INFORMAÇÕES
AGRONÔMICAS
No 148
MISSÃO
Desenvolver e promover informações científicas sobre
o manejo responsável dos nutrientes das plantas para o
benefício da família humana
DEZEMBRO/2014
ISSN 2311-5904
NUTRIÇÃO FOSFATADA EM
PLANTAÇÕES DE EUCALIPTO
José Henrique Bazani1
José Leonardo de Moraes Gonçalves2
José Henrique Tertulino Rocha1
1. INTRODUÇÃO
Brasil possui 7,6 milhões de hectares de florestas
plantadas, que respondem a 17% de toda a madeira
colhida no mundo. Os principais gêneros plantados
são Eucalyptus (72%) e Pinus (21%). Em menores proporções
são cultivadas também outras essências florestais como Hevea
brasiliensis (seringueira), Acacia mearnsii (acácia negra), Acacia
mangium (acácia australiana), Schizolobium amazonicum (paricá),
Tectona grandis (teca), Araucaria angustifolia (pinheiro-do-paraná)
e Populus sp (álamo). Os principais segmentos da cadeia produtiva
do agronegócio florestal no país são celulose e papel (32%), produtores florestais independentes (26%), siderurgia e carvão vegetal
(15%), painéis de madeira (6%), além de investidores institucionais
e outros segmentos (12%) (IBA, 2014).
Devido à ampla diversidade de materiais genéticos, às condições favoráveis de clima e solo e ao desenvolvimento de técnicas
de manejo apropriadas, o eucalipto se tornou a principal cultura para
produção de madeira, espalhando-se por todo o território nacional.
O incremento médio anual é de 42 m3 ha-1 ano-1 de madeira, podendo
atingir 60 m3 ha-1 ano-1 em regiões sem limitação hídrica e térmica.
A disponibilidade hídrica é o principal fator que governa a produtividade do eucalipto. Os plantios se estendem por ampla diversidade
de relevo e solo. As principais classes de solos são Latossolos (48%),
O
Eduardo Sereguin Aparecido Cabral de Melo3
Maurício Prieto4
Argissolos (26%), Cambissolos (14%) e Neossolos (4%). Em sua
maior parte são solos profundos, bem desenvolvidos, distróficos,
com mineralogia caulinítica e/ou oxídica, e textura que varia de
média a argilosa (GONÇALVES et al., 2013).
A limitação nutricional é frequente em plantações de
eucalipto, em especial fósforo (P), potássio (K) e boro (B) (GONÇALVES, 2011). Atualmente, a fertilização é responsável por
acréscimos de 30% a 50% na produção de madeira. O P, apesar de
ser o macronutriente encontrado em menor quantidade na planta,
tem alto efeito na produtividade de madeira.
Os plantios de eucalipto são estabelecidos em sistema de
cultivo mínimo do solo. Por isso, os teores de matéria orgânica nas
camadas superficiais geralmente são altos, o que contribui para a
formação de complexos organo-minerais entre coloides de argila
e substâncias húmicas, e de quelatos entre estas substâncias e os
cátions polivalentes como, por exemplo, ferro (Fe3+), alumínio (Al3+)
e cálcio (Ca2+). Nestas circunstâncias, conjuntamente com a aplicação
localizada dos fertilizantes fosfatados, o potencial de fixação de P é
baixo, com predomínio de formas orgânicas lábeis deste nutriente,
que são gradativamente mineralizadas e disponibilizadas às plantas.
Devido à sua baixa mobilidade no solo e ao alto poder
competitivo das plantas daninhas, o P deve ser aplicado próximo
ao sistema radicular das mudas, sem incorporação e de modo uni-
Abreviações: Al = alumínio; B = boro; Ca = cálcio; Cu = cobre; CUB = coeficiente de utilização biológica; DRF = densidade de raízes finas; Fe = ferro;
FNR = fosfato natural reativo; IAF = índice de área foliar; IMA = índice médio anual de madeira; K = potássio; LVAd = Latossolo Vermelho-Amarelo
distrófico; MAP = fosfato monoamônico; Mg = magnésio; MGA = mistura granulada; MGO = mistura de grânulos; Mn = manganês; N = nitrogênio;
P = fósforo; Po = fósforo orgânico; PME = mistura entre superfosfato complexado com substâncias húmicas e pequena porção de FNR no mesmo
grânulo; PSE = superfosfato complexado com substâncias húmicas; S = enxofre; SSP = superfosfato simples; Zn = zinco.
1
Engenheiro Florestal, Mestre em Ciências Florestais, Departamento de Ciências Florestais, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
ESALQ/USP, Piracicaba, SP; email: [email protected]
2
Professor Titular do Departamento de Ciências Florestais, ESALQ/USP, Piracicaba, SP.
3
Engenheiro Florestal, Dr., Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais, IPEF, Piracicaba, SP.
4
Engenheiro Florestal, Bahia Specialty Cellulose, Alagoinhas, BA.
INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASIL
Avenida Independencia, nº 350, Edifício Primus Center, salas 141 e 142 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - CEP13419-160 - Piracicaba-SP, Brasil
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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 148 – DEZEMBRO/2014
1
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS
Publicação trimestral gratuita do International Plant
Nutrition Institute (IPNI), Programa Brasil. O jornal
publica artigos técnico-científicos elaborados pela
comunidade científica nacional e internacional visando
o manejo responsável dos nutrientes das plantas.
N0 148
DEZEMBRO/2014
CONTEÚDO
COMISSÃO EDITORIAL
Nutrição fosfatada em plantações de eucalipto
José Henrique Bazani, José Leonardo de Moraes Gonçalves, José
Henrique Tertulino Rocha, Eduardo Sereguin Aparecido Cabral de
Melo, Maurício Prieto ...............................................................................1
Editor
Valter Casarin
Estamos preparados para nutrir adequadamente os sistemas de
produção com elevada produtividade? ................................................. 11
Editores Assistentes
Luís Ignácio Prochnow, Eros Francisco, Silvia Regina Stipp
Fertilizantes nitrogenados: novas tecnologias
Hugo Abelardo González Villalba, Jose Marcos Leite, Rafael Otto,
Paulo Cesar Ocheuze Trivelin .................................................................12
ISSN 2311-5904
Gerente de Distribuição
Evandro Luis Lavorenti
INTERNATIONAL PLANT NuTRITION INSTITuTE (IPNI)
Presidente do Conselho
Steve Wilson (CF Industries Holdings, Inc.)
Vice-Presidente do Conselho
Mhamed Ibnabdeljalil (OCP Group)
Considerações sobre manejo e ciclagem de nutrientes em sistemas
integrados de produção agropecuária no subtrópico brasileiro
Adriel Ferreira da Fonseca .....................................................................19
Divulgando a Pesquisa ...........................................................................22
IPNI em Destaque ..................................................................................23
Painel Agronômico .................................................................................25
Tesoureiro
Jim Prokopanko (Mosaic Company)
Cursos, Simpósios e outros Eventos .....................................................26
Presidente
Terry L. Roberts
Publicações Recentes .............................................................................27
Ponto de Vista .........................................................................................28
Vice-Presidente, Coordenador do Grupo da Ásia e África
Adrian M. Johnston
Vice-Presidente, Coordenadora do Grupo do
Oeste Europeu/Ásia Central e Oriente Médio
Svetlana Ivanova
Vice-Presidente Senior, Diretor de Pesquisa e
Coordenador do Grupo das Américas e Oceania
Paul E. Fixen
PROGRAMA BRASIL
Diretor
Luís Ignácio Prochnow
Diretores Adjuntos
Valter Casarin, Eros Francisco
NOTA DOS EDITORES
Todos os artigos publicados no Informações Agronômicas estão disponíveis
em formato pdf no website do IPNI Brasil: <http://brasil.ipni.net>
Opiniões e conclusões expressas pelos autores nos artigos não refletem
necessariamente as mesmas do IPNI ou dos editores deste jornal.
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Publicações
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Analista de Sistemas e Coordenador Administrativo
Evandro Luis Lavorenti
Assistente Administrativa
Elisangela Toledo Lavorenti
Secretária
Kelly Furlan
ASSINATuRAS
Assinaturas gratuitas são concedidas mediante aprovação prévia
da diretoria. O cadastramento pode ser realizado no site do IPNI:
http://brasil.ipni.net
Mudanças de endereço podem ser solicitadas por email para:
[email protected] ou [email protected]
2
Geisa Lima Mesquita e Elialdo Alves de Souza, vencedores do 2014 Scholar
Award, concurso promovido anualmente pelo IPNI dos Estados Unidos.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 148 – DEZEMBRO/2014
forme, em filetes no sulco de subsolagem ou em covetas laterais,
junto às covas de plantio, para garantir a absorção e a uniformidade
de distribuição do nutriente por planta. Com isso, há maior homogeneidade de crescimento inicial das plantas.
2. NUTRIÇÃO FOSFATADA
A disponibilidade de P no solo é um dos indicadores utilizados para avaliar o potencial de resposta da cultura à fertilização
fosfatada. Para plantações de eucalipto, teores de P-resina entre
0 e 2 mg dm-3, 3 e 4 mg dm-3, 5 e 7 mg dm-3 e ≥ 8 mg dm-3 são
considerados muito baixos, baixos, médios e altos, respectivamente.
Altas respostas à aplicação de fertilizantes fosfatados são esperadas
quando o teor de P-resina no solo estiver muito baixo e baixo. Já
o potencial de respostas é pequeno se os teores de P-resina forem
medianos, e não há resposta à fertilização fosfatada quando o teor
de P-resina for maior do que 8 mg dm-3 (GONÇALVES et al., 2014).
Folhas recém-maduras e sadias são usadas para a diagnose
nutricional. A faixa ideal do teor de P na folha varia entre 1,0 e
1,3 g kg-1 (GONÇALVES, 2011; BAZANI, 2014; MELO, 2014).
Esta avaliação deve ser feita antes do período de fechamento
das copas (entre 12 e 18 meses após o plantio). Após esta idade,
comumente, há diminuição dos teores foliares para 0,8-1,0 g kg-1,
mesmo em plantas que receberam fertilização adequada. Nas fases
iniciais de crescimento do eucalipto, a ausência de P acarreta o
aparecimento de manchas arroxeadas no limbo foliar, decorrentes do
acúmulo de antocianina, que podem evoluir para necrose e retardar
drasticamente o crescimento da planta (Figura 1). Com o passar
do tempo, as plantas apresentam-se aparentemente sadias, sem
sintomas visuais, porém com altura, tamanho de folha e distância
dos entrenós reduzidos (BAZANI, 2014).
A elevada eficiência de absorção e utilização de nutrientes
é uma das características marcantes das espécies que compõem o
gênero Eucalyptus. O eucalipto apresenta baixo teor de nutrientes
nos tecidos, em especial na madeira, e a demanda nutricional pode
variar em função da espécie, das condições edafoclimáticas e do
nível de produtividade. O sistema radicular é bastante desenvolvido e muito micorrizado, capaz de explorar grandes volumes de
solo em profundidade, o que promove a mobilização de nutrientes
de camadas subsuperficiais mais profundas para as superficiais,
por meio do processo de ciclagem. Em ambiente florestal, predominantemente distrófico, em fases avançadas de desenvolvimento
(após 2 ou 3 anos do plantio), a demanda de nutrientes pelas árvores
é, em grande proporção, assegurada pelos processos de ciclagem
bioquímica e biogeoquímica, o que as tornam menos dependentes das
reservas nutricionais do solo. Estas características conferem a estas
plantas ampla adaptação aos ambientes de baixa fertilidade natural.
Um povoamento de eucalipto (E. grandis) com produção
de 170 t ha-1 de biomassa aérea aos sete anos de idade acumula em
torno de 340 kg ha-1 de nitrogênio (N), 60 kg ha-1 de P, 190 kg ha-1
de K, 310 ha-1 de Ca, 50 kg ha-1 de magnésio (Mg) e 50 kg ha-1 de
enxofre (S) na parte aérea (folhas, galhos, casca e lenho) (Tabela 1).
Com base nessas informações, observa-se que com a colheita da
madeira (casca e lenho) são exportados 54 kg ha-1 de P (71% do
total acumulado). Contudo, se a casca for mantida no campo, a
exportação do nutriente cai para 55% do P total acumulado.
O acúmulo de P está diretamente relacionado à produtividade de madeira. Reunindo trabalhos feitos por pesquisadores
em povoamentos de E. urophylla, E. urophylla x E. grandis, E.
grandis, E. camaldulensis, E. saligna, E. cloesiana, E. tereticornis,
E. pellita e C. citriodora, nos estados de São Paulo, Minas Gerais,
Rio Grande do Sul e Pará, Gonçalves et al. (2014) encontraram
relação linear entre a produtividade de madeira e o consumo de
nutrientes. A quantidade de P acumulada nas plantações variou
entre 30 e 57 kg ha-1 para produtividades médias entre 30 e 50 m³
ha-1 ano-1, respectivamente, correspondentes a 210 e 350 m³ ha-1 ao
final de sete anos (Figura 2). Nestas condições, com a colheita da
madeira com casca, são exportados do sítio entre 40 e 67 kg ha-1
de P, e, quando a casca é mantida no campo, entre 32 e 53 kg ha-1
de P (Tabela 2). A manutenção da casca no campo após o corte do
povoamento reduz a exportação de P em, aproximadamente, 20%.
A demanda por nutrientes em plantações de eucalipto pode
ser dividida em duas fases principais: antes e após o fechamento da
copa, fase em que as copas das árvores se tocam e há pleno sombreamento do terreno. Nos primeiros meses após o plantio das mudas, a
demanda por nutrientes é baixa e a planta aloca carbono nas raízes,
com o intuito de assegurar as demandas por água e nutrientes. Assegurado o suprimento destes recursos e com a planta já estabelecida
no campo, a atividade fotossintética passa a ser maximizada e há
franca expansão da copa das árvores e do sistema radicular, que passa
a explorar grandes volumes de solo (GONÇALVES, 2011). A maior
taxa de absorção de P em plantação de eucalipto ocorre até o segundo
ano de idade da floresta, fase do fechamento da copa das árvores
(BARROS; NEVES; NOVAIS, 2000). A partir de então, a ciclagem
de nutrientes passa a se estabelecer e as respostas à fertilização
Figura 1. Sintomas visuais da deficiência de P em plantas de Eucalyptus grandis: diminuição do crescimento do limbo foliar e coloração arroxeada
das folhas.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 148 – DEZEMBRO/2014
3
Tabela 1. Acúmulo de nutrientes em povoamento de Eucalyptus grandis aos sete anos de idade (incremento médio anual = 40 m³ ha-1 ano-1), em Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico de textura média, no município de Itatinga, SP.
Nutrientes
Compartimento
Biomassa
N
-1
(t ha )
Folhas
3
P
K
Ca
Mg
S
-1
- - - - - - - - - - - - - - - (kg ha ) - - - - - - - - - - - - - - - 57
5
21
25
11
3
B
Cu
Fe
Mn
Zn
-1
- - - - - - - - - - - - - (g ha ) - - - - - - - - - - - - 89
8
203
313
41
Galhos
4
18
3
15
18
6
1
55
13
233
653
92
Casca
12
40
12
67
160
15
4
152
43
519
790
130
Lenho
150
224
42
88
110
16
45
291
148
7.191
880
1.280
Subtotal da parte aérea
169
339
62
191
313
48
53
587
212
8.146
2.636
1.543
Raízes grossas (> 3 mm)
20
75
3
28
31
6
3
32
12
789
112
59
Raízes finas (< 3 mm)
4
22
1
4
17
3
1
15
6
708
61
43
Serapilheira
25
187
10
36
209
24
13
250
58
9.500
4.300
520
Total
218
623
76
259
570
81
70
884
288
19.143
7.109
2.165
Fonte: Gonçalves et al. (2000).
tendem a diminuir, pois as disponibilidades de água e de luz passam
a ser mais limitantes ao crescimento das árvores do que a disponibilidade de nutrientes. As práticas de fertilização em plantações florestais
caracterizam-se por promover a aceleração no ritmo de crescimento
das plantas, principalmente, antes do fechamento da copa. Após este
período, o ritmo de crescimento tende a retornar ao padrão definido
pela qualidade do sítio. Grandes respostas à fertilização encontradas
na fase inicial do crescimento da floresta decrescem e podem deixar
de existir ao final da rotação, exigindo cautela do silvicultor ao analisar
os comportamentos da planta em relação às práticas de fertilização.
500
Volume = 199,01 + 2,63x P
Volume de madeira (m3 ha-1)
R2 = 0,41**
400
300
200
3. CICLAGEM DE NUTRIENTES
100
0
0
10
20
30
40
50
60
70
-1
P (kg ha )
Figura 2. Acúmulo de P na parte aérea (folhas, galhos, casca e lenho) em
plantação de E. urophylla, E. urophylla x E. grandis, E. grandis, E. camaldulensis, E. saligna, E. cloesiana, E. tereticornis,
E. pellita e C. citriodora em função da produtividade de madeira, em 45 povoamentos estabelecidos nos estados de São
Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Pará,
em Latossolos e Argissolos, com precipitação pluviométrica
entre 1.200 e 2.300 mm ano-1. As linhas tracejadas indicam a
quantidade de P necessária para produção de 280 e 350 m³ ha-1
de madeira com casca, ou seja, um incremento médio anual de
madeira de 40 e 50 m³ ha-1 ano-1, respectivamente.
Fonte: Gonçalves et al. (2014), baseado em Neves (2000), Gonçalves et al. (2000),
Santana et al. (2008) e Rocha (2014).
Tabela 2. Quantidade de P exportada com a colheita de madeira (com ou
sem casca) em plantações de eucalipto em função do incremento
médio anual de madeira (IMA).
IMA
(m³ ha-1 ano-1)
Exportação de P com a colheita
30
40
50
-1
- - - - - - - - - - - (kg ha ) - - - - - - - - Madeira com casca
41
54
67
Madeira sem casca
32
42
53
Fonte: Gonçalves et al. (2014) baseado em Neves (2000), Gonçalves et al. (2000),
Santana et al. (2008) e Rocha (2014).
4
A ciclagem envolve a mobilidade dos nutrientes no sistema
solo-planta-atmosfera (ecossistema), quer seja no interior das
plantas (ciclagem bioquímica), na interface solo-planta, por meio
dos processos de decomposição de resíduos e mineralização da
matéria orgânica (ciclagem biogeoquímica), ou nos ciclos globais
dos nutrientes (ciclagem geoquímica). Esses processos exercem
grande influência na nutrição das plantações de eucalipto.
Laclau et al. (2010) avaliaram a ciclagem de nutrientes em
povoamentos de Eucalyptus estabelecidos em Itatinga, SP. O solo
local foi classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, textura média (23% de argila). O teor de P-resina na camada
superficial do solo (0 a 5 cm) era de 4,0 mg kg-1 e na camada de
5 a 50 cm era de 1,9 mg kg-1. Ao longo de quatro anos (produtividade média anual de madeira = 27 t ha-1 ano-1) foram estudados os
fluxos de nutriente no sistema solo-planta-atmosfera. A entrada de
P no sistema pelos processos de intemperismo e precipitação pluviométrica foi considerada desprezível. Houve grande incremento
na demanda de nutrientes dos seis aos 12 meses após o plantio, com
a expansão da área foliar e de raízes finas. A máxima demanda de P
foi registrada aos dois anos de idade, com valores de 14 kg ha-1 ano-1.
No primeiro ano foram absorvidos do solo 5 kg ha-1 de P e, a partir
do terceiro ano, a absorção de nutrientes foi, em grande parte,
governada pela dinâmica da copa das árvores. Com a redução da
área foliar acentuaram-se os processos de retranslocação interna
de P, N e K. Por se tratar de um nutriente móvel na planta, a
retranslocação interna das folhas foi responsável pelo suprimento
de 30% a 50% da demanda anual de P. A deposição anual de
folhedo foi de 5,5 t ha-1 ano-1, com aporte de 1,2 kg ha-1 ano-1 de P
durante os primeiros quatro anos de crescimento da floresta.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 148 – DEZEMBRO/2014
Massa remanescente (%)
Os resíduos florestais deixados após a colheita contribuem
com quantidades significativas de nutrientes para o próximo
ciclo florestal. A velocidade de decomposição destes resíduos
diminui com o tempo e é influenciada pelas condições ambientais (temperatura e umidade) e qualidade nutricional do resíduo.
Folhas e galhos finos se decompõem mais rapidamente devido
ao maior teor de nutrientes. Rocha (2014) verificou que, aos
300 dias após a colheita, 50% do N, P, Ca, Mg e S e 80% do
K contidos nos resíduos florestais de E. grandis haviam sido
liberados para o solo (Figura 3). Laclau et al. (2010) verificaram que a mineralização dos resíduos promoveu a liberação de
2,7 kg ha-1 ano-1, 2,8 kg ha-1 ano-1 e 0,7 kg ha-1 ano-1 de P entre
0 e 6 meses, 6 e 12 meses e 12 e 24 meses, respectivamente, totalizando 6,2 kg ha-1 de P nos primeiros 24 meses após o plantio. Os
processos de ciclagem bioquímica e biogeoquímica em plantação
de eucalipto asseguram alta eficiência de aproveitamento do P na
produção de biomassa.
Tempo (dias)
Figura 3. Velocidade de liberação dos nutrientes contidos nos resíduos da
colheita (folhas, galhos, casca e serapilheira) de um povoamento
de Eucalyptus grandis aos 8 anos de idade, em LVAd, textura
média, em Itatinga, SP.
Fonte: Adaptada de Rocha (2014) por Gonçalves et al. (2014).
(a)
Os riscos de fixação de P no solo em ambiente florestal
geralmente são baixos, diferentemente do que ocorre em sistemas
intensivos de produção com culturas agrícolas anuais e bianuais.
Isto ocorre em função da adoção do sistema de cultivo mínimo,
que mantém os resíduos da colheita sobre o solo, e do não revolvimento das camadas superficiais. Os fertilizantes fosfatados são
aplicados de modo localizado, próximo ao sistema radicular das
mudas, na camada de solo com maior teor de matéria orgânica
(horizonte A). Os sítios de adsorção de P (superfícies dos óxidos
de Fe e Al) são, em grande parte, bloqueados pela formação de
complexos organominerais entre as argilas e as substâncias húmicas. Em solos cultivados com eucalipto por mais de 60 anos foi
constatado que a disponibilidade de cargas positivas no solo era
próxima à zero, enquanto havia máxima disponibilidade de cargas
negativas (MAQUÈRE et al., 2005). Nas camadas superficiais de
solos sob cobertura florestal, as substâncias húmicas de elevada
massa molecular, como as huminas, formam quelatos com íons de
Al e Mn, diminuindo suas atividades (GONÇALVES, 2011). Essas
substâncias também reagem com o P do solo e com íons metálicos,
como Fe e Al, dando origem a complexos entre P, metal (Fe ou Al)
e substâncias húmicas – complexo P-metal-SH. Diferentemente
do que ocorre nos processos de adsorção do P nas superfícies dos
óxidos de Fe e Al, o complexo P-metal-SH pode ser dissociado
por ácidos orgânicos de baixa massa molecular (citrato e oxalato),
estabelecendo-se um equilíbrio entre o complexo P-metal-SH e a
solução do solo. Esta forma de P tem grande relevância na disponibilidade desse nutriente no solo, podendo responder por mais de
50% do P dissolvido na solução do solo (GERKE, 2010).
Em solos florestais, comparativamente aos solos agrícolas, é
comum se observar maior teor de nutrientes em formas orgânicas. O
P orgânico (Po) varia entre 30% e 70% do P total em solos florestais.
Em estudo conduzido por Cunha et al. (2007), em solo de textura
média, foi comprovado maior teor de Po sob floresta nativa (Mata
Atlântica) e plantação de Corymbia citriodora do que em áreas sob
pastagem (Figura 4). Os solos sob florestas continham 160 mg kg-1
de Po, teor 128% superior ao encontrado em solo sob pastagem, de
70 mg kg-1. O teor médio de Po lábil sob floresta foi de 75 mg kg-1
e sob pastagem foi de 30 mg kg-1. Em relação às quantidades lábeis
de P no solo, foi constatado que 86% do P estava na forma orgânica
em área de floresta nativa, 70% em plantio de Corymbia citriodora
e 59% em pastagem.
(b)
(c)
350
350
P inorgânico
P orgânico
300
Não lábil
Lábil
150
150
200
200
150
150
100
100
50
50
P lábil (mg kg-1)
P (mg kg-1)
300
0
0
Floresta
nativa
Corymbia
citriodora
Pasto
Floresta
nativa
Corymbia
citriodora
Pasto
Floresta
nativa
Corymbia
citriodora
Pasto
Figura 4. Conteúdo de P inorgânico (a) e P orgânico (b) no solo em suas frações não lábil e lábil e estratificação do P lábil (orgânico e inorgânico) do
solo (c) em função da cobertura vegetal.
Fonte: Cunha et al. (2007).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 148 – DEZEMBRO/2014
5
4. FERTILIZAÇÃO
4.1. Fontes fosfatadas
A aplicação de fertilizantes minerais é responsável por,
aproximadamente, 25% do desembolso necessário para formação
dos plantios de eucalipto. Diversas opções de fertilizantes fosfatados podem ser usadas para garantir o suprimento de P às plantas,
contudo, é necessário levar em conta os aspectos técnicos e econômicos destes insumos para definição da fonte ideal a ser utilizada.
O uso de fontes solúveis (fosfato monoamônico - MAP,
superfosfato simples e superfosfato triplo), ou a associação entre
fontes solúveis e fosfatos naturais reativos (FNR) de origem sedimentar, são práticas usuais de fornecimento de P em plantações
comerciais de eucalipto no Brasil. Durante as décadas de 1980 e
1990, diversos estudos foram conduzidos, em casa de vegetação
e em condições de campo, para verificar a eficiência do uso de
rochas fosfáticas brasileiras (fosfato de Araxá, Patos, Catalão) no
fornecimento de P em plantações de eucalipto. Com a abertura ao
mercado internacional e a obtenção de fosfatos naturais de origem
sedimentar e de melhor qualidade, com 30% de P2O5 total e 9% de
P2O5 solúvel em ácido cítrico 2% (HCi 2%), vindos do norte da África,
por exemplo, criou-se, para algumas situações, um modelo misto,
embasado no fornecimento imediato de P no plantio, conseguido por
meio de fontes fosfatadas solúveis, além do fornecimento gradual
de P, obtido por meio dos processos de solubilização de fosfatos
naturais reativos , ao longo do ciclo da cultura, com a possibilidade
de um efeito residual durante o segundo e o terceiro ciclo de corte.
Novos fertilizantes fosfatados têm sido desenvolvidos pela
indústria com o intuito de aumentar a eficiência de utilização do P
pelas plantas. Produtos que associam substâncias húmicas à molécula do fosfato e fertilizantes com liberação controlada de nutriente
encontram-se em fase de teste em plantações de eucalipto. Para
alguns produtos, resultados preliminares de pesquisa apontam um
cenário promissor. A maior eficiência na absorção de P e a maior
qualidade física do produto proporcionam melhores práticas de
manejo da fertilização fosfatada. Contudo, os reflexos na produção
de madeira ainda não estão totalmente elucidados.
4.2. Métodos e época de aplicação
Em plantações de eucalipto com rotação de cultivo de 6 a
7 anos são aplicados, geralmente, no máximo 2 t de calcário dolomítico, 60 a 80 kg ha-1 de N, 60 a 80 kg ha-1 de P2O5, 140 a 160
kg ha-1 de K2O e 1a 5 kg ha-1 de B. Os fertilizantes são aplicados
em sincronia com o crescimento das plantas e causam pequenas
alterações no teor de nutrientes no solo. Em ambiente tropical, são
mais comuns respostas à fertilização fosfatada em solos originários de rochas sedimentares pelíticas e psamíticas, sendo raras as
respostas em solos originários de rochas básicas, como basalto e
diabásio (GONÇALVES, 2011).
Gonçalves (2011) propõe classes de respostas esperadas à
fertilização fosfatada com base nos teores de argila e P-resina contidos na camada 0-20 cm do solo. Este critério baseia-se no fato de
que, com maior teor de argila, os solos possuem maior capacidade
de retenção de água, são mais produtivos e, consequentemente,
demandam maior quantidade de nutrientes (maior exportação de
nutrientes pela colheita da madeira). Além disso, as plantações
de eucalipto no Brasil geralmente ocorrem em Latossolos e
Argissolos, de mineralogia predominantemente caulinítica e oxídica, com elevada capacidade de fixação de P. As doses de P2O5
praticadas atualmente variam entre 10 e 70 kg ha-1 (Tabela 3).
6
Tabela 3. Doses de P2O5 recomendadas para aplicação em plantação de
eucalipto tendo como critério o teor de argila e a quantidade de
P-resina na camada 0-20 cm.
P-resina (mg dm-3)
Teor de argila
0-2
(g kg-1)
3-5
6-8
>8
- - - - - - - - - - - - P2O5 (kg ha-1) - - - - - - - - - - - -
< 150
40
40
10-20
10-20
150-350
50
40
30
10-20
> 350
70
50
30
10-20
Fonte: Gonçalves (2011).
Espera-se pouca resposta à fertilização fosfata em solos com teor
de P-resina ≥ 5 mg dm-3. Contudo, recomenda-se a aplicação de
pequenas doses de P2O5, 10 a 30 kg ha-1, visando a reposição das
quantidades exportadas com a colheita da madeira, e uma taxa de
crescimento inicial maior e mais homogênea das mudas.
Os fertilizantes mais usados para o fornecimento de P são
as misturas granuladas NPK (04-28-06, 06-30-06, 06-26-06) compostas por MAP e cloreto de potássio. É comum também o uso de
superfosfato simples e superfosfato triplo. O fertilizante é aplicado
mecanicamente em filete contínuo no sulco de subsolagem, entre
10 e 20 cm de profundidade (Figura 5). Geralmente, a fertilização
fosfatada é associada à operação de preparo de solo, proporcionando maiores ganhos operacionais e redução de custo. Em áreas
acidentadas ou em locais com grande presença de tocos da rotação
de cultivo anterior, onde não é possível a mecanização, a fertilização
fosfatada é feita em uma ou duas covetas laterais à muda, a cerca
de 10 cm de distância e 10 cm de profundidade.
4.3. Eficiência dos fertilizantes
Bazani (2014) comparou a eficiência de fertilizantes fosfatados
solúveis, pouco solúveis e complexados com substâncias húmicas
em plantações de Eucalyptus grandis durante os 24 meses iniciais
do crescimento das plantas. O estudo foi conduzido no município de
Itatinga, SP, em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico de textura
média, com teor de P-resina inferior a 3 mg dm-3 na camada de 0-40 cm.
Em uma fase inicial, foi avaliada a eficiência de absorção de P usando como fontes (tratamentos): i) mistura de MAP
e superfosfato simples (SSP), ii) MAP e SSP complexado com
substâncias húmicas (CSP) e iii) fosfato natural reativo (FNR).
Os fertilizantes fosfatados foram aplicados em filete contínuo no
sulco de subsolagem (profundidade entre 10 e 20 cm), na dose
de 60 kg ha-1 de P2O5 solúvel. Durante 370 dias foi avaliada a
biomassa produzida e a quantidade de P acumulada nas plantas.
Aproximadamente 60% do P acumulado na planta foi assimilado
nas folhas. O sistema radicular, os galhos, os lenhos, as cascas e
os folhedos continham, respectivamente, 16%, 12%, 6%, 4% e 2%
do P absorvido pela planta.
Por se tratar de um nutriente ligado diretamente ao metabolismo energético da planta, a aplicação de fertilizante fosfatado
no plantio das mudas favorece o crescimento inicial e estimula o
desenvolvimento do sistema radicular. Bazani (2014) verificou
aumentos de 52% (sentido da linha) e 21% (sentido da entrelinha)
na densidade de raízes finas (DRF) (< 3 mm de diâmetro) em árvores
de E. grandis aos 370 dias após o plantio. Na ausência da fertilização
fosfatada, o sistema radicular apresentou menor desenvolvimento
e ficou localizado nos primeiros 20 cm, no sentido da linha, e nos
primeiros 10 cm do solo, no sentido da entrelinha.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 148 – DEZEMBRO/2014
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 5. Aplicação de fertilizante de base em filete contínuo conjugado com a subsolagem (a), aplicação de fertilizante de base após a subsolagem
conjugada com a aplicação de herbicida pré-emergente (b), fertilização de base realizada de modo manual (c) e distribuição do fertilizante
em duas covetas laterais às mudas (d).
As diferenças no valor acumulado de P foram mais evidentes nas fases iniciais de crescimento (Figura 6a). Aos 370 dias
após o plantio, o acúmulo de P nas plantas fertilizadas foi similar
ao observado no tratamento Controle (Figura 6b). Esta igualdade
entre os tratamentos no período entre seis e doze meses de idade
tem relação direta com o déficit hídrico do solo estabelecido no
segundo semestre de 2013, que reduziu o crescimento das árvores. Isso fez com que a nutrição das plantas se tornasse um fator
secundário, frente à limitação hídrica. O coeficiente de utilização
biológica de P (CUB) aumentou com o avanço da idade das plantas.
Aos 370 dias, este índice estava, em média, três vezes superior ao
encontrado aos 90 dias. Ao final do período experimental, a aplicação de fertilizantes fosfatados solúveis refletiu em maior valor
de CUB, em relação às plantas que receberam aplicação de FNR e
do tratamento Controle (Figura 6c).
Em um segundo experimento, em área adjacente à descrita
anteriormente, avaliou-se o efeito das fontes fosfatadas na produção de madeira de E. grandis utilizando parcelas experimentais
compostas por 81 plantas. Cinco estratégias (tratamentos) foram
definidas para o fornecimento de P: i) fontes fosfatadas solúveis
convencionais, MAP + SSP (PSC); ii) fosfato natural reativo (FNR);
iii) mistura de PSC e FNR, em proporções iguais de P2O5 solúvel
(PMC); iv) superfosfato complexado com substâncias húmicas
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 148 – DEZEMBRO/2014
(PSE); v) mistura de superfosfato complexado com substâncias
húmicas e pequena porção de FNR no mesmo grânulo (PME). A
forma de aplicação de P e o critério para definição das quantidades
usadas de cada fertilizante foram similares aos do experimento
anterior. Passados 12 meses do plantio, o teor médio de P no solo
das parcelas fertilizadas foi de, aproximadamente, 70 mg dm-3,
concentrados nos primeiros 20 cm do solo (Figura 7), onde houve
a aplicação do fertilizante. Nota-se claramente o efeito de localização do P no solo, restrito ao local de aplicação, em função de seu
baixo coeficiente de difusão. Neste período, o maior teor de P foi
obtido com a aplicação de FNR. Devido ao caráter ácido do solo
(pH CaCl2 na camada 0-20 cm = 4,0), há solubilização de formas
menos lábeis de P contidas na estrutura cristalina da rocha fosfática.
Na camada entre 0 e 10 cm, o teor de P-resina foi de 158 mg dm-3,
60 mg dm-3 e 58 mg dm-3 para os tratamentos FNR, PME e PMC,
que receberam aplicação de fosfato natural reativo, respectivamente.
Nesta profundidade, com a aplicação de P solúvel (PSC e PSE), o
teor médio de P-resina foi de 55 mg dm-3.
A fertilização fosfatada alterou a quantidade de folhas e a
produção de biomassa das plantas. Aumentos de 70% no índice de
área foliar (IAF) e 93% na biomassa aérea foram registrados aos
14 meses de idade. Aos 25 meses, em função de acentuado déficit
hídrico no solo, houve redução da resposta à fertilização fosfatada,
7
(a)
(b)
3.500
200
1.000
a
160
140
ab
120
100
80
ab
60
3.000
ab
b
2.500
2.000
1.500
a
b
600
b
400
1.000
b
40
a
800
ab
CUB - P (kg kg-1)
P acumulado (mg planta-1)
a
180
200
500
P
R
FN
SS
CS
P+
MA
Co
P+
R
FN
P
P+
CS
P
MA
Co
P+
FN
P+
SS
n tr
ole
R
P
CS
P
MA
MA
P+
SS
n tr
ole
Co
P
0
0
MA
0
n tr
ole
20
MA
P acumulado (mg planta-1)
(c)
Figura 6. Acúmulo de P em plantas de Eucalyptus grandis aos 90 dias (a) e 370 dias de idade (b) em função da solubilidade do fertilizante fosfatado
e (c) Coeficiente de Utilização Biológica (CUB = razão entre a biomassa de lenho e a quantidade de P acumulada na planta) em função da
fonte de fertilizante fosfatado, aos 370 dias após o plantio.
MAP = monofosfato de amônio; SSP = superfosfato simples; CSP = MAP e SSP complexado com substâncias húmicas; FNR = fosfato natural
reativo. Barras seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
Fonte: Bazani (2014).
P-resina (mg dm-3)
0
0
20
40
60
80
100
120
140
160 180
10
Profundidade (cm)
20
Controle
PSC
PSE
PMC
30
PME
FNR
40
(1)
50
Teste de médias - LSD 5%
FNR
Prof. (cm)
Controle
PSC
PSE
PMC
PME
0-10
c
ab
b
ab
ab
a
10-20
b
a
a
a
a
a
20-30
c
ab
bc
a
a
a
30-40
c
a
b
a
a
a
40-60
c
ab
b
a
a
a
60
Figura 7. Teor de P-resina na linha de plantio aos 12 meses após a aplicação
de fertilizantes fosfatados em povoamento de Eucalyptus grandis.
1
Tratamentos seguidos pela mesma letra na linha não diferem
entre si a 5% de probabilidade pelo teste LSD. Tratamentos:
i) controle; ii) PSC = fontes fosfatadas solúveis convencionais
(MAP e superfosfato simples); iii) PSE = superfosfato complexado com substâncias húmicas; iv) mistura de PSC e FNR, em
proporções iguais de P2O5 solúvel; v) PME = mistura entre superfosfato complexado com substâncias húmicas e pequena porção
de FNR no mesmo grânulo; vi) FNR = fosfato natural reativo.
Fonte: Bazani (2014).
8
contudo, a presença do P gerou incrementos de 26% no IAF e 47%
na biomassa aérea das plantas (Figura 8). Foi verificada tendência
de aumento do IAF e da biomassa das plantas com a utilização do
fosfato complexado com substâncias húmicas. Apesar da maior
quantidade de P no solo, a utilização do FNR não promoveu ganhos
em produtividade de madeira durante os 25 meses avaliados. Não
foi alterada a partição da biomassa das plantas com a utilização de
fosfatos de distintas solubilidades. De modo geral, constatou-se que,
aos 25 meses de idade, a biomassa aérea das plantas foi composta
por 60% de lenho, 15% de galhos, 14% de folhas e 11% de casca
(Figura 8b).
Com maior quantidade de folhas e maior crescimento, as
plantas que receberam a aplicação de P solúvel tiveram menor
incidência de ataque de ferrugem do eucalipto (Puccinia psidii). A
infestação ocorreu em 30% dos indivíduos, em um nível tolerável
pela planta. Com a ausência do P, a incidência de ferrugem foi
de 54%, sendo que em 20% destes o nível de infestação foi mais
severo, com acentuada diminuição do crescimento da planta. Além
disso, os povoamentos que receberam fertilização fosfatada tiveram
fustes com dimensões 5% mais uniformes. Conclui-se que é possível assegurar altos níveis de produtividade do eucalipto utilizando
apenas fontes fosfatadas totalmente solúveis. Por apresentarem
maior teor de P em sua composição, os custos com transporte,
armazenamento e aplicação em campo são bem menores do que
quando se usa conjuntamente aplicações de fontes fosfatadas pouco
solúveis. O superfosfato complexado com substâncias húmicas é
uma alternativa tecnicamente viável para a nutrição fosfatada de
plantações de eucalipto.
4.4. Qualidade da aplicação dos fertilizantes
Devido à baixa mobilidade do P no solo, a aplicação do
fertilizante fosfatado deve ser realizada próximo ao sistema radicular para que, rapidamente, o P possa ser absorvido, aumentando o
crescimento das plantas e diminuindo as perdas por fixação de P e
a absorção pelas plantas daninhas. A garantia de boa uniformidade
aumenta a velocidade de crescimento inicial e a homogeneidade
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 148 – DEZEMBRO/2014
(a)
Folhas
Galhos
Lenho
Casca
(b)
5
a
a
4
ab
a
a
a
ab
ab
30
bc
c
3
b
20
2
Biomassa (t ha-1)
Índice de área foliar (m2 m-2)
a
40
10
1
0
0
PME
PCS
PSE
PMC
FNR Controle
PME
PCS
PSE
PMC
FNR Controle
Figura 8. Índice de área foliar (IAF) (a) e biomassa aérea (b) em plantio de Eucalyptus grandis com aplicação de diferentes fontes fosfatadas aos
25 meses após o plantio. Barras seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
Fonte: Bazani (2014).
do tamanho das plantas. O conhecimento dos atributos físicos e
químicos dos fertilizantes contribui para uma aplicação mais precisa
e uniforme, assegurando o atendimento às prescrições técnicas.
Estes atributos são, muitas vezes, negligenciados pelos silvicultores.
Prieto et al. (2014) avaliaram os atributos físicos e a qualidade
da aplicação de fertilizantes utilizados em plantação de eucalipto.
Foram aplicados três fertilizantes compostos por mistura de grânulos
(MGO), de formulação NPK 09-36-12 + 1% S + 0,2% Cu + 0,4% Zn,
e um composto por mistura granulada (MGA), de formulação NPK
03-17-05 + 16% Ca + 0,1% S + 0,2% Cu + 0,4% Zn (Tabela 4). As
MGOs foram produzidas utilizando-se como fontes: nitrato de amônio, MAP, KCl, sulfato de cobre e óxido de zinco. Em laboratório,
foram determinadas a granulometria e o ângulo de repouso de cada
produto; em campo, avaliou-se a profundidade de aplicação, a dose
e a segregação de nutrientes em uma adubadeira com capacidade de
carga de 1.000 kg. Os fertilizantes A1 e A2 são oriundos do mesmo
Tabela 4. Caracterização dos fertilizantes feita em condições de laboratório.
Os valores de granulometria se referem à quantidade de material
passante em cada malha.
Fertilizante
Natureza
física
Granulometria
4 mm
2 mm
1 mm
Fluidez
Graus (º)
- - - - - - - (%) - - - - - - - A1*
Mistura de
grânulos
97,8a
20,3a
2,4a
29,0a
A2*
Mistura de
grânulos
96,7b
13,7b
2,7a
28,9a
B1*
Mistura de
grânulos
98,1a
20,5a
2,7a
28,9a
C3**
Mistura
granulada
84,4c
0,2c
0,0b
27,3b
* A1, A2 e B1 = Fertilizante NPK 09-36-12 + 1% S + 0,2% Cu + 0,4% Zn.
** C3 = Fertilizante NPK 03-17-05 + 16% Ca + 0,1% S + 0,2% Cu + 0,4% Zn.
Fonte: Pietro et al. (2014).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 148 – DEZEMBRO/2014
fornecedor e possuem garantias semelhantes, embora constituídos de
matérias-primas diferentes. As MGOs apresentaram maior dispersão
granulométrica e maior presença de partículas finas (< 1mm). A MGA
apresentou maior densidade e fluidez (menor ângulo de repouso). O
fertilizante A2 apresentou menor proporção de partículas menores
que 2 mm (14%) em relação ao fertilizante A1, o que lhe conferiu
maior uniformidade entre os grânulos.
A profundidade de aplicação do fertilizante no sulco de subsolagem foi homogênea. Dos 720 pontos amostrados, apenas 2,5%
ficaram fora do limite de profundidade aceitável, não havendo relação
com o produto utilizado. A uniformidade obtida na profundidade de
aplicação do fertilizante, mesmo havendo grande presença de tocos na
área, é atribuída ao fato da fertilização ter sido realizada após a subsolagem. Assim, a linha de subsolagem fica livre de impedimentos que
inviabilizam a passagem contínua, em profundidade regular, da haste
de aplicação do fertilizante. Portanto, em áreas com grande quantidade de tocos deve-se evitar a realização da fertilização de base em
conjunto com a subsolagem. As doses aplicadas sofreram variações
entre ±10% e ±13%, independentemente do fertilizante utilizado.
Ao longo do ciclo de trabalho da adubadeira (aproximadamente 4 h) foram coletadas amostras de fertilizantes na posição de
saída deste implemento, em três situações: i) no início do ciclo (entre
100% e 66% da capacidade de carga), ii) no meio do ciclo (entre
66% e 33% da capacidade de carga) e iii) no final do ciclo (entre
33% e 0% da capacidade de carga). Não foi constatada segregação
do P dentro do reservatório (Tabela 5). O teor deste nutriente nas
amostras de fertilizantes variou entre 1% e 4%. Para as MGOs
A1 e A2, a variação ficou entre 4,0% e 2,3%, respectivamente. A
menor variabilidade do fertilizante A2 pode ser atribuída a maior
granulometria e uniformidade dos grânulos (Tabela 4). As variações de teores de Cu e Zn foram elevadas nas MGOs (30%). Foi
verificado aumento do teor destes micronutrientes ao longo da linha
de aplicação. A MGA apresentou menor variação nos teores de Cu
e Zn (7%). Este efeito se deve à presença de todos os nutrientes
no grânulo desta fonte. Segundo o fornecedor, no processo de
fabricação da MGA, a variação média do teor de Cu e Zn é de 5%.
9
Tabela 5. Teores de P, Cu e Zn informados no rótulo dos fertilizantes e nas amostras coletadas no início, no meio e no final da aplicação de 1.000 kg
de cada fertilizante.
Teor de nutrientes
Fertilizante1
Natureza física
Garantia
Início
Meio
Final
Coeficiente de variação
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (%) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Fósforo
A1
Mistura de grânulos
36,0
35,5
32,8
35,3
4,0
A2
Mistura de grânulos
36,0
34,1
35,7
34,5
2,3
B1
Mistura de grânulos
36,0
35,6
35,9
35,0
1,3
C3
Mistura granulada
17,0
16,2
16,2
16,5
1,2
Cobre
A1
Mistura de grânulos
0,20
0,12
0,31
0,24
43,0
A2
Mistura de grânulos
0,20
0,19
0,20
0,30
26,4
B1
Mistura de grânulos
0,20
0,18
0,22
0,26
18,2
C3
Mistura granulada
0,20
0,16
0,14
0,15
6,7
Zinco
1
A1
Mistura de grânulos
0,40
0,29
0,53
0,47
29,0
A2
Mistura de grânulos
0,40
0,31
0,34
0,62
40,4
B1
Mistura de grânulos
0,40
0,43
0,41
0,61
22,8
C3
Mistura granulada
0,40
0,25
0,26
0,23
6,2
A1, A2 e B1 = Fertilizante NPK 09-36-12 + 1% S + 0,2% Cu + 0,4% Zn, mistura de grânulos; C3 = Fertilizante NPK 03-17-05 + 16% Ca + 0,1% S
+ 0,2% Cu + 0,4% Zn, mistura granulada.
Fonte: Prieto et al. (2014).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O manejo da fertilização fosfatada em plantações de eucalipto deve considerar a intensificação de práticas de manejo conservacionistas, como o cultivo mínimo do solo, que potencializa
os processos de ciclagem do P e aumentam a eficiência de seu uso.
Devido ao longo ciclo de produção e às possibilidades de
interações com microrganismos e com a matéria orgânica do solo,
a dinâmica do P em plantações florestais apresenta comportamento
distinto do verificado em sistemas de produção agrícola com culturas anuais ou bianuais. O eucalipto é capaz de assimilar quantidades
consideráveis de P, mesmo sob baixa disponibilidade do nutriente,
oriundas da mineralização gradativa de formas orgânicas de P ao
longo da rotação de cultivo. A avaliação dessas formas de P no solo
e a melhor compreensão dos processos de mineralização e interação
com os microrganismos podem auxiliar no aperfeiçoamento dos
programas de fertilização fosfatada.
O critério econômico é fundamental no momento da
tomada de decisão sobre qual fonte fosfatada aplicar. Por exemplo,
entre 2013 e 2014, o custo por quilograma do P2O5 disponível às
plantas foi menor para as fontes solúveis, comparado ao do FNR.
O custo do quilograma de P2O5 disponível do superfosfato triplo
é de US$ 0,94 kg-1 (41% do P solúvel em CNA + água) e do FNR
é de US$ 1,64 kg-1 (9% do P solúvel em HCi 2%).
O uso de fertilizante fosfatado complexado com substâncias húmicas, que surgiu recentemente no mercado brasileiro,
tem se mostrado uma alternativa de excelente qualidade técnica,
além de viável financeiramente, por proporcionar vários benefícios. Além de favorecer a absorção de P, esse tipo de fertilizante,
quando na forma de mistura granulada de N, P, K, Cu e Zn e com
tratamento antiaglomerante, possibilita melhor escoabilidade na
adubadeira e baixo grau de segregação de nutrientes. Com isso,
10
devido a melhor homogeneidade de aplicação no campo, tem sido
possível o uso de adubadeiras com maiores reservatórios de carga
(1.000 kg a 2.000 kg), o que lhes conferem maior autonomia de
trabalho. Com índices de rendimento operacional mais altos, os
custos de aplicação de fertilizantes tendem a diminuir.
6. AGRADECIMENTOS
A CAPES, à FAPESP (Processo n° 2012/18234-5) e à
empresa TIMAC Agro pelo apoio financeiro durante a condução das
pesquisas em campo e à empresa International Paper por possibilitar
as avaliações referentes à qualidade da aplicação dos fertilizantes.
7. REFERÊNCIAS
BARROS, N. F.; NEVES, J. C. L.; NOVAIS, R. F. Recomendação de
fertilizantes minerais em plantios de eucalipto In.: GONÇALVES, J. L.
M.; BENEDETTI, V. Nutrição e fertilização florestal. Piracicaba: IPEF,
2000. p. 269-286.
BAZANI, J. H. Eficiência de fertilizantes fosfatados solúveis e pouco
solúveis, com ou sem complexação com substâncias húmicas, em
plantações de eucalipto. 2014. 129 p. Dissertação (Mestrado em Recursos
Florestais) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2014.
CUNHA, G. M.; GAMA-RODRIGUES, A. C.; COSTA, G. S.; VELLOSO,
A. C. X. Fósforo orgânico em solos sob florestas montanas, pastagens e
eucalipto no norte fluminense. Revista Brasileira de Ciência do Solo,
Viçosa, v. 31, p. 667-672, 2007.
GERKE, J. Humic (organic matter)-Al(Fe)-phosphate complexes: an underestimated phosphate form in soils and source of plant-available phosphate.
Soil Science, Philadelphia, v. 175, p. 417-425, 2010.
GONÇALVES, J. L. M. Fertilização de plantação de eucalipto. In: GONÇALVES, J. L. M.; PULITO, A. P.; ARTHUR JÚNIOR, SILVA, L. D.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 148 – DEZEMBRO/2014
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ESTAMOS PREPARADOS PARA NUTRIR ADEQUADAMENTE
OS SISTEMAS DE PRODUÇÃO COM ELEVADA PRODUTIVIDADE?
A Fertbio 2014 ocorreu em Araxá, MG, no período de 15 a
19 de Setembro. O evento foi realizado com brilhantismo, apresentando várias atividades que promoveram intensa discussão
sobre os mais diversos assuntos relacionados à Fertilidade do
Solo, Nutrição de Plantas, Biologia e Microbiologia do Solo.
Entre outras importantes atividades houve um Simpósio para
discutir o tema: Estamos preparados para nutrir adequadamente
os sistemas de produção com elevada produtividade? O tema,
sugerido à comissão organizadora do evento pelo IPNI Brasil,
é pertinente, considerando que os estudos que deram origem às
tabelas e modelos atualmente adotados para recomendação de
calagem e adubação em várias regiões do Brasil foram elaborados para realidades distintas das atuais, em relação ao sistema de
produção e às produtividades alcançadas.
O evento contou com a participação dos seguintes palestrantes: Dr. Rob Mikkelsen, IPNI EUA; Dr. Orlando Carlos Martins, SNP Consultoria; Dr. Álvaro Vilela de Resende, Embrapa
Milho e Sorgo, e Dra. Siu Mui Tsai, CENA/USP. Como debatedores, contou-se com a presença do Eng. Agr. José Francisco Cunha,
Tec-Fértil, e do Dr. Alfredo Scheid Lopes, UFLA. Serviram como
moderador e relator, respectivamente, Dr. Luís I. Prochnow, IPNI
Brasil, e Dra. Maria Ligia de Souza Silva, UFLA.
A comissão organizadora da Fertbio 2014 lançará em breve
uma publicação com o resumo das principais discussões e conclusões do evento, entre elas a do simpósio supra mencionado.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 148 – DEZEMBRO/2014
Entre os pontos relatados pelos participantes no simpósio,
destacam-se os seguintes temas, para os quais há necessidade
imediata de pesquisa, visando a melhor nutrição das principais
culturas no país:
• Atualização dos dados de extração e exportação de
nutrientes pelas culturas para as novas realidades e novos
sistemas de produção.
• Balanço específico de cada nutriente em sistemas de
produção, visando elevada produtividade.
• Quantificação dos processos de ciclagem de nutrientes
em diferentes combinações de culturas e ambientes de
produção.
• Tabelas de recomendação de adubação em função do
histórico da área, produtividade, extração e exportação
de nutrientes.
• Avaliação da biodisponibilidade de fósforo orgânico
presente nos solos.
• Validação das estirpes de microrganismos fixadores de N
em várias condições ambientais.
O IPNI Brasil considera que a divulgação de tais temas
específicos, carentes de pesquisa, bem como do resumo geral do
evento, a ser publicado, podem servir no direcionamento de pesquisas importantes que venham a implementar a adequada transferência
de tecnologia da ciência do solo para os agricultores.
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Nutrição fosfatada em plantações de eucalipto