Contexto escolar: a influência de professores, pares e pais sobre o comportamento
de crianças
Ana Priscila Batista1
Caroline Guisantes De Salvo Toni2
Gisele Regina Stasiak3
Os pais e a escola, que além de seu papel de transmissora de conteúdos acadêmicos,
podem ser considerados importantes agências de socialização de crianças. Esses dois
contextos podem propiciar tanto um desenvolvimento saudável quanto dificuldades e
problemas que podem repercutir sobre a vida de uma criança. A partir disso, o presente
trabalho propõe a apresentação (1) da análise de como se configuram os Estilos de
Liderança de Professores, a partir das dimensões ‘responsividade’ e ‘exigência’,
baseadas no modelo de Estilos Parentais e da dimensão ‘controle aversivo,
demonstrando como podem se relacionar com o comportamento de crianças do primeiro
ciclo do Ensino Fundamental, (2) das influências de Estilos Parentais e das práticas
educativas maternas e paternas no comportamento e no desempenho acadêmico de
crianças e (3) do relacionamento entre pares como fonte de estresse às crianças. A
apresentação e análise de cada um desses temas será realizada a partir da literatura da
área, bem como a partir de resultados empíricos de pesquisas. A metodologia utilizada
foi a de observação indireta do comportamento, com análise de dados por meio de
análises estatísticas. De forma geral, os resultados mais relevantes apontam o fato de
que melhores interações professor-aluno estão relacionadas à melhores resultados para
os envolvidos em diversos aspectos; as práticas educativas parentais exercem influência
direta e indireta sobre o comportamento e desempenho escolar da criança; e que a
situação de relacionamento entre pares a que as crianças se referem como mais
estressante foi “as crianças mais velhas tiraram sarro de mim”. Com isso, percebe-se
1
Professora do Curso de Psicologia da Universidade Estadual do Centro-Oeste e Doutoranda em
Educação pela UFPR.
2
Professora colaboradora do departamento de Psicologia da Unicentro, Irati-PR. Doutora em Psicologia
Clínica pela USP.
3
Professora do Curso de Psicologia da Faculdade Sant´Ana e Mestre em Educação pela UFPR.
Doutoranda em Educação pela UFPR. Endereço para correspondência: Faculdade Sant´Ana – Curso de
Psicologia - Rua Pinheiro Machado, 189 –84010-310 - Ponta Grossa – PR. Endereço eletrônico:
[email protected]
que compreender importantes interações da criança que repercutem no contexto escolar
pode auxiliar professores, diretores, pais e o poder público a terem uma visão mais
ampla de tais influências de propostas de prevenção e intervenção eficazes para tal
contexto.
Palavras-chave: contexto escolar, interação professor-aluno, estilos parentais, interação
entre pares.
Estilos de liderança de professores e o comportamento de crianças do primeiro
ciclo do Ensino Fundamental
Ana Priscila Batista (Universidade Estadual do Centro-Oeste)
A escola, além de seu papel de transmissora de conteúdos acadêmicos, vem sendo
considerada uma importante agência de socialização, um local que pode propiciar tanto
um desenvolvimento saudável quanto dificuldades e problemas que podem repercutir
sobre a vida de uma criança. Em tal contexto, professores ensinam e orientam os
comportamentos das crianças estabelecendo diferentes climas emocionais no uso das
estratégias educativas em sala de aula, o que influencia o desenvolvimento da criança
em diversas áreas. O modelo de socialização proposto pela área de Estilos Parentais, a
partir das dimensões de responsividade e exigência, fornece um bom suporte teórico
para a compreensão de como os professores influenciam o comportamento de seus
alunos, assim como o estudo acerca das contingências aversivas, que também estão
presentes em tal interação. O objetivo do presente trabalho é apresentar a análise de
como se configuram os estilos de liderança de professores e a relação com o
comportamento de crianças do primeiro ciclo do Ensino Fundamental. Nessa fase, as
crianças dependem extensivamente dos professores para estruturar suas experiências
diárias, facilitar as relações com seus pares e regular as emoções e comportamentos.
Inicialmente, é realizada a análise da interação professor-aluno aplicando o modelo de
estilos parentais, a partir de duas dimensões: responsividade e exigência. Também é
realizada a análise da dimensão controle aversivo presente na interação professor-aluno.
A partir disso, são apresentados resultados de pesquisas que demonstram a influência de
diferentes formas de interação professor-aluno sobre o comportamento de crianças do
primeiro ciclo do Ensino Fundamental, as quais apontam, de forma geral, que melhores
interações estão relacionadas à melhores resultados para os envolvidos em diversos
aspectos. Considera-se primordial olhar como ocorre e quais os efeitos da interação
estabelecida entre professor e aluno, pois o desenvolvimento de crianças também é uma
responsabilidade do professor. Compreender as interações em tal contexto pode auxiliar
tanto os professores, quanto os diretores, e mesmo o poder público, a terem uma visão
mais ampla de tais estilos e suas repercussões, pensar em propostas de prevenção e
intervenção eficazes para tal contexto, bem como avaliar a formação, inicial ou
continuada, de professores.
Palavras-chave: interação professor-aluno, estilo de liderança de professores, Ensino
Fundamental.
Influência dos Estilos Parentais no Comportamento e no Desempenho Acadêmico
de Crianças
Caroline Guisantes De Salvo Toni (Universidade Estadual do Centro-Oeste)
Os estilos parentais são definidas como as estratégias utilizadas pelos pais para
contingenciar o comportamento dos filhos. A literatura aponta para a importância dessas
práticas parentais no desenvolvimento de comportamentos pró-sociais e antissociais em
crianças, porém, muitas vezes sem caracterizar e descrever como essa influência se dá.
Partindo desse contexto, desenvolveram-se duas pesquisas buscando compreender como
e em que intensidade ocorre à influência parental sobre o comportamento da criança. A
primeira delas contou com a participação de 102 crianças, de ambos os sexos,
estudantes de escolas públicas de São Paulo e Curitiba. Essas responderam ao
Inventário de Estilos Parentais (IEP), versão materna e paterna, e ao HBSC (Health
Behavior School-age Children), questionário da OMS que busca compreender os
comportamentos de saúde e risco de crianças e adolescentes. Da segunda pesquisa
participaram 203 crianças, de ambos os sexos, estudantes de escolas públicas de uma
cidade do interior do Estado do PR. Estas tiveram suas notas escolares de dois bimestres
coletadas e responderam ao IEP versão materna e paterna. A análise de dados foi feita a
partir de estatística descritiva e inferencial, a partir das quais se procedeu a análises
multivariadas. Os resultados, de forma geral, apontaram para influências diretas e
indiretas das práticas educativas parentais no comportamento das crianças. Em especial,
as práticas educativas maternas mostraram-se altamente relacionadas ao comportamento
infantil, sendo inclusive variáveis que podem predizer comportamentos de saúde e risco,
além de bom desempenho acadêmico. A partir desses resultados discute-se a
importância de grupos de orientação a pais que possam fortalecer práticas protetoras,
bem como contribuir para a conscientização dos pais da importância de suas ações no
desenvolvimento da criança.
Palavras-chave: práticas educativas parentais; infância, interação pais-filhos.
O relacionamento entre pares e a percepção de estresse pelas crianças
Gisele Regina Stasiak (Faculdade Sant’Ana, Ponta Grossa, PR)
O contexto escolar é um dos ambientes socializadores da criança e que promove o seu
desenvolvimento nos planos social, afetivo e cognitivo. Também, esse contexto é
composto por inúmeras situações potencialmente estressoras às crianças. Essas
situações não são necessariamente nocivas às crianças, mas, quando seu nível é elevado
pode afetar sua adaptação escolar. O objetivo desse trabalho foi verificar quais são as
situações escolares que as crianças ingressantes no 1º. ano do ensino fundamental
percebem como fontes de estresse e como elas se relacionam com seus
comportamentos. Participaram da pesquisa 39 crianças, entre 5 e 7 anos de idade, e duas
professoras das duas turmas de 1º. ano do ensino fundamental de uma escola particular
de Ponta Grossa (PR). Os instrumentos utilizados foram o Inventário de Estressores
Escolares (IEE) e a Escala de Comportamento Social da pré-escola e Jardim de Infância
(ECSPJ-2). Nos resultados encontrados muitas crianças relataram inúmeras situações
estressoras no contexto escolar. Entretanto, as situações com médias mais elevadas de
estresse foram as que se referiram ao relacionamento entre pares (“as crianças mais
velhas tiraram sarro de mim” e “alguns colegas me provocaram, falaram palavrão ou
colocaram apelido”). Outro resultado importante foi de que o escore total de estresse das
crianças
correlacionou-se
positivamente
aos
problemas
de
comportamento
externalizados (r=0,36, p<0,05). Pode-se pensar que o estresse e os comportamentos
externalizados são dois tipos de eventos comportamentais em interação, ou seja, o
estresse pode ser um dos fatores que produzem, potencializem e/ou agravem
comportamentos externalizados e, por outro lado, comportamentos externalizados
podem potencializar o estresse. Essa pesquisa revela as necessidades de uma postura
educacional preventiva e positiva ao desenvolvimento infantil e programas de
intervenção em relacionamento interpessoal para que aumentem as possibilidades de
sucesso na trajetória escolar de crianças a fim de contribuir para que as crianças
desenvolvam repertórios de enfrentamento e de relacionamento interpessoal adequados
à vida.
Palavras-chave: relacionamento entre pares; estresse; crianças.
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