Informativo da Associação Novilho Precoce/MS - edição 06 - JULHO/AGOSTO 2007 Pecuaristas resgatam a história do Novilho Precoce em MS CHAPA 2006/2008 - comemoração pelos nove anos Proporcionar melhores condições para a negociação de seus produtos, visando atender a crescente demanda por carne bovina de qualidade comprovada e com identificação de origem nos mercados nacional e internacional. Foi com esse objetivo em comum que há nove anos um grupo de pecuaristas fundou a Associação Sul-Mato-Grossense dos Criadores de Novilho Precoce. De um pequeno grupo de produtores, que mesmo antes de 1998 já apostavam no diferencial de seus rebanhos, hoje já somam mais de 180 associados. Foram momentos de dificuldades e superação, lutas e conquistas, alegrias e tristezas, mas sempre com a certeza de que todos trabalhavam unidos em prol do bem comum. É com muita emoção que recorda- remos um pouco dessa história através da narração dos condutores dessa 'casa'. Numa reportagem especial reunimos os ex-presidentes, Armando Araújo, Antônio José de Oliveira, mais conhecido como 'Totonho', Ezequiel do Valle, e o atual Nedson Rodrigues, para falar sobre essa caminhada de superações que deu certo. A reportagem completa você confere nas páginas 4 e 5. AINDA NESTA EDIÇÃO: Entrevista: Eduardo Riedel PÁG 3 Os prós e contras da bioenergia para pecuária brasileira PÁG 6 Associação reúne criadores para discutir parcerias PÁG 7 Artigo: Considerações econômicas na pecuária intensiva a pasto PÁG 7 02 FIQUE POR DENTRO EDITORIAL Caros associados e produtores rurais, No mês julho nossa Associação completou nove anos de existência e não tem como não parar e fazer uma breve reflexão sobre nossa história. De uma indignação e de um sonho, nasceu a Associação dos Produtores de Novilho Precoce. Lembro-me das palavras do primeiro presidente, senhor Armando Araújo, que dizia ser inconcebível produzir uma carcaça de um animal jovem, bem acabada, onde se tem uma melhor qualidade de carne (maciez, sabor) e vendermos pelo mesmo preço de um boi de cinco anos de idade ou de uma vaca velha. Foi com esse espírito que esta Associação nasceu, e continua sendo até hoje. As dificuldades foram muitas, desde a procura de um parceiro que reconhecesse a qualidade de nossos animais e tivesse disposto há pagar um pouco mais por isso, até internamente, conseguir uma regularidade de fornecimento e padronização das carcaças que seriam enviadas para as parcerias. Mas, mesmo com todas as dificuldades, não houve desânimo e a evolução e busca por melhorias sempre foram prioridades. Nesses nove anos o mercado mudou muito, e nós também tivemos que evoluir para não ficar para trás. Hoje, a busca pelo conhecimento do mercado e da cadeia produtiva da carne é essencial. Temos também que evoluir na produção, pois nossas margens estão apertadas e só a produtividade alta nos deixará em melhor situação. Estou muito otimista e acredito que até o final do ano teremos novidades em relação a novas parcerias e conquistas de mercados. As certificações de propriedades estão chegando para ficar, e já diz o ditado que “boi que chega na aguada primeiro, bebe água limpa" por isso a nossa dedicação a este assunto, que poderá nos trazer rendimentos extras e melhorias administrativas a nossas propriedades. Neste primeiro ano de mandato, conseguimos realizar alguns objetivos, como a instalação da balança do produtor, o aumento dos abates e também do número de associados, mas não podemos parar por aí, pois a transformação do mercado continua e nós também teremos que evoluir para poder atingir estes mercados, e só com nossa UNIÃO teremos sucesso!!! NEDSON RODRIGUES PEREIRA - Presidente Assoc. Novilho Precoce – MS EXPEDIENTE PRESIDENTE Nedson Rodrigues Pereira VICE-PRESIDENTE Ezequiel Rodrigues do Valle SECRETÁRIO GERAL Augusto Araújo de Oliveira TESOUREIRO Carlos Alberto Baldasso VICE-TESOUREIRO José Carlos Franco de Souza DIRETOR TÉCNICO Jerônimo Machado DIRETOR DE MARKETING Alexandre Scaff Raffi JORNALISTA RESPONSÁVEL Cristiane Nantes Sandim DRT 003/MS CRIAÇÃO E ARTE Wilson Mendes - (67) 9235-8388 ENDEREÇO Av. Mato Grosso n.° 942 Campo Grande/MS CEP 79002-230 Prezado Leitor, mande sua opinião, sugestão e/ou artigos para o e-mail [email protected] ou entre em contato pelo telefone (67) 3324-7082. Acesse o nosso site: www.novilhoms.com.br IN MEMORIAN O Novilho Precoce MS vem a público manifestar sua tristeza pela perda do ex-secretário estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Agrário, José Américo Flores do Amaral, uma das 187 vítimas do trágico acidente aéreo ocorrido no último dia 17 de julho, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo/SP. Produtor rural pioneiro na agricultura comercial, líder empresarial reconhecido nacionalmente e homem público de prestígio, José Américo Flores do Amaral concebeu e implementou no período de 1991 a 1994, como secretário na administração do então governador Pedro Pedrossian, diversos programas de fomento ao agronegócio sul-mato-grossense, entre os quais se destaca o Novilho Precoce. Pecuária de MS atraí grupo de empresários uruguaios Um consórcio de empresários uruguaios visitou o Estado, no mês de julho, onde realizou várias visitas com objetivo de trocar experiências e conhecer melhor a pecuária sul-mato-grossense. O grupo apresentou uma breve palestra sobre o sistema de produção e comercialização da carne bovina em seu País, durante reunião no Sindicato Rural de Campo Grande. Na oportunidade o grupo conheceu a experiência da Associação Novilho Precoce MS, representado no ato pelo seu presidente Nedson Rodrigues. A campo, os empresários puderam conferir o programa de confinamento da Fazenda Santa Eliza e o sistema de suplementação a pasto da Fazenda Sonho Real, ambas em Terenos. Eles conheceram também os trabalhos das fazendas São Joaquim e Cabeceira, além de visitarem os municípios de Bonito e Jardim. Por fim eles conferiram pessoalmente o sistema de produção da fazenda São Francisco, em Miranda, onde a criação das raças Nelore, Montana e Senepol acontecem integradas a lavoura de arroz irrigado e ao turismo. Em Maracajú os empresários foram conhecer os trabalhos de pesquisa da Fundação MS. Já na parte industrial a visita aconteceu no frigorífico Bertin, unidade de Naviraí. A visita foi intermediada pela Embrapa Gado de Corte. 03 ENTREVISTA EDUARDO RIEDEL Pecuarista e vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS Visando atender demandas de possíveis parceiros comerciais, técnicos que prestam assistência às fazendas credenciadas a Associação Novilho Precoce em Mato Grosso do Sul passaram por um treinamento, na Embrapa Gado de Corte, para implantação das Boas Práticas Agropecuárias (BPA) e Eurepgap. A simulação aconteceu no início de julho com o objetivo de mostrar, na prática, como funciona os tramites para adesão ao sistema. Para falar sobre essa experiência o pecuarista Eduardo Riedel, que teve sua propriedade certificada após o treinamento, é o entrevistado dessa edição. Quais os passos para certificar a propriedade? Existe uma lista de exigências com uma série de itens a serem atendidos nas mais diversas áreas e que podem ser de natureza obrigatória ou recomendável, e que deve ser analisada por uma auditoria externa para verificação de conformidade destes itens. Estas áreas são agrupadas da seguinte maneira: Gestão Econômica e Financeira, Função Social do Imóvel Rural, Responsabilidade Social, Gestão Ambiental, Instalações Rurais, Manejo Pré-Abate e Bons Tratos na Produção Animal, Formação e Manejo de Pastagens, Suplementação Alimentar, Identificação Animal e Rastreamento, Controle Sanitário e Manejo Reprodutivo. Dentro de cada uma dessas áreas há pontos de controle que devem ser atendidos e podemos observar que o conjunto dessas iniciativas leva a sustentabilidade social, ambiental, produtiva e econômica da propriedade. Um técnico capacitado pode orientar o produtor na condução das medidas a serem tomadas para em seguida a propriedade passar por uma auditoria para buscar a certificação. Quais as dificuldades encontradas no processo? Os itens de caráter obrigatório já são cumpridos pela maioria das propriedades que buscam resultados positivos e tem ligação com os deveres legais da atividade, como por exemplo ter os funcionários registrados em carteira, atender obrigações fiscais, capacitar funcionários, utilizar insumos conforme recomendação técnica, seguir calendário oficial de vacinação e outros. Os altamente recomendáveis e recomendáveis são aqueles pontos de controle em que o produtor pode implementar em sua atividade para que melhore seu sistema de produção. Em muitas situações a propriedade não está apta a atender uma dessas exigências, mas o produtor pode superar um ponto específico com dedicação e principalmente em analisar o impacto daquela medida no seu negócio. Qual a relação custo X benefício? No curto prazo há uma dificuldade em se remunerar o produto de uma propriedade certificada, mas esta realidade está mudando rapidamente. Costumo dizer que o maior benefício que o produtor tem de imediato não é no valor de seu produto, mas no ganho que ele tem com os processos implantados dentro da propriedade. Os investimentos vão sendo feitos na medida em que se avança na implantação da certificação e que os resultados aparecem, e muitos dos pontos de controle podem ser realizados sem gastar um real adicional, apenas com modificação de procedimentos. Estamos assistindo a todo o momento iniciativas de restringir o mercado de carne brasileiro em função de “barreiras” que se colocam com esse fim. Infelizmente o mercado está cada vez mais agressivo e me parece que em curto espaço de tempo este mercado vai colocar em prática restrições em nosso produto. Acredito que teremos que nos preparar para este momento. A Associação do Novilho Precoce do Estado é um bom exemplo de como esta organização e esta realidade de mercado está fazendo diferença. Apesar de todas as dificuldades negociais que existem vislumbra-se hoje um mercado diferenciado para animais com origem certificada, uma vez que se tenha planejamento de entrega em volume e constância. A certificação pode influenciar no gerenciamento da propriedade? Como? Sem dúvida. Muitas vezes no processo de certificação aprendemos técnicas gerenciais e procedimentos que mudam o gerenciamento da propriedade como um todo. Mudam a relação com funcionários, manejo dos animais, sistemas de anotação e uma série de itens que ao buscar a implantação de um ponto de controle você é forçado a se adequar, aprender e executar uma nova dinâmica dentro do seu negócio que é muito saudável para o resultado global. 5 - O produtor sul-mato-grossense está preparado para aderir às mudanças impostas pelo mercado internacional? O que falta? Acredito que sim. O produtor do Estado é um dos mais tecnificados deste País e está sensibilizado para encarar desafios. Vamos analisar recentemente os eventos de aftosa que ocorreram no sul do Estado e como está se dando à volta por cima, com esforço de todos envolvidos nesta questão. A determinação e a vocação do nosso produtor com a atividade de pecuária de corte impressionam. Temos que entender que o momento é outro e que o mundo mudou, tomando a atitude de mudança, de quebrar paradigmas e conquistar estes espaços. A organização e associação são imprescindíveis neste processo. As tecnologias de produção estão disponíveis, mas os grandes desafios estão fora da porteira, e são neles que temos que focar. A possibilidade de parceria entre produtor e frigorífico seria uma via para agilizar esse processo? Cada vez mais nosso produto será avaliado pela eficiência da cadeia produtiva como um todo. Não adianta achar que temos o melhor produto. Quem decide é o consumidor. Quero aqui fazer uma reflexão. Estamos vendo a rápida mudança do setor frigorífico em um espaço de tempo muito curto. Estão se tornando gigantes e está havendo uma concentração de mercado muito forte. Quem conquistou os mercados internacionais? Foi nosso produto? Como estamos inseridos estrategicamente nesta cadeia? Qual a nossa capacidade de assumir riscos? Qual a nossa capacidade de organização econômica e política? A reflexão sobre estas questões pode responder em parte a esta pergunta. Não existe um modelo estabelecido para se atingir um mercado, mas passa necessariamente pelo fortalecimento da cadeia produtiva. Ninguém vai nos dar este espaço. Teremos que conquistá-lo. REPORTAGEM ESPECIAL 04 Pecuaristas resgatam a históri S eriedade, responsabilidade e agendado o abate do primeiro lote. “Me amizade. Esse é o tripé de uma lembro como se fosse hoje, eu e o Tonihistória de muita luta e supe- nho (Antônio Pereira Neto – in memoração que começou aos vinte rian) aqui nesse hotel (a entrevista foi cinco dias do mês de julho de realizada no Hotel Exceler – sede inicial 1998, quando um grupo de produtores da Associação). Após a venda do primeiresolveu se unir em prol de um produ- ro lote jantamos satisfeitos e festejamos to em comum que possuíam: o Novilho o sucesso do primeiro negócio fechado, Precoce. inclusive, tínhamos uma parceria nesse Aos 73 anos o pecuarista Armando primeiro lote abatido”, comenta com um Araújo, idealizador da Associação do sorriso no rosto e emenda: “numa ocaNovilho Precoce no Estado, mantém vi- sião, quando ainda jovem, um professor vo na memória todos os passos dessa de latim me deu um livro com uma decaminhada que completa em 2007 seus dicatória q dizia que não há obstáculos nove anos. Emocionado, ele descreve co- para quem quer vencer na vida. Esta foi mo tudo começou. “A gente sempre lu- a nossa primeira vitória”. tou com uma dificuldade muito grande Reconhecendo suas limitações e para valorizar o produto sempre apoiado pela fanobre que tínhamos. Os mília, Araújo permaneobstáculos foram muitos ceu como presidente da por que tanto fazia venAssociação por apenas der um precoce como um um mandato, sua gestão boi carreiro, o preço era chegou ao fim em 1999. o mesmo. O máximo que Em silêncio por alguns conseguíamos era entrar segundos, ele voltou a na escala de abates. Foi encher os olhos de láaí que decidimos pargrimas ao se lembrar do tir para uma luta mais companheirismo da esARMANDO ARAÚJO agressiva”. posa, a qual ele carinhoJá com os olhos samente se refere como cheios de lágrimas AraúIsa. “O carinho com que jo lembra os vários contatos feitos nos ela se dedicava ela lindo de ver. Queria primeiros meses em busca de parcerias, que tudo desse certo e sempre me coquase todos sem sucesso algum. “Fo- brava resultados”, diz emocionado. ram meses de trabalho afinco até que, Eleito por unanimidade, Antônio Jopor obra do destino, nos foi apresentado sé de Oliveira assume o lugar de Armano diretor chefe do programa Garantia de do Araújo no ano seguinte. Começava Origem do Carrefour, Arnaldo Eijinsk. então uma nova gestão onde o principal Ele nos acatou de uma forma muito in- propósito era crescer, crescer e crescer. centivadora e passou a nos orientar, “Sempre sonhamos em fortalecer cada principalmente no aspecto sanitário do vez mais a Associação, isso através da gado”, menciona ele ao relembrar os inserção de mais pessoas. Era uma vipreparativos para o primeiro embarque. são de poder de barganha que poderia Segundo Armando Araújo, Eijinsk contribuir na comercialização”, resume era muito ponderado, razão pela qual José de Oliveira. o primeiro embarque demandou um peE realmente foi o que aconteceu. O ríodo maior que o previsto. Já próximo Carrefour, que já era parceiro, começado final do ano de 1998, finalmente foi va a contar com escala e volume, porém, “Não há obstáculos para quem quer vencer na vida” ArMANDO ArAÚJO no meio da parceria existia o frigorífico, o complicador da história. “A evolução não caminha com todos os elos na mesma direção”, enfatiza Antônio ao recordar que a comercialização quase desestruturou a Associação. Além de pecuarista Oliveira já foi proprietário de frigorífico, motivo que o permitiu articular com êxito a relação produtor X frigorífico, o que seria um possível gargalo naquela época. Para Oliveira, ANTÔNIO JOSÉ DE OLIVEIRA esse tipo de problema não é mais visto como uma ameaça. “Está havendo um ajuste. Já vemos muitas parcerias entre frigoríficos e produtores”, pondera. Essa evolução de conceitos é a marca do Novilho Precoce, segundo José Oliveira. “Entramos num programa sem volta, que tem que ser melhorado dia-adia. Quem experimenta o sabor do que é bom não dá um passo para trás”, opina ao fazer um convite para os pecuaristas que ainda não conhecem esse cenário: “não precisa nem gastar dinheiro. Visite os amigos que estão no programa, conheçam exemplos e tirem suas conclusões”. Antônio José de Oliveira permaneceu à frente da presidência do Novilho Precoce por dois mandatos, até o ano de 2003. Em nova eleição quem assu- “A evolução não caminha com todos os elos na mesma direção” ANTÔNIO JOSÉ De OLIveIrA ATA CrIAçãO ASSOCIAçãO N 05 ria do Novilho Precoce em MS miu foi o engenheiro agrônomo e diretor de marketing da Associação, na gestão 2002/2003, Ezequiel do Valle. Ao se formar a chapa para a gestão 2004/2006, surpreso, Ezequiel do Valle foi convidado pela diretoria em exercício para assumir a presidência. “Foi com muita honra que aceitei esse desafio. A objetividade das ações desenvolvidas, o apoio e a colaboração de todos os membros da diretoria foram fatores decisivos para o sucesso da nossa gestão”, confidencia. Tornar a Associação uma entidade reconhecida pela qualidade da sua produção, regularidade e quantidade de oferta, proveniente de sistemas de produção auto-sustentáveis, dar continuidade e melhorar as parcerias já existentes, essa era a proposta da nova diretoria. Para tanto, foram iniciados e concluídos diversos trabalhos referentes à melhoria do sistema de gestão, de informações técnicas aos associados, de relacionamento, de critérios de classificação dos animais para abate, edição de material de divulgação, dias de campo para associados e busca de alianças mercadológicas. Foi durante a coordenação de Ezequiel que os pecuaristas passaram pelo momento mais crítico de comercialização. Em outubro de 2005, devidos a constatação de focos de febre aftosa no sul de Mato Grosso do Sul, o Estado teve suspenso seu status sanitário e consequentemente foi excluído do mercado exportador. Os preços no mercado interno sofreram quedas sensíveis, quase que inviabilizando o Programa Novilho Precoce. NOvILHO PreCOCe / MS “Pode-se observar, na Associação e tam- ção com os associados. bém no Estado, uma queda substancial Os propósitos da atual gestão não no percentual de animais jovens enca- param por aí. Hoje a Associação já arminhados ao abate. Houve uma redução ticula novas parcerias (negociações em sensível dos animais classificados com andamento com o Frigorífico Friboi e o dente de leite e dois dentes”, lembra Programa Supreme Meat, que é fornedo Valle. Contudo, a grande colabora- cedor de carne para a rede de restaução dos associados, que mesmo diante rantes Outback Steak House), incentiva daquele cenário não interromperam o financeiramente a certificação de profornecimento de animais, permitiu que a priedades (Eurepgap e Boas Práticas parceria com rede varejista fosse man- Agropecuárias), participa efetivamente tida. de feiras internacionais, visando conhePassado o pior mocer o mercado e clientes mento da pecuária esde carne de qualidade e tadual, que ainda não vem trabalhando também foi totalmente revertina criação de um selo da do, pois Mato Grosso Associação junto com o do Sul aguarda o reselo do Garantia de Oriconhecimento de área gem do Carrefour, ações livre da aftosa com vaque darão ao Novilho Precinação, os associados coce sul-mato-grossense EZEQuIEL DO VALLE do Novilho Precoce mais competitividade e contam hoje com um visibilidade. novo companheiro, o pecuarista Nedson Na visão de seu idealizador, o Novilho Rodrigues. Precoce MS está num patamar favorável Eleito para o mandato 2006/2008 Ne- porque nunca deixou de progredir com dson já acumula objetivos realizados, co- responsabilidade. “Se ele tem sucesso mo melhorias na parceria com o Carre- hoje é por causa da equipe que lá está four (foi instalada esse ano a balança do se doando totalmente. Isso tudo é um produtor no Frigorífico Peri), nos índices crescer e jamais a Associação, tenho a de classificação de carcaças (93% até ju- impressão, vai atingir seu objetivo final, nho), e a criação do Informativo Novilho pois será um crescer permanente”, conPrecoce, visando melhorar a comunica- clui Armando Araújo. “O melhor caminho é a união de esforços” IN MEMORIAN Relembrar um passado é sempre memorável, principalmente quando nele há uma história que corta a voz e enche os olhos de emoção. Foi assim que por várias vezes os amigos Antônio Pereira Neto e Gaspar de Oliveira Campos, mentores da criação da Associação, mas já não presentes entre nós, foram lembrados no decorrer dessa entrevista. Unânimamente eles tiveram seus esforços e dedicação reconhecidos, seja pela excelência em produção, como era o caso de Gaspar Campos, ou ainda pelo companheirismo incansável de luta, a exemplo de Antônio Pereira Neto, mais conhecido como Toninho. Oportunidade de reviver é também uma oportunidade de enaltecer a todos que contribuíram direta ou indiretamente dessa história. eZeQUIeL DO vALLe NeDSON rODrIGUeS 06 Os prós e contra da bioenergia para pecuária brasileira O mundo está vivendo a era da biomassa, da bioenergia. É a agroenergia que torna-se cada vez mais viabilizada pelo desenvolvimento tecnológico e pela elevação dos preços do petróleo e seus derivados. O campo é chamado para produzir estes combustíveis, renováveis e de menor impacto ambiental. Nosso País apresenta dimensões continen- tais com 8,5 milhões de quilômetros quadrados de superfície. Tem quase todos os climas, todos os tipos de solo e os maiores índices de insolação. É um verdadeiro laboratório de fotossíntese. Possui a maior floresta natural, a mais extensa fronteira agrícola a ser explorada e a maior reserva de água doce localizada em região compatível com agricultura intensiva. Todos esses fatores o fazem imbatível em potencial comparativo sobre os demais países para produzir energia a partir de cana, florestas e oleaginosas. Contudo, muitas opiniões sobre esse processo divergem. Para falar sobre o assunto, autoridades sul-mato-grossenses dão o seu ponto de vista. 07 “Novilho Precoce” A Associação do Novilho Precoce em Mato Grosso do Sul reuniu seus associados em Junho passado para discutir futuras parcerias comerciais. Também na oportunidade o grupo avaliou as atividades até agora desenvolvidas. Só nos primeiros cinco meses desse ano, 24.031 bovinos já foram abatidos, sinalizando que a escala vem aumentando gradativamente. A reunião, que aconteceu em junho no Sindicato Rural de Campo Grande, contou com a presença de mais de 100 pessoas. Na oportunidade o presidente da Associação, Nedson Rodrigues Pereira, apresentou propostas de parcerias onde a demanda mensal é superior a 300 animais. “A associação vem ganhando espaço no mercado. É um produto diferenciado e de valor agregado. Já estamos nos preparando, inclusive, para certificar nossos associados”, afirmou Nedson que otimista espera para setembro à recuperação do status sanitário do Estado, momento em que as parcerias poderão ser fechadas. Hoje, um grande parceiro da Associação é o Grupo Carrefour que há seis anos comercializa em suas gôndolas em Associação reúne criadores para discutir parcerias Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro o precoce sul-mato-grossense. O médico veterinário e especialista em Garantia de Origem do Carrefour em Mato Grosso do Sul, Thiago Mascarenhas Fogaça, apresentou uma breve palestra sobre o Programa Garantia de Origem. Este selo é uma identificação que, em todas as etapas, do campo à gôndola, foram preparados dentro de conceitos rigorosos de qualidade, responsabilidade ambiental e social. “Para o Carrefour, é fundamental conhecer a procedência de todos os produtos que revende. A parceria com o Novilho Precoce no Estado, sem dúvida, é investir em qualidade, e para nós qualidade dá resultados”, justifica ele. Por fim, outra proposição discutida entre os associados foi sobre rastreabilidade e certificação. Visando motivar os produtores a Associação irá custear parte da certificação aos primeiros criadores que adotarem a ferramenta. ARTIGO Considerações econômicas na pecuária intensiva a pasto A pecuária tradicional de corte não resiste à análise econômica da atividade, quando considerarmos o expressivo patrimônio imobilizado (terra, benfeitorias e equipamentos) – aproximadamente R$ 3 mil por hectares – onde se engorda apenas um boi por hectare a cada 30 meses. O problema pode ser solucionado através da intensificação da atividade, aumentando progressivamente a capacidade de suporte das pastagens pela divisão das áreas e utilização de adubações tecnicamente conduzidas. Estamos, atualmente, desenvolvendo um sistema de intensificação na produção de carne, numa área de 140 hectares de capim Mombaça, dividida em 10 rotacionados, com 8 piquetes cada, totalizando 80 piquetes com áreas variando entre 0,3 a 3,0 hectares/piquete. O custo da adubação para o próximo ano é de R$ 500,00 por hectare, com as dosagens médias de NPK estimadas em 225-150-100 Kg/ha. A capacidade de suporte projetada é de cinco novilhas/ha, no período da safra. Com tais números torna-se viável a avaliação econômica do empreendimento, como podemos observar ao lado. José Carlos Franco de Souza 8145-4627 / 3383-7760 - E-mail: [email protected] 1. Diante do exposto acima, constatamos que a intensificação da atividade gera um lucro líquido/ha superior em quase seis vezes à atividade tradicional. Esses dados não têm como objetivo criar polêmica em torno de custos e receitas, mas tão-somente abrir um amplo horizonte onde o limite poderá ser atingido em função das técnicas utilizadas. 2. O investimento pode alcançar retorno financeiro em valores ainda mais significativos se considerarmos que a capacidade suporte de 5 cab/ha pode ser mais do que dobrada. 3. Mesmo com todos os recurso técnicos e financeiros disponíveis, não é possível passar de 1 cab/ha para 5 cab/ha em apenas um período de engorda. A evolução demanda tempo e controles rigorosos de custos e receitas, para não perdermos o foco principal que é o lucro da atividade. 08 A conquista de novos mercados. Estamos chegando lá. O Brasil vem se destacando como um dos países mais competitivos no mercado internacional de produtos de origem animal. Contudo, existe uma preocupação na Comunidade Européia com o produto final, ou seja, qual a forma como estes animais estariam sendo criados, alimentados, alojados, transportados e abatidos. A iniciativa tem a sua origem nos consumidores, que passaram a exigir informações mais detalhadas a respeito do produto e com ele uma série de preocupações. As leis do bem-estar animal sobre animais de produção são conhecidas como “diretivas”. Ao contrário do que alguns pensam, “diretivas” não são apenas recomendações, ou seja, deve-se estabelecer um resultado a ser alcançado. As atuais diretivas sobre animais de produção têm grande abrangência, atuando desde o modo de criação até a forma como são abatidos. Na prática, os conhecimentos disponíveis sobre a vida dos bovinos têm sido pouco utilizados para a definição da rotina de trabalho nas fazendas, resultando em um manejo inadequado, com sérias conseqüências no desempenho produtivo e na qualidade da carne. Já se sabe que reduzindo o stress dos animais durante o manejo ocorre uma diminuição de riscos de acidentes tanto dos animais como para os peões que lidam com eles, diminuindo assim o número de contusões na carcaça tornando a carne mais macia e saborosa. A realidade vivida no dia-a-dia de uma fazenda de criação de bovinos alterna momentos de tranqüilidade com outros de extrema agitação, tanto para os homens que ali trabalham como para os animais que nela vivem, caracterizadas pelo trabalho duro – e muitas vezes agressivo – que coloca homens e animais sob estresse e sérios riscos de acidente. Assim, atividades como apartar, identificar, vacinar, curar, etc., têm sido conduzidas de forma equivocada, com ações agressivas que condicionam os animais a terem medo de humanos e das áreas de manejo. Há evidências concretas de que é possível desenvolver relações positivas entre humanos e bovinos na fazenda e que não são necessários grandes investimentos para que isto seja alcançado. Para tanto basta aplicarmos os conhecimentos já disponíveis para adaptar os sistemas de manejo às características e necessidades dos bovinos, e não o inverso. A pecuária brasileira tende a manter-se na liderança mundial, no quesito carnes. A situação é favorável, pois as opções oferecidas aos importadores, atende aos mais variados mercados. Não obstante estas situações de diversificação de opções têm ainda o item quantidade. Estas duas realidades, que a princípio nos permite certa vantagem ante nossos concorrentes, passarão a ser contestadas dentro de pouco tempo. Pensando nisso a rastreabilidade dos animais e das propriedades, assim como as normas de Bem Estar Animal estão ai e devem ser colocadas em prática, certificação Eurepgap e Boas Práticas Agropecuárias (BPA) nada mais são do que a aplicação destas normas e diretrizes para que os produtores possam continuar conquistando novos mercados com melhor remuneração. *Fonte: Equipe de qualidade de carne / FZEA-USP