INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO-GROSSO CAMPUS CUIABÁ – OCTAYDE JORGE DA SILVA MARIA ADÉLIA RODRIGUES GUIMARÃES INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIENCIA NO MERCADO DE TRABALHO Cuiabá - MT Setembro 2009 MARIA ADÉLIA RODRIGUES GUIMARÃES INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação do Curso de especialização Latu Senso em Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva, do INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATOGROSSO – CAMPUS CUIABÁ – OCTAYDE JORGE DA SILVA, como requisito para a obtenção do título de Especialista. Orientador (a): Prof. ( MSc.) __________________________________________ Cuiabá – MT Setembro 2009 MARIA ADÉLIA RODRIGUES GUIMARÃES INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA DO MERCADO DE TRABALHO Trabalho de Conclusão de Curso em INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIENCIA NO MERCADO DE TRABALHO, submetido a Banca Examinadora composta pelos Professores do Programa de Pós-Graduação do Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso como parte dos requisitos necessários à obtenção do Título de Especialista. Aprovado em: _________________________________ ___________________________________________________ Prof. (MSc.)_________________________________ (Orientador) ___________________________________________ Prof. (MSc. Dr.) _________________________ (Membro da Banca) ______________________________________ Prof. (MSc.) __________________ ( Membro da Banca) Cuiabá - MT Setembro 2009 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho primeiramente a Deus por ter concedido a graça da sabedoria para conseguir chegar ao final dessa caminhada. AGRADECIMENTOS Ao meu Deus todo poderoso que me concedeu a graça da vitória em minha vida e caminhada acadêmica. Ao meu esposo e filhas pela compreensão nos momentos não presentes em suas vidas. A minha irmã, que esteve sempre presente nos momentos de dúvidas que surgiram. Lutar pela Inclusão, é lutar por todos os tipos de suporte que cada indivíduo ou comunidade necessitam, e provê-los é uma necessidade cívica e não um favor. (Romeu Kazumi Sassaki) RESUMO O objetivo deste estudo é identificar o caminho percorrido pela inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho e o desenvolvimento do seu potencial como ser produtivo , capaz de exercer qualquer atividade que estiver dentro de suas limitações. O ato de incluir deve considerar que cada pessoa é um ser singular, ou seja, cada um pode apresentar uma ou mais deficiência e cabe a sociedade respeitar e trabalhar com as diferenças proporcionando-lhe condições de acessibilidade a qualificação profissional, tornando-os seres seguros e autoconfiantes para atender a todos no mercado de trabalho. O método desenvolvido na pesquisa foi dentro de uma abordagem quantitativa e qualitativa, do tipo descritivo interpretativa. Para efeito de entendimento utilizamos como instrumentos de coleta de dados questionários com perguntas objetivas e subjetivas, aplicados a uma parcela de funcionários do Supermercado pesquisado. Os resultados apontam dentre outros pontos de relevância a melhora da auto estima e segurança no potencial das habilidades valorizadas e desenvolvidas com respeito , e que antes do trabalho educativo realizado na empresa , eles “sentiam-se desvalorizados e excluídos” por não conhecerem a própria potencialidade e capacidade produtiva. Entretanto, os responsáveis pelo atendimento a essas pessoas, já conseguem conscientizá-las de que a educação profissional também pode ser um dos caminhos com direção a cidadania, diferentemente do currículo acadêmico de núcleo comum , o currículo para a qualificação profissional traz a funcionalidade aos aspectos de relevância no mercado de trabalho. Conclui-se que nesta atual fase, o mundo do trabalho e da educação tende a não ter dois lados:produtivos e improdutivos. Agora, os protagonistas, em geral, parecem querer enfrentar juntos os desafios do preconceito. A idéia que começa a ser garantida pelos aspectos legais e olhar humanizado é diferente da deficiência x eficiência . Neste panorama do mercado de trabalho surge a figura da empresa inclusiva, com experiências positivas na absorção da mãode-obra de trabalhadores com deficiência. Hoje, mais do que nunca, várias empresas estão empenhadas em oferecer condições necessárias e suficientes para o desempenho profissional de seus trabalhadores que tem necessidades diversificadas, acreditamos que toda sociedade que exclui pessoas de trabalho por motivos banais, quer por sua cor ou gênero está destruindo a esperança e ignorando talentos. PALAVRAS-CHAVES: Inclusão, Deficiência, Mercado de Trabalho,Aspectos Legais. ABSTRACT The objective of this study is to know the whole way walked by the people’s inclusion with special necessities (disabled) in the market, and the development of their potential as someone able to get any kind of activity which is connected to his/her limitations inclusion must consider that each person is unique, that is, each one may present one or more disciple/limitations. The society is not only responsible for the social inclusion but also for the hard differences that exist and must be changed to accepted everyone in the market creating accessible conditions and professional qualifications in order to provide more self-confident human beings. The method chosen to develop this searching was based on a quantitative and quality approaches, descriptioninterpretation as well. To make this searching being clearer we have taken some tools to have a data collecting like questionnaires with objective and subjective questions applied ton all Lider Supermarket workers. The results show that interviewed people are able to get more security about their potential at work lately. They are more confident in the activities developed in the company than some time ago when these workers were excluded, and depreciated because they didn’t have any notion of their power and production.However, experts who work with this public have already made them understand that professional education leads to an open-way citizenship because is through work that we become useful beings and part of this society. In conclusion to this actual phase, the education and work’s world tend not to have two different sides anymore – productive-people x non productive people. Now, the main parts in general, look like if they want to face the challenge of prejudice together. The idea that has started to bring about slowly is that there won’t have battles and even losers and winners. A new company’s image comes about including people and giving them positive experiences on the new disabled worker’s employment process. Nowadays, more than never, many companies are providing enough and necessary conditions to their workers professional development that have different necessities. We believe that any kind of society that excludes people from their jobs taken by foolish reasons, not matter, color or kind is just destroying the hope and ignoring talents. KEY-WORDS: Inclusion, Special Necessities, Market, Educational Legislation. LISTA DE ABREVIATURAS CENESP - Centro Nacional de Educação COEES - Coordenação de Educação Especial CNE - Conselho Nacional de Educação DEES - Departamento de Educação Especial ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente EPCT - Educação Profissional e Colocação no Trabalho IDE - Instituto de Diversidade Estudantil LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC - Ministério da Educação e Cultura OIT - Organização Internacional do Trabalho ONU - Organizações das Nações Unidas PNES - Pessoas com Necessidades Especiais PNEES - Pessoas com Necessidades Educativas Especiais PSEC - Plano Setorial de Educação e Cultura SEEC - Secretaria de Educação e Cultura SCEC - Sistema de Colocação e Emprego Competitivo SEDUC - Secretaria Executiva de Educação LISTA DE TABELA TABELA I - Concepção das empresas contratantes de pessoa com deficiência sobre oportunidades de trabalho. TABELA II - Concepção das empresas sobre iniciativa do Governo Federal sobre política de cotas para pessoa com deficiência. TABELA III - Concepção das empresas sobre inclusão educacional e mercado de trabalho. TABELA IV - Concepção das empresas sobre qualificação profissional para pessoa com deficiência. TABELA V - Concepção das empresas sobre discriminação às pessoas com necessidades especiais. TABELA VI - Concepção das empresas sobre a seleção e contratação de candidatos pessoa com deficiência. TABELA VII - Concepção de pessoa com deficiência sobre proposta de emprego. TABELA VIII - Concepção de pessoa com deficiência sobre a contribuição educacional para o acesso no mercado de trabalho. TABELA IX - Concepção de pessoa com deficiência sobre a discriminação. TABELA X - Concepção de pessoa com deficiência sobre a política profissional. TABELA XI - Concepção de pessoa com deficiência sobre as dificuldades em que não consegue superá-la. TABELA XII - Concepção de pessoa com deficiência sobre a política da Inclusão Social. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 11 CAPÍTULO I - PROBLEMA E METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................... 12 1.1 O PROBLEMA ................................................................................................................... 12 1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO ................................................................................................ 14 1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO .......................................................................................... 15 1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ............................................................................................ 15 1.5 DEFINIÇÃO DOS TERMOS ............................................................................................. 16 1.6 METODOLOGIA DA PESQUISA ..................................................................................... 17 1.6.1 TIPOS DE PESQUISA................................................................................................. 17 1.6.2 UNIVERSO E AMOSTRA .......................................................................................... 18 1.6.3 SELEÇÃO DE SUJEITOS ........................................................................................... 18 1.6.4 COLETA DE DADOS ................................................................................................ 18 1.6.5 TRATAMENTO DOS DADOS ................................................................................... 18 1.6.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO ................................................................................... 19 CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 19 2.1 EDUCAÇÃO ESPECIAL - TRAJETÓRIA, LIMITES E PERSPECTIVAS DA LEGISLAÇAÕ E DAS POLÍTICAS SOCIAIS PÚBLICAS. .................................................. 24 2.1.1 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO ESTADO DO PARÁ: O CAMINHO PERCORRIDO NA CONSTRUÇÃO DA HISTÓRIA ................................................................................... 24 2.1.2 OS PRINCÍPIOS NORTEADORES DE UMA NOVA AÇÃO POLÍTICA PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL ..................................................................................................... 26 2.1.3 O DIREITO DE TER DIREITOS ................................................................................ 32 2.1.4 PROGRAMA DE AÇÃO MUNDIAL PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ....... 34 2.1.5 NORMAS UNIFORMES SOBRE A LINGUAGEM DE OPORTUNIDADES PARA A PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA .................................................................. 35 2.1.6 DECLARAÇÃO MUNDIAL SOBRE EDUCAÇÃO PARA TODOS ........................ 37 2.1.7 DECLARAÇÃO DE SALAMANCA DE PRINCÍPIOS, POLÍTICA E PRÁTICA PARA AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. ....................................................................... 38 Foi elaborada em decorrência da Conferência Mundial sobre as pessoas com deficiência: Acesso e Qualidade, promovida pelo governo da Espanha e pela Unesco em junho de 1994. a Declaração expressa o princípio de integração e a preocupação com a garantia de escolas para todos, conforme estabelecido em 1990 na Conferência mundial de Educação para Todos. ............................................ 38 2.1.8 AMPARO LEGAL PARA AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. .............................. 41 2.1.9 LEI 8.213 DE 25/07/19 ................................................................................................ 44 2.2 EDUCAÇÃO ESPECIAL- PROJETO POLÌTICO PEDAGÓGICO............................ 45 2.2.1 ADAPTAÇÕES CURRICULARES: UMA NECESSIDADE .................................... 46 2.3 TRABALHO COMO FATOR DE CONSTRUÇÂO E ALIENAÇÂO DO SER HUMANO ................................................................................................................................................... 51 2.3.1 A FAMÍLIA E O MOVIMENTO PELA INCLUSÃO ................................................ 53 2.4 POLITICAS PÚBLICAS E GESTÃO SOBRE O ACESSO E MANUTENÇÃO DO ALUNO PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS NO MERCADO DE TRABALHO ................................................................................................................................................... 58 2.4.1 A TERMINOLOGIA DOS SERVIÇOS EDUCACIONAIS E PROFISSIONALIZANTES .................................................................................................. 60 2.4.2 A TRANSIÇÃO ENTRE A ESCOLA E O MUNDO DO TRABALHO .................... 62 2.4.3 O PAPEL DA ESCOLA NO PROCESSO DE TRANSIÇÃO PARA O MUNDO DO TRABALHO ......................................................................................................................... 64 2.4.4 VANTAGENS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA ................................................... 66 2.5 CONDIÇÕES DE ACESSO DOS ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS A CURSOS PROFISSIONALIZANTES ............................................................. 68 2.5.1 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, NORMATIVA E ALCANCE SOCIAL ............. 69 2.5.2 BALIZAMENTOS E MARCOS NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL.................................................................................................................. 71 CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETAD0S ................................................................................................................................ 75 3.1 RESULTADOS E ANÁLISES DE CONCEPÇÃO DOS INVESTIGADOS .............. 76 3.1.1 GERENTES DO SUPERMERCADO LÍDER ........................................................ 76 3.1.2 PNES DO SUPERMERCADO DO LÍDER SEGUNDO AS PERSPECTIVAS PARA O ACESSO AO MERCADO DE TRABALHO .................................................... 83 CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 91 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................... 93 APENDICE ANEXO 11 INTRODUÇÃO O presente estudo consiste em analisar política da inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, que buscam ocupar seus espaços para que o processo de exclusão não se torne um tormento na sociedade. O estudo tem a finalidade de investigar, a qualificação e empregabilidade dessa mão de obra no mercado de trabalho , bem como avaliar a importância do contexto educacional nesse processo. A pesquisa foi realizada uma pesquisa no Supermercado Líder, localizado na Travessa Humaitá no bairro do Marco. O interesse pelo tema surgiu em decorrência das observações e análises dos problemas que vivenciamos no dia-a-dia do campo de trabalho. Neste caso, buscamos investigar o meio educacional, que tanto está relacionado para concretização profissional das pessoas de necessidades especiais no mercado de trabalho, que pela observação realizada esta precisando cada vez mais garantir o êxito dos seus objetivos, aliado a nova visão de inclusão no mercado de trabalho e integrada aos novos padrões de sociedade globalizada. Outro ponto abordado foi a relação entre empregador e empregado que possui deficiência, onde ambos desenvolvem suas funções pautados na promoção de uma sociedade democrática. Neste sentido faz-se necessário uma efetivação de que permeiam o processo de inclusão. Entende-se por gestão numa perspectiva democrática, a prática onde gestores sejam capazes de reconhecer e participar das novas relações sociais com o objetivo de envolver todos os segmentos, novas transformações e propostas coletivos que visem o bem comum. Partindo desta compreensão, optamos em realizar uma análise para responder como se dá o processo de inclusão no mercado de trabalho e como ocorre a participação das empresas no desenvolvimento das ações propostas pelas pessoas com deficiência. 12 No entanto, o tema foi abordado em três capítulos, estruturado em partes integradas. Sendo que, no capítulo I, faz uma abordagem voltada para a educação inclusiva. No capítulo II, são descritos os desafios das dificuldades da inclusão, o qual trata da política de inclusão dos alunos que apresentam deficiência. No capítulo III, realiza-se a apreciação processual do estudo da pesquisa, em que se estabeleceu a descrição Metodológica da Pesquisa e os resultados e Análises de Concepção dos Investigados na qual foram analisados gerentes e Pessoa com deficiência do Supermercado Líder. Conclui-se o estudo/pesquisa como considerações finais ampliando as possibilidades de atingir os resultados desejados. E como sugestão uma proposta de intervenção, que foi pautada nas análises realizadas. CAPÍTULO I - PROBLEMA E METODOLOGIA DA PESQUISA A inclusão de alunos com deficiência no mercado de trabalho, necessita ser efetivada a partir de uma proposta que propicie aos mesmos oportunidades de desenvolverem seu potencial e suas habilidades, visando seus interesses e aptidões. No entanto, os caminhos e descaminhos de uma proposta educacional inclusiva aponta para as dificuldades que os alunos com deficiencia encontram ao ingressarem no mercado de trabalho. 1.1 O PROBLEMA Neste capítulo será apresentada, na parte introdutória – uma abordagem voltada para a educação inclusiva, com vistas à identificação de alternativas e diretrizes efetivas de ação do acesso desses alunos no mercado de trabalho, em seguida, os objetivos, a delimitação, a relevância e a definição dos termos - chave do estudo. INTRODUÇÃO A inclusão dos alunos com deficiencia no mercado de trabalho, é um objetivo comum a todos aqueles que realmente lutam pelo cumprimento de seus direitos e 13 deveres, enquanto cidadãos e principalmente das instituições que existem em função deles e para eles. A Educação Especial no Pará desenvolve suas ações por meio das redes Estaduais e Municipais pertencentes às respectivas Secretarias de Educação – , responsáveis por 90% do atendimento dos alunos com deficiencia. A Seduc sofreu reestruturação através de suas ações e extruturas através do Decreto n 6069/89, quando a coordenação de Educação Especial passou a ser denominada de departamento com a denominação de Departamento de Educação Especial – DEES, sendo responsável pela execução da Política de Educação Especial no Estado.(Almeida e Neto,2005) Esse Departamento se estruturou de forma setorizada, incluindo, o programa de apoio a profissionalização e ao trabalho das pessoas com deficiencia em Unidades Educacionais Especializadas; como: UEES Profº. Astério de Campos – atende alunos com deficiência auditiva; UEES Profª. Yolanda Martins e Silva – atende alunos com déficit cognitivo; UEES Profº. José Álvares de Azevedo – atende alunos com deficiência visual,conforme ressaltam Almeida e Neto (2005) A Educação Especial é definida, a partir da Lei de Diretrizes e Bases - LDB 9.394/96, como uma modalidade de educação escolar que permeia todas as etapas e níveis de ensino. Não se pode, entretanto, almejar a inclusão negando as pessoas com deficiência o direito de acesso e permanência na sociedade, e em especial na preparação para o mercado de trabalho , que é a importante conquista; permitindo ao homem o sentimento valorativo de sua habilidade profissional. Tornando-se um ser produtivo e, consequentemente, sentindo-se útil, buscando dessa forma mecanismos de auto-sustentação econômica para garantir a sua sobrevivência.(LDB,1996) A inclusão dirige seu olhar a todos os alunos, já que todos podem experimentar dificuldades de aprendizagem em um dado momento de acordo com AINSCOW, (1995), citado por Sassaki (1998). Dessa forma, as estratégias de trabalho que ela estabelece são direcionadas para favorecer a aprendizagem de todos, os alunos na classe regular. 14 O grande marco para que esta inclusão seja possível, é a criação da Lei nº. 8.213/91, que tornou obrigatória a reserva de vagas para as pessoas com deficiencia no mercado de trabalho, mas a sociedade não está pronta para lidar com essas diferenças. Assim, a pergunta que direcionará esse estudo é: quais as dificuldades que os alunos com deficiencia encontram ao ingressarem no mercado de trabalho. 1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO O objetivo deste estudo é identificar - as dificuldades que os alunos com deficiencia encontram ao ingressarem no mercado de trabalho. Para tanto, têm-se como objetivos intermediários: Identificar, por meio de pesquisa bibliográfica, o sentido, abrangência, legislação e políticas públicas referentes à educação inclusiva como elemento facilitador do ingresso de alunos com deficiência no mercado de trabalho. Identificar, por meio de pesquisa documental junto a COEES, fichas cadastrais de alunos com deficiência no mercado de trabalho. Identificar junto ao coordenador, assistente social, psicólogo do COEES, normas, procedimentos, referentes à recepção e à orientação aos alunos com deficiência, bem como sobre encaminhamento, acompanhamento destes alunos ao programa de apoio à profissionalização e inserção no mercado de trabalho. Verificar junto ao coordenador, técnico, assistente social, psicólogos do COEES, normas, procedimentos de encaminhamento do aluno com deficiência. Verificar junto aos alunos com deficiência, seu nível de satisfação e dificuldades encontradas nas relações estabelecidas no local de trabalho ; Verificar, junto aos sujeitos da pesquisa – e pessoas do Recursos humanos da empresa empregadora – supermercado Líder – normas e procedimentos relacionado aos alunos com necessidades especiais. 15 1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO A inclusão dos alunos com deficiencia no mercado de trabalho, aborda a colocação na empresa e o acompanhamento dos técnicos da COEES no processo de inclusão profissional . O universo da pesquisa de campo foi realizado no supermercado Líder na cidade de Belém no Estado do Pará. Justifica-se tal delimitação do Supermercado Líder, em virtude do mesmo ser o que vem apresentando destaque na maneira de reconhecer e oportunizar condições para que o processo de inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho se efetive . Sendo assim é significativo o suporte que este supermercado tem criado para que, os funcionários com deficiencia desempenhem suas funções fazendo uso de suas capacidades criadoras e produtivas. O supermercado Líder possui em seu quadro funcional, 100 empregados que equivale a percentual de 2% de vagas (estatística do programa de apoio à profissionalização/COEES,2007). No que tange ainda a delimitação do estudo, serão considerados como sujeito da pesquisa: profissionais da escola – gestor, técnicos, psicólogos, assistentes sociais, coordenador da educação especial (COEES), alunos e o gerente da empresa Líder. 1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO É importante ressaltar que a escolha do setor de profissionalização da COEES, como local de aquisição para os levantamentos dos dados, deu-se em função dos técnicos do referido setor acompanharem o processo de inserção das pessoas com deficiência no supermercado líder, o que facilitou e propiciou a realização de entrevistas com os referidos técnicos. A inclusão social como processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com deficiencia e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. A inclusão social constitui, então, um processo bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas e a sociedade busca, 16 em parceria, equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos (SASSAKI, 1997, p.3). Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada a partir do entendimento de que ela é que precisa ser capaz de atender às necessidades de seus membros. O desenvolvimento (por meio da educação, reabilitação, qualificação profissional etc.) das pessoas com deficiência deve ocorrer dentro do processo de inclusão e não como um pré requisito para estas pessoas poderem fazer parte da sociedade, como se elas “precisassem pagar “Ingressos” para integrar a comunidade” (CLEMENTE FILHO, 1996 p.4). A prática da inclusão social repousa em princípios até então considerados incomuns, tais como: a aceitação das diferenças individuais, valorização de cada pessoa, a convivência dentro da diversidade humana, a aprendizagem através da cooperação. A diversidade humana é representada, principalmente, por origem nacional, sexual, religião, gênero, cor, idade, raça e deficiência. No entender de alunos e professores do Instituto de Diversidade Estudantil da Universidade de Minnesota, nos EUA (1998), a sociedade tem usado esses atributos pessoais como critérios para separar pessoas, o que transforma esses atributos em “tentáculos da opressão humana”. A inclusão social, portanto, é um processo que contribui para a construção de um novo tipo de sociedade através de transformações, pequenas e grandes, nos ambientes físicos (espaços internos e externos, equipamentos, aparelhos e utensílios, mobiliário e meios de transporte) e na mentalidade de todas as pessoas. Segundo Correia (1990, p. 124), “na realidade cotidiana dessas pessoas ainda predomina a dependência econômica (uma vez que a grande maioria não possui renda própria), o subemprego e a estagnação profissional – fatores que contribuem para que se mantenham à margem da vida nacional, sem chances de participação social e estigmatizadas”. 1.5 DEFINIÇÃO DOS TERMOS Para melhor entendimento – A Inclusão dos Alunos com Deficiência, apresenta uma pequena lista de termos – chave com suas respectivas definições,segundo (www.prodam.sp.gov.br),2007. 17 Acessibilidade - É a possibilidade de acesso, processo de conseguir a igualdade de oportunidades em todas as esferas da sociedade. Discriminação - Atitude de quem se recusa a tratar de modo igual indivíduos, segundo as suas origens étnicas. Inclusão social - É o processo pelo qual a sociedade se adapta, para poder incluir em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seu papel na sociedade. Este capítulo, foi dedicado a apresentar, inicialmente, uma abordagem voltada para a educação inclusiva, em que estão inserida a inserção dos alunos com deficiencia no mercado de trabalho, assim como a educação especial deve convergir para a intclusão social do indivíduo. O capítulo, à luz do assunto em estudo – Quais as dificuldades que os alunos com deficiencia encontram ao ingressarem no mercado de trabalho? – também apresentou o objetivo, a delimitação, a relevância e a definição dos termos – chaves do estudo. 1.6 METODOLOGIA DA PESQUISA Este capítulo terá como objetivo apresentar o tipo de pesquisa a ser desenvolvida, assim como o universo e amostra da pesquisa, a seleção de sujeitos, a coleta de dados, o tratamento dos dados e a limitação do método. 1.6.1 TIPOS DE PESQUISA Considerando-se o critério de classificação de pesquisa proposto por Vergara (1990), quanto aos fins e quanto aos meios, tomou-se: a) Quanto aos fins: foi uma pesquisa descritiva e explicativa, porque pretende verificar se estão sendo oferecidas condições necessárias para a inclusão do aluno com deficiência no mercado de trabalho. b) Quanto aos meios: foi uma pesquisa bibliográfica e de campo (entrevista e questionário) 18 1.6.2 UNIVERSO E AMOSTRA O universo da pesquisa de campo realizou-se na Empresa do grupo LÍDER – Belém, onde foi escolhido um supermercado da rede localizado na Travessa Humaitá S/N, entre Avenida Duque de Caxias e vinte e cinco de setembro. A pesquisa de campo na Empresa, visa identificar a evolução do acesso e a permanência do aluno com deficiência no mercado de trabalho. Existe uma parceria entre COEES e a empresa empregadora, que através do programa de apoio à profissionalização é realizado o acompanhamento do aluno com deficiencia. 1.6.3 SELEÇÃO DE SUJEITOS Os sujeitos da pesquisa foram em número de 6 como: profissionais da escola, coordenador, técnicos, psicólogos, assistentes sociais do COEES, aluno e a equipe de recursos humanos da empresa Líder. 1.6.4 COLETA DE DADOS Na pesquisa bibliográfica foram levantados argumentos em livros e leituras de textos que tenham referência sobre o assunto. Na pesquisa de campo foram utilizados os dados do setor da profissionalização da COEES, aplicados questionários junto aos profissionais da Empresa e para as Pessoas com deficiência do Supermercado. 1.6.5 TRATAMENTO DOS DADOS Foi realizado em três etapas: A primeira etapa foi relacionada ao levantamento do banco de dados do setor de profissionalização da COEES ,objetivando a indicação de maior incidência de pessoas com deficiência empregados em supermercado. A segunda etapa revelou a maior quantidade de pessoas com deficiência empregados no supermercado líder, sendo realizado em seguida contatos com os 19 gerentes do supermercado, os técnicos que acompanharam os funcionários com deficiência. A terceira etapa da pesquisa foi transformar os dados em tabelas para visualização e comparação das respostas dos entrevistados entre si, sendo estes embasados e analisados de acordo com o conteúdo pesquisado. 1.6.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO A metodologia escolhida para a pesquisa, apresentou as seguintes dificuldades e limitações quanto à coleta e ao tratamento dos dados: - Um dos fatores limitantes ao desenvolvimento da pesquisa de campo, diz respeito a dificuldades que poderão surgir a medida em que este universo foram contestado pelos sujeitos envolvidos do processo, devido interesses antagônicos. - O questionário pode provocar constrangimento, onde a baixa riqueza de informação pode causar dificuldade no sentido de fornecer respostas falsas, que não traduzam suas opiniões reais. - Um terceiro fator limitante está relacionado à gerência da empresa em questão, uma vez que esta apresenta interesses em demonstrar seu papel mediante os direitos sociais e as leis vigentes. A partir dessas etapas realizadas para pesquisa, será apresentada a seguir a contextualização teórica sobre o referido tema. CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO O direito à educação para todos os brasileiros foi estabelecido na Constituição de 1824, à época do Brasil Império. As Constituições Brasileiras de 1934, 1937 e 1946, da mesma maneira, garantiam a todos o direito à educação. Em 1948, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, afirma o principio da não-discrirminação e proclama o direito de toda pessoa à educação. 20 Em 21 de abril de 1959, a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou a Declaração dos Direitos da Criança, assegurando, no seu Princípio 7º, o direito à educação gratuita e obrigatória, ao menos em nível elementar. Além do desenvolvimento de suas faculdades, de seu juízo pessoal e do sentido da responsabilidade moral e social, um outro objetivo desse princípio da declaração dos direitos da criança a uma participação útil na sociedade. Diante desses textos consagrados internacionalmente, houve grandes esforços, realizados por países do mundo inteiro, no sentido de assegurar a todos o direito à educação. Nesta perspectiva, as constituições brasileiras de 1967 e 1969 também levaram em consideração os princípios da Declaração Universal dos Direitos do Homem e da Declaração dos Direitos da Criança. O nosso atual texto constitucional (1988) igualmente consagra, no Art. 205,a educação como direito de todos e dever do Estado e da família. No art. 206, podemos destacar princípios eminentemente democráticos, cujo sentido é nortear a educação, tais como: a igualdade de condições não só para o acesso como também, para a permanência na escola; a liberdade de aprender, ensinar e divulgar o pensamento; o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas; a coexistência de instituições públicas e privadas; a existência de ensino público gratuito e a gestão democrática do ensino público.(Constituição Federal, 1988). Cabe ressaltar que as linhas mestras estabelecidas pela Constituição foram regulamentadas em seus mínimos detalhes pela nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96. É importante registrar que, no período entre a promulgação da nossa Constituição e da Lei nº 9.394/96, houve um momento histórico internacional no campo da educação: a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em 1990. Dentre as diversas recomendações desta conferência, é particularmente importante destacar-se a primeira: "relembrando que a educação é um direito fundamental de todos, mulheres e homens, de todas as idades, no mundo inteiro". Na esteira dessa conferência, aconteceu em Salamanca, na Espanha, entre sete e dez de junho de 1994, a conferência Mundial sobre Necessidades Educativas 21 Especiais, que reuniu delegados de 92 países e 25 organizações internacionais. Essa conferência teve o objetivo de promover a Educação para Todos, analisando as mudanças fundamentais de política necessárias para favorecer o enfoque da educação integradora capacitando as escolas a entenderem a todas as crianças, sobretudo às que têm necessidades educativas especiais. Além disso, foi aprovada nessa conferência a Declaração de Salamanca, cujos princípios norteadores são: o reconhecimento das diferenças, o atendimento às necessidades de cada um, a promoção da aprendizagem, o reconhecimento da importância de “escolas para todos e a formação dos professores”. Dessa forma, os aspectos político-pedagógico presentes nos princípios desta declaração têm como pano de fundo, a perspectiva de um mundo inclusivo, onde todos têm direito à participação na sociedade, em busca da realização do mais alto nível de democracia. Sem dúvida, a democracia constitui um fim ao mesmo tempo em que se realiza como um processo. Um processo de solução de problemas das partes e todo da coletividade de encaminhamento de propostas e programas, de doação de regras aceitas pela maioria, com pleno respeito às minorias. Um processo que deve cada vez mais ampliar o acesso a direitos, garantir a plena participação dentro de regras claras e aplicáveis a todos, independentemente de raça, cor, sexo, religião e origem social. Entretanto, a proposta inovadora de educação Inclusiva deve ser analisada com base no contexto político, econômico, social e educacional brasileiro, sem que se esqueça que, num mundo globalizado, muitas vezes ocorre a tendência ao decalque, ou seja, a importação de conceitos e práticas que, em vez de possibilitarem um avanço, uma alternativa, acabam por se tornar mais uma experiência frustrada. Assim, precisam entender que democratizar a educação significa propiciar a todo o acesso e a permanência na escola. Dessa forma, nosso sistema educacional precisa saber não só lidar com as diferenças. Precisamos saber, então, associar o acesso à permanência com qualidade e equidade. Sabemos que no Brasil cerca de 10% da população possui algum tipo de deficiência, de acordo com o Censo 2006, tornando-se, portanto, imprescindíveis e 22 imperiosos que o sistema educacional brasileiro organiza-se e se estruture de forma que essas pessoas tenham o acesso e a permanência na escola assegurada. Constitucionalmente, sabemos que as crianças e adolescentes com deficiência têm esses direitos garantidos, uma vez que todos os textos legais analisados, até agora afirmam o principio da não-discriminação. Existem ainda vários outros dispositivos legais que reafirmam os direitos dessas pessoas. O Princípio 5º da Declaração dos Direitos da Criança garante o recebimento de educação, tratamento e cuidados especiais. No mesmo sentido, a Constituição Brasileira de 1988 garante “atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino” (Art. 208, III). Este direito, também, é reiterado no Art. 54, III, do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990). Da mesma forma, o Plano Decenal de Educação para Todos (MEC – 1993/2003), em seu capítulo II, C, ação 7ª, prevê a integração à escola de criança e jovens com deficiência. Já a nova Lei de diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394/96) apresenta características básicas de flexibilidade, além de algumas inovações que em muito favoreceram o aluno com deficiência. Pela primeira vez surge em uma LDB um capítulo (Cap. V) destinado à Educação Especial, cujos detalhamentos são fundamentais: garantia de matrículas para pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino (Art. 58); criação de serviços de apoio especializado, para atender às peculiaridades da clientela de Educação Especial (Art. 58, § 3º); especialização de professores (Art. 59,III). Muito importante, também, é o compromisso do poder público de ampliar o atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública de ensino (Art. 60, parágrafo único). Assim, uma vez que todos estes textos legais permitem uma base para a construção de uma sociedade mais justa, solidária, sem discriminação, torna-se evidente a necessidade da sua ampliação, com urgência. Tal urgência deve-se ao fato de que ainda hoje, no Brasil, apenas cerca de 30% da população de criança e adolescentes com deficiência têm acesso e permanência na escola. Acreditamos que esta triste realidade seja conseqüência de características excludentes e separativas que são marcantes em nossa sociedade. A formação econômico-social brasileira exige e cultua a produtividade, a eficiência e a competição. 23 Sob esse aspecto, como é visto o indivíduo que traz o estigma da deficiência, ou seja, da não eficiência? Parece-nos evidente que o problema recai sobre a visão que a sociedade ainda tem a respeito das pessoas com deficiência: a valorização de sua nãoeficiência. Tal condição, para a lógica capitalista do lucro, é suficiente para justificar a exclusão de investimentos na educação dessas pessoas, pois seu retorno não se manifesta de maneira imediata em mais–valias, as atitudes discriminatórias dos planejadores e executores da educação prejudicam o ingresso das pessoas com deficiência no sistema escolar. Portanto, é necessário que a nossa política educacional esteja voltada para a heterogeneidade. Entretanto, é imprescindível ressaltar que, embora os dispositivos legais sejam fundamentais, não se devem excluir outras fontes de mudanças. As pressões da sociedade por uma educação efetivamente democrática são essenciais na implementação de políticas e práticas de ensino que se traduzam na inclusão, na participação e na construção da cidadania. Precisamos, então, continuar na luta por uma educação de qualidade para todos por uma escola pública que satisfaça as necessidades educacionais de todas as crianças. A nova proposta de Educação Inclusiva recomenda que todos os indivíduos com deficiência sejam matriculados em turma regular, que se baseia no princípio de educação para todos. Frente a esse novo paradigma educativo, a escola deve ser definida como uma instituição social que tem por obrigação atender todas as crianças, sem exceção. A escola deve ser aberta, pluralista, democrática e de qualidade. Portanto, deve manter as suas portas abertas às pessoas com deficiência. A escola que desejamos para nossa sociedade deve conter, em seu projeto educativo, a idéia da unidade na diversidade. Não é possível a coexistência de democracia e segregação. Como enfatiza Mader (1997, p. 47): “Um paradigma está nascendo, um paradigma que considera a diferença como lago inerente na relação entre os seres humanos. Cada vez mais a diversidade está sendo vista como algo natural”. O estar 24 junto no cotidiano vai ensinando a todos o respeito às diferenças e a aceitação das limitações. A escola deve promover o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, moral e social dos alunos com deficiência, e ao mesmo tempo facilitarem-lhes a integração na sociedade como membros ativos. Mas, para que isto aconteça, é importante que o indivíduo com deficiência seja visto como um sujeito eficiente, capaz, produtivo e, principalmente, apto a aprender. A educação numa democracia é o principal meio de instrumentalização do indivíduo para o exercício de suas funções na sociedade. Logo, é de vital importância que as diretrizes norteadoras da política nacional de educação contemplem todos os alunos, sem exceção. 2.1 EDUCAÇÃO ESPECIAL - TRAJETÓRIA, LIMITES E PERSPECTIVAS DA LEGISLAÇAÕ E DAS POLÍTICAS SOCIAIS PÚBLICAS. 2.1.1 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO ESTADO DO PARÁ: O CAMINHO PERCORRIDO NA CONSTRUÇÃO DA HISTÓRIA Historicamente, a Educação Especial no Estado do Pará tem sua origem ligada às primeiras escolas criadas na década de 50, quer pelo poder público, quer pela iniciativa particular, para atender a pessoas portadoras de cegueira, retardo mental e surdez. A ação do governo volta-se, inicialmente, para o campo da deficiência visual quando, em 1953, envia ao Rio de Janeiro, os primeiros bolsistas para se especializarem no Instituto Benjamin Constant, instituição pioneira na educação dos cegos. Com o retorno desses profissionais criou-se, através do Decreto – Lei nº 1300 de 07/12/53, a Escola de Cegos do Pará, depois chamada de Instituto Lauro Sodré, começando os atendimentos em 1955.(Belém,1996) Em outubro de 1956, através da Lei nº 1400, aquela a escola passa a denominar-se Escola José Álvares de Azevedo, em homenagem ao primeiro cego alfabetizado na França através do Sistema Braille.(Belém,1996) 25 Em 1960, amplia-se a ação do governo para a área da surdez, criando a Escola de Educação de Surdos Mudos Prof. Astério de Campos.(Belém,1996) No âmbito da iniciativa privada, a Sociedade Paraense de Educação volta-se para a educação do infra-dotado intelectual, vindo a criar, em 1956, o Curso Pestalozzi do Pará. Quatro anos mais tarde, transforma-o em Fundação Pestalozzi do Pará e institui a escola Lourenço Filho como responsável pelo desenvolvimento do seu programa educacional em oficinas pedagógicas. Essa instituição é o marco da influência européia na educação especial no Brasil.(Belém,1996) Ainda nesse campo, o esforço de pais e amigos de crianças deficientes mentais faz surgir, em 30/1162, uma entidade de caráter filantrópico, dedicada ao bem-estar da criança excepcional – a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais APAE, influência educacional norte-americana no campo da educação especial, no Brasil.(Belém,1996) Vê-se, portando, que a educação especial no Pará surgiu para oferecer atendimento/escolarização às crianças cujas anormalidades eram, aprioristicamente, entendidas como prejudiciais ou impeditivas para sua inserção no ensino regular. Começava a caminhada da educação da criança com deficiência em escolas especializadas, por meio de programas educacionais e de reabilitação, socialmente isoladas de seus colegas não deficientes, tal como vinha ocorrendo no processo de desenvolvimento da educação especial no contexto brasileiro.(Belém,1996) Sob a ótica da legislação educacional, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 4024/61, contempla a educação especial em alguns de seus artigos, constituindo-se em um marco na história dessa educação. Em seu Art.88, estabelece que “a educação de excepcional deve, no que for possível enquadrar-se no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade”.(Belém,1996) Esse preceito legal parece ter encorajado as primeiras realizações de integração do portador de deficiência no ensino regular, sustentando-as emoções voltadas para a capacitação de recursos humanos em cursos que foram realizados em outras Unidades da Federação. Assim, em 1963, ocorre a integração de deficientes visuais na rede 26 regular de ensino – Colégio Magalhães Barata e Grupo Escolar Mário Chermont.(Belém,1996) Em 1965, através da Lei nº3583 de 15 de dezembro, escolas de surdos–mudos e de cegos passam a chamar-se, respectivamente, de instituto Prof. Astério de Campos e instituto José Álvares de Azevedo, onde se iniciaram os serviços de educação e reabilitação, atendendo clientes na faixa de zero até a idade adulta.(Belém,1996) No ano seguinte (1966), o incentivo à integração do deficiente visual se fortalece com a implantação da primeira classe Braille, atual Sala de Recursos, na unidade de ensino comum Grupo Escolar José Veríssimo.(Belém,1996) Essa iniciativa provocou sensíveis mudanças na filosofia visual já começava a ter o seu processo de reabilitação e de educação desenvolvido, não só nos institutos especializado, mas também, nas unidades de ensino regular do Estado.(Belém,1996) O processo de integração se amplia e surge a modalidade de Ensino Itinerante, ainda na área da deficiência visual. Ele se desenvolve pela presença do professor especializado, nas escolas do ensino regular, onde o aluno com deficiência está sendo integrado. (Belém,1996) 2.1.2 OS PRINCÍPIOS NORTEADORES DE UMA NOVA AÇÃO POLÍTICA PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL A evolução da concepção do trabalho das pessoas com deficiência está relacionada com as transformações ocorridas no plano das políticas sociais que, a cada momento, está a exigir da sociedade um novo olhar para este segmento da população. De inválido, deficiente, incapaz e tantos outros termos estigmatizantes, hoje devem ser vistos como cidadãos comuns, com direitos políticos e sociais garantidos, cabendo ao setor educacional prepará-los para que exerçam e lutem, conscientemente, pela sua cidadania. Este pensar, historicamente, é fruto de muita organização e luta , de avaliação e debates,de revisão de conceitos e da forma da pessoa com deficiência estar e se relacionar na sociedade. O avanço da ciência e da tecnologia não permite mais o seu 27 isolamento e, sim, recomenda a sua inclusão e o engajamento nas lutas por demandas e direitos sociais. Normas, declarações, leis, políticas são traçadas buscando garantir seus direitos individuais e coletivos e o governo brasileiro vem assumindo, gradativamente, embora em ritmo mais lento do que se deseja o compromisso com essa população, remetendo à elaboração de políticas e programas eficazes que, muitas vezes, se constituem em grandes desafios, pelo próprio quadro da realidade social. Considerando os aspectos filosóficos, educacionais e normativos da Educação Especial, destacam-se aqui alguns documentos importantes que trouxeram grande significado e que norteiam o trabalho com com as pessoas com deficiência. O primeiro deles é a Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948). Ela reconhece que os direitos são comuns a todos os homens, sem qualquer discriminação, enfatizando o direito à educação. Já a Constituição da República Federativa do Brasil (1988) estabelece: • Art.205- a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada coma colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho; • Art.206- o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios; I- Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; • Art.208- o dever do Estado coma educação será efetivado mediante a garantia de: I- Ensino fundamental obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; II- Atendimento educacional especializado as pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. Mais recentemente (1990), surge o Estatuto da Criança e do Adolescente, que regulamenta a garantia dos direitos expressos na Constituição Federal, pressupondo uma revisão geral nas políticas sociais e nas posturas individuais relacionadas à infância e à juventude cria o conselho Tutelar que é o órgão encarregado de zelar pelo 28 cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, independente de suas condições sociais, físicas, psicológicas, étnicas, etc. Ainda no mesmo ano,a Declaração Mundial sobre Educação Para Todos prevê a universalização das oportunidades educacionais iguais para todos e a melhoria da qualidade dos serviços educativos.. nesse sentido, busca garantir igualdade de acesso à educação as pessoas de qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo. Em 1994, é traçada a Política Nacional de Educação Especial. Ela estabelece que a educação deve ser, por, princípio, liberal, democrática e não doutrinária, onde o educando é, acima de tudo, digno de respeito e do direito à educação de melhor qualidade, de acordo com seus princípios, a Educação Especial deve iniciar no momento que se identificam os primeiros sinais de atrasos ou alterações no desenvolvimento global da criança e continuar ao longo de sua vida, valorizando suas potencialidades e lhe oferecendo todos os meios para desenvolvê-las ao máximo. Trataremos em um capitulo a parte sobre a Declaração de Salamanca, também elaborada em 1994, dada a grande repercussão nos âmbitos educacionais e sociais. Observa-se um grande avanço dado às linhas de atendimento as pessoas com deficiência através da Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais – Declaração de Salamanca (1994). Ela reafirma o compromisso com a Educação Para Todos, reconhecendo a necessidade e a urgência de ser o ensino ministrado no sistema comum de educação a todas as crianças, jovens e adultos com deficiência. Considera-se que as escolas regulares são os meios mais capazes para combater as atividades discriminatórias, criando comunidades solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo à Educação Para Todos; igualmente, proporcionam uma educação adequada à maioria das crianças e promovem a eficiência, numa ótima relação custo-qualidade, de todo o sistema educativo.Por esse documento, tem-se uma nova concepção de Necessidades Educativas Especiais pelo que se evolui do conceito de “Integração” – centrada no aluno individual – para o conceito de “Inclusão” em que a educação especial se desloca para o interior da 29 educação geral, pois todos aprendem juntos, independentemente de suas diferenças ou dificuldades, sendo estas as grandes vertentes do conhecimento. É fundado nas diversas contribuições citadas e tendo em vista ideal de integração que a Secretaria de Estado de Educação - SEDUC-PA propõe que a escola se prepare para receber todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais e sociais. Aspira-se a que a escola seja capaz de criar metodologias para atender às necessidades, interesses e potencialidades de cada um, incluindo o segmento de pessoas com deficiência. Tem-se claro que os objetivos que regem o ensino comum são os mesmos utilizados na educação das pessoas com deficiência, apesar de algumas experiências positivas visando à melhoria do sistema educacional, ele ainda é excludente e, nesse contexto, como poderá a escola absorver toda demanda, incluindo as pessoas com deficiência, dentro de um novo paradigma que tem como princípios básicos a normalização, a integração e a individualização? A tendência, hoje, é que a escola crie metodologias próprias, que possibilitem o pleno acesso dos alunos com deficiência à escola comum, sem obrigá-la a transformarse em escola “especial”, o professor trabalhará, assim, reconhecendo suas diferenças, respeitando seu ritmo de aprendizagem, mas dentro de um contexto integrador, onde as crianças e adolescentes com deficiência tenham as mesmas condições que são oferecidas aos demais. Este é o conceito de escola inclusiva. Ela deve criar metodologias próprias e adequadas, necessárias para o desenvolvimento de seu alunado, implicando no reordenamento das ações dirigidas as pessoas com deficiência. Segundo essa proposta, as escolas do sistema regular de ensino passariam por um processo de reestruturação nos seus aspectos físicos, na funcionalidade, na gestão, na capacitação dos docentes e, sobretudo, na proposta pedagógica. São caminhos urgentes e necessários a serem traçados, para responder às necessidades da população e aos compromissos idealizados para atingir o princípio de educação para todos. 30 Dentro deste referencial, as unidades de educação especializada assumiram novas funções, com caráter de complementaridade e de apoio educacional na construção da cidadania das pessoas com deficiência. Em 1995 e em 1996, muito se progrediu na melhoria da educação especial, através da capacitação de pessoal, investimentos e no aumento de custeio. É preciso prosseguir nessa linha para introduzir esse novo modelo de escola, embora reconhecendo as inúmeras dificuldades para viabilizá-lo, considerando o grande déficit educacional e os recursos didáticos insuficientes. (Ver a Educação, 2005) Resta contudo, começar! É com esta perspectiva que a Coordenação de Educação Especial vem redefinindo suas ações e construindo Uma Proposta da Educação Especial no Estado do Pará, buscando dentro da realidade concreta, trabalhar a amplicidade de uma filosofia integradora/inclusa. Pelos novos paradigmas em que se apóia esta filosofia, fazem-se necessários inúmeros passos a serem implantados e implementados a curto, médio e longo prazo. A Constituição Federal (1988) e a Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) estabelecem que a educação seja um direito de todos, garantindo atendimento educacional especializado as pessoas com deficiência. Nesta perspectiva inclusiva da educação e sabendo-se que cerca de 10% da população brasileira apresenta algum tipo de deficiência, torna-se imprescindível que nossa escola esteja preparada para lidar, no seu interior, com as diferenças. É preciso capacitá-la para trabalhar a unidade na diversidade. Para tal, faz-se necessário que os profissionais da escola sejam capazes de oferecer oportunidades de atendimento educacional que prevejam as necessidades limitações, as potencialidades e os interesses de cada aluno, ou seja, individualizando o ensino de acordo com sua necessidade específica. Notadamente, a partir do inicio deste século, graças ao desenvolvimento cientifico e ético da humanidade, estudos vêm mostrando que as diferenças individuais, quer sob o ponto de vista de desenvolvimento cognitivo, quer sob o ponto de vista físico ou sensorial, não constituem uma fatalidade irremovível, nem desabilitam as pessoas para a plenitude de suas realizações pessoais e sociais. Cada indivíduo, com 31 personalidade própria e padrões específicos de desempenho, é dotado de um potencial que, convenientemente orientado, pode permitir, quase sempre, a sua auto-realização. Dessa forma, que estamos defendendo é a construção de uma sociedade inclusiva que estabelece um compromisso com as minorias, dentre as quais se inserem os alunos que \apresentam deficiência. Werneck,(1997,314p.) coloca que a inclusão vem “quebrar barreiras cristalizadas em torno de grandes estigmatizados”. O movimento pela sociedade inclusiva é internacional, e o Brasil está engajado nele, pois cerca de 15 milhões de brasileiros com deficiência aguardam a oportunidade de participar plenamente da vida em sociedade, como têm direito. Sem dúvida a democracia, como um fim, constitui um processo de solução e de encaminhamento de propostas e programas, de doação de regras aceitas pela maioria,mas com um pleno respeito às minorias. É um processo que deve, cada vez mais, ampliar o acesso a direito, garantir a plena participação de todos dentro de regras claras e aplicáveis a todos, independentemente de raça, cor, sexo, religião e origem social. A Educação Inclusiva propõe que todas as pessoas com deficiência sejam matriculadas na escola regular, baseando-se no princípio de educação para todos. Entretanto, devemos ser cautelosos, no sentido de não admitirmos uma idéia falsa de escola democrática. A escola será tanto mais democrática à medida que acolher, educar e ensinar a todos, ao mesmo tempo em que respeite as diferenças individuais, estimulando em especial o desenvolvimento da capacidade do aluno de aprender a aprender. Frente a esse novo paradigma educativo, a escola deve ser definida como uma instituição social que tem por obrigação atender a todas as crianças, sem exceção. A escola deve ser aberta, pluralista, verdadeiramente democrática e de qualidade. Como diz Rego,(1997) a escola deve ser um espaço para as transformações, as diferenças, o erro, as contradições, a colaboração mútua e a criatividade. Dessa forma, precisamos de uma escola que não tenha medo de arriscar, que tenha muita coragem para criar e questionar o que está estabelecido, em busca de rumos inovadores, necessários à inclusão. Como diz Mantoan,(1997,235p.):”Cabe à escola encontrar respostas educativas para as necessidades de seus alunos e exigir dela uma 32 transformação”. Portanto a inclusão na escola seria, então, o processo pelo qual a própria escola adapta-se, transforma-se para poder inserir em suas classes regulares crianças e jovens com deficiência que estão em busca de seu pleno desenvolvimento e exercício da cidadania. Tanto os alunos não-deficientes como os deficientes terão a oportunidade de vivenciar a riqueza que a diferença reapresenta e, com isso, fortalecer o sentimento de solidariedade. Nesse processo, o importante é a necessidade da formação da consciência críticas dos profissionais de educação quanto à sua responsabilidade pela aprendizagem de seus alunos, sejam eles deficientes ou não. Não podemos, igualmente, deixar de registrar que este novo paradigma educativo não mais permitirá que a Educação Especial seja entendida como sistema paralelo ou um subsistema no contexto do sistema geral de educação. Para este novo tempo é imprescindível a ação conjunta da Educação Regular com a Educação Especial. Afinal, o aluno que apresenta déficit, além de ser visto à luz das suas deficiências, deverá ser visto, agora como ser global e único. 2.1.3 O DIREITO DE TER DIREITOS Os direitos humanos têm provocado inúmeros debates, teóricos por excelência. Neste sentido, e com muita propriedade, é Bobbio (1992, p.5) quem nos ensina que “os direitos humanos são direitos históricos que emergem gradualmente das lutas que o homem trava por sua própria emancipação e das transformações das condições de vidas que essas lutas produzem”. O referido autor ensina também que “A linguagem dos direitos tem indubitavelmente uma grande função prática, que é emprestar uma força particular às reivindicações dos movimentos que demandam para si e para os outros a satisfação de novos carecimentos materiais ou morais; mas ela se torna enganadora se obscurecer ou ocultar a diferença entre o direito reivindicado e o direito reconhecido e protegido”.Bobbio (1992,p.5) 33 Os grifos são nossos e se justificam pela importância que tais termos têm neste estudo: reivindicações de direitos, reconhecimento dos mesmos como fundamentais justo ou naturais, sua proteção ou garantia de cumprimento e a contradição entre o discurso e a prática, pois, enquanto a consciência universal dos direitos humanos é cada vez mais forte, paradoxalmente eles são cada vez mais desrespeitados. O grande desafio é, portanto, identificar o modo mais seguro de lutar pela cidadania, para evitar que, embora constando tão solenemente dos discursos, os direitos não continuem a ser tão lamentavelmente violados na prática. As preocupações com a defesa dos princípios fundamentais extensivos a todos os homens estão expressas na declaração Universal dos Direitos do Homem, proclama e adotada a 10 de dezembro de 1948, em assembléia Geral das nações Unidas, em paris, França Mas os direitos de que fala Bobbio a primeira são somente os proclamados nas instituições internacionais e nos congressos, enquanto os direitos de que fala a segunda são aqueles que a maioria esmagadora da humanidade não possui de fato (ainda que sejam solene e repetidamente proclamados). Essa constatação é imediatamente aplicável às pessoas com deficiência, cujos direitos de cidadania têm sido desrespeitados em decorrência, entre fatores, da desinformação sobre as deficiências e dos inúmeros preconceitos e estigmas que povoam o imaginário coletivo acerca dessas pessoas. Embora nas últimas décadas tenhamos evoluído do enfoque caritativo-assistencialista para o da proteção dos direitos de cidadania, ainda se constatam inúmeras práticas de exclusão contra as pessoas com deficiência, seja do convívio social integrado, seja do acesso e usufruto dos bens e serviços historicamente acumulados e disponíveis na sociedade. (Almeida e Tavares Neto,2005). Os movimentos históricos marcados pela exclusão e segregação das pessoas com deficiência têm sido substituídos por propostas inclusivas. Em vez do enfoque tradicional, segundo o qual as próprias pessoas com deficiências são uns reflexos das condições culturais, econômicas e ambientais, que a provocam e a mantêm nos indivíduos. 34 2.1.4 PROGRAMA DE AÇÃO MUNDIAL PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Foi aprovado na Assembléia Geral das Nações Unidas em dezembro de 1982, o programa de ação mundial para pessoas com deficiência que tem como finalidade servir de fonte permanente de consulta a todos os países interessados na luta pela defesa dos direitos de cidadania das pessoas com deficiência (Brasil , 1992 ). Apesar de ter sido apresentado no inicio , da década de 80, o programa continua inspirando a elaboração de inúmeras propostas atuais para a execução de medidas no âmbito nacional e internacional referentes à: • Prevenção: evitar o surgimento, a proliferação ou o agravamento de deficiência; • Reabilitação: entendida como um processo que visa levar a pessoa com deficiência ao alcance de níveis funcionais, mentais, sociais ou físicos ótimos, de maneira a poder modificar sua própria vida; • Equiparação de oportunidades: processo através do qual a sociedade se torna acessível a todos, com remoção de barreiras arquitetônicas, reformas legislativas, aumento de participação comunitária, no âmbito da educação e do emprego para a população de deficientes das zonas urbanas e rurais. Dentre as propostas para a execução do programa, há um elenco de medidas nacionais, para as quais se recomenda que assuntos referentes às pessoas com deficiência sejam tratados em contexto geral apropriado e que, em cada ministério e órgão público ou privado, haja um setor que assuma a responsabilidade por esses assuntos, no tocante à sua esfera de competência. Em relação às medidas a serem tomadas pelas nações sugerem-se, ainda de acordo com o referido programa: • A participação de pessoas com deficiência nas tomadas de decisões; • Ação comunitária, envolvendo como prioridades a prestação de informações e a assistência financeira às comunidades; 35 • A formação de pessoal, seja para treinar profissionais habilitados para os serviços na comunidade, seja para a detecção precoce de deficiências, ou ainda para prestação de assistência primária e para o encaminhamento a serviços; • A informação e educação do público também são consideradas, devido à necessidade dos países desenvolverem programas de informação pública sobre direitos e deveres dos deficientes. Toda a sociedade deve ter acesso a tais programas. Fica bem clara, ainda, a necessidade do fomento a estudos e pesquisas sobre os vários aspectos da deficiência, a fim de melhorar a compreensão da problemática, de suas causas e conseqüências, de maneira a aperfeiçoar o planejamento e a elaboração de programas compatíveis com as necessidades dessas pessoas. As pesquisas também devem ser extensivas a equipamentos (criação e aprimoramento) e a aparelhos. 2.1.5 NORMAS UNIFORMES SOBRE A LINGUAGEM DE OPORTUNIDADES PARA A PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA Aprovadas aos 20 de dezembro de 1993, em Assembléia Geral das Nações Unidas, pela resolução nº 48/96, as normas se fundamentaram, historicamente, na experiência adquirida no decorrer da chamada Década das Nações Unidas para as Pessoas com deficiência (1983-1992). As Normas Uniformes não têm caráter compulsório, mas objetivaram um alcance generalizado a muitos países, com vistas a serem uniformemente respeitadas. Em linhas gerais, traduzem as obrigações dos Estados no sentido de apoiar medidas que garantam a igualdade de oportunidades, com o objetivo de assegurar que as pessoas com deficiência tenham os mesmos direitos e obrigações das demais. Dessa maneira, as Normas Uniformes: • Revisam os conceitos de incapacidade de deficiência à luz da evolução registrada na Década das Nações Unidas para Pessoas com deficiência; 36 • Reutilizam os três preceitos básicos, adotados no Programa de Ação Mundial para a Pessoa com deficiência: prevenção, reabilitação e conquista da igualdade de oportunidades.(1993) Quanto aos conceitos básicos referidos no Programa Ação Mundial a deficiência é conceitualizada como “toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica”; a incapacidade, como “toda restrição ou falta, devido a uma deficiência, da capacidade de realizar uma atividade na forma ou na medida em que se considera normal a um ser humano”; e o impedimento, “como uma situação desvantajosa para um determinado individuo, em conseqüência de uma deficiência ou de uma incapacidade, que limita ou impede o desempenho de um papel que seria normal, em seu caso, em função de idade, sexo e fatores sociais e culturais”. Na revisão desse programa de ação mundial (1992), a deficiência passou a ser entendida como “perda ou limitação de oportunidades de participação na vida comunitária em condições iguais às demais pessoas”. O termo reflete, portanto, a extensão da incapacidade relativa ao meio em que se encontra o indivíduo. Por incapacidade ficam compreendidas “as limitações funcionais que podem ser registradas nos indivíduos e que se apresentam como físicas sensoriais ou intelectuais, bem como decorrentes de uma doença que exige cuidados médicos ou de uma enfermidade mental, podendo ser permanentes ou transitórias”. Quanto aos preceitos básicos, as Normas referem-se à prevenção em dois sentidos: primária e secundária. Na primária, adotam-se medidas que impeçam a produção de deterioração física, sensorial, intelectual ou psiquiátrica. Na secundária, procura-se impedir que uma deterioração, já instalada produza uma deficiência ou limitação funcional permanente. 37 O segundo preceito básico, o da reabilitação, é entendido no sentido de se proporcionar aos deficientes condições de alcance e manutenção com um ótimo nível de funcionamento nos planos físico, intelectual, sensorial, psíquico ou social, de forma que possam contar com os meios apropriados para modificar suas vidas, visando tornarem-se cada vez mais independentes. Quanto à conquista da igualdade de oportunidades, traduz a idéia da “equiparação de oportunidades” como um processo através do qual os diversos sistemas sociais são postos à disposição de todos, especialmente das pessoas com deficiência. 2.1.6 DECLARAÇÃO MUNDIAL SOBRE EDUCAÇÃO PARA TODOS Foi aprovada na Conferência Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem, ocorridas em Jomtien, Tailândia, em março de 1990. Basicamente, esta declaração constatou a persistência de inúmeras dificuldades relacionadas à garantia do direito à educação. No que tange as pessoas com deficiência, pode-se dizer que são considerados tanto como cidadãos “comuns” quanto como cidadãos “peculiares”: são considerados cidadãos comuns ao se propor que o cesso à educação com equidade seja universalizado a todos (Art.3º) e peculiares ao explicitar-se que é preciso garantir-lhes igualdade de acesso à educação como parte integrante do sistema educativo, independente do tipo de deficiência que possuam (Art, 5º). No (Art. 6º), referente ao ambiente adequado à aprendizagem, fica clara a idéia da provisão abrangente e coordenada dê serviços e assistência em nutrição, cuidados médicos e apoio físico e emocional. No Art. 7º, por sua vez, evidencia-se a necessidade de se estabelecerem alianças e articulações com todos os sub-setores ligados à educação. As autoridades nacionais, estaduais e municipais ficam responsabilizadas pelo oferecimento da educação básica. Para tanto também foi produzido um Plano de Ação para Satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem, cujo objetivo é ser vir de referência e guia a governos, organismos internacionais, instituições de cooperação bilateral, ONGs e a todos os envolvidos com a meta de Educação para Todos. 38 2.1.7 DECLARAÇÃO DE SALAMANCA DE PRINCÍPIOS, POLÍTICA E PRÁTICA PARA AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. Foi elaborada em decorrência da Conferência Mundial sobre as pessoas com deficiência: Acesso e Qualidade, promovida pelo governo da Espanha e pela Unesco em junho de 1994. a Declaração expressa o princípio de integração e a preocupação com a garantia de escolas para todos, conforme estabelecido em 1990 na Conferência mundial de Educação para Todos. Todo o conteúdo do Art. 3º força os governos a certas ações, como: • Dar prioridade política e orçamentária à melhoria dos sistemas educativos. De forma que estes abranjam, cada vez mais, todas as crianças; • Adotar o princípio da educação integrada com força de lei ou como política; • Desenvolver projetos demonstrativos e incentivar a troca de experiências integradoras; • Criar mecanismos de descentralização e participação em planejamentos, supervisão e avaliação do ensino de alunos com deficiência, incluindo a participação de pais e entidades representativas de pessoas com deficiência; • Dedicar esforços à identificação e à estratégias de intervenção; • Cuidar para que a formação de professores esteja voltada para o atendimento às pessoas com deficiência. Como parte integrante da Declaração de Salamanca, constam as Linhas de Ação sobre as pessoas com deficiência, cujo objetivo é orientar organizações e governos em suas práticas de maneira que acolham todas as crianças, independentemente das condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou quaisquer outras. Propõe-se, dessa forma, que as escolas acolham tanto as crianças com deficiência como as bem dotadas assim como as das mais variadas origens e situações. 39 Solicitou-se aos países signatários da Declaração de Salamanca que considerassem os seguintes aspectos: • O principio da igualdade de oportunidades; • Adoção de medidas paralelas e complementares às educacionais, nos outros campos de ação social (saúde, bem-estar social, trabalho etc.); • Inclusão das crianças com deficiência nos planos nacionais de Educação para Todos: • Especial atenção às necessidades de crianças com deficiências graves ou múltiplas; • Consideração da importância da linguagem de sinais como meio de comunicação dos surdos, de modo a lhes assegurar acesso à linguagem de sinais de seus países; • Ação coordenada entre os responsáveis pelo ensino e os responsáveis pela saúde e assistência social de organizações tanto governamentais como não- governamentais. Cada um de nós, educadores interessados em desempenhar, adequadamente, o nosso papel – que é pedagógico mas também político -, precisamos saber o que dizem esses documentos, verdadeiros marcos históricos, cuja discussão internacional tem sido a mais ampla e mais frutífera. A Educação Especial é definida, a partir da LDB nº 9.394/96, como uma modalidade de educação escolar que permeia todas as etapas e níveis de ensino. Esta definição permite desvincular “educação especial” de “escola especial”, permite também, tomar a educação especial como um recurso que beneficia a todos os educandos e que atravessa o trabalho do professor com toda a diversidade que constitui o seu grupo de alunos. Podemos dizer que se fez necessário propor alternativas inclusivas para a educação e não apenas para a escola. A escola integra o sistema educacional (conselhos, serviços de apoio e outros), que se efetiva promotora de relações de ensino de aprendizagem, através de diferentes metodologias, todas elas alicerçadas nas diretrizes de ensino nacionais. 40 O surgimento da educação especial está vinculado ao discurso social, posto em circulação na modernidade, para dar conta das crianças que não se adaptavam aos contornos da escola. Foi a partir deste lugar de “criança não escolarizável” que as deficiências foram organizadas em um amplo aspecto de diagnósticos, recortados e classificadas com o apoio do saber médico. A partir daí, a educação especial baseou-se em uma concepção de reeducação através de métodos comportamentais, supondo que bastariam técnicas de estimulação especiais para as crianças alcançarem um nível “normal” de desenvolvimento. A declaração de Salamanca (1994) traz uma interessante e desafiadora concepção de educação especial ao utilizar o termo “pessoa com deficiência” estendendo-se a todas as crianças ou seja que tem necessidades decorrentes de suas características de aprendizagem. O principio é que as escolas devem acolher a todas as crianças, incluindo crianças com deficiências, superdotado, de rua, que trabalham, de populações distantes, nômades, pertencentes a minorias lingüísticas, étnicas ou culturais, de outros grupos desfavorecidos ou marginalizados. Para isso, sugere que se desenvolva uma pedagogia centrada na relação com a criança, capaz de educar com sucesso a todos, atendendo às necessidades de cada um, considerando as diferenças existentes entre elas. Pensando nas escolas especiais, como suporte ao processo de inclusão dos alunos com deficiência na escola regular, a coordenação entre os serviços de educação, saúde e assistência social aparece como essencial, apontando nesse sentido, a possibilidade das escolas especiais funcionarem como centros de apoio e formação para a escola regular, facilitando a inclusão dos alunos nas classes comuns ou mesmo a freqüência concomitante e nos dois lugares. Essa seria uma forma da escola não se isentar das responsabilidades relativas às dificuldades de seus alunos simplesmente limitando-se a encaminhá-los para atendimentos especializados. Ao contrário, a manutenção de serviços especializados de apoio ao processo de ensino-aprendizagem, não caminha na contramão de uma educação radicalmente inclusiva, mas é essencial para a sua concretização. A questão que deve ser colocada é como o atendimento educacional especializado integra o processo. Com isso, descaracterizam-se as pessoas com deficiência como 41 exclusividade “para deficientes” e passa-se a entendê-las como algo que todo aluno, em maior ou menor grau, ocasional ou permanente, pode vir a demandar. A formação dos profissionais da educação é tarefa, sem dúvida, essencial para a melhoria do processo de ensino e para o enfrentamento das diferentes situações que implicam a tarefa de educar. A Política Nacional de educação Especial caracteriza-se pelo seu objetivo eminentemente qualificador da mão-de-obra da pessoa com deficiência para o emprego, que varia muito em decorrência do contexto regional; pode ser, por exemplo, um emprego como ajuda na criação de animais, operador de máquina copiadora, garçonete na lanchonete, ajudante de produção ou auxiliar de montagem. A qualificação tem sido reconhecida como fator fundamental na obtenção de bons empregos. Mas ela é também importante para outras áreas da vida da pessoa. È nesta etapa que acontecerá a inserção das Pessoas com deficiência no mercado do trabalho, esta inclusão será efetivada após as mesmas terem realizados as etapas anteriores de preparação profissional e obtida a certificação necessária para sua qualificação profissional exigida pelo mercado de trabalho. 2.1.8 AMPARO LEGAL PARA AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL, LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996, estabeleceu como uma das diretrizes para os conteúdos curriculares da educação básica, a orientação para o trabalho. No Capítulo III, tratou-se especificamente da Educação profissional, integrando-a no sistema de Educação Nacional: ART. 39. A Educação Profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, a ciência e a tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. Parágrafo Único. O aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio e superior, bem como o trabalhador em geral, jovem ou adulto, contará com a possibilidade de acesso à educação profissional. 42 ART.40. A Educação Profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições especializadas ou no ambiente de trabalho. ART. 41. O conhecimento adquirido na educação profissional, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para o prosseguimento ou conclusão de estudos. Parágrafo Único. Os diplomas de cursos de educação profissional de nível médio, quando registrados, terão Validade Nacional. ART. 42. As escolas técnicas e profissionais, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos especiais, abertos à comunidade, condicionada a matricula à capacidade de aproveitamento e não necessariamente ao nível de escolaridade. No Capítulo V, tratou da Educação Especial, recomendando preferencialmente, a inserção do aluno com deficiência na rede regular de ensino, prevendo serviços de apoio, e a educação especial para o trabalho. ART. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência. - 1º. Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela de educação especial. - 2º. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições especificas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. - 3º. A oferta de Educação Especial, dever Constitucional do Estado, tem inicio na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. ART.59 Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I- Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização especificas, para atender às sua necessidades; II- Terminalidade Específica, para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; 43 III- Professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV- A educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V- Acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino Regular. Em relação à profissionalização, a LDB estabelece que qualquer cidadão deve ser preparado para o mundo produtivo, ter acesso a ele, com renda digna para suprir suas necessidades básicas, e, mesmo que apresente necessidades especiais que requerem suportes intensivos e permanentes, a pessoa tem direito a trabalho protegido supervisionado, na medida de suas potencialidades. No que se refere à abrangência, a LDB estabelece que a educação envolve os processos formativos que desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e de pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil, nas manifestações culturais, devendo a Educação Escolar estar vinculada ao mundo do trabalho e à prática social. Em seu artigo 2º., enfatiza ainda, que a finalidade da educação é o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Quando de sua regulamentação, ficou estabelecido que a educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular,ou em modalidades que contemplem estratégias de educação continuada, podendo ser realizada tanto em escolas regulares, em instituições especializadas, ou nos próprios ambientes de trabalho. O Decreto nº. 2.208, de 17 abril de 1997, regulamentou o 2º. do Art.36 e os Art. 39 a 42 da Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996 (LDB), estabelecendo que a 44 educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou em modalidades que contemplem estratégias de educação continuada, podendo ser realizada em escolas do ensino regular em instituições especializadas, ou nos ambientes de trabalho. O Art. 3º; desse mesmo decreto estabeleceu, definiu a educação profissional como um processo que compreende três níveis básico, técnico e tecnológico. A educação profissional de nível básico, é uma modalidade de educação não formal, com curso de duração variável, destinada a proporcionar ao cidadão trabalhador, conhecimentos que lhe permitam re-profissionalizar-se, qualificar-se e atualizar-se para o exercício de funções demandadas pelo mundo do trabalho, compatíveis com a complexidade tecnológica do trabalho, o seu grau de conhecimento técnico e o nível de escolaridade do aluno, não estando sujeita à regulamentação curricular, sendo que, ao término, deverá ser-lhe concedido certificado de qualificação profissional. Em seu artigo 39, ela enfatiza que a educação profissional, integrada às diferentes formas de educação para o trabalho, à ciência e a tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. Assim a lei assegura, ao aluno que apresenta necessidades especiais, a educação para o trabalho, visando sua efetiva integração na vida em sociedade. 2.1.9 LEI 8.213 DE 25/07/19 O avanço da lei 8.213/91, é de suma importância para o deficiente que estão fora do mercado do trabalho, pois agora esta norma refere-se expressamente a habilitação e reabilitação profissional, alcançando aqueles que jamais tiveram oportunidade de trabalhar. Apesar de não existirem multas para o não-cumprimento dessas cotas, o crescimento da consciência social e a ação fiscalizadora do Ministério Público têm ampliado o número de empresas que estão de acordo com a legislação, estimulando-as 45 a manter e até superar, em alguns casos o número de vagas destinadas à pessoa com deficiência previsto na lei. 2.2 EDUCAÇÃO ESPECIAL- PROJETO POLÌTICO PEDAGÓGICO No sentido etimológico, o termo projeto vem do latim projectu, particípio passado do verbo projicere, que significa lançar para diante. Plano intento, desígnio. Empresa, empreendimento. Redação provisória da Lei. Plano geral de edificação. Ao construirmos os projetos de nossas escolas, planejamos o que temos intenção de fazer,de realizar. Lançamos-nos para diante, com base no que temos, buscando o possível. É antever um futuro diferente do presente. Nessa perspectiva, o projeto político-pedagógico vai alem de um simples agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou encaminhado às autoridades educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas. Ele é construído e vivenciado em todos os momentos por todos os envolvidos com o processo educativo da escola. O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional com um sentido explicito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sócio-político com os interesses reais e coletivos da população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. “A dimensão política se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente pedagógica”. (MEC, Saberes e Praticas da Inclusão, 2005,pg. 56 ). Na dimensão pedagógica reside a possibilidade de efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade Político e pedagógico têm assim sua significação indissociável. Neste sentido é que se deve considerar o projeto político-pedagógico como um processo permanente de reflexão e discussão dos problemas da escola, na busca de alternativas viáveis à 46 efetivação de sua intencionalidade, que “não é descritiva ou constatativa, mas é constituitiva”. Por outro lado, propicia a vivência democrática necessária para a participação de todos os membros da comunidade escolar e o exercício da cidadania. Pode parecer complicado, mas trata-se de uma relação recíproca entre a dimensão política e a dimensão pedagógica da escola. O projeto político-pedagógico, ao se constituir em processo democrático de decisões,preocupa-se em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que supere os conflitos, buscando eliminar as relações competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina do mando impessoal e racionalizado da burocracia que permeia as relações no interior da escola, diminuindo os objetos fragmentários da divisão do trabalho, que reforça as diferenças e a hierarquia do poder de decisão. 2.2.1 ADAPTAÇÕES CURRICULARES: UMA NECESSIDADE A educação inclusiva é anunciada como a forma mais recomendável de atendimento educacional para os alunos que apresentam deficiência(s), altas habilidades e condutas típicas de síndromes. É identificada, hoje, como o caminho eficiente para a construção da cidadania e da participação social em consonância com a perspectiva da educação para todos e com todos. Inserir os alunos com deficiência na rede regular de ensino constitui o primeiro passo para a jornada da inclusão – passo mais indutor-, devendo ser seguido de medidas pedagógicas que garantam o acesso à aprendizagem e ao conhecimento proposto na vivência escolar. Traduzindo na prática, é preciso acionar os meios que efetivamente possibilitem a permanência do aluno na escola, favorecendo-lhe o acesso ao currículo. O que entendemos por currículo? O enfoque adotado é o de concebê-lo como “o conjunto de experiências (e a sua planificação) que a escola, como instituição, disponibiliza à serviço dos alunos com o fim de potenciar o seu desenvolvimento integral” (Manjón, 1995, p.53) e, ainda, “o projeto que preside as atividades educativas escolares, define suas intenções e proporciona guias de ação adequados e úteis para os professores [...]” (Coll et alii, 1996, p. 45). Não se defende aqui a idéia de currículo fixo ou fechado, mas de instrumento participativo, resultante da vivência e das 47 expectativas socioculturais, que desvele a importância da diversidade na escola e responda às suas demandas reais. A prática da inclusão na realidade brasileira revela algumas dificuldades: despreparo do sistema regular de ensino para atuar no processo; resistência da comunidade escolar na aceitação dos alunos (cf. Carvalho & Monte, 1994); e fatores diversos de natureza familiar, institucional e sociocultural. Muitas dificuldades ocorrem quando a escola regular não permite o acesso do aluno “diferente” às situações educacionais comuns, propostas para o demais colegas. As necessidades especiais que alguns alunos possam apresentar devem ser atendidas por meio do currículo regular, de maneira adaptada ou não. Se entendermos o currículo como o conjunto de ações que a escola formaliza em consonância como projeto pedagógico, o processo educativo assim norteado é o mesmo para todos os alunos, com devida atenção às diferenças individuais, inclusive as diferenças mais acentuadas que se podem observar em alguns alunos com relação aos demais. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) constituem referencias válidas para guiar a educação dos alunos com necessidades especiais e também para todos os demais alunos. Seus pressupostos, objetivos e indicações consideram questões pedagógicas atuais, admitindo a pluralidade de concepções pedagógicas e do fazer educativo, de forma a atender à diversidade dos alunos na escola e às particularidades de sua cultura. A vivência escolar tem demonstrado que a inclusão pode ser favorecida quando se observam as seguintes providencias: preparação a dedicação dos professores apoio especializado para os que necessitam; e a realização de adaptações curriculares e de acesso ao currículo, se pertinentes. Tais medidas de adequação curricular requerem analise à parte. De modo geral, o currículo pode constituir um grande obstáculo para os alunos com deficiência na escola regular, especialmente quando ele impõe uma referência homogênea a ser alcançada por todos os educandos, independentemente das condições particulares que possam apresentar. Com raras exceções, e competência acadêmica é exigida para todos de forma uniforme ou inflexível; o que se busca e se incentiva atualmente é a construção de currículos abertos, transformadores e com novas prescrições, de modo s 48 contemplar os que possam não corresponder à expectativa de “normalidade” da comunidade escolar. O ministério de Educação e Ciência da Espanha publicou, em 1992, uma proposta nacional de adaptações curriculares,como recurso a ser utilizado para dar respostas apropriadas às necessidades especiais dos alunos a partir do currículo regular. Os procedimentos de adaptações curriculares forma definidos com” o conjunto de modificações que se realizam nos objetivos, conteúdos, critérios e procedimentos de avaliação, atividades e metodologias para atender às diferenças individuais dos alunos” (Guijarro, p.138). Os procedimentos adaptativos mencionados aplicam-se aos seguintes elementos curriculares: objetivos; conteúdos; avaliação; metodologia e organização didática; temporalidade; organização curricular. Uma descrição mais pormenorizada permite melhor compreensão de ações que podem ser desencadeadas na adequação curricular. As adaptações organizacionais dizem respeito: • Ao tipo de agrupamento de alunos para realizar atividades de ensino-aprendizagem; • À organização didática da aula; • Á organização dos períodos definidos para o desenvolvimento das atividades previstas. • As adaptações relativas aos objetivos e conteúdos referem-se: • À seleção, priorização e seqüencialmento de áreas ou unidades de conteúdos que garantam funcionalidade e sejam essenciais e instrumentais para as aprendizagens posteriores; • À seleção, inclusão e priorização de objetivos; • À eliminação e ao acréscimo de conteúdos, quando for necessário. • As adaptações avaliativas dizem respeito: • À variação de criterios, procedimentos, técnicas e instrumentos adotados para avaliar o aluno; • À variação nos critérios de promoção. 49 As adaptações nos procedimentos didáticos e nas atividades de ensino-aprendizagem referem-se: • À alteração nos métodos adotados para o ensino dos conteúdos curriculares; • À introdução de atividades complementares ou alternativas, além das planejadas para turma; • À alteração do nível de abstração e de complexidade das atividades, oferecendo recursos de apoio; • À seleção de materiais e sua adaptação. • As adaptações na temporalidade dizem respeito: • À alteração no tempo previsto para a realização das atividades ou conteúdos; • Ao período para alcançar determinados objetivos; • Ao prolongamento ou redução no tempo de permanência do aluno na série, fase, ciclo ou etapa. As adaptações de acesso ao currículo incluem providências ou recursos muitas vezes necessários aos alunos, tais como: • Mobiliários adequados; • Equipamentos específicos; recursos materiais adaptados; • Formas alternativas e ampliadas de comunicação; • Modalidades variadas de apoio para participar das atividade escolares; • Promoção de situações educacionais diferenciadas; • Recursos humanos especializados ou de apoio; • Adaptação espacial. As adaptações curriculares não devem ser entendidas como procedimentos exclusivamente individuais ou decisões que envolvam apenas o professor e o aluno. Podem realizar-se em três níveis: • No âmbito mais geral, envolvendo o projeto pedagógico da escola; • No âmbito mais particular, envolvendo o currículo desenvolvido na sala de aula; • No nível individual. 50 Tais adaptações realizam-se de acordo com as necessidades do aluno, podendo ser dispensadas ou aplicadas de forma reduzida, ou, ainda, em alguns casos, de forma mais intensiva, dependendo das necessidades que forem identificadas. No Brasil, os procedimentos de adaptações curriculares estão respaldados pela Lei nº 9.394, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Cap. V, Art. 59). A educação inclusiva, entretanto, não se esgota na observância da lei, que a reconhece e garante, mas requer uma mudança de postura, de percepção e de concepção dos sistemas educacionais. As modificações necessárias devem abranger atitudes, perspectivas, organização e ações de operacionalização do trabalho educacional. Todos os alunos, em determinado momento de sua vida escolar, podem apresentar deficiência, e seus professores, em geral, conhecem diferentes estratégias pra dar respostas a elas. No entanto, existem deficiências que requerem, da escola, uma série de recursos e apoio de caráter mais especializado, que proporcionem ao aluno meio para acesso ao currículo. Um Projeto pedagógico que inclua os educandos com deficiência devem seguir as mesmas diretrizes já traçadas pelo Conselho Nacional de Educação para a Educação Infantil, o ensino fundamental, o ensino médio, a educação profissional de nível técnico,a educação de jovens e adultos e a educação escolar indígena. Entretanto, esse projeto deverá atender ao principio da flexibilização, para que o acesso ao currículo seja adequado às condições dos discentes, respeitando seu caminhar próprio e favorecendo seu progresso escolar. No decorrer do processo educativo, deverá ser realizada uma avaliação pedagógica dos alunos que apresentam deficiência, objetivando identificar barreiras que estejam impedindo ou dificultando o processo educativo em suas múltiplas dimensões. Essa avaliação deverá levar em consideração todas as variáveis: as que incidem na aprendizagem: as de cunho individual; as que incidem no ensino como as condições da escola e da prática docente; as que inspirem diretrizes gerais da educação, bem como as relações que se estabelecem entre todas elas. Para aqueles alunos que apresentem dificuldades acentuadas de aprendizagem ou dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, 51 demandem ajuda e apoio intenso e contínuo e cujas necessidades especiais não puderem ser atendidas em classes comuns, os sistemas de ensino poderão organizar, extraordinariamente, classes especiais, na quais será realizado o atendimento em caráter transitório. 2.3 TRABALHO COMO FATOR DE CONSTRUÇÂO E ALIENAÇÂO DO SER HUMANO Na área da Educação Especial, a remoção de barreiras tem sido examinada sob o aspecto da acessibilidade – barreiras arquitetônicas – e sob o aspecto psicológico – barreiras atitudinais. Ambos os aspectos revestem-se da maior importância e,apesar dos progressos, ainda há muito o que fazer, no sentido de promover o respeito aos direitos de cidadania das pessoas com deficiência. Numa reflexão precipitada, poderia parecer que estamos diante de uma nova expressão, mais uma a ser somada às muitas com as quais os Educadores da Educação Especial têm-se defrontado. De “excepcionais”, os alunos da Educação Especial passaram a ser denominados “alunos com deficiência”, no que se refere à educação escolar.( Mazzotta, 1996) Cada novo termo proposto objetivou a modificação da percepção social sobre essas pessoas. Tais termos pretenderam contribuir para a melhoria de qualidade de suas vidas. Certamente, o aprimoramento da linguagem é muito importante para evitar ambigüidades na interpretação do que se fala ou do que se escreve. Considerar a pessoa como anterior e mais significativa do que sua deficiência é considerá-la, em relação às demais pessoas, com igualdade de valor. Apesar, porém,de todo o esforço lingüístico e dos esclarecimentos que, espera-se, eles propiciem, continuam as dúvidas a respeito das possibilidades de aprendizagem das pessoas com deficiência e de sua inserção na vida social produtiva. Na área de educação escolar, muito se tem escrito e discutido em torno das deficiências. Ao lado da crítica lúcida quanto à abrangência da expressão (pois quem nunca experimentou necessidades especiais enquanto aluno?), há outra ponderação, 52 esta referente ao significado da palavra educacional. Em nossa língua, esse vocábulo significa “que educa”, “que promove educação”. Ora, as necessidades de nossos alunos – deficientes ou não – são necessidades “referentes à”, ou “no âmbito da” educação, isto é, são deficiências. De igual modo é inadequado dizer que alguém “porta” uma necessidade. Na verdade, quem a tem,ou sente, espera que o outro a perceba e a considere. Com propriedade, Mazzotta (1996) alerta-nos para a inadequação lingüística da expressão “pessoas com deficiência”, sugerindo que, em lugar dela, usemos “alunos que apresentam deficiências”, o que, sem dúvida, é mais adequado, seja do ponto de vista semântico ou do psicólogo. Voltemos, porém, ao inicio das reflexões, ou seja, à questão da remoção das barreiras à aprendizagem e das suas relações com as expressões anteriormente citadas, principalmente “deficiências”. Barreiras à aprendizagem são obstáculos que se impõem aos alunos, criandolhes dificuldades no aprender. Inúmeros fatores geram tais dificuldades alguns são intrínsecos aos alunos e outros, talvez a maioria, externos a eles. O que se constata é que os obstáculos á aprendizagem não são exclusividade dos alunos com deficiências visuais, auditivas, mentais, dos que têm paralisia cerebral, dos autistas,entre outros. Barreiras à aprendizagem (temporárias ou permanentes) fazem parte do cotidiano escolar de quase todos os alunos, sejam eles deficientes, com altas habilidades ou os ditos normais. Ambos os grupos (alunos com deficiência ou não) enfrentam barreiras, o que não nos autoriza a rotulá-los de alunos-problema. O problema caracteriza-se quando, diante de uma determinada situação, não encontramos as alternativas adequadas de solução. Quando a escola não “sabe” como atender às necessidades educacionais de seus alunos, configura-se o problema. Depreende-se que é na qualidade da reposta educativa da escola que reside a principal estratégia de enfrentamento das dificuldades de aprendizagem de nossos alunos. Examinar a prática pedagógica sob a ótica da remoção das barreiras à aprendizagem é um desafio a todos nós educadores, que, até antão, temos examinado a questão sob a ótica das características do aprendiz. Suas condições orgânicas e 53 psicossociais é que têm sido responsabilizadas pelo seu insucesso na escola. Pensar em remover as barreiras à aprendizagem não exclui esse ângulo da questão; ao contrário, acrescenta a ele outras influências e participações, como o educador, a escola, o sistema educacional e as influências que nele exercem os aspectos ideológicos, cuja responsabilidade é dos modelos econômicos e políticos que têm sido adotados. Remover barreiras à aprendizagem é pensar em todos os alunos como seres, que vivenciam o processo de crescimento e desenvolvimento, que vivenciam o processo de ensino-aprendizagem de maneiras diversas, seja por suas diferenças individuais, sejam por seus interesses e motivações. Qualquer criança experimentará a experiência da aprendizagem escolar como desagradável,como uma verdadeira barreira, se estiver desmotivada, se não encontrar sentido e significado para o que lhe ensinam na escola ( Demo , 1997 ). Remover barreiras à aprendizagem pressupõe conhecer as características do processo de aprender, bem como as características do aprendiz (o que não deve ser confundido com um diagnóstico). Com esse “olhar”, os professores precisam conseguir identificar a si mesmos como “profissionais da aprendizagem” e não mais como “profissionais do ensino” (Demo, 1997). 2.3.1 A FAMÍLIA E O MOVIMENTO PELA INCLUSÃO A luta pelos direitos das pessoas com deficiência não é recente. No Brasil, se traçarmos uma demarcação temporal, podemos encontrar esforços datados de há pelo menos um século, quando, por exemplo, iniciaram-se as primeiras tentativas oficiais de escolarização formal de deficientes visuais. Na história de outros países do mundo, iniciativas de tipo podem ser encontradas há ainda mais tempo. De um modo geral, historicamente as lutas têm-se caracterizado por alguns momentos-chave. Primeiro, o momento do reconhecimento da existência deste segmento da população. Na maioria dos casos ,este reconhecimento implicou a separação dos indivíduos com deficiência do resto da sociedade, em asilos ou 54 reformatórios, principalmente pela ignorância que as sociedades possuíam a respeito de suas potencialidades de participação social. O segundo momento, decorrente, entre outros aspectos, de avanços em pesquisas médicas, é marcado pela “descoberta” desta camada da população enquanto indivíduos que, afinal, podem, ainda que de forma limitada, participar de algumas atividades sociais. Nesse momento, no entanto, ainda, havia uma dependência muito grande do grau de deficiência que a pessoa portasse. Uma conseqüência desta abordagem foi o uso pesado de instrumentos de teste de habilidades e capacidades das pessoas com deficiências, a fim de determinar o limite até o qual a sociedade poderia esperar alguma forma de “retorno” em termos de participação. Assim, os deficientes que porventura fossem considerados como possuidores de um alto grau de deficiência permaneciam excluídos da participação. Paralelo a esse momento, um terceiro ocorria: surgia a idéia de que a exclusão não implicava apenas em ignorar as pessoas com deficiência, mas sim não oportunizar acessibilidades que facilitassem a sua participação na vida em sociedade. Com a descoberta de técnicas de estimulação precoce, os avanços nas pesquisas genéticas ampliando as possibilidades de prevenção, o desenvolvimento de novas tecnologias e com a invenção de equipamentos que permitam a compensação de uma série de aspectos das deficiências, a participação social tem-se tornado mais efetiva e cada vez mais fortalecida, desta vez não apenas pelos movimentos amparados nos aspectos legais mas também por parte dos profissionais que lidam com pessoas com deficiências, pelos próprios atores e as seus famíliares. Assim é que este terceiro momento pode ser considerado como o que marca, de forma mais concreta, o reconhecimento da família como co-agente no processo de cuidados e reabilitação e se expandiram a outras áreas que não apenas a da saúde. O campo de educação, em especial, vem sofrendo grandes reflexos de toda essa mudança. E o papel da família tem sido cada vez mais ressaltado, no sentido de ser parceira vital no processo de integração (social,escolar) da pessoa com deficiência. É bem verdade que no Brasil essa aliança ainda não recebeu o reconhecimento que merece. Ainda vivemos um tempo em que a importância desse agente social chamado família está apenas começando a ser reconhecida. Exemplo disso são as 55 práticas comuns que ainda se verificam, tanto no campo da saúde quanto na educação, quando os profissionais “chamam a família” para discutir a respeito das pessoas com deficiência, mas não com o intuito de, juntos, decidirem estratégias de ação. O que ainda acontece predominantemente em nosso contexto é que os profissionais assumem uma postura de superioridade e se limitam a “prescrever” o que a família deve fazer. A escola diz: “O senhor tem de levar este menino à ‘fono’, ao psicólogo“ etc. quanto aos profissionais da saúde, pouco dizem: não discutem o caso, não mostram nem explicam os diagnósticos e muitas vezes pressupõem uma completa ignorância por parte da família a respeito de seus próprios filhos, o que geralmente não é verdade. Apesar das dificuldades descritas acima, se olharmos para esse processo do ponto de vista da história, podemos detectar certos avanços. Hoje vivemos um momento que prima por princípios de integração/inclusão. A Declaração de Salamanca, documento-mor, inspirador de muitas das políticas educacionais da maioria dos países, é bem clara no que se refere à família e ao movimento pela inclusão. Ela possui quatro artigos (artigos 59 a 62) especificamente relativos à” intenção com os pais” e vários outros que imediatamente implicam uma parceria com a instituição familiar no processo de inclusão das pessoas com deficiência. deficiência. Ao que nos cabe aqui, são de especial interesse os artigos 60 e 61, que dizem; “Os pais são os principais associados no tocante às deficiências de seus filhos, e a eles deveria competir, na medida do possível, a escolha do tipo de educação que desejam seja dada a seus filhos” (Declaração de Salamanca, Art. 60, p.43). “Deverão ser estreitadas as relações de cooperação e apoio entre administradores das escolas, professores e pais, fazendo com que estes últimos participem na tomada de decisões, em atividades educativas no lar e na escola (onde poderiam assistir a demonstrações técnicas eficazes e receber instruções sobre como organizar atividades extra-escolares) e na supervisão e no apoio da aprendizagem de seus filhos” (Declaração de Salamanca, Art. 6, p. 43). 56 Portanto, não resta dúvida de que hoje em dia, mais do que nunca, a familia deve ser vista e tratada como um parceiro a mais no processo de quebra das barreiras que impedem a participação e a inclusão social de seus integrantes, por quaisquer motivos que sejam. Se consultarmos vários outros documentos oficiais relativos as pessoas com deficiência, veremos que o reconhecimento da importância do papel da familia tem de fato crescido consistentemente. Se fizermos um levantamento das práticas sociais, educacionais e de saúde em paises que já praticam a inclusão com uma certa segurança veremos, também, que a familia foi “redescoberta” como ponto nevrálgico, crucial, do processo de inclusão. No caso brasileiro, as organizações não-governamentais (ONGs) criadas, na maioria, pelos pais/e/ou por técnicos, têm desempenhado um importante papel histórico. Tais organizações, em parceria com o poder público governamental, têm oferecido o atendimento de que as pessoas com deficiências necessitam em educação, saúde e trabalho. Igualmente, têm sido pioneiras na liderança e, em sua militância política e social, vêm conseguindo fazer com que várias das reivindicações dos portadores de deficiências sejam atendidas (Sassaki,1998). Cabe lembrar que, se até recentemente, essas lutas, ainda se tratavam de uma forma marcadamente protecionista, o atual movimento da inclusão tem implicado em que hoje tais lutas adquiram uma conotação diferente, mais politizada, e contando com a participação direta dos próprios deficientes nos processos de decisão e encaminhamentos(Sassaki,1998). Assim é que as famílias de pessoas com deficiência, por meio de suas principais organizações representativas, têm sido estimuladas a passar por um processo de transformação de suas práticas e filosofias de atuação de um sentido assistencial a um sentido cada vez mais inclusivo. Essa necessidade de revisão com vistas à transformação tem, por vezes, gerado certo receio por parte de algumas organizações. Tais receios podem ser relativos a vários aspectos: à perda de territórios de autuação, à perda de direitos obtidos à custa de tanta luta, à perda, por vezes, de certas facilidades ou proteções sociais obtidas em nome da e para a deficiência de seus filhos, á insegurança causada pela percepção de que há necessidade de adquirir mais 57 conhecimentos para que se aprimore o oferecimento de seus serviços num sentido inclusivo, entre muitos outros. De certa maneira, vários destes receios são compreensíveis e outros são até mesmo justificáveis. Mas todos são, também, desnecessários, isto é levarmos seriamente em conta a noção de parceria com as famílias e comunidades, conforme explicita a Declaração de Salamanca e outros documentos relativos ao movimento da inclusão. É que na proposta inclusiva há espaço para todos os serviços e organizações existirem, uma vez que seus papéis incluem responsabilidade no que se refere à formação de cidadãos participativos, cidadão estes que seus filhos também podem ser, na maioria dos casos. Como tal, as famílias e suas associações passariam a ter uma prática ainda mais abrangente e importante no que se refere à inclusão de seus filhos e familiares deficientes. Essa transformação de papéis das associações de pais, no caso do Brasil, seria especialmente viável, já que essas organizações já dispõem, muitas vezes, de serviços educacionais e terapêuticos cujo pessoal passou por um treinamento especializado. Socializar esses conhecimentos com vistas ao sucesso de uma proposta inclusiva que implique uma efetiva participação social de seus parentes deficientes estaria, dessa maneira, plenamente de acordo com as diretrizes mais recentes a respeito da inclusão. Uma vez mais, na própria Declaração de Salamanca, este argumento pode ser comprovado. Vejamos o que diz o artigo 50: “O apoio às escolas comuns poderia ficar a cargo tanto das instituições de formação do professorado como do pessoal de extensão das escolas especiais. As escolas comuns deverão utilizar cada vez mais estes como centros especializados que dão apoio direto a crianças com deficiência. Tanto as instituições de formação como as escolas especiais podem dar acesso a dispositivos e materiais específicos que não se encontram nas salas de aula comuns” (Declaração de Salamanca, Art. 50, p. 39). De todo o exposto, uma coisa sempre foi, é e sempre será verdadeira: a participação da familia é de suma importância no movimento da inclusão. Seja de forma individualizada ou por meio de suas organizações, é imprescindível que elas, as 58 famílias, busquem conhecer para participar, dando o exemplo de cidadania (como, aliás, cabe a qualquer familia), e servir, assim como mais um veículo por meio do quais seus filhos possam aprender para ser. 2.4 POLITICAS PÚBLICAS MANUTENÇÃO DO E ALUNO GESTÃO SOBRE O PORTADOR DE ACESSO E NECESSIDADES ESPECIAIS NO MERCADO DE TRABALHO No passado, havia claramente um fosso entre as empresas e as instituições especializadas (centros de reabilitação com ou sem atividades de escolarização, escolas especiais com ou sem atividades de profissionalização, oficinas profissionalizantes etc.). O fosso significava que a escolarização e a profissionalização oferecidas aos usuários daquelas instituições apresentavam conteúdos distantes da realidade do mundo do trabalho. Uma das conseqüências negativas dessa situação tem sido a quase total dificuldade enfrentada pelos usuários (alunos, aprendizes, clientes, pacientes) na hora de procurarem empregos abertos na comunidade. Apenas uma pequena porcentagem deles consegue realmente ingressar no mercado de trabalho, cuja principal características é o preconceito e a discriminação em relação às pessoas com deficiência que desejassem trabalhar. Hoje o mercado de trabalho está mais conscientizado e sensibilizado sobre a questão da deficiência, embora não o suficiente para incluir pessoas com deficiência profissionalmente qualificadas. Três problemas podem ser identificados na situação acima descrita: a. O preparo profissional inadequado dos usuários de instituições especializadas; b. A falta de acessibilidade e usabilidade nos programas das empresas para receber trabalhadores com deficiência; c. A conseqüente permanência da maioria das pessoas com deficiência nas instituições por longos anos onde o foco principal ainda é voltado para a escolarização. 59 A constatação desses problemas indica que a solução deve ser a doação simultânea de duas frentes de combate para que sejam solucionados, aumentando em conseqüência as oportunidades de ingresso no mercado de trabalho para pessoas com deficiência. Uma dessas frentes consiste na modificação das instituições especializadas no que se refere à filosofia de atendimento a pessoas com deficiência, oferecendo programas e serviços condizentes com o atual movimento de empoderamento e vida independente. Empoderamento é o processo pelo qual uma pessoa utiliza o seu poder pessoal para fazer escolhas, decidir por si mesma a assumir o controle de sua vida. Vida independente é um estilo de vida em que as pessoas não dependem de outras para praticar o empoderamento.(Sassaki,1998) A outra frente de combate é a modificação das empresas em termos de filosofia da contratação de mão-de-obra,oferecendo paralelamente acessibilidade quanto à atitude, à arquitetura e a usabilidade dos programas. Este processo bilateral de combate à desigualdade de oportunidades pode ser melhor visto mediante este esquema (Sassaki,1998): PASSADO (submissão da pessoa com deficiência) • A família e a instituição decidem pela pessoa; • Elas ensinam a pessoa a não discordar daqueles que a ajudam; • A instituição prepara a pessoa para o despreparo do mercado de trabalho; • A instituição treina e/ou habita na instituição, alienada da realidade empresarial. FUTURO (autodeterminação da pessoa com deficiência) • A família e a instituição decidem com a pessoa e/ou a própria pessoa decide; • Ensinam a pessoa a ser assertiva, mesmo quando discorda dos que ajudam; • A instituição prepara a pessoa e o mercado de trabalho mutuamente; • Treino e/ou habilitação na instituição em sintonia coma realidade empresarial e/ou nos cursos existentes na comunidade. 60 Em observação a esse processo ,o presente se caracteriza pela prática de uma parte do passado e uma parte do futuro. O futuro adota a filosofia da inclusão em complemento ou substituição à filosofia da integração, muito praticada no passado. No modelo interativo apenas algumas pessoas com deficiência conseguem conviver com as barreiras físicas e atitudinais das empresas. No modelo inclusivo, a empresa reduz ou elimina essas barreiras e possibilita a contratação de pessoas com deficiencia que possuam limitações diversas, severas ou não, mas necessitam de ingresso no mercado de traalho. Empresas de todo mundo estão se tornando inclusivas, primeiro adotando alguns empregos inclusivos para então expandir essa prática para toda a organização. O modelo inclusivo segue a resolução nº 45/91 da Organização das Nações Unidas (ONU), que propõe a construção de uma sociedade para todos. O inicio dessa construção foi em 1990 e a meta para finalizar este processo é o ano de 2010. 2.4.1 A TERMINOLOGIA DOS SERVIÇOS EDUCACIONAIS E PROFISSIONALIZANTES Ainda na fase da inclusão profissional, várias instituições especializadas mais progressistas começaram a modernizar suas ofertas de profissionalização, principalmente procurando conhecer mais de perto o mundo empresarias e levando para o interior institucional propostas mais condizentes comas exigências do mercado de trabalho. O fosso entre a educação e o trabalho começou, então, a diminuir de tamanho. A prática da “educação para o trabalho” serve, hoje, como uma ponte entre as instituições especializadas e as empresas. Esse termo ainda não era utilizado, mas se falava muito em “pré-profissionalização”, “preparação para o mundo do trabalho” e “prontidão para o emprego”(Sassaki,1998). Os serviços educacionais e profissionalizantes das instituições especializadas foram evoluindo, assim como os conceitos a eles pertinentes. Aos poucos, foram sendo incorporados os termos “treinamento profissional”, “treinamento para o trabalho”, “treinamento em estágio”, “habilitação profissional” e “qualificação para o trabalho”. 61 Com a crescente ampliação do movimento de integração e inclusão de crianças,adolescentes e jovens com deficiência nas escolas comuns, é importante o fato de que aLei nº 9.394/96 prevê os seguintes aspectos:( MEC,1997) “A educação, dever da Família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando,seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (Art. 2º). “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: [...] vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais” (Art. 3º, XI). “Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda, as seguintes diretrizes [...] orientação para o trabalho” (Art. 27). “O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades: [...] a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores” (Art.35,II). “A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional, poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional” (Art.36, § 4º). “A educação profissional, integrada às diferentes formas de educação,ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para á vida produtiva” (Art. 39). Atualmente, sob a influência das diretrizes do Ministério do Trabalho no que se refere à ampliação re recursos financeiros do Fundo de Amparo ao Trabalhador, (FAT), as instituições especializadas estão ficando familiarizadas com termos tais como “qualificação para o trabalho” e “educação profissional”, cujo significado remete às diferentes dimensões do processo de preparação de jovens e adultos para o ingresso, permanência e desenvolvimento no mercado de trabalho. Assim, não basta a aquisição de conhecimentos e habilidades para o exercício de uma ocupação específica; é 62 igualmente importante aquisição de qualidades pessoas associadas ao desempenho de qualquer ocupação. Como enfatiza Demo (1997, p. 12-13), a educação profissional é sempre formação e não treinamento. E mais: “O caráter educativo do processo profissionalizante precisa predominar sobre todos os aspectos, porque não se trata apenas de inserir-se no mercado, mas de envolver o todo no contexto da cidadania; saber pensar e aprender a pensar denotam não só habilidades propedêuticas de estilo formal e inovador, mas, sobretudo, a qualidade política de quem, ao mesmo tempo,maneja bem o conhecimento e o humaniza; [...] embora o esforço educativo no campo profissionalizante corra sempre o risco de subordinar-se ao mercado ou de cair no vazio por desvinculação como mercado, aceita-se hoje que o trabalhador só tem a ganhar se o processo profissionalizante se centrar na qualidade educativa, para poder retirar daí a capacidade de inserir-se no mercado quanto, sobretudo, de poder confrontar-se com ele”. Ou então, seguindo as palavras de Aidar (1998, p. 95), a qualificação profissional deverá “contemplar, preferencialmente de forma integrada em cada componente curricular, as seguintes dimensões: competências teóricas e praticas especificas da profissão;conhecimentos gerais relacionados `a profissão; atitudes e habilidades comuns a uma área profissional e ao mundo do trabalho”. 2.4.2 A TRANSIÇÃO ENTRE A ESCOLA E O MUNDO DO TRABALHO Existentes há várias décadas nos países mais desenvolvidos, os programas de transição do aluno com deficiência para á vida adulta do trabalho já ocupam um espaço considerável na grade curricular brasileira, tanto no contexto da educação (escolas) como no da habilitação/reabilitação (centros, hospitais, oficinas etc.). Estamos nos referindo às atividades formais e não formais de preparação do estudante deficiente para o mundo do trabalho, a fim de garantir que ele terá o sucesso desejável em sua atuação como trabalhador. Pois não basta que o aluno apenas receba uma escolarização de boa qualidade. Ele poderá estar saindo da escola sem 63 estar preparado para conviver satisfatoriamente na sociedade, em especial no local de trabalho. Esta crescente valorização dos programas de transição escola/trabalho acompanha uma tendência mundial, já verificada também no Brasil, a saber: o surgimento de cursos e escolas profissionalizantes de todos os tipos, em resposta ao desafio do mercado de trabalho cada vez mais exigente no recrutamento de pessoal. No caso do aluno com deficiência, a mera profissionalização nunca foi suficiente para ele obter êxito em sua busca por um emprego compatível com as suas aspirações e aptidões profissionais. Os centros de reabilitação profissional criaram, há muitos anos, o chamado “programa de prontidão para o emprego”. Este programa tem possibilidade o sucesso de milhares de pessoas com deficiência na busca e manutenção de um emprego e no conseqüente crescimento na carreira profissional(Freire, 2003). Um programa de prontidão para o emprego é construído por módulos práticos sobre: direitos e deveres do trabalhador; o desenvolvimento de habilidade para procurar emprego: como agir antes, durante e após as entrevistas de seleção, o preenchimento de fichas de solicitação de emprego e progredir na empresa etc. No programa são desenvolvidos padrões de desempenho (variáveis do trabalho e variáveis pessoais do trabalhador) que correspondem ao exigidos pelo ambiente de trabalho (a empresa em si, condições físicas do ambiente, horários,procedimentos de trabalho,relações interpessoais etc.) Podemos ponderar que, hoje, a prática da preparação do aluno com deficiência para o mercado de trabalho beneficia-se das vantagens da filosofia da inclusão, ao trabalhar simultaneamente com o aluno (que vai ser preparado), com os recursos humanos,materiais e físicos da própria escola (que se modifica e aprimora em seu papel) e com a comunidade (que vai ser ajudada a se tornar mais receptiva e mais acessível ao futuro trabalhador com deficiência). O processo de transição escola-trabalho,em síntese, é constituído de programas desenvolvidos em sala de aula,em setores operacionais da própria escola e em empresas da comunidade, com o objetivo de proporcionar ao alunos deficientes todas as oportunidades possíveis para aquisição de conhecimentos, informações e habilidades básicas referentes ao mundo do trabalho. 64 Para desenvolver tais programas, o professor receberá um treinamento que lhe possibilitará acrescentar aos seus conhecimentos a linguagem do mundo empresarial, a linguagem das técnicas de prontidão para o emprego e a linguagem do movimento internacional de pessoas com deficiência. Este treinamento fará do ensino proporcionando ao aluno uma contribuição mais objetiva e mais concreta no que se refere à realidade do mercado de trabalho. 2.4.3 O PAPEL DA ESCOLA NO PROCESSO DE TRANSIÇÃO PARA O MUNDO DO TRABALHO Conforme a declaração de Salamanca: “Os jovens com deficiência devem receber ajuda para fazer uma eficaz transição da escola para a vida adulta produtiva. As escolas devem ajudá-los a se tornarem economicamente ativos e prover-lhes as habilidades que respondam às demandas sociais e de comunicação e às expectativas da vida adulta. Isto requer tecnologias apropriadas de treinamento, incluindo experiência direta em situações de vida real fora da escola. Os currículos para os alunos com deficiências em classes mais adiantadas devem incluir: a) programas transicionais específicos; b) apoio para ingressarem no ensino superior sempre que possível; e c) subseqüente treinamento profissional que os prepare para atuarem em classes mais adiantadas devem incluir: a) como membros contribuintes independentes em suas comunidade, após terminarem os estudos. Estas atividades devem ser executada com a participação ativa de conselheiros profissionais,agencias de colocação, sindicatos, autoridades locais e diferentes serviços e entidades interessados” (UNESCO, 1994). Neste sentido, para cada escola nas salas de aula, nos setores operacionais da escola e na comunidade, bem como numa ação conjunta do diretor e dos professores da escola, das autoridades educacionais, dos profissionais de educação especial/reabilitação, dos líderes do movimento das pessoas com deficiência e dos representantes da comunidade – caberá: (UNESCO,1994) • Preparar o aluno para o sucesso profissional e a vida independente: - Provendo profissionalização (trabalhador capacitado, produtivo etc.); 65 - Provendo programa de desenvolvimento de habilidades e de conhecimentos da vida profissional e da vida independente (trabalhador responsável, pessoa com habilidades sociais e cidadão independente). Neste sentido, são necessárias algumas adaptações quanto ao uso de técnicas de supervisão empresarial: 1. Dar feedback imediato pelo bom desempenho do aluno; 2. Modificar tarefas designadas, dependendo da facilidade/dificuldade do aluno; 3. Modelar comportamento, mostrando o comportamento específico a ser aprendido (por exemplo: pontualidade,quando se ausentar da escola etc.); 4. Fazer o aluno “espelhar” um funcionário da escola (quanto aos hábitos de trabalho); 5. Descrever expressamente as responsabilidades da tarefa (objetivo, prazo, apresentação de relatório etc.); 6. Usar uma lista de verificação de todo o processo de execução da tarefa (do tipo “sim”, “não”); 7. Elaborar instruções detalhadas (por exemplo: para levantar ofertas de emprego na comunidade, anotar nome e endereço da empresa, nome dos empregos, data da pesquisa etc.); 8. Apontar um comportamento social inadequado e oferecer sugestões para melhorá-lo (por exemplo: não cumprimentar, não pedir desculpas, não agradecer); 9. Pedir ao aluno que se manifeste e aponte as instruções que não entendeu. • Preparar a própria escola para incluir nela o aluno com deficiência - sensibilização e treinamento dos recursos humanos da escola (todos os funcionários de todos os níveis); - reorganização dos recursos materiais e físicos da escola; - preparar a comunidade para incluir nela o futuro trabalhador; - sensibilização das empresas, entidades e órgãos da comunidade, por meio de palestras, de exposições, visitas e outros eventos; - sensibilização de pais de alunos (deficientes e não-deficientes) para um papel mais ativo em prol de uma escola inclusiva e de uma sociedade inclusiva. • Preparar os alunos em habilidades assertivas. 66 - Montagem de um programa educativo baseado na assertividade. Treinamento em assertividade é um outro tipo de programa que ajuda n a preparação profissional das pessoas com deficiência. Algumas pessoas, por serem naturalmente introvertidas ou por terem sido inferiorizadas devido à deficiência, ou por ambos os movimentos, têm dificuldade de fazer valer a própria opinião. Quando confrontadas, elas acabam cedendo à vontade ou à opinião de outras pessoas. Geralmente, elas dizem “sim” quando queriam dizer “não”, ou vice-versa. No treinamento em assertividade, estas pessoas fazem exercícios que lhes permitem adquirir uma nova perspectiva em sua vida, aprendendo a expressar com naturalidade seus pensamentos, sentimentos, convicções e idéias. • Preparar a escola, as empresas e a comunidade para a inserção profissional de alunos com deficiência múltipla ou mais severa: - Montagem de um programa de emprego apoiado. A pessoa com deficiência é colocado na empresa primeiro para em seguida ser treinado na própria função. O emprego se chama “apoiado” ou “com apoio” porque o pretendente a esse emprego recebe apoio individualizado e contínuo pelo tempo que for necessário para que ele, devido à severidade da sua deficiência, possa obtê-lo e/ou obter outros empregos no futuro, se for o caso. Os tipos de apoio variam de caso para caso: orientação, instrução no treinamento, aconselhamento, feedback, supervisão, aparelhos de assistência, transporte etc. Tais tipos de apoio podem ser prestados por várias pessoas: o treinador de trabalho, o conselheiro de reabilitação (também conhecido como conselheiro profissional), os familiares,os colegas de trabalho,a chefia,entre outros. 2.4.4 VANTAGENS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA As pessoas com deficiência encaminhadas (apresentadas, colocadas, indicadas) por instituições especializadas (tais como: centro de reabilitação, centros de habilitação, 67 escolas especiais, associações de pessoas deficientes, centros devida independente) são geralmente aquelas que foram preparadas para á vida de trabalho. Isto significa que elas apresentam além de formação profissional as qualidades pessoais que muitas vezes faltam aos candidatos que não são deficientes, simplesmente porque estes não passam por certos programas e serviços como os de acima descritos, os quais, no caso de pessoas com deficiência, podem existir tanto nas instituições especializadas e associações de pessoas deficientes como em órgãos governamentais pertinentes à questão da deficiência. Atualmente, milhares de pessoas com deficiência deixam as escolas do país sem nenhuma expectativa de ingressar no mercado de trabalho. Algumas nem chegam a deixar as escolas, passando anos e anos como alunos, como se não houvesse finalização para as suas atividades escolares. O mercado de trabalho é o sonho de muitas pessoas com deficiência, porém as possibilidades de inclusão social são mínimas em conseqüência da falta de perspectivas de ingressar no mercado de trabalho competitivo, pois muitos ainda não estão qualificados profissionalmente para atender algumas exigências das empresas empregadoras, dificultando assim sua acessibilidade. O mercado de trabalho vem demonstrando que as entidades empregadoras instituições aprimoram-se na busca da eficácia frente ao lucro e a produtividade, incorporando, num ritmo vertiginoso e constante, novas tecnologias e dinâmicas internas que estão a requererem empregados preparados, assim assegurar a qualidade de seus serviços, dando-lhe mais segurança e competência. Ao investirem na modernização de seus serviços, o homem – o empregado – fica permanentemente sob o olhar vigilante do seu patrão. Vale notar que as variáveis da demanda, da oferta das políticas econômicas, das contingências sócio-culturais acabam por definir para eles o homem necessário: O empregado competente. Este homem precisa acompanhar, num ritmo semelhante, o ritmo acelerado da modernidade, para que sua permanência e sua progressão funcional nas empresas viabilizem-se ao mesmo tempo, garantindo seus projetos de vida e o alcance dos objetivos empresariais. 68 Esse planejamento social permite a decisão de abrir postos de trabalho para as pessoas com deficiência rompendo as barreiras que tradicionalmente excluem essas mesmas pessoas do processo produtivo. A partir daí deve-se questionar prioritariamente pelas empresas: em primeiro lugar, as dificuldades de compreensão e informação por parte de empregadores e empregados; em segundo lugar a inexperiência das pessoas da empresa em conviver com pessoas com deficiência; e em terceiro lugar; a precária educação e profissionalização da maioria deles. Quem sofre algum tipo de acidente ou cirurgia que dificulte sua locomoção tem a real dimensão das dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência que se aventuram ao sair de casa. As calçadas as ruas, os transportes os elevadores, os corredores, as portas, enfim os meios de acesso de que qualquer pessoa precisa dispor são, na maior parte das vezes obstáculos intransponíveis para quem tem pouca mobilidade, seja ela temporária ou definitiva, e constituem um dos principais entraves para que as pessoas com deficiência desenvolva uma atividade produtiva. As condições de acessibilidade oferecidas no local de trabalho tanto podem reforçar a limitação das pessoas com deficiência quanto podem minimizá-la ou neutralizá-la. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (1994) ao se tratar a questão do emprego para os alunos com deficiência devemos buscar uma atividade economicamente rentável, que corresponde não tanto às deficiências do candidato, mas às suas aptidões e ao seu potencial. 2.5 CONDIÇÕES DE ACESSO DOS ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS A CURSOS PROFISSIONALIZANTES O pressuposto legal básico no campo da Educação Profissional é que a formação para o trabalho exige níveis crescentemente elevados de educação geral. Distancia-se, portanto o legislador, da idéia de uma formação para o trabalho reduzida à aprendizagem de algumas habilidades técnicas. 69 Por outro lado o legislador pôs em evidencia a educação profissional não como modalidade de ensino médio, mas como um processo de educação continuada que se estende ao longo de toda vida do trabalhador-cidadão. Em decorrência, prevê-se a integração de dois tipos de aprendizagem: a formal e a não-formal. A primeira adquirida em instituições especializadas e a segunda adquirida por diferentes meios, inclusive no próprio trabalho. Neste sentido, o estabelecimento de parcerias entre os sistemas de ensino e a iniciativa privada, possa a construir estratégia essencial para ampliar e incentivar a oferta de educação profissional. Neste novo Horizonte Legal, cabe destacar Três Focos de Ação( Sassaki,1998) • Mobilizar, articular e ampliar a capacidade instalada da rede de instituições de educação profissional, de modo a ampliar a oferta de cursos de diferentes níveis, para a população em idade produtiva. • Estabelecer, com a colaboração do Ministério da Educação, Ministério do Trabalho, das Universidades, dos Centros Federais de Educação Tecnológica, da Rede Federal de Escolas Técnicas, dos Sindicatos, dos Serviços Nacionais de Aprendizagem e da iniciativa privada programas de ensino, de formadores para a educação profissional. • Repotencializar a rede federal de educação teconologica a fim de que funcionem como centros de referência nas respectivas unidades federadas, institucionalizando o conceito pleno de educação democrática e de programas integradores e inclusivos de ensino. 2.5.1 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, NORMATIVA E ALCANCE SOCIAL O pressuposto básico no campo da Educação Especial é que a pessoa com deficiência precisa ter à sua disposição uma política objetiva de acesso à educação, por meio de ações compartilhadas da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e do segmento comunitário. 70 No campo social, é imperativo o reconhecimento das crianças, jovens e adultos especiais como cidadãos individuais e como cidadãos coletivamente integrados na sociedade. No campo educativo, por outro lado, é necessária a conformidade material dos ambientes, tanto nos aspectos administrativos (adequação do espaço escolar, dos equipamentos e materiais pedagógicos), quanto na qualificação docente e de membros de equipes interprofissionais. Aqui, a ação deve ser de mão dupla: da parte das escolas da rede regular, o funcionamento escolar deve ter uma dimensão integradora, inclusiva e permeável à diversidade dos alunos; da parte das escolas especializadas, a política de inclusão significa que elas orientam e oferecem apoio aos programas de integração. Neste novo Horizonte Legal, cabe destacar os Sete Focos do Agir( Morin, 2001) • Integrar/incluir o aluno com deficiência no sistema regular de ensino. Caso não seja possível, em decorrência do quadro de necessidades típicas do aluno, disponibilizar o atendimento em classes e escolas especializadas; • Ampliar o regulamento das escolas especiais, para que prestem apoio e orientação, ultrapassando, portanto, o atendimento específico; • Melhorar a qualificação dos professores, por meio da expansão da oferta de cursos de formação/especialização pelas instituições formadoras; • Promover a oferta sistemática de cursos de formação especial, nos diferentes níveis de ensino; • Disponibilizar programas flexíveis e diversificados de ensino, visando atender ao largo aspecto das necessidades especiais, bem como a diversidade das realidades locais e regionais; • Desenvolver materiais/livros didáticos e equipamentos específicos que ensejam uma aprendizagem funcional para a pessoa com deficiência; • Conceber diretrizes e agendas de ação, articuladas, complementares e cooperativas com a política de educação para o trabalho, em parceria com organizações governamentais e não-governamentais e voltadas: 71 a) Para o desenvolvimento de programas de qualificação profissional destinados a alunos especiais; b) Para a inserção desses alunos no mercado de trabalho; c) Para a definição de condições de terminalidade para aqueles alunos que não puderam alcançar níveis ulteriores de ensino. Pode-se dizer que o reordenamento da educação nacional a partir de 1996, Com a Lei nº 9.394/96, se opera no âmbito de um quadro de consolidação do estado democrático e como resposta às demandas das novas tecnologias e às mudanças na produção de bens, serviços e conhecimentos. Estas demandas exigem que a escola possibilite aos alunos sua inclusão à sociedade do conhecimento, nas dimensões essenciais da cidadania e do trabalho. Para tanto. A educação básica deve desalojar, do seu currículo, o ensino descontextualizado, compartimentado e baseado em grades de informações. Ao contrário, deve trabalhar e construir a aprendizagem com base nos focos: A reforma da Educação Profissional busca responder a dois referentes que decorrem da planetarização da economia: a trabalhabilidade e a empregabilidade. A primeira remete à idéia de alguém deter a capacidade de desempenho no trabalho com eficiência, eficácia e efetividade. A segunda diz respeito à condição à condição de alguém propugnar por um posto de trabalho a, além disto, preservar-se no emprego. 2.5.2 BALIZAMENTOS E MARCOS NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL Em decorrência do enfoque globalizador, emerge um paradigma pedagógico que migra do território dos conteúdos para a geografia curricular das competências. A laboralidade, expressão conceitual da dimensão produtiva na vida social e, em conseqüência, na própria cidadania, constitui objetivo basilar da Educação Profissional. A centralidade desta modalidade educativa incorpora-se no processo de apropriação das condições para a geração de produtos e serviços, em situações permanentemente mutáveis e instáveis. 72 No entanto, para não confundir Educação Profissional com mero treinamento, convém ter presente sempre que a Educação Profissional, enquanto modalidade educativa deve estar articulada coma Educação Básica. No caso da Educação Profissional de nível técnico ela é complementar ao Ensino Médio. Assim, as competências básicas, asseguradas pela Educação Básica, são imprescindíveis à formação profissional, fazendo-se supor que, caso o aluno delas se revele despossuído, possa recuperá-las em etapas ou módulos de nivelamento, sobretudo, levando-se em conta as atuais condições e os resultados ainda insatisfatórios da educação chamada geral. Por outro lado, cumpre considerar a dimensão polivalente de algumas áreas profissionais comuns e cuja natureza interprofissional conforma-se à preparação geral para o trabalho. O lastro desta multiprofissionalidade pode encontrar-se na própria educação básica. (Ribas,1994) Na verdade, é o contexto particular das diferentes realidades, seja do individuo, seja da demanda produtiva, que deve configurar o projeto educacional. Ou seja, as situações profissionais, tanto no tocante à formação quanto à execução de atividades educacionais, exigem instituições abertas à diversidade da demanda e, sobretudo, permeáveis ao direito individual de construção de um itinerário formativo compatível com identidades diferenciadas. Com o deslocamento do foco da ação educativa do ensinar para o aprender, os currículos dos cursos de Educação Profissional deixam de estar centrados em conteúdos e, em decorrência, afasta da idéia de organização em grades curriculares, a ênfase transfere-se para aquisição e o exercício de competências, estas articuladoras de conhecimentos. Nesta perspectiva, os métodos e as técnicas de ensino/aprendizagem são essenciais para o desenvolvimento de um itinerário formativo, interligado permanentemente com os contextos polimodais do mundo do trabalho. No âmago do novo paradigma da Educação Profissional, o conceito de competência emerge como energia condutora dos currículos, estes encarados como 73 conjuntos integrados e articulado de situações,meio pedagogicamente concebidos e organizados para promover aprendizagens profissionais significativas. A legislação da Educação Profissional está voltada para oferecer respostas concretas de como se pode e de como se deve operacionalizar a relação educação e trabalho produtivo através do processo escolar. Esta relação tem-se constituído em enorme desafio histórico para a rede escolar, organizada e operada, quase sempre, na perspectiva de trabalhar esquemas e processos educacionais desencarnados da cidadania concreta do aluno e, por extensão, do mundo do trabalho.(Sassaki,1998) Os principais orientadores do funcionamento da escola à luz dos novos textos legais, no âmbito da Educação Profissional, são: • A igualdade como um direito, viabilizado institucionalmente; • A ética da identidade; • A cidadania produtiva; • A articulação entre os diferentes sistemas de ensino; • A complementaridade interinstitucional; • As alianças estratégicas escola/mundo empresarial/sindicatos; • A gestão escolar compartilhada, envolvendo segmentos da comunidade; • As aprendizagens resolutivas; • Os programas de ensino flexíveis; • A avaliação não pelo conteúdo isolado, mas pelas competências desenvolvidas. Estes princípios estão incorporados na legislação, em dispositivos que traduzem uma nova ética de gestão do aparelho escolar, e são referenciados pelo fundamento do que se domina de diversidade criadora. Como assinala importante documento desta agencia internacional, emergência da cultura cívica global parece suscitar novos elementos normativos por toda parte, e arremata: “A idéia de Direitos Humanos constitui uma norma de conduta política firmemente estabelecida”. 74 Estes princípios inspiradores iluminam toda a legislação da Educação Profissional a partir da LDB e do Decreto nº 2.208/97 e resgatam, sob o ponto de vista da formulação legal, a relação imperiosa entre educação e trabalho. Neste sentido, cabe, à escola, oferecer apoio para que cada aluno desenvolva as competências necessárias para a realização do seu projeto de vida. Somente assim, será possível transformar o estudante trabalhador em trabalhador estudante, assegurando-lhe as condições para enfrentar os grandes desafios do mundo do trabalho, instaladas no amplo espaço da sociedade do conhecimento. O conjunto de dispositivos legais e de marcos normativos do campo da Educação Profissional requer, para seu inteiro entendimento, que o individuo e a escolas conheçam as condições objetivas para um itinerário formativo e realista. O Decreto nº. 2.208/97 define três níveis de organização dos cursos de Educação Profissional, a saber: NÍVEL BÁSICO: Destinado à qualificação e reprofissionalização de trabalhadores, independente de escolaridade prévia. NÍVEL TÉCNICO: Destinado a proporcionar habilitação profissional a alunos matriculados ou egressos do ensino médio, devendo ser ministrado em forma estabelecida por este decreto.. NÍVEL TECNOLÓGICO: Corresponde a cursos de nível superior na área tecnológica, destinados à egressos do ensino médio e técnico. Estes diferentes níveis de ensino devem estar abertos a qualquer pessoa que os procure, preenchidas, evidentemente, as condições legais. Os Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Profissional de nível Técnico definem vinte áreas profissionais, sendo: • Agropecuária, artes, comercio e comunicação, construção civil, designer, geomática, gestão, imagem pessoal. indústria, informática,lazer e desenvolvimento social, meio ambiente, mineração, química, recursos humanos, saúde, telecomunicações, transportes, turismo e hospitalidade. Esta concepção legal de cursos de vários níveis e de diferentes áreas aponta a necessidade de cada escola de Educação Profissional trabalhar com uma organização de ensino aberta e flexível, ou seja, capaz de receber alunos de perfil variado. Inclusive 75 alunos que precisam de rotas particulares e estritamente pessoas para desenvolverem a aprendizagem.este é o caso típico de alunos com limitações e com distúrbios de aprendizagem. No caso das pessoas com deficiência, a realidade mostra que as escolas, independentemente da esfera administrativa em que se situam (públicas: federais, estaduais, municipais; ou privadas) revelam pouca sensibilidade para acolher esse aluno, embora, no discurso pedagógico e gerencial, afirma-se o contrario. Na verdade, as dificuldades das escolas residem na falta de uma cultura organizacional operada a partir do aluno e não dos programas de ensino, aos quais o aluno deve se curvar, dentro de um princípio de padronização orgânica. De acordo com este princípio, a escola se organiza igualmente porque deve buscar resultados iguais. Esta visão é a negação do próprio sentido da educação, cuja finalidade precípua,como diz Freire (1982, p.24), deve ser ajudar as pessoas ao exercicio de sua expressividade humana. Para atuarem nesta perspectiva,os sistemas de ensino e as estruturas escolares devem compreender que a radical pertinência da escola,enquanto instituição social, reside em ilustrar o principio de unidade/diversidade m todas as esferas,como assinala Morin (2000, p.55). Os programas, cursos e as agendas escolares devem, portanto, contemplar esta possibilidade de uma organização para conviver com os diferentes, pois, “.. a pluralidade de espaços, tempos e linguagem deve ser não somente reconhecida, como promovida” (Candau, 2000, p.13). CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETAD0S Este capítulo tem como lócus de pesquisa o Supermercado Líder, ênfase de pesquisa de campo, uma empresa localizada na Travessa Humaitá entre as Avenidas Duque de Caxias e vinte e cinco de setembro, Bairro Marco em Belém do Pará, dentro da referida empresa tivemos como objetivo verificar a situação das Pessoas com deficiência, na qual tem como parceria à Coordenação de Educação Especial - COEES, 76 juntos vem a ofertar vagas para pessoas com deficiência como: Serviços Gerais, Embalador, Digitador, Caixas e Fiscal de loja. O Supermercado Líder é o que apresenta um avanço na maneira de reconhecer e oportunizar condições, para que o processo de inclusão torne efetivo no seu contexto prático, assim, bem como o suporte que este supermercado vem criando espaço físico para que seus funcionários constituídos de deficiência possam desempenhar suas funções e suas capacidades criadoras e produtivas. Portanto, faz-se necessário ressaltar que a empresa apresenta um contingente significativo de pessoas com deficiência no seu quadro funcional, o qual nos desperta o interesse e ao mesmo tempo a importância de destacá-lo como exemplo relevante para a sociedade Paraense e Amazônico. Adotou-se o método de cunho quantitativo e qualitativo, do tipo descritivo interpretativo. E para efeito de entendimento utilizamos como instrumentos de coleta de dados questionários com 6 (seis) questões objetivas e subjetivas, aplicados para os funcionários do Supermercado Líder, em que foram entrevistados 3 (três) gerentes e 3 (três) funcionários com deficiência. A pesquisa foi muito gratificante, pois além de nos proporcionarem conhecimento científico, serviu também como fonte de pesquisa para futuros profissionais. 3.1 RESULTADOS E ANÁLISES DE CONCEPÇÃO DOS INVESTIGADOS 3.1.1 GERENTES DO SUPERMERCADO LÍDER Primeiramente, foram investigados os gerentes do Supermercado Líder, ambos com uma média de 3 a 4 anos de tempo de atuação, todos dos sexo masculino e com nível superior. Desse modo, responderam as seguintes perguntas: Tabela no 1: Segundo a concepção das empresas quanto aos contratantes com deficiência sobre oportunidade de trabalho. OPORTUNIDADE DE TRABALHO Sim Não Outros TOTAL RESULTADO RELATIVO 03 03 RESULTADO ABSOLUTO (%) 100 100 Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. 77 Gráfico no 1: Análise ilustrativa realizada quanto a concepção das empresas contratantes com deficiência sobre oportunidade de trabalho. Percentagem (%) 100 80 60 40 20 0 Sim Não Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Na tabela 01, constatamos que 100% dos entrevistados responderam que as maiorias das empresas ofertam poucas oportunidades de trabalho para as pessoas com deficiência. Uma realidade do mundo contemporâneo, em que o primeiro gerente ressalta que o problema está na "falta de sensibilidade e conhecimento por parte da classe empresarial no que se refere a oportunidade dessas pessoas”. Enquanto que o segundo gerente frisa que há "falta de conhecimento das potencialidades das pessoas com deficiência por parte dos empregados, associado a competitividade de mercado típico do meio de produção capitalista, onde a grande demanda por emprego provoca uma luta desleal e injusta, refletindo principalmente nessas pessoas, que acaba ficando sem oportunidade". Porém, o terceiro gerente só vem a confirmar que a "falta de conhecimento do potencial dela é a discriminação". Segundo os entrevistados, observamos que a falta de conhecimento de potencial das pessoas com deficiência, vem a ser a grande dificuldade para a inserção no mercado de trabalho. Mediante esta análise detectamos que muitas das vezes os empresários não admitem o portador de deficiência por falta de não conhecerem a capacidade e habilidade dos mesmos. Conforme Sassaki (1997, p. 59): O mercado de trabalho, no passado, pode ser comparado a um campo de batalha: de um lado, as pessoas com deficiência e seus aliados empenhandose arduamente para conseguir alguns empregos, e de outro, os empregadores praticamente despreparados e desinformados sobre a questão da deficiência, recebendo ataques furiosos por não preencherem as vagas com candidatos portadores de deficiência tão qualificados quanto os candidatos não deficientes. Logo, esta comparação é uma caricatura, mas ela mostra o que sempre tem ocorrido ao longo das fases que vão desde a exclusão, passam pela segregação e 78 chegam à integração. Trata-se de um mundo divido em dois lados, fazendo diferentes coisas em diferentes épocas. Porém, não podemos desconsiderar o potencial das pessoas com deficiência e garantir sua inserção no mercado de trabalho. Tabela no 2: Segundo a concepção das empresas quanto a iniciativa do Governo Federal sobre política de cotas para as pessoas com deficiência. RESULTADO RELATIVO 03 03 INICIATIVA DE VAGAS Bom Muito Bom Ótimo Regular TOTAL RESULTADO ABSOLUTO (%) 100 100 Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Gráfico no 2: Análise ilustrativa realizada quanto a iniciativa do Governo Federal sobre a política de cotas para as pessoas com deficiência. Percentagem (% ) 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Bom Muito Bom Ótimo Regular Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. De acordo com a tabela 2, os gerentes responderam que até certo ponto está havendo bons resultados nas reservas de vagas nos concursos públicos e nas empresas. Porque a lei 8.213/91 obriga que haja essa reserva. No nosso ponto de vista todos os concursos públicos deveriam, efetivamente, não somente reservar vagas para pessoas com deficiência, mas concretamente assegurar seu preenchimento. Segundo João Ribas,(2000,p.7) Gostaria que não fosse necessário, por parte de órgãos públicos e empresas, a reserva de vagas. A reserva tem um fundo segregador. (2000, pág. 7). De acordo com a citação acima, percebemos que ainda há uma conjuntura de dificuldade que a pessoa com deficiência encontra para ingressar no mercado de trabalho, por isso a reserva de vagas ainda é necessária, mesmo que a reserva tenha 79 esse fundo segregador, que é um fundo paternalista que a pessoa está ali não pelo seu potencial, mas por "coitadinhos" protegidos pela lei, e uma dessas dificuldades e um certo despreparo por parte de alguns peritos médicos em saber o que se entende por deficiência quando se avalia esta ou aquela pessoa está apta para ocupar um cargo público e desempenhar uma tarefa profissional. Tabela no 3: Segundo a concepção das empresas quanto a inclusão educacional e mercado de trabalho. RESULTADO RELATIVO 02 01 03 INCLUSÃO Sim Não TOTAL RESULTADO ABSOLUTO (%) 67 33 100 Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Gráfico no 3: Análise ilustrativa realizada quanto a concepção das empresas quanto a inclusão educacional e mercado de trabalho. Percentagem (%) 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Sim Não Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Com base na tabela 3, os entrevistados corresponderam a 67%, na qual confirmaram que está havendo inclusão nas empresas, enquanto que 33% apontaram que não está havendo inclusão, com isso, percebemos um avanço na forma de garantir a inclusão de pessoas com necessidades especiais no mercado, embora ainda tenha pessoas que não acreditam nas pessoas com deficiência. Segundo Sassaki (1997, p. 65): No Brasil, a inclusão vem sendo praticada em pequena escala por algumas empresas, mesmo sem saberem que estão na realidade adotando uma abordagem inclusivista. Tudo começou com pequenas adaptações especificamente no posto de trabalho ou nos instrumentais de trabalho, com o apoio daqueles empregadores compreensivos que reconhecem a necessidade 80 da sociedade abrir mais espaço para pessoas deficientes com qualificação para o trabalho e desejavam sinceramente envolver suas empresas no esforço de empregá-la modificando suas empresas. A nosso ver, percebemos que a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade requer, portanto, a adoção de mecanismos que propiciem a igualdade de oportunidade e a preparação para vida. O fato de apresentar alguma dificuldade seja ela qual for não deve alojá-la do processo produtivo, nem tão pouco tomá-la objeto de ações de caráter meramente assistencialista. Tabela no 4: Segundo a concepção das empresas quanto a qualificação para a Pessoa com deficiência. QUALIFICAÇÃO Sim Não TOTAL RESULTADO RELATIVO 03 03 RESULTADO ABSOLUTO (%) 100 100 Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Gráfico no 4: Análise ilustrativa realizada quanto a concepção das empresas quanto a qualificação para Pessoa com deficiência. Percentagem (%) 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Sim Não Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Na tabela 4, os dados nos revelam que 100% dos gerentes afirmam que as empresas não oferecem qualificação para as Pessoas com deficiência no mercado de trabalho, estão apenas preocupados em cumprir a lei de cotas, mas exigem desta demanda "certa" qualificação, embora saiba que não é suficiente para assumir determinados cargos, o que pode vir a gerar sentimento de desvalorização e até mesmo discriminação por parte dos colegas de trabalho. 81 Tabela no 5: Segundo a concepção das empresas quanto a discriminação às Pessoas com deficiência em prejudicá-los o desempenho no mercado de trabalho. RESULTADO RELATIVO 03 03 DISCRIMINAÇÃO Sim Não TOTAL RESULTADO ABSOLUTO (%) 100 100 Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Gráfico no 5: Análise ilustrativa realizada quanto a concepção das empresas quanto a discriminação às Pessoas com deficiência em prejudicá-los o desempenho no mercado de trabalho. Percentagem (%) 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Sim Não Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Na tabela 5, as informações coletadas são de 100%, na qual os gerentes falaram que a discriminação prejudica a pessoa com necessidades especiais no mercado de trabalho. Visamos que essa discriminação prejudica tanto o seu potencial produtivo, quanto o seu valor como pessoa. Segundo Sassaki (1997, p.35), As pessoas deficientes têm sido excluídas do mercado de trabalho por outros motivos como, por exemplo, falta de reabilitação física e profissional, falta de escolaridade, falta de meios de transporte, falta de apoio das próprias famílias e falta de qualificação para o trabalho. Cremos que esses preconceitos poderiam ser eliminados ou, pelo menos, reduzidos por meio das ações de sensibilização da sociedade e, em seguida, mediante a convivência na diversidade humana, pois saibamos que esse preconceito só trás desânimo e a pessoa discriminada não consegue produzir e menos ficar satisfeita. 82 Tabela no 6: Segundo a contratação a empresa seleciona as Pessoas com deficiência por grau de instrução? MÉTODO DE CONTRATAÇÃO Sim Não TOTAL RESULTADO RELATIVO 03 03 RESULTADO ABSOLUTO (%) 100 100 Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Gráfico no 6: Análise ilustrativa realizada quanto a concepção das empresas segundo a contratação da empresa por grau de instrução. Percentagem (%) 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Sim Não Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Conforme a tabela 6, 100% dos gerentes consultados afirmam que a empresa vem a selecionar seus empregados conforme o nível de escolaridade e, a mais aceita é o ensino médio, devido os empresários visarem que as Pessoas com deficiência com este nível darão mais produtividade no trabalho relacionado a sua empresa. Por outro lado, podemos perceber que com este nível de escolaridade, há uma baixa qualificação e, por conseguinte de remuneração também. Não há dados preciosos sobre a escolarização das pessoas com deficiência, porém, há indícios de que no Brasil o grau de escolaridade alcançado por esta parcela da população é baixo. Diante da citação acima, analisamos que a escola foi chamada a qualificar para o trabalho aqueles que passaram a aumentar as fileiras dos desempregados. Já faz parte do senso comum a crença de que as pessoas com deficiência não estão sendo admitido no mercado de trabalho devido o baixo nível de escolaridade e não estarem qualificadas para a demanda da empresa, entretanto a colocação do trabalhador com necessidades especiais no mercado formal de trabalho, é a mais difícil, pois em geral sua escolaridade é baixa e, caso o trabalhador com necessidades especiais esteja 83 qualificado, a falta de comunicação entre empregador e colegas de trabalho dificulta em muito a sua contratação. 3.1.2 PNES DO SUPERMERCADO DO LÍDER SEGUNDO AS PERSPECTIVAS PARA O ACESSO AO MERCADO DE TRABALHO Nos últimos anos, várias mudanças vêm ocorrendo, principalmente, no que se refere ao mercado de trabalho em geral e, especialmente, para pessoas com deficiência. Por isso, fez-se necessário a pesquisa, com candidatos, que atenciosamente contribuíram com a nossa pesquisa respondendo ao questionário e esclarecendo algumas perguntas até antes desconhecidas para nós. Tabela no 7: A concepção da Pessoa com deficiência segundo o tipo de ação ao receber uma proposta de emprego. RESULTADO RELATIVO 01 01 01 03 TIPO DE AÇÃO Feliz Satisfeito Privilegiado TOTAL RESULTADO ABSOLUTO (%) 33,3 33,3 33,3 100 Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Gráfico no 7: Análise ilustrativa realizada quanto a concepção da Pessoa com Percentagem (%) deficiência segundo o tipo de ação ao receber uma proposta de emprego. 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 Feliz Satisfeito Privilegiado Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. De acordo com a tabela 7, constatamos que 33,3% dos entrevistados sentem-se felizes por receberem a proposta de emprego. O primeiro entrevistado diz que: “Sintome muito feliz, pois nós deficientes somos ainda muito discriminados. Para eixo de felicidade obtivemos 33,3% em um que o segundo entrevistado diz,“fico muito satisfeito, 84 pois toda pessoa deficiente tem dificuldade em entrar no mercado de trabalho. O terceiro, ressaltou, “sinto-me muito privilegiado, porque percebo que alguns empresários ainda acreditam no nosso potencial.” De um modo geral as Pessoas com deficiência sentem-se satisfeitas ao receberem uma proposta de trabalho, pois só assim provarão seu valor produtivo para aqueles empresários que não acreditam no seu desempenho profissional. Percebemos na citação acima que o trabalho desempenha papel central na vida do homem, possibilitando sua auto-realização, ou seja, sua integração efetiva à sociedade pela via do trabalho. Tabela no 8: A concepção da pessoa com deficiência segundo a contribuição da escola na qualificação e posterior ao ingresso para o mercado de trabalho. QUALIFICAÇÃO Sim Não TOTAL RESULTADO RELATIVO 03 03 RESULTADO ABSOLUTO (%) 100 100 Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Gráfico no 8: Análise ilustrativa realizada quanto a concepção da Pessoa com deficiência segundo a contribuição da escola na qualificação e posterior ao ingresso para o mercado de trabalho. Percentagem (%) 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Sim Não Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Na tabela 8, verificamos que 100% dos entrevistados afirmaram que a escola vem a contribuir para o desempenho profissional das Pessoas com deficiência, principalmente, prepará-los para o mercado de trabalho contemporâneo. Um deles ressaltou que, “A partir do momento que nós adquirimos um conhecimento maior, ou 85 seja, um grau mais elevado de escolaridade há maiores oportunidades no mercado de trabalho Na visão de outro entrevistado,“quando temos acesso a escola, torna-se mais fácil para aumentar nosso grau de estudo, facilitando a entrada no mercado de trabalho. E por fim, “a escola é a base para o nosso conhecimento como pessoa. Fazendo a ligação para o mercado”. Esses resultados indicam que os candidatos entendem que, as escolas contribuem bastante a inserção dos mesmos no mercado de trabalho. Diante disso percebemos que os empresários selecionam as pessoas com deficiência a partir do seu grau de escolaridade e que estejam qualificados e aptos para o mercado que a cada dia está mais competitivo, Segundo a Declaração de Salamanca (1994, pág. 56), aqui: Os jovens com necessidades educacionais especiais devem receber ajuda para fazer uma eficaz transição da escola para a vida produtiva. As escolas devem ajudá-los a se tornarem economicamente ativos e prover-lhes as habilidades necessárias no cotidiano oferecendo treinamento em habilidades que respondem às demandas sociais e de comunicação e às expectativas da vida produtiva (...). Com base nessa declaração, verificamos que as várias declarações das Nações Unidas que culminaram no documento das Nações Uniforme sobre as igualdades para as pessoas com deficiência, rege a garantia da educação para as Pessoas com deficiência, ou seja, estabelece a educação como parte integrante na vida do deficiente. Sobretudo se pensarmos em compromisso com a Educação para todos, é necessário reconhecermos que a necessidade e a urgência de um ensino de qualidade requer de direito a todas as crianças, jovens e adultos com necessidades especiais, e apoiamos, além disso, a Linha de Ação para as Necessidades na Educação Especial. Cabe a escola preparar o aluno para o sucesso profissional e vida independente. Provendo programas de desenvolvimento de habilidades e conhecimento que com certeza lhe ajudará na sua vida produtiva. 86 Tabela no 9: A concepção da Pessoa com deficiência segundo a descriminação ao deficiente quanto o seu desempenho no mercado de trabalho. DESCRIMINAÇÃO Sim Não TOTAL RESULTADO RELATIVO 02 01 03 RESULTADO ABSOLUTO (%) 67 33 100 Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Gráfico no 9: Análise ilustrativa realizada quanto a concepção da Pessoa com deficiência segundo a descriminação ao deficiente quanto o seu desempenho no mercado de trabalho. Percentagem (%) 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Sim Não Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Na tabela 9, constatamos que 67% dos candidatos declararam que a discriminação prejudica seu desempenho no mercado e 33% declararam que não, sendo assim podemos constatar que ainda há discriminação no mercado de trabalho, por isso a grande fila de deficientes, desempregadas em razão da mesma. Nesse sentido, entendemos que a empresa deve preparar-se para lidar com o preconceito decorrente da falta de informações já que essa atitude faz parte da própria cultura humana. É preciso conviver com indivíduos diferentes, como são as Pessoas com deficiência, para que se possa acelerar o término do preconceito. Isso não é pouca coisa, já que a discriminação está presente na origem de quase todas as situações da vida contemporânea. Cabe destacarmos que o exercício pleno da cidadania é uma conquista social e individual nos últimos tempos, que se fortalece e se desenvolve pelas diferentes etapas de seus desenvolvimentos. 87 Tabela no 10: A concepção da Pessoa com deficiência segundo a identificação de ocupação da atividade. RESULTADO RELATIVO 03 03 IDENTIFICAÇÃO Sim Não TOTAL RESULTADO ABSOLUTO (%) 100 100 Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Gráfico no 10: Análise ilustrativa realizada quanto a concepção da pessoa com deficiência segundo a identificação de ocupação da atividade. Percentagem (%) 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Sim Não Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Na tabela 10, mostra que 100% dos entrevistados se identificam com atividade ocupada, em razão de terem uma perspectiva mais ampla para o futuro. Para concretizar estas perspectivas, é necessário que a comunidade educacional apóie a Pessoa com deficiência em todos os sentidos igualitário, sabemos que temos que enfrentar inúmeros desafios, pois toda e qualquer investida para um ensino especializado depende de se ultrapassar as condições atuais de estruturação do ensino escolar, ou seja, depende da fusão do ensino regular com o especial. Assim, a Pessoa com deficiência obterá uma profissão a altura de sua identificação. Na verdade, acredito que não existe um trabalho especifico para Pessoa com deficiência, até por que elas diferem uma das outras. O trabalho que elas vão realizar dependerá de vários fatores inclusive do tipo de limitações que tenham. No entanto em minha opinião a característica principal é o talento que cada pessoa possa ter como ela consegue enfrentar o desafio de exercer determinadas profissões. (RIBAS, 1994) 88 Com a pesquisa realizada analisamos que depende mais da tarefa a ser realizada. De acordo com (Ribas,1994) a empresa faz um trabalho com as pessoas com deficiência, ela emprega essas pessoas em ambiente com altos níveis de pressão sonora. Podemos afirmar que, não existe tarefas que as Pessoas com deficiência desempenham melhor, elas podem desenvolver qualquer tarefa dependendo do desafio profissional e da qualificação de cada uma ao emprego. Tabela no 11: A concepção da Pessoa com deficiência segundo as atividades em que ocupou em outras empresas. ATIVIDADES Sim Não TOTAL RESULTADO RELATIVO 03 03 RESULTADO ABSOLUTO (%) 100 100 Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Gráfico no 11: Análise ilustrativa realizada quanto a concepção da Pessoa com deficiência segundo as atividades em que ocupou em outras empresas. Percentagem (%) 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Sim Não Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Fica explícito pela leitura das pesquisas acima que 100% dos entrevistados sentem dificuldades em superar algumas atividades nas empresas. Afirmaram que já vieram a ocupar outras atividades que, por final, acabaram não desenvolvendo de acordo com as exigências da empresa, mas com o tempo e colaboração de outros colegas de trabalho vieram a solucionar o problema. Segundo Ribas, 1994): As dificuldades iniciais foram de ordem arquitetônica tais como: banheiro e salas de aula com portas muito estreitas e bebedouros com projeto direcionado às pessoas com suas limitações. Falta de marcação nos equipamentos para os analfabetos, falta de continuidade no processo de formação dos profissionais. 89 Compreendemos que a dificuldade encontrada pelas pessoas com deficiência é também por falta de equipamentos adequados nas empresas e outros locais dificultando o acesso dos mesmos. A falta de estrutura para um bom funcionamento nos departamentos de empresas para as pessoas com deficiência uma questão quase que comum no campo de trabalho, como retrata João Ribas, "A falta de marcação nos equipamento para os analfabetos" é apenas uma das dificuldades que as pessoas com deficiência encontram, assim como para os profissionais “a falta de continuidade” faz com que haja uma desvalorização maior para esses que buscam no mercado de trabalho uma inclusão na sociedade (Ribas,1994,p.5 ). Tabela no 12: A concepção da Pessoa com deficiência segundo a inclusão nas empresas. ATIVIDADES Sim Não TOTAL RESULTADO RELATIVO 03 03 RESULTADO ABSOLUTO (%) 100 100 Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Gráfico no 12: Análise ilustrativa realizada quanto a concepção da Pessoa com deficiência segundo a inclusão nas empresas. Percentagem (%) 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Sim Não Fonte: Supermercado Líder. Pesquisa de Campo. Belém/PA, 2006. Das informações coletadas acima 100% dos candidatos responderam que está havendo inclusão nas empresas. Acreditamos que a maioria das empresas já trabalha com a educação inclusiva, haja vista que a LDB 8213/91 "impõe", pode-se dizer assim, as empresas essa preparação para a inclusão de todas as pessoas com deficiência. Segundo Ribas (1994):O compromisso da educação profissional vai além de ensinar um ofício profissionalizar é também elevar o nível de escolaridade dos 90 educandos o caráter educativo do processo profissionalizante precisa predominar sobre os outros aspectos, porque não se traia apenas de inserir-se no mercado, mas de envolver o educando no contexto da cidadania. A escola deve estar atenta à modernização e a diversidade, adotando uma atitude positiva, com o compromisso de valorizar as pessoas com deficiência. Cremos que a educação inclusivista tem sido conceituada como processo de educação adequada para o atendimento educacional das Pessoas com deficiência. Nos dias atuais, é considerado como o caminho eficiente para a construção da cidadania e da participação social, somada a perspectiva de uma educação para todos e de todos. 91 CONCLUSÃO A realização da presente pesquisa possibilitou um melhor entendimento sobre a inclusão de Pessoa com deficiência no mercado de trabalho, na qual podemos incluir como âmbito social, tendo a oportunidade de uma educação para poder se articular na sociedade, tendo para fins de entendimento posicionamentos teóricos que deram suporte para o estudo do mesmo. Seja como for, a inclusão das Pessoas com deficiência no mercado de trabalho competitivo não é um sonho difícil de ser realizado, desde que os empregadores sejam tratados como parceiros, ou seja, eles receberam ajuda com informações sobre o potencial laborativo das pessoas e, com assessoria na modificação de trabalho e ambientes e com treinamentos sobre a nova empresa inspirada na filosofia da inclusão social. É, ao mesmo tempo, que façam a parte deles, modificando suas empresas naquilo que for necessário e vantajoso para todos os trabalhadores, inclusive a Pessoa com deficiência. O Sistema de Colocação de Empregos Competitivos (SCEC) seria um meio eficaz de tornar cada vez mais inclusiva às empresas e, por conseguinte mais inclusiva à sociedade. Essa afirmação nos indica duas situações interdependentes à educação profissional e o trabalho. Um bom trabalho depende, em grande parte, de uma boa educação profissional. Esta por sua vez, depende de ter sido projetada de acordo às necessidades do mercado de trabalho. Quando uma pessoa é qualificada profissionalmente, respeitando as suas necessidades, aptidões, o emprego certo para essa pessoa lhe trará satisfação, elevará sua auto-estima, aumentará o grau de motivação e, conseqüentemente, melhorará no desempenho pessoal, profissional e social. De acordo com a pesquisa realizada conclui-se que já está havendo a inclusão nas empresas em pequenas escalas, por ainda não acreditarem nas potencialidades das Pessoas com deficiência, que lutam contra essa discriminação, mas as poucas que acreditam no talento das mesmas, já estão adotando essa abordagem inclusivista, que trata-se de pequenas adaptações especificamente no 92 posto de trabalho e nos instrumentos, proporcionando-lhes segurança e satisfação no que exercem na empresa. Este estudo foi de grande importância, pois esclareceu a cerca da inserção das Pessoas com deficiência no mercado de trabalho formal, apesar de perceber que a maioria dos empresários só atende a essas pessoas por força da lei que os obriga. Acreditamos que a inclusão é um processo que requer transformações significativas, onde a garantia de acesso e permanência de todos é a chave para o processo dar certo eliminado assim a exclusão. Este estudo não está acabado, mas poderá ser aperfeiçoado para que a inclusão de fato aconteça sem preconceito. Os estudos realizados também permitem concluir que no ponto de vista do mercado de trabalho, a educação é um fenômeno extraordinário que o ser humano realiza como necessidade de sua evolução no tempo e espaço para sua sobrevivência, que ocorre dentro de um processo histórico – cultural, garantindo a sua própria existência. A humanidade se evolui na formação de uma estrutura social histórica e cultural em busca de um conhecimento transformador. Contudo a humanidade vive, hoje, um momento de sua história marcado por grandes transformações, decorrentes, sobretudo do avanço tecnológico, nas diversas esferas de sua existência: no âmbito da produção econômica dos bens naturais, no âmbito das relações políticas da vida social e no âmbito da construção cultural. Esta nova condição exige um redimensionamento de todas as práticas mediadoras de sua realidade histórica, quais sejam, o trabalho, a sociabilidade e a cultura simbólica. Dessa forma, espera-se da educação a mediação dessas práticas, que se torne, para o grande desafio do terceiro milênio, investimento sistemático, nas forças construtivas dessas práticas, de modo a contribuir mais eficazmente na construção da vida tornando-se, fundamentalmente, educação da pessoa com deficiência para a segurança do meio social. Então falar de educação, e da escola como um espaço cultural é pensar na diversidade de valores sociais sem distinção alguma. É resgatar todo valor histórico cultural de cada individuo indistintamente. 93 BIBLIOGRAFIA AINSCOW, M. (1995). Education for all. IN SÁNCHEZ. P.A. A educação inclusiva: Um meio de construir escolas para todos nos século XXI. Inclusão – Revista da Educação Especial. Ano I. n01, outubro, pp.7 – 18, 2005 AIDAR, Fábio Luiz Marinho. 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QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFISSIONAIS DO SUPERMERCADO LÍDER Função: _______________________________ Sexo: ( )F ( )M Grau de Instrução: _______________________ Tempo de Atuação: ____________________ 1- Você considera que no Estado do Pará as empresas oferecem poucas oportunidades de trabalho para as pessoas com deficiência? Em sua opinião onde está o problema? ( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez ( ) Outros ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 2- O que você acha a iniciativa do Governo Federal em reservar vagas nos concursos públicos e empresas para a pessoa com deficiência? ( ( ) Bom ) Ótimo ( ( ) Muito Bom ) Regular 3- No seu ponto de vista, está havendo inclusão nas empresas? De que forma? ( ) Sim ( ) Não ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 4- As empresas oferecem a qualificação para pessoas com deficiência no mercado de trabalho? Como? ( ) Sim ( ) Não ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 5- Você acha que a discriminação prejudica o desempenho da pessoa com deficiência no mercado de trabalho? Como? ( ) Sim ( ) Não ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 99 6- No momento da contratação a empresa seleciona a pessoa com deficiência por grau de instrução? Justifique. ( ) Sim ( ) Não ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ APÊNDICE 2 Para a conclusão de estudo do curso de Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva, foi realizado este questionário no intuito de compreender a atual situação de Inclusão dos alunos com deficiência no Mercado de Trabalho. QUESTIONÁRIO APLICADO PARA AS PESSOAS COM DEFICIENCIA DO SUPERMERCADO LÍDER 1- Como você se sentiu ao receber uma proposta de emprego? ( ) feliz ( ) satisfeito em parte ( ) privilegiado 2- No seu ponto de vista, a escola contribuiu para sua qualificação e posterior ingresso no mercado de trabalho? ( ) Sim ( ) Não ( ) Em Parte 3- Você acha que o preconceito prejudica no desempenho profissional de uma Pessoa com deficiência no mercado de trabalho? ( ) Sim ( ) Não ( ) Em Parte 4- Você se identificou com atividade que ocupa? ( ) Sim ( ) Não ( ) Em Parte 5- Você tem experiência em outra empresa, onde não consegui desenvolver a atividade proposta na seleção? ( ) Sim ( ) Não ( ) Em Parte 6- Em sua opinião, você acha que está havendo inclusão nas empresas? ( ) Sim ( ) Não ( ) Em Parte 100 ANEXO 101 Governo do Estado do Pará Secretaria Especial de Promoção Social Secretaria Executiva de Educação Secretaria Adjunta de Ensino Coordenação de Educação Especial DECLARAÇÃO Declaramos para os devidos fins que a srª MARIA ADÉLIA RODRIGUES GUIMARÃES foi autorizada por esta coordenação a utilizar dados referentes à inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, mostrando resultado de pesquisas desenvolvidas para sua monografia. Belém, 11 de junho de 2008.