REVISTA DO CONSELHO DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA ARTYOM SHARBATYAN / WIKIMEDIA EDIÇÃO 8 ANO II / OUTUBRO DE 2015 NOVOS DESAFIOS Presidentes transformam Colégio em Conselho dos Tribunais de Justiça. Mudança foi decidida durante o 104º Encontro, em Curitiba. Eleição no Espírito Santo Tribunal escolhe novos dirigentes para o biênio 2016-2017 Encontro no Rio Presidentes do Conselho dos Tribunais de Justiça se reúnem no Rio de Janeiro 100% digital Tribunal do Tocantins conclui a implantação do PJe REVISTA DO APRESENTAÇÃO Mudar o modelo. É preciso! Esta revista, no seu segundo ano de vida, chega à 8ª Edição, renovada por ser a primeira do Conselho dos Tribunais de Justiça que não é apenas uma nova designação dada ao Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil, mas sim um passo firme no sentido de consolidar nosso colegiado como instituição essencial e destinada a preencher a lacuna decorrente do fato de a Constituição da República ter criado o Conselho da Justiça Federal (art. 105, Parágrafo Único, II) e o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (art. 111-A, § 2º, II), sem, contudo, dotar o maior segmento do Judiciário Nacional, vale dizer, a Justiça dos Estados, de um órgão semelhante. Há, portanto, nesta edição um duplo significado: I) representa a inequívoca demonstração de que a atual gestão do Conselho conseguiu cumprir integralmente a meta de criar e manter um órgão de divulgação dos seus atos e de suas reuniões de trabalho, bem como de boas práticas adotadas pelos Tribunais de Justiça, fazendo, além disso, em cada edição, o registro histórico do Judiciário de um Estado da Federação; II) serve de marco inicial de um tempo mais proveitoso nas atividades do Conselho, de modo a assegurar maior conhecimento à nova feição conferida ao colegiado dos Presidentes dos Tribunais Estaduais. Na apresentação dos números OUTUBRO 2015 anteriores, tenho reiterado alertas sobre os cenários difíceis e de elevada gravidade enfrentados mais recentemente pelo Brasil, os quais terminam produzindo, ao lado do progressivo aumento no gigantesco acervo dos processos que há muito tramita nos nossos tribunais, a judicialização de questões de elevada complexidade e cuja solução, por isso mesmo, exige maior tempo, contribuindo para as elevadíssimas taxas de congestionamento reveladas nos anuários estatísticos publicados pelo Conselho Nacional de Justiça. Conforme o último relatório Justiça em Números, publicado no corrente ano com dados relativos ao exercício anterior, tramitam em nossas Varas e Tribunais cerca de 100 milhões de processos, embora em 2014, contando com 16.927 magistrados, o Judiciário Brasileiro tenha julgado definitivamente, isto é, baixado 28,5 milhões de processos, o que indica um excelente desempenho demonstrado pela média anual de 1684 feitos por magistrado ano ou 140 mês e 7 por dia, considerando-se 20 dias úteis de trabalho neste último período. Não precisa grande esforço de compreensão para concluir que os nossos magistrados, no geral, enfrentam uma situação de exaustão na sua capacidade de atender com eficiência à demanda por prestação jurisdicional exigida pelos órgãos do Estado, empresas e demais "A história da nossa grande nação tem todo o tempo que não temos. De nossa parte, basta começar!" Desembargador Milton Nobre Presidente do CTJ 3 REVISTA DO pessoas no Brasil. Que a equação entre a quantidade de processos e o número de magistrados precisa ser equalizada em patamares compatíveis não só com a proporcionalidade necessária a garantir a qualidade da prestação jurisdicional adequada, como também com os recursos humanos e técnicos passíveis de disponibilização para esse fim. E, sobretudo, com o custo que os brasileiros têm capacidade de pagar por esse serviço essencial à manutenção da paz e da tranquilidade sociais, em especial considerando que isso chegou em 2014 a 1,2% do nosso Produto Interno Bruto. Tomando por empréstimo a aguda observação do muito prezado colega Desembargador José Renato Nalini, Presidente do e. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, feita em recente entrevista divulgada na Revista Eletrônica CONJUR, edição de 12.10.2015, precisamos "chamar a atenção da sociedade de que se é esse modelo que ela quer, então, que ponha a mão no bolso e prepare-se para ser sacrificada ainda mais, porque a máquina não vai parar de crescer". Em resumo, como o problema, certamente, está além do Judiciário, não se resolve apenas com mais juízes, servidores, meios técnicos de apoio e novos métodos de trabalho, mesmo porque isso envolve mais recursos financeiros e estes são e serão sempre insuficientes ou, para usar expressões em moda, limitados ao possível. 4 É preciso, como disse Naline, mudar o modelo. E isso só pode ocorrer a longo prazo, a partir de mudanças na formação e, portanto, no perfil profissional de todos os atores necessários ao cenário da Justiça antes ou mediante o processo judicial. Mas não só! É preciso simplificar ainda mais os procedimentos e recursos judiciais. Preparar melhor os atuais e futuros bacharéis em direito para o salutar caminho aberto pelos meios extraprocessuais de composição de conflitos. Enfim, é preciso ultrapassar a barreira edificada sob a cultura do processo judicial como única forma de se construir soluções seguras e justas para por fim às questões individuais ou sociais controvertidas. Não me parece utópico pretender que num país de direito escrito, mas que tem, dentre as suas maiores riquezas, uma linguagem rica de signos e significados como nossa, se possa pacificar interesses conflitantes através do diálogo construtivo de consensos ou de concessões recíprocas que eliminem a beligerância no dissenso. Mudanças de paradigma, como ponderou Boaventura de Souza Santos, demandam tempo e não se sabe bem quando começa ou quando termina. Isso para mim, porém, ao que estou tentando aqui dizer, pouco importa. Precisamos apenas fazer uma reflexão prática. A história da nossa grande nação tem todo o tempo que não temos. De nossa parte, basta começar! Não me parece utópico pretender que num país de direito escrito, mas que tem, dentre as suas maiores riquezas, uma linguagem rica de signos e significados como nossa, se possa pacificar interesses conflitantes através do diálogo construtivo de consensos ou de concessões recíprocas que eliminem a beligerância no dissenso. OUTUBRO 2015 REVISTA DO Rio de Janeiro recebe Encontro Conselho dos Tribunais de Justiça se reúne na Cidade Maravilhosa para discutir mudança estatutária. PÁGINAS 30 A 45. NESTA EDIÇÃO Homenagem no TJPA Ministro Ricardo Lewandowski, presidente do STF e do CNJ, recebe a Comenda do Mérito Judiciário. PÁGINAS 26 A 28. Atenção à sociedade Luiz Edson Fachin, ministro do STF, alerta que o Judiciário deve ouvir o clamor social. PÁGINAS 12 E 13. União contra o crime Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, defende união entre poderes para combater a criminalidade. PÁGINA 14. TJTO é 100% digital Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO) consolida virtualização e encerra a era dos processos de papel. PÁGINAS 52 A 54. Eficiência exige orçamento Desembargador Milton Nobre critica as manobras técnicas para cortar recursos dos tribunais. PÁGINAS 16 A 19. BRUNO LEIVAS / FREEIMAGES EXPEDIENTE EDITOR RESPONSÁVEL WALBERT MONTEIRO DRT 1095/PA FOTOS ASSESSORIAS DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA, CNJ, WIKIMEDIA OUTUBRO 2015 5 REVISTA DO CONSELHO DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA Tribunal de Justiça do Acre Desa. MARIA CEZARINETE DE SOUZA ANGELIM (2015-2017) Tribunal de Justiça do Maranhão Desa. CLEONICE SILVA FREIRE (2013-2015) Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Des. LUIZ FERNANDO RIBEIRO DE CARVALHO (2015-2017) Tribunal de Justiça de Alagoas Des. WASHINGTON LUIZ DAMASCENO FREITAS (2015-2017) Tribunal de Justiça do Mato Grosso Des. PAULO DA CUNHA (2015-2017) Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte Des. CLAUDIO SANTOS (2015-2017) Tribunal de Justiça do Amazonas Desa. MARIA DAS GRAÇAS PESSOA FIGUEIREDO (2014-2016) Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul Des. JOÃO MARIA LÓS (2015-2017) Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul Des. JOSÉ AQUINO FLÔRES CAMARGO (2014-2016) Tribunal de Justiça do Amapá Desa. SUELI PEREIRA PINI (2015-2017) Tribunal de Justiça de Minas Gerais Des. PEDRO CARLOS BITENCOURT MARCONDES (2014-2016) Tribunal de Justiça de Rondônia Des. ROWILSON TEIXEIRA (2013-2015) Tribunal de Justiça da Bahia Des. ESERVAL ROCHA (2014-2016) Tribunal de Justiça do Pará Des. CONSTANTINO AUGUSTO GUERREIRO (2015-2017) Tribunal de Justiça de Roraima Des. ALMIRO PADILHA (2015-2017) Tribunal de Justiça do Ceará Desa. MARIA IRACEMA MARTINS DO VALE (2015-2017) Tribunal de Justiça da Paraíba Des. MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE (2015-2017) Tribunal de Justiça de Santa Catarina Des. NELSON SCHAEFER MARTINS (2014-2016) Tribunal de Justiça do DF e Territórios Des. GETÚLIO VARGAS DE MORAES OLIVEIRA (2014-2016) Tribunal de Justiça do Paraná Des. PAULO ROBERTO VASCONCELOS (2015-2017) Tribunal de Justiça de São Paulo Des. JOSÉ RENATO NALINI (2014-2016) Tribunal de Justiça do Espírito Santo Des. SÉRGIO BIZZOTTO PESSOA DE MENDONÇA (2013-2015) Tribunal de Justiça de Pernambuco Des. FREDERICO RICARDO DE ALMEIDA NEVES (2014-2016) Tribunal de Justiça de Sergipe Des. LUIZ ANTÔNIO ARAÚJO MENDONÇA (2015-2017) Tribunal de Justiça de Goiás Des. LEOBINO VALENTE CHAVES (2015-2017) Tribunal de Justiça do Piauí Des. RAIMUNDO EUFRÁSIO ALVES FILHO (2014-2016) Tribunal de Justiça do Tocantins Des. RONALDO EURÍPEDES DE SOUZA (2015-2017) COMISSÃO EXECUTIVA COM MANDATO ATÉ NOVEMBRO DE 2015 Presidente: Desembargador MILTON AUGUSTO DE BRITO NOBRE (TJPA) Membros: Des. ARMANDO TOLEDO (TJSP) Des. JOÃO DE JESUS ABDALA SIMÕES (TJAM) Des. JOSÉ CARLOS MALTA MARQUES (TJAL) Des. MARCELO BANDEIRA PEREIRA (TJRS) Des. LUIZ FERNANDO RIBEIRO DE CARVALHO (TJRJ) Des. LUZIA NADJA GUIMARÃES NASCIMENTO (TJPA) Des. OTÁVIO AUGUSTO BARBOSA (TJDFT) Des. NELSON SCHAEFER MARTINS (TJSC) Des. PEDRO CARLOS BITENCOURT MARCONDES (TJMG) 6 OUTUBRO 2015 Curta a nossa página no Facebook: www.facebook.com/FAEPA Siga-nos no twitter: https://twitter.com/@sistemaFAEPA REVISTA DO ENCONTRO FOTOS: RODRIGO MOREIRA /ANDERSON FREITAS Aprovado novo Conselho dos Tribunais de Justiça Abertura do Encontro de Curitiba. Reunião definiu a criação do Conselho dos Tribunais de Justiça. Presidentes de TJs criam organismo que fortalece a magistratura Por unanimidade, os presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil aprovaram, durante o 104ª Encontro, em reunião extraordinária no dia 21 de agosto, uma significativa alteração nos Estatutos do Colégio, transformando-o em Conselho dos Tribunais de Justiça. A medida vem sedimentar novos caminhos para os desafios que o Poder Judiciário nos Estados irá enfrentar nos próximos anos. Com a mudança, cria-se a possibilidade de que venha a ser apresentada uma Proposta de Emenda Constitucional para incluir na 8 Carta Magna a estrutura do colegiado, que ganhou status de Conselho Consultivo da Presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) conforme Portaria 49, aprovada em 24 de março deste ano. O presidente do colegiado, desembargador Milton Nobre, destacou a importância dessa iniciativa entendendo que, dessa forma, os Tribunais, através do Conselho, ficam mais fortalecidos, ampliando os debates das questões que se apresentam como desafios e obstáculos à boa gestão do judiciário estadual. OUTUBRO 2015 REVISTA DO COMISSÃO Os presidentes também decidiram formar uma comissão de desembargadores, que serão escolhidos por região, para visitar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em um trabalho de sensibilização para apreciação da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que questiona a utilização, pelo poder Executivo, dos depósitos judiciais em dinheiro referentes a processos judiciais ou administrativos, tributários ou não tributários, nos quais o Estado, o Distrito Federal ou os Municípios sejam parte. O Conselho dos Tribunais é contra a lei Complementar n. 151/2015 que possibilita esse uso e vai tentar "minimizar os efeitos desse confisco", como afirmou o presidente do Conselho, desembargador Milton Nobre. Anfitrião do Encontro, o presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), desembargador Paulo Roberto Vasconcelos, dirigiu uma saudação de acolhida e boas-vindas aos presentes. Participaram da mesa de honra na Sala do Pleno o presidente do TJPR, desembargador Paulo Roberto Vasconcelos; o presidente do Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Justiça do País, desembargador Milton Nobre; o Procurador-Geral do Município, Joel Macedo Soares Pereira Neto, representando a Prefeitura Municipal de Curitiba; o Procurador-Geral do Estado, Paulo Sérgio Rosso; o presidente do Tribunal Regional do Trabalho-9ª Região, desembargador Altino OUTUBRO 2015 Pedrozo dos Santos; o presidente do Tribunal de Contas, conselheiro Ivan Bonilha; o juiz de Direito Gervásio Protásio dos Santos Junior, representando a Associação dos Magistrados Brasileiros; e a juíza de Direito Nilce Regina Lima, vice-presidente da Associação dos Magistrados do Paraná. O desembargador Paulo Roberto Vasconcelos cumprimentou os integrantes da mesa, os membros do Conselho, convidados e destacou a relevância do momento para o Judiciário paranaense. “Estamos passando Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil acompanharam palestras e participaram das discussões no 104º Encontro, em Curitiba. 9 REVISTA DO No centro dos debates sobre a criação do Conselho dos Tribunais de Justiça está o fortalecimento da magistratura. 10 por um momento muito crítico em nosso País, as dificuldades são imensas e assim peço que nesse momento tenhamos efetivamente uma unidade, com a liderança do presidente desembargador Milton Nobre, a quem honramos e temos imensa satisfação em recebê-lo nesta Corte. Com a sua liderança, e nossa união, vamos certamente conseguir muito junto ao CNJ, STJ e ao STF”, destacou. Ao fazer uso da palavra, o desembargador Milton Nobre, agradeceu ao desembargador Paulo Roberto Vasconcelos a prontidão e o esforço dispensado para que o evento acontecesse em Curitiba e brindasse a todos “com a conhecida fidalguia do povo paranaense”. O objetivo central dos encontros é uniformizar a aplicação de boas práticas que possam contribuir para uma melhor prestação dos serviços jurisdicionais. O desembargador Milton Nobre lembrou que o Conselho está sempre comprometido com a magistratura, sua dignidade e independência. Comentou ainda que, apesar das conquistas e dos avanços, os presidentes dos TJs travam lutas constantes, exigindo dos seus membros uma redobrada vigilância e estratégias adequadas na busca de seus ideais. Lembrou também que o Judiciário estadual não é apenas o mais antigo e maior segmento da Justiça brasileira. É, igualmente, ressaltou, o que tem a competência jurisdicional mais ampla e diversificada com cerca de 75 milhões de processos tramitando nas Varas e Tribunais, além dos mais de 90% dos processos criminais se encontrarem sob a responsabilidade do Judiciário dos Estados. “O que é bastante significativo, por qualquer ângulo de exame”, acentuou, para demonstrar a importância de um órgão como o agora Conselho dos Tribunais de Justiça, “na medida em que objetiva construir ações conjuntas e adotar nacionalmente boas práticas que aprimorem a eficiência na prestação jurisdicional”. O desembargador disse ainda que acredita que o Encontro do Paraná “seja um marco referencial na história do Tribunal paranaense e um fórum de debates fundamentais à trajetória do Poder Judiciário estadual”. OUTUBRO 2015 REVISTA DO O COLÉGIO PERMANENTE DE PRESIDENTES DE TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DO BRASIL, EM REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA CONVOCADA REGULARMENTE E REALIZADA AOS VINTE E UM DIAS DO MÊS DE AGOSTO DO ANO DE DOIS MIL E QUINZE, APÓS A APROVAÇÃO EM PLENÁRIO, CONSIDERANDO a proposta apresentada pela Comissão Executiva e visando adequar a existência do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça às circunstâncias atuais; CONSIDERANDO o disposto no Artigo 6º do Estatuto vigente; RESOLVE: Art. 1º - Fica alterada a denominação do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça para CONSELHO DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA. Art. 2º - À Comissão Executiva são delegados poderes necessários para proceder as modificações e registros pertinentes, dando ampla divulgação a esta alteração. Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário. Curitiba (PR), em 21 de agosto de 2015 Desembargador MILTON AUGUSTO DE BRITO NOBRE PRESIDENTE DO COLÉGIO PERMANENTE DE PRESIDENTES DE TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DO BRASIL Desembargador NELSON SCHAEFER MARTINS PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA MEMBRO DA COMISSÃO EXECUTIVA Desembargador PAULO ROBERTO VASCONCELOS PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ Desembargador WASHINGTON LUIZ DAMASCENO FREITAS PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS Desembargadora GARDÊNIA PEREIRA DUARTE REPRESENTANDO O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA Desembargador LUIZ FERNANDO RIBEIRO DE CARVALHO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO MEMBRO DA COMISSÃO EXECUTIVA Desembargador ANTÔNIO FERNANDO BAYMA ARAUJO Representando o TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO Desembargador CONSTANTINO AUGUSTO GUERREIRO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARÁ Desembargador FREDERICO RICARDO DE ALMEIDA NEVES PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO Desembargador JOSÉ RENATO NALINI Presidente do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Desembargador PEDRO CARLOS BITENCOURT MARCONDES PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS MEMBRO DA COMISSÃO EXECUTIVA Desembargador LEOBINO VALENTE CHAVES PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE GOIÁS Desembargador PAULO DA CUNHA PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO MATO GROSSO Desembargador JOSÉ AQUINO FLORES CAMARGO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Desembargador MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA Desembargador CLAUDIO MANOEL DE AMORIM SANTOS PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE OUTUBRO 2015 Desembargador LUIZ ANTÔNIO ARAÚJO MENDONÇA PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SERGIPE Desembargadora MARIA DAS GRAÇAS PESSOA FIGUEIREDO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS Desembargadora MARIA CEZARINETE DE SOUZA ANGELIM PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ACRE Desembargador JOÃO MARIA LÓS PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL Desembargador ROWILSON TEIXEIRA PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE RONDÔNIA Desembargador RONALDO EURÍPIDES DE SOUZA PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO TOCANTINS Desembargadora SUELI PEREIRA PINI PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAPÁ Desembargador JOÃO DE JESUS ABDALA SIMÕES TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS MEMBRO DA COMISSÃO EXECUTIVA Desembargador JOSÉ CARLOS MALTA MARQUES TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS MEMBRO DA COMISSÃO EXECUTIVA Desembargadora LUZIA NADJA GUIMARÃES NASCIMENTO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ MEMBRO DA COMISSÃO EXECUTIVA Desembargadora ELAINE CRISTINA BIANCHI REPRESENTANDO O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE RORAIMA 11 REVISTA DO ENCONTRO FOTOS: RODRIGO MOREIRA /ANDERSON FREITAS Fachin alerta que Judiciário deve ouvir o clamor social Ministro Luiz Edson Fachin, do STF, no Encontro do Conselho dos Tribunais de Justiça, em Curitiba. Ministro do STF aponta quais são os desafios da magistratura O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Edson Fachin, abriu o ciclo de palestras do 104º Encontro do Conselho dos Tribunais de Justiça, realizado em Curitiba. Com o tema "Gestão Cooperativa e Justiça Brasileira", Fachin abordou a instabilidade do ponto de vista da prestação jurisdicional e a superlotação do sistema carcerário. O ministro Fachin falou ainda sobre a processualização da justiça e o consequente gasto nesse processo. Para ele, o Judiciário tem que estar atento aos chamados da sociedade, entre os quais estão soluções rápidas dos conflitos, participação nas decisões, qualidades nas decisões, previsibilidade e segurança. "Será que estamos atendendo a essas exigências?", questionou 12 Fachin. O ministro abordou, ainda, os desafios do Poder Judiciário e o intercâmbio e diálogos nas atividades gerenciais: “A todos trago uma mensagem de nosso presidente, ministro Ricardo Lewandowski, que me pediu que expressasse o compromisso do chefe do Poder Judiciário com todas as questões que digam respeito ao mais alto interesse da administração da Justiça, as questões que digam respeito não só à magistratura, eis que juntos devemos enfrentar esse desafio da boa prestação jurisdicional”. Participaram como palestrantes convidados, também, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O senador Álvaro Dias, ao abordar as mudanças do modelo de Administração OUTUBRO 2015 REVISTA DO Pública Brasileira, defendeu a existência do Conselho dos Tribunais de Justiça. “Não se trata de despesa e sim de investimento, porque ao oferecer as condições para que o Poder Judiciário possibilite a construção da cidadania e com isso a plena garantia dos direitos, do outro lado, o Poder Judiciário valorizado, estimulado contribui para ressarcir aos cofres públicos, de forma exuberante, os prejuízos provocados pela corrupção. Não há necessidade de descrever aqui as consequências desse sistema de governança que foi instalado no Brasil. É preciso ir além dessa análise superficial que trata dos números apresentados diariamente – a inflação, o desemprego. A causa disso eu acredito ser o sistema ou modelo de governo do País. Eu chamo de balcão de negócios, a usina dos grandes escândalos e de governos incompetentes”, afirmou. Após discorrer sobre várias situações da economia brasileira, da “ideia de interdependência entre os poderes, que não aconteceu”, o senador disse que o que se busca hoje é um modelo de projeto de poder e não de um projeto de nação. “O Estado passou a gastar exageradamente para a manutenção da sua estrutura e a capacidade de investir produtivamente foi enfraquecida. Precisamos ousar e fazer reformas. Precisamos ter esperanças, porque estamos vendo o surgimento de um novo País nas ruas do Brasil, mais presente, mais indignada e trazendo suas exigências.” O Conselho também discutiu a "Desjudicialização das Execuções Fiscais e/ou supressão da competência delegada em relação às execuções fiscais da União e ações previdenciárias e Política de Regularização Fundiária", o "Plantão do Segundo Grau (Pequenos e Médios Tribunais)" e o projeto da nova Loman (Lei Orgânica da Magistratura Nacional). A minuta de anteprojeto do Estatuto da Magistratura, que altera a Lei Orgânica da Magistratura (Loman), de 1979, está sendo discutida no STF. Em seguida, o texto segue para o Congresso Nacional, onde será votado. A proposta da Loman apresentada pelo ministro Ricardo Lewandowski define uma série de mudanças na legislação e cria novas condições para a carreira de magistrado no Brasil. OUTUBRO 2015 Presidente do Conselho dos Tribunais de Justiça, desembargador Milton Nobre, com o ministro Luiz Edson Fachin, no Encontro de Curitiba. Abaixo, senador Álvaro Dias fala durante o evento. 13 REVISTA DO ENCONTRO Alckmin destaca união no combate à criminalidade TJPR /DIVULGAÇÃO Governador Geraldo Alckmin, ao lado do desembargador Milton Nobre (à direita), no Encontro de Curitiba. Governador de São Paulo defende parceria entre Executivo e Judiciário Em palestra sobre “Parceria entre Executivo e Judiciário no Combate à Criminalidade”, durante o 104º Encontro de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil, realizado em Curitiba, o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, destacou a importância das audiências de custódia como instrumento para desafogar os tribunais e tornar mais eficientes as práticas judiciais no Brasil. Alckmin disse que o Poder Executivo do Estado de São Paulo, como parceiro do Judiciário, já implementou e realizou mais de sete mil audiências de custódia e que essa experiência poderá ser levada para outras capitais e comarcas do Brasil. O governador citou que esse é um importante passo para a efetividade da liber14 dade e resolução da cultura do encarceramento no Brasil. “A segurança pública não é um trabalho só de polícia, é também união entre governos, Ministério Público, Poder Judiciário e sociedade, por isso o Governo do Estado de São Paulo propõe alterações e projetos de lei com o objetivo de aprimorar a segurança da população e combater a impunidade e a criminalidade”, afirmou. Em sua exposição, o governador apresentou ainda outras propostas do seu Estado, como o Núcleo de Combate à Violência no Futebol, projeto de aumento de pena a quem mata policiais, aumento de pena a quem usa explosivos em furtos, entre outras iniciativas que permitem a consolidação da Justiça. OUTUBRO 2015 REVISTA DO CARTA DE CURITIBA O COLÉGIO PERMANENTE DE PRESIDENTES DE TRIBUNAIS DE JUSTIÇA, reunido na cidade de CURITIBA (PR), ao final de seu 104º ENCONTRO, no período de 20 a 22 de agosto de 2015, divulga, para conhecimento público, as seguintes conclusões aprovadas por unanimidade: 1) EXPRESSAR, uma vez mais, o apoio e a solidariedade dos Tribunais de Justiça ao Excelentíssimo Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, Presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, em seu posicionamento na defesa dos princípios institucionais do Poder Judiciário. 2) MANIFESTAR a sua frontal oposição à aprovação do PL 1775/2015 (trata do sistema de identificação no Brasil) por vulnerar o disposto no Art. 236 da Constituição da República, que atribui ao Poder Judiciário a disciplina e fiscalização das delegações extrajudiciais, interferindo na segurança jurídica do cidadão (inciso X do Art. 5º da CF/88). 3) EXIGIR, em atenção ao Pacto Federativo, respeito à autonomia dos Estados e a observância de irrestrito equilíbrio na formulação das propostas orçamentárias, de modo a assegurar o cumprimento dos repasses devidos aos Poderes Judiciários estaduais. 4) REPUDIAR quaisquer ações que atentem contra a autonomia e independência do Poder Judiciário, em especial a Lei Complementar 151/2015, que retira do Poder Judiciário a administração dos depósitos judiciais e permite a sua movimentação pelo Poder Executivo, por sua flagrante inconstitucionalidade. Curitiba, 22 de agosto de 2015 Desembargador MILTON AUGUSTO DE BRITO NOBRE PRESIDENTE DO COLÉGIO PERMANENTE DE PRESIDENTES DE TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DO BRASIL Desembargador PAULO ROBERTO VASCONCELOS PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ OUTUBRO 2015 15 REVISTA DO PRESIDENTE Eficiência da gestão depende de aporte orçamentário FOTOS: TJPR/ DIVULGAÇÃO Desembargador Milton Nobre: sem aportes orçamentários não é possível atingir qualidade e eficiência. Desembargador Milton Nobre critica manobras que limitam recursos Minhas senhoras e meus senhores, Ao declarar aberto o 104º Encontro do Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil, quero, inicialmente, manifestar os meus mais sinceros agradecimentos ao eminente Desembargador Paulo Roberto Vasconcelos, Presidente do e. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, que, numa inequívoca demonstração de solidariedade aos seus pares na luta objetivando vencer os obstáculos comuns enfrentados pelo Judiciário Estadual, não mediu esforços para sediar este evento, mobilizou de imediato sua eficiente equipe de colaboradores e brinda a todos com a conhecida fidalguia do povo paranaense e com uma organização primorosa. Para mim, particularmente, mas creio 16 poder isso afirmar em nome de todos os participantes, voltar a este tão fértil e pujante pedaço da imensa terra brasileira, cujos filhos tanto honram quanto engrandecem a nossa história, é motivo de grande satisfação e alegria, o que, por certo, muito contribuirá para tornar estes nossos dias de intensos trabalhos mais prazerosos do que cansativos. Neste primeiro momento é imperioso, também, louvar o expressivo comparecimento dos amigos Presidentes, os quais, mais uma vez, e como tem sido ao tempo em que estou à frente deste Colegiado, conseguem abrir espaço em suas atribuladas agendas de trabalho para interagir nos debates dos importantes e preocupantes temas que são objeto de nossas aflições presentes. OUTUBRO 2015 REVISTA DO E, como não poderia deixar de ser, aproveito igualmente este instante inicial para agradecer às autoridades e demais convidados que nos honram com suas presenças prestigiando esta sessão, bem ainda faço uma menção especial ao Excelentíssimo Senhor Beto Richa, Chefe do Poder Executivo estadual que, logo mais nos recepcionará no Palácio do Governo. Por motivação de Justiça – e em reconhecimento ao esforço que fizeram para conciliar seus relevantes compromissos de ordem institucional com o desejo de elevar o prestígio do Colégio de Presidentes – devo também agradecer ao Excelentíssimo Senhor Ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, ao Excelentíssimo Senhor Governador do Estado de São Paulo, Doutor Geraldo Alckmin e ao Excelentíssimo Senhor Senador Álvaro Dias, os quais no dia de amanhã nos brindarão com palestras que irão, certamente, enriquecer nossos conhecimentos e conferir maior prestígio à história deste colegiado. O Colégio Permanente de Presidentes, vale relembrar, nasceu há 23 anos, fruto, basicamente, de uma inquietação dos Presidentes dos Tribunais de Justiça por ter o legislador constitucional criado os Conselhos da Justiça Federal e Superior da Justiça do Trabalho, omitindo-se, contudo, de dotar o Judiciário dos Estados de um órgão semelhante. Essa injustificável lacuna no nosso ordenamento fundamental terminou criando um vácuo que, não fosse a atuação deste Colégio, prejudicaria a implementação de ações conjuntas e coordenadas dos Tribunais Estaduais no cumprimento de metas e programas instituídos pelo Conselho Nacional de Justiça que, convém ressaltar, mesmo de passagem, dada a sua composição e, sobretudo, suas competências constitucionais, não tem condições e nem meios gerenciais para suprir tamanha falta estrutural. O certo é que, lamentavelmente, nem para aplacar reclamos, a classe dirigente costuma lembrar que o Judiciário Estadual não é apenas o mais antigo e OUTUBRO 2015 maior segmento da Justiça brasileira. É, de igual modo, o que tem a competência jurisdicional mais ampla e diversificada. Cerca de 75 milhões de processos tramitam em seus Tribunais e Varas, ou seja, em torno de 75% dos 100 milhões de conflitos sociais judicializados no Brasil, em busca de pacificação ou, pelo menos, de uma solução que permita a convivência pacífica do dissenso, estão em andamento sob a responsabilidade dos seus 11.600 magistrados, entre Juízes e Desembargadores. Mas não só isto! Como lembrou em recente evento o Ministro Ricardo Lewandowiski, o Brasil hoje é o quarto país que mais encarcera pessoas, sendo ultrapassado nesse lamentável ranking apenas pelos Estados Unidos, a Rússia e a China. São cerca de 600 mil presos, dos quais aproximadamente 240 mil (40%) são provisórios, vale dizer, sem condenação definitiva). Acontece, todavia, que mais de 90% dos processos criminais se encontram sob a responsabilidade do Judiciário dos Estados, o que é bastante significativo, por qualquer ângulo de exame, para demonstrar a importância de um órgão como o Colégio de Presidentes na medida em que objetiva construir ações conjuntas e adotar nacionalmente boas práticas que aprimorem a eficiência na prestação jurisdicional. Este Colegiado, não é demasiado repetir, sempre esteve comprometido com a magistratura, sua dignidade e independência, embora não tenha objetivos corporativos ou de proteção de interesses individuais, já que, por disposições estatutárias, suas finalidades são restritas: i) a defender os princípios, prerrogativas e funções institucionais do Poder Judiciário, especialmente do Poder Judiciário Estadual; ii) a integração dos Tribunais de Justiça em todo o território nacional; iii) ao intercâmbio de experiências funcionais e administrativas; iv) ao estudo e ao aprofundamento dos temas jurídicos e das questões judiciais que possam ter repercussão em mais de um Estado da Federação, buscando a uniformização de entendimentos, respeitadas a autonomia e peculiaridades locais. "Este Colegiado, não é demasiado repetir, sempre esteve comprometido com a magistratura, sua dignidade e independência, embora não tenha objetivos corporativos ou de proteção de interesses individuais." 17 REVISTA DO Em seu discurso, Milton Nobre destacou que o fenômeno da judicialização abarrota os Tribunais com milhões de processos. 18 Em pouco mais de duas décadas, conquistamos muitos avanços. Mas, os cenários em que travamos nossas lutas foram se modificando e exigindo de nós, além de redobrada vigilância, a formulação de estratégias em variados campos. Hoje, contudo, a Justiça Estadual, sem sombra de dúvida, enfrenta grandes adversidades que, ao fim e ao cabo, estão agravadas pela crise econômica, de difícil reversão a curto e médio prazos, que assola o país e que assume perspectivas mais negativas porque influenciada por incertezas de um momento político, quando pouco, eticamente deplorável. O fenômeno da judicialização, que abarrota nossos Tribunais com milhões de processos, se, de uma banda, representa a esperança do cidadão de que o Poder Judiciário venha assegurar seus direitos; por outra acaba desaguando na insatisfação com a morosidade dos julgamentos, como resultado da escassez dos recursos financeiros que são indispensáveis não só à manutenção, mas, exponencialmente, a investimentos que permitam o reaparelhamento da justiça estadual. Não há como, sem aportes orçamentários à altura das necessidades da estrutura do Judiciário nos Estados, acenar-se com a eficiência e a qualidade há muito exigidas pela sociedade brasileira de um serviço público que, indiscutivelmente, é o mais essencial à efetiva existência da convivência pacífica do tecido social. Não bastasse o cenário negativo – que nos assusta, sim! porém não nos acovarda –, temos que enfrentar, como observei em outra ocasião, a lamentável e, por que não dizer?, merecedora de absoluta reprovação, a reiterada prática, pelos Executivos de alguns Estados, de manobras técnicas, sempre calcadas OUTUBRO 2015 REVISTA DO na invejável criatividade contábil brasileira, para diminuir os já franciscanos recursos destinados, por regras fiscais nacionais ao Judiciário. Creio não ser inoportuno trazer a esta fala inaugural do 104º Encontro parte do que escrevi na apresentação da nossa Revista, objetivando chamar a atenção à temática que será desenvolvida amanhã e depois nos debates internos deste Colégio: “Não desconheço que o país enfrenta grandes dificuldades na área econômica, cujos efeitos negativos nas finanças públicas não são superáveis a curto prazo e atingem todos os entes federativos. Os tempos, pois, são adversos para todos os níveis e poderes estatais. Isso, porém, não justifica a continuidade quase oficializada de práticas que ofendem a própria independência do Judiciário estadual e [...] maltratam o estado democrático de direito e causam sérios prejuízos aos mais carentes, os quais, por isso mesmo, são os maiores necessitados e dependentes da atuação eficiente dos juízes e tribunais. Nos tempos difíceis, não há lugar para a inércia. Para o simples deixar passar do qual só pode resultar a piora. Impõe-se enfrentar e superar os obstáculos, não por caminhos contrários a relevantes princípios éticos e manifestamente inconstitucionais como o pavimentado com a recente Lei Complementar nº 151, de 05.08.2015, que institucionaliza a apropriação pelos Estados e Municípios de valores alheios depositados em juízo, sob pretexto de que tais depósitos, feitos sobretudo sob a égide da boa-fé objetiva e da confiança na autoridade imparcial do Poder Judiciário, constituem “receita pública potencial”, o que afronta a Constituição e, no mínimo, cria a absurda presunção de que esses entes federativos sempre têm razão nas demandas que enfrentam. Essa malnascida Lei Complementar, mais do que afetar negativamente a arrecadação orçamentária dos fundos de reaparelhamento do Poder Judiciário de vários Estados, uma vez que suprime a receita decorrente do spread pago pelas instituições financeiras oficiais OUTUBRO 2015 contratadas pelos Tribunais de Justiça, mediante processo licitatório adequado, para exercerem a guarda dos valores dos depósitos judiciais – assunto cuja legalidade já foi assentada pelo Conselho Nacional de Justiça – é um notório exemplo de como as conveniências políticas convergentes são capazes de levar ao pragmatismo parlamentar que não fica contido no estrito respeito aos princípios e regras constitucionais, o qual, quando não preservado pelo veto do Executivo, deixa como última esperança a pretensão de obter da Suprema Corte o provimento restaurador da integridade da Constituição da República. Prenuncia-se, assim, desde já, o 104º Encontro do Colégio de Presidentes como um marco referencial na história desta instituição e um fórum de debates fundamentais à trajetória do Poder Judiciário estadual. Mas, ao término desta saudação, fugindo um pouco da aridez das apreciações técnicas e da própria análise nem sempre otimista do panorama presente e do porvir, é alentador constatar que, fortalecido no combate que nos une em defesa dos ideais comuns, tenho a gratificante certeza de que estamos solidificando uma amizade que supera os patamares dos relacionamentos institucionais e que se constrói na grandeza de sentimentos que transcendem os limites onde transita o nosso cotidiano para galgar a universalidade do que é solidário e fraterno. Tenhamos, todos, proveitosos dias de trabalho e companheirismo, Muito obrigado! Senhor Presidente: peço vênia para quebrar o protocolo e, mesmo após ter encerrado este discurso, fazer um merecido registro – que se traduz em homenagem – a uma notável cidadã deste Estado, que muito bem o representou ao integrar o Conselho Nacional de Justiça. Quero me referir à Conselheira Morgana Richa, cuja atuação no CNJ, além de importantíssima contribuição pessoal, dignificou a magistratura do Paraná. A ela dirijo o meu reconhecimento e os aplausos pela sua exemplar conduta. "Não há como, sem aportes orçamentários à altura das necessidades da estrutura do Judiciário nos Estados, acenar-se com a eficiência e a qualidade há muito exigidas pela sociedade brasileira." 19 REVISTA DO NOTA OFICIAL Conselho manifesta apoio ao ministro Ricardo Lewandowski Presidentes dos TJs expressam solidariedade ao presidente do STF e do CNJ O Conselho dos Tribunais de Justiça divulgou nota oficial de apoio ao ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em face de críticas que têm sido feitas à atual gestão da corte suprema do País. O Conselho reúne todos os presidentes dos Tribunais de Justiça e desde março deste ano é um órgão consultivo da presidência do CNJ. Veja a íntegra da nota: O CONSELHO DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA, em face de crítica recentemente postada nos meios de comunicação social a respeito da atuação do Excelentíssimo Senhor Ministro RICARDO LEWANDOWSKI notadamente na condição de Presidente do Conselho Nacional de Justiça, torna público a solidariedade deste Colegiado à Sua Excelência na gestão dos destinos tanto do Supremo Tribunal Federal como no do CNJ, aplaudindo sua inabalável postura na defesa institucional do Poder Judiciário e do respeito aos direitos de todos os cidadãos. Reconhece, ainda, que uma das primeiras preocupações do Ministro Ricardo Lewandowski, ao assumir o CNJ, foi ouvir as Associações de Classe e o então Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça (atual Conselho dos Tribunais de Justiça) sobre matérias de natureza institucional, medida que, revestida de inspiração democrática, beneficia a transparência e em nada condiciona ou restringe os poderes e a atuação do Conselho Nacional de Justiça, mas assegura, sobremaneira, o aperfeiçoamento da efetividade das decisões daquele órgão maior de planejamento e controle administrativo do Poder Judiciário, para o qual este Conselho e as en20 tidades de classe muito têm a contribuir. Nessa mesma linha, destaca a postura firme que vem sendo desempenhada, sem alardes, pela Ministra Fátima Nancy Andrighi, como Corregedora Nacional de Justiça, em absoluta consonância com o que prescreve o art. 40 da Lei Orgânica da Magistratura (LOMAM): “A atividade censória de Tribunais e Conselhos é exercida com o resguardo devido à dignidade e à independência do magistrado”. Entendem os Tribunais de Justiça que a função primordial do CNJ não é de caráter fiscalizador e punitivo, mas, essencialmente buscar, em diálogo, com o Sistema de Justiça, as soluções para o aperfeiçoamento da prestação jurisdicional em todos os níveis, mesmo porque é de notório conhecimento que os desvios passíveis de sanções são ínfimos comparados à grandeza da magistratura nacional. O Conselho proclama que a defesa da manutenção da autonomia administrativo-financeira dos Tribunais de Justiça não pode jamais ser vista como postura corporativista, e, sim, como respeito ao preceito constitucional esculpido no art. 99 da Constituição Federal. Finalmente, o CONSELHO DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA considera que qualquer tentativa de confronto pessoal com o Ministro Ricardo Lewandowski configura um condenável desserviço à Nação brasileira e, portanto, merecedor de veemente repúdio. Brasília (DF), 14 de setembro de 2015 Des. MILTON Augusto de Brito NOBRE Presidente do Conselho dos Tribunais de Justiça OUTUBRO 2015 REVISTA DO OPINIÃO Meio ambiente e registro de imóveis O Registro de Imóveis é uma instituição que surgiu como necessidade do Estado de controlar o direito de propriedade e como instrumento de segurança jurídica para o tráfego imobiliário. Com a CF de 1988 se incorporou e foi valorizado o conceito de função social da propriedade na forma em que concebemos hodiernamente (arts. 5º, inciso XXIII, inciso III, e 225). No âmbito civil, o artigo 1.228, § 1º, do Código Civil de 2002, declara que o “direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas“. Por fim, o novo Código Florestal reforçou a ideia constante do CC de que o direito de propriedade deve ser exercício com observação de sua finalidade social, devendo ser preservados “a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas”. A propriedade imobiliária é o objeto do Registro de Imóveis. Os direitos a ela inerentes são controlados pelo sistema registrário e a compreensão do reflexo da evolução da propriedade é a compreensão também do Registro de Imóvel moderno. O direito de propriedade que o Registro de Imóveis garantia há mais de um século no Brasil não é o mesmo de hoje. As relações jurídicas 22 imobiliárias tornaram-se complexas com a necessidade do cumprimento de uma função ambiental e social. O Registro de Imóveis como órgão pacificador de conflitos – instituto destinado à garantia da segurança jurídica do tráfego imobiliário, bem como de exercer um filtro jurídico dos títulos que ingressam no fólio real – surge no direito de propriedade como importante ferramenta para estabilizar os negócios e atos jurídicos que envolvam imóveis, exercendo, nesse ponto, função essencial para a sociedade moderna. A CF ao instituir em cláusula pétrea a função social da propriedade (art. 5º, XXIII), ao estabelecer a função social das cidades (art. 182) e declarando que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225), atribuiu ao Registro de Imóveis características que outrora não possuía. Dentre elas, está a necessidade de incorporação do conceito de função social da propriedade e do meio ambiente, percepção claramente observada pelo legislador no Estatuto da Cidade e na legislação ambiental. Nesse aspecto, o Registro de Imóveis tem sido utilizado estrategicamente para potencializar a função social da propriedade. A função ambiental do Registro de Imóveis é facilmente observada por meio da publicidade dos chamados espaços territoriais especialmente protegidos, que são conforme definição de José Afonso da Silva, “áreas geográficas públicas ou privadas (porção do território nacional) dotadas de atributos“. Podemos Marcelo Augusto Santana de Melo é Registrador imobiliário em Araçatuba, São Paulo. Mestre em Direito Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUCSP. Especialista em Direito Imobiliário pela Universidade de Córdoba, Espanha e Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais-PUCMINAS. Diretor de Meio Ambiente da Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo – ARISP e Instituto de Registro Imobiliário do Brasil – IRIB. OUTUBRO 2015 REVISTA DO ARISP / DIVULGAÇÃO "É notória a evolução do Registro de Imóveis no Brasil, exteriorizando um forte dinamismo materializar quatro categorias fundamentais de espaços territoriais especialmente protegidos que recebem publicidade registral: as Áreas de Proteção Especial (APE) como áreas que foram contaminadas com substâncias tóxicas ou áreas de proteção aos mananciais, a Área de Preservação Permanente (APP), a Reserva Legal Florestal (RLF) e as Unidades de Conservação (UC) como parques e a reserva particular do patrimônio natural - RPPN. O Registro de Imóveis também exerce importante papel na fiscalização do cumprimento do prévio licenciamento ambiental. Isso ocorre de forma mais efetiva quando da análise de projeto de desmembramentos e loteamentos (Lei 6.766/79), em que existe a necessidade de licenciamentos ambientais municipais, estaduais e, dependendo do interesse público, também federal. Nas incorporações imobiliárias e condomínios edilícios (Lei 4.591/64) ocorre o mesmo. Finalmente, os Cartórios de Registro de Imóveis têm se tornado OUTUBRO 2015 referência também em sustentabilidade. A ARISP – Associação dos Registrados Imobiliários do Estado de São Paulo, desde 2005, implantou o Ofício Eletrônico para atendimento de pesquisa dos órgãos públicos, tendo chegado a mais de 450 milhões de pedidos que representam forte economia de papel que impediram o corte de mais de 650 mil árvores. Fora isso, criou a Diretoria de Meio Ambiente e Sustentabilidade que tem atuado na educação, na implantação de práticas sustentáveis e na neutralização das emissões de CO² nos cartórios de Registro de Imóveis do Estado de São Paulo, (http://sustentabilidade.registradores.org.br). É notória a evolução do Registro de Imóveis no Brasil, exteriorizando um forte dinamismo e capacidade de crescimento e adaptação, demonstrando fidelidade ao direito de propriedade e habilidade na utilização das novas tecnologias, não somente para o desenvolvimento de suas funções primárias, mas também para as práticas sustentáveis. e capacidade de crescimento e adaptação, demonstrando fidelidade ao direito de propriedade e habilidade na utilização das novas tecnologias." 23 REVISTA DO OPINIÃO Desafios para a Justiça O protagonismo do Judiciário é um fenômeno que, finalmente, mereceu análise de outros pensadores, não mais se restringindo à esfera jurídica. Todos os assuntos hoje são submetidos ao sistema Justiça. Desde os mais triviais e singelos, até os mais complexos. Na República em que o único aparente consenso é a absoluta falta de consenso, há muitas leituras para o quadro. Os otimistas entendem que a excessiva judicialização é termômetro democrático favorável ao Estado Brasileiro. Afinal, os Tribunais estão funcionando, haverá sempre um juiz para responder, ainda que não com a rapidez desejável, à demanda de quem procurou por ele. Para os pessimistas, a situação já ingressou no caos. Mais de 106 milhões de processos tornam impossível a missão de solucioná-los de maneira a resolver os problemas neles contidos. Para os realistas, impõe-se urgente reflexão. Continuaremos no mesmo modelo de cinco ramos de Judiciário, quatro instâncias, dezenas de possibilidades de reapreciação do mesmo tema, diante de um prolífico arsenal de recursos? A população descobriu a Justiça e, paradoxalmente, não confia plenamente nela. As últimas pesquisas da FGV nos reservam modesta posição, inferior a 25% dos entrevistados, quanto à confiabilidade nas Instituições. Entretanto, sabemos que somos tecnicamente preparados e idealistas. Se a vocação - o chamado - entrou em colapso com a corrida aos concursos, todos eles previsíveis pois calcados na capacidade de memorização, o despertar da sensibilidade provê a magistratura de seres humanos que se apaixonam pelo que fazem. 24 Mas isso é pouco para fornecer à nacionalidade elementos concretos da esperança de que ela necessita. Precisamos investir na informatização, não apenas para que o processo eletrônico seja uma realidade em todo o Brasil. Mas para explorar as potencialidades das TCIs - Tecnologias de Comunicação e Informação, ainda pouco utilizadas no arcabouço jurídico. Nossos quadros funcionais precisam abandonar a nomenclatura arcaica e mergulhar no universo da inteligência artificial. A quebra de paradigmas é um fato incontroverso e só os surdos não conseguem ouvir o ruído continuamente produzido. A receita expressa pelo "mais do mesmo" já se esgotou. Não é crescer até o infinito que resgatará a confiança e intensificará o prestígio do Judiciário. É outra a trilha a ser percorrida: a eficiência. Toda Administração Pública se submete ao princípio da eficiência, incluído no artigo 37 da Constituição Cidadã pela Emenda 19/98, exatamente dez anos depois da promulgação do pacto-panaceia. Eficiência significa responder, com a possível exatidão e em tempo oportuno, àquilo que o jurisdicionado pleiteou. Para isso, é preciso recordar que processo é instrumento, não finalidade. Reduzir ao máximo a possibilidade de respostas meramente procedimentais, que podem por fim à ação judicial, mas não resolvem o conflito. Diante de soluções que apenas o "juridiquês" pode explicar ao jejuno, aumenta a legião dos desalentados, dos órfãos da Justiça. A informatização não resolve todos os problemas, porém pode revolucionar a autoestima do servidor. Desaparecerão os serviços braçais. "Continuaremos no mesmo modelo de cinco ramos de Judiciário, quatro instâncias, dezenas de possibilidades de reapreciação do mesmo tema, diante de um prolífico arsenal de recursos?" Desembargador José Renato Nalini Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo OUTUBRO 2015 REVISTA DO Não haverá necessidade de prateleiras, nem de arquivos mortos, que custam fortuna a um povo pobre e sofrido. O ambiente de trabalho poderá ser "clean" e aproximar-se do ideal que a juventude enxerga hoje nas dependências do "Google": espaços agradáveis, propícios à criatividade e a uma satisfação pessoal que se refletirá em incremento à eficiência e à produtividade. O Judiciário precisa se livrar da burocracia e um bom começo é transferir a jurisdição voluntária própria ou análoga às delegações extrajudiciais. Estas podem ser mais úteis do que já são, pois têm inegável expertise na atuação do mister judicial. No tempo em que os tabeliães e registradores eram também responsáveis pelo ofício judicial, havia devotamento ao trabalho, consciência da relevância da missão, disciplina e hierarquia nem sempre existentes no serviço público. Isso porque a opção do constituinte de 1988 em relação aos antigos cartórios foi a mais inteligente: entregou atuação estatal a concursados fiscalizados e orientados pelo Judiciário, mas que a exercem por sua própria conta e risco, em caráter privado. O Erário não coloca um real nas serventias, pode cassar a delegação em casos graves e participa do resultado do trabalho particular, arrecadando boa parte dos emolumentos. Estas precisam ser legitimadas a fazer aquilo que a lei já determina: formalizar juridicamente a vontade da parte. E a vontade da parte pode ser um ajuste, um acordo, uma composição de interesses. Pois o caminho da pacificação é a alternativa ao desvio rumo ao desvario. Não é possível multiplicar cargos e estruturas, sob pena de consequente perda de qualidade e vulgarização de funções ainda hoje simbolicamente diferenciadas. Intensificar todas as estratégias de composição consensual dos conflitos é vital para a subsistência da função judicial e para o fortalecimento da DeOUTUBRO 2015 mocracia Brasileira. Pois além de inviabilizar qualquer possibilidade de eficiência, o crescimento das demandas inibe a população de alcançar a maturidade. É preocupante a tendência à preservação de mentalidade assistencialista, hábil a manter o povo cativo das benesses do Estado. Em todos os setores. Até na Justiça, com a existência de uma verdadeira "bolsa-Justiça", eis que é enorme a quantidade de demandas beneficiadas com a gratuidade. Questões singelas não podem recorrer a um equipamento complexo, sofisticado até, dispendioso e, por esses motivos todos, invencivelmente lento. Pois se as pessoas não conseguirem dialogar para acertar suas diferenças, não encararem os seus problemas com vontade de resolvê-los, continuarão infantilizadas e incapazes de verificar o que acontece com a gestão da coisa pública. O Brasil não teria atingido este patamar de indigência moral não fora a falta de fiscalização cidadã, a anestesiada capacidade de indignação, a ausência de consciência de que o Estado é outro instrumento de realização das finalidades individuais e aquelas perseguidas pelas sociedades de fins particulares. Ferramenta a serviço do povo, não finalidade em si mesma. Extrair do sistema tudo aquilo que se puder resolver mediante orientação e acompanhamento dos advogados, ressuscitar o princípio da subsidiariedade, reclamar consciência de que esta República impõe também deveres, não elenca apenas direitos, é missão apta a converter o Judiciário no serviço estatal célere, eficiente, efetivo e eficaz com que sonha - e tem direito de sonhar - o brasileiro lúcido. Insistir na postura ética de todos os profissionais do direito, a começar do juiz, de quem se exige o consequencialismo no artigo 25 do Código de Ética da Magistratura Nacional editado pelo CNJ em 2007, auxiliará - e muito - esse processo transformador para a qual todos somos conclamados. "Intensificar todas as estratégias de composição consensual dos conflitos é vital para a subsistência da função judicial e para o fortalecimento da Democracia Brasileira." 25 REVISTA DO HOMENAGEM Ministro Lewandowski instala audiência de custódia no Pará FOTOS RICARDO LIMA / TJPA Desembargador Constantino Guerreiro, presidente do TJPA, e o ministro Ricardo Lewandowski, homenageado. Presidente do STF e do CNJ recebe homenagem do TJPA durante cerimônia O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Ricardo Lewandowski, assinou o termo de instalação da Audiência de Custódia no Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA), onde foi recebido pelo desembargador-presidente Constantino Guerreiro, na presença dos demais desembargadores e desembargadoras, servidores, defensores, promotores de Justiça, juízes, advogados e jornalistas. Constantino Guerreiro saudou o ministro e ressaltou que a gestão dele à frente do Conselho Nacional de Justiça tem primado pela valorização da magistratura e por 26 projetos e iniciativas que têm posicionado o Judiciário brasileiro no centro do debate das principais questões nacionais, como protagonista e principal fiador das liberdades individuais e do estado democrático de direito. O presidente do STF e do CNJ foi distinguido pelo Tribunal de Justiça do Pará com a Comenda do Mérito Judiciário. Também estiveram à mesa que presidiu a solenidade o prefeito Zenaldo Coutinho, o procurador-geral do Estado, Antônio Sabóia Neto, representando o governador Simão Jatene; e o presidente do Conselho dos Tribunais de Justiça, OUTUBRO 2015 REVISTA DO desembargador Milton Nobre. Ivo Jefferson dos Santos, 20 anos, desempregado, ganhou uma nova oportunidade após ser preso em flagrante ao roubar um celular no Comércio. Ele usou um simulacro de arma para intimidar a vítima, mas foi capturado por guardas municipais e conduzido à central de triagem de São Brás. Ivo responderá ao processo em liberdade após decisão do juiz da Vara Especial de Inquéritos Policiais, Flávio Sanches Leão, proferida durante a primeira audiência de custódia feita no Pará pelo Tribunal de Justiça do Estado. O projeto foi lançado em fevereiro deste ano, em São Paulo, e o Pará é o 21º estado da Federação a implantá-lo. O 22º é o Amapá, cuja instalação ocorreu na tarde desta sexta-feira, em Macapá. Segundo o ministro Lewandowski, em sete meses, a economia total já está em mais de R$ 480 milhões, com mais de seis mil cidadãos que não deveriam estar presos liberados e o equivalente a oito presídios não construídos. O caso de Ivo Jefferson dos Santos é exemplar. Sem antecedentes criminais, desempregado e arrimo de uma família cuja renda o coloca abaixo da linha de pobreza, Ivo não foi para a cadeia, mas está proibido pelo juiz de se ausentar da cidade, não pode mudar de endereço sem comunicar a Justiça e nem se aproximar das testemunhas e da vítima. Ele responderá ao processo e, além dis- so, terá se de apresentar regularmente ao cartório do Fórum Criminal e procurar o serviço social do ProPaz, que juntamente com a Secretaria de Assistência Social, Emprego, Trabalho e Renda (Seaster) vai acompanhá-lo para que ele obtenha uma chance de qualificação para o trabalho. A Fundação Papa João XXIII, da Prefeitura de Belém, fará o acompanhamento em caso da necessidade de reabilitação para dependência química. "Um rapaz desse, de 20 anos, sem antecedentes criminais, arrimo de família, na cadeia, será facilmente recrutado pelo crime organizado que está dentro dos presídios e fará uma pós-gradução em criminalidade", advertiu o ministro Lewandowski, ao ponderar que, após alguns meses de prisão, pelo crime catalogado no Código Penal Brasileiro como roubo simples, ele cumpriria as mesmas medidas fixadas pelo juiz na audiência de custódia, com o ônus de ter passado por uma experiência extrema na cadeia, com prejuízos para ele e para a sociedade. "É uma pena antecipada", disse o ministro. PILOTO O projeto da audiência de custódia consiste em apresentar ao juiz em um prazo de 24 horas os presos em flagrante. Antes da audiência, ele se avista com o defensor público, que apresentará a sua defesa. O representante do Ministério Público faz a acusação e o Instituto Médico Legal designa o perito no local para fazer o exame de FOTOS RICARDO LIMA / TJPA Ministro Lewandowski assina o Termo de Instalação das Audiências de Custódia no Pará. OUTUBRO 2015 27 REVISTA DO FOTOS RICARDO LIMA / TJPA corpo de delito, atestar a integridade física e mental dos detidos e verificar se foram submetidos a alguma forma de tortura. A experiência piloto em Belém envolverá presos em flagrante da Unidade Integrada ProPaz da Terra Firme e das seccionais da Marambaia, Icoaraci e São Brás. A média de presos provisórios no Pará está acima da nacional, com 49% do total de 13.268 detentos. O estado tem 41 unidades prisionais, com um déficit de 4.247 vagas, de acordo com o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) do ano passado. As audiências de custódia serão realizadas em duas salas na Vara Especializada de Inquéritos Policiais da Comarca de Belém, de segunda a sexta-feira, das 8 às 14 horas. Haverá plantões judiciários para atendimento fora do horário de expediente. Além do Tribunal de Justiça, também são parceiros do projeto do CNJ no Pará o Ministério Público, a Defensoria Pública, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-Pará), a Prefeitura de Belém e o Governo do Estado. A ideia é acompanhar os indiciados liberados nas audiências de custódia, com medidas sociais para evitar a reincidência. "Nós temos hoje no Brasil a 4ª população carcerária do mundo, depois dos Estados Unidos, China e Rússia. São quase 600 mil presos, 40% dos quais são provisórios, um total de 240 mil pessoas que nunca viram um juiz. Com esse procedimento (audiência de custódia), nós vamos deixando de prender aquelas pessoas que não são violentas, que não oferecem perigo à sociedade, e vamos abrindo espaço nas penitenciárias e cadeias públicas para aqueles que realmente merecem ser presos, provisoriamente e definitivamente. Já há uma grande economia para os cofres públicos. Cada preso custa, em média, R$ 3 mil reais ao mês para o erário. Então, desde que começamos a implantar esse projeto em fevereiro deste ano, em 20 Estados, já economizamos quase meio bilhão de reais para os cofres públicos, deixando de prender seis mil cidadãos que não oferecem riscos à sociedade e deixamos de construir 8 mil presídios", ressaltou o ministro. Ministro Ricardo Lewandowski com desembargadores e juízes na primeira audiência de custódia do Pará, que beneficiou jovem de 22 anos. (Com informações do TJPA) 28 OUTUBRO 2015 REVISTA DO RIO DE JANEIRO TJ do Rio de Janeiro apresenta maior índice de produtividade TJRJ / DIVULGAÇÃO Sede do TJRJ: instalações e infraestrutura modernas para atingir índices expressivos de produtividade. Ações inovadoras garantem ao Tribunal o selo de eficiência do CNJ Diante do impasse criado pela grande demanda de ações, em que todos no Poder Judiciário são desafiados a buscar soluções para reduzir o acervo de 100 milhões de processos hoje em curso nas comarcas do país, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio (TJRJ) recebeu neste ano de 2015 uma notícia que muito orgulha os magistrados e servidores fluminenses. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) conferiu ao TJ do Rio o maior índice de produtividade dentre todos os tribunais estaduais, conforme a divulgação da 11ª edição do relatório Justiça em Números. Com esse mérito, o TJRJ recebe os presidentes de TJs de todo o Brasil para o 105º Encontro do Conselho dos Tribunais de Justiça. O evento será nos dias 30 20 a 22 de outubro. O TJ do Rio e o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) apareceram, entre os tribunais de grande porte, com os maiores percentuais de eficiência, iguais a 100%, índice que tem se mantido durante toda a série histórica desde 2009. De acordo com o estudo, que tem 2014 como ano-base, o TJRJ alcançou um Índice de Produtividade dos Magistrados (IPM) de 3.790 ações no primeiro grau. O indicador computa a média de processos baixados por magistrado em atuação. Com uma área de 43.696 km² e população de mais de 16 milhões de habitantes, o Rio de Janeiro divide-se em 92 municípios. O TJ do Rio está presente em todos esses cantos, do maior ao menor município, seja em denOUTUBRO 2015 REVISTA DO de congestionamento e a produtividade dos magistrados (IPM), isto é, o percentual de processos em tramitação que não foram resolvidos no ano de 2014 versus o total de processos baixados por magistrado, “pode-se perceber que apenas o TJRJ (grande porte) e o TJAP (pequeno porte) constam na fronteira da eficiência”. O relatório acrescenta que o TJ do Rio apresentou o maior quantitativo de processos baixados por magistrado entre os tribunais estaduais. A carga de trabalho do magistrado do TJRJ, que computa a média de efetivo trabalho de cada magistrado durante o ano, considerando casos novos, casos pendentes e recursos internos, entre outros, é de 19.691 processos no 1º grau, ocupando o primeiro lugar no ranking da Justiça Estadual neste quesito. Já no segundo grau, a carga de trabalho é de 1.911 ações. Ainda de acordo com a análise, a Justiça do Rio ocupa o segundo lugar no ranking da Justiça Estadual, com 802 magistrados e 25.945 servidores e auxiliares, com uma despesa total de R$ 3.787.885.038, ficando atrás do Tribunal de Justiça de São Paulo com uma despesa de R$ 8.362.824.642. Para a classificação por porte dos Tribunais de Justiça, consideram-se as despesas totais, os casos novos, os casos pendentes, o número de magistrados, o número de servidores (efetivos, requisitados e comissionados sem vínculo efetivo) e o número de trabalhadores auxiliares (terceirizados, estagiários, juízes leigos e conciliadores). TJRJ / DIVULGAÇÃO sidade demográfica ou extensão territorial, para cumprir o seu papel constitucional. Mesmo em situações que lhe sejam adversas pela urgência das decisões, os magistrados do TJ do Rio se apresentam dedicados em seus afazeres, como apontou o relatório do CNJ. “O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro se destaca ao analisar os índices de produtividade dos magistrados (IPM), de produtividade dos servidores (IPS) e de atendimento à demanda (IAD) e taxa de congestionamento (TC), uma vez que este tribunal apresentou no ano de 2014 o maior IPM, o terceiro maior IPS, IAD superior a 100% e mesmo assim obteve a terceira maior taxa de congestionamento da Justiça Estadual. Tais indicadores demonstram que, mesmo com alta produtividade, o TJRJ não consegue reduzir o resíduo processual de anos anteriores”. Esta observação é pertinente ao mal que assola todos os tribunais no país. Pressionados por orçamentos que mínguam em razão das dificuldades econômicas dos estados brasileiros, os tribunais estaduais se ressentem da impossibilidade de contratação de magistrados e servidores suficientes para dar conta do crescimento geométrico dos processos. Assim, 10% dos 100 milhões de processos no âmbito nacional constituem o acervo da Justiça fluminense. Mas o próprio relatório do CNJ garante ao TJ do Rio uma posição de destaque, pois observando-se ainda a relação entre a taxa À esquerda, ao centro, o desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, presidente do TJRJ. OUTUBRO 2015 31 REVISTA DO VALORIZAÇÃO DE PESSOAL Bittar; e o 3º vice-presidente, desembargador Celso Ferreira Filho. Com assiduidade e acompanhado da corregedora e juízes, o desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho tem mantido reuniões para ouvir reivindicações e sugestões de magistrados e servidores, na capital e no interior. É um intenso corpo a corpo, em constantes deslocamentos pela periferia e interior do Rio, cujos resultados traduzem uma gestão moderna e firme na busca de resultados. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA Nesses nove meses de administração, são visíveis os avanços nas áreas de Violência Doméstica, Infância, Juventude e Idoso, dando acolhida aos casos em que os personagens se mostram vulneráveis. Em julho passado, por exemplo, o TJ do Rio promoveu a segunda edição da “Semana da Justiça pela Paz em Casa”, com a realização de cerca de 1,5 mil audiências dedicadas aos direitos da mulher vítima de violência doméstica. A campanha, liderada pela ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), buscou resolver o maior número possível de casos de violência de gênero. Para isso, foi feito um mutirão de audiências, acelerando os julgamentos dos crimes de violência contra a mulher em todo o estado do Rio. E não vai parar por aí, já que em novembro será realizada mais uma semana de campanha. Tendo ainda a mulher como foco, o TJ do Rio realizou, recentemente, o II Seminário Internacional “Violência de Gênero e Feminicídio”, reunindo autoridades do Brasil, Espanha, Chile e Argentina. Do encontro, nasceu uma Carta Compromisso, que, entre outras abordagens, teve a seguinte conclusão: “Reconhecemos e BRUNNO DANTAS Para alcançar os números que atestam a capacidade e a competência jurisdicional do TJ do Rio, a sua Presidência, exercida pelo desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, tem como um dos pilares priorizar a valorização dos magistrados e servidores da primeira instância e o fortalecimento do diálogo com a sociedade. “A comunicação é uma das metas da nossa gestão, com o objetivo de darmos maior oxigenação ao Poder Judiciário fluminense”, diz o presidente Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, que tomou posse no dia 2 de fevereiro deste ano, juntamente com os demais membros da Alta Administração: a corregedora-geral da Justiça, desembargadora Maria Augusta Vaz; a 1ª vice- presidente, desembargadora Maria Inês da Penha Gaspar; a 2ª vice-presidente, desembargadora Nilza Projeto do TJ do Rio promove casamento comunitário na cidade de Magé-RJ. 32 OUTUBRO 2015 BRUNNO DANTAS REVISTA DO O TJ do Rio promoveu a “Semana da Justiça pela Paz em Casa”, com cerca de 1,5 mil audiências. afirmamos nossas formas de produção de conhecimento no âmbito dos estudos feministas, de gênero e da diversidade sexual, articuladas com as lutas dos diversos movimentos políticos na esfera civil e da pesquisa acadêmica. Reiteramos que houve avanços nas lutas e que, ano após ano, além de se realizar uma análise quantitativa dos fatos registrados, vem sendo elaborado um estudo que procura acompanhar as mudanças na legislação, bem como as políticas públicas específicas para as mulheres”. Ainda neste âmbito, foi realizada a assinatura de convênio entre o Tribunal, o Ministério Público e a Polícia Civil para a implementação do Projeto Violeta, com o objetivo de dar maior segurança às vítimas de violência doméstica, efetivando com mais rapidez as medidas protetivas contra os agressores. OUTUBRO 2015 QUESTÃO DOS MENORES O TJ do Rio também tem enfrentado com firmeza, porém mantendo a sensibilidade que a situação requer, a questão dos menores infratores. “O encarceramento não é a solução. É preciso um olhar diferenciado na aplicação das medidas socioeducativas para adolescentes infratores, já que ele – o jovem - é um ser que ainda se encontra em formação”. Foi com essas palavras que o desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho inaugurou a Vara de Execução de Medidas Socioeducativas da Comarca da Capital. A nova unidade jurisdicional é responsável pela execução das medidas socioeducativas aos menores em conflito com a lei. “Em grande parte dos casos, o adolescente infrator é fruto de uma família desintegrada e não tem acesso à educação e saúde de qualidade. Falta estrutura, faltam políticas públicas para formar uma pessoa de bem. Hoje, o que fazemos aqui, é plantar uma semente. Nossa responsabilidade é muito grande, mas confio nos magistrados e servidores a quem entregamos essa missão”, acrescentou o presidente durante a solenidade de instalação da nova serventia, que funciona na Zona Norte do Rio. Outra situação com o envolvimento de menores é a exploração do trabalho infantil. O TJ do Rio engajou-se na questão, assinando um protocolo de intenções para erradicação do trabalho infantil no estado e a regularização das atividades trabalhistas desenvolvidas por adolescentes. O termo foi firmado com o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 1ª região, o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Defensoria Pública do Rio e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que já desenvolvem ações na área. O presidente do TJRJ destacou a 33 REVISTA DO importância da iniciativa. “Esse protocolo manifesta a intenção de uma política pública. Ele não é meramente formal, o protocolo é essencial para o resgate da dignidade da criança e do adolescente”, afirmou o desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, após assinar o documento. Se o menor tem recebido atenção especial, do outro lado da moeda está o amparo aos idosos. A campanha de Conscientização e Valorização dos Direitos dos Idosos, promovida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), teve um saldo positivo. Em dois meses de ações, o TJRJ chegou à marca de 9.943 sentenças e decisões proferidas a partir da priorização dos processos que envolvem idosos, e mais de 16% do acervo total de processos foram movimentados. O sistema de priorização de processos já foi implantado de forma eletrônica e manual, através de etiquetas de cor verde. O presidente do TJRJ, desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, parabenizou o esforço dos juízes e serventias e disse que o objetivo da campanha pelo cumprimento da Lei 10.741/03, o Estatuto do Idoso, foi cumprido. “Se a filosofia da administração do Tribunal é atender da melhor forma possível o jurisdicionado, é evidente que essa lei merece uma atenção especial”, falou o presidente, referindo- se às ações promovidas pela campanha. O magistrado considera ainda que o trabalho pelos idosos é um ato de reciprocidade. “Não é nenhum tipo de favor. Isso se chama reconhecimento. É o reconhecimento que um órgão tem que ter daqueles que trabalharam em uma vida inteira pela sociedade”, disse o desembargador Luiz Fernando. AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA O TJ do Rio também implementou a audiência de custódia, que consiste na imediata apresentação do preso em flagrante, no prazo de 24 horas, à autoridade judiciária e está prevista em pactos e tratados internacionais assinados pelo Brasil, como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e a Convenção Interamericana de Direitos Humanos, conhecida como Pacto de San Jose. 34 Para o presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, a iniciativa representa uma inovação no sistema processual penal. “O projeto evita o ingresso do detido no sistema carcerário, quando o cidadão, em princípio, não oferecer periculosidade criminal. O juiz faz uma avaliação para saber se aquela pessoa pode, sem prejuízo da sociedade, ser colocada em liberdade. Trata-se de uma análise feita com cautela, firmeza e sensibilidade”. À solenidade de inauguração compareceu o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Ricardo Lewandowski, que declarou na ocasião que se estava dando um grande passo no combate à corrupção. “Temos cerca de 600 mil encarcerados no país, sendo aproximadamente 40% provisórios, ou seja, sem culpa formada. O Brasil Audiência de Custódia no Rio de Janeiro: inovação no sistema processual penal. OUTUBRO 2015 TJRJ / DIVULGAÇÃO REVISTA DO prende muito, mas prende mal. A audiência de custódia contribui para pacificação social, na medida em que vamos reservar a prisão somente para aqueles efetivamente perigosos à sociedade” – disse o ministro. VIOLÊNCIA E CORRUPÇÃO O Judiciário fluminense também demonstra sensibilidade com temas que estão preocupando a sociedade. No início deste mês de outubro, o TJ do Rio abriu espaço para a realização do seminário “Corrupção e Violência: Reféns, até quando?”, em que reuniu representantes dos mais diversos segmentos, como juristas, políticos, sociólogos, jornalistas e lideranças comunitárias para uma reflexão e elaboração de metas de combate às duas questões. Idealizador do seminário, o desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho disse, na oportunidade, que “A realização deste seminário OUTUBRO 2015 demonstra que o Poder Judiciário se sensibiliza com os temas que estão preocupando a nossa sociedade. Abrir o espaço para discutir a violência e a corrupção com a sociedade civil torna-se necessária e fundamental”. No encerramento do seminário, a vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, conclamou a sociedade a lutar contra todos os que utilizam dos métodos que, para ela, contribuem para a descrença nas instituições. “Não queria estar aqui para encerrar um seminário, mas sim, para poder anunciar que a corrupção e a violência acabaram em todo o mundo. Me sinto em uma situação de desconforto com esses males, mas nem por isso eu sou refém deles. Temos que ter a audácia de lutar contra aqueles que lançam mão da violência e da corrupção. Porque o medo nos deixa mais vulneráveis. Se eu em sentir refém, o outro vai se sentir mais à vontade para me fazer o mal.” Os compromissos firmados durante o seminário, visam promover a Justiça, a garantia dos direitos humanos e o combate à degradação social. Nos três dias de seminário, realizado entre quarta (30/09) e sexta-feira (02/10), foram promovidos painéis e debates para discutir a segurança, a corrupção e a violência, além da apresentação das ações que o TJRJ pretende adotar sobre os temas. Os compromissos também têm o objetivo de melhorar os mecanismos do Poder Judiciário no Rio e levar o atendimento jurídico para alcance de toda a população, incluindo a atuação do TJRJ junto à educação. JUSTIÇA ITINERANTE Para aproximar ainda mais a Justiça da sociedade, o TJ do Rio conta com ônibus especialmente adaptados que são deslocados para dar atendimento à população em regiões carentes na capital e no interior. Os cartórios-móveis, com a presença de magistrados, servidores, representantes do Ministério Público e da Defensoria, representam uma extensão do tribunal. Entre outros serviços, a 35 REVISTA DO população que recorre aos serviços oferecidos pela Justiça Itinerante pode regularizar documentos, buscar soluções conciliadoras em conflitos com vizinhos, o corte indevido de luz, água e telefone, registro tardio de nascimento, conversão de união estável em casamento e o reconhecimento voluntário de paternidade. O objetivo da Justiça Itinerante é integrar os juízes às comunidades, promovendo uma mudança de relacionamento entre a sociedade civil e o Poder Judiciário, além de modernizar a prestação jurisdicional, afastando os rituais formais ultrapassados e com ênfase na celeridade do processamento. CONCILIAÇÃO JUIZADO DO TORCEDOR E GRANDES EVENTOS Para lidar com as demandas oriundas de eventos que reúnam grande massa de participantes, o Tribunal de Justiça do Rio conta com o Juizado Especial do Torce- dor e dos Grandes Eventos. Criado pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio (TJRJ) em 2013, o Juizado tem atuado com eficácia para garantir a segurança dos eventos e a tranquilidade do cidadão que sai de casa com a principal finalidade de entretenimento. A iniciativa tem atingido resultados positivos e já acrescenta em seu currículo uma atuação destacada como a Copa das Confederações, a Jornada Mundial da Juventude, o Rock in Rio e a Copa do Mundo. Aliás, na Copa do Mundo, o juizado atuou intensamente nas ações contra a venda de ingressos por cambistas e nos mais diversos delitos praticados por torcedores no Maracanã. Os postos avançados do Juizado também marcaram a sua presença num dos maiores festivais de música do Rio, realizado em setembro: o Rock in Rio. Durante o festival, a unidade móvel do Juizado do Torcedor (um caminhão com 13 metros de comprimento) mobilizou um total de TJRJ / DIVULGAÇÃO Na procura de soluções à crescente demanda de processos, a Justiça do Rio tem encontrado na mediação e conciliação instrumentos capazes de reduzir o acervo de ações nas Varas Cíveis. O Núcleo Permanente de Méto- dos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) foi criado pela Resolução nº 23/2011 do Órgão Especial, em conformidade com a Resolução CNJ nº 125 de 2010, que institui a Política Judiciária Nacional de Tratamento dos Conflitos de Interesses, com foco nos denominados meios consensuais, que incentivam a autocomposição de litígios e a pacificação social. O Nupemec é um órgão colegiado não-jurisdicional permanente, com sede na Comarca da Capital. Os mutirões para a solução de conflit o s t ê m e nco nt rado re c ept i vi dade nas e mpre s as , que tem part i ci pado na re s o lução dos co nf li t o s . Justiça Itinerante leva assistência às comunidades distantes da capital. 36 OUTUBRO 2015 TJRJ / DIVULGAÇÃO REVISTA DO Juizado do Torcedor e Grandes Eventos: segurança aprimorada desde 2013. 74 pessoas, entre servidores, oficiais de Justiça e 18 juízes. Eles trabalharam das 14h até acabar o espetáculo. E, diferentemente do que muita gente pensa, mal deu para ver ao vivo algum show. E o Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos já está se preparando para atuar nas Olímpiadas do Rio, em 2016. Recentemente o Juizado autuou 69 torcedores por desacato e lesão corporal, na entrada Sul do Maracanã, antes do início do jogo Flamengo x Vasco, realizado em 27 de setembro pela série A do Campeonato Brasileiro. Após serem identificados e citados, os torcedores, 65 da Torcida Jovem Fla e quatro da Raça Rubro-Negra, foram liberados. E o trabalho do Juizado no Maracanã se repete em todos os jogos ou qualquer outro evento esportivo que mobiliza multidões de torcedores. É a Justiça coibindo a violência e garantindo a beleza do espetáculo. No período de realização dos OUTUBRO 2015 grandes eventos, o Tribunal de Justiça também reforça sua atuação no plantão dos aeroportos, com a designação de mais juízes para auxiliar nos juizados. Nessas ocasiões especiais, além de resolver as divergências entre empresas aéreas e passageiros, os magistrados vão atuar nas questões relativas à Infância, à Juventude e ao Idoso. PROCESSO ELETRÔNICO O TJ do Rio tem implementado a modernização dos sistemas com a implantação do processo eletrônico nas Comarcas da Capital e do Interior. A partir de 2 de fevereiro de 2016, por exemplo, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) somente vai receber as ações de execução fiscal distribuídas por meio eletrônico. Além de cumprir determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a medida proporcionará mais agilidade na tramitação das ações e redução do acervo do TJRJ, já que mais de 50% dos processos em curso correspondem à recuperação da dívida ativa junto aos devedores de tributos estadual e municipais. O presidente do TJRJ destaca o empenho do tribunal em promover novos mecanismos na cobrança da divida ativa. Segundo ele, é responsabilidade do tribunal estabelecer parcerias, incrementando a cobrança da dívida ativa e com os créditos revertidos não só para os municípios, mas a todos os envolvidos. A recuperação também evita que a dívida caia em prescrição. PROJETOS SOCIAIS Entre os compromissos assumidos pela administração do TJ do Rio está o incentivo à realização de projetos de inclusão social. Com os programas “Começar de Novo”, “Pais Trabalhando”, “Justiça pelos Jovens” e “Jovens Mensageiros” , o tribunal proporciona apoio e suporte para a recondução das pessoas ao convívio social. 37 TJRJ / DIVULGAÇÃO REVISTA DO Espetáculos teatrais promovidos pelo TJRJ incentivam a cultura no Estado. PROGRAMAS CULTURAIS O TJ do Rio também tem uma atuação marcante na vida cultural do Rio de Janeiro, com a promoção de uma extensa agenda de e v e n t o s . I n i c i a t i v a s inéditas, que fogem à sobriedade comum encontrada no exercício da magistratura, pontuam essas manifestações culturais, que ganham o gosto popular. U m d o s m a i o r e s e v e n t o s foi o “ D esenforcamento de Tiradentes” , com a encenação simbólica do destino de Joaquim José da Silva Xavier. O espetáculo, que foi realizado no dia 21 de abril, encenou um novo julgamento do Tiradentes (vivido pelo ator Milton Gonçalves), condenado à morte em 1792 pelo crime de lesa-majestade. Ao final do espetáculo, o ator não escondeu a emoção por ter interpretado o herói nacional, agora com um final feliz. “Eu não paro de chorar. Foi uma emoção única viver esse momento e esse herói nacional”, disse Milton. 38 Mais um sucesso de público e de mídia, foi a realização do Baile Charme. Considerado uma das maiores manifestações culturais da cidade, o Baile Charme foi promovido no último dia 29 de agosto, em frente ao TJ. O evento, com ambiente familiar, atraiu cerca de mil pessoas e foi considerado um sucesso. O “Conte Algo que não sei”, inspirado na coluna do jornal O Globo, já é integrante da agenda cultural da cidade e teve sua pri me i ra e di ção e m jul ho . O o bje t i vo é co nvi dar a s o ci e dade ci vi l ao de bat e de t e mas i mpo rt ant e s . Pe s s o as e m ge ral não vi s í ve i s que vi ve m e m s e u di a a di a s i t uaçõ e s di f í ce i s , o u que t ê m co nhe ci me nt o e s pe cí f i co co mo ci e nt i s t as , e s cri t o re s , pe s qui s ado res , ar t i s t a s , p a r t i c i p a m d o p r o grama, contando suas experiências. Essa pessoas podem se manifestar e t r a z e r r e f l e xõ e s p a r a d i v e r s a s q u e s tões que podem ajudar a Justiça a ampliar seus conhecimentos. OUTUBRO 2015 REVISTA DO TURISMO Bela e sempre jovem, a Cidade Maravilhosa encanta o turista Com 450 anos de fundação, completados em março de 2015, o Rio de Janeiro não se curva à idade Conhecida internacionalmente pela beleza das praias, da sua natureza exuberante e o contorno dos morros que circundam a Baía da Guanabara, a cidade vive um frenético ritmo de transformação nos últimos anos. A modernidade da vida tem exigido essa onda “retrofit” dos prédios e monumentos. A revitalização do que já existe se impõe a passos largos para acompanhar o crescimento de uma cidade. Novas avenidas são abertas numa transformação que há muito não se via. De Norte a Sul, passando pelo Centro, o Rio de Janeiro sofre ra40 dical modificação. Porém, o rejuvenescimento da cidade não interfere naquilo que é histórico. O novo e o antigo convivem harmoniosamente, mesclando a arquitetura urbana deste antigo arraial, que também já foi capital do Império e da República. Avenidas são rasgadas no traçado urbano, numa preparação frenética, adequando a cidade para receber em 2016 os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. O transporte coletivo é uma das preocupações dos urbanistas. Neste planejamento surge Pão de Açúcar (acima) e Maracanã (na foto à direita): dois dos pontos turísticos mais visitados do Rio de Janeiro. OUTUBRO 2015 REVISTA DO MANEZOIO2 / FREEIMAGES MARACA WIKIMEDIA Se o Maracanã antigo foi abaixo, no lugar dele surgiu o novo Maracanã, com instalações mais adequadas ao conforto dos torcedores. O ícone de jogos memoráveis não deixou de existir, mas se adaptou e continua sendo o “templo” de muitas emoções e alegrias, proporcionadas por craques com fama mundial. Depois de sediar a Copa do Mundo em 2014, incluindo a grande final, será palco em 2016 da abertura e do encerramento dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Com 78 mil lugares, é um dos estádios mais modernos e seguros do mundo, que proporciona entretenimento e lazer. O nosso Maraca é de todos e não está aberto somente nos dias de jogos. Que tal se sentir um craque entrando em campo? Você pode visitar os bastidores do estádio, conhecendo a Tribuna de Imprensa, vestiários, camarotes e um acervo de relíquias dos craques que fizeram a história do futebol no Brasil e no mundo. As visitas são realizadas diariamente, das 9h às 17h, com cerca de uma hora de duração. O ingresso é vendido no próprio Maracanã. o BRT, um sistema de transporte coletivo do município. Inaugurado em 6 de junho de 2012, o projeto de Bus Rapid Transit and System (BRT) é constituído de quatro corredores de vias expressas exclusivos para ônibus do sistema. Novos caminhos também são abertos para o Metrô, levando-o da Zona Norte até a Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Enquanto isso, as linhas de ônibus que servem a cidade tiveram os seus cursos reestruturados. OUTUBRO 2015 Além desses, a maior novidade em termos de transporte é o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que ligará Centro e Região Portuária, num percurso de 28 Km e 32 paradas. O projeto fortalece o conceito de transporte público integrado ao conectar metrô, trens, barcas, teleférico, BRTs, redes de ônibus convencionais e aeroporto (Santos Dumont). Com funcionamento 24h por dia, sete dias por semana, o sistema terá capacidade de transportar 300 mil passageiros diariamente. MUSEUS Cai o viaduto da Perimetral, derrubado a marretadas e implosão. Após quatro anos de obras, abre-se a vista para o mar. É a antiga Praça Mauá, agora revestida de novos contornos e abrigando museus e centros culturais. Além de uma intensa programação artística nos finais de semana, pode-se conhecer o Museu de Arte do Rio (MAR), definido como uma das âncoras culturais do Porto 41 REVISTA DO TJPR/ DIVULGAÇÃO Maravilha. Ao lado do museu está a Escola do Olhar, destinada à educação e que desenvolve programas de formação continuada em artes e cultura visual com professores e educadores. O museu funciona no Palacete Dom João VI, inaugurado em 1916 e tombado pelo município em 2010. Foi submetido a um longo e meticuloso processo de restauro para se transformar no pavilhão de exposições. A visitação é feita de cima para baixo. Os visitantes sobem até o último andar da Escola do Olhar, onde há um terraço com vista para a Região Portuária. De lá, têm acesso aos pavilhões com as mostras do museu. O último andar é dedicado ao Rio de Janeiro e tem sempre exposições que tratam do tema. Os outros três pavilhões trazem exposições com temáticas variadas que duram aproximadamente três meses cada. No site do MAR é encontrada a programação completa. Ali perto, na Rua Primeiro de Março, o turista pode visitar o Centro Cultural Banco do Brasil (também conhecido como CCBB). Construído em 1880, o prédio de linhas neoclássicas 42 já foi sede do Banco do Brasil e da Associação Comercial do Rio de Janeiro. Em 1989 tornou-se centro cultural e hoje reúne dois teatros, quatro salas para mostras, biblioteca com mais de 100 mil volumes em acervo informatizado, auditório, salas de vídeo e cinema. O horário de funcionamento é de terça a domingo, das 10 às 21 horas. Vizinho ao CCBB está a Casa França-Brasil, um dos principais espaços culturais do Rio de Janeiro, desde a sua inauguração em 1990. O centro cultural localiza-se em um prédio projetado pelo arquiteto oficial da Missão Francesa, Grandjean de Montigny, e já abrigou a Praça do Comércio e a Alfândega. Hoje é um polo de difusão de cultura e referência em arte contemporânea. A Casa França-Brasil possui uma sala de leitura, um espaço gastronômico e um lounge, que oferecem mais opções de entretenimento, conforto e lazer ao visitante. A lateral externa, um pátio amplo e aconchegante, com plantas, bancos de pedra, mesas cobertas e iluminação têm vista privilegiada para a tradicional Igreja de Nossa Senhora da Candelária. Está Museu de Arte do Rio: projeto arquitetônico une tradição e modernidade. OUTUBRO 2015 REVISTA DO CHENSIYUAN / WIKIMEDIA aberto de terça a domingo, das 10 às 20 horas. Também em processo de transformação da cidade está a Praça Quinze. No seu entorno foi erguido o complexo judiciário do Rio de Janeiro. Integra o complexo o Museu da Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que foi inaugurado em 23 de agosto de 1988 e pioneiro em seu gênero no país. Tem por objetivo resgatar, preservar e divulgar a memória do Judiciário fluminense, proporcionando a pesquisadores, historiadores, magistrados e ao público em geral o acesso a fontes históricas da Justiça do nosso estado. Instalado inicialmente no prédio da Praça da República 26, integrava o Departamento-Geral de Arquivo e Documentação Histórica do Tribunal de Justiça, mas dele se desvinculou em 1995, ficando então subordinado à Presidência do Tribunal e passando a realizar as suas atividades no prédio do Fórum de Niterói, antigo Palácio da Justiça da ex-capital fluminense. Em 1998, a sede do Museu foi transferida para o histórico palácio situado na Rua Dom Manuel 29, que abrigara sucessivamente três tribunais: a Corte de Apelação do Distrito Federal (denominada, em 1937, Tribunal de Apelação e, em 1946, Tribunal de Justiça do Distrito Federal), o Tribunal de Justiça do Estado da Guanabara e o Tribunal de Alçada Criminal do Estado do Rio de Janeiro. Em Niterói se estabeleceu apenas o Centro da Memória Judiciária daquela comarca. O museu funciona na Rua Dom Manuel 29. CRISTO REDENTOR No Rio de Janeiro está situado uma das sete maravilhas do mundo: o Cristo Redentor. Concebido pelo engenheiro Heitor da Silva Costa, o monumento teve a colaboração do escultor francês Paul Landowski e o engenheiro francês Albert Caquot na construção entre os anos de 1922 e 1931. Tem 30 metros de altura, sem contar os 8 metros do pedestal, e seus braços se esticam por 28 metros de largura. A estátua pesa 635 toneladas e está localizada a 700 metros de altura, no pico do Corcovado, no Parque Nacional da Floresta da Tijuca. A inauguração ocorreu em 12 de outubro de 1931, dia de Nossa Senhora Aparecida. O horário de visitação é das 8 às 19 horas. OUTUBRO 2015 PÃO DE AÇÚCAR Quem vai ao Cristo não pode deixar de visitar o Pão de Açúcar. Junto com a estátua do Cristo Redentor é cartão-postal da cidade e um dos mais famosos do Brasil. O Pão de Açúcar é um complexo de morros localizado no bairro da Urca, no final da Praia Vermelha, Zona Sul do Rio. Às margens da Baía de Guanabara constitui-se em uma referência turística internacional para a cidade. Um bondinho transporta o visitante pelo teleférico, interligando a Praia Vermelha ao Morro da Urca. Conhecido como Bondinho do Pão de Açúcar, o teleférico foi inaugurado em 1912, tornando-se o primeiro teleférico instalado no país e o terceiro do mundo. Cristo Redentor: atração está entre as sete novas maravilhas do mundo. 43 REVISTA DO CHENSIYUAN / WIKIMEDIA As praias são outro ponto alto do Rio. Ipanema, Copacabana, Leblon e Barra enchem os olhos dos turistas. Nesses 103 anos de existência, transportou milhões de pessoas. Na última estação do bondinho tem-se a vista panorâmica das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói. PRAIAS O carioca não vive sem praia, já que a cidade oferece uma extensa orla marítima. É também a primeira opção de lazer do turista que vem ao Rio. Na Zona Sul estão localizadas as mais famosas, entre as quais Copacabana, conhecida internacionalmente e cuja fama abrange o bairro pela sua vida diurna e noturna. Na larga faixa de areia, se pratica vôlei e futevôlei. Quiosques modernos vendem bebidas e comida. No fim da praia, está localizado o Forte de Copacabana e a estátua do escritor Carlos Drummond de Andrade, que virou mais um ponto de atração da praia, reconhecida como a “princesinha do mar”. Outra praia badalada é Ipanema, que mantém a fama de lançadora de moda e de movimentos culturais. O posto 9 é o mais concorrido, enquanto a juventude dourada se concentra na altura da Rua Joana Angélica. Em dezembro de 2014, o bairro ganhou uma estátua do cantor e compositor Tom Jobim. Próxima ao Arpoador, a obra retrata o músico jovem, caminhando com um violão nas costas. Numa continuação de Ipanema, está a praia do Leblon, um dos bairros com o metro quadrado mais caro do mundo. Nas areias, as escolinhas de 44 vôlei, futebol e surfe movimentam a área. Além dessas, o turista pode conhecer as praias do Leme, Arpoador, São Conrado e a Barra da Tijuca. Com 15 quilômetros de extensão ao longo da Avenida Sernambetiba, a Barra da Tijuca é a maior praia da cidade. As águas são esverdeadas, com ondas que atraem adeptos do surfe e do bodyboard. Os ventos constantes reúnem praticantes de kitesurf e windsurf. É na Barra da Tijuca que se encontra a Praia do Pepê. Quem vem da Zona Sul é a primeira praia do bairro. São quase dois quilômetros de orla, cercada por prédios com poucos andares. A Barraca do Pepê, criada pelo campeão de voo livre Pedro Paulo Carneiro Lopes, morto em um acidente em 1991, é um dos tradicionais pontos de encontro da região . JARDIM BOTÂNICO Uma das mais preservadas áreas verdes da cidade, o Jardim Botânico abriga cerca de 6.500 espécies da flora em uma área de 54 hectares. O espaço fica na Rua do mesmo nome, na Zona Sul da cidade. O arboreto científico (parque) está aberto aos visitantes de segunda a domingo, durante todos os dias do ano, excetuando-se 25 de dezembro, 1º de janeiro e momentos específicos de horários adotados pela Presidência do Instituto. O horário normal de visitação é: segundas-feiras, das 12 às 17h, e de terça a domingo, das 8h às 17h, com prorrogação de uma hora para o fechamento das bilheterias no período de horário de verão. Para mais informações, ligue para o Centro de Visitantes - Telefone: +55 (21) 3874-1808 / 3874-1214. TOUR Em frente à praia de Ipanema está a Cagarras, composta por sete ilhas e rochedos. O arquipélago é integrado pelas ilhas: Lage de Cagarra, Cagarra, Filhote de Cagarra, Matias, Praça Onze, Ilha Comprida e Palmas. Por lá, é comum encontrar diversas espécies de aves, como gaivotas, fragatas, atobás, maçaricos, gaviões, corujas, trinta-réis, bem-te-vis, biguás, garças, urubus e outros. É possível conhecer essas ilhas. Saindo às 10h da Marina da Glória, o tour é feito de escuna, onde são apresentadas as praias da Zona Sul. Logo após, há duas possibiliOUTUBRO 2015 dades de roteiro: no primeiro, o percurso vai pela Praia do Flamengo, Forte de S. João, Urca, Pão de Açúcar, Praia Vermelha, Leme, Praia de Copacabana, Ilhas Cagarras e retorno. Já no segundo, Praia do Flamengo, Forte da Lage, Fortaleza de Santa Cruz, Praia do Imbuí, Forte do Imbuí, Praia de Piratininga, Camboinhas, Praia de Itaipú e retorno. TJPR/ DIVULGAÇÃO REVISTA DO SANTA TERESA O visitante ainda tem a opção de conhecer o bairro de Santa Teresa, um dos mais tradicionais perto do Centro do Rio de Janeiro. O passeio inclui a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito do homem preto, Igreja de Nossa Senhora de Conceição e de Nossa Senhora da Boa Morte, Igreja de Nossa Senhora da Candelária, CCBB e Casa França Brasil, Rua do Rosário, Rua do Mercado, Rua do Ouvidor; Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores; Travessa do Comércio, Casa da Carmen Miranda, Praça XV, Paço Imperial, Chafariz do Mestre Valentim, Antigo Convento das Carmelitas e a Nossa Senhora do Carmo; Rua Sete de Setembro, Confeitaria Colombo, Rua Uruguaiana, Largo da Carioca, Cinelândia e passagem pelos principais pontos de Santa Teresa. FLORESTA DA TIJUCA Localizada a 10 minutos do Centro do Rio de Janeiro, se encontra uma das áreas de preservação ambiental mais diversificada do mundo. Com fauna e flora apaixonantes, a Floresta da Tijuca, no Parque Nacional da Tijuca. É um verdadeiro tesouro urbano. O parque, que possui 3 972 hectares, é a quarta maior área verde urbana do país, atrás apenas do Parque Estadual da Cantareira (7. 916,52 hectares), da Reserva Floresta Adolpho Ducke (10 mil hectares), em Manaus, e do Parque Estadual da Pedra Branca (12. 500 hectares), na Zona Oeste do Rio. Uma das opções de visita ao Parque é o tour em transporte de jeep. Após embarque no hotel, acontece a subida pela estrada do Horto Florestal, parada na Cachoeira dos Macacos, parada na Vista Chinesa, Mesa do Imperador, parada na Cascatinha, Capela Mayrink, Centro dos Visitantes, caminhada pela Floresta da Tijuca, saída pelo Açude da Solidão, Estrada das Canoas, parada na praia do Pepino para ver os voos de Asa Delta e retorno ao hotel pela Avenida Niemeyer. OUTUBRO 2015 LAPA Jardim Botânico: espaço O Rio de Janeiro também oferece ao visi- para lazer e contato com tante uma movimentada noite, proporciona- a natureza. da por bares e restaurantes no Centro e na Zona Sul. Em Copacabana, Ipanema e Leblon estão localizados famosos restaurantes e bares da moda, onde a boa comida e bebida fazem a fama desses lugares. No Centro, a Lapa é o berço da boemia carioca. As casas noturnas têm uma grande oferta de samba, forró, chorinho e rock — no mítico Circo Voador. O bairro é eclético e para todos. O turista terá dificuldade de fazer a sua escolha, diante de tantas opções regadas a chope, os petiscos e a música. Apenas uma noite é pouca para aproveitar a vida na Lapa. 45 REVISTA DO PELOS TRIBUNAIS TJES elege Mesa Diretora para o próximo biênio FOTOS: CAMISAL SOUZA / GOVBA Acima, no centro, o desembargador Annibal de Rezende Lima, novo presidente do TJES Tribunal do Espírito Santo terá Annibal de Rezende Lima na presidência O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) elegeu a Mesa Diretora para o biênio 2016/2017. À unanimidade de votos, o Tribunal Pleno sufragou o nome do desembargador Annibal de Rezende Lima para o cargo de presidente da Corte. Já para a função de vice-presidente do TJES foi eleito o desembargador Fábio Clem de Oliveira, enquanto o desembargador Ronaldo Gonçalves de Sousa continuará como corregedor-geral da Justiça, cargo que assumiu no último mês de junho após a aposentadoria do desembargador Carlos Roberto Mignone. Para a função de vice-corregedor foi escolhido o desembargador Ney Batista Coutinho. Também à unanimidade, a desembargadora Eliana Junqueira Munhós Ferreira foi eleita ouvidora judiciária, tendo o desembar46 gador Fernando Estevam Bravin Ruy como suplente-ouvidor. Quanto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES), os desembargadores Sérgio Luiz Teixeira Gama e Samuel Meira Brasil Júnior foram eleitos, respectivamente, presidente e vice-presidente/corregedor do TRE-ES. Para a Comissão de Reforma Judiciária, o Tribunal Pleno elegeu o desembargador Willian Silva para presidente, tendo como membros da comissão os desembargadores Telêmaco Antunes de Abreu Filho e Janete Vargas Simões. Já como presidente da Comissão de Regimento, o Pleno escolheu o desembargador Ewerton Schwan Pinto Júnior, enquanto os membros eleitos foram os desembargadores Fernando Estevam Bravin Ruy e Eliana Junqueira Munhós Ferreira. OUTUBRO 2015 REVISTA DO Já o Conselho Superior da Magistratura será formado pela Mesa Diretora (desembargadores Annibal de Rezende Lima, Fábio Clem de Oliveira e Ronaldo Gonçalves de Sousa), tendo como membros vogais os desembargadores José Paulo Calmon Nogueira da Gama e Carlos Simões Fonseca e, como suplentes vogais, os desembargadores Namyr Carlos de Souza Filho e Dair José Bregunce de Oliveira. GESTÃO A gestão do desembargador Sérgio Bizzotto Pessoa de Mendonça à frente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) neste biênio (2014-2015) foi marcada pelos esforços realizados para reestruturar o Poder Judiciário Estadual, promover e estimular a transparência nos atos gerenciais e reduzir gastos sem prejuízo para as atividades jurisdicionais. Entre as medidas adotadas no mandato que se encerra no próximo dia 18 de dezembro, merece destaque a nomeação de novos juízes, fato que não ocorria há dez anos. Ao todo, foram empossados 60 juízes e promovidos ao cargo de desembargador dez magistrados. Assim, pela primeira vez na história todas as 30 cadeiras do Tribunal Pleno foram ocupadas. Com mais magistrados, foi possível realizar um maior número de julgamentos e agilizar a prestação jurisdicional. Desta forma, houve a reestruturação das Comarcas, oportunidade em que as unidades judicias com menor número de processos foram fundidas com o objetivo de otimizar a prestação de serviços e economizar recursos. Os esforços para reorganizar o Judiciário Estadual resultaram na Lei Complementar nº 788/2014, aprovada por unanimidade pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo e sancionada pelo então governador do Estado. A lei reestruturou a primeira instância do Poder Judiciário e deixou mais funcional a máquina judiciária. Essas mudanças garantiram um atendimento mais rápido às demandas da sociedade e ainda economizaram recursos financeiros. A lei permitiu o equilíbrio da carga de trabalho dos juízes, com a criação e reorganização das comarcas. Como resultado ficou a redução de gastos com transporte, diárias e funções gratificadas. OUTUBRO 2015 No alto, o atual presidente, desembargador Sérgio Bizotto. Acima e ao lado, o desembargador Annibal sendo cumprimentado e discursando após ser eleito. 47 REVISTA DO TJES DIVULGAÇÃO Outra importante melhoria foi a inauguração dos novos fóruns de Dores do Rio Preto e Boa Esperança. Com a implementação de programas de ampliação de serviços, o objetivo de aproximar a Justiça do cidadão vem sendo alcançado. De igual importância na aproximação do Judiciário com o cidadão foi a redução nas custas processuais. No final de 2013, o Tribunal de Justiça propôs, o Legislativo aprovou e o Executivo sancionou a revisão da lei que aumentava o valor das custas processuais em até 1.500%. A Lei nº 9.974 entrou em vigor em janeiro de 2014, logo no início da administração, que precisou solicitar a revisão dos valores. A Presidência entendeu que um aumento tão alto nas custas poderia dificultar o acesso à Justiça. Já para evitar o congestionamento de processos, a administração do TJES criou o Grupo Permanente de Sentenças. A ideia é que o grupo julgue a maior quantidade possível dos processos incluídos na Meta 02 do CNJ. O Grupo Permanente de Sentenças é composto por juízes que tenham cumprido, no ano corrente, no mínimo 90% das metas prioritárias do CNJ. Ele foi instituído pela 48 Resolução nº 57/2015 e teve a atuação regulamentada pelo Ato Normativo nº 241/2015. O trabalho será realizado sem prejuízo das atividades dos magistrados em suas unidades judiciárias. Acima, a moderna sede do TJES. PJE Seguindo a linha da modernização, a gestão do desembargador Sérgio Bizzotto deu início à implantação no Espírito Santo do Processo Judicial Eletrônico (PJe). Todo o trâmite vem sendo feito de forma segura, com treinamento e preparação dos envolvidos. O PJe vem sendo implantado nas Varas de Execução Fiscal. Ao todo, 38 comarcas já receberam o programa e quase dois mil processos já foram peticionados de forma eletrônica. A previsão do TJES é que todo o sistema judicial seja eletrônico nos próximos quatro anos. DESTAQUE NACIONAL Segundo Estado a implantar o programa Audiência de Custódia, o Espírito Santo foi destaque nacional ao ser também o segundo ente da Federação a ampliar o atendimento para o interior. O lançamento do programa teve a presença do presidente do Supremo Tribunal OUTUBRO 2015 REVISTA DO TJES DIVULGAÇÃO Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Ricardo Lewandowski. As audiências garantem que os presos em flagrante sejam apresentados a um juiz em até 24 horas após a prisão. Esse programa garante os direitos constitucionais do cidadão, mantendo na prisão apenas os criminosos de maior poder ofensivo e economizando recursos públicos. Apenas nos quatro primeiros meses de implantação (maio – setembro), o programa economizou para os cofres públicos mais de R$ 4 milhões. Foram apresentados ao juiz em menos de 24 horas mais de dois mil presos em flagrante. O índice de reincidência de crimes dos custodiados liberados é de apenas 7%. Merece registro ainda o fato de o Espírito Santo ter a iniciativa de encaminhar custodiados para atendimento psicossocial. SOCIAL Para evitar a superlotação dos presídios, a administração do TJES recomendou aos juízes estaduais a aplicação de medida cautelar de monitoramento eletrônico por meio de tornozeleira, nas hipóteses em que não houver pagamento de fiança devido à situação financeira do custodiado. A Recomendação Conjunta nº 001/2015 foi publicada no Diário da Justiça Eletrônica (e-diário) do dia 13 de fevereiro. Outra iniciativa de destaque do TJES diz respeito à aplicação dos recursos de penas pecuniárias em projetos sociais. Por meio dos editais lançados pelo Judiciário Estadual, em dois anos cerca de R$ 2,5 milhões foram destinados a entidades filantrópicas da Grande Vitória. Para participar do programa, as entidades filantrópicas devem se credenciar para obter os recursos oriundos das penas pagas em dinheiro. Dessa forma, o pagamento da pena se transforma, de forma direta, em benefício social. Em observância à Resolução nº 203/2015 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a administração do TJES aprovou a reserva aos negros em todo o Poder Judiciário Estadual, de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para cargos efetivos e de ingresso na magistratura. A reserva de vagas será aplicada sempre que o número de cargos oferecidos no concurso público for igual ou superior a três. Caso a aplicação do percentual de 20% resulte em número OUTUBRO 2015 fracionado de vagas, este será elevado para o primeiro número inteiro subsequente. CRISE Acima, o desembargador Sérgio Bizotto, atual presidente do TJES. A atual administração do TJES passou por um grande desafio. Diante da crise econômica que assola o país, o orçamento da Justiça Estadual para 2015 foi reduzido em R$ 133 milhões. Este valor é equivalente a dois meses inteiros de despesas com pessoal. Contudo, mesmo com a redução de recursos nenhum servidor foi demitido. Apesar das dificuldades financeiras, foi na gestão do desembargador Sérgio Bizzotto que o Plano de Carreira dos Servidores foi aprovado. As alterações aprovadas pela Assembleia Legislativa e sancionadas pelo governador do Estado garantiram reposições e reajustes salariais, proporcionando a reorganização das carreiras. MEDIDAS INTERNAS Além da reforma da Justiça de primeiro grau e da nomeação de novos juízes, a administração do TJES tomou uma série de medidas para otimizar o funcionamento da Corte e reduzir gastos. Destaque para a criação do Núcleo Socioambiental do Poder Judiciário do Espírito Santo (PJES), que atende à resolução do CNJ que dispõe sobre a criação dos núcleos 49 REVISTA DO e desafogar as salas ocupadas pelos processos, o TJES aprovou o Plano de Classificação e a Tabela de Temporalidade Unificada dos Processos Judiciais do Poder Judiciário do Espírito Santo (PCTTUPJ/PJES). Após a aprovação deste plano, os processos com decisões transitadas em julgado serão definitivamente arquivados quando não necessitarem de diligência do juízo processante, da secretaria da unidade judiciária respectiva e de terceiros designados para atuar na lide ou alcançados pelo julgado. Também foi criado nesta gestão o Centro de Memória e Espaço Cultural do TJES. O espaço, que funciona permanentemente no andar térreo do Palácio Renato de Mattos, abriga objetos, fotos e documentos que registram a história do órgão e do Estado. No local também são realizadas exposições e mostras de arte. PRECATÓRIOS Para manter em dia o pagamento de precatórios no Espírito Santo, o presidente do TJES, desembargador Sérgio Bizzotto, nomeou um juiz com dedicação exclusiva ao tema. Coube ao magistrado Rodrigo Cardoso Freitas administrar os pagamentos. Nesta gestão foi firmado ainda um termo de cooperação técnica entre o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), o Tribunal de Contas Estadual (TCE) e o Governo do Estado para a apuração dos valores referentes aos 30 denominados "precatórios da trimestralidade". FUTURO Para garantir a organização do Poder Judiciário para os próximos anos, a administração 2014/2015 realizou o Planejamento Estratégico que traçou os rumos da Justiça Estadual até 2020. Pela primeira vez na história do TJES, o planejamento foi realizado dentro de técnicas modernas, utilizando tecnologia de ponta e com o envolvimento de todos: magistrados, servidores e sociedade civil. (Informações da Ascom TJES) TJES / DIVULGAÇÃO socioambientais, de caráter permanente, nos órgãos do Poder Judiciário de todo o País para o planejamento, a implementação e o monitoramento de metas anuais e avaliação de indicadores de desempenho. Este núcleo está responsável por elaborar o Plano de Logística Sustentável (PLS), que visa estabelecer e acompanhar práticas de sustentabilidade, racionalização e qualidade, para que se alcance uma melhor eficiência do gasto público e da gestão dos processos de trabalho na Justiça Estadual. Outra importante medida aprovada pelo TJES nesta gestão foi a criação do Código de Ética. O texto foi aprovado pelos servidores em Conferência Estadual e segue agora para apreciação do Tribunal Pleno. A previsão é que o lançamento e a divulgação aconteçam em novembro. A elaboração do documento atende a uma recomendação do CNJ para que a regulamentação seja implantada em todos os Tribunais do País. Com o objetivo de gerar economia Espaço ajuda a contar a história da Justiça no Tribunal do Espírito Santo. 50 OUTUBRO 2015 REVISTA DO PELOS TRIBUNAIS Guarda Municipal forma Patrulha Maria da Penha TJRR firma parceria com prefeitura de Boa Vista para implantar programa O Tribunal de Justiça de Roraima, por meio da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica, fechou parceria com a Prefeitura de Boa Vista para que, por meio da Guarda Civil Municipal, seja desenvolvido o Programa Patrulha Maria da Penha. A parceria é resultado da assinatura de um Termo de Cooperação firmado no ano passado, entre as duas instituições. A Patrulha será uma eficiente ferramenta que vai preencher a lacuna atual existente entre a expedição da medida protetiva de urgência, em favor da mulher agredida, e o fiel cumprimento desta ordem judicial, por parte do agressor. O que se pretende é proporcionar um acompanhamento aproximado da situação familiar em que vive tanto a vitima das agressões, quanto os seus eventuais dependentes que venham a compartilhar o mesmo teto: filhos, pais etc. De acordo com a juíza Maria Aparecida Cury, o Programa será desenvolvido por guardas municipais, que contarão com uma viatura diferenciada, já que a ideia é que ela seja identificada nas visitas realizadas às residências das vítimas, mostrando para a sociedade o engajamento do Executivo Municipal e do Poder Judiciário na proteção daquela mulher. Além da especialização, o diferencial da Patrulha é que ela não atende a ocorrência, mas sim trabalha após o delito, fiscalizando o cumprimento da medida protetiva e acompanhando mulheres que foram vítimas de agressão. Durante os meses de agosto e setembro os Guardas Civis que compõem o projeto passaram por capacitação, que incluíam os seguintes temas: direitos humanos, igualdade de gêneros, Lei Maria da Penha, atuação e operacionalização do patrulhamento, além de ter participado de audiências no 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar. Destaca-se que durante esse período a patrulha Maria da Penha já está atuando, porém com um número reduzido de casos, pois, trata-se de um momento de capacitação e reflexão das situações encontradas em cada residência. (Com informações do TJRR) Patrulha Maria da Penha (abaixo) vai atuar no acompanhamento dos casos de violência doméstica. Acima, o desembargador Almiro Padilha, presidente do TJRR. TJRR / DIVULGAÇÃO OUTUBRO 2015 51 REVISTA DO PELOS TRIBUNAIS Tocantins atinge 100% de digitalização processual FOTOS: RODRIGO MOREIRA /ANDERSON FREITAS Processo eletrônico no TJTO acabou com a era do papel. Digitalização chegou a 100%. TJTO consolida virtualização e encerra era do processo de papel No dia 15 de setembro, o presidente do TJTO, desembargador Ronaldo Eurípedes, anunciou a virtualização e a inserção no Processo Eletrônico (e-Proc) do último processo de papel em tramitação no Judiciário do Tocantins, condição que o consolida como um Poder moderno e mais próximo do cidadão. Com o ato, a Justiça do Tocantins passa a atuar 100% digital. Desde o relatório "Justiça em Números 2013", com dados de 2012, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) classifica o TJTO como o único do País a ter a entrada de processos, nas duas instâncias, 100% eletrônico. O índice foi atingido em 2012 com a conclusão da implantação do Processo Eletrônico (e-Proc) nas 42 comarcas. Se por um lado nenhum novo processo 52 passou a ser aceito pela Justiça tocantinense na forma física, desde 2012, de outro, na contramão desta inovação, havia o acervo com mais de 135 mil processos físicos remanescentes que ainda tramitavam em papel, agora extintos. "Hoje nós somos o único do país com um sistema eletrônico que vai da delegacia ao Supremo Tribunal Federal em cliques", afirmou o presidente, ao comentar o momento histórico. SAGA O primeiro passo rumo à modernização ocorreu durante a gestão (2011/2013), presidida pela desembargadora Jacqueline Adorno, ao decidir implantar o Sistema de Processo Eletrônico (e-Proc/TJTO). Da escolha pelo sistema à sua total implantação nas OUTUBRO 2015 REVISTA DO 42 comarcas o ato foi um grande desafio que marcou o Judiciário. “Recebo a notícia de que o último processo físico entrou no sistema com uma alegria enorme. É muito bom ver um projeto com esta dimensão finalizando. Mas o sistema está vivo e nós precisamos atualizá-lo diuturnamente para não ficar defasado”, avalia. A magistrada lembra que, quando assumiu a gestão do TJTO, o processo eletrônico estava começando. “Tinha um esboço de início deste processo, mas não estava regularizado, estava tudo muito confuso. Não tinha um acordo com o TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região, pioneiro na implantação do sistema) e não tínhamos autorização do Tribunal Pleno. A parte legal do processo eletrônico não estava montada. Tivemos de começar do zero”. Em 2014 a digitalização do acervo de processos remanescentes virou meta do Poder Judiciário do Tocantins, após medidas tomadas pela desembargadora Ângela Prudente, então presidente do Tribunal de Justiça, fixadas pela portarias nº 1.656/2014; nº2056; e nº3742. As normas, publicadas gradativamente no Diário da Justiça, estabeleceram prazos para a virtualização das comarcas de 1ª, 2ª e 3ª entrância. "Não podíamos mais esperar que os processos fossem encerrados naturalmente, já vivenciávamos a era digital e não tinha mais volta, graças a Deus. Era um grande desafio, mas sabendo do comprometimento de magistrados e servidores, tínhamos a certeza da superação", afirma a desembargadora, que reforçou o trabalho das Comarcas ao criar Central de Digitalização do Núcleo de Apoio às Comarcas (Nacom). Entre 2014 e 2015 foram digitalizados 13.434 e inseridos 14.858 processos de diferentes unidades judiciais do Estado. Entre servidores e estagiários cerca de 10 pessoas se revezavam no trabalho. "A Central foi uma importante medida de apoio às comarcas que tinham grandes demandas de digitalização. Sem esse reforço muitas unidades não teriam alcançado o Selo 100% digital, que também instituímos para reconhecer o esforço e dedicação com a virtualização dos processos. Encerramos a Gestão com as Comarcas de 1ª e 2ª Entrâncias 100% digitalizadas e mais de 70% das Varas de 3ª Entrância totalmente digitais", reforça a desembargadora Ângela. Além do trabalho da Central, o Nacom, desde que foi criado em 2013, veio auxiliando as unidades que desejavam entrar definitivamente para a era digital. Somados aos números da Central o Núcelo alcançou um total de 16.532 processos digitalizados e 19.063 inseridos nos últimos três anos. SUSPENSOS Em 2015 um novo capítulo foi registrado na saga da digitalização. O presidente do TJTO, Ronaldo Eurípedes, determinou que os processos suspensos também fossem virtualizados, buscando efetivamente um Judiciário 100% digital. Todos os que Presidente do TJTO, desembargador Ronaldo Eurípedes (centro), detalha a digitalização de processos. OUTUBRO 2015 53 REVISTA DO Desembargador Ronaldo Eurípedes: 135 mil processos foram digitalizados. tinham p roc essos guardado s vo lt aram a p or a mão na mas s a, ve nce ndo mai s um desafio. A saga da virtualização de 135 mil processos remanescente digitalizados, de milhares de páginas virtualizadas uma a uma, encerra a trajetória que exigiu empenho e comprometimento de magistrados e servidores para concretizar mais modernização e celeridade ao serviço jurisdicional prestado à sociedade tocantinense. PIONEIRAS Um dos marcos dessa saga se deu no dia 1º de outubro de 2012 quando a comarca de Araguaína encerrou a implantação do Processo Eletrônico (e-Proc) e o Poder Judiciário do Tocantins passava a atuar virtualmente nas 42 comarcas. Abriu-se então, duas matrizes de trabalho: a digital, com todas as comarcas recebendo apenas processos virtuais e a física representada pelos mais de 135 mil processos do acervo. A realidade exigiu comprometimento e ousadia de magistrados e servidores para se atualizar com o novo sistema e se libertar do acervo analógico. 54 A 2ª Vara Cível da Comarca de Palmas, sob o comando do juiz Luis Otávio de Queiroz Fraz enfrentou o desafio e se tornou no dia 1º de janeiro de 2013 a primeira Vara Judicial 100% digital do Brasil. Em três meses, 1.400 processos digitalizados, com o apoio do Tribunal de Justiça e parcerias com o 22º Batalhão de Infantaria e a Faculdade Católica de Palmas. "Nas nossas medições, pelo ritmo de julgamento nosso, levantamos que iríamos levar sete anos para migrar definitivamente para a matriz digital. Então começamos a digitalizar e fomos avançando muito rápido, baixando o número de processos físicos mês a mês", relembra o magistrado. Sete meses depois, no Sul do Tocantins, o titular da Comarca de Alvorada, juiz Fabiano Gonçalves Marques capitaneou a digitalização da unidade e em 27 de setembro de 2013 sua equipe comemorou a digitalização e inserção no sistema e-Proc de 1.759 processos físicos remanescentes nas áreas cível e criminal. O empenho permitiu que Alvorada fosse a primeira comarca do Tocantins 100% digital. “Fizemos uma verdadeira força tarefa e a boa vontade foi unânime, inclusive os servidores terceirizados que atuam na área de serviços gerais, voluntariamente, contribuíram. Só assim foi possível concluir o trabalho", lembra Marques, que também foi responsável por concluir a digitalização da Comarca de Figueirópolis. AÇÕES Entre julho de 2011 e 31 de agosto de 2015, período que marca a implantação do e-ProcTJTO e a digitalização de todo o acervo processual de papel, o sistema atingiu a marca de 614.198 ações conforme dados da Diretoria Judiciária do TJTO. É como se um a cada 2,5 tocantinenses - entre os 1.515.126 habitantes estimados pelo IBGE-, tivesse protocolado uma ação na Justiça do Tocantins. A conta considera os 478.436 processos novos protocolados entre 2011 e 2015, mais os 135.762 processos físicos que foram digitalizados desde a implantação do sistema. (Texto: Lailton Costa – Cecom/TJTO) OUTUBRO 2015 REVISTA DO PELOS TRIBUNAIS Mutirão do TJCE realiza 10 mil negociações fiscais TJCE DIVULGAÇÂO Tribunal faz acordos para pagamento de dívidas e evita processos O I Mutirão de Negociação Fiscal realizou aproximadamente 10 mil atendimentos, no Centro de Eventos do Ceará. Foi uma parceria entre o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), o Governo do Estado, através da Secretaria da Fazenda, e a Prefeitura de Fortaleza. Para a juíza Andréa Mendes Bezerra Delfino, coordenadora das Varas de Execuções Fiscais e de Crimes contra a Ordem Tributária da Capital, a iniciativa foi excelente. “Tivemos um grande comparecimento da população que veio negociar suas dívidas”, disse. A magistrada também destacou a atuação dos órgãos envolvidos. “O mutirão contou com uma grande interação entre as procuradorias, secretarias e Judiciário, que ajudou bastante no sucesso do evento.” Outro ponto favorável da força-tarefa foi a redução processual. Segundo a juíza, houve uma diminuição de, aproximadamente, 10% no acervo processual das Varas de Execução de Fortaleza. “Ficamos com a sensação de missão cumprida.” Andréa Delfino disse ainda que, em virOUTUBRO 2015 tude do resultado obtido, o comitê organizador do mutirão deverá manter reuniões frequentes, com a finalidade de pensar futuras iniciativas de negociação. Além dos atendimentos, o público contou com serviços de aferição de pressão arterial, teste de glicemia e hepatite, entre outros. No local, os entes públicos também disponibilizaram informações educacionais sobre tributos e cidadania em geral. (Com informações do TJCE) Atendimento a usuários, com apoio do TJCE, resolveu pendências fiscais no Ceará. Abaixo, a desembargadora Maria Iracema Martins do Vale, presidente do TJCE. 55 REVISTA DO PELOS TRIBUNAIS Justiça do Acre amplia incentivo à qualidade de vida TJAC / DIVULGAÇÃO Desembargadora Cezarinete Angelim, presidente do TJAC, no lançamento do projeto. Comarca de Cruzeiro do Sul recebe o projeto Bosque Florido, do TJAC Moradores da Comarca de Cruzeiro Sul, distante 650 km de Rio Branco, já podem usufruir dos benefícios do Projeto Bosque Florido e do Programa Qualidade de Vida, desenvolvidos pelo Tribunal de Justiça do Acre (TJAC). As iniciativas têm o objetivo de cuidar da saúde, proporcionar o bem-estar de magistrados e servidores e avançar na conscientização ambiental no âmbito do Poder Judiciário Acriano. As ações foram lançadas oficialmente pela desembargadora-presidente Cezarinete Angelim, que esteve no Vale do Juruá para garantir a interiorização das ações do Tribunal. Ao se reunir com os magistrados e os servidores na Cidade da Justiça de Cruzeiro do Sul, a presidente do TJAC lançou oficialmente o Programa Qualidade de Vida, destacando que 56 continuará “trabalhando pela humanização do Judiciário Acriano, para que os profissionais possam atuar de modo mais eficiente em seus respectivos setores e unidades e, sobretudo, viver bem, para servir melhor à população. “Todos nós recebemos com alegria e grande expectativa todos esses serviços que Vossa Excelência tem trazido a nossa Comarca, que demonstram o cuidado e a sensibilidade com aqueles que estão mais distantes”, ressaltou o juiz de Direito Hugo Torquato, diretor do Foro de Cruzeiro do Sul, enfatizando que o projeto e o programa citados eram aqueles pelos quais mais ansiava. O Programa Qualidade de Vida, com o slogan “Cuidar e servir, de coração pra coração”, tem como objetivo cuidar da saúde e proporcionar o bem-estar de magistrados e servidores do OUTUBRO 2015 REVISTA DO Poder Judiciário Acreano. Na capital, o programa foi lançado em abril deste ano, na sede do TJAC. Ainda sobre essa ação, foi instalado o Espaço Saúde, que também funciona na Cidade da Justiça, e oferecerá os seguintes serviços: aferição de pressão, atendimentos diversos de enfermagem, alguns testes, como glicemia etc. Ao se preocupar com a saúde e com o bem-estar, o Tribunal de Justiça do Acre visa proporcionar condições mais dignas de trabalho para os magistrados e servidores, bem como tratamento mais respeitoso e de integralidade da atenção. A melhoria do nível de qualidade de vida, de maior acolhimento e de práticas mais humanizadas são metas que serão permanentemente buscadas pela gestão. PROJETO BOSQUE FLORIDO (Com informações do Gecom/TJAC) TJAC / DIVULGAÇÃO Autoridades, incluindo o prefeito municipal José Vagner, e os serventuários da Justiça participaram de dois momentos especiais para o lançamento do Projeto Bosque Florido: primeiro percorreram uma trilha ecológica (com mais de 500 metros) e, em seguida, acompanharam o plantio de mudas da espécie Jacarandá-mimoso (nome científico Jacaranda mimosaefolia), que terão como mantenedores os próprios magistrados que atuam na unidade judiciária. Os juízes de Direito Hugo Barbosa, Adimaura Cruz, Adamarcia Nascimento, Erik Farhat e Evelin Bueno plantaram mudas da espécie originária da Argentina – América do Sul, acompanhados pela desembargadora-presidente. Com o slogan “Cuidando do meio ambiente, preservando o planeta”, o “Bosque Florido” é a primeira de uma série de ações que estão sendo implementadas nestes dois anos de gestão, as quais visam promover a responsabilidade social e a economia de recursos e, não menos importante, o estabelecimento de metas de redução de consumo de energia, água, papel, telefonia e descartáveis. O Programa “Natureza Viva”, que engloba o Bosque Florido, está alinhado não apenas com as recomendações do Conselho Nacional de Justiça (Resolução nº 201/2015), mas também à necessidade de conscientização ambiental e ao Planejamento Estratégico 2015-2020. O intuito é promover a responsabilidade social e a ambiental no contexto do Judiciário Estadual. Além disso, o programa visa transformar a paisagem austera do Judiciário Acreano em um espaço mais leve, acolhedor, de maior bem-estar para os que trabalham e visitam o prédio, como também promover a sintonia com o meio ambiente. Bosque Florido possibilita a caminhada por trilhas e o plantio de mudas. OUTUBRO 2015 57 REVISTA DO PELOS TRIBUNAIS Justiça Rápida Itinerante atua em Porto Velho TJRO DIVULGAÇÃO Em Rondônia, eficiência no atendimento aos usuários tem sido a marca do TJRO Serviço garante assistência jurídica para três comunidades de Rondônia A po pul aç ão da Ponta do A bunã, re g iã o que c omp reende os distritos d e Nova Mutu m, Jac i-Paraná, G leba R io Pa rdo e União Bandeirantes, ao lon g o da BR-364, em Rondônia, rec e b e u a te ndi mento do p rograma Justiç a R á pida Itinerante. Foram realiz adas a udiê ncia s de c onc iliaç ão p ara solucio na r ca sos judic iais mais fác eis d e se re m re so lvidos. Para isso, as p essoas q ue tê m o c onflito p artic ip am de uma co nve rsa , com a mediaç ão de c onc il ia do re s e de um Juiz de Direito, c om a po io de d efensores p úblic os e p romo to re s de Justiç a. Na a çã o , foram realiz adas mais de 58 100 audi ê nci as , alé m de at e ndi me nt o s co m i nfo rmaçõ e s e o ri e nt açõ e s jurídi cas . É o cas o da jove m Mari s a Co rre i a, que apó s quat ro s ano s de uni ão e s t áve l fo i at é a e s co la Cé s ar Cas s o l, e m Uni ão Bande i rant e s , para o f i ci alizar o f i m do re l aci o name nt o e bus car o di re i t o da f i lha de re ce be r a pe ns ão ali me nt í ci a. Ao f i m da audi ê nci a, Mari s a s e di s s e fe li z po r t e r re s o lvi do s e u pro ble ma de fo rma rápi da. “Fi que i s abe ndo que i a t e r (a o pe ração) pe lo pe s s o al da e s co la e vi m lo go re s o lve r e s s a s i t uação”, co nt a a juri s di ci o nada. A re lação ami gáve l de ambo s co labo ro u para a ce l e bração do aco rdo , que OUTUBRO 2015 REVISTA DO acordo pela pacificação. Mesmo com a animosidade ainda presente na relação social, o bem dos filhos faz com que as partes dialoguem e busquem a solução. Gente que passa por cima das dificuldades e do orgulho para buscar pacificação, como a agricultora Sandra Oliveir a e o m e c â n i c o Va l d e c i C r u z S i l v a , que inverteram a guarda das filhas e fixaram pensão no valor de 30% do salário-mínimo. Se gundo a juí za Angé l i ca Fre i re , que co o rde na o t rabalho na re gi ão , p or co nt a da di f i culdade de ace s s o e nfrent ado po r e s s a po pulação , a pre s e nç a d o Judi ci ári o é e s s e nci al, at é para que s t õ e s que po de m pare ce r mai s co rriqu e i ras . A magi s t rada co nt a que , e m loc a l i dade s co mo a Gle ba Ri o Pardo , são pe rco rri do s quas e 200 qui lô me tros de s de Po rt o Ve l ho , me t ade do s quai s e m e s t rada de chão e e m co ndiç õe s rui ns . (Com informações da Assessoria de Comunicação Institucional do TJRR) TJRO DIVULGAÇÃO foi ho mo l o g a do p ela Justiç a, c om p arti c i p a çã o do M inistério P úblic o e Defens o ria . O tra b a lh o é re aliz ado p ela equip e d os Juiz a do s Espe c iais Cíveis e C riminai s da co m a rca d e Porto Velho, que se d es lo ca a té à s l o ca lidades mais afastad as d a se de da co marc a, c omo no Baixo Ma de ira e na Ponta do A bunã, onde propo rcio na a ce sso à emissão de docu me nto s, co mo a c ertidão de nasc iment o ; ne ce ssida d e de p essoas que já se se pa r a r a m e m ofic ializ ar o fim do cas ame nto , a l é m d e realiz ar a homolog aç ão da uniã o e stável entre um c asal e até a m uda nça de nome em doc umentos co nfe ccio na do s c om erros. Há ca so s ma is c omplexos também, como o s q ue e nvolvem filhos menores e div isã o de b ens, ou mesmo obrigaçõ es de fazer, disputa pela posse de bens, entre outros casos diversos, nos quais é preciso que a ação conciliadora da Justiça promova a resolução do conflito, fazendo dos compromissos assumidos pelas partes que brigavam um Trabalho garante assistência judiciária a comunidades distantes de Porto Velho. Ao lado, o desembargador Rowilson Teixeira, presidente do TJRO. OUTUBRO 2015 59 REVISTA DO PELOS TRIBUNAIS Câmara abre o caminho da conciliação na Bahia CAMISAL SOUZA / GOVBA Acima à direita, o governador da Bahia Rui Costa, durante a solenidade de criação da Câmara de Conciliação da Saúde. TJBA assina convênio para negociar solução de conflitos sem ajuizamentos O presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, desembargador Eserval Rocha, assinou convênio de cooperação para criação da Câmara de Conciliação da Saúde. A solenidade foi realizada no gabinete do governador Rui Costa, com representantes da prefeitura de Salvador, Procuradoria Geral do Estado, Ministério Público, Defensoria Pública, entre outros órgãos. “Com a câmara, podemos reduzir os ajuizamentos”, disse o presidente Eserval Rocha, lembrando que o Judiciário não pode ficar inerte com as demandas que chegam no sentido de alcançar uma composição em relação aos conflitos. O desembargador ressalvou que já funciona, com sucesso, um Plantão Médico no 60 Tribunal de Justiça, incluindo feriados e finais de semana, com profissionais capacitados para dar suporte às demandas dos juízes nas questões envolvendo saúde dos cidadãos. A coordenadora do Plantão Médico, Jamile Ferraz, confirmou a eficiência do órgão, que funciona em tempo integral. A juíza Laura Scaldaferri Pessoa testemunhou em favor do plantão, que continuará funcionando normalmente. O governador Rui Costa afirmou que a Câmara de Conciliação vai atuar em busca de soluções administrativas, oferta de medicamentos, entre outras demandas de modo a reduzir a judicialização de ações. “A ideia é gerar economia e reduzir os litígios.” OUTUBRO 2015 Estiveram presentes também, pelo tribunal, o assessor especial da Presidência para Assuntos Institucionais, juiz Anderson Bastos; o chefe de Gabinete, Augusto Souza; e o diretor-geral Franco Bahia. FOTOS:TJBA / DIVULGAÇÃO REVISTA DO GARANTIA Abaixo, Eserval Rocha, presidente do TJBA. Ao lado, o desembargador Mário Albiani Júnior. CARGOL GARCIA / GOVBA Um dos magistrados mais atuantes na área, desde que era titular de uma vara da Fazenda Pública, o desembargador Mário Albiani Júnior ressaltou que a Câmara de Conciliação vai atuar em busca de garantir a saúde dos jurisdicionados e que a celeridade nas decisões deverá ser uma qualidade a ser priorizada. Ele explicou que o órgão é resultado da Recomendação nº 31 do Conselho Nacional de Justiça, de 2010, que sugere aos tribunais “a adoção de medidas visando a melhor subsidiar os magistrados e demais operadores do direito, para assegurar maior eficiência na solução das demandas judiciais envolvendo a assistência à saúde”. “A partir daí foi criado o Fórum Nacional de Saúde, com a participação de diversas instituições para tratar a questão, uma política pública”, diz. Em seguida, nasceram os comitês executivos estaduais, todos ligados ao fórum. “É formado por procuradores do Estado e do Município de Salvador, promotores de Justiça, defensores públicos e gestores”, afirma o desembargador Mário Albiani Júnior, presidente do comitê da Bahia desde 2010, quando foi designado pelo ministro Cesar Peluso, à época presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). O Tribunal de Justiça será representado na Câmara de Conciliação da Saúde pelo Plantão Médico. Também integram o órgão representantes das secretarias d e S a úde do Estado e do munic íp io d e S a lva do r, M ini stério P úblic o e das d efenso r ia s púb li c as do Estado e da Uni ã o . “ O m o de l o será o da mediaç ão, já alinh a do co m o que p revê o novo Cód ig o de Pro ce sso Civil”, finaliz a o d es emb a rg a do r. (Com informações do TJBA) OUTUBRO 2015 61 REVISTA DO PELOS TRIBUNAIS Audiências gravadas levam mais agilidade à instrução TJDFT implanta gravação audiovisual de audiências em 88 varas 62 cretário de audiência que conta, também, com um editor de texto próprio para a elaboração da ata. O sistema é protegido por login e senha e permite criptografia e assinatura digital. As gravações são armazenadas no storage do Tribunal, que fica protegido na sala cofre. Permite, também, a produção de cópias dos depoimentos em CD, DVD, pendrive e disco rígido, imediatamente após o término da gravação. Em alguns casos, a pedido da parte e a critério do juiz, a imagem do depoente não será mostrada, sendo o depoimento registrado apenas em áudio. Modernizar a Justiça do DF é um compromisso assumido pelo Presidente do TJDFT, desembargador Getúlio de Moraes Oliveira, que, em seu discurso de posse, afirmou: “É tempo de nos desvencilharmos de velhas práticas processuais e de antigos métodos de trabalho. Lutaremos por uma Justiça moderna, eficiente, transparente e com foco no alvo principal, o jurisdicionado”. Gravação de audiências facilita a tramitação de processos no Distrito Federal. Abaixo, o presidente do TJDFT, desembargador Getúlio Vargas de Moraes Oliveira. (Com informações do TJDF) TJDF DIVULGAÇÃO O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) já deu início aos trabalhos para a instalação de equipamentos de gravação de audiências que, até o final deste ano, estarão funcionando em 88 varas, quase todas de natureza infracional. Em um segundo momento, o sistema chegará a todas as varas que compõem a 1ª Instância do TJDFT. A iniciativa, ao lado da implantação do Processo Judicial Eletrônico – PJe, amplia as ações para trocar o suporte papel pela agilidade, segurança e disponibilidade do meio digital. Conforme determina a Resolução 105 do CNJ, a gravação audiovisual de audiências dispensa a redução a termo. Em seu artigo 2º, a norma estabelece que “os depoimentos documentados por meio de audiovisual não precisam de transcrição”. O novo Sistema de Gravação de Audiências do TJDFT, operado por meio do software DRS Audiências, cujas licenças foram adquiridas recentemente por meio de licitação, possibilita o registro de som e imagem ou apenas de som das audiências realizadas durante a instrução processual. A medida trará muitos benefícios, entre eles a realização de maior número de audiências, em decorrência da redução, em até pela metade, do tempo necessário para sua efetivação. O software DRS Audiências, desenvolvido pela Secretaria de Soluções de Tecnologia da Informação – SETIC, permite separar e indexar depoimentos por orador, nome, assunto, horário ou tempo, atribuindo-lhes marcações para possibilitar amplo sistema de pesquisa, fazendo com que a localização de trechos dos depoimentos seja uma tarefa simples e rápida. As marcações são feitas pelo se- OUTUBRO 2015 REVISTA DO PELOS TRIBUNAIS Justiça Restaurativa realiza ação em escola pública TJ de Mato Grosso do Sul desenvolve campanha de cultura da paz OUTUBRO 2015 atendem atualmente 16 escolas estaduais. O projeto também é desenvolvido em duas escolas municipais, com três facilitadores da área de educação. A expectativa é expandir o projeto para mais três escolas municipais até o final do ano. A equipe é responsável também pela capacitação de multiplicadores do projeto, escolhidos no próprio ambiente escolar e que serão responsáveis pela continuação do projeto na escola. No primeiro semestre de 2015 foram realizadas 164 atividades entre capacitação de multiplicadores, procedimentos restaurativos, sensibilização com a comunidade escolar, reunião com os pais, círculos de construção de paz, palestras, diálogos restaurativos nas escolas estaduais e círculo de diálogos com a participação de 2.776 pessoas. Para a psicóloga e gestora do projeto da Justiça Restaurativa Escolar, Valquíria Rédua, o resultado apresentado é bastante positivo e o Tribunal de Justiça pretende futuramente ampliar o projeto para o interior do Estado de Mato Grosso do Sul. Atuação da Justiça do Mato Grosso do Sul leva cultura de paz às escolas. Abaixo, o presidente do TJMS, desembargador João Maria Lós. (Com informações do TJMS) TJMS DIVULGAÇÃO Em comemoração ao Dia Internacional da Não Violência, a Justiça Restaurativa Escolar, coordenada pelo juiz da Vara da Infância e Juventude de Campo Grande, Mauro Nering Karloh, e vinculada à Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ), realizou ação na Escola Estadual João Carlos Flores, no bairro Rita Vieira, visando contribuir para o desenvolvimento da cultura da paz nas escolas, bem como fazer com que os alunos valorizem princípios como respeito, tolerância, diálogo e solidariedade. Durante a ação, voltada para as quatro turmas do 8º e 9º ano, foi realizado um grande círculo com diálogo restaurativo e depois círculos menores com diversas atividades e dinâmicas voltadas para a prática da não-violência. Houve também a distribuição de 500 marca-páginas para os estudantes da escola. A Justiça Restaurativa Escolar é um projeto do Poder Judiciário, implantada em 2012, que busca solucionar causas de menor potencial ofensivo, como agressões, ameaças, bullying e desacato, a fim de evitar que esses casos atinjam maiores proporções e, com isso, necessite de encaminhamento aos órgãos judiciais. A Justiça Restaurativa Escolar é um modelo alternativo e complementar da justiça que busca, de forma pacífica e educativa, a resolução de conflitos utilizando como principal ferramenta o diálogo. O objetivo é que o indivíduo causador de algum tipo de ofensa repense seus atos, repare os danos causados, e que as partes responsáveis reúnam-se para resolver coletivamente como lidar com as consequências da ofensa e suas implicações para o futuro. A equipe da Justiça Restaurativa Escolar do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJMS) é formada por três psicólogas, uma advogada e uma assistente social que 63 REVISTA DO PELOS TRIBUNAIS TJSC amplia velocidade da internet aberta ao público O Tribunal de Justiça de Santa Catarina ampliou a velocidade de trânsito de dados em sua rede de informações, cujo link na internet passará de 400Mbps para 600 Mbps. Este incremento será benéfico tanto ao público interno, integrado por magistrados e servidores, quanto ao público externo, seja ele formado por instituições e entidades parceiras ou mesmo pelos usuários em geral. As ferramentas digitais postas à disposição de juízes, assessores e técnicos e os serviços oferecidos ao público vão ganhar maior celeridade e eficiência. "Com esta ampliação pavimentamos também o caminho para a implantação do processo eletrônico no 2º Grau", explica o desembargador Jorge Henrique Schaefer Martins, presidente do Comitê Gestor de Informática (CG-Info) do TJ. O Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que acaba de completar 124 anos de instalação, sempre esteve na vanguarda tecnológica entre os tribunais estaduais. Para se ter ideia, os acessos diários ao Portal do Poder Judiciário em 2001, quando foi disponibilizado, eram de aproximadamente 50 mil. Em setembro deste ano, foram registrados cerca de 7,5 milhões de visualizações de páginas, com 120 mil acessos diários de segunda à sexta, que geraram cerca de 340 mil visualizações de páginas por dia. MICROSOFT AD A Diretoria de Tecnologia da Informação do Tribunal de Justiça divulgou que o projeto de implantação do Microsoft AD já atingiu a marca de 8,8 mil estações de trabalho migradas em todo o Estado, o que representa 80% do total de computadores em uso. O Microsoft AD é um serviço de diretório que armazena informações sobre objetos em redes de computadores e disponibiliza 64 DIVULGAÇÃO/TJSC Tráfego de dados mais rápido vai facilitar o acesso a informações processuais essas informações aos usuários e administradores da rede. Na prática, possibilita ao usuário acessar todos os recursos disponíveis na rede a partir da utilização de uma senha única. O trabalho teve início em outubro de 2014, com a migração das diretorias administrativas e judiciárias, gabinetes e demais áreas da administração central do TJ. Nas unidades jurisdicionais, os TSIs das comarcas polo foram capacitados e realizam a migração de forma independente e em paralelo com suas demais atividades. Neste mesmo projeto, é realizada também a migração das contas de e-mail do Zimbra para o Microsoft Exchange, que já contabiliza 8.554 contas de e-mails migradas. A DTI trabalha com o propósito de, ainda em outubro, implantar percentual próximo de 95%, com a conclusão do serviço previsto para novembro. O status geral da migração pode ser visto na imagem abaixo. Desembargador Nelson Schaefer Martins, presidente do TJ-SC (Com informações do TJSC) OUTUBRO 2015 REVISTA DO PELOS TRIBUNAIS Círculos de diálogo integram unidades judiciárias no Piauí TJPI promove ação social para estimular revisão de conduta de apenados OUTUBRO 2015 Participaram voluntariamente do círculo quarenta apenados, que puderam manifestar suas demandas e dúvidas, bem como sugerir temáticas de seu interesse a serem levadas na continuidade da ação. A integração da Vara de Execuções Penais com o CEJUSC, instância responsável pela oferta no Estado do que determina a Emenda nº 31/2013 – Resolução nº 125/2010 do CNJ, permitirá a oferta da Justiça Restaurativa e Círculos de Construção de Paz também às famílias dos apenados e vítimas. A integração entre as unidades judiciárias dá cumprimento à prioridade estratégica definida pela atual gestão do TJPI, quanto ao aprimoramento da gestão da justiça criminal, adoção de soluções adequadas de conflitos e garantia dos direitos de cidadania. Com a iniciativa, a presidência do TJPI objetiva o aprimoramento da atenção sócio-jurídica ao jurisdicionado e a ampliação da integração operacional entre as unidades judiciárias. (Com informações do TJPI) NO TJPI, ação social revê conduta de apenados para garantir celeridade a processos. Abaixo, o desembargador Raimundo Eufrásio Alves Filho. TJPI DIVULGAÇÃO Os apenados na colônia agrícola “Major César de Oliveira”, no Piauí, participaram de uma importante ação promovida pelo Tribunal de Justiça do Estado. Detentos acompanharam debates com profissionais sobre fatores condicionantes ao cumprimento das sentenças e tomaram conhecimento de fatores que limitam ou que propiciam a mais breve restauração das relações sociais em base cidadãs. Ofertada pela Vara de Execuções Penais, que já mantém junto àquela unidade prisional um calendário semanal de palestras orientadas pelos princípios da Justiça Restaurativa e Círculos de Construção de Paz, a atividade inaugura ação integrada com o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania – CEJUSC, responsável pela oferta das modalidades autocompositivas de resolução de conflitos previstas no novo Código de Processo Civil. Por meio do seu Setor de Cidadania, o Judiciário do Piauí estimula a revisão de condutas para a retomada da convivência em sociedade daqueles que cumprem pena restritiva de liberdade. Integraram a equipe do Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI) a assistente social Sara Bastos, a psicóloga Carolina Colares, o servidor da Corregedoria de Justiça Aristeu Paulo da Costa e, pelo CEJUSC, a coordenadora do Programa Justiça Presente, Maria Lila Carvalho, que conduziu o círculo de diálogo. Contou-se também com importante contribuição da Fazenda da Paz, representada por Roberto Gomes Nascimento, coordenador de produção, administrador de empresa e estudante de serviço social no Instituto Camilo Filho. O administrador ofereceu um testemunho de superação pessoal da dependência química e suas consequências nefastas, trazendo aporte motivacional para os apenados, por se tratar de problemática presente na história de vida de parcela significativa destes. 65 REVISTA DO PELOS TRIBUNAIS Tribunal paulista avança na digitalização das comarcas ANTÔNIO CARRETA / TJSP Inauguração em São José do Rio Preto: Execução Criminal totalmente digital. TJSP instala Departamento de Execução Criminal em São José do Rio Preto O Tribunal de Justiça de São Paulo inaugurou o Departamento Estadual de Execução Criminal da 8ª Região Administrativa Judiciária (RAJ), com sede em São José do Rio Preto. A cerimônia de instalação aconteceu no Salão do Júri da comarca e foi conduzida pelo corregedor-geral da Justiça, desembargador Hamilton Elliot Akel, que também representou o presidente do TJSP, desembargador José Renato Nalini. O setor receberá, exclusivamente no formato digital, os feitos de novos executados da base territorial da 8ª RAJ, além de ter a atribuição do serviço de corregedoria dos cinco estabelecimentos prisionais da região: Centros de Detenção Provisória (CDP) de Riolândia e São José do Rio Preto; Penitenciária de Riolândia; Centro de 66 Ressocialização Feminino (CRF) e Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Rio Preto. Será coordenado pelo juiz Zurich Oliva Costa Netto, auxiliado pelos juízes Evandro Pelarin e Maria Letícia Pozzi Buassi. As varas de Execução Criminal existentes na 8ª RAJ continuam em funcionamento e atendem os feitos já existentes. O juiz Zurich Costa Netto e a promotora Ana Beatriz Pranuvi Costa Silveira, que representou o Ministério Público, destacaram em seus discursos os benefícios do andamento das execuções em formato digital, que permite o julgamento de benefícios em tempo reduzido, assim como economia de recursos e de espaço físico. “O TJSP completa mais uma etapa na busca de prestar um serviço cada vez OUTUBRO 2015 REVISTA DO nos limitaríamos a ver a construção de presídios e nos transformaríamos em meros expectadores do caos, ou poderíamos assumir o protagonismo com uma revolução do sistema. Ficamos com a segunda opção e a criação do modelo dos Departamentos de Execução nas RAJs”, disse. Também destacou outras parcerias com a secretaria de Administração Penitenciária, como a realização de mutirões carcerários e o projeto “Semear”, que promove a ressocialização de sentenciados com atividades educacionais e laborativas. Os Deecrims foram criados pela Lei Complementar 1.208/13 e regulamentados pela Resolução 628/13 do Órgão Especial do TJSP. A unidade de Rio Preto foi a nona inaugurada pelo Tribunal de Justiça. Das dez RAJs do Estado, falta apenas a instalação em Santos (7ª RAJ). Os departamentos e as varas de execuções criminais são responsáveis pelos processos de pessoas condenadas a cumprir algum tipo de pena – privativa de liberdade, prestação de serviço à comunidade ou prestação pecuniária – bem como a concessão de benefícios a réus presos, como livramento condicional, progressão de regime e sursis relacionados aos feitos sob sua jurisdição. (Com informações do TJSP) TJSP DIVULGAÇÃO melhor”, disse o magistrado. “O processo digital é um grande avanço. Quem trabalha com a execução em papel sabe da dificuldade de manuseio desses feitos”, afirmou a promotora. “A parceria entre o Governo do Estado e o Tribunal representa um ganho expressivo para o Judiciário da região, que proporcionará agilidade e modernidade”, disse o prefeito Valdomiro Lopes. Para o secretário estadual da Administração Penitenciária, Lourival Gomes, que representou o governador Geraldo Alckmin na solenidade, a solução para o sistema carcerário passa, necessariamente, por parcerias e iniciativas, como a criação dos Deecrins. “A execução criminal precisa ser tratada de maneira diferenciada, com mais rapidez, o que ocorre nos Deecrims. O Brasil tem 600 mil presos e 226 mil estão em São Paulo, o que representa 37%. Para se ter uma ideia, Minas Gerais é o segundo estado com mais presos no País, com 65 mil pessoas encarceradas”, contou o secretário. Em seu pronunciamento, o corregedor afirmou que o modelo de organização judiciária na área da execução penal estava falido e que o Judiciário tinha duas opções. “Ou deixávamos as coisas como estavam, Ao lado, o presidente do TJSP desembargador José Renato Nalini. Acima, a inauguração do jardim. OUTUBRO 2015 67 REVISTA DO PELOS TRIBUNAIS TJAM lança programa para a profissionalização de egressos Iniciativa abre vagas para detentos e ex-detentos no mercado de trabalho Em parceria com a prefeitura de Manaus, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) lançou o Projeto "De Bem Com a Vida", programa que prevê a criação de vagas para detentos e ex-detentos no mercado de trabalho e em cursos profissionalizantes. A solenidade ocorreu no auditório Paulo Cesar Quintana, na Escola de Serviço Público Municipal, na UniNilton Lins, em Manaus. O desembargador Sabino Marques, coordenador do Grupo de Monitoramento Carcerário, representou o TJAM no evento, ao lado do juiz de Direito Henrique Veiga, coordenador do subgrupo do Projeto Começar de Novo. Também estiveram na solenidade o secretário municipal de trabalho, David Reis, e o deputado estadual Carlos Alberto. "São dois pontos que podem ser destacados: seguir em frente porque somos seres humanos, portanto dotados de fraquezas e fortalezas, e a tomada de decisão para que aconteça o continuar das coisas. É preciso persistência e acreditar em si mesmo", observou o desembargador. 68 RAPHAEL ALVES / TJAM Lançamento do projeto "De Bem Com a Vida" reuniu autoridades. Abaixo, a presidente do TJAM, desembargadora Maria das Graças Pessoa Figueiredo. A parceria entre TJAM e prefeitura prevê a união de esforços com vistas à efetiva implantação do programa de reinserção social de presos e egressos e cumpridores de medidas e penas alternativas, com o incentivo ao trabalho e à profissionalização, com base na Recomendação nº 21 do CNJ, que instituiu o projeto "Começar de Novo", no âmbito do Poder Judiciário. De acordo com o CNJ, o público atendido pelo programa exerce atividades nas próprias unidades prisionais, em órgãos públicos, empresas privadas e entidades da sociedade civil. Num primeiro momento, serão oferecidos quatro cursos de Formação Profissional para os Sentenciados e Egressos do Sistema Carcerário, além de Cumpridores de Medidas e Penas Alternativas. Serão cursos de: Almoxarife (20 vagas), Instalador Elétrico Predial NR-10 (40 vagas), Auxiliar de Cabeleireiro (20 vagas) e Auxiliar de Cozinha (20 vagas), que totalizam 100 vagas. (Com informações do TJAM) OUTUBRO 2015 REVISTA DO PELOS TRIBUNAIS Reunião extraordinária da Comissão Executiva DIVULGAÇÃO Reunião da Comissão Extraordinária do Conselho discutiu as demandas da magistratura. Comissão debate projetos em tramitação no Congresso Convocada por seu presidente, desembargador Milton Nobre, a Comissão Executiva do Conselho dos Tribunais de Justiça realizou, no último dia 30 de setembro, uma reunião extraordinária na sede do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios com o objetivo de analisar o andamento dos Projetos de Lei e dos Projetos de Emenda Constitucional que estão em tramitação no Congresso Nacional que, de alguma forma, afetam o Poder Judiciário nos Estados e a própria carreira da Magistratura, para traçar as estratégias de ação a serem adotadas pelo Conselho OUTUBRO 2015 e pelos próprios Tribunais. Durante o encontro foram traçadas as diretrizes que serão encaminhadas aos Tribunais para que os presidentes esclareçam as representações estaduais no Congresso a respeito dos efeitos que tais projetos desencadearão na gestão e na própri a carre i ra da Magi s t ratura, no t adame nt e o PL 3123/2015, que di s ci pli na, e m âmbi t o naci o nal , a aplicação do li mi t e máxi mo re mune ratóri o me ns al de age nt e s po lí t i co s e p úbl i co s de que t rat am o i nci s o XI do c ap u t e o s §§ 9º e 11º do art . 37 da C ons t i t ui ção Fe de ral. 69 REVISTA DO Do Tribunal de Relação de Goiás ao reconhecimento nacional Por des. Itaney Francisco Campos Nas primeiras décadas do século XVIII teve início, em Goiás, uma epopeia mineradora, que foi a responsável pela deflagração do caótico processo de povoamento das regiões centrais. A bandeira do paulista Bartolomeu Bueno da Silva, o filho, cognominado o Anhanguera, após perambular pelos sertões, descobriu minas de ouro que estimularam o Reino a incentivar as incursões pelos sertões, tanto com o objetivo de explorar os veios auríferos quanto de aprisionar e domesticar a população indígena ali radicada. Bueno foi nomeado Superintendente das Minas dos Goyazes, com poderes para exercer a jurisdição civil e militar e con70 ceder sesmarias. Seu genro João Leite da Silva Ortiz foi designado Guarda mor. Houve, naturalmente, expedições anteriores à de Bueno, mas de menor repercussão histórica, justamente porque não atuaram no sentido de dar continuidade à exploração do minério e à colonização da região. Duzentos e vinte e oito anos haviam transcorrido desde que os portugueses aportaram na costa brasileira, mas um único Tribunal de segunda instância fora instalado no Brasil, a Relação da Bahia, criada em 1587 e só instalada em 1609, com uma composição de dez desembargadores. Ainda assim, esse órgão foi suspenso durante a invasão holan- desa, só vindo a ser restaurado em 1652, com oito juízes. O Reino estimulava aqueles que se enveredavam pelos sertões à procura de ouro e diamantes. Em meio à euforia da exploração do ouro e do povoamento desordenado em torno dos garimpos, sucediam-se, nos grotões da capitania, os desmandos, contrabandos, desordens e crimes. A vastidão do território, dominado pelo Cerrado; o isolamento dos povoados, formados à beira dos ribeirões, em regiões acidentadas; a precariedade das estradas e a ausência do Poder Público facilitavam a eclosão de conflitos e desavenças, que eram solucionados à força, frequentemente com uso da violência. NOVEMBRO OUTUBRO 2015 REVISTA DO Gravura do histórico prédio da Justiça de Goiás, onde funciona o Fórum. Em História do Direito, Flávia Lages de Castro observa, com acuidade, a respeito do incipiente sistema judiciário que se implantava sob a égide das Ordenações de Felipe II, vigente a partir do ano de 1603, que a estrutura judiciária da Ordenação Filipina é um pouco mais complexa que as anteriores (Afonsina e Manuelina) (...), a quantidade de juízes singulares aumentou e proliferaram as funções específicas de cada um, os Tribunais colegiados de segundo e terceiro grau também seguiram o mesmo caminho. (p. 280). Acrescenta que o Ouvidor-mor “situava-se como a maior autoridade da justiça na Colônia, entretanto, conforme afirma Caio Prado Júnior, OUTUBRO 2015 não podemos contar com uma divisão de poderes tão bem caracterizada quanto vemos hoje nas sociedades modernas, portanto, muitas vezes as atribuições poderiam se confundir ou sobrepor, dependendo exclusivamente da personalidade ou interesses daqueles que compunham o Governo-Geral”. Reportando-se a informações do naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, que, no período de 1816 a 1822, percorreu, em lombo de burro e em canoas, as terras do interior do Brasil, indo até o Rio Grande do Sul, a escritora Marivone Matos Chaim registra, com propriedade: “Os Ouvidores eram, na maioria das vezes, escolhidos entre os pró- prios colonos, partilhando de seus vícios e costumes, sendo os primeiros a violar as leis. É Castro quem anota que o Ouvidor da Comarca exercia as mesmas funções do Corregedor, e contra seus atos caberia agravo para o Corregedor. O Ouvidor era nomeado por Carta Régia, com mandato de três anos. No dizer de Luiz Palacin, o mais conceituado historiador de Goiás, entre os vícios da justiça no Brasil, durante a época do ouro, além da fama de venalidade, poder-se-ia enumerar: a complexidade legal; o fato de ser administrada, quase em sua totalidade, por leigos; a dificuldade dos recursos, seu alto custo, a lentidão de seus processos 71 REVISTA DO Fórum: construção histórica carrega as marcas de uma arquitetura predominante no início do século XX. – segundo Saint Hilaire, “talvez em país algum, a justiça seja tão lenta como no Brasil”. (...) O incremento da atividade minerífera determinou a criação de toda uma legislação específica para esse setor, com vistas a controlar a produção, auferir os impostos e promover a fundição em barras do metal extraído. Citem-se, como mais expressivos, entre os textos legais, o Código Mineiro de 1603 e 1618 e o Regimento de 1702. A figura do Superintendente das Minas foi criada pelo regimento, que lhe atribuiu poderes mais extensos, visando à defesa dos interesses da Metrópole e à eficiência do 72 sistema de cobrança do quinto. Em 1736, o capitão general D. Antonio Luiz da Távora, Conde de Sarzedas, veio à região das minas dos Goyazes, com o Ouvidor de São Paulo, Gregório Dias da Silva. O Conde de Sarzedas faleceu em Traíras, ao retornar de uma viagem oficial ao norte da região. O Ouvidor Gregório assumiu a administração das minas dos Goyazes até a chegada de D. Luiz Mascarenhas, que constituiu a Vila, denominada Vila Boa de Goiás, em julho de 1739, onde permaneceu por três anos. O governo das terras foi entregue ao Ouvidor Manuel Antunes da Fonseca, que enfrentou sérios problemas nas minas do Norte, motivados pelos constantes ataques indígenas. Em 1744 criou-se a Capitania dos Goyazes, e quatro anos depois, em 1749, tomava posse o primeiro governador de Goiás, D. Marcos de Noronha, posteriormente titulado Conde dos Arcos. Exerceram o cargo de Ouvidor de Goiás, nesse primeiro período, o referido Agostinho Pacheco Telles, que tomou posse em 1737; Manoel Antunes da Fonseca, no ano de 1741, e Agostinho Luiz Ribeiro Vieira, no ano de 1749. NOVEMBRO OUTUBRO 2015 REVISTA DO Nessa época, o Brasil contava apenas com a Relação da Bahia. Havia apenas uma comarca para atender o vasto território goiano. Em 1752, foi instalada no Rio de Janeiro a segunda Relação da Colônia, com jurisdição extensiva a São Paulo, Espírito Santo, Ouro Preto, Sabará, Serro Frio, Rio das Mortes, Rio das Velhas, Paranaguá, Goiás, Cuiabá, Itacazes e Santa Catarina. Em Goiás, a partir do ano de 1752, as funções de Ouvidor foram exercidas por Sebastião José da Cunha Soares, que foi sucedido por Antônio da Cunha Souto Maior, em 1756, e pelo Desembargador Antonio José de Araújo e Souza, em 1762; Em 1759, o novo governante, João Manuel de Melo, e seu Ouvidor, Francisco Atouguia Bittencourt Lira, abriram a maior devassa até então realizada, no Brasil, contra o capitão Álvaro Xavier Botelho, o Conde de São Miguel, cuja família entrara em desgraça junto ao Marquês de Pombal. O Conde de São Miguel foi pronunciado em diversos graus de culpa, juntamente com funcionários da Ouvidoria e da Intendência, em 1770. Nesse período, a Corte autorizou a criação de uma Junta da Justiça e a ereção de uma forca, em que se executaram, segundo Silva e Souza, sem apelação nem agravo, mais assassinos que ladrões. Já em 1762, o citado Francisco Atouguia foi preso por ordem do sindicante desembargador Manoel da Fonseca Brandão, arrestando-se os bens de muitos outros funcionários por desvios e sonegação de tributos devidos à Coroa. Nesse período, organizaram-se várias expedições com o intuito de dizimar os Chavantes e os Cayapó. Duas grandes aldeias desse povo foram atacadas , como registrou Silva e Souza, na obra citada. No ano de 1774, na administraçã o de Jo sé de A lmeida de OUTUBRO 2015 Primeira sede do Fórum da Comarca de Goiânia (acima) e a sede da praça Cívica Vasconcellos Soveral e Carvalho, era Ouvidor da Comarca Antônio José Cabral de Almeida, que realizou incursão à ilha do Bananal (então Nova Beira), aprisionando índios e construindo um presídio, mas sem grande sucesso na descoberta de ouro. Palacin traça um quadro geral da situação, no que se refere à criminalidade, disseminada pelos sertões, desprovidos dos serviços públicos de segurança e justiça, tal a precariedade do aparato repressivo do governo local: “Pior era a situação da justiça criminal. Numa época em que o enforcamento dos criminosos com o horror do espetáculo parecia o único meio dissuasório para o crime, só o tribunal de relação tinha autoridade para decretar a pena de morte. Isto equivale a dizer que em territórios tão distantes da Bahia como Goiás, os criminosos ficavam impunes, pois resultava 73 REVISTA DO Sessão da Corte de Apelação do Tribunal de Justiça de Goiás, em 1932. impossível, na prática, o transporte dos acusados até a Capital.” (Luiz Palacin. O Século do Ouro em Goiás, Ed. Oriente/INL). Com o traslado da Corte Portuguesa para a América, transformando o Brasil em metrópole, o Príncipe-regente transformou o Tribunal de Relação do Rio de Janeiro em Casa de Suplicação do Brasil, instituindo a terceira instância, em 1808, cumulando ainda o Tribunal com as atribuições da Relação. D. João VI institucionalizou o terceiro tribunal da Relação do Brasil no Maranhão, em 1812, e depois o de Pernambuco. No ano de 1809 a Capitania de Goiás foi dividida em duas comarcas, denominando-se São João das Duas Barras a circunscrição do norte, para 74 a qual foi designado Ouvidor o bacharel Joaquim Theotônio Segurado, rico proprietário de terras, que já ocupara pouco antes a Ouvidoria goiana; foi o décimo quinto Ouvidor de Goiás (1805), sucedendo a José Manuel de Aguiar Mourão, ocupante do cargo desde 1795. A segunda Comarca de Goiás compreendia os julgados de Porto Real, Natividade, Conceição, Arraias, S. Félix, Cavalcante, Flores e Trahiras. Theotônio Segurado exerceria poderosa influência nos negócios daquela região, instalando a Vila de São João da Palma e estimulando a navegação do Tocantins. Em 1821 foi eleito deputado às Cortes de Lisboa, transferindo-se para Portugal. Em novembro de 1826, o Rei nomeou o bacharel Jerônimo José da Silva Castro para o cargo de Ouvidor do Norte, para um triênio. Ele só veio a assumir em junho de 1828, na presidência de Lino de Morais. Na calada da noite de 26 de junho de 1831, como relata Americano do Brasil, dois tiros de bacamarte prostraram o Desembargador, vítima de sete homens armados que invadiram sua residência. Esse episódio insere-se no quadro de entreveros que opuseram os chamados brasileiros sediciosos e os portugueses. Em 14 de outubro de 1831, quando já se dedicava às suas atividades particulares, na Comarca de São João das Duas Barras, Theotônio Segurado foi também vítima de homicídio, no quadro de turbulência que dominava a região. A Matutina Meiapontense, NOVEMBRO OUTUBRO 2015 REVISTA DO primeiro jornal a circular em Goiás, em sua edição de 3 de dezembro de 1831, noticiou o fatídico episódio: “A comarca de São João das Duas Barras serviu de teatro a hum novo assassínio e outro desembargador acaba de ser vítima da anormalidade e turbulência em que se acha huma grande parte dessa comarca. No dia 14 de outubro p.p. foi passado com uma bala e morreu sem sacramento o dr. Joaquim Theotônio Segurado; este sr. tomou posse de ouvidor nesta Província em 1804; então toda a Província era huma só comarca.” O registro é de Americano do Brasil, na obra citada. Até o ano de 1809, portanto, uma única circunscrição judiciária existiu em Goiás Colônia para atender ao vasto território das minas. Em 1832, com o Código Criminal, Goiás foi dividido em quatro Comarcas: a de Goyaz (capital da Província e cinco vilas e dois julgados); a de Santa Cruz (quatro vilas e um julgado), a de Cavalcante (três Vilas e dois julgados) e a da Palma (cinco vilas e um julgado). O ex Ouvidor José de Assis Mascarenhas foi nomeado juiz de Direito da Capital. Tinha então Goiás, segundo o último recenseamento, 80.000 habitantes, dos quais 20.000 eram índios, anota Americano do Brasil, em “Pela história de Goiás”. O aumento pouco melhorou os serviços da justiça, em face das distâncias consideráveis, a deficiência das estradas e transportes, bem como ausência de juízes nas comarcas, cujas funções eram exercidas em caráter precário pelos juízes municipais. O padre Luiz Antonio da Silva e Souza relaciona os Ouvidores da Capitania, do ano de 1737 até o ano de 1809, especificando os anos em que tomaram posse no cargo, OUTUBRO 2015 nominando, entre outros que citarei alhures: Agostinho Pacheco Telles, que tomou posse em 1737; Manoel Antunes da Fonseca, em 1741, famoso pelo grave desentendimento havido entre ele e o Pe. João Perestrello de Vasconcelos, de que resultou a prisão de ambos; Agostinho Luiz Ribeiro Vieira, em 1749; Sebastião José da Cunha Soares, em 1752; Antônio da Cunha Souto Maior, em 1756; Francisco de A. Bittencourt Lira, em 1758; Desembargador Antônio José de Araújo e Souza, em 1762; Antônio José Cabral de Almeida, em 1769; Manoel José de Aguiar Mourão, em 1799; Joaquim Theotônio Segurado, em 1805; Joaquim Ignácio da Silveira da Mota, em 1808. Em Almanach da Provincia de Goiaz, publicado em 1886, por Antônio José da Costa Brandão, relacionam-se, ainda, os Ouvidores Antônio José Alves Marques, a partir de 1818, Desembargador José Joaquim da C. Ferreira do Lago e Joaquim Francisco G. Ponce de Leão, este empossado em 1831. O Almanach informa que a Comarca da capital – Vila Boa – foi criada em 1737, tornando-se entrância especial, como sede da Relação do distrito, em novembro de 1873. No ano de 1886 exercia o cargo de Juiz de Direito da capital o Dr. Antônio P. de Abreu, funcionando como Juiz municipal Joaquim Xavier dos Guimarães Natal e, como Promotor Público, João Bonifácio Gomes de Siqueira. No ano de 1850, a Lei n. 19 dividiu em sete as quatro Comarcas existentes. A análise da conjuntura jurídica da Província dos anos sessenta mostra que a divisão judiciária não atendia à sua realidade geopolítica: comarcas com áreas grandes, termos separados por grandes distâncias, alguns situados em locais intransitáveis no tempo das chuvas. Apenas três termos possuíam juízes formados. Os conflitos floresciam, os crimes se multiplicavam e a impunidade persistia, como observaram os historiadores Maria Augusta Santana e Ursulino Leão, no livro Museu do Judiciário guarda documentos históricos do Tribunal de Relação. 75 REVISTA DO “Presença do Tribunal de Justiça na história de Goiás”. Proclamada a independência do Brasil, em relação a Portugal, e promulgada a Constituição de 1824, previu esse estatuto a criação do Supremo Tribunal de Justiça como órgão máximo da Justiça Brasileira, com responsabilidade de julgar causas em segunda e última instância. A Constituição estabelecia, ademais, que, “para julgar as causas em segunda e última instância, haverá nas províncias do Império as Relações que forem necessárias para comodidade dos povos”. Somente no ano de 1874, já no segundo reinado, instalaram-se no Brasil mais sete Tribunais da Relação, inclusive o de Goiás e o de Mato Grosso, criados por decreto de 6 de agosto de 1873, designando-se, por 76 outro ato, o dia 1º de maio de 1874 para a instalação da Relação da Província central. A pecuária extensiva, que demandava pouco dispêndio de capital e insignificante emprego de mão de obra, e, ainda, a produção de alguns gêneros agrícolas foram o sustentáculo econômico de Goiás no século XIX. Santana explica que a estrutura social deteriorada, conjugada com outros fatores, tais como a agropecuária de caráter extensivo, vai permitir a formação de latifúndios, com suas implicações econômicas, políticas e sociais, onde o coronel era o chefe supremo. No interior, as lutas entre os chefes políticos pelo poder local eram comuns, culminando, muitas vezes, em mortes, e consequente impunidade dos criminosos. Na capital, formava-se uma elite Documentos e informes registram os processos do antigo Tribunal de Relação, em Goiás. Acervo está no Museu do Judiciário. NOVEMBRO OUTUBRO 2015 REVISTA DO econômica e cultural, que buscou assumir o poder político da Província, até então sob controle e representação de elementos alienígenas. “As famílias Rodrigues Jardim, Fleury, Bulhões, Rodrigues Moraes, Caiado, Sócrates e Alves de Castro delinearam a dinâmica dos partidos monárquicos goianos Liberal e Conservador”. Uma nascente classe média vai projetar, no cenário goiano, um terceiro partido, o Republicano, que congregou número insignificante de adeptos. Segundo Americano do Brasil, em 1870 o governo imperial empreendeu um recenseamento geral no território brasileiro, nos termos da lei n. 1.829, de 9 de setembro. O decreto 4.856, de 10 de dezembro de 1871, regulou o serviço censitário, tendo o mesmo chegado a Goiás com o aviso de 28 de fevereiro de 1872. O aludido decreto escolheu o dia 1o. de agosto desse ano para o recenseamento geral”. Não tendo sido possível realizar-se o censo naquela data, em Goiás, o presidente Dr. Antero Cícero de Assis escolheu a data de 25 de junho de 1873 para o mesmo fim, o que foi cumprido. “Verificou-se então para Goiás a população de 160.395 almas. Incluídos 10.228 escravos.” Neste Estado, instalou-se, em 1º de maio de 1874, no Governo de Antero Cícero de Assis, o Tribunal da Relação, motivo de grande solenidade social na antiga capital. Assumiu o cargo de Presidente, em caráter interino, o desembargador José Ascenço da Costa Ferreira, até a posse, em 17 de agosto daquele ano, do Presidente efetivo, Desembargador Adriano Manoel Soares, pelo prazo de três anos, conforme carta imperial. Clenon narra que a Relação instalou-se, na antiga capital do Estado, no conhecido prédio situado no Largo do Rosário n. 1, então pertencente aos herdeiros do coronel João Nunes da Silva. OUTUBRO 2015 Inauguração da sede do atual Tribunal de Justiça de Goiás, em 1986. A Província, por força da Lei provincial de 29 de julho de 1872, dividia-se em treze Comarcas: Goyaz, Rio das Almas, Rio Verde, Rio Maranhão, Rio Corumbá, Rio Paranahyba, Imperatriz, Cavalcante, Rio Paranã, Posse, Palma, Porto Imperial e Boa Vista. Quando da instalação do Tribunal de Relação, segundo anota Geraldo Coelho Vaz, já tinham se acrescentado três Comarcas àquelas já nominadas: Santa Cruz, Coxim e Rio Tocantins. A Corte goiana compôs-se de cinco juízes de direito, quais sejam, além daqueles que assumiram como Presidentes, interino ( José Ascenço Ferreira) e o efetivo (Adriano Manoel Soares), os desembargadores Luiz José de Medeiros, Joaquim de Azevedo Monteiro e Elias Pinto de Carvalho. Clenon registra que Elias Pinto de Carvalho não assumiu o cargo, motivando a nomeação do juiz de Direito José Mariano Lustosa do Amaral, empossado no dia 3 de setembro de 1875. No longo período de governo de Antero Cícero de Assis, empossado em abril de 1871 e que se manteve na direção administrativa da Província até julho de 1878, enumeram-se como acontecimentos relevantes a reforma da magistratura, com a instalação em 1º de maio de 1874, do Tribunal das Relações, criado a 6 de agosto de 1873; recenseamento da Província, que apresentava, à época, uma população estimada de 160.395 habitantes; organização do registro civil; adoção do sistema métrico decimal na Província; reconstrução da catedral de Santana, e ainda a compra pelo governo do Teatro São Joaquim, consoante registra Joaquim Carvalho Ferreira. No ensaio, “Centenário da Relação de Goiás”, Clenon observa que, para a primeira sessão ordinária da Corte, no dia 5 de maio, foram convocados os Juízes, da Capital, Jerônimo José do Campos Curado Fleury, e da Comarca do Rio das Almas, Benedito Félix de Souza, em substituição aos desembargadores Elias Pinto de Carvalho, nomeado Procurador da Coroa, que obtivera prorrogação de prazo para assumir o cargo, e Adriano Manoel, Presidente nomeado, que não compareceu à instalação, 77 REVISTA DO Sede do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO): espaço moderno representa eficiência no atendimento aos usuários. por se achar em viagem, dirigindo-se para a província goiana. Sucedendo à administração do Conselheiro Adriano Manoel, o desembargador José Antônio da Rocha exerceu por três períodos, ou seja, durante onze anos, a direção do Tribunal, encerrando-se a sua gestão em 1889. Nos quinze primeiros anos, relata Clenon, vinte juízes de Direito ocuparam as cinco cadeiras da Relação de Goiás, mas apenas dois eram magistrados goianos: os desembargadores Jerônymo José de Campos Curado Fleury e Benedito Felix de Souza. Com a proclamação da República, o Tribunal passou a ser designado Superior Tribunal de Justiça, e seus membros, até o ano de 1898, intitulados Ministros. A partir daí, esse título foi substituído, em caráter definitivo, pelo de Desembargador. A primeira eleição para Presidente 78 recaiu na pessoa do des. Francisco Manoel Paraíso Cavalcante, empossado em 14 de maio de 1890. Sob a égide da primeira Constituição da República, que outorgou aos Estados autonomia administrativa e poder de legislar sobre o direito processual, foi eleito Presidente do Superior Tribunal o desembargador Coriolano Augusto de Loyola, notável juiz e professor, um dos fundadores da Academia de Direito de Goiás, que retornaria à Presidência no período de 1905 a 1914, ano em que faleceu. NOS DIAS ATUAIS Atualmente, o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás compõe-se de 36 membros, dos quais 17 integram a Corte Especial, formando o colegiado de 2o. grau de jurisdição, em um Estado cuja população é de 6 milhões de habitantes distribuídos em 127 Comarcas. Conta com uma força de trabalho de mais de 10 mil pessoas, entre servidores, terceirizados, estagiários e pró-jovens; 384 magistrados, 1,8milhão de processos judiciais em trâmite. Tem estrutura física composta por 400 unidades judiciárias, distribuídas em 155 prédios, totalizando 1,4 milhão de metros quadrados de área construída. Esta estrutura pessoal e física tem propiciado o alcance de resultados destacados nacionalmente, como a conquista de três categorias no prêmio Conciliar É Legal, devido ao resultado alcançado na 9ª Semana Nacional de Conciliação, em 2014, e no Justiça em Números, recentemente divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça, em que obteve desempenho superior à média nacional e produtividade acima dos tribunais de grande porte. NOVEMBRO OUTUBRO 2015 REVISTA DO COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS Desembargador Leobino Valente Chaves Presidente Desembargador João Waldeck Félix de Sousa Vice-Presidente Desembargador Gilberto Marques Filho Corregedor-Geral da Justiça Desembargador Leobino Valente Chaves Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás Desa. Beatriz Figueiredo Franco Des. Jeová Sardinha de Moraes Des. Ney Teles de Paula Des. Fausto Moreira Diniz Des. Leobino Valente Chaves Des. Norival Santomé Des. Gilberto Marques Filho Des. Carlos Alberto França Des. João Waldeck Félix de Sousa Des. Francisco Vildon José Valente Desa. Nelma Branco Ferreira Perilo Des. Amaral Wilson de Oliveira Des. Walter Carlos Lemes Des. José Paganucci Júnior Des. Carlos Escher Desa. Maria das Graças C. Requi Des. Kisleu Dias Maciel Filho Desa. Avelirdes A. Pinheiro de Lemos Des. Zacarias Neves Coelho Desa. Elizabeth Maria da Silva Des. Luiz Eduardo de Sousa Des. Orloff Neves Rocha Des. Alan Sebastião de Sena Conceição Des. Gerson Santana Cintra Des. Leandro Crispim Desa. Carmecy Rosa M. Alves de Oliveira Des. Itaney Francisco Campos Des. Edison Miguel da Silva Jr Desa. Amélia Netto Martins de Araújo Des. Nicomedes Domingos Borges Des. Luiz Cláudio Veiga Braga Des. Itamar de Lima Des. Geraldo Gonçalves da Costa Desa. Sandra Regina Teodoro Reis Des. Ivo Fávaro Des. Olavo Junqueira de Andrade (2015-2017) OUTUBRO 2015 3