556 Avaliação da atividade antimicrobiana do óleo essencial de Rosmarinus X Salão de officinalis L. frente a Pseudomonas aeruginosa Iniciação Científica PUCRS Isabel da Costa Schaefer1, Marcos Aurélio Almeida Pereira1e 2, Denise Milão1 (orientador) 1 Faculdade de Farmácia, PUCRS 2 PGETEMA, PUCRS Introdução Devido ao aumento crescente da resistência bacteriana aos medicamentos disponíveis no mercado, alternativas terapêuticas aos antimicrobianos devem ser estudadas e pesquisadas. O alecrim, Rosmarinus officinalis (Lamiaceae), possui diversos usos e é amplamente utilizado empiricamente como antioxidante, antitumoral, antiinflamatório, analgésico, diurético, alem de diversos outros usos. A utilização de óleos essenciais na pesquisa sobre a atividade antimicrobiana é bastante intensa e tem aumentado a cada ano. Existe uma demanda pelo uso terapêutico de produtos naturais e várias pesquisas apontam para encontrar óleos essenciais com atividade antimicrobiana suficiente para poderem ser utilizados como componentes ativos em produtos farmacêuticos. A presente pesquisa teve como objetivo estudar a atividade antimicrobiana do óleo essencial de Rosmarinus officinalis L contra Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853. O óleo essencial foi obtido por destilação por arraste de vapor das partes aéreas floridas Rosmarinus officinalis L. A Pseudomonas aeruginosa é um microorganismo patogênico oportunista que não deve estar presente em formulações farmacêuticas. Metodologia Para a verificação da atividade antimicrobiana do óleo essencial, foi utilizado o método de difusão em ágar. Foi preparado uma suspensão de Pseudomonas aeruginosa em solução salina (NaCl 0,9%) para obter aproximadamente 108 UFC/mL (escala de McFarland). X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 557 Foram preparadas placas de Petry contendo 15 mL de agar Müller-Hinton como meio de cultura base. Sobre essa foi adicionado uma camada do mesmo meio de cultura inoculado com Pseudomonas aeruginosa na concentração de aproximadamente 105 UFC/mL. Foram distribuídos cilindros de aço inoxidável esterilizados nas placas onde foi adicionado 0,2 mL do óleo essencial nas concentrações de 8%, 4%, 2%, 1%, 0,5%, 0,25% e 0,125% utilizando Tween 20. As placas foram colocadas em estufa a 37ºC por 24 horas. Apos este período, foi realizado a análise dos resultados através da observação e medida dos halos de inibição. Resultados e discussão Após o período de incubação de 24 horas não foram observados formação de halo de inibição em nenhuma das concentrações testadas do óleo essencial. Este resultado difere dos encontrados na literatura onde este óleo essencial apresenta halo de inibição contra P. aeruginosa. Neste tipo de ensaio, é necessário que ocorra a difusão da substância testada através do meio de cultura sólido para o aparecimento de um halo de inibição de crescimento do microorganismo. Este método é utilizado normalmente para substâncias de natureza hidrofílica e os testes são padronizados para esta condição (Nascimento, 2007). Desta forma, nos ensaios com óleos essenciais, que são voláteis, insolúveis em água, viscosos e complexos, é necessário utilizar solventes e agentes solubilizantes, como por exemplo do Tween 20 (Fraternale, 2006), Tween 80 (Tzakou, 2007), DMSO - dimetilsulfóxido (Sabulal, 2007), Dietil-eter (Oladimeji, 2004) e álcool (Tan, 2007). Neste estudo foi utilizado Tween 20 como solubilizante, mas apesar disto pode não ter ocorrido difusão suficiente do óleo essencial através do ágar para formar halo de inibição. Também podem ter ocorrido outros fatores que interferem na formação dos halos de inibição. A carga microbiana inicial e o tempo da fase lag do microorganismo relacionadas com a velocidade de difusão da substância no ágar são determinantes para a formação e o tamanho do halo de inibição. Por isto o tempo da prédifusão é importante, pois a temperatura é mantida abaixo da temperatura ideal de crescimento do microorganismo permitindo que a difusão do produto atinja uma área maior no ágar. Alem disto, é importante determinar a concentração crítica que é a concentração do produto na posição limítrofe entre o crescimento e a inibição e a população crítica que é a população microbiana no tempo (t0), no qual ainda não foi atingida a população inibitória. Um crescimento além da população critica resulta numa quantidade de microorganismos capazes de absorver completamente o produto testado e impedindo uma maior difusão (Lourenço, 2006). Também deve ser levado em consideração na interpretação dos resultados que a atividade antimicrobiana de um mesmo óleo essencial pode variar de acordo com a sua X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 558 composição química que sofre influência da região onde a planta é cultivada e das condições de coleta, de armazenamento e secagem, assim como das condições de extração do óleo da planta. Conclusão Neste estudo não foi possível observar ação antimicrobiana de óleo essencial de Rosmarinus officinalis L. contra Pseudomonas aeruginosa, mas outros estudos devem ser realizados sendo necessário padronizar as condições de ensaio conciliando o fenômeno físico de difusão (velocidade de difusão dos componentes lipofílico do óleo essencial através do ágar) e os fenômenos biológicos relacionados ao microorganismo (concentração do inoculo e tempo de crescimento), ao meio de cultura (espessura e uniformidade da camada do meio de cultura) e as condições de incubação (tempo de pré-incubação), para que a distância da difusão possa ser medida, após a revelação sob a forma de halo de inibição. Referências FRATERNALE, Daniele, et alli., Chemical Composition, Antifungal and In Vitro Antioxidante Properties of Monarda didyma L. Essential Oil. Journal of Essencial Oil Research. Vol. 18, (2006), pp. 581-585. LOURENÇO, Felipe Rebello., Doseamento microbiológico de gentamicina por difusão de Agar – proposta de delineamento experimental. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006. Dissertação (Mestrado em Farmácia), Departamento de Farmácia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, 2006. NASCIMENTO, Paula F.C. et alli., Atividade antimicrobiana dos óleos essenciais: uma abordagem multifatorial de métodos. Revista Brasileira de Farmacognosia. Vol. 17, Nº 1 (2007), pp. 108-113. OLADIMEJI, F.A.; ORAFIDIYA, Lara O.; OKEKE, I.N. Physical properties and antimicrobial activities of leaf essential oil of Lippia multiflora Moldenke. The International Journal of Aromatherapy. Vol. 14, (2004), pp. 162-168. SABULAL, Baby. et alli., Chemical Composition and Antibacterial Activity of the Rhizome and Leaf Oils o f Amomum Hypoleucum Thwaites. Journal of Essencial Oil Research. Vol. 19, Nº 3 (2007), pp. 279-281. SANTOYO, S., et alli., Chemical Composition and Antimicrobial Activity of Rosmarinus officinalis L. Essential Oil obtained via Supercritical Fluid Extration. Journal of Food Protection. Vol. 68, Nº 4 (2005), pp.790-795. TAN, M., et alli., Chemical Composition and Antimicrobial Activity of the Flower Oil of Russowia sogdiana (Bunge) B. Fedtsch. (Asteraceae) from China. Journal of Essencial Oil Research. Vol. 19, (2007), pp.197-200. TZAKOU, O., et alli., Composition and Antimicrobial Activity of Chenopodium botrysL. Essential Oil from Greece. Journal of Essencial Oil Research. Vol. 19, (2007), pp. 292-294. X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009