de forma negativa a motivação dos atuais colaboradores; reduz a fidelidade e o nível de comprometimento para com a empresa; exige um processo de adaptação e socialização; resulta em custos mais significativos, além de demandar mais tempo e insegurança que o recrutamento interno. Agora que você estudou as vantagens e as desvantagens do recrutamento interno e externo, conheça as principais técnicas de recrutamento. SEÇÃO 4 – QUAIS SÃO AS TÉCNICAS DE AL ? RECR UT AMENT O DE PESSO PESSOAL RECRUT UTAMENT AMENTO Considerado que o processo de recrutamento tem como premissa principal comunicar ao mercado de trabalho as vagas disponíveis, várias técnicas podem ser utilizadas pelas empresas. A seguir acompanhe quais são as técnicas mais utilizadas no cotidiano organizacional, utilizando-se como referência Chiavenato (1999) e Gil (2001). Anúncios em jornais e revistas especializadas – anúncios em jornais costumam ser uma boa opção para o recrutamento, principalmente para cargos técnicos, operacionais e administrativos. No nível gerencial, quanto mais importante o cargo, recomenda-se a publicação em revistas especializadas ou a utilização de outras técnicas. Na elaboração de um anúncio deve-se analisar previamente como o candidato irá reagir com sua publicação. As principais características que um anúncio deve possuir são: 1) chamar a atenção; 2) despertar o interesse no cargo e no perfil especificado; 3) provocar uma ação ou providência do candidato para se inscrever ou enviar seu currículo. Um anúncio pode ser fechado ou aaber ber to to.. O anúncio fechado não especifica o nome da empresa, somente sua área de atuação e seu porte. Já o anúncio aberto identifica a empresa de forma precisa. UNIDADE 7 GP1.pmd 137 137 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Agências de recrutamento – envolvem instituições privadas, públicas e sem fins lucrativos. Como entidade governamental o SINE (Sistema Nacional de Emprego) tem atuado na divulgação de vagas para pessoas físicas ou pessoas jurídicas, mais voltadas para cargos operacionais e administrativos. As agências privadas prestam serviços tanto para pessoas físicas, que estão em busca de novas oportunidades, assim como para as empresas, procedendo normalmente o recrutamento e parte do processo de seleção (governamentais, não lucrativas, privadas). É recomendável a contratação de agências nas seguintes situações: 1) quando a empresa não possui uma estrutura para o processo de recrutamento; 2) há necessidade de um grande número de profissionais ou a abertura das vagas demandará uma procura significativa; 3) o recrutamento visa atrair candidatos já empregados; 4) quando o preenchimento do cargo é confidencial. Contatos com escolas, universidades – normalmente as instituições que formam os melhores profissionais do mercado são procuradas pela empresa para a abertura de vagas de estágio e posteriormente para a contratação dos egressos. As empresas promovem palestras e estimulam visitas, com o objetivo de atrair os candidatos em potencial. Cartazes ou anúncios em locais visíveis – é uma técnica de recrutamento de baixo custo e normalmente eficaz. Muito utilizada pelas construtoras na divulgação de vagas para cargos operacionais. Os cartazes ou anúncios são fixados no próprio local de trabalho. Indicação de candidatos por funcionários – é uma técnica de recrutamento de baixo custo, alto rendimento e efeito relativamente rápido. O importante é a empresa adotar uma diretriz clara quanto a esta prática, pois apresenta aspectos positivos, mas também negativos. Como um dos aspectos positivos pode-se destacar a valorização dos funcionários, pois podem se sentir “importantes”, a medida que a empresa lhes dá esta oportunidade. Aspectos negativos podem surgir quando estas indicações recaem sobre familiares dos funcionários, sem a adoção de critérios 138 GP1.pmd 138 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS referentes ao local de trabalho (setor), subordinação, etc. A indicação terá que gerar responsabilidade e compromisso do indicado e do indicador. Também a empresa, pela simples indicação, não pode abdicar da aplicação de todas as técnicas de seleção adequadas para cada cargo. Consulta aos arquivos de candidatos da empresa – as empresas que adotam a prática de recebimento contínuo de currículos podem estruturar um banco de dados contendo as informações mais importantes dos candidatos. Recomenda-se a manutenção das informações por um período específico, de acordo com os cargos e funções. A sistematização das informações em meio magnético, facilita a busca de informações e o gerenciamento do cadastro de currículos. Recomenda-se inclusive que as empresas estruturem o cadastramento de currículos através do site da própria empresa, em formato e estrutura que facilite a extração e o gerenciamento do cadastro. Isto possibilitará a redução de custos, a medida em que for vetado o recebimento em papel. Headhunters – também chamados de “caçadores de cabeças”, prestam serviços de alto nível e atuam, principalmente, no recrutamento de executivos. São empresas de consultorias ou mesmo agências. Esse tipo de trabalho é contratado pelas organizações que buscam profissionais escassos no mercado de trabalho quando os prováveis candidatos já trabalham para empresas concorrentes, ficando difícil a abordagem direta ou quando a empresa fica situada em local diferente do local onde trabalham os possíveis candidatos. Consultoria de outplacement/replacement – também denominadas de agências de emprego, atuam na recolocação de profissionais no mercado. Como uma das preocupações recentes das empresas, dentro da filosofia de responsabilidade social, é evitar demissões que causem impacto negativo junto ao mercado, a contratação de consultorias de outplacement/replacement tem sido utilizada com freqüência pelas grandes empresas, principalmente para cargos gerenciais. O papel da consultoria ou agência é buscar a recolocação do profissional que está sendo demitido no mercado de trabalho, cujo ônus é de responsabilidade da empresa que está dispensando. Também pessoas físicas utilizam destes serviços, inclusive para testarem sua empregabilidade. UNIDADE 7 GP1.pmd 139 139 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Internet – há um número crescente de endereços eletrônicos que recebem currículos de candidatos a empregos. Nos bancos desses sites é possível encontrar virtualmente candidatos dos mais variados perfis, no entanto a eficácia deste sistema ainda é um pouco precário. Por melhor que seja a estruturação do site e base de dados utilizada, a internet auxilia e contribui na geração de informações, mas o processo de seleção, recomenda-se, deve ser feito por profissional habilitado dadas as variáveis subjetivas inerentes ao processo tais como a verificação de aspectos comportamentais (liderança, comunicação, iniciativa, etc.). Lembre-se, esta apresentação das técnicas não esg ota todas as possibilidades de r ecr utamento esgota utamento,, a penas tr az em as mais utilizadas utilizadas.. Outro aspecto relevante para o processo de recrutamento é a escolha adequada da técnica. Esta escolha deve estar condicionada às características do cargo, perfil e local do recrutamento. A utilização de uma técnica inadequada demandará somente custos, sem a atração dos candidatos com maior potencial. Cada situação – perfil e especificação do cargo, porte da empresa, localização, variáveis econômicas e sociais – exigirá a escolha da técnica mais adequada. O fluxo do processo de recrutamento poderá seguir as etapas a seguir: emissão da requisição de pessoal com o respectivo perfil, por uma área da empresa; aprovação do chefe imediato e diretoria; análise da área de Gestão de pessoas; definição da modalidade de recrutamento (interno x externo); escolha e aplicação da técnica mais adequada. Cada empresa, de acordo com sua estrutura, deverá definir o fluxo mais adequado para o processo de recrutamento de pessoal, devendo priorizar a agilidade e a descentralização do processo, além de uma análise precisa da real necessidade de novos profissionais e de uma definição clara e precisa do perfil. Uma vez que você já tomou conhecimento dos aspectos principais do recrutamento de pessoal, a próxima etapa, da atividade de auto-avaliação, solicita que você pratique estes novos conhecimentos. 140 GP1.pmd 140 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA A TIVID ADES TIVIDADES DE P ESSO AS ESSOAS DE A UT O - A V ALIAÇÃO UTO Após a leitura criteriosa desta unidade, leia com atenção os enunciados e realize as questões que seguem. 1. Escreva com suas próprias palavras o seu conceito de recrutamento de pessoal. 2. Identifique, na sua percepção, as vantagens do recrutamento interno. 3. Pesquise junto à área de Gestão de pessoas, quais as técnicas de recrutamento mais utilizadas por sua empresa. UNIDADE 7 GP1.pmd 141 141 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 4. Na sua empresa, quem procede a definição do perfil do cargo de um profissional a ser recrutado? 5. Descreva o fluxo do processo de recrutamento utilizado por sua empresa. 142 GP1.pmd 142 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS SÍNTESE Nesta unidade você teve contato com o processo de recrutamento de pessoal, foram discutidos aspectos voltados ao mercado de trabalho, mercado de candidatos a emprego, o significado de recrutamento de pessoal e, finalmente, as técnicas de recrutamento de pessoal. Você observou que o mercado de trabalho é formado pelo conjunto de vagas disponibilizadas pelas empresas num contexto local ou regional e o mercado de candidatos representa o conjunto de profissionais que estão em busca de uma vaga ou estão querendo trocar o emprego atual. Já o processo de recrutamento representa as estratégias que uma empresa adota para divulgar ao mercado as vagas disponíveis, especificando os cargos com o perfil correspondente. Para viabilizar o processo de recrutamento as empresas lançam mão de técnicas que permitem atingir o público específico, sendo que o uso de cada técnica está condicionado ao tipo de cargo, atribuições, perfil. Enfim, a finalidade do recrutamento é atrair o maior número possível de candidatos para alimentar o processo de seleção de pessoal. Na próxima unidade você terá acesso ao processo de seleção de pessoal, serão discutidos aspectos voltados ao significado do termo seleção, às técnicas de seleção e aos programas de adaptação e ambientação do profissional contratado da empresa. Até lá! S AIBA MAIS Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade a sugestão é que você: leia o capítulo 5 do livro de Antôonio Carlos Gil. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2001. acesse os sites: pesquise o assunto “recrutamento de pessoal” no site http://www.rh.com.br – Leia no mínimo três artigos sobre o tema; visite o site do SINE (Sistema Nacional de Emprego) http://www.sine.mg.gov.br. UNIDADE 7 GP1.pmd 143 143 7/3/2007, 14:16 GP1.pmd 144 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS A função seleção de pessoal Ao final desta unidade você terá subsídios para: ♦ ♦ entender o processo de seleção de pessoal; compreender as principais técnicas de seleção de pessoal. Seções de estudo A seguir acompanhe as seções que você irá estudar nesta unidade. Ao final de cada etapa de estudos, use os quadros para assinalar as seções já estudadas. Seção 1 – O que é seleção de pessoal? Seção 2 – As técnicas de seleção de pessoal. Seção 3 – O processo de ambientação e inte g r ação do pessoal contr a tado tado.. Unidade 8 Objetivos de aprendizagem 145 GP1.pmd 145 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Par araa início de estudo Como selecionar os melhores profissionais do mercado? Saiba que assim como você, muitas empresas também já se detiveram diante desta pergunta. Principalmente em uma época que muito se fala em capital humano, as empresas querem buscar os melhores talentos, e para tal, adotam estratégias que garantem a maior asser titividade vidade no pr ocesso de seleção seleção.. Na unidade anterior, você já estudou o recrutamento de pessoal, que é o ponto inicial de um processo de seleção. É natural que as pessoas vêem o recrutamento e a seleção como sendo uma função única, não discriminam as variáveis que envolvem cada uma das etapas nestes tipos de atividades. Nesta unidade você terá oportunidade de entender as diferenças e conhecer as peculiaridade das etapas e variáveis que envolvem a função de seleção de pessoal. SEÇÃO 1 – O QUE É SELEÇÃO DE PESSOAL? Pessoas são essenciais para qualquer proposta ou missão organizacional. A empresa contemporânea para atender o mercado depende de pessoal qualificado, envolvido e comprometido com suas metas e propostas. Para Chiavenato (1999), a seleção é o processo de escolher o melhor candidato para o cargo. Trata-se de um processo pelo qual uma organização escolhe, de uma lista de candidatos, a pessoa que melhor atende o perfil do cargo ou função definido pela empresa. 146 GP1.pmd 146 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Orlickas (2001) conceitua seleção como um conjunto de ações técnicas que objetivam suprir as necessidades de profissionais de uma organização. Para a autora, a seleção é parte de um sistema mais amplo da área de Gestão de pessoas, sempre com foco na atração dos melhores profissionais do mercado. O pr ocesso de seleção tem por objeti v o escolher escolher,, sob metodologia específica, candidatos a emprego que se ha bilitar am no pr ocesso de r ecr utamento utamento,, par a o a tendimentos das necessidades inter nas da empr esa. A prática de seleção, segundo Chiavenato (1999), é um processo de comparação entre duas variáveis: de um lado os requisitos do cargo a ser preenchido; e de outro lado, o perfil das características dos candidatos que se apresentam para disputá-lo, através do recrutamento. Veja na tabela como se estabelece este processo de comparação. Assim, a partir da comparação, a seleção deverá recair sobre o candidato cujo perfil for o mais compatível com o perfil do cargo especificado pela empresa. A vidade refere-se à A asser titividade finalidade do processo de seleção está em atingir a compatibilidade entre o perfil do maior assertividade possível, com a utilização das candidato e o perfil do cargo. técnicas de seleção mais adequadas para cada O ideal é 100% de assertividade, situação. ou seja, o candidato atender plenamente o perfil do cargo. UNIDADE 8 GP1.pmd 147 147 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA SEÇÃO 2 – A S TÉCNICAS DE SELEÇÃO DE PESSOAL De modo geral, o recrutamento possibilita à organização dispor de um número de candidatos superior à quantidade de cargos a serem preenchidos. Daí a possibilidade de selecionar, entre os vários candidatos recrutados, os mais adequados a esses cargos, com vistas a manter e aumentar a eficácia da organização. Para tanto, será preciso utilizar procedimentos capazes de comparar os diferentes candidatos, com o objetivo de selecionar os potencialmente mais capazes. Existem várias técnicas para identificar as características pessoais de cada candidato, visando selecionar o mais apto. Um método de seleção pode ser válido quando é capaz de medir as car acterísticas que r ealmente são impor tantes par a o desempenho das aatrib trib uições do car tribuições cargg o que irá ocupar ocupar.. Acompanhe a seguir, segundo Chiavenato (1999), Marras (2001) e Gil (2001), as principais técnicas de seleção. Análise de currículo – o currículo é a primeira ferramenta que põe o candidato em contato com o selecionador. É um instrumento útil para a obtenção de informações do candidato, porém, na maioria dos casos, é insuficiente para proporcionar uma visão real do candidato. Por isso, convém combinar a análise curricular com outras técnicas, como a entrevista, por exemplo. É recomendável que na análise de currículo se procure identificar sinais de: competência profissional, desejo de permanência no emprego e de seguir carreira, experiência prática; adequação ao cargo, vontade de trabalhar e de aceitar novos desafios, etc. Os currículos devem ser lidos cuidadosamente, de forma gradativa, para a assimilação de todos as informações. Carta de apresentação – é a correspondência enviada pelo candidato, juntamente com seu curriculum vitae, por iniciativa própria, ou atendendo a uma solicitação explícita do recrutamento. Através da carta, o candidato formalizará seu interesse e apresentará suas qualificações mais relevantes. Expectativas quanto ao trabalho a ser realizado, carreira e pacote de remuneração podem ser incluídas no conteúdo da carta. 148 GP1.pmd 148 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Entrevista de seleção – é reconhecida hoje, como um dos mais úteis instrumentos de seleção de pessoal. Possibilita o contato direto com o candidato, bem como a identificação de sua capacitação para exercer o cargo que se deseja preencher. Face a sua flexibilidade, a entrevista pode ser considerada o instrumento mais adequado para obter dados em profundidade. Na condução de uma entrevista podem ser observados os seguintes procedimentos: pré-seleção dos candidatos (um número muito grande de candidatos dificulta sua comparação), elaboração do roteiro, definição do local, preparação do material, quebra-de-gelo, formulação de perguntas, controle da entrevista, etc. Vantagens: permite contato face a face com o candidato; proporciona a interação direta com o candidato, permite avaliar como ele se comporta e observar suas reações. Desvantagens: técnica altamente subjetiva e com grande margem de erro e variação, nem sempre o candidato se sai bem na entrevista, tornando difícil comparar vários candidatos entre si. Exige treinamento e grande habilidade do entrevistador. Palestra informativa – apresentação dirigida pelo representante da empresa (ou selecionador) que deve conter informações sobre as características da empresa, dos cargos, condições de trabalho, política de carreira e remuneração. É o momento em que o candidato pode esclarecer dúvidas e decidir pela sua participação no processo seletivo. É muito utilizada para um grande volume de contratações, principalmente na seleção de estagiários, mas igualmente na área de vendas, nas situações em que o número de vagas é superior ao número de candidatos interessados. Provas de conhecimentos ou de capacidade – são instrumentos para avaliar o nível de conhecimentos gerais e específicos dos candidatos exigidos pelo cargo a ser preenchido. Podem ser orais ou escritas. Normalmente é utilizado na área pública, através dos concursos públicos. A primeira etapa do concurso é a realização de uma prova de conhecimentos. As provas orais são freqüentes nos concursos públicos para a magistratura e promotoria pública. UNIDADE 8 GP1.pmd 149 149 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA A PLICAÇÃO DE TESTES Teste prático – é utilizado, em geral, para avaliar um determinado conhecimento ou prática de trabalho. Adequado para atividades técnicas e operacionais, tais como, digitação, atendimento, motoristas, etc. Teste de simulação – tem a propriedade de avaliar candidatos em determinadas situações práticas do dia-a-dia. Atualmente são utilizados diversos programas em computador para colocar o candidato frente a situações problemáticas para avaliar sua rapidez e eficácia na tomada de decisão. Testes psicológicos (aptidão, personalidade, etc.) – é o instrumento que permite ao psicólogo prospectar, mensurar e avaliar características específicas do indivíduo. Os testes de aptidão buscam avaliar características naturais dos candidatos e traços que identifiquem tendências claras de capacidade para a realização de determinadas tarefas. Os testes de personalidade são utilizados para conhecer o sistema endógeno dos indivíduos, formado por características únicas que determinam o perfil comportamental de cada um. Dinâmica de grupo – os candidatos são reunidos numa sala onde, sob a coordenação de um profissional especializado e na presença de assistentes, são submetidos a um exercício ou teste situacional que permite avaliar as ações e reações de cada um com relação a um perfil esperado. O principal objetivo da dinâmica de grupo é consolidar hipóteses sobre características de personalidade, já levantadas em outras etapas do processo seletivo, especialmente aquelas relativas às formas de interação com grupos. Pode-se com clareza identificar vários traços, tais como formas e graus de inibição ou retraimento, manifestação de espontaneidade ou extroversão, capacidade de ouvir e de verbalizar, nível de argumentação, momentos de irritabilidade ou agressividade, aplicação de racionalidade e emotividade na argumentação, flexibilidade em situações de grupo, nível intelectual geral e aspectos específicos dos diversos tipos de inteligência, entre outros. 150 GP1.pmd 150 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Numerologia – sua adoção no ambiente organizacional é mais recente. Possibilita identificar e validar uma série de aspectos pessoais do candidato e também sua capacidade de adaptação ao novo ambiente de trabalho, às principais características de seu chefe imediato, bem como da equipe que irá integrar. Não pode ser utilizada de forma isolada, mas integrado com outras técnicas de seleção. Jogos de empresa – no Brasil esta prática começou a ser usada com grandes resultados a partir de 1980. Passou a ser utilizada também em outras áreas de atuação, uma vez que permitia a simulação de situações típicas de uma empresa. Esses exercícios são conhecidos como jogos de empresa. Nas organizações atuais vários tipos de jogos são usados como forma de garantir eficácia em processos de seleção. Teste grafológico – análise da escrita (grafia) individual, através da qual pode-se concluir sobre dezenas de traços da personalidade. Para isso os grafólogos solicitam ao candidato para escrever o que desejarem, numa folha em branco, sem linhas, nem parágrafos, numa redação de 20 ou mais linhas, assinando no final. Interpretam-se diversas variáveis como tamanho da letra, inclinação, direção, altura, pressão, velocidade, etc. O conteúdo da redação não é levado em conta. Obser v e que não eexiste xiste um r oteir o par a a empr esa se guir na a plicação das técnicas de seleção seleção.. Algumas técnicas são mais adequadas para alguns cargos, outras de forma específica para outros, devendo a empresa optar pelas técnicas, observando os cargos objeto da seleção (perfil), o número de candidatos, o rigor pretendido com o processo, dentre outras variáveis. As técnicas mais utilizadas são análise de currículo e entrevista, que dependendo da situação já permitem realizar a seleção. A análise de currículo não deve ser utilizada para cargos operacionais ou administrativos, que exigem baixo nível de escolaridade. Quando o processo de recrutamento e seleção é realizado pela própria empresa, fica difícil dimensionar custo, quanto é realizado por agência, cada empresa possui um padrão e depende das etapas que são realizadas. UNIDADE 8 GP1.pmd 151 151 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Em relação à análise de currículo observa-se, por parte da maioria dos candidatos, a apresentação de currículos padronizados, independente da empresa. Recomenda-se que o candidato, inicialmente, investigue a empresa, identifique suas principais características e personalize o currículo para as necessidades daquela empresa, destacando em que poderá contribuir e agregar valor à empresa, dadas suas competências, habilidades e experiências. De forma geral, os processos de seleção empreendidos por um número significativo de empresas precisam ser aperfeiçoados. Os principais aspectos que deixam a desejar são: maior humanização do processo de seleção, principalmente na aplicação da técnica da entrevista, pois nem sempre os candidatos são respeitados como profissionais; maior ênfase nos aspectos comportamentais em detrimento dos aspectos técnicos que as empresas podem treinar de forma rápida; envolvimento dos possíveis colegas de trabalho do candidato nas etapas de seleção, principalmente a entrevista, possibilitando um processo de integração e adaptação mais rápido, além de assegurar a escolha de candidatos com maior afinidade com o grupo; maior respeito e consideração com os candidatos, por intermédio de feedback, a cada etapa do processo. SEÇÃO 3 – O PR OCESSO DE AMBIENT AÇÃO E PROCESSO AMBIENTAÇÃO AL CONTRA INTEGRAÇÃO DO PESSO PESSOAL CONTRATTADO O recrutamento e a seleção de pessoal não podem ser considerados uma prática isolada. Eles devem ser considerados como parte das atividades globais da Gestão de pessoas. Todo o esforço do recrutamento e da seleção é o de encontrar pessoas adequadas para que a organização possa cumprir seus objetivos e estratégias de forma eficaz. Deste modo, o processo de recrutamento e seleção não termina com a contratação dos candidatos selecionados. É necessário um processo de adaptação e integração de cada indivíduo à empresa e ao cargo. 152 GP1.pmd 152 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS A adaptação e integração de um indivíduo recém-chegado a organização é um processo social complexo (PONTES, 2001), pois este profissional no decorrer de sua vida já adquiriu: personalidade própria, composta de um conjunto de valores a respeito do certo e do errado, um conjunto de características pessoais; experiência profissional em outras empresas, ou expectativas face ao conhecimento de práticas adotadas em empresas do mercado; expectativas, sonhos e desejos que espera satisfazer a medida em que ingressar na empresa. Assim, é complexo o processo de adaptação e nem sempre os profissionais se dão conta disso. Um novo colaborador geralmente aceita os padrões de conduta de seus colegas de trabalho, pois é com eles que ele passa a maior parte do tempo e também porque quer ser aceito pelo grupo. O processo de integração normalmente é composto por duas partes: a ambientação e a integração de fato. Como é composto o pr o g r ama de ambientação? A ambientação dos novos colaboradores é um programa menor, geralmente de algumas horas, conduzido pela área de Gestão de pessoas. Este programa de ambientação deve apresentar ao novo colaborador os aspectos importantes da organização, entre outros (PONTES, 2001): histórico da empresa; missão, visão e principais objetivos estratégicos da empresa; produtos e serviços que a empresa comercializa; processo de produção; princípios e valores que fundamentam a cultura da empresa; principais políticas e procedimentos administrativos, inclusive normas de conduta; comportamento e performance esperada do colaborador; sistema de remuneração, benefícios, perspectivas de carreira e política salarial. UNIDADE 8 GP1.pmd 153 153 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA O processo de ambientação tem início ou é concluído com uma visita as instalações da empresa, com a devida apresentação do candidato recémcontratado aos atuais colaboradores e a área gerencial. Como é composto o pr o g r ama de inte g r ação? Já o programa de integração é bem mais amplo e extenso que o programa de ambientação. Normalmente este programa é conduzido pela área de Gestão de pessoas em conjunto com a chefia imediata do novo colaborador. O programa deve conter estratégias para facilitar a integração do novo colaborador com a equipe, o entendimento e a assimilação da cultura da empresa, o conhecimento mais detalhado das normas e procedimentos, a integração com as demais áreas e profissionais da empresa que irá interagir. Trata-se de um trabalho, muito mais de orientação e acompanhamento do novo colaborador, cujos objetivos também estão voltados à diminuição da ansiedade e preocupações naturais quando alguém é admitido em um novo emprego. Dur ante todo o pr ocesso de ambientação e inte g r ação processo integ ação,, o feedback da chefia e da área de Gestão de pessoas é fundamental, além de subsidiar eventuais melhorias no pr ocesso de r ecr utamento e seleção processo seleção.. No entanto, observa-se que em algumas empresas este processo não é realizado, ou é feito somente de forma isolada, algumas áreas resolvem fazer, enquanto as demais não têm essa preocupação. Tal situação demonstra a necessidade de atuação da área de Gestão de pessoas e da empresa de se preocupar com seus profissionais. A pergunta que fica, para cada realidade organizacional, é como superar esta ausência, esta necessidade? Para praticar os novos conhecimentos adquiridos nesta unidade, a seqüência lhe convida a realizar as atividades de auto-avaliação. 154 GP1.pmd 154 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA A TIVID ADES TIVIDADES DE P ESSO AS ESSOAS DE A UT O - A V ALIAÇÃO UTO Após a leitura criteriosa desta unidade, leia com atenção os enunciados e realize as questões que seguem. 1. Descreva o que você entendeu por seleção de pessoal. 2. Na sua percepção, qual a técnica de seleção é mais fácil de ser aplicada, e qual requer maior nível de conhecimento e de prática? Justifique. 3. Você já participou de algum processo de entrevista para fins de seleção? Caso afirmativo, descreva como foi e como você se sentiu no processo. UNIDADE 8 GP1.pmd 155 155 7/3/2007, 14:16 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 4. Identifique quais são as principais vantagens da técnica de entrevista. 5. Na empresa onde trabalha, ou que já trabalhou, como ocorre o processo de adaptação e integração de novos colaboradores? 156 GP1.pmd 156 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS SÍNTESE Nesta unidade você teve contato com o processo de seleção de pessoal, foram estudados aspectos voltados ao significado do termo seleção de pessoal, às técnicas de seleção de pessoal e aos programas de ambientação e integração do pessoal contratado. Você pôde conferir que a seleção de pessoal corresponde à identificação do melhor candidato, frente ao cargo e seu perfil. Assim, trata-se de um processo de comparação de cada candidato com o cargo objeto da escolha. Para viabilizar o processo de seleção as empresas lançam mão de técnicas que permitem proceder a escolha do melhor candidato face ao tipo de cargo, atribuições e perfil. Não existe uma receita que especifique qual técnica deve ser utilizada para cada cargo. Esta decisão compete à empresa e ao selecionar. Enfim, o processo o recrutamento não se esgota com a seleção do candidato, mas com os programas de adaptação e integração dos novos colaboradores à empresa e ao ambiente de trabalho. Assim, por aqui, você finaliza os conteúdos programáticos previstos para a disciplina Gestão estratégica de pessoas - parte I. S AIBA MAIS Para aprofundar os conteúdos estudados nesta unidade siga algumas das sugestões a seguir. Leia o livro: ORLICKAS, Elizenda. Seleção como estratégia competitiva. São Paulo: Futura, 2001. ISBN: 8574130915 Pesquisar na internet sites de busca (www.google.com.br) e procure a expressão: “seleção de pessoal”. sites de empresas de recrutamento e seleção: http://www.catho.com.br; http://www.mananger.com.br, etc. Leia a reportagem: revista Você S.A., mês 4/2003, reportagem de capa: “A indústria da recolocação”. UNIDADE 8 GP1.pmd 157 157 7/3/2007, 14:16 GP1.pmd 158 7/3/2007, 14:16 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Remuner ação estr atégica Ao final desta unidade você terá subsídios para: ♦ ♦ compreender o conceito de remuneração estratégica e seus componentes; entender os objetivos da Administração salarial e as variáveis que envolvem o tipo e o significado de salário. Seções de estudo A seguir estão descritas as seções propostas nesta unidade. Ao final de cada dia de estudo, para facilitar sua organização, assinale o quadro correspondente. Seção 1 – O que é remuneração? Seção 2 – PPar ar ação salarial? araa que ser v e a Administr Administração Seção 3 – Quais são os tipos de salário? Unidade 9 Objetivos de aprendizagem Seção 4 – Quais são as variáveis que afetam a composição dos salários? Seção 5 – Como implantar a remuneração estratégica? 159 GP2.pmd 159 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Par araa início de estudo Você está iniciando a Unidade 9 da disciplina de Gestão estr a tégica de pessoas pessoas.. Sig a com disposição disposição.. Esta unidade introduz conhecimentos que serão úteis para você ter uma melhor compreensão sobre os temas abordados nesta disciplina e, em Gestão Estratégica das Organizações. Como tudo que se quer dar a compreender com maior profundidade, também esta disciplina começa propondo que você estude a compreensão do conceito de remuneração e seus componentes. SEÇÃO 1 – O QUE É REMUNERAÇÃO? Dessler (1997) define que: Remuneração é o processo que envolve todas as formas de pagamento ou de recompensas atribuídas aos funcionários decorrentes do seu emprego. Já Ivancevich citado por Chiavenato (1999) conceitua remuneração como sendo a prática de Gestão de pessoas que lida com as recompensas que as pessoas recebem em troca do desempenho de suas atribuições no contexto organizacional. Para Milkovich (2000) a remuneração inclui retornos financeiros e serviços tangíveis, além de benefícios aos funcionários como parte das relações de trabalho. Dutra (2002) comenta que a remuneração é a contrapartida econômica e/ou financeira de um trabalho realizado pela pessoa. Assim, a remuneração envolve todas as formas de recompensas utilizadas pela empresa para retribuir aos serviços prestados, seja em pecúnia ou não. 160 GP2.pmd 160 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Segundo Chiavenato (1999) um dos componentes da remuneração total é a remuneração básica, que é o pagamento fixo que o colaborador recebe de forma regular como salário mensal ou salário por hora. O segundo componente da remuneração total são os incentivos salariais, que são programas desenhados para recompensar funcionários com bom desempenho na modalidade de remuneração variável. Os incentivos podem ser concedidos de diversas formas, tais como bônus e participação nos resultados. O terceiro componente da remuneração total são os benefícios, também denominados de remuneração indireta. Que são concedidos através de vários programas tais como seguro de vida, auxilio educação e transporte especial. Oportuno destacar que estas variáveis que compõem a remuneração serão apresentadas nas três unidades a seguir, respectivamente. S EÇÃO 2 – P ARA QUE SERVE A A DMINISTRAÇÃO SALARIAL ? Administração salarial é um conjunto de normas e procedimentos utilizados para estabelecer ou manter uma estrutura de salários eqüitativa e justa na organização (CARVALHO, 1997). Uma estrutura salarial é um conjunto de faixas salariais relacionadas com os diferentes cargos existentes na organização. Para manter estruturas salariais eqüitativas e justas torna-se necessário estabelecer duas formas de equilíbrio, a saber: equilíbrio interno e externo. O equilíbrio interno é alcançado por meio de informações obtidas através da avaliação e classificação de cargos (este assunto será estudado na Unidade 2), que geralmente são baseadas em um programa prévio de descrição e análise de cargos. O equilíbrio externo é alcançado por meio de informações externas obtidas através de pesquisas salariais. Como objetivos, a Administração salarial se propõe a: a) contribuir para o alcance dos objetivos e estratégias organizacionais; b) motivar e obter o comprometimento dos colaboradores; c) aumentar a produtividade; d) controlar os custos; e) tratar com justiça aos colaboradores; f) cumprir a legislação. UNIDADE 9 GP2.pmd 161 161 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Com a discussão da importância da Administração salarial em uma organização, na próxima seção aprenda a analisar os tipos de salário existentes na literatura, que fundamentam a prática das organizações. SEÇÃO 3 – QUAIS SÃO OS TIPOS DE SALÁRIO? Segundo Marras (2003), existem diversas maneiras de se definir o termo salário, dependendo de sua forma de aplicação ou como ele se apresenta para o funcionário ou para o empregador. Algumas das principais definições sobre o termo salário são: Tipo de salário Definição 1. Salário nominal. É aquele que consta na ficha de registro, na carteira profissional e em todos os documentos legais. Pode ser expresso em hora, dia, semana ou mês. 2. Salário efetivo. É o valor efetivamente recebido pelo empregado já descontando as obrigações legais (INSS, IR, etc.). 3. Salário complessivo. É o que é inserido no seu bojo toda e qualquer parcela adicional (hora extra, etc) “ Configura-se o chamado salário complessivo quando nem mesmo o empregador, embora possuindo o recibo de pagamento, consegue demonstrar e comprovar o que foi pago ao seu empregado, de forma clara, nítida e discriminada...” (Ac. TRT da 2.ª R. 1ª T RO 02900245246). 4. Salário profissional. É aquele cujo valor está expresso na lei e se destina especificamente à algumas profissões (por exemplo: médico, engenheiro, etc.). 5. Salário relativo. É a figura de comparação entre um salário e outro na mesma empresa. 6. Salário absoluto. É o montante que o empregado recebe, líquido de todos os descontos, e que determina o seu orçamento. Para Carvalho (1997) o salário representa a principal forma de recompensa organizacional. O salário nominal representa o volume de dinheiro fixado em contrato individual pago pelo cargo ocupado. Numa economia com inflação, quando o salário nominal não é reajustado periodicamente, sofre redução e, conseqüentemente, perda de poder aquisitivo por parte do empregado. 162 GP2.pmd 162 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS O salário real representa a quantidade de bens que o funcionário pode adquirir com o volume de dinheiro que recebe mensalmente ou semanalmente e corresponde ao poder aquisitivo. A mera reposição do valor real não significa aumento salarial, o salário real equivalente ao período anterior. Daí a distinção entre reajustamento do salário (recomposição do salário real) e aumento real do salário (acréscimo ao salário real). Assim, o salário nominal é alterado para proporcionar o salário real. SEÇÃO 4 – Q UAIS SÃO AS VARIÁVEIS Q UE AFET AM AFETAM A COMPOSIÇÃO DOS SALÁRIOS ? Para Carvalho (1997), a composição do salário depende de vários fatores internos (organizacionais) e externos (ambientais). Aparecem como fatores internos (organizacionais): tipologia dos cargos nas organizações; política de Gestão de pessoas da organização; política salarial da organização; desempenho e capacidade financeira da organização; competitividade da organização. E como fatores externos (ambientais): situação do mercado de trabalho; legislação trabalhista; concorrência no mercado; conjuntura econômica. Conforme apresentado nesta seção, muitas são as variáveis que afetam o cotidiano das empresas na fixação e manutenção de suas práticas salariais, variáveis estas que são cada vez mais freqüentes neste mundo globalizado. A seguir, você terá acesso a um conceito muito presente nos dias de hoje, ou seja, o de remuneração estratégica. UNIDADE 9 GP2.pmd 163 163 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA S EÇÃO 5 – C OMO IMPLANT AR A REMUNERAÇÃO ESTRA TÉGICA ? IMPLANTAR ESTRATÉGICA Pode-se afirmar que a remuneração estratégica é um conjunto de diferentes formas para remunerar os funcionários. Estas diferentes formas, devem dar sustentação ao negócio da empresa, aos objetivos estratégicos que a mesma pretende alcançar. As diferentes maneiras de remunerar os colaboradores envolvem a remuneração funcional (Unidade 2), a remuneração variável (Unidade 3) e o salário indireto – benefícios (Unidade 4). Para Wood (1999) a remuneração estratégica é uma ponte entre os indivíduos e a nova realidade organizacional, caracterizada pela competitividade, agilidade, flexibilidade, inovação, globalização, entre outros aspectos. Esta ponte ocorre de duas formas: primeiro, considerando todo o contexto em que a organização está inserida, suas características e seus planejamentos atuais e futuros, suas estratégias, estrutura e estilo gerencial; segundo, os funcionários passam a ser remunerados de acordo com o conjunto de fatores que afeta sua contribuição para o sucesso do negócio da empresa: características pessoais, características do cargo, vínculo com a organização, conhecimentos, habilidades, desempenho e resultados. Neste contexto, principalmente as grandes empresas buscam adequar os seus sistemas tradicionais de remuneração ao novo conceito de remuneração estratégica, no qual a remuneração passa a focar o indivíduo e não mais o cargo, estimula o trabalho em equipe, busca qualidade e produtividade maiores a custos cada vez menores, reduzindo seus níveis hierárquicos, visando ainda conceder maior autonomia aos colaboradores, e, assim, conseguir maior rapidez e flexibilidade nas tomadas de decisão. Busca-se poder remunerar de forma altamente competitiva, gerando valores antes deixados de lado, ou seja, faz com que o profissional procure estar altamente qualificado na execução de suas atividades, sendo que isto estimula a multifuncionalidade e quanto maior o seu grau de conhecimento, maior poderá ser a sua remuneração. Atrelar a remuneração aos objetivos estratégicos da organização também é uma forma de gerar resultados operacionais, fazendo com que cada profissional se comprometa com as estratégias da organização. 164 GP2.pmd 164 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Hoje quando se fala em remunerar dentro das grandes organizações, não podemos simplesmente pensar em pagar um salário para um determinado cargo, devemos lembrar que a remuneração estratégica deve ir ao encontro dos objetivos, das necessidades, das prioridades e dos valores da empresa, bem como, dos profissionais que queremos reter ou atrair do mercado. A construção e a implantação de um sistema de remuneração estratégica, segundo Wood (1999), requer as seguintes etapas: → diagnóstico da empresa: levantar informações inerentes à posição da organização, sistema de remuneração adotado e o funcionamento do mesmo, pontos fortes e fracos do sistema utilizado, compatibilidade entre o sistema utilizado e a estratégia, estilo gerencial, estrutura da empresa e sistemas de apoio, facilidades e dificuldades para realização da estratégia da organização e processos de mudanças organizacionais; → direcionamento da empresa: saber aonde a empresa deseja chegar, quais as diretrizes estratégicas e os objetivos das mesmas, os fatores críticos de sucesso, as características do estilo gerencial utilizadas e a posição de todos os envolvidos frente à evolução da estrutura organizacional; → definição do modelo conceitual de remuneração: valorização das competências e habilidades ligadas às diversas funções, benefícios implantados e critérios para opções, determinação do mercado de referência, forma de comparação e diretrizes da organização, princípios de comparabilidade entre funções similares e grau de acesso às informações relacionadas aos salários, bem como os canais de comunicação para envio de comentários, dúvidas e reclamações; → construção de um sistema de remuneração: estimar o grau de compatibilidade entre o sistema a ser adotado e a estratégia, estilo gerencial e estrutura da empresa, bem como, a coerência entre o sistema de remuneração e os demais sistemas de apoio. Também fazem parte dessa etapa os levantamentos de facilidades e dificuldades à realização da estratégia da empresa e mudança organizacional; UNIDADE 9 GP2.pmd 165 165 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA → implantação do sistema de remuneração estratégica: planejamento, preparação dos líderes, treinamento de facilitadores, comunicação, sensibilização e construção de um sistema de medição para a implantação; → garantia da evolução contínua do sistema: conscientização da necessidade de trabalho constante para evolução do sistema de remuneração estratégica. E assim, até aqui você estudou os aspectos introdutórios que envolvem a prática de remuneração e Administração salarial no contexto das organizações. A próxima etapa, para exercitar estes novos conhecimentos, lhe convida a realizar as atividades de auto-avaliação. A TIVID ADES TIVIDADES DE A UT O - A V ALIAÇÃO UTO Após a leitura criteriosa desta unidade, leia com atenção os enunciados e realize as questões que seguem. 1. Destaque e analise o conceito de remuneração que você achou mais importante. Comente. 2. Cite outros objetivos que a Administração salarial pode alcançar? 3. Comente a diferença entre salário nominal e real. 166 GP2.pmd 166 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS 4. Apresente outros fatores internos e externos que venham a compor o salário de um funcionário. 5. Remuneração estratégica. Formule seu conceito. SÍNTESE Nesta unidade, você estudou os aspectos relacionados à definição de remuneração, Administração salarial, tipos de salário, as variáveis que afetam a composição dos salários e remuneração estratégica. Você pode observar que a remuneração envolve todas as formas de recompensa atribuídas pelas empresas aos seus funcionários, sendo recomendável a estruturação de um sistema de recompensas que contemple todas as alternativas possíveis, ou seja, leve em consideração a remuneração funcional, a remuneração variável e os benefícios. Já a Administração salarial, corresponde a um conjunto de normas e procedimentos utilizados para estabelecer ou manter uma estrutura de salários eqüitativa e justa na organização, ou seja, visa gerenciar o sistema de remuneração adotado pela empresa. No que se refere às variáveis que afetam as práticas de remuneração, observou-se que são relevantes e podem demandar necessidades de ajustes, principalmente nas organizações que atuam em áreas e negócios muito competitivos. Por fim, a denominação remuneração estratégica, apesar de recente, consiste em alinhar as práticas de remuneração às estratégias da organização, ou seja, o sistema de remuneração adotado pela empresa tem que dar suporte para o alcance dos objetivos, metas e estratégias definidas pela organização. A seguir, na Unidade 10, você poderá aprofundar o sistema de remuneração mais utilizado pelas empresas brasileiras: a remuneração funcional. UNIDADE 9 GP2.pmd 167 167 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA S AIBA MAIS Caso você queira ampliar os seus conhecimentos sobre os conteúdos desta unidade, sugere-se que: leia os capítulos 1 e 2 do livro: Administração salarial, de José Antonio Monteiro Hipólito, editora Atlas, 2001; pesquise na internet, em um site de busca, o tema “remuneração estratégica”. 168 GP2.pmd 168 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Remuneração funcional Objetivos de aprendizagem ♦ conhecer o objetivo e as principais etapas que compõem o sistema de remuneração funcional; ♦ compreender a importância da remuneração estratégica para o cotidiano das organizações. Seções de estudo A seguir, acompanhe as seções que você irá estudar nesta unidade. Ao final de cada etapa de estudos, use os quadros para assinalar as seções já estudadas. Seção 1 – Como fazer uma análise e descrição de cargos? Seção 2 – Avaliação e classificação de cargos. Seção 3 – Como def inir a estr utur a salarial? definir Seção 4 – Planejamento de car r eir a. Seção 5 – Como realizar uma pesquisa salarial? Seção 6 – Como se define a política salarial? Unidade 10 Ao final desta unidade você terá subsídios para: 169 GP2.pmd 169 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Par araa início de estudo Não existe nada mais polêmico dentro de uma empresa do que a discussão sobr e salários e r em uner ação emuner ação.. Nor malmente cada cola bor ador entende que de colabor devv eria ter uma r em uner ação superior emuner superior,, que seu car g o é mais impor tante que o de seus cole as,, que os critérios e colegg as parâmetros que a empresa utiliza são inadequados e assim por diante. Na verdade, como consta no adágio popular “o bolso é a par te mais sensív el do cor po”. sensível Assim, discutir esse assunto tor na-se um desaf io desafio io.. A remuneração funcional, também é conhecida como plano de cargos e salários – PCS, é o sistema mais tradicional entre os existentes e também o mais usual nas empresas em geral. Independentemente de uma empresa adotar um plano de cargos e salários sua prática de remuneração inclui a remuneração funcional. Por exemplo, um pequeno restaurante que tenha, em torno de cinco funcionários, dificilmente terá um sistema de remuneração estruturado conforme critérios técnicos e etapas que são apresentados nesta unidade. Como ocorre com a maioria das empresas, estas iniciam como micro ou pequenas e, gradativamente, vão crescendo, chegando a um estágio que torna-se necessário estruturar o sistema de remuneração funcional. Independente desta estruturação, o que praticam é a remuneração funcional numa concepção muito básica e elementar, apenas definindo os cargos ou funções (normalmente quando há necessidade de novas contratações) e um nível salarial para cada cargo ou função, atribuído a partir do piso salarial da categoria ou de pesquisas em empresas concorrentes ou similares. Nas seções a seguir, você poderá acompanhar todas as etapas que integram um sistema de remuneração funcional, sem adentrar em muitas especificidades, mas com objetivo de apresentar uma noção da importância e aplicação de cada etapa. 170 GP2.pmd 170 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA SEÇÃO 1 – C OMO DE P ESSO AS ESSOAS FAZER UMA ANÁLISE E DESCRIÇÃO DE CAR GOS ? CARGOS Cada colaborador trabalha em uma organização desempenhando um determinado cargo. Normalmente, quando se pretende saber o que uma pessoa faz na organização, pergunta-se qual é o cargo que desempenha. Assim, sabe-se o que ela faz na organização e tem-se uma noção de sua importância e do nível hierárquico que ocupa. Para a organização, o cargo se constituí a base e a referência para a Gestão de pessoas, pois todas as práticas, programas e ações, normalmente estão vinculados ao cargo. A estrutura de cargos de uma organização é condicionada e vinculada à sua estrutura organizacional. Caso a empresa adote uma estrutura mais verticalizada, a tendência é dispor de um maior número de cargos para dar suporte a esta estrutura. No caso de uma estrutura mais horizontal, a tendência é reduzir o número de cargos. Quando se fala em número de cargos, refere-se às diferentes denominações e não à quantidade de funcionários para cada cargo. Qual a definição de cargo? Para Chiavenato (1999), Cargo é a composição de todas as atividades desempenhadas por uma pessoa no ambiente organizacional. E, para Gil (2001), cargo consiste num conjunto de atribuições definidas em um contexto organizacional. Assim, o cargo corresponde à composição de todas as atribuições e responsabilidades desempenhadas por uma pessoa em uma organização. Segundo Gil (2001), as necessidades de novos colaboradores nas organizações são definidas a partir do desenvolvimento aprimorado da análise de cargos. Daí derivam a descrição e a especificação de cargos, que fornecem o alicerce para a sua avaliação, da qual resultam a fixação dos salários e a política salarial da empresa. U N I D A D E 10 GP2.pmd 171 171 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Assim, a partir dos autores (GIL, 2001, CHIAVENATO, 1999 e MARRAS, 2001) tem-se os seguintes conceitos: Analise de cargo é o estudo que se faz para obter informações sobre as tar ef as ou a trib uições de um cargo. tribuições taref efas Descrição do cargo é a exposição ordenada das tarefas ou atribuições de um cargo. Ela procura descrever o que o ocupante do cargo faz, como faz e por que faz. Especificação de cargo consiste na identificação dos requisitos necessários para o desempenho das tarefas ou atribuições de um cargo. Ela abrange o nível de escolaridade, as aptidões, os conhecimentos, as habilidades e as responsabilidades que o ocupante do cargo deve possuir, bem como as condições de trabalho e riscos que o envolvem. Quais finalidades a organização pode atender com a análise e descrição dos cargos? A análise e descrição de cargos possibilita à organização atender, de forma sistêmica e integrada, as seguintes finalidades: a determinação do perfil do ocupante para definir os procedimentos para a seleção de pessoal; o fornecimento dos dados necessários para o levantamento de necessidades e seleção dos conteúdos dos programas de treinamento de pessoal; o fornecimento de dados para subsidiar os programas de higiene e segurança do trabalho; o fornecimento de informações para o supervisor e o funcionário acerca de padrões de desempenho no trabalho; o fornecimento de subsídios para avaliação de cargos e determinação das faixas salariais; a determinação das linhas de autoridade e responsabilidade na organização; o fornecimento de subsídios para a implantação de sistemas de avaliação de mérito. 172 GP2.pmd 172 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA 1.1 Q U AIS DE P ESSO AS ESSOAS AS ET AP AS SEGUIR PARA SE OBTER UMA ANÁLISE E DESCRIÇÃO ETAP APAS DE CARGOS ? O desenvolvimento do processo de análise e descrição de cargos abrange as etapas de (GIL, 2001): determinação dos dados requeridos, coleta de dados, análise dos dados, descrição e especificação de cargos. A seguir conheça as principais características de cada etapa: A – D ETERMIN AÇÃO ETERMINAÇÃO DOS D ADOS REQ UERIDOS – CONSISTE NO LEV ANT AMENT O LEVANT ANTAMENT AMENTO D E U M A S É R I E DE I NNFF O R MA Ç Õ E S S O B R E C A DDAA C A R G O . a) Atividade do cargo: descrição das atividades desempenhadas. : digitar ofícios, recepcionar clientes, atender telefone, arquivar documentos, catalogar documento. b) Relacionar equipamentos, ferramentas e outros recursos utilizados no trabalho. c) Requisitos pessoais exigidos pelos cargos como: atributos pessoais – nível intelectual, interesses, características físicas e características de personalidade. conhecimento e habilidades relacionadas aos cargos – formação, treinamento e experiência profissional. d) Responsabilidade: o desempenho das atribuições do cargo pode envolver responsabilidades como: supervisão de pessoas; materiais, ferramentas e equipamentos; dinheiro; documentos; informações. e) Condição de trabalho e riscos:especificação de quão penosas, desagradáveis ou arriscadas são as condições de trabalho. U N I D A D E 10 GP2.pmd 173 173 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA B – C OLET OLETAA DE D ADOS – REFERE - SE ÀS TÉCNICAS UTILIZADOS P ARA COLET AR COLETAR OS DADOS REFERENTES AO S CAR GOS. E N V O LLVV E M : a) observação direta – consiste na observação direta do ocupante do cargo no exercício de suas funções. Vantagens: garante a veracidade dos dados; não requer do ocupante do cargo a paralisação do trabalho; é adequada para a análise de tarefas simples e repetitivas. Limitações: não é indicada para tarefas complexas; requer tempo prolongado do analista; aumenta os custos. b) questionário – solicita-se ao ocupante do cargo, ou de seu supervisor direto, o preenchimento de um questionário envolvendo assuntos sobre as características do cargo. Cuidados necessários: perguntas devem ser elaboradas de forma clara e precisa; número adequado de perguntas; preferencialmente perguntas fechadas. Vantagens: instrumento rápido e barato, não requer treinamento de pessoal, pode ser respondido oportunamente, pode ser aplicado a um grande número de pessoas. Limitações: sua elaboração requer planejamento, envolve poucas questões, tende a ser superficial. c) entrevista – a entrevista é um instrumento flexível para obtenção de dados de pessoas. A interação ocorre face a face facilitando em caso de dúvidas o redirecionamento para obtenção de dados mais adequados. Vantagens: maior flexibilidade, aplicação a qualquer tipo de cargo, possibilidade de esclarecimento e dúvidas, obtenção dos dados a partir da pessoa que melhor conhece o cargo. Limitações: os custos com o treinamento de pessoal e a aplicação das entrevistas, a necessidade de paralisação do trabalho, a possibilidade de induzir a confusão entre opiniões e fatos e falta de motivação para responder às perguntas. 174 GP2.pmd 174 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA C – A NÁLISE DOS DADOS – DE P ESSO AS ESSOAS CONSISTE EM ANALISAR OS DADOS , DE FORMA TIR DOS MÉT ODOS UTILIZADOS PARA COLET AR OS D ADOS . Q U ALIT ARTIR MÉTODOS COLETAR ALITAATIV TIVAA , A PAR D – D ESCRIÇÃO E ESPECIFICAÇÃO DE CARGOS – TANTO A DESCRIÇÃO QUANTO A ESPECIFICAÇÃO DE CARGOS CONSISTE, BASICAMENTE, NUM TRABALHO DE ( M O D E LLOO ) ( CHIA VEN CHIAVEN VENAAT O , 1999 ). R E DDAA Ç Ã O A P A R T I R D E U M A P A D R Ã O E S TTAA B E L E C I D O QUE PRECISA SER Recomenda-se observar os seguintes princípios: clareza – deve-se dar preferência a termos simples, que não dêem margem à ambigüidade; precisão – deve-se dar preferência a termos que sejam passíveis de algum tipo de mensuração; concisão – deve-se dar preferência a frases curtas, evitando-se minúcias desnecessárias; impessoalidade – para tornar a descrição impessoal, recomenda-se que seja iniciada por um verbo no infinitivo ou na terceira pessoa. Para Chiavenato (1999), A descrição de cargos envolve sua descrição sumária e seu detalhamento. 1.2 Q UAL É O OBJETIVO DA DESCRIÇÃO DE CARGOS ? A descrição sumária tem por objetivo fornecer uma idéia global do cargo. Geralmente é constituída pela apresentação resumida das principais atividades do cargo. : de cargo: caixa – efetua pagamentos ou recebimentos nos guichês da empresa, sob orientação do tesoureiro. O detalhamento é constituído pela descrição organizada e padronizada das tarefas que compõem o cargo. As tarefas podem ser descritas por ordem de importância. U N I D A D E 10 GP2.pmd 175 175 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA : do detalhamento do cargo de caixa: receber numerário do tesoureiro para pagamento; efetuar pagamentos; sacar e endossar cheques; conferir movimento de caixa. A especificação consiste no estabelecimento da qualificação requerida do ocupante do cargo: formação escolar, conhecimentos especializados, experiência prévia, esforço físico, esforço mental e visual, responsabilidades. : cargo: analista de treinamento. Formação escolar: curso superior preferencialmente em Administração, Psicologia, Pedagogia ou Ciências sociais. Conhecimentos específicos: técnicas de coleta e análise de dados; elaboração de relatórios. Experiência: três anos na área de treinamento. Responsabilidade por contatos: contatos freqüentes com funcionários e gerentes da empresa. Condições de trabalho: normais de escritório S EÇÃO 2 – A VALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE CAR GOS CARGOS É o processo através do qual se aplicam critérios de comparação dos cargos para se conseguir uma valoração relativa interna dos salários das diversas funções. O objetivo é identificar o grau de importância de cada cargo na estrutura da empresa, visando a fixação de níveis salariais que assegurem o equilíbrio salarial interno. A avaliação de cargos busca fixar o valor relativo de cada cargo dentro da organização. Valor relativo é a posição que um cargo, segundo Carvalho (1998), assume em relação aos demais na estrutura, em conseqüência da avaliação e ou classificação destes. 176 GP2.pmd 176 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS A classificação dos cargos é o processo de comparar seus valores relativos a fim de colocá-los em uma hierarquia de classes que podem ser utilizadas como base para a estrutura de salários. Deste modo, a classificação de cargos organiza seus salários em uma estrutura integrada e coesa, com as respectivas faixas salariais em ordem gradativa de valores. Para ao processo de avaliação e classificação dos cargos podem ser utilizados vários métodos, conforme descrito abaixo. A adoção de cada método visa à obtenção de dados que permitirão uma conclusão acerca do valor interno relativo de cada cargo na organização, indicando as diferenças essenciais entre eles do ponto de vista quantitativo e qualitativo. 2.1 O QUE É MÉTODO DE ESCALONAMENTO SIMPLES ? Segundo Chiavenato (1999), o método de avaliação de cargos por escalonamento simples ou por comparação simples (Job Ranking) consiste em dispor os cargos em um rol (crescente ou decrescente) em relação a um critério escolhido que funciona como padrão de comparação. Na prática, trata-se de uma comparação cargo a cargo a partir de um critério escolhido como base de referência (complexidade, responsabilidade, importância). A comparação entre os cargos é global, sintética, superficial e não considera nenhuma análise mais profunda. Quais são os passos a seguir para utilizar o método de escalonamento simples? 1) O primeiro passo para a utilização do método é a descrição e análise de cargos. Qualquer que seja o método de análise, a informação sobre os cargos deve ser montada e registrada em um formato padronizado e ajustado ao critério que se pretende adotar, para facilitar a avaliação dos cargos. 2) O segundo passo, é a definição do critério de comparação. A seguir, definem-se os limites superior (LS) e inferior (LI) com que o critério escolhido pode se apresentar na organização. Se o critério for complexidade, os limites deverão indicar o cargo mais complexo (limite superior) e o cargo menos complexo (limite inferior) dentro da organização. 3) O terceiro passo, é a comparação de todos os cargos com o critério escolhido e o seu escalonamento em um rol (ordem crescente ou decrescente) relacionado ao critério. O rol constitui a própria classificação dos cargos. U N I D A D E 10 GP2.pmd 177 177 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 2.2 O Q UE É MÉT ODO DE CA TEGORIAS PREDETERMIN AD AS ? MÉTODO CATEGORIAS PREDETERMINAD ADAS O método de categorias predeterminadas (Job Classification) é uma variação do método do escalonamento simples, segundo Chiavenato (1999). Na verdade, poderia ser denominado método de escalonamento simultâneo, pois requer a divisão e separação dos cargos em categorias predeterminadas, como cargos técnicos, administrativos e operacionais, por exemplo. Após a determinação das categorias predeterminadas aplica-se o método do escalonamento simples a cada uma delas independentemente. Há muitas variações do método de categorias pré-determinadas. Podem-se ordenar os cargos em grupos, que são chamados classes ou categorias. Quais são os f a tor es que podem ser consider ados? Os fatores para fins de escalonamento devem originar-se do processo de análise e descrição dos cargos. Podem ser considerados: dificuldade e variedade do trabalho; supervisão recebida e exercida; formação; responsabilidade; experiência; conhecimento requerido. Baseando-se nos fatores de escalonamento a comissão de avaliação, a partir das informações constantes na descrição de cargos, procede a alocação na classe ou categoria apropriada. O método de classificação por categoria tem suas vantagens. A principal é que ele permite agrupar um grande número de cargos em algumas classes ou categorias para que sejam tratados de maneira uniforme e padronizada. 178 GP2.pmd 178 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA 2.3 O DE P ESSO AS ESSOAS Q UE DIZ OS MÉT ODOS DE AVALIAÇÃO POR PONT OS ? MÉTODOS PONTOS Dada a grande popularidade e ampla aplicação do método de pontos, seu estudo será mais detalhado para que você aprenda bem quais são os passos da sua elaboração. Trata-se do método mais utilizado pelas empresas brasileiras. Paschoal (2001), apresenta um manual de avaliação de cargo por pontos – contempla as seguintes etapas: 1) determinação das categorias – o primeiro passo consiste na definição das categorias de cargos com as quais você irá trabalhar tendo em vista que cada categoria tem características que requerem a construção de um manual próprio. A definição das categorias depende da estrutura organizacional e de cargos da empresa. Como exemplo, você pode utilizar as categorias: operacional, administrativo, técnico e gerencial; 2) escolha dos fatores – os fatores de avaliação são os aspectos dos cargos que interferem no seu valor relativo. É como se você avaliasse um imóvel e levasse em conta aspectos como localização, tamanho, qualidade de edificação, proximidade de serviços e comércio, etc. Os fatores de avaliação de cargos mais comuns são: escolaridade, experiência, complexidade, responsabilidade, relacionamento, confidencialidade, esforço mental e visual, esforço físico e condições ambientais. A escolha dos fatores é uma etapa muito importante, pois a precisão das avaliações vai depender do conjunto de fatores utilizados; 3) amostra de cargos – a primeira providência consiste em selecionar os cargos-chave da categoria e resgatar suas descrições com o máximo de informações possíveis. Cargos-chaves são aqueles mais conhecidos, tidos como importantes na organização, populosos em ocupantes, críticos em relação ao mercado. Essa amostra deve conter cargos de todos os níveis, desde os de remuneração mais baixa até os mais altos; 4) inventário de fatores – consiste em levantarmos um certo número de fatores à primeira vista aplicáveis aos cargos-chave, consultando outros manuais, literatura especializada, chefias, descrições dos cargos e usando o próprio conhecimento do profissional que está desenvolvendo o trabalho. Em seguida, faz-se a conceituação dos fatores, definindo o seu significado exato, de modo a não deixar dúvida sobre o que se quer avaliar em cada um desses fatores. U N I D A D E 10 GP2.pmd 179 179 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA : fator COMPLEXIDADE. Este fator avalia a demanda de raciocínio e técnica para desenvolver soluções para problemas e situações impostas pelo cargo e conduzir o trabalho a bom termo; 5) graduação dos fatores – outra etapa muito importante é esta que se refere à definição dos graus dentro de cada fator. Ela consiste em conceituar os diferentes níveis de intensidade de aplicação do fator. Para o fator complexidade, por exemplo, você poderia ter: Grau A ELEMENTAR B ROTINEIRO C SEMICOMPLEXO Descrição do Grau Trabalhos simples, de assimilação imediata, exigindo mínima aplicação intelectual. Trabalhos de pequena complexidade, demandando aplicação intelectual absolutamente normal, apresentando razoável repetição no dia-a-dia. Trabalhos que demandam aplicação intelectual pouco acima do normal, apresentando pouca repetição. D COMPLEXO Trabalhos que exigem uso do intelecto bastante acima do normal, demandando boa dose de raciocínio, apresentando mínima repetição. E MUITO COMPLEXO Trabalhos altamente complexos, que exigem elevada dose de raciocínio, atuação independente e solução de problemas intrincados. Na graduação dos fatores você poderia, simplesmente, adaptar outros manuais, mas certamente não ficaria sob medida para a organização. Para ter um manual bem ajustado às características da organização, ele deve ser todo desenvolvido especificamente para ela. Nada desaconselha, porém, as consultas a outros manuais e à bibliografia, para enriquecer as informações. Para os fatores escolaridade e experiência, a graduação é fácil. Na escolaridade, basta verificar nos cargos-chave o mínimo e o máximo exigido e fazer uma escala que pode ir de 4ª série do ensino fundamental a pós-graduação, por exemplo. No caso da experiência, gradua-se em intervalos de tempo como até três meses, de três a seis meses, etc. Para os fatores descritivos como “complexidade”, “responsabilidade” e outros, a conceituação dos graus já é bem mais difícil, conforme se pode constatar no exemplo dado. 180 GP2.pmd 180 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Para facilitar, usa-se o escalonamento feito para testar os fatores e forma-se blocos com os cargos mais próximos na aplicação do fator. Para cada fator se terá quatro, cinco ou seis blocos de cargos que formarão os graus. Aí então, verificando as descrições dos cargos-chave, faz-se uma primeira tentativa de conceituação dos graus. Para fazer os ajustes finais, convoca-se o comitê de avaliação para que façam a avaliação dos cargos-chave. As dificuldades que o comitê tiver nos fatores já indicará onde melhorar. Enfim, esta forma, embora trabalhosa, produz um manual na medida para os cargos da organização. 2.4 A O CRIÁ - L O , COMO FAZER A PONTU AÇÃO DO MANU AL ? PONTUAÇÃO MANUAL Definidos os graus dos fatores, cabe agora determinar o número de pontos correspondentes a eles. Duas informações serão as bases dessa pontuação: a avaliação que o comitê fez para os cargos-chave; e os salários de mercado para esses mesmos cargos. O primeiro passo consiste em definir os pesos numéricos dos fatores. Esses pesos são expressos em forma de percentual tal que a soma deles seja igual a 100: Escolaridade 30% Experiência 35% Complexidade 15% Responsabilidade 20% Essa variação nos pesos dos fatores decorre da maior ou menor importância que a empresa atribui a eles e que nos dá a medida em que cada fator contribui para a definição do salário. A verificação dessa importância é feita por meio de cálculos associando as avaliações do comitê aos salários de mercado. Se os cargos que exigem maior escolaridade, por exemplo, recebem os maiores salários, é sinal de que o mercado valoriza mais esse fator. Essa constatação é feita estatisticamente, por intermédio dos cálculos de correlação linear. U N I D A D E 10 GP2.pmd 181 181 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Em seguida são definidos os pontos dos graus. Os pesos dos fatores são usados como a pontuação mínima de cada fator e, multiplicando-se esse mínimo por uma constante (10, por exemplo), determina-se a pontuação máxima. Também pode-se considerar o peso como pontuação máxima e, dividindo por 10, achar a pontuação mínima, mas resultaria valores pequenos e fracionados. A constante usada na multiplicação poderia ser, em vez do 10 ou outro valor arbitrário, a amplitude entre o maior e o menor salário (de mercado ou da organização), para a categoria que se está tratando. : Escolaridade Peso: 25 Graus A B C D 25 Conhecidos os pontos mínimo e máximo, só nos falta calcular os valores intermediários através de uma progressão geométrica. Progressão geométrica: q = raiz n-1 de an dividido por a1, onde: q = razão da progressão; n = número de graus; an = pontuação máxima; a1 = pontuação mínima. No exemplo, se tem: q = raiz 5-1 de 250 dividido por 25 ou q = raiz 4 de 10 =1,7783 Aplicando o valor obtido para q, temos: a1= =25 a2 = 25 x 1,7783 = 44 a3= 44 x 1,7783 =79 a4= 79 x 1,7783 =141 a5= 141 x 1,7783 =250 182 GP2.pmd 182 7/3/2007, 11:56 E 250 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Então, como valor ficará: Escolaridade Peso: 25 Graus A B C D E 25 44 79 141 250 Definidos os pontos dos graus de todos os fatores, estes devem ser colocados nas avaliações dos cargos-chave e apurado o total de pontos de cada cargo. Uma vez que você já sabe descrever e analisar cargos, a próxima seção lhe convida a estudar a estrutura salarial. S EÇÃO 3 – C OMO DEFINIR A ESTRUTURA SALARIAL ? É através da avaliação e classificação de cargos que a estrutura salarial de uma organização pode ser definida, pois a classificação dos cargos possibilita ordenar os cargos e também identificar o quanto um cargo é mais importante que o outro. A estrutura salarial identifica os níveis salariais que serão fixados para cada cargo. Normalmente as empresas, principalmente pequenas e médias, possuem somente um nível salarial para cada cargo. No entanto, recomenda-se fixar uma estrutura salarial com amplas faixas salariais, permitindo que o funcionário, através de um processo de progressão ou promoção tenha elevação do valor de seu salário, a medida em que passar a ter um outro nível salarial. Além da definição do número de níveis salariais para cada cargo, na fixação da estrutura salarial, deve-se definir a amplitude da faixa salarial, a diferença salarial de um nível para outro, dentre outros procedimentos. Em termos ilustrativos, a empresa Delta Ltda., definiu que todos os cargos serão estruturados em cinco níveis salariais. Como o primeiro nível salarial é decorrente da avaliação e classificação de cargos (seção anterior), para os demais níveis deve-se utilizar um critério que poderá ser um valor fixo arbitrado ou aplicação de um percentual sobre o nível inicial. Assim para o cargo de recepcionista é possível se obter os seguintes valores: U N I D A D E 10 GP2.pmd 183 183 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA CARGO NÍVEIS Recepcionista SALARIAIS/V AL ORES SALARIAIS/VAL ALORES I II III IV V 600,00 650,00 700,00 750,00 800,00 Observa-se, no exemplo acima, que a estrutura salarial é composta por cinco níveis salariais. A diferença de um nível salarial para o subseqüente é de R$ 50,00, valor este arbitrado. CARGO NÍVEIS Recepcionista SALARIAIS/V AL ORES SALARIAIS/VAL ALORES I II III IV V 600,00 660,00 726,00 798,60 878,46 Já neste exemplo, estabeleceu-se como critério para a fixação dos níveis salariais, a aplicação do percentual de 10%, de forma linear. Com a fixação de mais de um nível salarial para cada cargo, a passagem para o nível superior seguinte poderá ser decorrente de um processo de avaliação de desempenho funcional, ou outros critérios que a empresa vier a fixar. O importante é que estes critérios sejam claros, objetivos e transparentes. S EÇÃO 4 – P LANEJAMENTO DE CARREIRA O planejamento de carreira consiste na fixação de uma sucessão de cargos que um colaborador pode ocupar em sua vida profissional. Trata-se de um instrumento para o desenvolvimento dos colaboradores, que contempla todas as possibilidades de exercer novos cargos na empresa. As principais vantagens do planejamento de carreira, segundo Pontes (2001) são: atender às necessidades internas de preenchimento de vagas (recrutamento interno); estimular os funcionários na busca de maior conhecimento e competências; maior integração entre empresa-funcionário, provocando maior motivação e produtividade; encorajar os funcionários na exploração de suas capacidades e potenciais. 184 GP2.pmd 184 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Cumpre observar que uma vez fixadas as possíveis carreiras, os funcionários devem ter acesso a todas as informações, principalmente aos critérios para a ascensão a novos cargos. O processo deve ser transparente e claro, assegurando coerência e justiça na sua execução. Quais são os tipos plano de car r eir a? Os tipos de carreira são: Generalista Especialista Car r eir a em Y A carreira generalista possibilita o crescimento dos funcionários em vários cargos pertencentes às várias áreas da empresa. Assim, um funcionário da área financeira, poderá exercer um cargo da área de produção, ou seja, poderá ocorrer a movimentação de uma área para outra, desde que cumpridos os requisitos do novo cargo. Já a carreira especialista, somente possibilita a passagem do funcionário para um cargo superior na mesma área que atua. Por exemplo, se exerce um cargo na área financeira, somente poderá concorrer a cargos da área financeira. A carreira em Y possui em sua base a hierarquia de vários cargos e na seqüência estabelece duas trajetórias de carreira. Uma linha específica para os cargos gerenciais e outra para os demais cargos da empresa, administrativos e técnicos. Assim, o funcionário poderá optar por seguir a carreira gerencial, administrativa ou técnica. S EÇÃO 5 – C OMO REALIZAR UMA PESQUISA SALARIAL ? A pesquisa salarial, segundo Carvalho (1997), consiste no levantamento de dados do mercado, referente aos cargos da empresa e tratamento estatístico que permite ação consistente por parte da empresa pesquisadora. A pesquisa salarial tem que produzir um resultado que contemple o cargo e o salário. Os salários devem ser compatíveis internamente e externamente. A pesquisa salarial se baseia em amostras de cargos que representam os demais cargos da organização e em amostras de empresas que representam o mercado de trabalho. U N I D A D E 10 GP2.pmd 185 185 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA O equilíbrio interno é garantido através da avaliação e classificação de cargos e, o equilíbrio externo, é obtido através de pesquisas salariais para verificar o que o mercado de trabalho está pagando. Os cargos de referência eleitos para a pesquisa devem possuir as seguintes características: a) representar os vários setores de atividade da organização; b) representar os cargos mais importantes da estrutura de carreira; c) ser facilmente identificáveis no mercado. No que se refere aos critérios para a seleção das empresas que serão utilizadas como amostra, tem-se: a) localização geográfica; b) ramo de atividade; c) tamanho; d) política salarial. Deve-se conhecer o mercado e permitir que a empresa pesquisadora promova o equilíbrio externo através dos salários compatíveis com as outras empresas, evitando, em contrapartida, a prática de salários defasados para maior ou menor em relação ao mercado. Significa dizer que, embora mereçam um tratamento estatístico, são registrados de forma que se estabeleça o confronto, a fim de se conhecer a posição dos cargos da empresa em relação ao mercado concorrente. Fases do trabalho que permitem conhecer os valores de mercado para os cargos: a) elaborar as orientações para a coleta de dados; b) convidar as empresas significativas do mercado; c) estabelecer roteiros de visitas ou enviar as orientações; d) receber o material distribuído; e) proceder a tabulação das informações; f) efetuar a comparação com os cargos da empresa. Após a realização da pesquisa e conhecer a realidade do mercado, a empresa deverá desenvolver ações para a melhoria de suas práticas salariais, por intermédio do ajuste salarial que for necessário ou comunicar aos colaboradores os resultados obtidos, principalmente se a empresa possui remuneração superior a praticada pelo mercado. 186 GP2.pmd 186 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA SEÇÃO 6 – C OMO DE P ESSO AS ESSOAS SE DEFINE A POLÍTICA SALARIAL ? A política salarial de uma empresa, segundo Chiavenato (1999), é o conjunto dos princípios e diretrizes que refletem a orientação e a filosofia da organização no que tange aos assuntos de remuneração de seus empregados. A política salarial é o conjunto de decisões organizacionais tomadas a respeito de assuntos relacionados com a remuneração e benefícios concedidos a funcionários. A política salarial pode envolver os seguintes conteúdos: a) estrutura de cargos e salários: etapas de análise e descrição de cargos, avaliação e classificação, estrutura salarial e estrutura de carreira; b) salários de admissão: valores fixados pela empresa para cada cargo; c) previsão de reajuste salarial: por determinação legal (dissídios coletivos) ou espontâneos. Os reajustes salariais podem ser: coletivo (dissídio coletivo), reajuste individual, reajuste por promoção (mudança de cargo), reajuste por enquadramento (salários compatíveis com os pagos no mercado de trabalho) e reajuste por mérito (desempenho acima do normal no exercício do cargo). E, segundo Chiavenato (1999), a política salarial para atender simultaneamente os seguintes critérios, ela precisa ser: ♦ ♦ adequada – padrões estabelecidos pelo governo ou sindicato; eqüitativa – a pessoa deve ser paga de acordo com o seu esforço, habilidades e capacitação profissional; ♦ balanceada – pacote de recompensa que seja razoável; ♦ eficaz quanto aos custos – o que a empresa pode pagar; ♦ segura – satisfazer as necessidades dos colaboradores; ♦ incentivadora – motivar os colaboradores. A política salarial não é estática, pelo contrário, é dinâmica e evolui, aperfeiçoando-se com sua aplicação frente às situações que se modificam com rapidez. U N I D A D E 10 GP2.pmd 187 187 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA A TIVID ADES TIVIDADES DE A UT O - A V ALIAÇÃO UTO Após a leitura criteriosa desta unidade, leia com atenção os enunciados e realize as questões que seguem. 1. Faça a análise e descrição do cargo que você exerce atualmente em sua empresa. Relacione as seguintes informações: denominação do cargo; descrição sumária das atribuições; escolaridade exigida; experiência; e competências/habilidades. 2. Relacione cinco cargos da empresa em que vocês atua e estabeleça a classificação dos mesmos. Ordene levando em consideração o grau de importância de cada cargo (do mais importante para o menos importante). 3. Em que consiste a carreira generalista? 4. O que você entende por estrutura salarial? 188 GP2.pmd 188 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS 5. A realização de uma pesquisa salarial deve levar em consideração quais aspectos? SÍNTESE Nesta unidade discutiu-se o sistema de remuneração funcional e as principais etapas para a estruturação deste sistema que consiste na análise e descrição de cargos, avaliação e classificação de cargos, estrutura salarial, planejamento de carreira, pesquisa salarial e política salarial. Constatou-se que a análise e descrição de cargos visa identificar quais os cargos necessários para a empresa com o devido detalhamento de aspectos relacionados às atribuições e à especificação do cargo (experiência, escolaridade, competências, habilidades, etc.). A etapa avaliação e classificação de cargos visa ordenar os cargos segundo sua importância frente à estrutura de cargos. O objetivo é, além de ordenar, identificar o quanto um cargo é mais importante que os demais. O método de avaliação por pontos é o mais utilizado pelas empresas, nesta etapa. Já a etapa estrutura salarial visa identificar quantos níveis salariais a empresa adotará para cada cargo, que são fixados a partir da classificação obtida pelo cargo na etapa anterior. Quanto a etapa planejamento de carreira, cabe à empresa definir as possibilidades de crescimento profissional existentes em sua estrutura, identificando a seqüência e cargos que o colaborador poderá percorrer. A etapa pesquisa salarial visa analisar o equilíbrio salarial externo comparar as práticas e valores salariais adotados pela empresa em relação às práticas e valores adotados pelo mercado, ou seja, pelas empresas concorrentes. Enfim, a etapa política salarial é o conjunto de decisões organizacionais tomadas a respeito de assuntos relacionados com a remuneração e benefícios concedidos a funcionários. Finalizando a apresentação desta unidade, a seguir, na próxima unidade, você verá o tema remuneração variável. Até lá! U N I D A D E 10 GP2.pmd 189 189 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA S AIBA MAIS Caso você queira aprofundar os conteúdos desta unidade, a seguir, sugere-se a leitura dos seguintes textos: 1º TEXTO EXTRAÍDO DO LIVRO: COMO TRANSFORMAR RH EM UM CENTRO DE LUCRO (CHIA VEN (CHIAVEN VENAA T O , 1996). As pessoas trabalham nas empresas ocupando um determinado cargo. Quando se pretende saber o que uma pessoa faz na empresa, perguntase geralmente qual é o seu cargo. Na prática, quando as pessoas ingressam na empresa e durante toda a sua trajetória profissional, elas são sempre ocupantes de algum cargo. Dá-se o nome de cargo à composição de todas as atividades desempenhadas por uma pessoa que podem ser englobadas em um todo unificado e que figura em uma cer ta posição formal do organograma da empresa. Assim, para desempenhar as suas atividades, a pessoa que ocupa um cargo deve ter uma posição definida no organograma. Olhando sob outro ponto de vista, um cargo constitui uma unidade da organização e consiste em um conjunto de deveres e responsabilidades que o tornam separado e distinto dos demais cargos. A posição do cargo no organograma define o seu nível hierárquico, a subordinação (a quem presta responsabilidade), os subordinados (sobre quem exerce autoridade) e o depar tamento ou divisão onde está localizado. Por essa razão, os cargos são representados no organograma através de retângulos, cada qual com dois terminais de comunicação: o superior, que o liga ao cargo acima e define sua subordinação, e o inferior, que o liga com os cargos abaixo e define seus subordinados. Do ponto de vista horizontal, cada cargo está emparelhado a outros cargos do mesmo nível hierárquico, que geralmente recebem uma titulagem equivalente (diretores, gerentes, chefes, operadores, etc.). Do ponto de vista ver tical, cada cargo está incluído em algum depar tamento, divisão ou área da empresa. E assim se compõe o organograma de cargos. Assim, os cargos não existem ao acaso. Eles são intencionalmente desenhados, projetados, delineados, definidos e estabelecidos dentro de uma cer ta racionalidade: a busca da eficiência da organização. O desenho de cargos (job design) significa a especificação do conteúdo, dos métodos de trabalho e das relações com os demais cargos. Isto quer dizer que o desenho de cargos está geralmente orientado para o alcance dos objetivos organizacionais. 190 GP2.pmd 190 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Na realidade, os cargos constituem os meios através dos quais a empresa aloca e utiliza os seus recursos humanos para alcançar objetivos organizacionais por meio de determinadas estratégias. Na outra ponta, os cargos constituem os meios através dos quais as pessoas executam as suas tarefas dentro da organização para alcançar determinados objetivos individuais. Em resumo, os cargos representam a pedra de toque entre a organização e as pessoas que nela trabalham. Os processos de provisão de RH procuravam simplesmente adequar as pessoas aos cargos a serem preenchidos. Hoje, o grande problema que se coloca é como adequar os cargos às pessoas. Quando a empresa funciona em um ambiente estável, previsível e pouco sujeito a mudanças, os cargos de sua estrutura organizacional tendem a permanecer igualmente estáveis e sem grandes modificações ao longo do tempo. Acontece que a estabilidade desapareceu há muito tempo e sobreveio a mudança, fazendo com que os cargos e tarefas passem por constantes alterações e profundas modificações. Essa mudança desatualiza rapidamente o conteúdo e a estrutura dos cargos. As novas tecnologias, os novos produtos e serviços, as melhorias de métodos e processos, as alterações das matérias-primas, etc. provocam mudanças nos cargos e impõem novas posturas e habilidades aos seus ocupantes. Daí a necessidade de se redesenhar continuamente os cargos e atualizálos frente às mudanças ocorridas no contexto tecnológico. Porém, isto não significa que o redesenho dos cargos seja apenas uma variável dependente das modificações ocorridas no sistema tecnológico. A situação muda de aspecto quando o desenho de cargos deve atualizarse e adequar-se às pessoas que os ocupam. É que também as pessoas passam por mudanças: elas aprendem novas habilidades, absorvem conceitos novos, desenvolvem atitudes e enriquecem seu comportamento frente ao trabalho que executam. A principal mudança, pois, a ser considerada é a modificação permanente do comportamento humano em função da contínua atualização do seu potencial. Três for tes tendências estão ocorrendo em relação ao desenho de cargos das empresas bem-sucedidas. A primeira delas mostra que o desenho de cargos dentro do modelo clássico está sendo rapidamente substituído por uma no bor da ecur sos humanos novv a aabor borda dagg em de rrecur humanos.. A nova abordagem presume que é através da utilização da capacidade de autodireção e de autocontrole que as pessoas obtêm satisfação e produtividade. Através de objetivos planejados conjuntamente entre o gerente e cada pessoa é que se criam as condições para que as contribuições dos indivíduos possam melhor ar o desempenho depar tamental. As necessidades humanas passam de fins para meios. A satisfação das necessidades individuais é um subproduto desejável, mas não é o objetivo principal da atividade gerencial. Segundo essa abordagem, os cargos devem ser desenhados no sentido de reunir ao máximo cerca de cinco dimensões profundas, a saber : variedade, autonomia, significado, identidade e retroação. U N I D A D E 10 GP2.pmd 191 191 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA As cinco dimensões essenciais no desenho de cargos. Essas cinco dimensões essenciais devem ser reunidas e, se possível, utilizadas ao máximo, quando se estrutura um cargo, a fim de permitir condições para que a pessoa encontre satisfação intrínseca como resultado do cumprimento da tarefa que realiza. É o que Herzberg denomina fatores motivacionais intrínsecos ou satisfacientes. Com essas dimensões, pode-se assegurar que o cargo permita: 1. que a pessoa utilize várias de suas habilidades e competências na execução da tarefa; 2. que a pessoa se sinta pessoalmente responsável pelo sucesso ou fracasso das tarefas decorrentes de seus próprios esforços; 3. que a pessoa faça algo que seja significativo e que tenha um certo sentido ou razão de ser; 4. que a pessoa tenha certa autonomia, independência e autodireção na execução das tarefas; 5. que a pessoa descubra o seu próprio desempenho enquanto executa o trabalho. 192 GP2.pmd 192 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Quase sempre era o gerente que constituía o maior bloqueio ao desenho significativo dos cargos de seus subordinados. E quase sempre não o percebia. As dimensões essenciais afeiam intrinsecamente a qualidade dos cargos, produzem satisfação pessoal e envolvimento humano e geram maior produtividade. Uma revolução profunda, silenciosa e poderosa dentro das empresas sem fazer barulho algum, mas trazendo uma substancial melhoria de vida no trabalho das pessoas. A segunda tendência mostra que o trabalho individualizado e solitário está cedendo lugar ao trabalho em equipe através de intensa interação social social. Uma das aplicações mais famosas da abordagem sociotécnica foi feita na fábrica de automóveis da Volvo, em Kalmar, na Suécia, na década de 1970. A empresa queria incorporar as inovações tecnológicas, gerenciais e sociais para melhor servir aos empregados. Fatores da democracia industrial ali reinante. A fábrica foi desenhada para produzir cerca de 60.000 automóveis por ano. O custo do desenho foi 10% superior ao das fábricas convencionais equivalentes. As tradicionais linhas de montagem com empregados que trabalhavam isolada e individualmente foram desativadas e substituídas por 25 equipes que constituíam células de produção. Cada equipe tinha entre 15 a 25 membros e passou a ser responsável por uma fase da produção, como montagem do chassi, implantação do motor, instalação da parte elétrica, instalação dos freios, estofamentos, etc. Uma série de transportadores acionados a bateria e guiados por computadores passou a funcionar como local móvel de trabalho, que se movimentava lentamente ao redor de armações onde ficavam as equipes. Cada equipe tinha a sua própria área de trabalho e bastante autonomia, seja para se organizar com liberdade a fim de que cada operário escolhesse as habilidades que queria utilizar ou aprender, seja para inspecionar seu próprio trabalho. Cada equipe manuseava seu próprio material e administrava seu próprio inventário, bem como planejava e controlava seu próprio ritmo de atividade. Os membros da equipe podiam treinar a si próprios para executar todas as partes da tarefa e podiam fazer rodízio pelas diversas tarefas. Cada duas equipes dispunha de um supervisor que agia mais como consultor do que como mestre. A empresa encontrou altos níveis de satisfação e sentimentos de responsabilidade, bem como redução de faltas e demissões, com uma produtividade inicial equivalente à de uma fábrica convencional, mas que se revelou crescentemente maior. A partir daí, um enorme número de empresas americanas, como IBM, General Motors, Ford, Exxon, General Foods, Citibank, Procter & Gamble, Xerox, Prudential Insurance, etc., passou a introduzir grupos de trabalho relativamente autônomos, tanto nas suas fábricas como em seus escritórios. Desde então, em velocidade gradativamente maior, as empresas estão transformando a atividade laboral em uma atividade eminentemente social e cooperativa, com ênfase no trabalho em equipes autônomas ou semi-autônomas, com gestão própria. U N I D A D E 10 GP2.pmd 193 193 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA A terceira tendência mostra que o desenho de cargos está cada vez mais nas mãos dos gerentes e de suas equipes de tr a balho e não é mais ela bor ado por ór gãos de staf f , elabor distanciados das operações cotidianas. Desenhar um cargo tende a ser mais outra responsabilidade de linha do gerente, que a reparte democraticamente com sua equipe de trabalho. Para tanto, o gerente deve ser orientado quanto às dimensões essenciais a serem adicionadas aos cargos de sua equipe como base para o seu desenho. 2º TEXT O EXTRAÍDO DDAA REVIST TEXTO REVISTAA VOCÊ S/A – VOCÊ VALENDO MAIS (REPOR A)EDIÇÃO SETEMBR O DE 2002). (REPORTTA GEM DE CAP CAPA)EDIÇÃO V OCÊ VALENDO MAIS Por Alessandra Fontana e Rodrigo Vieira da Cunha. Este ano, pela primeira vez, a Fináustria, empresa especializada em financiamento de automóveis, entrou na lista do Guia EXAME – As 100 Melhores Empresas para Você Trabalhar. A empresa tem motivos para comemorar – e seus executivos têm mais motivos ainda. Com base nos resultados de 2001, eles praticamente triplicaram seu salário fixo anual. Milagre? Não. Participação nos lucros e nos resultados. A Fináustria é uma das mais agressivas do mercado na arte de recompensar a equipe pelos bons resultados que traz. Quanto maior a responsabilidade, maior a possibilidade de ganho. No ano passado, teve gerente da área de vendas que aumentou sua conta bancária em 22 salários — além dos 13 previstos por lei. A área administrativa, por sua vez, levou em média nove salários no primeiro semestre deste ano. O caso da Fináustria, sediada em São Paulo, é exemplar pelo volume de recursos distribuídos aos executivos. A maioria das empresas limita a distribuição a um ou dois salários para cada funcionário. O ffaa to to,, porém, é que mais e mais empresas estão aderindo à r em uner ação v ariáv el como ffor or ma de conquistar a adesão emuner ariável do seu pessoal para a busca de resultados. Pesquisa da consultoria americana Towers Perrin mostra que 91% de 240 grandes e médias empresas brasileiras já tinham remuneração variável em 2000. O variável veio para ficar – e isso é uma boa notícia. Cada vez mais você poderá influenciar o destino de sua empresa e ser recompensado quando isso representar crescimento e lucro. Desde que a lei que regulamenta os planos de participação nos lucros e/ou resultados foi instituída, no final de 1994, o salário fixo virou apenas um item da remuneração total. Então, tudo são flores nas empresas que instituíram o variável? Sim e não. Veja os fatos: 1 o FFAATO. Voltemos ao Guia EXAME – As 100 Melhores Empresas para Você Trabalhar. Entre as 65 perguntas feitas aos funcionários das 194 GP2.pmd 194 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS empresas listadas no guia deste ano, a principal queixa diz respeito à remuneração variável. Quatro em cada dez funcionários entre as 100 melhores não acham justa a fatia que lhes cabe na divisão do bolo. Atenção: estamos falando das 100 melhores para trabalhar no Brasil. Imagine nas outras! 2o FFAATO. O lucro das empresas está encolhendo desde o ano passado. Segundo o anuário Melhores e Maiores, publicado em julho pela revista EXAME, com dados de 2001, a lucratividade das 500 maiores empresas do país caiu 57% em relação ao ano anterior. Resultado disso: sem lucro não há variável. Dados da consultoria Hay do Brasil mostram que os bônus pagos em 2002 (referentes a 2001) caíram 8% quando comparados ao valor pago no ano anterior. Pode-se prever mais ventania pela frente. Todos os dados econômicos disponíveis até agora mostram que a situação vai se repetir – ou até piorar – nos pagamentos do início de 2003. 3 o FFAATO. Eis uma boa notícia: desde 1995, quando entrou em vigor a lei que criou o variável, os salários de profissionais e executivos cresceram 7% acima da inflação. No mesmo período, a remuneração total (salário fixo mais variável) cresceu 16%. Traduzindo: as empresas não achataram o salário para pagar o variável. Ao contrário, estão todos levando mais dinheiro para casa. CONCLUSÃO: o variável varia — mas a maioria de nós ainda não se deu conta disso. Lembra quando você só tinha 12 salários, o 13o e os benefícios? Pois bem, em alguns anos, dependendo do desempenho de sua empresa, é só isso que você vai levar. Os resultados positivos dos anos 90 nos fizeram acreditar que a festa nunca acabaria. Pois acabou, pelo menos temporariamente. E as empresas comunicaram mal que essa era uma possibilidade. “Os brasileiros estão vivenciando pela primeira vez uma safra de maus resultados desde o surgimento dos planos de par ticipação nos lucros”, diz Felipe Westin, diretor corporativo de recursos humanos da Bristol-Myers Squibb. Westin é um dos pioneiros na implantação da remuneração variável no Brasil, na época em que trabalhava para a Monsanto. A Bristol, outra empresa presente entre as melhores para trabalhar, não paga bônus espetaculares, mas aposta em outro tipo de variável: stock options . Embora as ações, que são cotadas na Bolsa de Valores de Nova York, estejam em baixa no momento, o programa já realizou o sonho de muita gente. Operários de fábrica, inclusive. Todas as pesquisas mostram que mais e mais empresas têm programas de variáveis e estão desembolsando grandes quantias para mantê-los. Então, por que a insatisfação? Os especialistas em remuneração consultados por VOCÊ S/A são unânimes na conclusão: as empresas estão comunicando mal. Elas estão falhando num princípio básico da remuneração variável, o de que cada um deve saber qual é seu papel na busca por resultados. Sem isso não há motivação. Em seu lugar, surge a sensação de injustiça verificada na pesquisa do guia EXAME. Outro problema é que muitas empresas decidiram adotar uma U N I D A D E 10 GP2.pmd 195 195 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA ter minologia batizada de remuneração total – e mais uma vez esqueceram-se de avisar sua turma. A remuneração total nada mais é do que contabilizar salário fixo, benefícios (como plano de saúde e previdência privada) e as várias formas de variável numa mesma sacola. Direta ou indiretamente, trata-se de dinheiro que a empresa desembolsa com cada funcionário. Os pagamentos indiretos, por exemplo, podem representar um aumento substancial no padrão de vida, sem efetivamente significar uma cifra maior no holerite. “Está claro que a falta de compreensão sobre esses sistemas causa insa tisf ação ometimento e aumenta insatisf tisfação ação.. Isso le levv a a um baix baixoo compr comprometimento a rrota ota vidade” otatititividade” vidade”, afirmam os autores da pesquisa The Knowledge of Pay Study (algo como o Estudo do Conhecimento de Remuneração), realizada com mais de 6.000 funcionários de 26 empresas nos Estados Unidos e no Canadá. A autoria da pesquisa é da Wor ld at Work, associação dedicada ao estudo de modelos de compensação. “Todo mundo prefere dinheiro vivo no bolso, é claro”, diz Felipe Rebelli, sócio da consultoria Towers Perrin. Muitas empresas adotam a política de pagar em dinheiro a parcela que seria gasta com benefícios. É o caso da Redecard, que oferece uma porcentagem do salário para os funcionários utilizarem como preferir dentro de um menu de benefícios. Uma pergunta está no ar: as empresas que entram no Guia EXAME – As 100 Melhores Empresas para Você Trabalhar são as mais agressivas em remuneração? Eis a resposta: não. Nem sempre salário maior e variável for te significam alta taxa de satisfação dos funcionários. As dez primeiras colocadas no ranking 2002 pagam a seus executivos salários anuais, em média, 13% mais baixos que as outras 90. Para os demais níveis, o pagamento é 40% menor. Qual é a mágica, então? Essas empresas “compram” a satisfação com outro tipo de moeda. Tratamento com justiça e respeito, opor tunidades de car reira e ambiente amigável são suas formas de recompensa. Outro fato, porém, chama a atenção quando se analisa seu modelo de remuneração. Elas comunicam, comunicam e comunicam. Isso faz com que a percepção dos funcionários em relação a quanto é pago a eles em dinheiro vivo ou em benefícios seja relativamente melhor. Vejamos o caso da primeira colocada na lista das melhores empresas para trabalhar no país, a Siemens Metering, de Curitiba. Ela não tem políticas agressivas de remuneração variável nem um pacote de benefícios sofisticado. No quesito transparência, porém, ela merece nota 10. Seu modelo é simples e objetivo: paga na média do mercado e oferece a todos os mesmos benefícios. Além disso, todo mundo é elegível ao plano de divisão de lucros anual, que paga uma quantia igual para todos – quando há o que dividir, fique bem claro. Quando não há, ninguém fica se sentindo injustiçado porque todos sabem exatamente para onde está indo o dinheiro da empresa. Um balanço simplificado apresenta trimestralmente aos quase 400 funcionários quanto foi gasto (no total e per capita) com salários, encargos sociais, alimentação e outros benefícios. 196 GP2.pmd 196 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS UM TAB TIV O ABUU CORPORA CORPORATIV TIVO A comunicação é ineficiente nas empresas brasileiras por uma questão cultural. “Remuneração é um tema delicado no mundo corporativo brasileiro”, diz Paulo Paixão, líder da área de comunicação estratégica da Mercer Human Resource Consulting. Entre colegas de trabalho, dinheiro é assunto tabu. Ninguém se sente confor tável para falar aber tamente quanto ganha, perguntar para o chefe como são as políticas de recompensa da companhia ou questionar o RH sobre tudo isso. Do lado das empresas, os modelos de remuneração são tratados com um nível de sigilo elevado, como algo que os funcionários não precisam conhecer. Já os chefes costumam fazer feio na hora de explicar o assunto e esclarecer as dúvidas de sua equipe. O problema tende a se acentuar em momentos de crise como o atual. As chances de aumentos, de bônus gordos ou de lucros para dividir ficam limitadas. O ambiente torna-se propício para insatisfações latentes explodirem. O guia EXAME identificou o problema na origem. Em média, 37% dos funcionários pesquisados entre as 100 melhores empresas para trabalhar consideram que não são pagos adequadamente pelo ser viço que f az em. Quando o assunto é azem. participação nos lucros, a conta fica ainda mais negativa para o lado da empresa. Da mesma amostra, 41% afirmam não acreditar em justiça na hora da divisão do bolo. A empresa com a menor nota neste quesito entre as 100 (à exceção das dez primeiras, as demais 90 aparecem no guia por ordem alfabética) tem seu programa de participação nos lucros questionado por 68% dos funcionários. Outra empresa teve resposta ainda pior no item que pergunta se os funcionários se sentem adequadamente pagos pelo ser viço que fazem. Três quar tos deles criticaram a companhia. Nem a melhor colocada nesse item (uma das dez primeiras, por sinal) conseguiu unanimidade. Mesmo lá, 22% do time está descontente com o que ganha. O XIS DA QUESTÃO A remuneração pelo desempenho é algo que ocupa a cabeça dos trabalhadores desde que civilizações começaram a surgir na Mesopotâmia, há cerca de 6.000 anos. Naquela época, quando nasceu, o conceito já era complexo. Os catadores dos olivais recebiam pelo número de cestas de azeitonas colhidas. No Brasil, a distribuição de lucros e resultados é lei desde 1994, como medida provisória, regulamentada em 2000. Sua criação provocou uma corrida das empresas. De acordo com uma pesquisa feita em 1995 pela consultoria Hay com 250 grandes empresas, 12% tinham pr os e 78% of er eciam bôn us proo g r amas de par ticipação nos lucr lucros ofer bônus a executivos. Hoje, 100% dessas mesmas empresas têm algum programa de remuneração variável: 85% oferecem parte dos lucros e/ ou resultados; 68%, bônus; 55% pagam das duas formas. Quando surgiu U N I D A D E 10 GP2.pmd 197 197 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA nos Estados Unidos, nos anos 60, a idéia era transferir para os ombros dos CEOs uma parte dos riscos que os acionistas corriam ao investir seu capital na empresa. Para o resto da equipe sobravam salário fixo e benefícios. Ao contrário do que se pensa, as companhias não estavam sendo benevolentes ao fazer isso. Era uma questão de aliviar o peso da folha no orçamento. Os acionistas decidiram, então, compar tilhar o risco também com os funcionários, como já vinham fazendo com seus executivos. No Brasil, o primeiro programa de participação nos lucros conhecido é do final da década de 30. A Ipiranga, empresa de distribuição de combustíveis, registrava a divisão em seu estatuto. Outro caso mais recente é o da DPaschoal, rede de lojas de pneus, que já distribuía lucros na década de 70. Mas, salvo tímidas iniciativas, a maioria das empresas começou a despertar para os modelos de remuneração variável em meados dos anos 90. Como se viu, num primeiro momento foi só festa. Havia dinheiro para distribuir. O que vai acontecer agora? Mudanças estão em gestação na área de recursos humanos – e podem afetar o seu bolso. As pesquisas indicam que o seu variável pode ser cada vez maior. Levantamento da consultoria Deloitte Touche Tohmatsu, por exemplo, mostra que 39% de 152 companhias de grande, médio e pequeno por tes avaliadas pretendem implantar um novo modelo ou rever seu atual sistema de remuneração neste ano. “Hoje, o fôlego das empresas para aumentar o salário fixo é muito menor”, diz Vicente Gomes, gerente do negócio de informações da Hay do Brasil. “Uma economia estável não permite aumentar os salários, numa ponta, e repassar a conta para os preços, na outra.” A par te variável da remuneração total já vem crescendo desde a última década. A parcela de risco dos diretores, por exemplo, cresceu de 13% em 1992 para 22% neste ano. O SEU PPAPEL APEL COMO CHEFE A correção de rota no programa de remuneração das empresas deve afetar ainda mais o humor corporativo em relação ao assunto. Se você é um líder de equipe, terá papel fundamental nessa hora. A pesquisa da World at Work mostra a importância do chefe direto na comunicação de assuntos ligados à remuneração. “Os funcionários preferem conversar com o chefe e com o consultor de RH a ler um manual”, diz o estudo. O motivo mais provável? Chefes imediatos e subordinados falam a mesma língua e têm uma relação de trabalho muito mais próxima. A Embraco, fábrica de compressores para refrigeração, de Joinville, Santa Catarina, experimentou o poder da relação chefe/ subordinado em junho deste ano. O volume de produção cresceu além do esperado. O que era uma boa notícia poderia transformar-se rapidamente em acomodação nas fábricas. As metas de custos acabaram folgadas e fáceis demais de atingir. Mais que depressa, a empresa reviu as metas para manter a equipe desafiada – com efeito, é claro, sobre a divisão de lucros do pessoal. “Sem uma mudança, não 198 GP2.pmd 198 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS haveria mais desafios”, explica Renato Butzkie, diretor de RH da companhia. O essencial para que ninguém sentisse que as regras do jogo haviam mudado – para pior – no meio do segundo tempo foi a ação dos gestores diretos, com a comunicação cara a cara com as equipes. Em agosto último, os funcionários receberam 0,69% de um salário. O valor é relativo ao desempenho do primeiro semestre. No final do ano, se as novas metas forem cumpridas, os funcionários podem receber outra parcela. “O gestor deve ser proativo, ir atrás de informação e avisar seu superior que a falta de entendimento pode afetar o desempenho do time”, diz Paulo Paixão, da Mercer Consulting. SEJA OBJETIVO Muitas vezes a insatisfação surge porque as pessoas não conseguem medir o impacto que seu desempenho individual tem na performance da companhia. Isso é comum nas áreas de apoio, que não estão diretamente ligadas à produção. Modelos que contemplam somente a performance individual, nesses casos, são difíceis de funcionar. Em geral, o variável está atrelado ao resultado da área e da empresa. Quando o desempenho individual é parte do variável, avaliações de desempenho e acompanhamento da performance dos funcionários são essenciais. Elas evitam a subjetividade. A falta dessa medida gera mal-entendidos e aquela sensação de que “os lindos olhos azuis” de alguém são critérios de bonificação. Na Embraco, todos têm seu desempenho medido isoladamente por uma avaliação 360 graus anual. E o variável está atrelado a ela – e não apenas a indicadores financeiros. Na empresa catarinense, os resultados financeiros da companhia têm, sim, um peso maior (55%), mas qualidade (25%), segurança (10%) e modelo de gestão (10%) também são levados em conta. O plano contempla resultados e não somente lucro. PARA TODO MUNDO Planos de remuneração que recompensam o esforço de apenas uma parcela da companhia em detrimento de outras também costumam provocar o sentimento de injustiça. É claro que os padrões de recompensa podem variar de acordo com a responsabilidade ar que todos ffaz az em par te de cada nív el, mas é pr eciso consider nível, preciso considerar azem do time or isso ecem par ticipar da par te boa – time.. PPor isso,, também mer merecem esa. Talvez e não só do esf orço – de tr esforço traa balhar par paraa aquela empr empresa. um dos programas de recompensa mais eficientes do mercado seja de outra empresa que aparece na lista das 100 melhores para trabalhar deste ano: a América Latina Logística (ALL), operadora logística com sede em Curitiba. A empresa universalizou seus programas de remuneração para desafiar 100% do seu time a buscar resultados. Do maquinista do trem ao executivo, todos são elegíveis ao bônus que a companhia paga anualmente. O variável na ALL inclui também um plano de participação nos lucros. U N I D A D E 10 GP2.pmd 199 199 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Há poucos indícios de que as pressões (e recompensas) por resultados vão diminuir nas empresas. Assim como é improvável que as políticas de atração e retenção de talentos arrefeçam. As empresas precisam de gente capaz de ajudá-las a atravessar as turbulências. Se você é esse talento e não se sente devidamente recompensado, existem duas saídas. A primeira é procurar outro lugar para trabalhar. A segunda é encarar o desafio aí mesmo. Se fizer a segunda opção, lembre-se de que a participação do salário fixo em sua remuneração será cada vez menor. A saída é apostar no variável. Para isso, você precisará mostrar resultados. Em resumo: trabalhe muito – rezar também vale – para que as empresas voltem a ter lucro. Afinal, toda vez que o acionista ficar feliz, você também ficará. 200 GP2.pmd 200 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Remuneração variável Objetivos de aprendizagem ♦ compreender a importância e a necessidade das organizações adotarem sistemas de remuneração variáveis; ♦ conhecer os principais tipos de remuneração variável e os procedimentos básicos para uma organização elaborar e implementar um dos modelos. Seções de estudo A seguir, acompanhe as seções que você irá estudar nesta unidade. Ao final de cada etapa de estudos use os quadros para assinalar as seções já estudadas. Seção 1 – O que é remuneração variável? Seção 2 – Quais são as ffor or mas de r em uner ação emuner variável? Seção 3 – Como aaplicar plicar a par ticipação nos lucr os lucros ou resultados? Seção 4 – Remuneração por competências. Unidade 11 Ao final desta unidade você terá subsídios para: 201 GP2.pmd 201 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Par araa início de estudo No ambiente or g anizacional a contrib uição em ter mos contribuição de desempenho, produtividade e resultados de um cola bor ador er ente do cole g a de ador,, nor malmente é dif difer tr a balho balho,, mesmo que eexx erçam o mesmo car g o . Cada colaborador “agrega”, ou seja, contribui em maior ou menor intensidade para os resultados da empresa. Por menor que seja este diferencial, o sistema tradicional de remuneração, apresentado na Unidade 10, não per mite r ecompensar o cola bor ador fface ace ao seu desempenho erência é o car g o eexx er cido desempenho,, pois a r ef eferência cido.. Assim, o objetivo da remuneração variável é passar a focar o indivíduo e seu desempenho, ao invés de priorizar exclusivamente o cargo que exerce. É esta a discussão que você estudará nesta unidade. SEÇÃO 1 – O Q UE É REMUNERAÇÃO VARIÁVEL ? Se a participação e o envolvimento dos funcionários são fundamentais para o sucesso de uma empresa, nada mais justo, então, do que dividir estes resultados, por meio de uma das modalidades de remuneração variável. Remuneração variável, trata-se de um conjunto de diferentes formas de recompensa oferecidas aos colaboradores, complementando a remuneração fixa, por intermédio do alcance de metas e resultados. Visa criar uma vinculação estreita entre o desempenho e a recompensa, compartilhando os resultados e transformação do custo fixo em variável. 202 GP2.pmd 202 7/3/2007, 11:56 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS A remuneração variável, para Wood (1999), é vinculada a metas de desempenho dos indivíduos, das equipes ou da organização. Inclui a participação nos lucros e resultados. Assim, as pessoas serão recompensadas pelo papel que desempenham no espaço organizacional e não necessariamente pelo cargo que possuem. Uma das principais razões para a utilização da remuneração variável, segundo Coopers (1996), é vincular a recompensa ao esforço realizado para conseguir determinados resultados. Quais os principais objetivos e vantagens de um pr o g r ama de r em uner ação v ariáv el? Os principais objetivos de um programa de remuneração variável são: vincular o desempenho e a recompensa para incentivar o indivíduo e o grupo a buscarem a melhoria contínua; partilhar os bons e maus resultados da empresa; e transformar custo fixo em custo variável. As principais vantagens, segundo Chiavenato (1999), são: ajusta a remuneração às diferenças individuais das pessoas e ao alcance de metas e resultados; funciona como motivação intrínseca, ou seja, como fator motivacional, dando ênfase à auto-realização pessoal; premia o bom desempenho e incentiva o desempenho excepcional; focaliza os resultados e o alcance dos objetivos; não produz impacto sobre os custos fixos da empresa. Observa-se que a grande vantagem da remuneração variável é a flexibilidade, pois permite a organização recompensar seus colaboradores caso haja um esforço para o alcance de melhores resultados. Assim, fica fortalecido o processo de parceira, onde as duas partes ganham, ou melhor, dividem os resultados alcançados. U N I D A D E 11 GP2.pmd 203 203 7/3/2007, 11:56 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA S EÇÃO 2 – Q UAIS SÃO AS FORMAS DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL ? A remuneração variável, de acordo com Dutra (2002), pode ser classificada de diferentes formas. Normalmente, é utilizado o foco de distribuição. Utilizando essa forma de classificação, a remuneração variável pode ser por participação: nas vendas: nesse caso, a remuneração pode ser apresentada na forma de comissão sobre vendas de um produto ou serviço ou na forma de prêmios obtidos por resultados em campanhas de vendas; nos resultados: nesse caso, a remuneração é função do alcance de metas previamente negociadas entre a empresa e os trabalhadores; nos lucros: nesse caso, a remuneração é uma fração do lucro obtido pela empresa. Normalmente, o lucro distribuído é uma fração do lucro que excede a remuneração mínima exigida pelos acionistas. Também, o montante do lucro a ser distribuído é estabelecido previamente entre os acionistas e os colaboradores; acionária: neste caso, a remuneração é a distribuição de ações da empresa em função dos resultados obtidos em determinados períodos. Esse tipo de remuneração visa comprometer as pessoas com resultados de longo prazo, partindo-se do pressuposto de que com o crescimento da empresa, o valor das remunerações irão aumentar. Esses diferentes tipos de remuneração, ainda segundo Dutra (2002), podem ser oferecidos de forma integrada pela empresa. No entanto, todas as formas de remuneração variável devem considerar dois aspectos essenciais: a origem do dinheiro a ser distribuído; e a forma de distribuição. Esses dois aspectos devem ser analisados de forma separada, pois envolvem variáveis diferentes. Quanto à origem dos recursos financeiros a serem distribuídos, deve ser objeto de negociação entre os dirigentes e os proprietários (acionistas) da empresa. A lógica, neste caso, é estimular as pessoas a obterem lucro maior do que estariam dispostas se não houvesse a remuneração variável. 204 GP2.pmd 204 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS No que se refere à forma de distribuição do valor para os colaboradores, deve ser negociada também de maneira antecipada e transparente. É comum observar que a distribuição leva em consideração o desempenho da empresa, das equipes, das áreas e individual. Não existe na literatura uma padronização das formas de remuneração variável. Cada autor apresenta o seu entendimento, calçado em suas experiências profissionais e em pesquisas realizadas. A seguir apresenta-se uma relação de diversas formas de remuneração variável, explicitadas por diversos autores (CHIAVENATO, 1999; MARRAS, 2001; GIL, 2002; DUTRA, 2002): 1. participação nos lucros e resultados – ver Seção 3; 2. remuneração por competências e habilidades – ver Seção 4; 3. plano de bonificação anual – trata-se de um valor monetário distribuído ao final de cada ano aos funcionários em função da contribuição para o desempenho da empresa. O desempenho pode estar fundamentado em certos critérios como lucratividade alcançada, melhoria da produtividade, dentre outros; 4. distribuição de ações da empresa aos funcionários – a distribuição de ações da empresa a determinados funcionários como forma de recompensa, é outra maneira de se fazer remuneração flexível. Neste caso, o valor financeiro do ônus ou da participação de cada colaborador é substituído por papéis da empresa; 5. opção de compra de ações da empresa – muitas empresas estão proporcionando um forma diferente de remuneração variável por meio da oferta de ações que são vendidas por preços subsidiados para seus colaboradores, observando determinadas regras. O objetivo é fazer com que o funcionário se torne também acionista da organização por seu esforço, mas com a ajuda da empresa. Trata-se de um modelo comum nos EUA, também conhecido como stock options; 6. programa de sugestões – prática adotada por algumas empresa que visa estimular a geração de idéias por parte dos colaboradores. Neste caso, todas as sugestões são analisadas, testadas e se procedentes, o colaborador recebe um valor financeiro, que normalmente é associado ao impacto que a melhoria promove na empresa, seja em termos financeiros ou produtividade. Dentre as alternativas de remuneração variável as mais utilizadas são participação nos lucros e resultados e remuneração por competências e habilidades. Assim, nas seções 3 e 4, a seguir, você terá o detalhamento destas modalidades. U N I D A D E 11 GP2.pmd 205 205 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA S EÇÃO 3 – C OMO APLICAR A PAR TICIP AÇÃO NOS ARTICIP TICIPAÇÃO L UCR OS OU RESUL RESULTTADOS ? UCROS A participação nos lucros ou resultados – PLR – tem sido considerada por muitos autores, e até mesmo por empresários, como uma forma de mobilização interna, compartilhamento de responsabilidades e de comunicação da filosofia de gestão e das estratégias das empresas, pois permite alinhar os objetivos das diversas áreas e dos funcionários com aqueles definidos pela alta administração das empresas em seus planejamentos estratégicos. Esta modalidade de remuneração variável pode ser centrada nos lucros ou nos resultados e pode ser calculada de diversas formas, mas, em geral, os modelos utilizados buscam alavancar os resultados das empresas através do comprometimento dos funcionários. A modelagem simples de um programa de PLR é o segredo de seu sucesso, pois assim poderá ser compreendido por todos os níveis hierárquicos da empresa, devendo também demonstrar transparência e ética por parte da empresa na condução do processo de implementação e manutenção. Os programas de participação nos lucros ou resultados (PLR) são importantes estratégias para garantir a motivação e produtividade, e o que é melhor, sem encargos sociais. Este sistema de remuneração está previsto em lei desde a Constituição de 1946, mas apenas em 2000, a medida provisória 10.101 regulamentou a PLR, estabelecendo as diretrizes para seu pagamento, como o acordo prévio com o sindicato e a periodicidade mínima semestral. Este é um eficiente caminho para vincular a produtividade ao resultado. O funcionário se sente, em parte, dono do negócio e valorizado, já que o bom desempenho será devidamente recompensado pela empresa. Além disso, é um incentivo ao trabalho em equipe e a parceria entre empregados e empresa melhora o clima organizacional. 206 GP2.pmd 206 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS A seguir apresentam-se as principais vantagens da participação nos Lucros ou Resultados e alguns fatores condicionantes: FONTE : Coopers (1996, p. 86). No âmbito das grandes empresas, esta modalidade de remuneração variável já vem sendo adotada desde sua instituição, com maior ênfase a partir do final da década de 1990. Mas a PLR não deve ser uma exclusividade das grandes organizações. Pelo contrário, ela pode e deve ser adotada pelas médias e até pequenas empresas. Empresas menores devem estabelecer metas bem palpáveis, quanto mais objetivas forem, mais conseguirão agregar redução de energia, de material de consumo, aumento de faturamento, dentre outras variáveis. O primeiro passo para implantar a PLR é definir a visão de futuro, ou seja, aonde a empresa quer chegar. Assim, ela poderá mais facilmente estabelecer metas a serem atingidas. O passo seguinte é montar uma equipe multidisciplinar que possa dar sugestões, já que um programa desse tipo não pode ser imposto pela direção, mas deve ser um consenso entre os funcionários. É este grupo que irá definir os indicadores, a forma de medição e de distribuição dos resultados. Feito todo o desenho do programa, é preciso levá-lo para o aval do sindicato. U N I D A D E 11 GP2.pmd 207 207 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Já Correa (1999) afirma que a implantação de um programa de participação nos lucros ou resultados requer um planejamento completo, prevendo toda a sua composição, normalmente realizado por etapas, que deverão seguir uma seqüência lógica de execução. Segundo o autor, um programa deve levar em conta a ponderação dos três fatores mais importantes da condição de um colaborador que são: o cargo, a experiência e o desempenho. Ainda segundo Correa (1999), a etapas a serem seguidas para a implantação de um PLR são as seguintes, em ordem de execução: 1ª etapa – escolha e definição das regras de participação – deverá ser realizado um levantamento das particularidades e necessidades da empresa e dos resultados que se pretende atingir. Nesta etapa deverão ser definidas as regras escolhidas para o programa, avaliando se as alternativas para definir a meta global serão baseadas em lucro ou resultado, se o programa será participativo ou meramente distributivo, quais serão os indicadores para a formação do montante a ser repartido, o esquema de pontuação e ponderação e o cronograma detalhado de implantação e duração do ciclo completo; 2ª etapa – comissão dos trabalhadores e negociação das regras – nesta etapa é definida a formação dos grupos de colaboradores com os quais serão negociadas as regras do programa, estabelecidas na primeira etapa. São determinadas as atribuições dos representantes e, por último, o acordo coletivo que conterá todas as regras negociadas; 3ª etapa – direcionamento dos negócios – o objetivo desta etapa é identificar e selecionar as prioridades estratégicas e operacionais que deverão nortear a execução do programa, visando direcionar os esforços num mesmo alvo comum. Também é decidido o que deve e o que não deve ser divulgado internamente, visando principalmente preservar informações sigilosas para a empresa; 4ª etapa – objetivos, metas e planos táticos – esta é uma das fases mais importantes do programa, pois irá estabelecer os objetivos e metas individuais e coletivas dos participantes e inter-relacioná-las com as prioridades da empresa, definidas na terceira etapa. Também, nesta etapa, serão definidos os planos táticos de trabalho que estabelecerão o que deve ser feito para que as metas possam ser alcançadas; 5ª etapa – avaliações parciais da evolução de cada meta – periodicamente, durante a execução dos trabalhos táticos 208 GP2.pmd 208 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS de cada meta, é necessário que seja medido o grau de evolução e atingimento parcial de cada meta para que os desvios possam ser corrigidos a tempo ou, se necessário, para que a meta seja redirecionada; 6ª etapa – avaliações finais de desempenho – esta etapa vai exigir muito senso crítico dos participantes que irão auto-avaliar de forma precisa e objetiva seus desempenhos. Ao final, após a atribuição das notas e ponderação aos desempenhos, será calculada a pontuação total de cada participante, que servirá se base para o rateio proporcional do bolo, determinando qual será o tamanho da fatia obtida por cada um. É oportuno destacar que cada etapa do programa precisa ser implantada com muito cuidado e determinação. O processo deve ser transparente, com comunicação clara e permanente. Cada colaborador deverá ter ciência de seu papel frente ao programa, responsabilidades, direitos e deveres, para que haja efetivamente participação e comprometimento com o programa. Toda empresa que pretender adotar a PLR precisa estar ciente da adoção de alguns preceitos, que são fundamentais para o sucesso do programa, os quais destacam-se: a iniciativa do processo cabe sempre à empresa, ela deve estar ciente da importância e de suas responsabilidades na condução do processo; a empresa precisa ver seus colaboradores como verdadeiros parceiros, assim, é preciso acreditar no potencial de seus funcionários e entender que o sucesso da empresa depende deles; a condução e o acompanhamento do processo devem ser transparentes, pois a omissão de informações poderá gerar desconfiança e inviabilizar os objetivos pretendidos com o programa; os colaboradores precisam se sentir seguros em relação ao programa, principalmente de ameaças relacionadas à perda de emprego; a confiança mútua é um fator preponderante para se obter sucesso. Assim, conclui-se a exposição do tema participação nos lucros ou resultados e passa-se para a modalidade de remuneração por competências. U N I D A D E 11 GP2.pmd 209 209 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA S EÇÃO 4 – R EMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIAS A remuneração por competências na percepção de Wood (1999) é fruto da convergência de vários fatores: o crescimento do setor de serviços na economia, acompanhado por forte demanda por profissionais mais qualificados; a ascensão das empresas de conhecimento intensivo, principalmente em setores de alta tecnologia; a reestruturação de empresas, com a redução das estruturas hierárquicas rígidas e a implementação de estruturas horizontais e mais flexíveis; a popularidade do conceito de competência, após a publicação de livros e artigos de C. K. Prahalad e Gary Hamel (1990), que deram status estratégico ao tema, levando-o ao centro das preocupações das empresas. A partir destas premissas, segundo o autor, muitas empresas começaram a desenvolver projetos relacionados ao tema “competências”, procurando identificar conhecimentos, comportamentos e atitudes necessárias para fazer frente à nova realidade. O conceito de competência é abordado por vários autores, sob diferentes formas e entendimentos. Para melhor orientar o leitor, apresenta-se o conceito de Parry (apud WOOD, 1999), pois vem ao encontro desta modalidade de remuneração. Competência é um agrupamento de conhecimentos, habilidades e atitudes relacionados que afeta parte considerável da atividade de alguém, que se relaciona com o desempenho, que pode ser medido segundo padrões preestabelecidos e que pode ser melhorado por meio de treinamento e desenvolvimento. Hipólito (2001) comenta que a remuneração por competências surgiu da necessidade de diferenciar colaboradores com habilidades diversas. Na verdade, a remuneração por competências é uma maneira de remunerar de acordo com a contribuição pessoal de cada funcionário à organização e incentivar a participação e o envolvimento das pessoas na condução dos negócios da empresa. 210 GP2.pmd 210 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS É uma forma de remuneração relacionada com o grau de informação e o nível de capacitação de cada funcionário. O sistema premia certas competências técnicas ou comportamentais do funcionário. O foco principal passa a ser a pessoa e não o cargo. Isto significa que a remuneração não está relacionada com as exigências do cargo, mas com as qualificações de quem desempenha as tarefas. Na remuneração por competência, os funcionários que ocupam o mesmo cargo podem receber salários diferentes conforme o nível de competências de cada um. A relação entre competências e o desempenho organizacional pode ser visualizada na representação a seguir: Observa-se que as competências geram comportamentos, que por sua vez geram resultados e contribuem para a melhoria do desempenho organizacional. Gil (2001) informa que esta modalidade de remuneração é constituída pelas competências que o colaborador possui. Assim, o cargo que ocupa e o tempo de serviço têm um papel secundário. Com isso, os salários são diretamente vinculados a um processo de certificação, no qual o colaborador precisa demonstrar sua competência. Os aumentos de salários não estão vinculados à promoção, como acontece nos sistemas tradicionais. Orienta ainda o autor, que a implantação de um programa dessa natureza deve levar em consideração os seguintes procedimentos: a identificação com competências que criam valor para a organização e que, portanto, devem ser recompensadas; o mapeamento das qualidades, atributos e comportamentos que diferenciam os profissionais de desempenho superior dos demais; a validação destas competências visando certificar se realmente fazem a diferença em termos de desempenho do profissional; a vinculação das competências em níveis de remuneração. Assim, parte da remuneração dos colaboradores é fundamentada nas competências que desenvolve, sendo que a aquisição de novas competências poderá implicar no aumento do nível de remuneração. U N I D A D E 11 GP2.pmd 211 211 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Exercer uma competência significa aplicá-la no dia-a-dia da empresa. Não basta ter conhecimentos, precisa-se da habilidade e da atitude de querer fazer. Wood (1999) apresenta como características de um sistema de remuneração por competências, os seguintes aspectos: a base para a remuneração – o foco passa a ser na pessoa, ao invés do cargo. A base da remuneração passa a ser o conjunto de competências certificadas que o indivíduo possui; a certificação da competência – os aumentos salariais são diretamente vinculados a um processo de certificação, no qual o funcionário tem que demonstrar o domínio do conhecimento; a evolução salarial – à medida que o colaborador adquire nova competência, com a devida certificação, passa a ter novo nível salarial; a questão da “senioridade” – tem um papel secundário na remuneração por competências; oportunidade de evolução – o foco está na capacitação e no desenvolvimento das pessoas. Chiavenato (1999) afirma que o objetivo da remuneração por competência é remunerar de maneira personalizada cada funcionário de acordo com a sua competência pessoal. O processo de mapeamento de competência pode ser realizado de várias formas. A seguir apresenta-se a identificação das competências dos cargos de instrutor de treinamento e de gerente de pessoas em quatro agrupamentos de competências: competências técnicas, competências de negócios, competências interpessoais e competências intelectuais. Esta forma de agrupamento é apresentada por Parry (apud WOOD. 1999): 212 GP2.pmd 212 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA CARGOS P ESSO AS ESSOAS INSTRUTOR DE TREINAMENTO GERENTE DE RH didática; Técnicas preparação de material; avaliação de resultados; compreensão teórica; e domínio prático das técnicas. De negócios DE (Pode haver competências desejáveis) uso de recursos de informática; compreensão teórica e domínio prático de técnicas de gestão de pessoas. compreensão do negócios; análise custo benefício; domínio da teoria e técnicas de gestão de mudanças e gestão de projetos. Inter pessoais coaching; coaching; feedback; feedback; condução de grupos; condução de grupos; apresentações; negociação; preparação de relatórios. apresentação; preparação de relatórios. Intelectuais síntese de informações; auto-aprendizado; formulação de estratégias de atuação. auto-aprendizado. Observa-se que há ênfase diferenciada em cada agrupamento de competências, face à complexidade e perfil de cada cargo. Enquanto as competências técnicas são fundamentais para o instrutor de treinamento, as competências de negócios são indispensáveis para o gerente de pessoas. A seguir apresenta-se outro exemplo de competência, devidamente estruturada em níveis de complexidade, conceito este indispensável para identificar o nível de proficiência em que o colaborador se encontra. Trata-se da competência comunicação, especificada para profissionais que atuam na ára comercial. U N I D A D E 11 GP2.pmd 213 213 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Níveis Descrição: 1 desenvolver e manter relações com clientes internos e externos; 2 comunicar-se com pessoas nos níveis hierárquicos mais altos da empresa e de outras empresas; 3 construir e cultivar credibilidade nas relações de negócios com terceiros; 4 identificar fontes de informação e assistência para a solução de problemas; 5 transmitir informações concisas e com credibilidade sem perda dos detalhes necessários. Finalizando a apresentação desta modalidade de remuneração variável, é oportuno esclarecer que recomenda-se a adoção da remuneração por competências em empresas com projeto organizacional avançado, com poucos níveis hierárquicos, larga utilização de equipes auto-gerenciadas e um estilo de gestão aberto e voltado para a administração participativa. A TIVID ADES TIVIDADES DE A UT O - A V ALIAÇÃO UTO Após a leitura criteriosa desta unidade, leia com atenção os enunciados e realize as questões que seguem. 1. Especifique se a empresa que você atua adota alguma modalidade de remuneração variável. Caso sua empresa não adote, faça uma pesquisa de campo em uma empresa de sua região. Identificar os seguintes aspectos: tipo de remuneração variável, critérios de concessão, valores aproximados que são distribuições em número de salários mensais, vantagens do sistema de remuneração na percepção do gerente ou responsável pela área de gestão de pessoas. 2. Qual a modalidade de remuneração variável que você entende ser mais adequada para a empresa que você atua? Justificar. 214 GP2.pmd 214 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS 3. Cite duas vantagens para o funcionário em um programa de participação nos lucros ou resultados. 4. O que você entende por remuneração por competências? Quais suas principais características? SÍNTESE Nesta unidade discutiu-se o sistema de remuneração variável com ênfase para as modalidades mais utilizadas no mercado, ou seja, participação nos lucros ou resultados e remuneração por competências. Constatou-se que uma das razões principais para a utilização da remuneração variável é vincular a recompensa ao esforço realizado para conseguir determinado resultado. Quanto mais claro for este vínculo, melhor para a empresa e melhor para os colaboradores, pois ambas as partes ganham. A recente popularidade e ampliação da prática de remuneração variável é conseqüência direta dos processos de mudança organizacional que as empresa vêm sofrendo. Os projetos de reestruturação, os programas de qualidade e produtividade e a implantação de células de produção e equipes auto-gerenciáveis têm exigido novos parâmetros de remuneração, pois os sistemas tradicionais não atendem estas exigências por estarem focados exclusivamente no cargo. Dentre as modalidades de remuneração mais utilizadas pelas empresa brasileiras estão a participação nos lucros ou Resultados e também a remuneração por competências que vem tendo um crescimento acentuado nos últimos anos, principalmente nas grande empresas. Finalizando a apresentação desta unidade, a seguir, na próxima unidade, você verá o tema salário indireto (benefícios). Até lá! U N I D A D E 11 GP2.pmd 215 215 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA S AIBA MAIS Para você que deseja aprofundar os conteúdos desta unidade, sugere-se que leia os dois artigos a seguir, que foram publicados na Revista Exame, em 2003. DINHEIR O MO TIV A? TIVA? DINHEIRO MOTIV REVIST REVISTAA EXAME 18/7/2003 A r em uner ação por desempenho como ffor or ma de melhor ar a pr oduti vidade emuner Por David Cohen A razão primordial para as empresas adotarem uma política de remuneração variável é atrelar os interesses de seus funcionários aos resultados da companhia. Dividem-se os lucros, mas também se dividem os riscos. Efetivamente, a sensação de ser dono parece surtir um bom efeito no desempenho, de acordo com um estudo de pesquisadores da Univer sidade Rutger s, dos Estados Unidos. O estudo mediu a produtividade – em faturamento por empregado, em retorno sobre os ativos e em retorno total aos acionistas – em uma série de empresas antes e depois de instituir um programa de distribuição de ações a todos os funcionários. Essas empresas também foram comparadas com organizações que não têm plano de doação de ações aos funcionários. O ganho de produtividade pós-plano, entre 1995 e 1997, foi de 16% e o retorno sobre os ativos aumentou 2,5% em relação ao período préplano. Infelizmente, isso não funciona sempre. Por quê? Uma primeira explicação foi dada em 1975, por Steven Kerr, professor de gestão da Universidade de Michigan, num artigo intitulado “A loucura de recompensar A, quando queremos B”. Sua tese, cristalina, é que as organizações inúmeras vezes estabelecem compensações para resultados que não querem. Por exemplo: nas empresas que implementam ferramentas de gestão, os programas raramente são avaliados para saber se o dinheiro foi bem gasto. Os indivíduos que teriam a incumbência de avaliar o retorno das ferramentas (o pessoal de RH, ou de desenvolvimento organizacional) são os mesmos encar regados de introduzir a mudança. Não lhes interessa um escrutínio eficiente. Ou seja, embora fosse do interesse da empresa medir o resultado desses programas, ela premia a ignorância. Segundo Kerr, as principais causas para o fenômeno de recompensar aquilo que não queremos são: 216 GP2.pmd 216 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS 1. fascinação com critérios “objetivos” – o esforço para achar padrões simples e quantificáveis para medir e recompensar o desempenho pode ser bem-sucedido em áreas altamente previsíveis da organização, mas provavelmente vai premiar objetivos errados em qualquer outra par te; ase eexa xa g er ada em compor tamentos visív eis – é mais visíveis 2. ênf ênfase fácil observar vendas, por exemplo, do que manutenção de clientes. Tende-se, então, a recompensar o primeiro compor tamento com muito mais força do que o segundo; 3. hipocrisia – as empresas dizem querer trabalho de equipe, mas premiam os melhores do time; dizem buscar inovação e criatividade, mas incentivam métodos comprovados e erro zero; falam de desenvolvimento de pessoas, mas medem resultados técnicos e realizações; advogam envolvimento e autonomia, mas utilizam controle rígido de operações e recursos; exigem resultados, mas recompensam o esforço; 4. ênfase na moralidade ou igualdade, em vez de na eficiência – remuneração por desempenho pressupõe que as pessoas vão ser premiadas diferentemente, mas é muito difícil desligar-se dos conceitos de isonomia no trabalho. Kerr, que mais tarde se tornou vice-presidente de desenvolvimento de lideranças da General Electric, responsável pelo famoso centro de formação de lideranças da empresa, em Crotonville (e em 2001 trocou este cargo pelo de chefe de aprendizado do banco de investimentos Goldman Sachs), desenvolveu sua própria receita para que a remuneração por desempenho funcione. Ei-la: Primeiro, você tem de dizer exatamente o que espera 1. “Primeiro, pessoas. Não um blablablá vago sobre fazer da companhia das pessoas ou da unidade a maior e melhor do mundo inteiro, mas que papel você, senhor vendedor ou senhora engenheira, deve desempenhar nesta organização.” Uma vez que você saiba exatamente o que quer que 2. “Uma seus funcionários façam no futuro, tem de descobrir um meio de medir isso isso.. Para motivar de verdade as pessoas, é preciso oferecer uma recompensa que esteja pelo menos 10% ou 12% acima do salário-base. Mas considere o modo como se paga: os dois fatores que carregam o maior peso são o título e o tempo de serviço do empregado. Se você remunera os funcionários de acordo com a senioridade ou dá a todos o mesmo aumento porcentual, transforma compensação em direito, não em incentivo.” Não ligue pa 3. “Não pagg amento a poder poder. Nesses dias de enxugamento, há uma horda de gerentes aspirando a uns poucos cargos na hierarquia. Se você continua a ligar remuneração com posição, vai criar um exército de descontentes. Na GE, cortamos de 29 para 6 U N I D A D E 11 GP2.pmd 217 217 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA as faixas de salários. Isso dá às pessoas mais chances de obter aumento dentro da sua faixa, sem uma promoção.” 4. “Explique o pacote pacote.. Uma indústria de Detroit ficou surpresa de perder funcionários para uma concorrente que pagava pacotes menores. Os salários eram maiores, mas os benefícios eram muito menores. Ela resolveu o problema criando livretos explicativos para seus funcionários.” Se você der uma recompensa, anuncie-a. Isso multiplica 5. “Se seu efeito. (Atenção: não siga essa regra se você não tiver clareza de que pode explicar por que João ganhou bônus de 2.000, enquanto Francisca obteve só 1.000).” Uma r ecompensa adiada é quase tão r uim quanto uma 6. “Uma recompensa não dada dada. Muitas companhias avaliam em maio, e aí dão o bônus em janeiro do ano que vem – quando a pessoa já nem se lembra direito do que fez para merecer aquilo.” ecompensa é rree v er sív el 7. “AA rrecompensa ersív sível el. Um aumento é quase impossível de tirar. Mas cuidado. Para que a recompensa variável funcione, ela tem de ser, bem, variável. Em algumas companhias, o bônus se tornou tão rotineiro que os empregados os vêem como salário.” Nem sempre você pode dar o que desejaria. Mas há 8. “Nem incentivos não-monetários, como placas, reconhecimento público, etc. Eles são também uma espécie de moeda: cuidado para não desvalorizar essa moeda com o uso excessivo.” Está aí, por tanto o caminho das pedras. O problema é que há dificuldades no próprio processo. “O desempenho na maioria dos trabalhos não pode ser medido objetivamente porque a produção conjunta e a impossibilidade de obser vação significam que a contribuição individual não é prontamente quantificável”, dizem George Baker e Michael Jensen, professores de negócios de Harvard, e Kevin J. Murphy, da Universidade de Rochester, no ar tigo “Compensation and Incentives: Practice vs. Theory” (Compensação e Incentivos: Prática versus Teoria). “Especificar as medidas corretas de avaliação de desempenho é uma tarefa muitas vezes impossível”, dizem os autores. “A principal razão para dar poder de decisão a subordinados é justamente o fato de que eles têm conhecimento específico superior sobre o trabalho que fazem. O acionista (ou o chefe) sabe, em geral, o que ele quer que seu agente faça, mas o espectro de ações possíveis e o espectro de resultados possíveis são enormes. Seria muito custoso determinar de antemão recompensas e punições explícitas para todo e qualquer resultado. A posteriori, o valor de um resultado é muito mais claro.” Como diria Nelson Rodrigues, o processo de remuneração por desempenho é capaz de criar muitos idiotas da objetividade. Por outro lado, a subjetividade carrega um problema difícil de solucionar: os 218 GP2.pmd 218 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS funcionários não confiam em seus superiores para avaliar de forma correta seu desempenho. Seria o caso de desistir do incentivo pela medição de desempenho? Bem, as outras formas de incentivo também estão cheias de problemas, conforme a análise de Baker, Jensen e Murphy. Há quem diga, ainda, que ligar remuneração a desempenho é simplesmente destr utivo para a empresa. “Se a pergunta é se recompensa estimula as pessoas, a resposta é: claro que sim, ela motiva as pessoas a buscar recompensa”, diz o autor e consultor educacional americano Alfie Kohn. Segundo ele, recompensas financeiras podem obter apenas resultados temporários, e em tarefas de menor importância. Os argumentos de Kohn são os seguintes: 1. o pagamento não motiva – Kohn cita estudos que demonstram efeitos positivos da vinculação do pagamento ao desempenho, mas conclui que esses efeitos eram quase sempre quantitativos: fazer mais ou mais rápido. “Em ger al, quanto mais é requerido pensamento aber to e sofisticação cognitiva, menor é a melhora obtida no desempenho com o sistema de recompensas”, diz; 2. o sistema pune – tornando o bônus dependente de um cer to tipo de comportamento, os gerentes manipulam seus subordinados, e a experiência de se sentir controlado tem a tendência de assumir um caráter punitivo com o tempo. “Não há distinção entre não receber uma recompensa e ser punido. Quanto mais desejável é uma recompensa, mais desmoralizante é não recebê-la”, afirma Kohn; 3. r elações são destr uídas – os progr amas e o sistema de aferimento de desempenho reduzem a possibilidade de cooperação; 4. não eexplicam xplicam como – normalmente, paga-se pelo resultado, mas isso não traz nenhum insight sobre como se chegou àquele resultado. Mais: em geral, quando gestores usam o sistema de incentivos financeiros, deixam de usar sistemas como feedback , treinamento, apoio social e autonomia; 5. o risco é desencorajado – quando se paga por uma tarefa, as pessoas tendem a repeti-la da maneira mais segura possível para garantir seu bônus. Para Kohn, a primeira grande vítima do processo é a criatividade; 6. o interesse se esvai – quanto mais nos sentimos controlados, mais rapidamente perdemos o interesse no que estamos fazendo. Kohn cita uma série de estudos publicada em 1992 pelo professor de psicologia Johathan L. Freeman, da Universidade de Toronto, para afirmar que quanto maior o pagamento, mais negativamente a tarefa é vista. “A visão de Kohn é ingênua e utópica”, diz George Baker, de Harvard, em ar tigo de resposta às suas idéias. “Sem algum nível de incentivo extrínseco para complementar o entusiasmo intrínseco dos indivíduos, U N I D A D E 11 GP2.pmd 219 219 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA as organizações se tornam inflexíveis e descontroladas.” Como exemplo, Baker cita as organizações burocráticas de sociedades socialistas, sem incentivos extrínsecos. A tendência – como os consumidores brasileiros sabem muito bem – é que as organizações estatais com programas de remuneração desvinculados de medição de resultados e atendimento tenham serviço pior e mais propenso ao fracasso. Resta, então, o grande desafio da remuneração por desempenho – fazê-la direito. Um programa malfeito pode causar mais danos que não ter programa nenhum, como descobriu a Chrysler, em 2001. Seu plano de motivação com escala de remuneração variável provocou declínio de 18% nas vendas de carros. A princípio, a idéia parecera excelente. Os vendedores tinham suas metas. Se vendessem menos de 75% da meta, não recebiam bônus. De 76% a 99%, ganhavam 150 dólares por carro vendido. De 100% a 109%, ganhavam 250 dólares por carro. Se vendessem mais que 110%, recebiam 500 dólares por carro. As vendas despencaram. “É plausível supor que os revendedores perceberam que não ganhariam 500 dólares em abril, um mês em que as vendas da indústria em geral estavam 10% abaixo do normal, e tomaram ações para adiar vendas para maio (perdendo algumas no processo), para aumentar o bônus total que receberiam no conjunto dos dois meses”, diz Michael Jensen, no ar tigo Paying People to Lie (Pagando as pessoas para mentir). O declínio das vendas foi 80% a mais que o do setor inteiro. Em maio, a direção da empresa mudou o sistema de remuneração. De forma correta ou errada, o certo é que o sistema de remuneração variável está em alta. Por dois motivos básicos. O primeiro é o que cita Rodrigo Aranha, diretor de RH do banco de investimentos JP Morgan: O número de bancários que existe hoje é 1/3 do que existia há 18 anos. O nível de competitividade é muito maior e, conseqüentemente, a demanda por recursos qualificados aumenta. Nessa hora, eu preciso ter uma política de remuneração que possa ter uma relação direta com o resultado do profissional. O segundo motivo é explicado pelo consultor Gerson Correia, da DBM. “O variável deve ser cada vez mais usado nas empresas, mas alguns critérios devem ser mudados. As empresas estão pensando hoje em como diminuir o salário fixo. A palavra da década é instabilidade, mudança, e isso abre espaço para a popularização da remuneração variável.” PROMOÇÕES Esse é o sistema mais comum em grandes empresas, que ainda têm vários níveis para ascensão, e mais em empresas de setores que crescem do que as que vivem em setores maduros, de menos opor tunidades. À medida que se vai subindo na hierarquia, porém, o sistema já não serve tão bem, porque há menos cargos. O sistema por promoções tem ainda outro inconveniente: o Princípio de Peter, que 220 GP2.pmd 220 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Millôr Fer nandes tr aduziu como a “Lei de Mur phy aplicada às empresas”. Esse princípio diz que todo funcionário, no devido tempo, será promovido até o seu nível de incompetência – porque, enquanto estiver dando resultados, ele é promovido. Quando finalmente o funcionário chega ao ponto em que não tem mais capacidade de dar resultados, pára. Lá, ele permanece, no seu nível de incompetência. PROMOÇÕES POR TORNEIO Um tipo particular do primeiro caso, aqui o mecanismo é uma disputa formal ou informal entre colegas do mesmo nível. O melhor é promovido. O problema é que esse sistema não pode oferecer ao mesmo tempo incentivo para desempenho e adequação ao cargo. Se funciona como incentivo, um excelente técnico pode ser promovido, mas revelar-se um gerente péssimo. Se fornece adequação ao cargo, o potencial melhor gerente é o promovido, mas foi premiado por um resultado nem sempre brilhante como técnico. Como em geral esse sistema está associado à regra “para cima ou para fora”, a empresa acaba perdendo ótimos profissionais. A ALL – América Latina Logística percebeu o problema e implantou, há três anos, a carreira em Y, em que um técnico pode ser promovido a técnico de nível gerencial, sem virar gerente. “Conseguimos segurar vários profissionais assim”, diz Alexandre Behring, presidente da empresa. Mas, em geral, uma perna do Y é mais cur ta que a outra. Ou seja, uma carreira técnica tem menos oportunidades de ganho. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS Teoricamente, pelo menos, esse sistema peca por diluir a contribuição de cada um. Parece sempre melhor pagar pelo desempenho individual, porque, na luta para dar resultado geral, os empregados arcam com o custo total de trabalhar mais duro, mas recebem apenas uma fração de 1/n do aumento de lucros (onde n é o número de participantes do plano). Ou seja, você faz um esforço extra, mas não controla o esforço dos outros, cr ucial para um resultado conjunto, e tende a se desestimular se considerar que fez tudo o que podia mas foi prejudicado por terceiros. Um argumento usual a favor do incentivo à equipe é que o sistema incentiva o monitoramento mútuo. Em equipes pequenas, pode funcionar. SISTEMAS DE PESQUISA DE MERCADO Esses sistemas parecem inerentemente contraproducentes, pois encorajam o estabelecimento de esquemas de pagamento independentes do desempenho. A adoção desse método também significa que a remuneração é decidida por uma unidade de RH centralizada, em vez de ser feita por gerentes que têm mais conhecimento sobre o desempenho do funcionário. U N I D A D E 11 GP2.pmd 221 221 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA QU ANT O V ALE A COMPETÊNCIA? QUANT ANTO REVIST REVISTAA EXAME EDIÇÃO(786) 25/2/2003 Por Cristiane Mano Salário maior e ascensão profissional. O que a Marcopolo ganha fazendo com que seus operários e executivos saibam como chegar lá Jéferson quer o cargo de Solano. Esse poderia ser o mote de uma crônica de intrigas protagonizada por dois personagens anônimos numa empresa qualquer. Mas, ao contrário do que acontece rotineiramente no mundo corporativo, podemos contar sem puxões de tapete, decisões arbitrárias e picuinhas a história dos gaúchos Jéferson de Lourenço e Solano Flores, funcionários da área de engenharia da Marcopolo, a maior fabricante de carrocerias para ônibus da América Latina, com faturamento de 1 bilhão de reais em 2001. Cada um deles sabe exatamente a que distância está do próximo passo de sua carreira. Mais: um ajuda o outro a chegar lá. O perfil ideal para os 202 cargos da empresa – detalhados em aspectos técnicos, compor tamentais e, no caso dos executivos, até emocionais – está na intranet e em pastas espalhadas em quiosques de duas fábricas da Marcopolo em Caxias do Sul, na serra gaúcha. O enredo, no entanto, já foi bem diferente. Até 1996, a descrição de cargos na empresa se resumia a meia dúzia de palavras sobre as tarefas reservadas a quem os ocupasse – esquecida nas gavetas do depar tamento de recursos humanos. “Os aumentos salariais, por exemplo, seguiam critérios do chefe imediato”, diz José Rubens de La Rosa, diretor-geral da Marcopolo. “Havia arbitrariedade e distorções.” O que separa a Marcopolo do passado da do presente é uma espécie de revolução organizacional que a tornou um exemplo – complexo e ainda inacabado – de como uma empresa pode depurar os processos de recursos humanos por meio da gestão por competências. Esse modelo vem chamando a atenção de companhias como a Vale do Rio Doce, a Nestlé e o Pão de Açúcar desde meados dos anos 90. Consiste, em primeiro lugar, em criar para cada cargo um perfil alinhado às estratégias da empresa e desmembrado não apenas nas credenciais acadêmicas ou em experiências profissionais, mas também em características de comportamento individual e de personalidade. A partir daí, é possível desenvolver parâmetros para balizar os processos de recursos humanos, da seleção à remuneração. A base teórica da gestão por competências está nas pesquisas conduzidas nos anos 70 pelo psicólogo americano David McClelland, da Univer sidade Har vard. A premissa de McClelland: ao fazer uma contratação, indicadores de compor tamento são mais eficientes para determinar o sucesso futuro de um profissional do que suas realizações anteriores e sua formação escolar. “A empresa ganha porque erra 222 GP2.pmd 222 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS menos ao contratar e promover, orienta os treinamentos para o que realmente interessa e cria um ambiente mais transparente”, diz Senir Fernandez, sócio da consultoria de recursos humanos Mercer. “E o funcionário ganha instrumentos para planejar a própria carreira.” Bem, mas o que isso significa para uma corporação que atualmente conta com 8 857 funcionários distribuídos em 202 cargos, quatro fábricas pelo país e cinco no exterior (Argentina, Colômbia, México, Portugal e África do Sul)? “Trabalho, muito trabalho”, diz Paulo Ricardo Smidt, gerente de recursos humanos da Marcopolo. O primeiro passo, dado há seis anos, foi sair a campo e conversar com os funcionários. A área de recursos humanos montou uma equipe que passou meses circulando pela empresa. Só com soldadores foram feitas mais de 100 entrevistas. “Queríamos conhecer o perfil das pessoas e quais eram as relações entre elas”, diz Osmar Piola, coordenador de recursos humanos que acompanhou de per to as conversas. Uma das primeiras descobertas foi a de que não seria fácil convencer os chefes, até então todo-poderosos, a assumir um novo papel – o de avaliadores de perfil e treinadores. Essa percepção definiu o escopo inicial do projeto. Em vez de começar de uma vez em toda a corporação, o modelo de competências passou a ser aplicado em 1997 para o pessoal de fábrica, no ano seguinte para os funcionários de áreas administrativas e, num formato diferente, para os executivos em 2000. “Não queríamos criar um choque cultural, porque não acreditamos em mudanças bruscas”, diz Smidt. “Aos poucos os próprios chefes perceberam que o modelo de competências dá ferramentas para ajudá-los.” Por outro lado, alguns funcionários ficavam receosos ao descobrir que estavam, por vezes, aquém do que deveriam para ocupar seus cargos. Nesse caso, a insistência na comunicação foi fundamental. Ao mesmo tempo, a empresa tomou o cuidado de programar treinamentos para suprir deficiências específicas detectadas nas avaliações. O esforço de comunicação foi deflagrado logo nos primeiros meses em que o projeto começou a ser desenvolvido e permaneceu até três anos após a implantação do modelo. Cada um dos 49 cargos de chão de fábrica foi desdobrado em até cinco módulos, definidos por quatro aspectos: tarefas (por exemplo, liderar), conhecimentos (dominar boas práticas de liderança), competências (aplicar boas práticas de liderança) e eficácia (liderar bem para um objetivo específico). Para cada módulo agregado, há um incremento salarial de 8% a 10%. As avaliações de perfil são realizadas uma vez por ano. “Mesmo com a comunicação inicial, as pessoas continuaram a não entender o que era”, diz Smidt. “Só com o dia-a-dia os conceitos foram aos poucos absorvidos.” Até 2000, os executivos da área de recursos humanos sor teavam diariamente oito funcionários para uma entrevista individual. As perguntas buscavam fazer o funcionário pensar nos próximos passos de sua carreira e em como poderia galgá-los usando como referência U N I D A D E 11 GP2.pmd 223 223 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA os perfis e as avaliações de competências. Esses perfis e os mapas de carreira – organogramas divididos por áreas – foram espalhados pela fábrica e também estão na intranet. Atualmente, é possível ouvir os operários da Marcopolo falando com naturalidade de competências, crescimento e gestão de carreira – termos até pouco tempo estranhos entre eles. “Cresci um montão”, diz Paulo Sérgio de Souza, montador especializado da maior fábrica da empresa, situada no bairro de Ana Rech, em Caxias do Sul. “Sei que tenho espaço para crescer mais. Depende de mim.” Nos últimos cinco anos, Souza recebeu cinco reajustes de salário por ter passado sucessivamente de um módulo de competências para outro. Aos 35 anos, ele acaba de concluir um curso de auditor das normas ISO, que a empresa aceitou custear a seu pedido, quando esteve envolvido num projeto de qualidade. Jéferson de Lourenço, de 23 anos, está no primeiro módulo do cargo de analista de tempos e movimentos. Preparando-se para o próximo, aproveita as raras horas vagas para “colar” nos colegas mais experientes, como o analista de tempos e movimentos do módulo quatro, Solano Flores, também de 23 anos. “Não tenho problemas em ajudar o Jéferson porque também tive ajuda para chegar aonde estou”, diz Flores. “E principalmente porque sei que estou me preparando para o meu próximo passo.” Alguns dos valores mais impor tantes por trás de casos como o de Souza, Lourenço e Flores são iniciativa e autodesenvolvimento. “Não é raro os funcionários se oferecerem como voluntários para cursos, em vez de esperarem a empresa providenciar um para todos os colegas de cargo”, diz Piola. “Outra mudança importante é que os programas surgem da avaliação do perfil dos profissionais, que tornam as falhas de competências visíveis.” Dar poder aos funcionários para planejar a ascensão dentro da empresa não teria sentido, no entanto, sem um programa de recrutamento interno eficiente. Antes do modelo de competências, a seleção começava por indicações pessoais, a critério do responsável pelo preenchimento da vaga. Há dois anos, todas são divulgadas, em primeiro lugar, para os funcionários da casa, nos murais fixados nos corredores. Até agora cerca de 1 500 já se candidataram, sendo que 200 conseguiram a vaga. No caso dos executivos, o modelo de competências é um pouco diferente. O perfil dos 62 cargos foi mapeado segundo três espécies de competências: acadêmicas, profissionais e emocionais. Há oito itens para cada tipo de competência, cada um com peso diferente. Enquanto as duas principais competências emocionais de um gerente de marketing são influência e comunicação, as de um gerente de engenharia são as habilidades de agregar os funcionários em torno de projetos específicos e de liderança para mudanças. Na avaliação de perfil, uma 224 GP2.pmd 224 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS série de perguntas práticas indica em que grau o executivo manifesta cada uma das competências. Isso não quer dizer que o sistema por competências esteja completamente livre de subjetividade. “Um ponto crítico nesse tipo de gestão, especialmente no caso dos executivos, é criar padrões de avaliação para competências intangíveis”, diz Fátima Marques, da consultoria Hay. “O que é ter um bom relacionamento com a equipe para um, talvez não seja para o outro.” Uma maneira de tentar eliminar o efeito da interpretação pessoal na avaliação é fazer com que ela passe por três crivos: do próprio avaliado, do chefe imediato e de um comitê. No caso dos supervisores, o comitê é composto de todos os gerentes. No caso dos gerentes, é composto de todos os diretores. As avaliações ser vem como base para identificar os candidatos a sucessores para determinados cargos considerados estratégicos. “Não estendemos o programa de sucessão para todos os 62 cargos executivos porque seria um desgaste desnecessário”, diz Irina Eberhardt, coordenadora de recur sos humanos da Marcopolo. “Decidimos focar apenas os mais estratégicos.” Ou, como Irina prefere, os que estão estratégicos. Conforme muda a estratégia da empresa, a lista pode mudar. Para definir os eleitos, foram definidos nove critérios, como dificuldade de encontrar o profissional no mercado. Atualmente, há 130 sucessores participando do programa. Desde o início do ano passado, essa turma freqüenta um curso, montado em parceria com a Fundação Getulio Vargas de São Paulo, especialmente para suprir algumas falhas de competências, como liderança e capacidade de mudar. A conclusão deverá ocorrer em 2004. O curso também reforça o papel de coach dos líderes. “Tem gente que batalha para entrar no programa”, diz Paulo Corso, gerente de vendas da Marcopolo. “E outros não saem do lugar.” Deste ano em diante, cada avanço nas competências valerá pontos no programa de bônus anual. “Nesse caso, o modelo variável é mais eficiente que a remuneração fixa”, diz Irina. “É que as competências dos executivos variam mais à medida que mudam as estratégias.” Nos últimos meses, os executivos da Marcopolo se concentraram em difundir a prática de gestão por competências entre funcionários da fábrica de peças de São José dos Pinhais, no Paraná. Os das outras unidades, espalhadas pelo mundo, devem ficar para 2004. Quer dizer que a missão na sede está cumprida? Não. “Um dos piores escorregões num projeto de gestão por competência é deixá-lo parar no tempo”, diz Marcello Alfieri, diretor da consultoria de recursos humanos americana Watson Wyatt. Recentemente, a mudança no perfil do cargo de gerente de suprimentos da Marcopolo – agora gerente de aquisição e logística – fez com que todas as competências fossem revistas. “É trabalhoso”, diz Smidt. “Mas vale a pena.” U N I D A D E 11 GP2.pmd 225 225 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA QUEM É QUEM A Marcopolo detalhou o perfil ideal para cada um de seus 202 cargos em competências técnicas, compor tamentais e, no caso dos executivos, até emocionais. Veja como, a partir dessa nova referência, a empresa reorientou os principais processos de recursos humanos ANTES SELEÇÃO A avaliação do candidato a emprego levava em conta apenas credenciais acadêmicas e realizações em outras empresas. Não havia a preocupação de saber se o perfil de comportamento se harmonizava com a cultura da Marcopolo. A procura começava normalmente com indicações pessoais, a critério do responsável pelo preenchimento da vaga. TREINAMENTO PROMOÇÃO DEPOIS O perfil desejado para os cargos é uma baliza para avaliar novos candidatos. Aspectos sutis, como as características emocionais, passaram a ser verificados com o uso de técnicas como a grafologia As vagas são abertas, em primeiro lugar, para recrutamento interno. O motivo: dar oportunidade para quem planeja ascender dentro da empresa. Temas e periodicidade eram definidos segundo o cronograma da área de recursos humanos. Os programas surgem da avaliação do perfil dos profissionais, que tornam as falhas de competências visíveis. Alguns chefes conversavam com seus subordinados sobre carreira. Mas não tinham argumentos para comentar o perfil pessoal e profissional. Todos os chefes, mesmo supervisores de chão de fábrica, são coaches. Além de diagnosticar pontos fracos, indicam caminhos para a evolução dos subordinados. Resultava exclusivamente da decisão do chefe direto, o que abria espaço para paternalismos e arbitrariedades. Os cargos de chão de fábrica foram divididos em até cinco estágios de competência. A passagem de um nível para outro é definida com os supervisores. No caso dos executivos, há um programa de sucessão. Os sucessores prováveis são identificados por meio de avaliações de perfil. Os funcionários não tinham como planejar a própria carreira, já que não sabiam como dar o próximo passo. O perfil de cada cargo e os 16 mapas de carreira — do chão de fábrica à diretoria – estão disponíveis na intranet e em pastas distribuídas em quiosques nas fábricas. REMUNERAÇÃO Os salários variavam por cargo, segundo as tarefas executadas. Como não havia critérios claros para aumentos, havia gente na mesma função ganhando mais que os colegas – e ninguém conseguia explicar o motivo. Para o pessoal operacional, a remuneração fixa está atrelada às competências, com diversos patamares em cada cargo. Para ganhar mais, é preciso desenvolver novas competências. Os executivos deverão receber, a partir deste ano, além de bônus por desempenho, um variável por competências. FONTE: empresa. 226 GP2.pmd 226 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Objetivos de aprendizagem Ao final desta unidade você terá subsídios para: ♦ compreender os aspectos que envolvem a gestão de benefícios por parte de uma organização; ♦ conhecer as definições e classificações relacionadas aos benefícios e suas implicações no dia-a-dia da organização. Seções de estudo A seguir, acompanhe as seções que você irá estudar nesta unidade. Ao final de cada etapa de estudos use os quadros para assinalar as seções já estudadas. Seção 1 – Qual o conceito de salário indireto? Seção 2 – Como definir o plano de benefícios? Seção 3 – O que são benefícios flexíveis? Unidade 12 Salário indireto – benefícios 227 GP2.pmd 227 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Par araa início de estudo A remuneração não visa apenas recompensar os colaboradores pelo seu trabalho e dedicação, mas proporcionar maior qualidade de vida. Uma das maneiras de proporcionar comodidade e maior sa tisf ação por par te dos cola bor ador es é a concessão satisf colabor de salário indir eto – benefícios – por par te das empresas. Caso a empresa não adote esta prática, o colaborador teria que buscar no mercado tais benefícios benefícios,, por inter médio do salário r ece bido da empr esa, o que somente ocor r eria par a os benefícios consider ados indispensáv eis pelo cola bor ador indispensáveis colabor ador.. SEÇÃO 1 – Q UAL O CONCEITO DE SALÁRIO INDIRETO ? Salário indireto pode-se definir como sendo as compensações, em dinheiro ou não, dadas ao colaborador, seja pela empresa ou pelo governo. Por exemplo Se uma empresa fornece refeição grátis ou vale refeição ao seu funcionário, ela estará pagando um salário indireto. Se o governo fornece gratuito ou a baixo custo vale transporte subsidiado através do imposto de renda, ele estará pagando um salário indireto. É uma forma de melhorar o padrão de vida do trabalhador não implicando no pagamento de maiores salários. Os benefícios são meios de suplementação e apoio, fornecidos ou financiados pela empresa ou pelo governo, a fim de promover a manutenção da força de trabalho dentro de um nível satisfatório de moral e produtividade. Para Chiavenato (1999) benefícios constituem pagamentos financeiros indiretos oportunizados aos colaboradores nas mais diversas formas. Cada organização possui estratégias e diretrizes para a concessão de benefícios, dependendo muito da área de atuação e das práticas de seus concorrentes. 228 GP2.pmd 228 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Segundo Dessler (2003, p. 207) os benefícios representam uma parte importante da remuneração de praticamente todos os trabalhadores. Como são divididos os benefícios, sob aspecto legal? Os benefícios para Chiavenato (1999), no que se refere a sua exigibilidade legal, dividem-se em: legais – são os benefícios exigidos pela legislação trabalhista ou previdenciária ou ainda por convenção coletiva entre sindicatos. Os principais são: férias, 13º salário, aposentadoria, auxílio-doença, etc.; voluntários – são os benefícios concedidos de forma espontânea pela empresa, já que não são exigidos por lei nem por negociação coletiva. Também denominados benefícios voluntários. Destacam-se assistência médica, seguro de vida em grupo, empréstimo financeiro, complementação de aposentadoria (previdência privada complementar), etc. E quanto à sua natureza, como são divididos os benefícios? No que se refere à sua natureza, os benefícios podem ser (CHIAVENATO, 1999): monetários – são os benefícios concedidos em dinheiro, geralmente através da folha de pagamento, como por exemplo: férias, 13º salário, etc.; não monetários – são os benefícios não financeiros oferecidos na forma de serviços, vantagens ou facilidades para os usuários, tais como: refeitório próprio; assistência médica, serviço social, etc. Uma vez que você conhece os principais características dos benefícios, uma vez que eles, conforme a organização, terão as suas peculiaridades, veja na próxima seção como montar um plano de benefícios. U N I D A D E 12 GP2.pmd 229 229 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA S EÇÃO 2 – C OMO DEFINIR O PLANO DE BENEFÍCIOS ? Compete a cada organização definir o seu plano de benefícios para atender as necessidades de seus colaboradores. Os benefícios e serviços oferecidos aos colaboradores de uma organização, visam satisfazer vários objetivos individuais, econômicos e sociais. Na perspectiva de atendimento dos objetivos individuais os benefícios procuram atender às necessidades do colaborador e de sua família. Já os objetivos econômicos visam atrair e manter o colaborador na empresa, proporcionando melhores condições de trabalho. Quanto aos objetivos sociais, estes procuram atender deficiências ou carências da previdência social, do sistema educacional e dos demais serviços de responsabilidade do governo. A origem e o desenvolvimento de um plano de benefícios pode ser decorrente das seguintes causas (CHIAVENATO, 1999): a) gradativa conscientização da responsabilidade social da empresa; b) exigências do sindicato e entidades de classe; c) legislação trabalhista e previdenciária; d) competição entre as empresas na disputa pelos melhores profissionais; e) atração e retenção de talentos; f) redução do índice de rotatividade de pessoal; g) redução de encargos trabalhistas e impostos, quando o governo quer estimular determinadas práticas pelas empresas. 230 GP2.pmd 230 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Recomenda-se que cada organização realize um diagnóstico para identificar qual ou quais são os benefícios que os colaboradores demonstram maior preferência. Neste caso, uma pesquisa de clima organizacional, conforme discutido na disciplina Gestão de pessoas I, passa a ser um instrumento importante para este processo. Quais os critérios utilizados par paraa deter minar os benefícios? Na escolha de um programa de benefícios ou de um benefício específico, a organização poderá utilizar os seguintes critérios: a) o benefício ao empregado deve satisfazer uma necessidade real; b) o benefício deve estender-se sobre a mais ampla base possível, ou seja, a um maior número de colaboradores; c) deverá haver uma tentativa para evitar conotações de paternalismo benevolente ao fazer a concessão de tais benefícios; Compete a cada organização definir o rol de benefícios mais adequado aos seus objetivos, área de atuação e porte da empresa. Quais são as ffor or mas de benefícios? Os benefícios podem ser classificados em: assistenciais, recreativos e supletivos. A seguir, sobre esta classificação, veja alguns exemplos de tipos de benefícios, trata-se apenas de uma relação limitada, pois o objetivo não é atingir a exaustividade. U N I D A D E 12 GP2.pmd 231 231 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 1. Assistência médico-hospitalar. 2. Assistência odontológica. 3. Assistência financeira. 4. Reembolso de medicamentos. 5. Assistência educacional . Assistenciais 6. Assistência jurídica. 7. Serviço social e aconselhamento. 8. Cooperativa de consumo. 9. Seguro de vida em grupo subsidiado. 10. Suplementação de aposentadoria. 11. Remuneração por tempo não trabalhado. 1. Grêmio ou clube. 2. Colônia de férias. Tipos de benefícios Recreativos 3. Lazer recreativo, esportivo e cultural. 4. Promoções e excursões programadas. 5. Música e ambiente, etc. 1. Restaurante no local de trabalho. 2. Transporte subsidiado ao pessoal. Supletivos 3. Estacionamento privativo. 4. Distribuição de café. 5. Bar, etc. FONTE: Chiavenato (1997). Quais são as vantagens da adoção de benefícios? Um plano de benefícios pode apresentar vantagens tanto para a empresa quanto para o colaborador. A seguir, observe algumas das vantagens envolvidas: 232 GP2.pmd 232 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS VANT VANTAA GENS DOS BENEFÍCIOS Para a empresa eleva o moral dos empregados; reduz o turnover e o absenteísmo; eleva a lealdade do empregado para com a empresa; aumenta o bem-estar do empregado; Para o colaborador oferece conveniências não avaliáveis em dinheiro; oferece assistência disponível na solução de problemas pessoais; aumenta a satisfação no trabalho; facilita o recrutamento e a retenção do pessoal; contribui para o desenvolvimento pessoal e bem-estar individual; aumenta a produtividade e diminui o custo unitário do trabalho; oferece meios de melhor relacionamento social entre os empregados; demonstra as diretrizes e os propósitos da empresa para com os empregados; reduz distúrbios e queixas; promove relações públicas com a comunidade. reduz sentimentos de insegurança; oferece oportunidades adicionais de assegurar status social; oferece compensação extra; melhora relações com as empresas. Observe na lista anterior, que as vantagens, tanto para a empresa quanto para o colaborador, são significativas. Na concessão de um novo benefício ou na fixação de um plano de benefícios deverá a empresa ter claro quais serão as vantagens e os resultados que pretende alcançar com tais medidas. O principal é evitar a prática de conceder benefícios sem a exigência de uma contrapartida do corpo funcional, pois pode caracterizar-se com sendo uma prática paternalista por parte da empresa, e os colaboradores passam a interpretar que é uma obrigação, sem a devida compensação em termos de melhor desempenho e resultados. O que vale cuidar antes de se adotar um benefício? U N I D A D E 12 GP2.pmd 233 233 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Os problemas mais comuns que os colaboradores e ou a empresa identifica nos programas de benefícios são: a. acusação de paternalismo; b. custos excessivamente elevados; c. perda de vitalidade quando se torna hábito; d. mantém os trabalhadores menos produtivos; e. negligência quanto a outras funções de pessoal; f. novas fontes de queixas e reclamações; g. relações questionáveis entre motivação e produtividade; h. não inclusão dos benefícios no total da remuneração percebida pelo colaborador. Agora que você conhece sobre plano de benefícios, conheça um pouco mais sobre benefícios flexíveis. SEÇÃO 3 – O QUE SÃO BENEFÍCIOS FLEXÍVEIS? A adoção da prática de benefícios flexíveis iniciou nos Estados Unidos, a mais de vinte anos atrás, com o proposto principal de controlar custos. Apesar da ênfase inicial no controle de custos, os colaboradores logo perceberam que havia outras vantagens em oferecer um programa de benefícios flexíveis. Uma das vantagens foi a melhora na percepção dos colaboradores quanto ao valor dos benefícios e a possibilidade de poderem escolher os mais adequados às suas necessidades individuais ou os mais valorizados. Os benefícios flexíveis consistem na concessão de um conjunto de benefícios que tem como princípio o reconhecimento das necessidades de cada colaborador, considerando o grupo familiar em que se insere. Estes benefícios possuem as seguintes características: alinham-se com os padrões de mercado; o efetivo controle dos custos; a busca do comprometimento dos colaboradores com o processo de gestão; a elevação do grau de satisfação dos colaboradores. 234 GP2.pmd 234 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Os conceitos-chave de planos flexíveis são responsabilidade e custos compartilhados. No quesito responsabilidade, a empresa não decide mais que benefícios o colaborador vai receber. De acordo com a variedade de opções apresentada, o colaborador escolhe os benefícios mais valiosos para ele. Quando os benefícios são concedidos gratuitamente, não ocorre a mensuração pelo colaborador de sua real necessidade e, portanto, não há a avaliação de cada um deles. Quando de tem de pagar pelos benefícios recebidos, mesmo que sejam quantias irrisórias, ou quando se tem de escolher alguns deles, o processo de tomada de decisão é completamente diferente. Ou seja, os benefícios selecionados são aqueles que o indivíduo realmente quer e de que precisa. Assim, com um plano flexível, os benefícios de um funcionário mudam de acordo com suas novas necessidades pessoais que forem surgindo ao longo de sua vida. Um colaborador jovem e solteiro precisa de benefícios bem diferentes dos de outro com família, de um pai solteiro ou de alguém às vésperas da aposentadoria. Na forma flexibilizada, cada colaborador escolhe o “ pacote” de benefícios de acordo com as suas necessidades e preferências, a partir das alternativas disponíveis. A flexibilização maximiza o investimento da empresa em benefícios, proporcionando alocação mais racional de recursos e um aumento do valor percebido pelo colaborador. Como principais vantagens desta prática, destacam-se: os funcionários escolhem o pacote que melhor satisfaça às suas necessidades pessoais e familiares; ajudam a empresa a adaptar-se às necessidades mutáveis de uma força de trabalho mutável; aumentam o envolvimento dos funcionários e melhoram a compreensão dos benefícios; permitem a introdução de novos benefícios a um custo menor; permitem a melhor aplicação e retorno dos investimentos realizados pela empresa. A seguir, apresenta-se os principais aspectos que diferenciam os benefícios na visão tradicional e os benefícios na concepção flexível: U N I D A D E 12 GP2.pmd 235 235 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Tr a d i c i o n a l Flexível Não existe Escolha Existe Poucas Opções Muitas Empregador Decisões Colaborador Empregador Risco Menor Gerenciamento dos custos Empregador e colaborador Maior Baixa Compreensão do colaborador Alta Pequena Ligação com remuneração total Maior Questionável Atração e retenção Mais persuasivo FONTE: adaptado de Boog (2002). Num ambiente cada vez mais competitivo, atrair e reter os melhores talentos passa necessariamente por reconhecer e valorizar as individualidades. O perfil dos novos profissionais incentiva as empresas a repensar a forma de concessão de benefícios, substituindo as práticas em que a empresa estabelece padrões para todos os colaboradores por práticas abertas e sincronizadas com as expectativas e necessidades individuais. Enfim, uma vez que você estudou nesta unidade o salário indireto, os benefícios e suas peculiaridades, na próxima etapa realize as atividades propostas para ampliar sua compreensão sobre este tema. 236 GP2.pmd 236 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA A TIVID ADES TIVIDADES DE P ESSO AS ESSOAS DE A UT O - A V ALIAÇÃO UTO Após a leitura criteriosa desta unidade, leia com atenção os enunciados e realize as questões que seguem. 1. Apresente sua definição sobre salário indireto – benefícios. 2. Cite três exemplos de benefícios monetários e três exemplos de benefícios não monetários. U N I D A D E 12 GP2.pmd 237 237 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 3. Cite três vantagens para a empresa, decorrentes da concessão de um plano de benefícios. 4. Cite três vantagens para o colaborador, decorrentes da concessão de um plano de benefícios. 238 GP2.pmd 238 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS SÍNTESE Nesta unidade você estudou alguns aspectos voltados aos conceitos de salário indireto, plano de benefícios e benefícios flexíveis. Você pôde constatar que salário indireto define-se como sendo as compensações, em dinheiro ou não, dadas ao colaborador, seja pela empresa ou pelo governo, cabendo a cada empresa definir o pacote de benefícios que entender conveniente e adequado para seus colaboradores. Em relação a um plano de benefícios, observou-se que apresenta vantagens tanto para a empresa quanto para o colaborador. No entanto, é comum apresentar problemas, tais como a prática de paternalismo e custos excessivamente elevados. Já os benefícios flexíveis visam, num ambiente cada vez mais competitivo, atrair e reter os melhores talentos, por meio da oportunidade de escolha dos benefícios que forem mais atrativos a cada profissional. O perfil dos novos profissionais incentiva as empresas a repensar a forma de concessão de benefícios, substituindo as práticas em que a empresa estabelece padrões para todos os colaboradores por práticas abertas e sincronizadas com as expectativas e necessidades individuais. A seguir, na próxima unidade, você irá estudar outro importante subsistema da Gestão de pessoas: o treinamento e desenvolvimento de pessoal. Até lá! S AIBA MAIS Caso você deseja aprofundar os conteúdos desta unidade, a sugestão é a pesquisa e leitura do livro de Frank Stephen Davis, Benefícios e serviços aos funcionários, editora STS, 1999. U N I D A D E 12 GP2.pmd 239 239 7/3/2007, 11:57 GP2.pmd 240 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Objetivos de aprendizagem Ao final desta unidade você terá subsídios para: compreender os aspectos relacionados aos objetivos e a importância do treinamento para uma organização e seus colaboradores; ♦ ♦ conhecer todo o processo de treinamento e desenvolvimento praticado pelas organizações. Seções de estudo A seguir, acompanhe as seções que você irá estudar nesta unidade. Lembre-se ao final de cada período de estudos de usar os quadrinhos para assinalar as seções já estudadas: Seção 1 – O que é treinamento? Seção 2 – Qual é o processo de treinamento? Seção 3 – Indicadores de necessidades de t r e i n a m e n t oo.. Unidade 13 Treinamento e desenvolvimento pessoal Seção 4 – A v aliação dos r esultados do tr einamento einamento.. Seção 5 – Diferenças entre treinamento e desenvolvimento de pessoal. 241 GP2.pmd 241 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Par araa início de estudo Esta unidade introduz conhecimentos que serão úteis para você ter uma melhor compreensão sobre os temas abordados nesta disciplina e, até mesmo, para o desenvolvimento de muitos outros aspectos relacionados ao cur so de Gestão estr a tégica de pessoas pessoas.. Como tudo que se quer dar a conhecer com mais especificidade, também esta disciplina propõem que você comece compreendendo a contextualização do treinamento. SEÇÃO 1 – O QUE É TREINAMENTO ? Leia a seguir como o treinamento é definido por autores como Carvalho (1997), Gil (2003), Certo (1994), Desller (1997) e Ivancevich (1995): é o processo que envolve atividades para a prática do cargo atual e para cargos futuros, bem como dota os indivíduos de atitudes e comportamentos necessários à execução de suas atividades; é o processo de desenvolver qualidade nos recursos humanos para habilitá-los a serem mais produtivos e contribuir melhor para o alcance dos objetivos organizacionais; é o processo de ensinar aos novos empregados as habilidades básicas que eles necessitam para desempenhar seus cargos; é o processo sistemático de alterar o comportamento dos empregados na direção do alcance dos objetivos organizacionais. O treinamento está relacionado com as suas habilidades e capacidades exigidas pelo cargo. Sua orientação é ajudar os empregados a utilizar suas principais habilidades e capacidades para serem bem sucedidos; é o processo educacional de curto prazo aplicada de maneira sistemática e organizada, através do qual as pessoas aprendem conhecimentos, atitudes e habilidades em função de objetivos definidos. 242 GP2.pmd 242 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Os conceitos de treinamento, assim como os modelos de gestão organizacional, vêm evoluindo com o passar dos tempos. Para uma melhor compreensão desta evolução, leia a seguir alguns conceitos de treinamento abrangendo três fases: FA S E O treinamento INICIAL era um meio para adequar cada pessoa ao seu cargo e desenvolver a força de trabalho da organização a partir dos cargos ocupados; INTERMEDIÁRIA era considerado um meio para alavancar o desempenho no cargo; ATUAL é considerado um meio de desenvolvimento das competências e habilidades nas pessoas para que elas se tornem mais produtivas criadoras e inovadoras a fim de contribuir melhor para os objetivos organizacionais. Após o conhecimento das definições e evolução do treinamento, você poderá agora compreender os tipos de mudanças de comportamento que ocorrem através do treinamento. 1.1 Q U AIS SÃO OS TIPOS DE MUD ANÇAS DE COMPOR O ATRA VÉS MUDANÇAS COMPORTTAMENT AMENTO TRAVÉS DO TREINAMENTO ? Segundo Chiavenato (1999) existem quatro tipos de mudanças de comportamento através do treinamento: Transmissão de informações. Aumentar o conhecimento das pessoas. Informações sobre a organização, seus produtos e serviços, políticas e diretrizes, regras e regulamentos e seus clientes. Desenvolvimento de habilidades. Melhorar as habilidades e destrezas. Habilitar para a execução e operação de tarefas, manejo de equipamentos, maquinas, ferramentas. Desenvolvimento de atitudes. Desenvolver e modificar comportamentos. Mudança de atitudes negativas para atitudes favoráveis, de conscientização e sensibilidade com as pessoas, com os clientes internos e externos. Desenvolvimento de conceitos. Elevar o nível de abstração. Desenvolver idéias e conceitos para ajudar as pessoas a pensar em termos globais e amplos. Após ter conhecido as mudanças de comportamento, por meio do treinamento fica bem mais fácil compreender o processo de treinamento. U N I D A D E 13 GP2.pmd 243 243 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA SEÇÃ O 2 – Q UAL EÇÃO É O PROCESSO DE TREINAMENTO ? Um programa de treinamento envolve algumas etapas que devem ser seguidas para garantir seu sucesso. Dentro das necessidades e visão de cada organização, as etapas podem se modificar ou alterar sua seqüência. Geralmente, as etapas consideradas são as seguintes: diagnóstico; planejamento; implementação; avaliação dos resultados. A seguir, acompanhe o detalhamento de cada etapa. E TAP GNÓSTICO APAA 1 – D IA IAGNÓSTICO É o levantamento das necessidades de treinamento a serem satisfeitas. O diagnóstico poderá ser realizado através da aplicação dos seguintes métodos: análise organizacional – verificar os aspectos da missão, da visão e dos objetivos estratégicos da organização; análise dos colaboradores – a partir do perfil das pessoas, determinar quais os comportamentos, atitudes, conhecimentos e competências necessárias para que os colaboradores possam contribuir para o alcance dos resultados estratégicos da organização; análise da estrutura de cargos – a partir do exame dos requisitos e especificações dos cargos, determinar quais são as habilidades, os conhecimentos e as atitudes que os colaboradores devem desenvolver para desempenhar adequadamente seus cargos. Como principais técnicas para o levantamento das necessidades de treinamento tem-se: aplicação de questionários; entrevistas; aplicação de testes ou provas; observação in loco; solicitação do supervisor ou do próprio colaborador. 244 GP2.pmd 244 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS A atividade de diagnosticar a necessidade de treinamento precisa ser realizada com o intuito de abranger toda a organização, o conteúdo das atividades realizadas, as habilidades e competências dos indivíduos. O diagnóstico das necessidades de treinamento caracteriza-se pela análise das dificuldades do funcionário em relação ao cargo bem como das habilidades que o mesmo exige. Para Gil (1994), o diagnóstico das necessidades de treinamento é o processo que tem como finalidade identificar as carências dos funcionários para a execução das atividades necessárias para a obtenção das metas da organização. E TAP AMENT O APAA 2 – P LANEJ LANEJAMENT AMENTO É a elaboração do programa de treinamento para atender às necessidades diagnosticadas. Depois de levantadas as necessidades de se implantar um programa de treinamento e desenvolvimento, passa-se a elaborar e planejar programas que melhor atendam às demandas da organização. Porém, faz-se necessário que os níveis estratégicos estejam envolvidos, pois possuem papel fundamental para a formação de uma visão mais ampla dos objetivos a serem alcançados, também podendo exercer a função básica de educador nos programas de treinamento. Quais aspectos pr ecisam ser obser v ados dur ante a pr o g r amação do tr einamento? Principais aspectos a serem observados são: associar o programa de treinamento às estratégias da organização; adquirir pacotes de treinamento prontos, nem sempre atende às necessidades da organização; contemplar no programa de treinamento: quem deve ser treinado, como treinar, em que treinar, onde treinar, quando treinar, para que treinar; U N I D A D E 13 GP2.pmd 245 245 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA decidir pela ênfase em aspectos técnicos e/ou aspectos comportamentais; analisar na formatação do programa: didática dos instrutores, preparo técnico, lógica dos conteúdos/módulos, qualidade dos recursos (transparências, filmes, etc.); definir as técnicas a serem utilizadas pelos instrutores: aula expositiva, estudo de caso, dramatização, workshop, brainstorming, simulação, painel, simpósio, palestra e conferência. E TAP AÇÃO APAA 3 – I MPLEMENT MPLEMENTAÇÃO Na execução do programa deve ser observado o planejamento realizado com ênfase nos seguintes aspectos: qualificação dos instrutores, seleção dos treinandos, qualidade do material, equipamentos e instalações, apoio administrativo e cooperação dos dirigentes da organização. ETAP APAA 4 – AVALIAÇÃO É a verificação dos resultados do treinamento. Pode ser mensurada através de três formas: avaliação da aprendizagem (aluno), avaliação de reação e avaliação dos resultados. Na Seção 4, desta unidade você terá mais informações sobre o processo de avaliação devido a sua importância. S EÇÃO 3 – I NDICADORES DE NECESSIDADES DE TREINAMENTO Nessa seção você terá contato com alguns dos eventuais indicadores de necessidades de treinamento. São ocorrências que independentemente do levantamento de necessidades de treinamento permitem pontuar demandas de treinamento. Os indicadores da necessidade de treinamento podem ser observados quando ocorre algum acontecimento que gere a sua demanda, ou por problemas ocorridos na organização pela sua falta. 246 GP2.pmd 246 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Quais são os indicadores? Veja a seguir em detalhes cada tipo. Indicadores a priori são eventos que, se acontecerem, provocarão futuras necessidades de treinamento, facilmente previstas como: ♦ expansão da empresa e admissão de novos empregados; ♦ redução do número de empregados; ♦ mudança de métodos e processos de trabalho; ♦ substituições ou movimentação de pessoal; ♦ faltas, licenças e férias de pessoal; ♦ mudanças nos programas de trabalho ou de produção; ♦ modernização dos equipamentos e novas tecnologias; ♦ produção e comercialização de novos produtos ou serviços. Indicadores a postiori são os problemas provocados por necessidades de treinamento ainda não atendidas. PROBLEMAS DE PRODUÇÃO: ♦ baixa qualidade de produção; ♦ baixa produtividade; ♦ avarias freqüentes em equipamentos e instalações. COMUNICAÇÕES DEFICIENTES: ♦ elevado número de acidente no trabalho; ♦ excesso de erros e desperdícios; ♦ pouca versatilidade dos funcionários; ♦ mau aproveitamento do espaço disponível. PROBLEMAS DE PESSOAL: ♦ relações deficientes entre o pessoal; ♦ número excessivo de queixas; ♦ mau atendimento ao cliente; ♦ comunicações deficientes; ♦ pouco interesse pelo trabalho; ♦ falta de cooperação; ♦ erros na execução de ordens. U N I D A D E 13 GP2.pmd 247 247 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Estes, entre outros, são os principais indicadores da necessidade de treinamento. Após você ter conhecido alguns aspectos relacionados ao treinamento e suas etapas de implantação, a próxima seção lhe convida a aprender sobre a avaliação dos resultados do treinamento. S E ÇÃ O 4 – A VALIAÇÃO ÇÃO DOS RESUL AMENT O RESULTTADOS DO TREIN TREINAMENT AMENTO Um tópico bastante importante no que diz respeito a qualquer programa de treinamento e desenvolvimento profissional é a avaliação dos resultados. Ao adotar qualquer tipo de programa de treinamento e desenvolvimento a organização está buscando elevar seu grau de eficiência e eficácia para o alcance de suas metas. Porém, como os resultados trazidos por este programa ficam difíceis de serem mesurados ou quantificados, o assunto validação e avaliação das atividades de treinamento e desenvolvimento profissional tornam-se de grande relevância para a organização. Hamblin (apud GIL, 1994, p. 78) define esta avaliação de resultados como “qualquer tentativa no sentido de obter observações sobre os efeitos de um programa de treinamento e para determinar o valor do treinamento à luz destas informações.” As etapas de um programa de treinamento não devem ser consideradas separadamente, pois se tornam interdependentes devido à importância vital que desenvolve cada uma delas para que os objetivos estabelecidos sejam alcançados. O treinamento deve ser visto como um processo e não como um evento, sendo uma premissa básica na sensibilização dos funcionários e de seus superiores. 248 GP2.pmd 248 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Segundo Ivancevich (1995), a avaliação dos programas de treinamento pode ser feita em quatro níveis. Avaliação no nível: organizacional aumento da eficácia organizacional; melhoria da imagem da empresa; melhoria do clima organizacional; melhor relacionamento entre empresa e funcionários; melhor atendimento ao cliente; facilidade de mudanças e inovação; aumento de eficiências; envolvimento dos gerentes nas práticas de treinamento. r ecur sos humanos redução da rotatividade e de absenteísmo do pessoal; aumento da eficácia individual e grupal dos empregados; elevação dos conhecimentos das pessoas; mudanças de atitudes e comportamentos das pessoas; aumento das competências das pessoas; melhoria da qualidade de vida no trabalho. dos cargos adequação das pessoas aos requisitos exigidos pelos cargos; melhoria do espírito de grupo e da cooperação; melhoria da produtividade; melhoria da qualidaderedução do índice de acidentes no trabalho; redução dos índices de manutenção de maquinas e equipamentos. de treinamento alcance dos objetivos do treinamento; retorno dos investimentos efetuados em treinamento. Quando o programa de treinamento termina, os participantes devem compreender como as atividades se relacionam e como executar suas tarefas com sucesso em seu local de trabalho. Depois de visto a avaliação dos resultados de treinamento, você poderá perceber um extrato da relação entre desenvolvimento e treinamento, este é o tema da próxima seção. U N I D A D E 13 GP2.pmd 249 249 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA S EÇÃO 5 – D IFERENÇAS ENTRE TREINAMENTO E AL DESENV OL VIMENT O DE PESSO PESSOAL DESENVOL OLVIMENT VIMENTO Observe na figura a seguir um extrato da relação entre treinamento e desenvolvimento para a organização. FIGURA – EXTRA OL VIMENT O EXTRATT O DE DESENV DESENVOL OLVIMENT VIMENTO Um ponto importante de você entender é que, como era de se esperar, as relações entre o desenvolvimento e o treinamento tem algumas diferenças, que serão vista logo a seguir. De acordo com Carvalho (1974, p. 5): a diferenciação entre treinamento e desenvolvimento é que o primeiro caracteriza-se pelo aumento do conhecimento e o segundo pelo crescimento contínuo das suas capacidades. 250 GP2.pmd 250 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS O treinamento está associado com a formação de hábitos práticos para a realização das tarefas, o desenvolvimento pessoal envolve o crescimento pessoal e profissional do funcionário, possui objetivos ambiciosos e utiliza recursos tecnológicos avançados (AQUINO, 1980). Boog (1980) diferencia os termos de desenvolvimento e treinamento de recursos humanos utilizando seis características, descritas conforme o quadro a seguir. QU ADR O 2 - DIFERENÇAS ENTRE TREIN AMENT O E DESENV OL VIMENT O QUADR TREINAMENT AMENTO DESENVOL OLVIMENT VIMENTO DE RECURSOS HUMANOS TREINAMENTO DESENV OL VIMENT O DESENVOL OLVIMENT VIMENTO Definição Processo de efetuar mudanças no comportamento do homem, aplicado na aquisição de habilidades relacionadas à sua tarefa. Processo de crescimento integral do homem, a expansão de sua habilidade de utilizar totalmente as suas capacidades e aplicar seu conhecimento e experiência para a solução de novas ou diferentes situações. Objetivo Suprir habilidades, conhecimentos e atitudes necessárias para desempenhar tarefas específicas, dentro do padrão de produtividade estabelecido. Suprir habilidades, conhecimentos e atitudes específicas para o desempenho de tarefas futuras, num processo de crescimento contínuo. Enfoque Necessidade de tarefa/cargo atual – corretivo. É um meio de se resolver um problema de produção. Necessidade e potencial do indivíduo + tarefa e cargo futuro – preventivo. É um meio de evitar que apareça um problema de produção. Responsabilidades Empresa – através de todos os níveis de chefia, assessoradas pelo órgão de treinamento. Empresa – através de todos os níveis de chefia, assessoradas pelo órgão de treinamento. Resultado esperado Homens que desempenham tarefas específicas, atendendo aos padrões de produtividade, de maneira a realizar metas pré-estabelecidas. Homens preparados para ocupar os cargos-chave dentro da organização, na qualidade, quantidade e época necessária. Tempo Curto prazo. Médio/longo prazo. FONTE: Boog (1980, p. 16). Concluída esta unidade que apresentou o processo de treinamento e desenvolvimento, passa-se, a seguir na próxima unidade, ao tema Avaliação de Desempenho Funcional. U N I D A D E 13 GP2.pmd 251 251 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA A TIVID ADES TIVIDADES DE A UT O - A V ALIAÇÃO UTO Após a leitura criteriosa desta unidade, leia com atenção os enunciados e realize as questões que seguem. 1. Apresente sua definição de treinamento e comente sua importância. 2. Observando as definições de treinamento, apresente um aspecto que está implícito em todas as definições. 3. Considerando as etapas do processo de treinamento, identifique qual a mais importante na sua avaliação e descreva as principais características. 4.Qual a diferença entre treinamento e desenvolvimento? 252 GP2.pmd 252 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS SÍNTESE Nesta unidade você estudou a contextualização do treinamento, propósitos do treinamento, evolução e definição dos conceitos de treinamento, tipos de mudanças de comportamento através do treinamento, processo de treinamento, instrumento de levantamento de necessidade de treinamento, indicadores de necessidades de treinamento e avaliação dos resultados do treinamento. O processo de treinamento aplica-se a toda a organização e é destinado a elevar ou adequar os padrões de desempenho das pessoas no trabalho. Ao desenvolver pessoas, está se fortalecendo a capacidade de resposta da organização. O aumento significativo da competição exige empresas mais bem preparadas, e treinar é a única solução. A parte mais desafiadora do processo de treinamento é a perfeita definição do programa a ser realizado, a partir da análise e aplicação das quatro etapas discutidas: diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação dos resultados. Dentre as etapas citadas, o processo de avaliação dos resultados se reveste de grande importância, pois sinalizará a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos pelos colaboradores no cotidiano da empresa. Caso esta aplicabilidade não ocorra o programa de treinamento deverá ser revisto, para evitar que esta prática não se caracterize como um investimento. Na Unidade 15 você estudará a avaliação de desempenho funcional, que lhe trará novos conhecimentos importantes relacionados à disciplina Gestão estratégica de pessoa. S AIBA MAIS Para você que deseja aprofundar os conteúdos desta unidade, saiba que atualmente existem muitas informações disponíveis sobre treinamento e desenvolvimento. Nesse sentido, destacam-se alguns sites. http:/www.abrhnacional.org.br http:/www.proph.com.br http:/www.rh.com.br http:/www.guiarh.com.br/artigos.htm U N I D A D E 13 GP2.pmd 253 253 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Também, para conhecer mais sobre o assunto, leia o texto, a seguir, publicado na Revista Exame (economia) em 27/3/2002. EMPRESA OU ESCOLA? Na sociedade do conhecimento, as instituições de ensino não tradicionais terão uma importância crescente na formação das pessoas. Entre elas, é possível que nenhuma precise enfrentar o papel de escola tanto quanto as empresas. É nelas que passamos boa parte da vida. São elas as grandes interessadas em desenvolver o capital humano para garantir a própria competitividade. “A maior parte do aprendizado gerencial já ocorre no emprego”, afirmou Clayton Christensen, professor da Harvard Business School, num artigo recente. A americana Jeanne Meister, uma das maiores autoridades mundiais em educação corporativa, estima que em poucos anos cada uma das 500 maiores empresas listadas pela revista Fortune tenha seu próprio centro de educação. Hoje 40% delas têm um. No ano passado, a IBM gastou mais de 500 milhões de dólares em treinamento e anunciou que começaria a vender programas de educação gerencial para outras companhias. Como a da IBM, existem mais de 2.000 universidades cor porativas nos Estados Unidos com a missão de gar antir o aprendizado contínuo de funcionários, clientes e fornecedores. No Brasil, estima-se que pelo menos 30 tenham sido criadas de 1999 para cá, em empresas como Orbital, Embratel e Carrefour. Da criação de estruturas internas ao patrocínio de funcionários em escolas externas, as empresas encontram as mais diversas formas de tratar a educação. A Telemar investiu 30 milhões de reais nos últimos três anos na criação de cur sos, parcerias e infra-estr utura de treinamento. A Petrobr as mantém convênio com mais de 20 universidades e fundações e, neste ano, precisará complementar a formação de 1.300 funcionários recém-chegados que já têm diploma de nível superior. Uma divisão do Hospital das Clínicas de São Paulo encomendou à Anhembi Morumbi um curso seqüencial de gestão empresarial de ser viços da saúde para seus profissionais da área administrativa. “As empresas adotaram o discurso da educação e passaram a consumir os mais diversos tipos de produto”, afirma o consultor paulista Eduardo Najjar, professor da ESPM e da Fundação Dom Cabral e mestre em educação pelo Instituto Mackenzie. “Acontece que muitas estão perdidas na aplicação de tudo isso. Falta reconhecer a função escola nos moldes do que fizeram a GE e a IBM no passado.” A demanda das corporações por funcionários que aprendam o tempo todo abre oportunidades para fornecedores – de escolas tradicionais a consultorias de educação corporativa ou empresas pequenas e médias especializadas na aplicação de cursos específicos. Christensen afirma que as próprias escolas de negócios precisarão se mexer para enfrentar 254 GP2.pmd 254 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS a fragmentação na indústria da educação executiva. No Brasil, poucas empresas ilustram tão bem esse universo de possibilidades quanto a HSM. Ela foi criada em São Paulo em 1987 e hoje é controlada por empresários argentinos e um grupo de investidores de risco – os bancos JP Morgan, Credit Suisse e Dresdner e o grupo de comunicação argentino La Nación. A HSM se transformou numa das principais referências mundiais no mercado de seminários, inclusive entre os próprios gurus. Em novembro passado, atraiu mais de 20 000 pessoas e 180 expositores para a Expomanagement, em São Paulo, um congresso com palestras de estrelas como os americanos Lester Thurow e Michael Porter. As palestras são um dos negócios da HSM, que faturou 12 milhões de dólares no Brasil em 2001. A empresa também usa suas relações com palestrantes, editoras e escolas para selecionar assuntos de interesse dos homens de negócios e levá-los até eles de outras formas. “Não somos geradores de conhecimento, mas disseminadores de conceitos”, diz Carlos Alber to Júlio, presidente da HSM no Brasil e professor no MBA do ITA/ ESPM. “Suponha que um alto executivo não tenha tempo de ler um ar tigo de 20 páginas produzido em Har vard. O que nós fazemos? Adaptamos, aprovamos com o autor e damos o pulo-do-gato para o cliente.” A HSM edita uma revista especializada em administração e um site com cursos interativos de instituições renomadas e de nomes consagrados no circuito acadêmico e empresarial, como C.K. Prahalad e Peter Senge, vendidos para pessoas físicas e empresas. As grandes fornecedoras da indústria da educação executiva até aqui foram as escolas de negócios. Nos Estados Unidos, elas foram responsáveis por cerca de 90.000 diplomas de MBA na última década. Univer sidades americanas como Michigan e Pittsburgh se internacionalizam e estão presentes hoje em países como o Brasil. Heitor Penteado Peixoto, diretor de admissões da Business School São Paulo, estima que existiam pelo menos 7.000 vagas disponíveis em programas de pós-graduação em negócios no país no início de 2001 – a maioria em especializações que recebem o nome de MBA não pelo currículo generalista, mas por seu incrível apelo de marketing. “O público-alvo é enorme: de 24 a 60 anos”, afirma Peixoto. Essas vagas movimentariam mais de 110 milhões de reais. “É um mercado que ainda não vive sua plenitude e passa por um momento de expansão e capilarização”, diz Ricardo Leal, diretor executivo do Coppead, o programa de pós-graduação em administração da UFRJ. A capilarização mencionada por Leal começa a criar opor tunidades fora do eixo Rio-São Paulo. A Fundação Getulio Vargas – que faturou 220 milhões de reais no ano passado – já está presente em quase 50 cidades. A escola campeã no último guia Os Melhores MBAs do Brasil, da revista Você S.A., foi a Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte. No ano passado, 6.200 executivos, de 600 empresas, freqüentaram seus U N I D A D E 13 GP2.pmd 255 255 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA cursos. A Dom Cabral, que espera faturar 40 milhões de reais em 2002, inaugurou um campus em Belo Horizonte que contará com um hotel para receber alunos de fora, nos moldes das universidades americanas. Em Salvador, um grupo de cinco empreendedores – entre eles Nadja Viana, ex-reitora da Universidade Federal da Bahia – criou, em 1999, uma escola de negócios com foco em empreendedorismo. Na Faculdade de Tecnologia Empresarial (FTE), nome dado à escola baiana, há 900 alunos matriculados em programas de graduação e especialização. Para os alunos dos cur sos de especialização, a FTE oferece a possibilidade de concluir os estudos na Universidade da Califórnia. A escola, que também presta consultoria para empresas, está de olho no filão da educação executiva – uma de suas primeiras incursões nesse campo foi um curso de formação de gerentes empreendedores para a Pizza Hut. “Queremos crescer ajudando também as universidades corporativas”, diz André Passos, um dos sócios da FTE. 256 GP2.pmd 256 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Objetivos de aprendizagem Ao final desta unidade você terá subsídios para: ♦ entender os conceitos de avaliação de desempenho funcional e as suas potencialidades; ♦ compreender a importância da avaliação de desempenho e conhecer os principais métodos utilizados para fins da avaliação. Seções de estudo A seguir, acompanhe as seções que você irá estudar nesta unidade. Ao final de cada etapa de estudos, use os quadros para assinalar as seções já estudadas. Seção 1 – O que é avaliação de desempenho? Seção 2 – Quais são os objetivos da avaliação de desempenho? Seção 3 – Quem avalia o desempenho? Seção 4 – Evite as “disfunções perceptivas” durante a a v aliação aliação.. Unidade 14 Avaliação de desempenho funcional Seção 5 – Quais são as contribuições potenciais e aplicações da avaliação de desempenho? Seção 6 – Principais motivos do fracasso de sistemas de aavv aliação de desempenho desempenho.. Seção 7 – Principais métodos de avaliação de d e s e m p e n h oo.. 257 GP2.pmd 257 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Par araa início de estudo A Unidade 15 da disciplina Gestão estratégica de pessoas par te II intr oduz conhecimentos que serão úteis para você ter uma melhor compreensão sobre os temas abordados nesta disciplina, bem como a a plica bilidade no seu dia-a-dia de tr a balho balho.. Como tudo que se quer dar a conhecer com maior profundidade, também esta unidade começa propondo que você estude o conceito de avaliação de desempenho, como ela é, qual a sua importância, os objetivos dessa avaliação, quem deve avaliar o desempenho, suas denominações , as razões que levam as organizações a avaliar o desempenho de seus funcionários, entre outras questões. Siga em frente com disposição para aprender. SEÇÃO 1 – O Q UE É AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO? Segundo Carvalho (1997), as organizações estão preocupadas com o desempenho de seus funcionários. Em épocas passadas, em que pairava a estabilidade no cenário empresarial, a avaliação de desempenho poderia ser realizada por meio de esquemas rotineiros e burocráticos. Com os novos tempos de mudança, transformação e instabilidade, o padrão burocrático cedeu lugar para a inovação e para a necessidade de agregar valor à organização, às pessoas que nela trabalham e aos clientes que dela se servem. O desempenho humano deve ser o mais excelente possível e em todos os momentos para que a organização tenha competitividade para atuar e sair-se bem no mundo globalizado de hoje. Daí a importância de se estudar a avaliação de desempenho. 258 GP2.pmd 258 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS De acordo com Marras (2000, p. 173): a avaliação de desempenho (AD) é um instrumento gerencial que permite ao administrador mensurar os resultados obtidos por um colaborador ou por uma equipe de trabalho, em período e áreas específicas (conhecimentos, metas, habilidades, etc.). Observe nesta definição o caráter de ferramenta gerencial para mensurar o desempenho de um colaborador. Segundo Chiavenato (1999, p. 189), a avaliação de desempenho é uma verificação sistemática do desempenho de cada pessoa em função das atividades que ela desempenha, das metas e resultados a serem alcançados e do seu potencial de desenvolvimento. Quais são as r azões par a a r ealização de avaliações de desempenho? Existem três razões fundamentais para a realização de avaliações de desempenho nas organizações conforme ensina Dessler (2003): 1. a avaliação traz informações significativas para as decisões sobre promoções e aumento de salários; 2. permite que chefes e funcionários elaborem um plano para corrigir qualquer deficiência que possa ter sido identificada pela avaliação e também possibilita o reforço dos pontos positivos do desempenho dos funcionários; e 3. as avaliações podem ser úteis para o planejamento de carreira, pois oferecem a oportunidade de revisar os planos de carreira dos funcionários à luz das forças e fraquezas demonstradas. Quais são os principais motivos das avaliações de desempenho? U N I D A D E 14 GP2.pmd 259 259 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Os principais motivos que fundamentam o processo de avaliação de desempenho, por parte das organizações, são: a) aumentos salariais; b) promoções; c) transferências; d) demissões; e) mudança de comportamento; f) melhoria da qualidade dos serviços. SEÇÃO 2 – Q UAIS SÃO OS OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ? Segundo Marras (2000, p. 173): a avaliação de desempenho é uma ferramenta importante na administração de recursos humanos, pois reporta o resultado de um investimento realizado numa trajetória profissional por meio do retorno recebido pela organização. A avaliação de desempenho foi elaborada basicamente para acompanhar o desenvolvimento cognitivo dos empregados durante sua permanência na organização e especificamente para medir seu nível de C.H.A (conhecimentos, habilidades e atitudes). Com o uso deste instrumento, foi que as empresas muitas vezes direcionaram os seus programas de treinamento e desenvolvimento, e mensuraram o alcance dos resultados desses programas (MARRAS, 2000). Dentre todas as utilidades encontradas na utilização da avaliação de desempenho, apresentadas por Marras (2000), são arroladas as seguintes: identificar os colaboradores que necessitam de aperfeiçoamento; definir o grau de contribuição nos resultados da empresa; descobrir o surgimento de novos talentos organizacionais; facilitar o autodesenvolvimento; identificar os pontos fortes e os fracos dos colaboradores; subsidiar programas de mérito, promoções e transferências; 260 GP2.pmd 260 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS fornecer feedback aos funcionários; estimular a iniciativa, encorajar a criatividade, desenvolver o senso de responsabilidade e intensificar os esforços para atingir os objetivos da organização. Observe que estes objetivos descritos apresentam uma ênfase positiva para aplicação da avaliação de desempenho, já que são objetivos que facilitam o alcance de excelentes resultados. Saiba que, qualquer iniciativa de avaliar o desempenho com o objetivo de punir, demitir os colaboradores, resulta em fracasso. Assim, precisará a empresa buscar com a avaliação de desempenho identificar o perfil de cada colaborador, sendo que os pontos fortes devem ser estimulados e potencializados e os pontos fracos devem, através de ações de melhoria, oportunizar o crescimento e o desenvolvimento do colaborador visando uma melhor performance. Uma vez conhecido o conceito e os principais objetivos da avaliação de desempenho, veja na próxima seção quem são os agentes que avaliam o desempenho. S EÇÃO 3 – Q UEM AVALIA O DESEMPENHO ? Chiavenato (1999) descreve que as organizações possuem diferentes alternativas a respeito de quem deve avaliar o desempenho do funcionário. São citados os seguintes exemplos: as mais democráticas e participativas proporcionam ao próprio funcionário a responsabilidade de auto-avaliar livremente o seu desempenho; outras organizações atribuem a responsabilidade pela avaliação ao gerente imediato para reforçar a hierarquia; outras procuram integrar o gerente e o subordinado na avaliação para reduzir a diferença hierárquica; outras atribuem a avaliação do desempenho às equipes, principalmente quando estão estruturadas em equipes auto-suficientes e autogeridas; outras ainda adotam um processo circular de 360 graus na avaliação, no qual todos mantêm alguma interação com o avaliado, participando dela o chefe, os colegas, os subordinados, os fornecedores, os clientes internos e externos, entre outros. U N I D A D E 14 GP2.pmd 261 261 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Por outro lado, há organizações que centralizam o processo de avaliação em uma comissão central. E há outras em que o órgão de RH centraliza e monopoliza totalmente o processo de avaliação. Deste modo, as principais fontes de avaliação são: comitê; chefe imediato; equipe de trabalho; área de Gestão de pessoas; avaliação 360º – todos que possuem uma relação de trabalho com o funcionário; auto-avaliação. Uma vez que você conhece quem realiza a avaliação de desempenho, a próxima seção lhe convida a conhecer qual é a sua abrangência. S EÇÃO 4 – E VITE AS “ DISFUNÇÕES PER CEPTIV AS ” PERCEPTIV CEPTIVAS DURANTE A AVALIAÇÃO Durante o momento da avaliação de desempenho é importante tomar cuidado com as “disfunções perceptivas”. No entendimento de Bergamini (1988): cada avaliador vê seu avaliado de forma particular, pessoal, segundo seus juízos de valor, podendo, neste julgamento, estar inseridas tendências. Como, por exemplo, o otimismo (concentração em resultados altos) ou o pessimismo (concentração em resultados baixos). Estas tendências levam a distorções da realidade, as quais podem se denominar disfunções perceptivas. Tais disfunções são chamadas de vícios de avaliação, sendo que as mais freqüentemente encontradas são explanadas a seguir, de acordo com a visão de Bergamini (1988). Cada uma delas será descrita em termos da ação resultante da dada postura, a saber: 262 GP2.pmd 262 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS – atribuir ao avaliado qualidades e defeitos segundo a perspectiva do próprio avaliador, como por exemplo, aquelas informadas por seus sentimentos de simpatia ou antipatia, sem razões e justificativas calcadas em evidências concretas; SUBJETIVISMO – destacar apenas aqueles aspectos que são válidos para o próprio avaliador, como por exemplo, salientar formas de trabalho e conduta que têm afinidades com a forma pela qual o próprio avaliador trabalha; UNILATERALIDADE – não atribuir valores extremos, partindo-se do pressuposto de que todos os indivíduos são, normalmente, classificados como “médios”. Esta tendência pode ser explicada pelo temor de prejudicar aqueles negativamente avaliados ou tornar-se responsável pela excelência daqueles positivamente avaliados; TENDÊNCIA CENTRAL – fazer generalizações inadequadas, estendendo um aspecto do desempenho do indivíduo para todos os demais aspectos de seu desempenho; EFEITO DE HALO – concentrar-se, apenas, nos últimos acontecimentos, em detrimento de fatos significativos que possam ter ocorrido durante todo o período a que se refere a avaliação; FALTA DE MEMÓRIA – dimensionar o valor da AD de forma inadequada, ou superestimando seus efeitos descritivos ou sub-considerando seu potencial de contribuição para o gerenciamento do RH da organização. SUPERVALORIZAÇÃO OU DESVALORIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO Cabe destacar que estes vícios de avaliação podem resultar no enquadramento do funcionário em níveis não correspondentes ao seu desempenho, ou seja, a construção de um perfil incorreto do funcionário, pode fazer com que ele seja enquadrado em um nível cuja demanda de desempenho não corresponda às qualificações deste funcionário. Este enquadramento inadequado pode provocar desmotivação e, até mesmo, redução da produtividade. A primeira situação – desmotivação – é mais evidenciada naquelas situações em que um funcionário tem seu perfil construído num nível abaixo de sua situação real. A segunda situação – redução de produtividade – é mais evidenciada naquelas situações em que um funcionário tem seu perfil construído num nível acima de sua situação real (DUTRA, 1998). U N I D A D E 14 GP2.pmd 263 263 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA S EÇÃO 5 – Q UAIS SÃO AS CONTRIBUIÇÕES POTENCIAIS E APLICAÇÕES DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ? A avaliação de desempenho não pode ser abordada ou tratada como um fim em si próprio, mas, como um instrumento para o gerenciamento eficaz dos recursos humanos da organização. Dentre as contribuições potenciais da AD para uma organização, sugerem-se algumas aplicações imediatas que são destacadas por contribuírem diretamente para uma boa administração nas atividades seguintes (DUTRA, 1998. RECRUTAMENTO E SELEÇÃO – nesta área, a AD contribui de maneira objetiva, proporcionando maior segurança no controle de validade dos processos de recrutamento e seleção adotados pela organização. Considera-se que, na seleção de pessoal, efetiva-se uma inferência ou uma estimativa por antecipação de um determinado desempenho futuro. Se, na realidade, estas estimativas não forem confirmadas através dos mecanismos de um instrumento adequado de avaliação de desempenho, os procedimentos utilizados no recrutamento e seleção correm o risco de não serem adequadamente validados. Os instrumentos da AD podem auxiliar na identificação de eventuais distorções, permitindo implementação de medidas corretivas. ATIVIDADES DE CAPACITAÇÃO – as contribuições da AD nesta área se fazem sentir de três formas: (i) como instrumento de identificação das necessidades de capacitação; (ii) como elemento de controle de validade dos programas de capacitação e aperfeiçoamento de pessoal, implementados pela organização; e (iii) como retroalimentação (feedback) do próprio processo de capacitação, identificando ‘acertos’ e ‘eventuais correções’. No caso de ocorrência de aumento nos índices de desempenho funcional, pode-se confirmar a validade dos programas adotados. Se não existir a correlação entre a adoção de um programa de capacitação e melhoria no desempenho funcional, fica evidenciada a não validade dos programas adotados para o desenvolvimento da própria organização e de cada funcionário em particular. 264 GP2.pmd 264 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS MOVIMENTAÇÃO DE PESSOAL – uma sistemática adequada de desempenho se constitui como um recurso válido na questão de movimentação interna de pessoal. A validade da AD é sentida em várias situações em que uma constante realocação dos recursos humanos disponíveis se faz necessária, levando-se em conta fatores, tais como: (i) a experiência dos funcionários; (ii) as dificuldades de cada setor de trabalho; (iii) as prioridades da organização; (iv) os problemas de inter-relacionamento; (v) o crescimento da organização; e, finalmente, (vi) a necessidade de eventuais desligamentos. Certamente a AD pode e deve subsidiar tais movimentações, novamente nos dois eixos distintos e interconectados, a saber, o individual e o organizacional. No nível individual, permite levar em consideração o desempenho detectado e o potencial do funcionário. No nível organizacional, pode-se chegar a um plano de gestão administrativa dos recursos humanos, a partir do qual poderão ser evitadas medidas subjetivas e irracionais com relação ao melhor aproveitamento de cada funcionário. PROGRAMAS DE VALORIZAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS – nesta área, a AD servirá de fundamentação para a implementação de qualquer ação que vise valorizar os recursos humanos da organização e do potencial de cada funcionário. A avaliação de desempenho pode subsidiar, através das informações e dados coletados, qualquer ação neste sentido, pois além de (i) isentar e inibir privilégios, (ii) proporciona maior credibilidade e respaldo do processo avaliativo. Como conseqüência da aplicação adequada de uma avaliação de desempenho, a valorização passa a ser um processo transparente e calcado em informações concretas, de conhecimento comum e público. ADMINISTRAÇÃO SALARIAL – nesta área, a AD pode contribuir de duas maneiras distintas e interconectadas: (i) para uma atribuição meritocrática de vantagem pecuniária, direta ou indiretamente, em decorrência do aproveitamento do potencial do funcionário; e (ii) para um reforço positivo de comportamentos desejáveis, dentro do contexto de trabalho definidos pela organização. U N I D A D E 14 GP2.pmd 265 265 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA A utilização da AD para recompensar financeiramente, através de promoções ou reajustes salariais, constitui-se como um poderoso e justo instrumento de atribuição de remuneração, além disto, a AD também contribui para direcionar os esforços individuais de maneira a atender às demandas da organização, evitando tentativas inócuas por parte do funcionário em direção a uma melhoria salarial. Pelo exposto acima, fica evidenciada a ‘real’ contribuição de um processo de avaliação de desempenho, bem como suas principais aplicações nas atividades de administração dos recursos humanos. S EÇÃO 6 – P RINCIP AIS RINCIPAIS MO TIV OS DO FRA CASSO DE MOTIV TIVOS FRACASSO SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Na perspectiva de localização da origem dos problemas de implantação de AD no ambiente organizacional, alguns aspectos tornam-se especialmente proeminentes. Dentre eles, pode-se listar os seguintes como ilustração do caráter, muitas vezes, inflexível das organizações: implantação de “modelos prontos”, cuja adoção se processa de maneira desvinculada da cultura organizacional em questão; não-definição de objetivos organizacionais para o processo avaliatório; não-divulgação clara e precisa destes objetivos entre todos os intervenientes no processo avaliatório; não-utilização dos resultados da pesquisa para fins de beneficiamento da própria organização; motivação tendenciosa da avaliação que, freqüentemente, é centrada na solução de algum problema de gerenciamento específico e local; utilização exclusivamente punitiva dos resultados obtidos através do processo avaliatório, que, necessariamente, gera indisposição e resistência generalizadas com relação a uma AD; ocorrência de vícios de avaliação; falta de feedback; utilização de modelos de avaliação inadequados; estratégia de implantação inadequada. Depois de apresentado os principais motivos do fracasso de sistemas de avaliação de desempenho, você agora poderá conhecer quais são os métodos de avaliação do desempenho utilizados em diversas organizações. 266 GP2.pmd 266 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA S EÇÃO 7 – P RINCIP AIS RINCIPAIS DE P ESSO AS ESSOAS MÉT ODOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO MÉTODOS Conforme Marras (2000) e Chiavenato (1999), dos diversos métodos desenvolvidos para avaliar o desempenho humano nas organizações, destacam-se os seguintes como os mais importantes e difundidos: escalas gráficas; incidentes críticos; comparativo; escolha forçada; avaliação participativa por objetivos (APPO); 360 graus. Dentre este métodos, a avaliação participativa por objetivos (APPO) e o método de 360 graus, são os mais utilizados pelas empresas. Para você conhecer melhor cada um dos métodos acima mencionados, a seguir eles serão abordados detalhadamente. 1. Método de escalas gráficas – baseia-se na avaliação de um grupo de fatores determinantes daquilo que a organização define como desempenho. Esses fatores podem mensurar tanto quantidade quanto qualidade de trabalho, conhecimentos, cooperação, assiduidade, iniciativa, criatividade, etc. Cada um deles está normalmente dividido em graus, os quais representam uma escala desde um mínimo até um máximo, de acordo com os parâmetros de cada organização. Cada grau dessa escala tem um valor em pontos que permite ao avaliador, uma vez escolhidos os graus que melhor se adequam ao avaliado, chegar a um total numérico que identifica a sua performance final comparativamente ao esperado ou à média de um grupo. 2. Método de incidentes críticos – neste método o avaliador concentra-se em determinar os grandes pontos fortes e fracos de quem esta sendo avaliado, apontando comportamentos extremos e sem analisar especificamente traços de personalidade. Em geral, a montagem desse sistema é extremamente simples e leva em conta duas séries de afirmativas (uma positiva e outra negativa), em que o avaliador deve colocar sua marca. 3. Método comparativo – este método se utiliza de análises comparativas entre um e outro empregado ou entre o U N I D A D E 14 GP2.pmd 267 267 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA empregado e o grupo no qual ele atua. Diversas técnicas podem ser utilizadas, como por exemplo, a de determinar se ele se localiza, primeiramente, no quartil superior ou inferior da média do grupo para logo a seguir compará-lo com o grupo em que se localiza (quartil superior ou inferior) e realizar confrontações individuais com o objetivo de hierarquizados um a um. 4. Método escolha forçada – o método de escolha forçada (forced choise) consiste em avaliar o desempenho ou a atuação dos indivíduos por meio frases descritivas de determinado tipo de desempenho do empregado, em relação as tarefas que lhe forem atribuídas. Essas frases estão presentes no instrumento de avaliação em blocos e a estes são atribuídos valores diferenciados, possibilitando a discriminação. Os valores são obtidos calculando-se os índices de aplicabilidade e discriminação de cada frase em particular num trabalho de cálculo estatístico. Cabe ao avaliador indicar em cada um dos blocos qual a frase (ou frases) que mais se identifica com o desempenho do avaliado. Como o avaliador desconhece os valores dados a cada frase e a cada bloco de questões, não poderá manipular ou conduzir o resultado final. 5. Avaliação participativa por objetivos (APPO) – é um sistema democrático e participativo que proporciona retornos tanto para a organização como para as pessoas envolvidas. Nesse método adota-se uma técnica de intenso relacionamento e de visão proativa. Esta técnica segue seis etapas: 1. Formulação de objetivos consensuais. 2. Comprometimento pessoal quanto ao alcance dos objetivos conjuntamente formulados. 3. Negociação com o gerente sobre a alocação dos recursos e meios necessários para o alcance dos objetivos. 4. Desempenho. 5. Constante monitoramento dos resultados e comparação com os objetivos formulados. 6. Retroação intensiva e contínua avaliação conjunta. 268 GP2.pmd 268 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS 6. Métodos de 360 graus – trata-se de um modelo em que o avaliado é focado por praticamente todos os elementos que tenham contato com ele: subordinados, superiores, pares, clientes internos e externos, fornecedores, etc. Esse processo de avaliação total recebe o nome de 360 graus exatamente pela dimensão que assume o campo feedback. E assim, com o entendimento dos principais métodos utilizados para realizar a avaliação de desempenho, você está apto para fazer a seguir as atividades de aprendizagem propostas para esta unidade. A TIVID ADES TIVIDADES DE A UT O - A V ALIAÇÃO UTO Após a leitura criteriosa desta unidade, leia com atenção os enunciados e realize as questões que seguem. 1. Por que avaliar o desempenho? 2. Que desempenho deve ser avaliado (campos de abrangência)? 3. Como avaliar o desempenho? 4. Quem deve fazer a avaliação de desempenho? 5. Como comunicar a avaliação de desempenho? U N I D A D E 14 GP2.pmd 269 269 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA SÍNTESE Nesta unidade você estudou a avaliação de desempenho, e o esperado é que tenha compreendido conceito, importância, objetivos, denominações, razões que levam as organizações a avaliar o desempenho de seus colaboradores e métodos de avaliação de desempenho. Se devidamente planejada, elaborada, executada, a AD se constitui como um poderoso instrumento de gestão empresarial, permitindo à organização atuar de maneira mais justa e meritocrática, evitando procedimentos corporativistas e favorecimento não justificado de facções ou indivíduos. Em última instância, isto se apresenta como vantagens significativas no ambiente organizacional. Entretanto, é necessário enfatizar que a avaliação de desempenho caracteriza-se com um instrumento. Como instrumento, seu valor e significado dependem do uso que deles é feito. Concorda-se com Bergamini (1983:07) quando este afirma que a AD como um simples instrumento não tem o poder de chegar a objetivo algum, a não ser o de facilitar o diagnóstico daqueles fatores que estejam dificultando ou bloqueando o alcance dos objetivos organizacionais. Assim, a questão central que se coloca no contexto das contribuições potenciais da AD é a maneira como ela informará e orientará as medidas administrativas tomadas com base nos dados e informações coletadas através dela. O sucesso destas medidas administrativas é que irá conferir legitimidade e sentido ao uso desta técnica especial de avaliação sistemática de desempenho. E assim, você concluiu o estudo da Unidade 14 – avaliação de desempenho e agora a próxima etapa lhe convida a estudar na Unidade 15 a segurança no trabalho. Até lá! 270 GP2.pmd 270 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA S AIBA DE P ESSO AS ESSOAS MAIS Para você aprofundar seus conhecimentos sobre os assuntos tratados nesta unidade, a sugestão é que consulte as seguintes fontes: BERGAMINI, C. W. BERALDO, D. G. R. Avaliação de desempenho humano na empresa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1988. LUCENA, M. D. de. Avaliação de desempenho. São Paulo: Mac-Graw-Hill, l977. U N I D A D E 14 GP2.pmd 271 271 7/3/2007, 11:57 GP2.pmd 272 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Objetivos de aprendizagem Ao final desta unidade você terá subsídios para: ♦ conhecer os conceitos de segurança no trabalho e saúde ocupacional; ♦ ♦ saber como se classificam os acidentes de trabalho; compreender quais as causas e conseqüências do acidente de trabalho. Seções de estudo A seguir, acompanhe as seções que você irá estudar nesta unidade. Ao final de cada etapa de estudos, use os quadros para assinalar as seções já estudadas. Seção 1 – O que é segurança do trabalho? Seção 2 – O que é acidente de trabalho? Seção 3 – O que causa os acidentes de trabalho? Seção 4 – Como se dá o estresse no trabalho? Unidade 15 Segurança e saúde ocupacional Seção 5 – Como prevenir acidentes na prática? Seção 6 – Comissão inter na de pr pree v enção de acidentes (CIP A). (CIPA). Seção 7 – Saúde e medicina ocupacional. 273 GP2.pmd 273 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Par araa início de estudo Está unidade introduz conhecimentos que serão úteis para você ter uma melhor compreensão sobre temas abordados nesta disciplina e, até mesmo, para o desen uitos outr os aspectos do cur so desenvv olvimento de m muitos em Gestão Estratégica das Organizações. Dentro desta unidade você irá tomar conhecimento de assuntos tais como: o conceito e as etapas de um programa de segurança no trabalho, o que é um acidente de trabalho e as suas classificações, o que causa, as conseqüências, como prevenir e quais as medidas preventivas que podem ser adotadas pela empresa para evitar acidentes de trabalho, quais são os equipamentos de proteção individual e a comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA). SEÇÃO 1 – O QUE É SEGURANÇA DO TRABALHO ? De acordo com Chiavenato (1999), segurança do trabalho é o conjunto de medidas de ordem técnica, educacional, médica e psicológica utilizadas para prevenir acidentes, seja eliminando as condições inseguras do ambiente, seja instruindo ou convencendo as pessoas sobre a implantação de práticas preventivas. Ensina Ivancevich (apud CHIAVENATO, 1999) que a implantação de um programa de segurança do trabalho requer as seguintes etapas: 1. estabelecimento de um sistema de indicadores e estatísticas de acidentes; 2. desenvolvimento de sistemas de relatórios de providências; 3. desenvolvimento de regras e procedimentos de segurança; 4. recompensas aos gerentes e supervisores pela administração eficaz da função de segurança. Todo trabalhador tem direito à informação quanto aos possíveis riscos que o seu trabalho oferece. Deve saber, por exemplo, se os produtos químicos expostos são tóxicos, se o grau de ruído a que se submete não é nocivo à sua audição, etc. 274 GP2.pmd 274 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Antes da realização de qualquer trabalho, cada profissional deve ser informado sobre a maneira mais segura de realizá-lo, além de receber os equipamentos de segurança e proteção individual exigidos para a realização da tarefa. É fundamental, da mesma forma, que seja facilitado o acesso a todo e qualquer tipo de informação quanto aos riscos que o profissional corre no trajeto de casa para o trabalho, e viceversa, pois pode ser caracterizado como acidente de trabalho. Os riscos que podem existir no local de trabalho são classificados da seguinte forma: Riscos Descrição Ambientais Estão presentes no próprio local de trabalho, sob diversas formas, dentre elas o ruído excessivo, temperaturas altas ou baixas demais, poeiras nocivas, vírus, etc. Ocupacionais São os decorrentes da função que o profissional exerce no trabalho e do equipamento que opera. Dentre esses riscos, podemos citar choques elétricos, esmagamento de mãos, quedas, explosões, etc. Gerais A forma como seu trabalho é desenvolvido também pode se tornar um risco à saúde, principalmente no que diz respeito a posturas incorretas, movimentos repetitivos, etc. Uma vez que o conceito de segurança do trabalho está dado, a próxima seção responde sobre o acidente de trabalho. SEÇÃO 2 – O QUE É ACIDENTE DE TRABALHO? Acidente de trabalho, para Marras (2003), é um acontecimento involuntário decorrente tanto de um ato inseguro quanto de uma situação peculiar que possa causar danos ao trabalhador e à organização que o emprega. Segundo Chiavenato (1999), acidente é um acontecimento não premeditado do qual resulta dano considerável. U N I D A D E 15 GP2.pmd 275 275 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA De acordo com a National Safety Council citada pelo mesmo autor, acidente é uma ocorrência numa série de fatos que, sem intenção, produz lesão corporal, morte ou dano material. Ambas definições consideram o acidente como um fato súbito, inesperado, imprevisto (ainda que algumas vezes previsível) e não premeditado ou desejado e inclusive como causador de dano considerável, embora não especifiquem se trata-se de dano econômico ou dano físico às pessoas. Conforme Chiavenato (1999), em decorrência da sua gravidade, os acidentes de trabalho podem ser classificados em: acidente sem afastamento: é aquele que decorrido o acidente, o empregado continua trabalhando sem qualquer seqüela ou prejuízo considerável; acidente com afastamento: são aqueles que provocam o afastamento do empregado do trabalho. Os acidentes com afastamento do local de trabalho podem produzir: a. Incapacidade temporária. Perdas temporária da capacidade para o trabalho e suas seqüelas se prolongam por um período menor do que um ano. b. Incapacidade permanente parcial. Provoca a redução parcial e permanente para o trabalho e suas seqüelas se prolongam por período maior do que um ano. É geralmente motivada por: • perda de qualquer membro ou parte deste; • redução da função de qualquer membro ou parte deste; • perda da visão ou redução funcional de um olho; • perda da audição ou redução funcional de um ouvido; • quaisquer outras lesões orgânicas, perturbações funcionais ou psíquicas que resultem, na opinião do médico, em redução de menos de três quartos da capacidade de trabalho. c. Incapacidade total permanente. Provoca a perda total, em caráter permanente, da capacidade de trabalho. É geralmente motivada por: • perda da visão de ambos os olhos; • perda da visão de um olho com redução em mais da metade da visão do outro; • perda anatômica ou impotência funcional de mais de um membro ou de suas par tes essenciais (mão ou pé); • perda da visão de um olho, simultânea à perda anatômica ou impotência funcional de uma das mãos ou de um pé; • perda da audição de ambos os ouvidos ou, ainda, redução em mais da metade de sua função; • quaisquer outras lesões orgânicas, perturbações funcionais ou psíquicas permanentes que ocasionem, sob opinião médica, a perda de três quartos ou mais da capacidade para o trabalho. d. Mor te. Falecimento do empregado como resultado do acidente. 276 GP2.pmd 276 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Quais são as conseqüências imediatas do acidente de tr a balho? De acordo com Marras (2003) existem algumas conseqüências imediatas decorrentes de um acidente de trabalho que atingem o trabalhador, a empresa e a sociedade e o país como podem ser vislumbradas no quadro a seguir: Conseqüências imedia tas decor r entes de um acidente do tr a balho imediatas balho,, par a O TRABALHADOR sofrimento físico; incapacidade para o trabalho; desamparo à família. A SOCIED ADE E O PPAÍS AÍS SOCIEDADE A EMPRESA dificuldades burocráticas com as entidades oficiais e desgaste da imagem da empresa perante o mercado; perda temporária ou permanente de um elemento da população economicamente ativa (PEA); gastos com primeiros socorros e transporte do acidentado até o local de atendimento; aumento do custo de vida; perda de tempo produtivo de outros empregados ao socorrerem o acidentado ou com paradas de produção para comentar o assunto; maior gasto com a saúde, inclusive desviando recursos de outras áreas (educação alimentação, transporte, etc.). danos ou perdas de material, ferramentas, equipamentos ou máquinas. maior valor de impostos e taxas de seguro; Uma vez conhecido o conceito, os tipos e as conseqüências dos acidentes de trabalho, acompanhe na próxima seção as causas principais de acidentes de trabalho. SEÇÃO 3 – O QUE CAUSA OS ACIDENTES DE TRABALHO? Existem duas causas de acidentes no local de trabalho: as condições inseguras e os atos inseguros (CHIAVENATO, 1999). 1. A condição insegura: é a condição física ou mecânica existente no local, na máquina, no equipamento ou na instalação (que poderia ter sido protegida ou corrigida) e que leva à ocorrência do acidente. U N I D A D E 15 GP2.pmd 277 277 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA :o piso escorregadio, oleoso, molhado, com saliência ou buraco, máquina desprovida de proteção ou com polias ou partes móveis desprotegidas, instalação elétrica com fios descascados, motores sem fio-terra, iluminação deficiente ou inadequada. As condições inseguras constituem as principais causas dos acidentes no trabalho e incluem fatores como: equipamento sem proteção; equipamento defeituoso; procedimentos arriscados em máquinas ou equipamentos; armazenamento inseguro, congestionado ou sobrecarregado; iluminação deficiente ou imprópria; ventilação imprópria, mudança insuficiente de ar ou fonte de ar impuro; temperatura elevada ou baixa no local de trabalho; condições físicas ou mecânicas inseguras que constituem zonas de perigo. As providências nestes casos são eliminar ou minimizar as condições inseguras. Outros fatores de acidente relacionados com o trabalho e que são considerados condições inseguras são: o cargo em si, a programação de trabalho prolongado e o clima psicológico do local de trabalho. 2. O ato inseguro: é a violação de procedimento aceito como seguro, ou seja, deixar de usar equipamento de proteção individual, distrair-se ou conversar durante o serviço, fumar em área proibida, lubrificar ou limpar máquina ligada ou em movimento. Os atos inseguros dos funcionários são: carregar materiais pesados de maneira inadequada; trabalhar em velocidades inseguras – muito rápidas ou lentas; utilizar esquemas de segurança que não funcionam; usar equipamento inseguro ou usá-lo inadequadamente; não usar procedimentos seguros; assumir posições inseguras; subir escadas ou degraus depressa; distrair, negligenciar, brincar, arriscar, correr, pular, saltar, abusar, etc. 278 GP2.pmd 278 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS É necessário minimizar as condições de insegurança. As causas dos atos inseguros podem ser atribuídas a certas características pessoais que predispõem aos acidentes, como ansiedade, agressividade, falta de controle emocional, etc. As características pessoais, a personalidade e a motivação das pessoas provocam certas tendências comportamentais que predispõem a acidentes como a tendência a assumir riscos e tomar atitudes inadequadas. Essas tendências de comportamentos levam atos inseguros, como desatenção e falhas em seguir procedimentos, e aumentam a probabilidade de acidentes. SEÇÃO 4 – C OMO SE DÁ O ESTRESSE NO TRABALHO ? O “estresse é um conjunto de reações físicas, químicas e mentais de uma pessoa a estímulos ou estressores no ambiente. É uma condição dinâmica, na qual uma pessoa é confrontada com uma oportunidade, restrição ou demanda relacionada com o que ela deseja” (CHIAVENATO, 1999, p. 377). Para o mesmo autor o estresse é decorrente da soma das perturbações orgânicas e psíquicas provocadas por diversos agentes agressores como trauma, emoções fortes, fadiga, exposição a situações conflitivas e problemáticas, etc. Alguns fatores relacionados com o trabalho, como por exemplo a sobrecarga de atividade, pressão de tempo ou relações problemáticas com chefes ou clientes produzem reações por parte dos indivíduos como nervosismo, inquietude, tensão, etc. Existem alguns fatores que podem acarretar estresse como: O autoritarismo do chefe, a desconfiança, a pressão das exigências e cobranças, o cumprimento do horário de trabalho, a chateza e monotonia de certas tarefas, o moral baixo dos colegas, a falta de perspectiva de progresso profissional e a insatisfação pessoal não somente derrubam o bom humor das pessoas, como também provocam estresse no trabalho (CHIAVENATO, 1999, p. 377). Além do trabalho, problemas pessoais, familiares, conjugais, financeiros e legais ajudam a aumentar o estresse dos funcionários. U N I D A D E 15 GP2.pmd 279 279 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA O estresse no trabalho ocasiona sérias conseqüências tanto para o empregado como para a organização. Entre as conseqüências humanas do estresse pode-se citar a ansiedade, a depressão, a angústia e várias conseqüências físicas como distúrbios gástricos e cardiovasculares, dores de cabeça, nervosismo e acidentes. Em certos casos, envolvem abuso de drogas, alienação e redução de relações interpessoais. Por outro lado, o estresse também afeta prejudicialmente a organização ao interferir na quantidade e qualidade do trabalho, no aumento do absenteísmo e rotatividade e na predisposição a queixas, reclamações e greves (CHIAVENATO, 1999). S EÇÃO 5 – C OMO PREVENIR ACIDENTES NA PRÁTICA ? Todo programa de prevenção de acidentes focaliza duas atividades básicas como bem coloca Chiavenato (1999), são elas: eliminar as condições inseguras; e reduzir os atos inseguros. Veja a seguir como aplicar cada uma delas: l. eliminação das condições inseguras: é a atribuição dos funcionários da primeira linha de defesa. Engenheiros de segurança desenham cargos para eliminar ou reduzir os riscos físicos dos ocupantes. Os supervisores e gerentes de linha assumem importante papel na redução das condições inseguras. Nesta atividade são realizados mapeamento de áreas de risco, análise profunda dos acidentes e apoio irrestrito da alta administração; 2. redução dos atos inseguros: os acidentes são similares a outros tipos de desempenho pobre. Estudos psicológicos indicam que não se deve alocar pessoas que apresentam tendências para acidentar-se em cargos específicos. Esta atividade envolve processos de seleção de pessoal, comunicação interna, treinamento e reforço positivo. Existem algumas medidas que a empresa pode adotar visando evitar a ocorrência de acidentes. São elas conforme ensina Chiavenato (1999): EDUCAÇÃO: desenvolver uma consciência de segurança por meio de sinalização com slogans em locais de passagem, artigos sobre segurança na correspondência ou a comunicação de dias sem acidentes; 280 GP2.pmd 280 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS TREINAMENTO EM HABILIDADES: imbuir as medidas de prevenção em processos de aprendizagem; ENGENHARIA : prevenir acidentes através da elaboração de equipamentos ou do estabelecimento de tarefas, incluindo os fatores que promovem fadiga, sono ou monotonia; MAPEAMENTO DE RISCOS : localização de áreas de riscos, providências para eliminação de riscos de acidentes, inspeções periódicas, relatórios constantes e atenção da alta administração são imprescindíveis; PROTEÇÃO: proporcionar equipamentos com proteção; REGRAS DE REFORÇO : os melhores regulamentos e regras são ineficientes na redução de acidentes se não forem continuamente reforçados e aplicados. Equipamentos de proteção individual (EPI) são usados pelos empregados com objetivo de evitar acidentes no trabalho. A legislação trabalhista obriga o empregador a fornecer gratuitamente ao trabalhador tais equipamentos, essenciais para garantir a proteção contra eventuais acidentes, em concordância com o tipo de trabalho que realiza (MARRAS, 2003). S EÇÃO 6 – C OMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE A CIDENTES (CIP A) (CIPA) A CIPA é uma comissão interna da organização, composta por membros representantes dos empregados e da empresa. Ela é regulamentada pela NR-5, que estabelece que as empresas privadas ou públicas e os órgãos governamentais que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ficam obrigados a organizar e manter em funcionamento, por estabelecimento, uma comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA). Enfatiza Marras (2003) que tal comissão tem por objetivo observar e relatar as condições de risco nos ambientes de trabalho e solicitar medidas para minimizar, até eliminar, os riscos existentes e/ou neutralizá-los, bem como discutir os acidentes ocorridos na organização. Outra atribuição da comissão interna de prevenção de acidentes é desenvolver campanhas de esclarecimento aos trabalhadores quanto aos riscos inerentes ao local de trabalho e o uso adequado das máquinas ou ferramentas. U N I D A D E 15 GP2.pmd 281 281 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA S EÇÃO 7 – S AÚDE E MEDICIN AL MEDICINAA OCUP OCUPAACION CIONAL Os riscos de saúde, físicos e biológicos, tóxicos e químicos, além das condições estressantes, podem produzir danos às pessoas no trabalho. O próprio ambiente de trabalho pode, também, ser gerador de doenças. Uma definição de maior amplitude coloca a saúde como um estado físico, mental e social de bem-estar. Essa definição enfatiza as relações entre corpo, mente e padrões sociais. A saúde de um empregado pode ser prejudicada por doenças, acidentes ou estresse (CHIAVENATO, 1999). A saúde ocupacional como bem ensina Chiavenato (1999), está relacionada com a assistência médica preventiva. Tal prevenção pode ser verificada na lei n° 24/94 que instituiu o programa de controle médico de saúde ocupacional, que exige o exame médico pré-admissional, o exame médico periódico, o de retorno ao trabalho, o de mudança efetiva de função, antes da transferência, e o exame médico demissional, nos 15 dias que antecedem o desligamento definitivo do funcionário. Os programas de medicina ocupacional procuram envolver os exames médicos exigidos pela legislação e executar programas de proteção da saúde dos empregados, palestras de medicina preventiva, elaboração do mapa de riscos ambientais, relatório anual e arquivos de exames médicos com avaliação clínica e exames complementares, objetivando a qualidade de vida dos trabalhadores e melhor desempenho da organização (CHIAVENATO, 1999). Como etapas de um programa de saúde ocupacional, apresentam-se os seguintes procedimentos: 1. estabelecimento de um sistema de indicadores, abrangendo estatísticas de afastamentos e acompanhamento de doenças; 2. desenvolvimento de sistemas de relatórios médicos; 3. desenvolvimento de regras e procedimentos para prevenção médica; 4. recompensas aos gerentes e supervisores pela administração eficaz da função de saúde ocupacional (CHIAVENATO, 2003). 282 GP2.pmd 282 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Os principais problemas ligados à saúde nas organizações são: 1. alcoolismo e dependência química de drogas, medicamentos, fumo, entre outros; 2. AIDS (síndrome de deficiência imunológica adquirida); 3. estresse no trabalho; 4. exposição a produtos químicos perigosos como ácidos, asbestos, etc.; 5. exposição a condições ambientais frias, quentes, contaminados, secas, úmidas, barulhentas, pouco iluminadas, etc.; 6. hábitos alimentares inadequados: obesidade ou perda de peso; 7. vida sedentária, sem contatos sociais e sem exercícios físicos; 8. automedicação sem cuidados médicos adequados (CHIAVENATO, 1999). Uma vez que você acompanhou e tomou conhecimento sobre o subsistema de Gestão de pessoas que trata da segurança do trabalho, realize agora as atividades proposta a seguir para completar esta aprendizagem. A TIVID ADES TIVIDADES DE A UT O - A V ALIAÇÃO UTO Após a leitura criteriosa desta unidade, leia com atenção os enunciados e realize as questões que seguem. 1. Qual o conceito de segurança do trabalho? 2. O que é um acidente de trabalho? U N I D A D E 15 GP2.pmd 283 283 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 3. Como se classificam os acidentes de trabalho? 4. O que causa os acidentes de trabalho? 5. Como prevenir um acidente de trabalho? 6. O que é CIPA? 7. Quais são os fatores que levam ao estresse? 284 GP2.pmd 284 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS SÍNTESE Nesta unidade você estudou, o conceito de segurança do trabalho, as etapas essenciais de um programa de segurança no trabalho, o que é acidente de trabalho, a classificação dos acidentes de trabalho, o que causa os acidentes de trabalho, quais são as conseqüências de um acidente, como prevenir acidentes de trabalho, quais medidas preventivas podem ser adotadas pela empresa para evitar acidentes de trabalho e também a saúde ocupacional. A segurança do trabalho se preocupa com a prevenção de doenças e acidentes relacionados com o trabalho. Está relacionada com as condições ambientais de trabalho que asseguram saúde física e mental às pessoas. Como assegurar um ambiente saudável para o trabalhador compatível com a legislação? Como controlar as fontes de riscos de acidentes garantindo uma maior produtividade? As condições de segurança e saúde no trabalho fazem parte hoje dos assuntos mais discutidos no âmbito empresa, governo e comunidade. São vários os motivos que levam as organizações a considerarem as questões de segurança como estratégicas em seu negócio: o elevado custo na reparação dos danos causados por acidentes e doenças no trabalho, o aumento da produtividade em ambientes seguros e saudáveis, o diferencial competitivo em mercados cada vez mais exigentes quanto à performance ambiental. Nos últimos anos, um número crescente de organizações nacionais e multinacionais vêm investindo no desenvolvimento de sistemas integrados de gestão, meio ambiente, saúde e segurança, baseados nas normas BSI 8800 e OSHAS 18001 como forma de demonstrar sua responsabilidade sócio-ambiental, fortalecer e ampliar sua posição no mercado globalizado. Na Unidade 16 você estudará a qualidade de vida no trabalho(QVT), que lhe proporcionará novos conhecimentos relacionados ao trabalho. U N I D A D E 15 GP2.pmd 285 285 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA S AIBA MAIS Para você que deseja ampliar seus conhecimentos sobre segurança e saúde no trabalho, a sugestão é que leia o artigo a seguir. ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO Selene Negreiros1 Evitar os passivos judiciais e administrativos é hoje um desafio para a economia interna das empresas. A adoção de medidas tendentes a evitar demandas e infrações, representa significativa preocupação dos gestores, em especial aqueles a que estão afetos os sistemas de recursos humanos. Conhecer os riscos, e, atuar proativamente, é a alternativa mais segura nesses casos. O novo Código Civil Brasileiro, em vigor a par tir de 11 de janeiro de 2003, não perdeu de vista a responsabilidade a que estão sujeitos agentes que por ação e/ou omissão venham a causar danos a outrem, e que em função dessa responsabilidade assumem o ônus de prover indenização pelo “dano” causado. Para o sistema de administração de recursos humanos, a temática tem impor tância especial, tanto em termos do contexto empresarial, como para o contexto pessoal, sendo relevante sinalizar que o desconhecimento das leis, não é motivo para isentar-se ao seu cumprimento, e menos ainda para fur tar-se às obrigações e sanções daí decorrentes. As implicações decorrentes de doenças e/ou acidentes ocupacionais, estão a exigir dedicada atenção dos empregadores e tomadores de ser viços, em suas variadas modalidades, já que a amplitude dos conceitos de proteção ao trabalho, alcançam com eficácia, quase todas as situações existentes, dando-se acurada atenção ao capítulo V, título II, da consolidação das leis do tr abalho – CLT e suas nor mas regulamentadoras, (NRs), expedidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, da qual podem derivar ações de responsabilidade civil por ato ilícito: Artigo publicado no site: www.rh.com.br – acesso em 9.5.04. Selene Negreiros é advogada, especialista em responsabilidade civil, professora e conferencista na área de saúde e segurança do trabalho. 1 286 GP2.pmd 286 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Código Civil Brasileiro – LEI N 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002 . Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou impr udência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Ar t. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. A ampliação do ato ilícito, consubstanciada no artigo 187, com redação específica, é um chamamento aos limites que devem regrar os atos jurídicos, devendo merecer as cautelas necessárias antecipatórias, quanto aos problemas que de sua inobservância podem decorrer. Os tribunais entendem, via de regra (com as exceções previstas em lei), que basta que o acidente de trabalho ocorra, para que se possa buscar o ressarcimento do dano na esfera cível, já que a técnica e o cumprimento das normas legais e/ou administrativas impediriam sua ocorrência, ou seja, a infor tunística pode e deve ser controlada pela execução de medidas técnicas, operacionais e administrativas, que visem a não-ocorrência do fato. Prevalece, neste caso, o princípio da “ordem pública”, super veniente aos inter esses econômicos ou financeiros da empresa. No dia-a-dia da empresa, a ocorrência de um acidente ou constatação de doença, quase sempre leva à busca de um “culpado”, o plano emocional suplanta o racional e aí todos querem se livrar da “bomba”, já que somente aí descobrem a “encrenca”, que a prevenção esquecida, agora vai causar! Desculpas e justificativas das mais variadas surgem (quase todas deixando a responsabilidade e a culpa do fato sobre a vítima) e só aí, então, é que se descobre que as seguidas leniências e o descumprimento constante das normas de proteção ao trabalho, vão causar um grande prejuízo para a organização. Em que pese todo o esforço para escapar da sanção legal e de suas variadas implicações na atividade empresarial, descobre-se que não há o que perquirir. O conceito de culpa ( negligência/imprudência/ imperícia) está no Código Civil: U N I D A D E 15 GP2.pmd 287 287 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Ar t. 927. Aquele que to ilícito (ar ts que,, por aato ts.. 186 e 187), causar dano a outr em, ffica ica obrig ado a r e pará-lo obrigado pará-lo.. P arág arágrr af afoo único único.. Haverá obrigação de repar ar o dano, culpa, nos casos especificados em lei, ou independentemente de culpa quando a aati titividade vidade nor malmente desen desenvv olvida pelo autor do tur e za, risco par a os dir eitos de dano implicar implicar,, por sua na natur outrem – (grifo nosso). Agregando-se isso ao ar tig tigoo 157 da CL CLTT ; “cumprir e fazer cumprir as normas de segurança”, o nível de risco e as medidas que deveriam ser previamente adotadas, bem como as responsabilidades da empresa e de seus prepostos pelo não-cumprimento, fica claro a responsabilidade direta da empresa e de seus gestores e prepostos pelo ressarcimento do dano. Além disso, outras normas previdenciárias e trabalhistas também possuem especificidade que exigem o acurado estudo e detalhamento para o seu cumprimento, como no caso da NR-17 , que trata das condições ergonômicas no ambiente ocupacional, e quase sempre ignoradas, já que ambientes de trabalho do tipo “escritórios” e “lojas” parecem estar livres de acidentes e doenças, bem como do atendimento a normas específicas, gerando, com o descumprimento, graves passivos judiciais e/ou cíveis para as organizações. Vale lembrar do caso dos treinamentos obrigatórios de segurança ocupacional em que, não raro, a empresa não possui documentação que comprove treinamento, bem como, que ocorreu as suas expensas... Mais recentemente pela medida provisória nº 83, de 12 de dezembro de 2002, o Poder Público, adotou novas normas quanto à aposentadoria especial no que tange as condições ambientais de trabalho, determinando que até novembro, devam as empresas que possuam empregados, prestadores de serviço e até cooperados, desde que estes exerçam suas atividades expostos a agentes nocivos à saúde ou integridade física, emitir a “Dirben 8030”, e a partir de então o “PPP”, perfil profissiográfico previdenciário, visando assegurar a percepção dos benefícios previdenciários. Ou seja, existe um controle indireto sobre as condições de trabalho, e que podem ser levadas a juízo para apreciação quando da ocorrência de doenças e/ou acidentes. vil: “São também rresponsáv esponsáv eis Diz o ar tigo Ar t. 932 do Códig Códigoo Ci Civil: esponsáveis pela reparação civil: ... III – O empregador ou comitente, por seus empr e g ados ados,, ser viçais e pr e postos postos,, no eexx er cício do tr a balho que lhes competir competir,, ou em r azão dele;” Na prática, isso significa que, se a empresa é acionada civilmente por ato ilícito nos casos de acidentes ou doenças provocadas pelas condições de trabalho, e ficar provado que os profissionais de recursos humanos, gestão e/ou administração de pessoal não adotaram providências que lhes competia em razão de seus cargos ou função, a 288 GP2.pmd 288 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS empresa poderá ingressar com uma ação regressiva contra estes profissionais e cobrar deles, judicialmente, o valor a que a justiça impôs. A razão disso, é que tais profissionais devem orientar a empresa, e executar todas as medidas voltadas para a proteção laboral, que está intimamente ligada ao seu trabalho. Faz-se assim, necessário que os profissionais de gestão de RH e pessoal entendam os riscos inerentes a procedimentos de omissão quanto ao cumprimento do capítulo V, título II da CLT e outras normas prevencionistas, que não poderão ser explicados em juízo com a simples desculpa de excesso de serviço ou de não saber como fazer, já que existem meios e instrumentos que lhes permitem socorrer-se em caso de dúvida. As ações de responsabilidade civil por ato ilícito passam a ter prescrição em 03 (três) anos – (Código Civil Brasileiro, Ar t. 206 § 3 o Em três anos: V – a pretensão de reparação civil; ) sendo conveniente, que os gestores de RH e de administração de pessoal mantenham em seu poder, ainda que por cópia, todos os documentos gerados por eles nas empresas em que trabalham ou trabalharam por 05 anos, para que possam deles se ser vir de prova em juízo, quanto à sua nãoresponsabilização pessoal, no que tange a acidentes e doenças ocupacionais. Se a responsabilidade civil alcança os gestores de RH e de administradores de pessoal de forma quase indireta, a responsabilidade criminal é direta. Em caso de mor te por acidente de trabalho, tais ar tig profissionais poderão vir a ser enquadrados no Código Penal (ar tigoo 121 parágrafo 3º – homicídio culposo culposo), e em caso de ferimentos 129, parág ou seqüelas, no ar tigo parágrr af afoo 1º – lesão cor por al culposa culposa. Ademais, o ar tig tigoo 132 do mesmo códig códigoo tr a ta da exposição ao perigo e pode ser argüido por empregado, sindicato, defensor ou promotor público sempre que as medidas previstas na legislação de segurança e saúde ocupacional não estiverem sendo cumpridas, pondo em perigo a vida ou a saúde de qualquer trabalhador ou prestador de serviço, já que a responsabilidade pela fiscalização do cumprimento das normas legais incide sobre o contratante principal. Resta assim aos gestores de RH e administração de pessoal dedicar especial atenção ao cumprimento das normas legais de saúde e segurança no trabalho, observando detidamente as prescrições relativas a cada cargo ou função, bem como as condições de trabalho e as normas específicas inerentes, sob pena de serem responsabilizados cível e penalmente pelas conseqüências decorrentes de ação ou omissão, nas formas que a lei define. U N I D A D E 15 GP2.pmd 289 289 7/3/2007, 11:57 GP2.pmd 290 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Objetivos de aprendizagem Ao final desta unidade você terá subsídios para: ♦ ♦ entender o significado da qualidade de vida no trabalho; conhecer o movimento e os estágios de qualidade de vida no trabalho. Seções de estudo A seguir, acompanhe as seções que você irá estudar nesta unidade. Ao final de cada etapa de estudos, use os quadros para assinalar as seções já estudadas. Seção 1 – Movimento e estágios da qualidade de vida no trabalho (QVT) (QVT).. Seção 2 – Conceitos de qualidade de vida no t r a b a l h oo.. Seção 3 – Modelos de qualidade de vida no t r a b a l h oo.. Unidade 16 Qualidade de vida no tr abalho 291 GP2.pmd 291 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Par araa início de estudo P ar tindo do princípio que passamos a maior par te de nossas vidas nas organizações, seria ideal que as tr ansf or mássemos em lug ar es mais a pr azív eis e ansfor lugar azíveis saudáv eis par a a eexx ecução do nosso tr a balho saudáveis balho.. Locais onde pudéssemos, de fato, passar algumas horas criando e realizando plenamente, com satisfação e alegria. Como está sua qualidade de vida no trabalho? S EÇÃO 1 – M OVIMENTO E ESTÁGIOS DE QUALIDADE ALHO DE VID VIDAA NO TRAB TRABALHO (Q VT) (QVT) Apesar da origem do movimento de QVT remontar a 1950, com o surgimento da abordagem sócio-técnica, somente na década de 60 tomaram impulso iniciativas de cientistas sociais, líderes sindicais, empresários e governantes, na busca de melhores formas de organizar o trabalho a fim de minimizar os efeitos negativos do emprego na saúde e bem-estar geral dos trabalhadores. Entretanto, a expressão “qualidade de vida no trabalho” só foi introduzida, publicamente, no início da década de 70 pelo professor Louis Davis (UCLA, Los Angeles), ampliando o seu trabalho sobre o projeto e o delineamento de cargos. O primeiro estágio abrange as condições de subsistência, como salário compatível com a função, segurança, prevenção de acidentes, seguridade social e aposentadoria. Esta dimensão data de meados do século XIX e seus pressupostos são baseados no marxismo e nas políticas trabalhistas e sociais. O segundo estágio refere-se a incentivos salariais, participação nos lucros e eficiência administrativa. Nele se destacam as idéias de Taylor e Fayol, desenvolvidas por volta de 1890, nos EUA, no movimento de produtividade e de engenharia industrial. 292 GP2.pmd 292 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS O terceiro estágio abrange o reconhecimento social, a liderança democrática, o treinamento, a participação e a moral de grupo como dimensões da qualidade de vida no trabalho. No quarto e último estágio, temos a auto-realização, que surge por volta de 1960 com as teorias comportamentais e o movimento de qualidade de vida no trabalho, desenvolvendo as teses de autodesenvolvimento, criatividade, flexibilidade no horário de trabalho, pequenos grupos e meio ambiente. Uma vez compreendido os movimentos e estágios da qualidade de vida no trabalho(QVT), você conhecerá a seguir o conceito de QVT. SEÇÃO 2 – CONCEITOS DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Davis (1981) apresenta um conceito muito genérico de QVT como “condições favoráveis ou desfavoráveis de um ambiente de trabalho para os empregados”. Fernandes (1996) é mais específico e conceitua QVT como: um processo pelo qual uma organização tenta revelar o potencial criativo de seu pessoal, envolvendo-os em decisões que afeiam suas vidas no trabalho. Uma característica marcante do processo é que seus objetivos não são simplesmente extrínsecos, focando melhora da produtividade e eficiência em si; eles também são intrínsecos no que diz respeito ao que o trabalhador vê como fins de auto-realização e auto-engrandecimento. De acordo com Vieira (1996) o conceito de QVT é amplo e contingencial, podendo ser definido como a melhoria nas condições de trabalho – com extensão a todas as funções de qualquer natureza e nível hierárquico, nas variáveis comportamentais, ambientais e organizacionais que venham, juntamente com políticas de Gestão de pessoas condizentes, humanizar o emprego, de forma a obter-se um resultado satisfatório, tanto para o empregados como para a organização. Isto significa atenuar o conflito existente entre o capital e o trabalho”. U N I D A D E 16 GP2.pmd 293 293 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA A seguir, apresenta-se a evolução do conceito de qualidade de vida no trabalho (NADLER & LAWLER – apud FERNANDES, 1996, p. 42): 1- QVT como uma variável (1959 a 1972) – reação do indivíduo ao trabalho. Era investigado como melhorar a qualidade de vida no trabalho para o indivíduo; 2- QVT como uma abordagem (1969 a 1974) – o foco era o indivíduo antes do resultado organizacional, mas, ao mesmo tempo, tendia a trazer melhorias tanto ao empregado quanto à direção; 3- QVT com um método (1972 a 1975) – um conjunto de abordagens, métodos ou técnicas para melhorar o ambiente de trabalho e tornar o trabalho mais produtivo e mais satisfatório. QVT era vista como sinônimo de grupos autônomos de trabalho, enriquecimento de cargo ou desenho de novas plantas com integração social e técnica; 4- QVT como um movimento (1975 a 1980) – declaração ideológica sobre a natureza do trabalho e as relações dos trabalhadores com a organização. Os termos administração participativa e democracia industrial eram freqüentemente ditos como ideais do movimento de QVT; 5- QVT como tudo (1979 a 1982) – como panacéia contra a competição estrangeira, problemas de qualidade, baixas taxas de produtividade, problemas de queixas e outros problemas organizacionais; 6- QVT como nada (futuro) – no caso de alguns projetos de QVT fracassarem no futuro, não passarão de apenas um “modismo” passageiro. Depois de visto o conceito de QVT, fica mais fácil conhecer e compreender os modelos de QVT, que podem ser utilizados para obter um diagnóstico da qualidade de vida em um determinado ambiente de trabalho. 294 GP2.pmd 294 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA SEÇÃO 3 – MODELOS DE P ESSO AS ESSOAS DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Muitos autores da área de comportamento organizacional preocuparam-se em oferecer referenciais para a aferição da qualidade vida no trabalho, destacamos a seguir alguns modelos de acordo com seus autores. M ODELO N ADIER E L AWLER (1983) Nadier e Lawler citados por Búrigo (1997) indicam como atividades representativas de QVT: 1) participação nas decisões; 2) reestruturação do trabalho através de enriquecimento de tarefas e grupos de trabalho autônomos; 3) inovação no sistema de recompensas com influência no clima organizacional; 4) melhora do ambiente de trabalho no que se refere a horas de trabalho, condições, regras e meio ambiente físico, entre outros . M ODEL OS ODELOS DE S IQ UEIRA E C OLETT OLETTAA (1989) Búrigo (1997) comenta que Siqueira e Coletta realizaram um estudo sobre os fatores determinantes da QVT, a partir da percepção dos trabalhadores, utilizando como sujeitos 100 empregados de empresas industriais e comerciais de Uberlândia/MG. Os dados foram obtidos através de entrevistas individuais e levantaram incidentes críticos (positivos e negativos) no trabalho, suas conseqüências, aspectos de um bom e mau serviço, bem como sugestões para melhoria de vida no trabalho. Como resultado, os autores identificaram como principais fatores determinantes de QVT, o próprio trabalho, as relações interpessoais, os colegas, o chefe, a política de recursos humanos e a empresa, configurados em cinco categorias: U N I D A D E 16 GP2.pmd 295 295 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 1) política de recursos humanos – política de cargos e salários, treinamento, educação, benefícios, estabilidade, cumprimento das regras e legislação trabalhista; 2) trabalho – ambiente seguro/saudável, ausência de cobranças rígidas, oportunidade de participação nas decisões, informações suficientes e equipamentos adequados, tarefas enriquecidas e trabalhos em grupo, delimitação do espaço de trabalho de forma a permitir a viabilidade de outros níveis de vida do empregado, horário fixo de 8 horas, amizade entre colegas, contatos diretos com o patrão, tratamento adequado por parte dos clientes da organização; 3) interações pessoais – colegas – amizade, cooperação, confiança, e chefia – aberta ao diálogo, participativa, conhecimento técnico, compreensiva, autoridade, confiança; 4) indivíduo – assiduidade, baixa rotatividade, satisfação com o que faz, responsabilidade, iniciativa, confiança em si mesmo, separação entre problemas pessoais e profissionais, residir em local de fácil acesso; 5) empresa – imagem de organização, sólida, bem conceituada, regras bem definidas de funcionamento, administração eficiente. M ODELO DE W ALTON (1973) Um outro modelo sobre as condições de QVT é o de Richard Walton que envolve as seguintes variáveis: 1) compensação adequada e justa – a justiça do sistema de compensação é pesquisada através da adequação da remuneração ao trabalho que o trabalhador realiza, eqüidade interna (equilíbrio entre as remunerações na empresa) e equidade externa (comparação da remuneração com o mercado de trabalho); 2) condições de segurança e saúde do trabalho – são considerados os fatores jornada de trabalho e ambiente físico, 296 GP2.pmd 296 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS que não sejam perigosos em excesso ou prejudiciais à saúde do trabalhador; 3) uso e desenvolvimento de capacidades – refere-se às possibilidades do trabalhador satisfazer suas necessidades de utilização das habilidades e conhecimentos, de desenvolver sua autonomia, autocontrole e de obter informações sobre o processo total do trabalho, bem como de retroinformações quanto ao seu desempenho; 4) oportunidade de crescimento contínuo e segurança – está relacionada às possibilidades que o trabalho oferece em termos de carreira na empresa, de crescimento e desenvolvimento pessoal e de segurança no emprego de forma mais duradoura; 5) integração social na organização: a ausência de diferenças hierárquicas demasiadamente marcantes, apoio mútuo, franqueza interpessoal e ausência de preconceito são pontos fundamentais para o estabelecimento de um bom nível de integração social nas empresas; 6) constitucionalismo – o estabelecimento de normas e regras da organização, direitos e deveres do trabalhador e recursos contra decisões arbitrárias são necessários para que se estabeleça um clima de democracia; 7) o trabalho e o espaço total de vida – o trabalho não deve absorver todo o tempo e energia do trabalhar em detrimento de sua vida familiar, suas atividades de lazer e comunitárias; 8) relevância social da vida no trabalho – a atuação da empresa perante a sociedade pode ser verificada através da imagem, responsabilidade social, responsabilidade pelos produtos, práticas de emprego, regras bem definidas de funcionamento e administração eficiente. Dentre os modelos apresentado um dois mais utilizado para estudar a qualidade de vida no trabalho é o de Walton, desde que atenda os interesses da empresa. Uma vez que você estudou os temas tratados nesta unidade, a próxima etapa é realizar as atividades de auto-avaliação. U N I D A D E 16 GP2.pmd 297 297 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA A TIVID ADES TIVIDADES DE A UT O - A V ALIAÇÃO UTO Após a leitura criteriosa desta unidade, leia com atenção os enunciados e realize as questões que seguem. 1. Como surgiu o movimento de qualidade de vida no trabalho? 2. Quais são os principais modelos de qualidade de vida no trabalho? 3. Qual o conceito de qualidade de vida no trabalho? 4. Escolha um dos fatores de um modelo de qualidade de vida e analise o seu ambiente de trabalho. Descreva sua percepção. 298 GP2.pmd 298 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS SÍNTESE Nesta unidade você estudou o movimento, os estágios, os conceitos e os diferentes modelos de qualidade de vida no trabalho – QVT. Programas de qualidade de vida no trabalho podem incrementar a produtividade, através da melhoria da comunicação e coordenação entre os empregados e os diversos setores da empresa, do crescimento da motivação do trabalhador, no que diz respeito aos seus aspectos individuais, e da constante capacitação para o aprimoramento do desempenho. Acreditamos que os momentos de transformação organizacional constituem potencialmente uma oportunidade para reorganizar o trabalho de tal forma que a qualidade de vida e a eficácia organizacional sejam melhoradas, que as características que se atribuem a um trabalho que tem um sentido possam orientar as decisões e as intervenções dos responsáveis pelos processos de transformação organizacionais. A adoção de programas de qualidade de vida proporciona ao indivíduo maior resistência ao estresse, estabilidade emocional, motivação, eficiência no trabalho, melhor auto-imagem e relacionamento. Por outro lado, as empresas são beneficiadas com uma força de trabalho mais saudável, menor absenteísmo/rotatividade, menor número de acidentes, menor custo de saúde assistencial, maior produtividade, melhor imagem e, por último, um melhor ambiente de trabalho. Na Unidade 17 você estudará a responsabilidade social, visando compreender sua importância no cotidiano das organizações. S AIBA MAIS Para você ampliar seu conhecimento sobre os assuntos desta unidade a sugestão é que você acesse os sites: www.rh.com.br http://www.rh.com.br; e www.abqv.org.br/serv_artigos.php http://www.abqv.org.br/ serv_artigos.php, selecione os artigos de seu interesse e tenha um boa leitura. U N I D A D E 16 GP2.pmd 299 299 7/3/2007, 11:57 GP2.pmd 300 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Objetivos de aprendizagem Ao final desta unidade você terá subsídios para: ♦ ♦ conhecer o conceito e a abrangência da responsabilidade social e temas afins; compreender a importância da prática de responsabilidade social por parte das organizações. Seções de estudo A seguir acompanhe as seções que você irá estudar nesta unidade. Ao final de cada etapa de estudos, use os quadros para assinalar as seções já estudadas. Seção 1 – Conceito de responsabilidade social. Seção 2 – Responsabilidade social e ética. Seção 3 – Tipos de responsabilidade social. Seção 4 – A impor tância da r esponsa bilidade social esponsabilidade para as organizações. Unidade 17 Responsabilidade social das organizações Seção 5 – Ter ceir erceir ceiroo setor setor.. Seção 6 – Voluntariado oluntariado.. 301 GP2.pmd 301 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Par araa início de estudo Esta última unidade apresenta como objeto de estudo um conhecimento que lhe será útil para percepção desta temática no dia-a-dia das organizações, no que diz respeito à responsabilidade social. Para você melhor compreender este assunto, inicialmente é importante a compreensão dos termos que abrangem responsabilidade social. S EÇÃO 1 – C ONCEITO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL Para muitas pessoas, o termo responsabilidade social é sinônimo exclusivo de filantropia ou caridade, o que na verdade é um equívoco. Segundo Melo Neto e Froes (apud CORRÊA; MEDEIROS, 2002), a filantropia caracteriza-se por ser algo individual, pois a atitude e a ação são do empresário, tratando basicamente de ação externa da empresa, tendo como principal beneficiário a comunidade em suas diversas entidades (conselhos comunitários, ONG’s, associações comunitárias, etc.) e organização. A responsabilidade social também pode ser identificada através do uso de outros termos. Segundo Megginson et al (1998), ação social, relações públicas, atividades comunitárias, desafios sociais e preocupação social também são outros termos relacionados com responsabilidade social. Independente do termo a ser utilizado, todos possuem o mesmo sentido, que é o de contribuir e colaborar com a sociedade. De acordo com a Revista Brasileira de Administração (2001), a responsabilidade social é um conceito relativamente novo que vem conquistando um número crescente de organizações e empresas no Brasil e em todo o mundo. Segundo Ashley (2002, p. 5), a expressão responsabilidade social suscita uma série de interpretações. 302 GP2.pmd 302 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Para alguns, representa a idéia de responsabilidade ou obrigação legal, para outros, é um dever fiduciário, que impõe às empresas padrões mais altos de comportamento que os do cidadão médio. Há os que traduzem, de acordo com o avanço das discussões, como prática social, papel social e função social. Outros a vêem associada ao comportamento eticamente responsável ou a uma contribuição caridosa. Há ainda os que acham que seu significado transmitido é ser responsável por ou socialmente consciente e os que a associam a um simples sinônimo de legitimidade ou a um antônimo de socialmente irresponsável ou não responsável. Ashley (2002, p. 6) define responsabilidade social como sendo: o compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atos e atitudes que afetem positivamente, de modo amplo, ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo proativamente e coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e sua prestação de contas para ela. Conforme Megginson et al (1998, p. 93), no contexto organizacional: responsabilidade social representa a obrigação da administração de estabelecer diretrizes, tomar decisões e seguir rumos de ação que são importantes em ter mos de valores e objetivos da sociedade. Para Daft (apud SCHROEDER, 2001) esta obrigação da administração acaba contribuindo para o bem-estar e os interesses da organização e da sociedade. De fato, a responsabilidade social implica em uma preocupação verdadeira pelo bem-estar dos outros e pelo ambiente, tanto o interno quanto o externo. E quanto ao ambiente? Em relação ao ambiente, Guedes (apud LOURENÇO; SCHRODER, 2002) menciona que uma organização socialmente responsável exerce sua gestão de maneira eficaz tanto com relação ao seu público interno (beneficiários internos) quanto com seu público externo (beneficiários externos). U N I D A D E 17 GP2.pmd 303 303 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Segundo Ashley (2002, p. 6), a: responsabilidade social leva no âmbito interno da empresa, à constituição de uma cidadania organizacional e, no âmbito externo, à implementação de direitos sociais. De acordo com Félix (2002), a responsabilidade social das organizações seria a integração voluntária por parte das mesmas nas preocupações sociais e ambientais em suas operações comerciais, bem como em suas relações com seus representantes e sua área de influência, ou seja, a busca das organizações por justiça social seria basicamente a iniciativa espontânea das mesmas em decidirem contribuir para a construção de uma sociedade e de um meio ambiente melhor. Uma vez visto a responsabilidade social com relacionamento ao meio ambiente, você poderá conhecer os aspectos éticos relacionados à responsabilidade social. S EÇÃO 2 – R ESPONSABILIDADE SOCIAL E ÉTICA Grajew (apud LOURENÇO; SCHRODER, 2002) destaca que a responsabilidade social corporativa está relacionada com a questão da atitude ética da organização em todas as suas atividades, com todos os seus stakeholders, ou seja, funcionários, fornecedores, clientes, acionistas, governo, concorrentes, meio ambiente e comunidade. Os preceitos da responsabilidade social devem nortear todas as políticas e atividades empresariais nos dia de hoje. Ainda ressaltando a questão da ética, Almeida (apud CORRÊA; MEDEIROS, 2002) enfatiza que a responsabilidade social corporativa diz respeito a um comprometimento verdadeiro permanente por parte dos empresários em adotar um comportamento ético, contribuindo assim para o desenvolvimento econômico, melhorando simultaneamente tanto a qualidade de vida de seus empregados e de seus familiares, quanto a comunidade local e toda a sociedade. Com o conhecimento visto a cima , você poderá aprofundar mais os seus conhecimentos em relação à responsabilidade social compreendendo agora responsabilidade social organizacional ou corporativa. 304 GP2.pmd 304 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS A responsabilidade social exige respeito e defesa dos direitos dos trabalhadores e dos direitos humanos em geral, denunciando a degradação ambiental e a exploração de crianças no trabalho, defendendo os direitos dos consumidores, condenando a injustiça social e a discriminação de raça, gênero e idade, defendendo os direitos dos portadores de deficiências (física, mental e sensorial), promovendo os valores da solidariedade, estabelecendo uma legislação de proteção aos direitos trabalhistas, humanos, sociais e ambientais, além da formação de profissionais com valores éticos (Cantocidadão, 2002). Na Seção 3, o tópico em estudo será os tipos de responsabilidade social para as organizações, tendo visto o conhecimento sobre responsabilidade social organizacional ou corporativa. S EÇÃO 3 – T IPOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL Para Barroso (2002), a idéia de responsabilidade social supõe que a organização tenha não apenas obrigações legais e econômicas, mas também certas responsabilidades para com a sociedade, as quais vai muito além dessas obrigações. Seguindo este raciocínio, Archie Carrol (apud LOURENÇO; SCHRODER, 2002) destacam que a responsabilidade social de uma organização pode ser dividida em quatro tipos: econômico, legal, ético e discricionário (ou filantrópico). A responsabilidade econômica é a principal responsabilidade social encontrada nas organizações, sendo que os lucros e os resultados são a maior razão de ser das mesmas. Ter responsabilidade econômica significa produzir bens e serviços que a sociedade necessita, a um preço que possa garantir a continuação das atividades da organização, de forma a satisfazer as suas obrigações com seus investidores, maximizando assim os lucros e resultados para seus proprietários e acionistas. U N I D A D E 17 GP2.pmd 305 305 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Já a responsabilidade legal está relacionada à expectativa da sociedade com respeito ao comportamento das organizações, ou seja, espera-se que as mesmas possam atender e cumprir com as suas obrigações municipais, estaduais e federais. Por sua vez, a responsabilidade ética representa os comportamentos e as atividades que a sociedade espera das organizações, ou seja, as mesmas devem procurar agir sempre de maneira ética, sendo que as suas atitudes antiéticas, as quais advêm quando as decisões permitem a um indivíduo ou a organização obter ganhos a custa e revelia da sociedade, devem ser prontamente eliminadas. E por fim, a responsabilidade discricionária ou filantrópica diz respeito à atitude voluntária da organização em querer contribuir socialmente em prol de alguma causa, sem imposição da economia, da lei ou da ética, não esperando nada em troca. Oliveira (1984, p. 204) destaca que a questão da responsabilidade social não é consenso, já que para uns, é tomada como responsabilidade legal ou obrigação social, para outros é o comportamento socialmente responsável em que se observa a ética, e para outros ainda, não passa de contribuições de caridade que a empresa deve fazer. Há também os que admitem que a responsabilidade social é, exclusivamente, a responsabilidade de pagar bem seus funcionários e dar-lhes um bom tratamento. Logicamente, responsabilidade social das empresas é tudo isto, muito embora não sejam estes itens isoladamente. O autor acima descrito, ressalta que o simples cumprimento das obrigações legais, previamente determinadas pela sociedade, não é sinônimo de uma organização socialmente responsável. Neste caso, a organização apenas honrou com a sua obrigação contratual óbvia, também denominada de obrigação social. A responsabilidade social é uma maneira pela qual a sociedade, as empresas, as ONG’s, as instituições e o governo têm de desenvolver atitudes perante a comunidade a qual está inserida, a fim de que seja visado e alcançado um bem-estar social (Marketing Social, 2002). Por sua vez, o Instituto Ethos (2002) define: Responsabilidade social é uma forma de conduzir os negócios de tal maneira que se torne coresponsável pelo desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente) e conseguir incorporá-los no planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos acionistas ou proprietários. 306 GP2.pmd 306 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS A conceituação da responsabilidade social pode ser mais ampla ou específica, variando de acordo os objetivos, com a missão, com a visão e com as estratégias das organizações. Neste caso, o Banco do Brasil (2002) entende que o termo responsabilidade sócio-ambiental empresarial significa a capacidade de criar valor para o acionista, investidor, governo, cliente, funcionário, prestador de serviço, comunidade e meio ambiente a longo prazo, por conseguir aproveitar as oportunidades e gerenciar os riscos associados a fatores econômicos, sociais e ambientais. Para Ashley (2002), a responsabilidade social acima de tudo disseminada como uma atitude estratégica, acaba permitindo criar uma nova cultura dentro das organizações, sendo praticada e incorporada na gestão e em outras atividades regulares da mesma. Conhecido os tipos de responsabilidade social para as organizações, você poderá compreender agora a sua importância para as organizações. S EÇÃO 4 – A IMPORTÂNCIA DA RESPONSABILIDADE GANIZAÇÕES SOCIAL PARA AS OR ORGANIZAÇÕES A competição se estabeleceu em todos os setores da sociedade. Desde o meio acadêmico até o âmbito profissional e empresarial, a competição é algo que passou a fazer parte do contexto da vida do ser humano. Hoje em dia, não basta ser bom, tornou-se imprescindível ser o melhor. As organizações estão percebendo que necessitam cada vez mais agregar diferenciais, a fim de se destacar perante a sua concorrência. Neste mundo altamente globalizado, em que as fronteiras deixaram de existir, há uma linha muito tênue que divide o sucesso do fracasso organizacional. Neste caso, a responsabilidade social pode ser o “fiel da balança” para uns ou para outros. O número de organizações que vêm passando a adotar a responsabilidade social como premissa em suas atividades empresariais junto à sociedade é crescente. Até então, existia uma visão errônea pré-estabelecida de que cuidar e gerenciar o aspecto social era responsabilidade única e exclusiva do Estado, entretanto, esta visão antiquada está mudando. U N I D A D E 17 GP2.pmd 307 307 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Apesar disso, nem todas as organizações despertaram ainda para a questão da responsabilidade social. O fato é que aquelas que já despertaram, passaram a ter um grande diferencial competitivo frente aos seus concorrentes, haja vista que são inúmeros os ganhos e os benefícios que as organizações podem auferir. Visto a sua importância, não seria difícil perceber quais os benefícios e vantagens trazidos pela responsabilidade social às organizações. Inúmeros são os ganhos que uma organização pode auferir ao adotar a prática da responsabilidade social em suas atividades empresariais. Esses benefícios vão desde aspectos econômicos até sociais, legais e ambientais. O fato é que a responsabilidade social tornou-se um diferencial competitivo e estratégico para as organizações nos dias de hoje. As organizações socialmente responsáveis têm a sua imagem e marca fortalecida perante o público e a sociedade em geral. Conforme já apresentado anteriormente, é crescente o número de pessoas que passam a dar preferência em comprar produtos ou contratar serviços de organizações que prezam pela responsabilidade social. Os clientes e consumidores destas organizações passam a valorizar cada vez mais suas ações e atitudes perante o seu público interno, mas principalmente em relação ao externo, em função da visibilidade. As organizações que investem na questão da responsabilidade social podem gozar de alguns benefícios legais e fiscais, principalmente relacionados a deduções no Imposto de Renda, em função de patrocínios e doações realizados a causas sociais. Existem leis municipais, estaduais e federais que promovem incentivos fiscais às pessoas jurídicas, as quais através de patrocínios e doações, principalmente na área cultural e artística, acabam praticando o marketing socialmente responsável. É importante deixar claro que a responsabilidade social não pode ser interpretada única e exclusivamente como uma técnica para as organizações auferirem aproveitamento fiscal, pois de maneira alguma ela foi concebida para isso. O fato é que a legislação brasileira concede tais benefícios às pessoas jurídicas até como uma forma de incentivo e reconhecimento pelo trabalho realizado nestas causas, sendo que ao investir, essas organizações estão colaborando direta ou indiretamente com o poder público, ou seja, com o Estado na busca pela construção de uma sociedade mais justa e homogênea. Uma organização socialmente responsável também aufere benefícios a partir das questões ambientais e sociais. Atualmente, as pessoas, independente da sua camada ou esfera na sociedade, exigem a preservação do meio ambiente. Tornou-se inadmissível a degradação ambiental por parte das atividades empresariais, sendo que ninguém mais tolera esse tipo de situação. As organizações que prezam pela responsabilidade social sabem da importância que o meio ambiente tem 308 GP2.pmd 308 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS na vida de todos os seres vivos, por isso enquadram a proteção ambiental como premissa em suas atividades empresariais. Conhecido e compreendido a importância e os benefícios e vantagens da responsabilidade social em relação às organizações, você agora conhecerá o que significa terceiro setor. SEÇÃO 5 – O TERCEIRO SETOR A sociedade atual é composta por três setores: o primeiro, o segundo e o mais recente, chamado de terceiro setor. De acordo com Chiavenato (1994), as organizações são classificadas como públicas (ou governamentais) ou privadas (ou de iniciativa particular), as quais diferenciam-se entre si pela forma de administração, pela forma de obtenção e alocação de recursos, bem como pela diferenciação nos objetivos. O primeiro setor representa o Estado, o público, englobando organizações governamentais, órgãos da administração direta e indireta, empresas públicas, sociedades de economia mista, autarquias, fundações e estatais, enquanto que o segundo setor foca o mercado, o privado, sendo composto pelas organizações privadas, como empresas limitadas (LTDA) e sociedades anônimas (S/A). Por sua vez, o terceiro setor é aquele constituído por organizações da sociedade civil, sem fins lucrativos, as quais são criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, em um contexto nãogovernamental, dando continuidade às praticas da caridade e filantropia, e expandindo o seu conceito para outras áreas, graças à incorporação da cidadania e de suas diversas manifestações na sociedade (FERNANDES, 2002). Além destas características, segundo a Revista de Administração Pública (apud CARVALHO, 2001), as empresas para se enquadrarem no terceiro setor também devem ser organizadas, ou seja, possuir algum grau de institucionalização, bem como serem auto-governáveis. De acordo com a Revista Brasileira de Administração (2002), instituições filantrópicas, projetos de caridade, igrejas, fundações e organizações sociais desenvolvidas por empresas e sindicatos compõem o terceiro setor. A característica marcante dessas organizações é que suas atividades não visam o lucro, diferentemente das instituições englobadas no segundo setor. As instituições que compõem o terceiro setor caracterizam-se por realizar ações nas mais diversas áreas. De acordo com a Revista Brasileira de U N I D A D E 17 GP2.pmd 309 309 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Administração (2002, p. 30), a educação, assistência à saúde, assistência social, pela popularização da informática, apoio ao esporte, preservação do meio ambiente (em defesa das tartarugas marinhas, das baleias, da Mata Atlântica) incentivo a micro-empresas, apoio a rádios e TV’s comunitárias, amparo a crianças e adolescentes, apoio a mulheres vítimas da violência doméstica e muito mais, ainda são inúmeros os bens e serviços gerados a partir da atuação das organizações do chamado terceiro setor. Conforme reiterado por Kanitz (2002), o terceiro setor, acima de tudo, procura gerar serviço de caráter público, prezando pelo bem comum, ou seja, todas as atividades e ações a serem tomadas buscam atender os anseios e as necessidades da sociedade. É justamente no terceiro setor que surgem e se enquadram as chamadas Organizações Não-Governamentais ou ONG’s, as quais se identificam como entidades de natureza privada, ou seja, não-públicas e sem fins lucrativos, sendo que no aspecto jurídico acabam se caracterizando como associações ou fundações, as quais possuem como foco principal de atuação as áreas da educação, saúde, cultura e comunidade, apoiando crianças, adolescentes e portadores de deficiências, realizando programas de voluntariado e proteção e preservação do meio ambiente, bem como parcerias com o Governo, e tantas outras (Revista Brasileira da Administração, 2002). Na seção, a seguir, você verá o trabalho voluntário no contexto da responsabilidade social. Verá também alguns exemplos de empresas que o programa de voluntariado não ficou apenas na teoria, sendo que efetivamente já vem sendo utilizado na prática. S EÇÃO 6 – V OL UNT ARIADO OLUNT UNTARIADO Algumas organizações já consideram o trabalho de voluntariado como um componente indispensável no desempenhar de suas atividades empresariais, dentre elas podemos destacar o Grupo Pão de Açucar, DPaschoal, Intermédica, 3M, Schering-Plough, Gillete do Brasil, e tantas outras. Nessas organizações, o programa de voluntariado não ficou apenas na teoria, sendo que efetivamente já vem sendo utilizado na prática. Segundo Consumidor Moderno (2002), o Grupo Pão de Açucar é um dos exemplos de programas de voluntariado bem estruturados. A organização realizou uma pesquisa junto aos seus funcionários, na qual constatou-se o interesse dos mesmos em participar da resolução dos problemas das comunidades em torno das lojas em que trabalhavam. O resultado foi a criação de um programa no final de 2001. 310 GP2.pmd 310 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Como um projeto piloto, foram escolhidas duas lojas em Salvador e três em São Paulo. Para definir as ações, os voluntários pesquisaram as carências das regiões vizinhas e firmaram parcerias com organizações, como postos de saúde e associações de bairro para colocar em prática suas atividades. Nestas regiões, foram identificados o desemprego e até a falta de condições para os interessados se candidatarem a empregos. A partir daí, buscou-se promover a realização de palestras com profissionais de recursos humanos sobre elaboração de currículos e postura adequada durante entrevistas. Além disso, outras parcerias acabaram sendo firmadas, possibilitando às pessoas carentes a oportunidade de tirar documentos, tais como carteira de identidade, cadastro de pessoa física (CPF), etc. Os participantes do programa de voluntariado podem ausentar-se da organização duas horas por semana para dedicar-se a ele. A rotina de trabalho não foi prejudicada. O índice médio de participação dos funcionários neste programa do Grupo Pão de Açucar em todas as suas unidades foi de 35%, chegando em alguns casos a ordem de 60%. A expectativa da organização é que em dois anos este programa esteja presente em todas as 443 lojas do grupo no país. No primeiro semestre de 2002, 54 lojas fizeram parte do programa, sendo que até o final do mesmo ano a expectativa era de envolver aproximadamente 12 mil funcionários. Por sua vez, a DPaschoal possui uma política de conceder bolsas de estudo somente aos funcionários que atuam em trabalhos comunitários. Já a Intermédica dá um certificado para os funcionários que mantém o voluntariado por 12 meses consecutivos, além de um acréscimo nas suas férias de 10% do tempo dedicado a essa atividade. Outras organizações, tais como a 3M e a Schering-Plough também reconhecem o valor da participação dos seus funcionários em programas de voluntariado, entregando-lhes certificados ou pin (FONTANA; MARI, 2000). Uma outra organização que começou recentemente a incentivar seus funcionários a ajudar o próximo foi a Gillette do Brasil, a qual está implantando o programa de voluntariado depois de promover, em julho de 2001, uma pesquisa para avaliar quantos funcionários já exerciam atividades similares, o eventual interesse na participação deste programa, bem como o tempo disponível e as áreas almejadas. Esta pesquisa revelou o interesse de 84% da equipe de São Paulo em participar do projeto. A partir dos resultados, a Gillette do Brasil desenvolveu um programa de capacitação para os interessados, com palestras sobre a importância do comprometimento, a disciplina exigida e a responsabilidade com a instituição em foco ao se assumir um compromisso desse tipo. Por enquanto, este programa só está sendo aplicado na região de São Paulo, mas o objetivo é expandi-lo para outras regiões do país (Consumidor Moderno, 2002). Enfim, após esta imersão sobre a prática da responsabilidade social pelas organizações, realize as atividades propostas a seguir. U N I D A D E 17 GP2.pmd 311 311 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA A TIVID ADES TIVIDADES DE A UT O - A V ALIAÇÃO UTO Após a leitura criteriosa desta unidade, leia com atenção os enunciados e realize as questões que seguem. 1. O termo responsabilidade social pode ser considerado sinônimo de: 2. Pesquise junto à empresa em que você atua, ou já atuou, as ações ou programas de responsabilidade social que a mesma desenvolve (identifique os beneficiários, a quantidade e a avaliação das ações). 3. Qual sua opinião sobre as empresas que praticam responsabilidade social única e exclusivamente para a melhoria de sua imagem frente à sociedade e ao mercado? 4. Como é composto e constituído o terceiro setor? 5. Em que consiste o trabalho voluntariado? 312 GP2.pmd 312 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS 6. Você já desenvolveu trabalho voluntário? Descreva as atividades. SÍNTESE Nesta seção você estudou o conceito, os tipos e a importância da responsabilidade social para as organizações; Estudou também responsabilidade social e ética, terceiro setor e voluntariado. Você verificou que a responsabilidade social pode ser definida como sendo uma obrigação da organização de atuar voltada tanto aos seus próprios interesses, quanto ao seu público externo (fornecedores, clientes, comunidade, entidades, governo, etc.) ou seja, tomar decisões e ações que irão contribuir para um melhor bem-estar, como também para os interesses da própria organização e da sociedade. A prática da responsabilidade social envolve as seguintes dimensões: responsabilidade econômica, responsabilidade legal, responsabilidade ética e responsabilidade voluntária. Finalizando, no mundo atual em que vivemos, as organizações que não souberem demonstrar que são participativas, não vão conquistar novos talentos e as empresas que não exercerem uma atitude ética e socialmente responsável não permanecerão no mercado, pois serão rejeitadas pela própria sociedade U N I D A D E 17 GP2.pmd 313 313 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA S AIBA MAIS Para você que quer aprofundar o estudo sobre os conteúdos tratados nesta unidade, sugere-se as seguintes fontes: BANCO DO BRASIL. Responsabilidade social. Disponível em: http://www.bb.com.br. Acesso em: 8 nov. 2002. BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO SOCIAL. Terceiro Setor e desenvolvimento social. Disponível em: http://www.bndes.gov.br. Acesso em: 3 abr. 2003. CORREA, F. T.; MEDEIROS, J. R. Responsabilidade social Corporativa para quem? Disponível em: http:// www.ethos.org.br/docs/comunidade_academica/ premio_ethos_valor/lista_final.shtml. Acesso em: 11 nov. 2002. GUEDES, R. de C. de. Responsabilidade social & cidadania empresariais: conceitos estratégicos para as empresas face à globalização. Disponível em: http://www.icd.org.uy/mercosur/ ponenciais/guedes.pdf. Acesso em: 8 nov. 2002. SITES: http:/www.responsabiliadadesocial.com/artigos.asp?local=artigos; http:/www.comunicaçãoempresarial.com.Br/artigoresponsocial.htm; http:/www.ethos.org.br. 314 GP2.pmd 314 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA P ARA DE P ESSO AS ESSOAS CONCLUIR O ESTUDO DA DISCIPLINA Nesta disciplina você teve a oportunidade de estudar vários aspectos que envolvem a Gestão de pessoas. Para você ter idéia desse todo acompanhe uma breve recapitulação. Ao iniciar esta disciplina você pode compreender a importância desta área para as organizações, conheceu a visão tradicional e a visão contemporânea dela, quais foram suas recentes mudanças, em destaque verificou a descentralização das práticas de gestão para todas as áreas da organização, e, conseqüentemente a adoção da prática de consultoria interna pelos profissionais que atuam na área de Gestão de pessoas. Na Unidade 4, você estudou como se aplica a Gestão estratégica de pessoas, identificou que para adotar este modo de gestão, é necessário que nas organizações ocorram uma mudança de práticas de controle para práticas que gerem comprometimento por parte dos profissionais que lá atuam. Na Unidade 5, ao estudar o planejamento estratégico da gestão de pessoas, você pode perceber a necessidade de vincular as práticas de gestão de pessoas aos objetivos macros e às estratégias da organização. Trata-se de um processo de alinhamento, gerenciar pessoas com ênfase na agregação de valor para a área, e conseqüentemente, para a organização. Na Unidade 6, você estudou o clima organizacional, em destaque a pesquisa de clima que se caracteriza como o principal instrumento para diagnosticar a performance da área de gestão de pessoas. Através desta ferramenta a organização passa a ter as percepções, o grau de satisfação dos colaboradores frente à organização. Os processos de recrutamento e seleção foram vistos nas unidades 7 e 8. Estes processos pode ser compreendidos como funções essenciais para qualquer organização, pois atrair e manter os melhores profissionais do mercado é um grande desafio e requer competência na aplicação destas práticas. Nas Unidades 9, 10, 11 e 12 foram estudados aspectos voltados à prática de remuneração, envolvendo os principais tipos de remuneração: remuneração funcional (fixa), remuneração variável e salário indireto (benefícios). Já na Unidade 13 foram enfatizados: o treinamento e o desenvolvimento pessoal, práticas indispensáveis nos dias atuais, e que vem sendo incorporadas novas denominações como educação corporativa e educação continuada, trazendo uma preocupação a médio e longo prazo com a capacitação dos colaboradores. 315 GP2.pmd 315 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA A seguir, na Unidade 14 o foco foi a avaliação de desempenho funcional, que apesar de polêmica e de difícil aplicabilidade, informalmente todas as organizações e todos os gestores estão, a cada momento avaliando o desempenho de seus colaboradores. Na Unidade 15 o tema em questão foi a segurança e saúde ocupacional, que está fundamentado, principalmente, nas normas legais editadas pelo Governo para garantir padrões de segurança e saúde dos trabalhadores em geral. Posteriormente, a Unidade 16 resgatou o tema Qualidade de Vida no Trabalho, onde sua intensidade é resultado das práticas e posturas de Gestão de Pessoas que as empresa adotam. E finalizando, a Unidade 17, apresentou o tema Responsabilidade Social, o qual nos últimos anos tem sido explorado e praticado por um número representativo de organizações. Enfim, se você aproveitou bem seus estudos, agora você já pode dizer que tem uma ampla visão do universo que constitui essa área do conhecimento. Por tudo, espero que esta disciplina tenha atendido as suas expectativas e, principalmente, tenha agregado um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que potencialize sua atuação profissional e sua carreira. Sucesso a todos. Prof. Ademar Dutra 316 GP2.pmd 316 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS G LOSSÁRIO Absenteísmo – é a ausência dos colaboradores na organização, que podem ser classificadas em faltas justificadas e injustificadas. Acidente de trabalho – é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa. Ações sociais – a busca de uma identidade cidadã leva muitas, e cada vez mais empresas, ao envolvimento ativo e permanente com projetos de alcance social, neles investindo recursos financeiros e materiais. Atitude – é a predisposição para agir de maneira positiva ou negativa no ambiente organizacional. Significa ‘querer fazer’. Auto-avaliação de desempenho – forma de avaliação de desempenho em que o indivíduo é convidado a avaliar seu próprio desempenho, em um dado período. Autodesenvolvimento - é a concentração de esforços, por iniciativa do indivíduo, na busca do seu crescimento pessoal e profissional. Cognição – sinônimo de conhecimento, domínio de teorias, conceitos e referências. Termo oriundo da pedagogia clássica. Competência – conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que um colaborador possui e desenvolve no decorre de sua vida profissional. Comprometimento – disposição do colaborador que se esforça no interesse da organização, desejo de ficar com a organização e a aceitação de seus valores e objetivos. O colaborador comprometido apresenta as seguintes características: internalização dos valores e objetivos da organização; envolvimento com o papel organizacional nos contextos destes objetivos e valores; desejo de permanecer na organização; prontidão para realizar esforços visando o alcance dos objetivos e valores. Desempenho – comportamento observado ou desejado de um indivíduo ou grupo no desenvolvimento de uma atividade. Pode ser mensurado, quantificado e passível de modificações. Empowerment - é um estilo de gestão que visa dar aos colaboradores autoridade, informação e ferramentas que eles necessitam para realizar atividades com maior autonomia, liberdade, responsabilidade e confiança. 317 GP2.pmd 317 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Ergonomia – estudo especializado das condições de segurança, saúde e conforto, que devem ser consideradas na interação do indivíduo com o ambiente de trabalho. Estilo de liderança - é o padrão de comportamento adotado por um líder para dirigir os membros da organização e direção aos objetivos propostos. Feedback – processo de desenvolvimento pessoal e profissional que se caracteriza pelo provimento de percepções e opiniões a um indivíduo, por parte dos membros dos seus diversos círculos de relacionamento. Homem complexo - é a visão do homem como um sistema complexo de valores, percepções, características pessoais e necessidades. Homem econômico – é o conceito do ser humano que busca o trabalho não porque gosta, mas como um meio de ganhar o salário que o trabalho proporciona. Neste sentido, o homem é influenciado exclusivamente por recompensas salariais, econômicas e materiais. Homem funcional – é o conceito do ser humano para a teoria dos sistemas: o indivíduo exerce um papel dentro da organização, ou seja, um cargo, uma função. Homem organizacional – é o conceito estruturalista do homem moderno, que desempenha diferentes papéis simultâneos em várias organizações diferentes. Homem social – é a concepção do ser humano motivado por recompensas e sanções sociais e simbólicas em contraposição ao homem econômico. Humanização do trabalho – a capacidade do homem de aperfeiçoar por meio de seus próprios esforços, seja em termos individuais ou grupais. É o termo que possui também forte conotação de valorização dos aspectos intrínsecos ao ser humano como a sua dignidade, busca de autonomia, ou seja, sua autorealização. Representa também todo o movimento de valorização do ser humano nas suas relações de trabalho. Job rotations – a passagem do colaborador por vários cargos e funções da estrutura de cargos da empresa. Motivação – é o estado íntimo que leva um colaborador a se comportar de maneira a assegurar o alcance de determinado objetivo ou a se engajar em uma atividade para satisfazer necessidades pessoais. 318 GP2.pmd 318 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS Paternalismo – tipo de relação entre a organização e seus colaboradores, com ênfase na proteção, criando dependência constante dos colaboradores para com a organização. Recompensas extrínsecas – são as recompensas oriundas de fora, exteriores e patrocinadas por terceiros, não geradas pela própria pessoa. Recompensas intrínsecas – são as recompensas inerentes à pessoa, geradas de ‘dentro das pessoas’, que não podem ser supridas por uma variável externa ao indivíduo. Sinergia – significa o efeito multiplicador quando as partes de um sistema interagem entre si de forma mútua. O efeito sinergético mostra que o todo é maior que a soma das partes. Da mesma forma quando mais de um colaborador interage de forma mútua, os resultados são mais representativos que a ação individual. Sistema endógeno – é composto pelos fatores internos de cada indivíduo, formado por características unas que determinam o perfil comportamental da cada um. Turnover – identifica a taxa ou índice de rotatividade de pessoal numa organização, representado pelos colaboradores que saíram e os que entraram em determinado período. Valores – são crenças básicas a respeito do que é importante e que constituem guias que orientam as práticas em uma organização. 319 GP2.pmd 319 7/3/2007, 11:57 GP2.pmd 320 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS R EFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, L. As pessoas na organização (vários autores). São Paulo, Editora Gente, 2002. 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É professor da UNISUL, curso de Administração na Unidade Pedra Branca – Palhoça – SC, disciplina Gestão de Pessoas II, Curso de Administração e Negócios da Unisul Business School, Unidade Norte da Ilha – Florianópolis –SC, disciplina Gestão de Talentos Humanos e do Curso de Mestrado Executivo, disciplina Gestão Estratégica de Pessoas. Também atua como professor de cursos de pós-graduação, disciplina de Gestão de Pessoas em várias instituições de ensino. É Administrador da Secretaria de Administração do Estado de Santa Catarina, área de recursos humanos, tendo exercido vários cargos gerenciais e de direção. Conselheiro do CRA-SC – Conselho Regional de Administração de Santa Catarina e Diretor Técnico da Fundação dos Administradores de Santa Catarina – FUNDASC. 323 GP2.pmd 323 7/3/2007, 11:57 GP2.pmd 324 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS RESPOST AS E COMENTÁRIOS PPARA ARA AUT O-A RESPOSTAS UTO-A O-AVVALIAÇÃO Aqui você irá encontrar algumas respostas e comentários sobre as atividades de autoavaliação apresentadas durante as unidades. Para melhor aproveitamento do seu estudo, realize as conferências de suas respostas somente depois de realizar as atividades propostas. UNIDADE 1 Atividades de auto-avaliação / Respostas 1. Escreva com as suas palavras o seu conceito de Gestão de Pessoas. Seu conceito deve conter organização versus seus colaboradores, ou seja, a gestão das relações de trabalho visando um objetivo estratégico, quer seja, o aumento da produtividade, a melhoria contínua da qualidade dos serviços, a melhoria do desempenho, dentre outros. 2. Reflita e escreva: trabalhar em uma organização, quais são seus objetivos ou expectativas? Os objetivos dependem das necessidades de cada indivíduo. Podem estar relacionados a oportunidades de crescimento profissional, oportunidade de capacitação, sistema de recompensas com foco no desempenho, qualidade de vida etc. 3. Analise a organização em que trabalha ou outra que você tenha fácil acesso. Observe se a empresa procura atender as necessidades e objetivos de seus colaboradores? No caso positivo, liste quais são as ações destinadas a este fim? Na sua análise deverá ser identificado aspectos que demonstrem o grau de satisfação dos colaboradores para com a empresa. Você poderá questionar (entrevistar) alguns colaboradores ou acessar informações publicadas pela empresa. Também, através das práticas de gestão de pessoas que você identificar na empresa, poderá concluir se vão ao encontro dos objetivos dos funcionários. 325 GP2.pmd 325 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA UNIDADE 2 1. Os profissionais que atuam em uma empresa possuem determinados objetivos, assim como seus proprietários (acionistas, dirigentes). Com base na relação apresentada a seguir, identifique e selecione os objetivos individuais com “I” e os objetivos organizacionais com “O”. ( I ) Reconhecimento e valorização ( O ) Qualidade dos produtos / serviços ( O ) Novos mercados ( I ) Qualidade de vida ( O ) Imagem no mercado ( I ) Melhores salários ( O) Novos clientes ( I ) Melhores benefícios ( I ) Estabilidade / segurança no emprego ( I ) Liberdade de atuação 2. O que você entende por uma relação “ganha – ganha” no contexto organizacional? Seu padrão de resposta deve enfatizar objetivos individuais versus objetivos organizacionais, ou seja, uma parceria onde ganha a empresa e ganham os colaboradores. 3. A CIA ALFA é uma empresa familiar, de porte médio, produtora de equipamentos especializados de computação, utilizados em carros, que fornece seus produtos para as montadoras de automóveis. Sendo uma empresa familiar seu crescimento ocorreu de forma desordenada devido à falta de foco no negócio da empresa, morosidade nas tomadas de decisões e ausência de planejamento estratégico. A área de Recursos Humanos é composta por um Diretor, três especialistas de nível superior (em recrutamento e seleção, remuneração e capacitação) e dois auxiliares administrativos, responsáveis pelas atividades burocráticas e rotineiras referentes à registros, controles, folha de pagamento e outras atividades de fórum administrativo. A atuação da área de RH nas atividades de recrutamento/seleção, remuneração e capacitação ocorre da seguinte forma: Recr utamento e Seleção – A DRH aprova todas as solicitações, realiza o ecrutamento recrutamento e seleciona os candidatos aplicando testes e entrevistas. Uma vez selecionados os candidatos são encaminhados aos setores onde foram requisitados para iniciarem suas atividades. Remuneração – A DRH estabelece os níveis salariais para cada cargo com base em estudos de classificação de cargos e pesquisas de mercado em companhias similares. A DRH assume todas as decisões sobre salários. Capacitação – A DRH conduz o processo de capacitação definindo os tipos de cursos, os conteúdos programáticos, ministrantes, de acordo com as necessidades de cada área. Considerando o contexto apresentado, responda as seguintes questões: Em que fase histórica de evolução da área de recursos humanos, a CIA ALFA se enquadra? Fase Administrativa. 326 GP2.pmd 326 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS 4. Historicamente, à área de recursos humanos nas organizações sempre esteve mais preocupada em: ( ) desenvolver os funcionários; ( ) proporcionar qualidade de vida ( X) controlar os funcionários ( ) estimular o desenvolvimento e oportunidades de carreira ( ) recompensar os funcionários 5. Dentre os principais fatores que contribuíram para a evolução da Gestão de Pessoas nas organizações (Seção 1) a seguir atribua de 1 à 3, ordem crescente de importância, as seguintes frases: ( ) Acirramento das relações de trabalho; ( ) forte desenvolvimento econômico e tecnológico; ( ) Experiências e doutrinas humanistas. OBS: O padrão de resposta depende exclusivamente da sua percepção. Entendo que o correto seria: 3, 1 e 2, respectivamente. UNIDADE 3 1. Na sua percepção, atualmente quais são as principais pressões do ambiente externo e do ambiente interno que as empresas sofrem? As variáveis internas e externas dependem da área de atuação e porte de cada organização. Como internas podem ser citadas: maior autonomia e liberdade, novos padrões de liderança, maior longevidade profissional. Já as externas envolvem: processo de globalização; desenvolvimento tecnológico, competição. 2. A Gestão de Pessoas é uma das áreas mais afetadas pelas recentes mudanças que estão acontecendo no mundo moderno. Hoje se fala em gestão de talentos, capital intelectual, capital humano, ativo humano, etc., e não mais em recursos humanos, exatamente para proporcionar uma nova visão das pessoas, não mais como meros funcionários remunerados em função do tempo de disponibilidade à organização, mas como parceiros e colaboradores do negócio da empresa. Com base nesse preceito, observe e assinale as afirmativas que correspondem a esta nova visão voltada à Gestão de Pessoas. ( ) Ter pessoas é ter despesas. ( ) Decisões vindas da cúpula da organização. ( ) Descentralização das praticas de RH rumo aos gerentes e suas equipes. ( x ) Parceria e compromisso. ( x ) Foco nos processos e não nos resultados. ( x ) RH presta serviços de consultoria interna. ( ) Policiamento e controle. ( ) Centralização total das operações no órgão de RH. ( x ) Pró-ativo e preventivo. ( ) Operacional e burocrático ( x ) Foco estratégico e no negócio. ( ) Reativo e solucionador de problemas. 327 GP2.pmd 327 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 3. O professor e escritor Americano Dave Ulrich afirma que a área de Gestão de Pessoas e, conseqüentemente seus profissionais, devem exercer três papéis essenciais, os quais destacou: • criar clareza estratégica: ser um parceiro estratégico; • fazer com que as mudanças aconteçam: ser um agente de mudança; • criar capital intelectual: ser um defensor dos funcionários. A partir deste conceito, escreva a seguir o que você entende por “criar capital intelectual: ser um defensor dos funcionários?” Como padrão de resposta pode-se afirmar que criar capital intelectual significa desenvolver estratégias para elevar os níveis de competência (capacidade) e de comprometimento dos colaboradores. 4. Explique com suas palavras, qual a melhor forma para verificar se numa organização existe clareza estratégica? Para verificar a existência de clareza estratégica deve-se perguntar aos colaboradores quais são os objetivos da organização. Caso as respostas demonstrem a existência de objetivos, representa que existe clareza estratégica. UNIDADE 4 1. Analise a realidade de sua empresa ou da última empresa que você prestou serviço e responda: a) A atuação da área de Gestão de Pessoas (RH) é (era) estratégica? Para ser estratégica, as práticas de gestão de pessoas devem estar vinculadas as estratégias da organização, ou seja, todas as ações da área devem contribuir para o alcance dos objetivos da organização. b) Relacione procedimentos que demonstrem estratégias de controle e procedimentos que identificam estratégias de comprometimento. As estratégias de controle estão voltadas a ênfase no registro de ponto, fiscalização, punições e liderança impositiva. Já às estratégias de comprometimento visam estimular os colaboradores, gerar conhecimento e participação, dar autonomia e liberdade de atuação, oportunizar o crescimento profissional. 2. Na sua percepção, relate com suas palavras, quais são as principais vantagens e desvantagens do processo de terceirização? (mínimo três) Vantagens: Possibilita concentrar esforços no negócio da empresa; Pode diminuir desperdícios e re-trabalhos; Reduz custos. Desvantagens: Custos com demissões de colaboradores; Mudanças na estrutura de poder; Dependência de terceiros; 328 GP2.pmd 328 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS 3. Relacione os serviços que a sua empresa, ou de alguma conhecida, que são terceirizados. Deverão ser identificados os serviços que a empresa terceiriza. 4. Quais variáveis você levaria em consideração caso optasse pela terceirização de serviços? Especifique o serviço. A resposta deve estar relacionada as variáveis: melhoria da qualidade e produtividade do serviço, redução de custos a médio e longo prazo, maior tempo para de dedicar ao negócio da empresa. 5. Pesquise na internet um artigo que aborde o tema: Empowerment. Faça a leitura e registre os aspectos relevantes. Acesse o site www.google.com.br e digite a palavra ‘empowerment’. Selecione o artigo, leia e identifique os aspectos relevantes. 6. Como está sua empregabilidade? Você tem, pode e está disposto a desenvolver o perfil que o mercado procura? Destaque aspectos dos seus conhecimentos, habilidades e atitudes que fazem de você uma pessoa com condições de concorrer ao mercado de trabalho. 7. Quais são seus pontos fortes (que o destacam em relação aos demais profissionais) e quais são seus pontos fracos (que o colocam em desvantagem em relação aos demais profissionais)? A partir do conjunto de seu conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes relacione os aspectos que o diferenciam em relação aos demais profissionais – pontos fortes e os aspectos que precisam ser melhorados – pontos fracos. Exemplo de pontos fortes: habilidade de liderança, comunicação, iniciativa. UNIDADE 5 1. Escreva com suas palavras o que você entendeu como conceito de Planejamento Estratégico de Gestão de Pessoas. Pode-se afirmar que Planejamento estratégico de gestão de pessoas consiste na vinculação das práticas de gestão de pessoas as estratégias e objetivos da organização. 2. Uma organização registra: • no final do mês de agosto, um quadro de 550 colaboradores; • em 4 de setembro, admite 22 Administradores, 8 Auxiliares de Escritório; 18 Vendedores; • no dia 15 de setembro, 22 Vendedores deixam a empresa, sendo imediatamente substituídos; • em 22 de setembro, mais 15 Vendedores e 18 auxiliares de Escritório deixam a empresa. Considerando as informações apresentadas, calcule (em percentual com uma casa decimal) qual é o índice de rotatividade geral dessa empresa no mês de setembro? 329 GP2.pmd 329 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA Para se calcular o índice de rotatividade, deve-se utilizar a seguinte fórmula: 3. Uma empresa totalizou, durante o mês de fevereiro, 660 horas de atrasos no trabalho, 190 horas de saídas antecipadas, 210 horas de faltas de meio período, e 90 horas de ausências por período integral. O planejamento indicava que, naquele período, a expectativa era de cumprir 18.000 horas produtivas. Com base nestas informações, calcule o índice de absenteísmo, em percentual, com uma casa decimal. 4. A empresa ALFA S/A vêm apresentando nos últimos meses, altos índices de rotatividade de pessoal e também de absenteísmo. Quais as possíveis causas que levaram a estes índices? As possíveis causas dos altos índices de rotatividade e absenteísmo podem estar relacionados a: baixos salários; ambiente de trabalho inadequado; falta de recrutamento interno; falta de oportunidades de qualificação profissional; estilo de gestão coersitivo e autocrático. 5. Relacione as denominações apresentadas na coluna à esquerda com os conceitos relacionados à direita. 1 - Mapeamento de potenciais2 - Gráficos de substituição3 - Rotatividade de pessoal(turnover)4 - Absenteísmo5 - Planejamento de Pessoal ( 3) é o resultado da saída de alguns colaboradores e a entrada de outros para substituí-los;( 1) é um inventário que deve ser o mais completo possível, catalogando a formação escolar, as aptidões e habilidades dos colaboradores;( 5 ) objetiva melhorar a utilização dos recursos humanos de uma organização; ( 4 ) constitui a soma dos 330 GP2.pmd 330 7/3/2007, 11:57 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS períodos em que os funcionários encontram-se ausentes do trabalho;( 2) são uma representação visual de quem substituirá quem na ocorrência de uma vaga de cargo. UNIDADE 6 1. Formule seu conceito sobre o que é clima organizacional: O clima organizacional representa as percepções e impressões dos colaboradores em relação a organização. 2. Analise sua empresa ou a última que você teve vínculo e relacione os principais indicadores em que o clima organizacional se manifesta. O clima pode se manifestar na rotatividade de pessoas, absenteísmo, greves, conflitos interpessoais, dentre outras variáveis. 3. Das etapas para a elaboração e aplicação de uma pesquisa de clima organizacional, quais são as mais importantes, na sua percepção? Justifique. Etapas: Aprovação e apoio da direção da empresa; Planejamento da pesquisa, Divulgação dos resultados da pesquisa; Definição de planos de ação. 4. Elabore uma pesquisa de clima, envolvendo duas variáveis organizacionais, com no máximo 5 perguntas. Padronize as alternativas de resposta. Apresente os resultados obtidos no ambiente virtual para trocar com seus colegas e com o professor tutor a resposta. 5. Você já participou de uma pesquisa de clima organizacional? Em caso afirmativo relate sua experiência. Aqui você deverá descrever sua experiência como participante de uma pesquisa de clima. Caso você não tenha participado não responder. UNIDADE 7 1. Escreva com suas próprias palavras o seu conceito de recrutamento de pessoal. Como padrão de resposta o recrutamento consiste na divulgação por parte da organização das vagas que possui, visando atrair candidatos. 2. Identifique, na sua percepção, as vantagens do recrutamento interno. Como alternativa de resposta às vantagens do recrutamento interno são as seguintes: • Gerar maior comprometimento dos colaboradores; • Oportuniza o desenvolvimento profissional; • Envolver menores custos. 3. Pesquise junto à área de Gestão de Pessoas, quais as técnicas de recrutamento mais utilizadas por sua empresa. 331 GP2.pmd 331 7/3/2007, 11:57 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA A adoção de cada técnica de seleção está relacionada aos cargos e funções que e organização tem necessidade. Normalmente as mais utilizadas são análise de currículo e entrevista. 4. Na sua empresa, quem procede a definição do perfil do cargo de um profissional a ser recrutado? Na concepção da gestão estratégica de pessoas e das recentes mudanças na compete a área que tem necessidade de pessoal definir e após discutir com a área de Gestão de Pessoas. 5. Descreva o fluxo do processo de recrutamento utilizado por sua empresa. Apresente os resultados obtidos no ambiente virtual para trocar com seus colegas e com o professor tutor a resposta. UNIDADE 8 1. Descreva o que você entendeu por seleção de pessoal? Como padrão de resposta a seleção de pessoal consiste na escola do melhor candidato dentre os participantes do processo de recrutamento. 2. Na sua percepção, qual a técnica de seleção é mais fácil de ser aplicada, e qual requer maior nível de conhecimento e de prática? Justifique. A resposta a esta pergunta depende do porte da empresa e também do perfil do cargo objeto da seleção. Assim, a análise de currículo e a entrevista, respectivamente, podem citadas. 3. Você já participou de algum processo de entrevista para fins de seleção? Em caso afirmativo, descreva como foi e como você se sentiu no processo. Descreva na forma de tópicos sua percepção como entrevistado em um processo de seleção. Caso não tenha participado, deixar em branco. 4. Identifique quais são as principais vantagens da técnica de entrevista? Permite contato face a face com o candidato; proporciona a interação direta com o candidato; permite avaliar como ele se comporta e observar suas reações. 5. Na empresa onde trabalha, ou que já trabalhou, como ocorre o processo de adaptação e integração de novos colaboradores. Descrever na forma de tópicos como se dá a recepção e integração do colaborador na empresa. Citar se o novo colaborador é apresentado para todos os colegas da empresa; se faz estágio nas demais área, se existe um processo de capacitação, entre outras ações. UNIDADE 9 1. Analisando os conceitos de remuneração destaque um e comente por que você achou o mais importante. Como um dos conceitos de remuneração pode-se destacar o de Dutra (2002) que afirma ser a remuneração a contrapartida econômica e ou financeira de um trabalho realizado pela pessoa. 332 GP2.pmd 332 7/3/2007, 11:58 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS 2. Cite outros objetivos que a administração de salário pode alcançar? A administração salarial pode, também, estabelecer o perfil de profissional que a empresa necessita; sinalizar a cultura e os valores da empresa para o mercado. 3. Comente a diferença entre salário nominal e real. O salário nominal é aquele que consta na ficha de registro, na carteira profissional em todos os documentos legais. Pode ser expresso em hora, dia, semana, mês. Já o salário real representa a quantidade de bens que o funcionário pode adquirir com o volume de dinheiro que recebe mensalmente ou semanalmente e corresponde ao poder aquisitivo. 4. Apresente outros fatores internos e externos que venham a compor o salário de um funcionário. Pode-se citar: Pesquisa salarial; as estratégias da organização a curto, médio e longo prazos; reestruturações organizacionais, fusões e aquisições. 5. Remuneração Estratégica. Formule seu conceito. Consiste em vincular as práticas de remuneração as estratégias e objetivos que a organização pretende alcançar. Assim, o sistema de remuneração utilizado deverá subsidiar e contribuir para o alcance dos objetivos da organização. UNIDADE 10 1. Proceda à análise e descrição do cargo que você exerce atualmente em sua empresa. Relacione as seguintes informações: denominação do cargo; descrição sumária das atribuições; escolaridade exigida; experiência e principais competências/ habilidades. Como exemplo cita-se: denominação do cargo: Recepcionista Descrição sumária das atribuições: Atender e realizar ligações telefônicas, orientar e informar os clientes internos e externos; redigir documentos inerentes a respectiva área e controlar a agenda do chefe imediato. Escolaridade exigida: Ensino Médio completo ou Nível superior incompleto. Experiência: mínimo de dois anos em função similar. Principais competências/habilidades: facilidade de comunicação, excelente redação, dinamismo, agilidade, postura e organização. 2. Relacione cinco cargos da empresa que vocês atua e estabeleça a classificação dos mesmos, ou seja, ordene levando em consideração o grau de importância de cada cargo (do mais importante para o menos importante). Como exemplo de uma empresa comercial, cita-se, já devidamente ordenado: Gerente de Loja, Supervisor, Vendedor, Auxiliar Administrativo e Serviços Gerais. 333 GP2.pmd 333 7/3/2007, 11:58 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 3.Em que consiste a Carreira Generalista? Consiste no tipo de carreira que possibilita o acesso horizontal ou vertical aos cargos da organização, ou seja, o funcionário poderá optar em migrar de uma área de atuação para outra, à medida em que tiver vaga disponível e possuir o perfil exigido para o cargo. 4.O que você entende por Estrutura Salarial A estrutura salarial identifica os níveis salariais (quantidade e critérios) que serão fixados para cada cargo, a partir da estrutura de cargos resultante da avaliação e classificação dos cargos. 5.A realização de uma Pesquisa Salarial deve levar em consideração quais aspectos? A seleção dos cargos que serão objeto da pesquisa , com base nos seguintes critérios: representar os vários setores de atividade da organização; representar os cargos mais importantes da estrutura de carreira; ser facilmente identificáveis no mercado. Também, no que se refere aos critérios para a seleção das empresas que serão utilizadas como amostra, tem-se: localização geográfica; ramo de atividade; tamanho e política salarial. UNIDADE 11 1. Especifique se a empresa que você atua adota alguma modalidade de remuneração variável. Caso sua empresa não adota, faça uma pesquisa de campo em uma empresa de sua região. Identificar os seguintes aspectos: tipo de remuneração variável, critérios de concessão, valores aproximados que são distribuições em número de salários mensais; vantagens do sistema de remuneração na percepção do Gerente ou responsável pela área de Gestão de Pessoas. A partir dos conceitos e formas de remuneração variável, realizar a pesquisa e registrar as informações solicitadas. 2.Qual a modalidade de remuneração variável que você entende ser mais adequada para a empresa que você atua? Justificar. Por ser a mais utilizada pelas empresa brasileira, deverá prevalecer a Participação nos Lucros ou Resultados. 3.Cite duas vantagens para o funcionário em um programa de Participação nos Lucros ou Resultados. Pode-se destacar as seguintes vantagens: Aumentar, entre os funcionários, a compreensão da natureza do negócio Reforçar a importância da convergência de esforços. 334 GP2.pmd 334 7/3/2007, 11:58 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS 4 O que você entende por Remuneração por Competências? Quais suas principais características? Trata-se de uma modalidade de remuneração em que a base par paraa a remuneração passa a ser a pessoa, ao invés do cargo, ou seja, é levado em consideração um conjunto de competências certificadas que o indivíduo possui e aplica no dia-a-dia do trabalho. UNIDADE 12 1. Apresente sua definição sobre salário indireto – benefícios? Pode-se conceituar salário indireto como meio de suplementação e apoio, fornecidos ou financiados pela empresa ou pelo governo, a fim de promover a manutenção da força de trabalho dentro de um nível satisfatório de moral e produtividade. 2. Cite três exemplos de benefícios monetários e três exemplos de benefícios não monetários: Monetários: 13º salário, férias, auxílio empréstimo pessoal. Não monetários: Plano de assistência médica, refeitório, estacionamento. 3. Cite três vantagens para a empresa, decorrentes da concessão de um plano de benefícios: Pode-se citar as seguintes vantagens: eleva a lealdade do empregado para com a empresa; aumenta o bem-estar do empregado; facilita o recrutamento e a retenção do pessoal; 4. Cite três vantagens para o colaborador, decorrentes da concessão de um plano de benefícios: Pode-se citar as seguintes vantagens: oferece assistência disponível na solução de problemas pessoais; aumenta a satisfação no trabalho; contribui para o desenvolvimento pessoal e bem-estar individual U NIDADE 13 1. Apresente sua definição de treinamento e comente sua Importância. É o processo sistemático de alterar o comportamento dos colaboradores na direção do alcance dos objetivos organizacionais. O treinamento está relacionado com as suas habilidades e capacidades exigidas pelo cargo. Sua importância está relacionada ao aumento de produtividade e de desempenho que poderá proporcionar na organização. 2. Observando as definições de treinamento apresente um aspecto que está implícito em todas as definições. Desenvolvimento de habilidades e competência visando mudança comportamental. 335 GP2.pmd 335 7/3/2007, 11:58 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 3. Considerando às etapas do processo de treinamento, identifique qual a mais importante, na sua avaliação e descreva suas principais características. A etapa mais importante é o Planejamento que consiste na elaboração do programa de treinamento para atender às necessidades diagnosticadas. As principais características visam: associar o programa de treinamento às estratégias da organização; contemplar no programa de treinamento: Quem deve ser treinado? Como treinar? Em que treinar? Onde treinar? Quando treinar? Para que treinar? decidir pela ênfase em aspectos técnicos e/ou aspectos comportamentais; analisar na formatação do programa: didática dos instrutores, preparo técnico, lógica dos conteúdos/módulos, qualidade dos recursos (transparências, filmes, etc.). 4. Qual a diferença entre treinamento e desenvolvimento? A diferenciação entre treinamento e desenvolvimento é que o primeiro caracterizase pelo aumento do conhecimento e o segundo pelo crescimento contínuo das suas capacidades. UNIDADE 14 1. Por que avaliar o desempenho? Porque a avaliação de desempenho é um instrumento gerencial que permite ao administrador mensurar os resultados obtidos por um colaborador ou por uma equipe de trabalho, em período e áreas específicas (conhecimentos, metas, habilidades etc.). 2. Que desempenho deve ser avaliado (campos de abrangência)? Deve-se avaliar o desempenho relacionado a Resultados, Conhecimentos e Comportamentos. 3.Como avaliar o desempenho? O processo de avaliação deve ser estruturado, inicialmente por meio da elaboração dos instrumentos de avaliação e, posteriormente, por meio de estratégias de aplicação ou implantação destes instrumentos. 4. Quem deve fazer a avaliação de desempenho? Recomenda-se adotar a técnica 360º graus, mesmo que de forma parcial, ou seja, sem considerar todos os que mantém relação de trabalho com o colaborador. Como parâmetro inicial recomenda-se a auto-avaliação, do chefe imediato e de colegas de trabalho. 5. Como comunicar a avaliação de desempenho? A empresa deve adotar um processo de sensibilização, onde informará os avaliadores e avaliados os objetivos da avaliação, forma de avaliação, periodicidade, comunicação dos resultados, ou seja, como foi concebido o modelo de avaliação e com ele será aplicado. 336 GP2.pmd 336 7/3/2007, 11:58 G ESTÃO E STRA TÉGICA STRATÉGICA DE P ESSO AS ESSOAS UNIDADE 15 1. Qual o conceito de segurança do trabalho? É um conjunto de medidas de ordem técnica, educacional, médica e psicológica utilizadas para prevenir acidentes, seja eliminando as condições inseguras do ambiente, seja instruindo ou convencendo as pessoas sobre a implantação de práticas preventivas 2. O que é um acidente de trabalho? É um acontecimento involuntário decorrente tanto de um ato inseguro quanto de uma situação peculiar que possa causar danos ao trabalhador e à organização que o emprega. 3.Como se classificam os acidentes de trabalho? Acidentes que geram afastamento do trabalho e acidentes que não geram o afastamento do trabalho. 4. O que causa os acidentes de trabalho? insegura ou seja: é a condição física ou mecânica Primeiro, a condição insegura, existente no local, na máquina, no equipamento ou na instalação (que poderia ter sido protegida ou corrigida) e que leva à ocorrência do acidente. Segundo: O ato inseguro, ou seja: é a violação de procedimento aceito como seguro, ou seja, deixar de usar equipamento de proteção individual, distrair-se ou conversar durante o serviço, fumar em área proibida, lubrificar ou limpar máquina ligada ou em movimento. 5. Como prevenir um acidente de trabalho? A prevenção pode ser realizada, por meio da eliminação das condições inseguras e da redução dos atos inseguros. 6. O que é CIPA? Comissão interna de prevenção de acidentes de trabalho. 7.Quais são os fatores que levam ao estresse? Alguns fatores que podem acarretar estresse estão relacionados ao autoritarismo do chefe, a desconfiança, a pressão das exigências e cobranças, o rigoroso cumprimento do horário de trabalho, a falta de perspectiva de progresso profissional e a insatisfação pessoal não somente derrubam o bom humor das pessoas, como também provocam estresse no trabalho. UNIDAD UNIDADEE 16 1. Como surgiu o movimento de Qualidade de vida no Trabalho? A expressão “qualidade de vida no trabalho” só foi introduzida, publicamente, no início da década de 70, pelo professor Louis Davis (UCLA, Los Angeles), ampliando o seu trabalho sobre o projeto e delineamento de cargos. 2. Quais são os principais modelos de qualidade de vida no trabalho? Destacam-se como os principais modelos: Modelo Nadier e Lawler (1983); Modelos de Siqueira e Coletta (1989); Modelo de Walton (1973). 337 GP2.pmd 337 7/3/2007, 11:58 U NIVERSID ADE NIVERSIDADE DO S UL DE S ANT ANTAA C ATARIN ARINAA 3. Qual o conceito de Qualidade de Vida no Trabalho? O conceito de QVT é amplo e contingencial, podendo ser definido como a melhoria nas condições de trabalho - com extensão a todas as funções de qualquer natureza e nível hierárquico, nas variáveis comportamentais, ambientais e organizacionais que venham, juntamente com políticas de Gestão de Pessoas condizentes, humanizar o emprego, de forma a obter-se um resultado satisfatório, tanto para o empregados como para a organização. 4. Escolha um dos fatores de um dos modelos de qualidade de vida e analise o seu ambiente de trabalho. Descreva sua percepção. Como sugestão apresenta-se um fator abordado no modelo de Walton, Oportunidade de crescimento contínuo e segurança: Está relacionada às possibilidades que o trabalho oferece em termos de carreira na empresa, de crescimento e desenvolvimento pessoal e de segurança no emprego de forma mais duradoura. UNIDADE 17 1. O termo responsabilidade social pode ser considerado sinônimo de: Ação social, relações públicas, atividades comunitárias, desafios sociais e preocupação social. 2. Pesquise junto a empresa que você atua ou já atuou as ações ou programas de responsabilidade social que a mesma desenvolve (identifique os beneficiários, a quantidade e a avaliação das ações). Proceder a pesquisa de campo, conforme orientações acima. 3. Qual sua opinião sobre as empresas que praticam responsabilidade social única e exclusivamente para a melhoria de sua imagem frente a sociedade e ao mercado? Trata-se da utilização e aplicação equivocada do termo responsabilidade social. 4. Como é composto e constituído o terceiro setor? O Terceiro Setor é aquele constituído por organizações da sociedade civil, sem fins lucrativos, as quais são criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, em um contexto não-governamental, dando continuidade às praticas da caridade e filantropia, e expandindo o seu conceito para outras áreas, graças à incorporação da cidadania e de suas diversas manifestações na sociedade. 5. Em que consiste o trabalho voluntariado? Consiste no desenvolvimento de atividades junto a comunidade para a melhoria das condições econômicas e sociais. 6. Você já desenvolveu trabalho voluntário? Descreva as atividades. Mesmo que você tenha atuado de forma sazonal, descreva as atividades desenvolvidas. 338 GP2.pmd 338 7/3/2007, 11:58