"Formação Ampliada e Interdisciplinar em Ciências Exatas para Estudantes da Área da
Saúde"
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Angélica Pontes Batista , Beatriz Martinez Bido1, Camila Aquemi Silva1, Cristina Miyori
Ishimatsu1, Guilherme Andrade da Veiga1, Italo Kendy Morino Edagi1, Marcelo Baptista de
Freitas2, Marcelo Mariano da Silva2, Paula Baptista Eliseo da Silva1, Raphaela da Cunha B.
V. Garcia1, Raquel Santos Marques de Carvalho2
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PET Tecnologias/Cursos Superiores de Tecnologias em Saúde - Escola Paulista de Medicina
- Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP)
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PET Tecnologias/Departamento de Informática em Saúde - Escola Paulista de Medicina Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP)
Introdução
Os Cursos Superiores de Tecnologias em Saúde (CSTS) da Escola Paulista de Medicina
(EPM) são fundamentados na interdisciplinaridade do conhecimento e buscam conciliar às
inovações na área da Saúde a partir de uma sólida formação básica, contribuindo para o
enfrentamento da problemática de difusão da interdisciplinaridade no tradicional sistema de
educação, normalmente baseado em limites entre as disciplinas, conforme discussão
recentemente realizada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)[1]. Estes
cursos tecnológicos são compostos por 3 eixos de formação básica (Biológicas, Exatas e
Humanas) e 1 eixo de formação profissionalizante (Oftálmica, Radiologia ou Informática em
Saúde). Espera-se que os egressos desenvolvam competências para a tomada de decisão e
solução de problemas do mercado profissional por meio da integração dos saberes e da
consciência social.
Neste sentido, o PET Tecnologias apresenta-se com uma proposta de apoio aos CSTS e
atividades da EPM, por meio do tripé de ensino, pesquisa e extensão, utilizando a temática de
funcionamento do corpo humano para integrar as unidades curriculares (UC) tradicionais do
eixo de Ciências Exatas (Física, Química, Matemática, Computação) e as novas tecnologias
educacionais no ensino. Para tanto, o grupo realiza uma série de atividades e eventos, sempre
buscando uma abordagem de integração de saberes e a formação coletiva baseada na
educação tutorial: book clubs e journal clubs semanais para discussão de capítulos de livros e
artigos relacionados a temática do grupo; boletins e páginas nas redes sociais reunindo
importantes informações sobre a Universidade, Ciência e Tecnologia; exibição de vídeos e
filmes, promoção de palestras, seminários e workshops; incentivo e colaboração com os
projetos de pesquisa individuais dos seus integrantes; organização de visitas a feiras; além da
produção de material didático diferenciado com potencial aplicação nos CSTS e na formação
de ensino médio.
Objetivos
O modelo de trabalho do grupo PET Tecnologias caracteriza-se pela educação tutorial, na
medida em que os integrantes do grupo têm centradas em si iniciativas de pesquisa, estudo e
elaboração das ideias e conteúdos de forma colaborativa e voluntária. Neste artigo
apresentamos a dinâmica de trabalho do grupo na realização das atividades, discutindo as
dificuldades e soluções encontradas para alcançar os objetivos propostos.
Metodologia
O grupo realiza atividades rotineiras semanalmente, como encontros para discussão de temas
específicos (journal e book clubs), reuniões de planejamento e gestão das atividades,
manutenção dos canais de comunicação na internet, e outras de caráter geral e abertas,
normalmente mensais, como a realização de seminários temáticos realizados por convidados
externos ao grupo, exibições dosCinePETs, visitas a feiras de tecnologias e eventos de
divulgação cientifica, além das atividades de apoio direto aos CSTS.
Guiados pelos livros-texto[2-3], o grupo escolhe um tema a ser discutido, como visão,
biomecânica, fonação, audição, sempre relacionado a algum sistema ou estrutura do corpo
humano. Com o tema de estudo definido, realiza-se uma ampla pesquisa na qual são coletadas
informações em artigos científicos e de divulgação publicados em revistas acadêmicas e na
mídia, vídeos, imagens e todo material que possa auxiliar na discussão e entendimento do
assunto abordado. Esse material é apresentado para o tutor, colaboradores e demais
integrantes do grupo nas reuniões semanais, iniciando assim a troca de ideias e a construção
dos conceitos envolvidos para a produção coletiva do conhecimento.
Os conceitos das disciplinas tradicionais de Ciências Exatas são relacionados aos processos
fisiológicos, biológicos e histológicos. Modelos físicos e/ou químicos são associados as
estruturas biológicas específicas, no qual se emprega demonstrações matemáticas e recursos
audiovisuais para ilustrar seu funcionamento. Como exemplo cita-se o aparelho auditivo, no
qual os ossículos envolvidos na amplificação das ondas sonoras são associados a um sistema
de alavancas, passando pela utilização de séries de Fourier para explicar a decomposição
dessas ondas na cóclea. No caso da visão, estruturas do olho humano, como córnea e
cristalino, são modeladas como uma associação de lentes delgadas para focalização da luz na
retina, onde ocorre a transdução da luz em sinal elétrico por meio de reações químicas em
células específicas (cones e bastonetes). A organização e estruturação das ideias e conceitos é
realizada pelo uso de mapas conceituais[4] construídos coletivamente.
Simultaneamente às discussões do grupo, são realizadas atividades de apoio ao tema em
estudo fazendo uso de séries, filmes e documentários (CinePET) e apresentação de temas
específicos por convidados externos ao grupo. Todas atividades realizadas são divulgadas
para a comunidade interna e externa à Universidade visando envolver alunos e outros
interessados nas discussões do grupo e na construção do conhecimento interdisciplinar do
tema em estudo. Toda produção é registrada e armazenada de forma impressa e eletrônica,
que na sua fase final será disponibilizada para uso nos CSTS e também em escolas da rede
pública de ensino médio, com as quais será estabelecida colaboração futuramente.
Buscando estimular a curiosidade científica, o projeto conta com a Leitura de Cabeceira
PET[5-7], na qual os petianos são estimulados a ler livros com temática na área das Ciência &
Tecnologia ao longo do semestre e compartilhar o conhecimento nas reuniões e debates
realizados. Estas leituras contribuem de forma complementar às atividades e garantem
enfoque mais geral e motivador para a formação do integrantes do grupo.
O grupo também visita feiras de tecnologias (EDUCAR e Bett Brasil) e exposições como
“Túnel da Ciência Max Plack”, participa de eventos de divulgação científica(“Ciências das
Atividades Físicas”, “Física ao Entardecer”) realizados por outras Universidades. Com isso,
busca-se conhecer novas tecnologias que proporcionem uma abordagem mais dinâmica e
interativa no processo de ensino e aprendizagem. Há também projetos de pesquisa
individuais, em que cada integrante do grupo é incentivado a pensar em atividades para
desenvolvimento pessoal, sob a orientação de docentes e/ou técnico-administrativos da
Universidade. Alguns exemplos destes projetos são: desenvolvimento de um minicurso de
bioestatística, tutorial para uso do novo sistema Moodle implantado na UNIFESP e análise do
funcionamento
de
aparelhos
de
diagnóstico
em
oftalmologia.
Para
auxiliar
no
desenvolvimento das atividades científicas, o grupo realiza a distância o curso de Escrita
Científica do Prof. Dr. Valtencir Zucolotto (IFSC-USP)[8]. Além destas atividades, o grupo
realiza durante seus encontros rotineiros o “destaque semanal”, que consiste na discussão de
notícias e artigos de cunho científico, tecnológico e de inovação selecionados previamente
pelos integrantes do grupo.
Resultados e discussão
Como resultado do processo de construção do conhecimento, pode-se citar o estudo da visão,
no qual a intenção de explicar o funcionamento do corpo humano por meio das Ciências
Exatas, trazendo uma visão ampliada e interdisciplinar dos conteúdos, foi alcançada: “A
rodopsina é uma molécula covalente derivada da opsina que no processo de absorção da
energia dos fótons de luz que alcançam a retina pela convergência gerada nas estruturas do
olho humano, calculada pela equação de lentes delgadas, sofre isomerização de 11-cis-retinal
para trans-retinal”. Essa abordagem interdisciplinar do funcionamento do sistema visual, pode
permitir que conceitos de química e óptica geométrica tornem-se mais interessantes e
próximos à área da saúde.
Durante o processo de produção do material escrito, encontraram-se alguns obstáculos, como
a dificuldade de escrever e não plagiar autores, ou mesmo qual metodologia utilizar para
alcançar os objetivos desejados. A partir desta dificuldade, iniciou-se o uso de mapas
conceituais, que permitiram a interligação de vários conceitos e abordagens interdisciplinares
de forma clara e objetiva, facilitando a construção da produção final sobre o tema e evitando
possíveis equívocos conceituais. Outra dificuldade encontrada no desenvolvimento dos temas
estudados foi a ruptura com a forma clássica de abordar os conteúdos tradicionais presentes
na matriz curricular dos CSTS. Neste sentido, os CinePETs e seminários organizados ilustram
os temas trabalhados de forma didática e lúdica, permitindo o surgimento de novas discussões
e otimizando a aproximação dos temas trabalhados com os outros estudantes dos CSTS; por
exemplo, quando o primeiro Cine PET cujo tema era: “A criação - Inside the Human Body”
foi apresentado, o tema proposto pelo grupo coincidiu com o assunto da UC de Embriologia
ministrada para os alunos do primeiro ano do curso. As visitas as feiras de Educação e
Tecnologia oportunizam uma nova visão e descobertas sobre novas formas de trabalhar o
material produzido.
A discussão de conceitos das Ciências Exatas, partindo da anatomia e fisiologia das
estruturas envolvidas nos sistemas do corpo humano, motiva e facilita o entendimento das
disciplinas tradicionais desse eixo, geralmente vistas como complicadas pelos estudantes da
área da saúde. Dessa forma, a produção do grupo tem um papel fundamental no processo de
ensino-aprendizagem de estudantes com um perfil mais próximo a área de Ciências
Biológicas, como normalmente ocorre em cursos da área da Saúde, quando se refere ao estudo
de temas e conceitos das disciplinas tradicionais de Ciências Exatas.
Além disso, realizando atividades de apoio aos CSTS, auxílio na elaboração da semana de
recepção de calouros, o grupo consegue perceber as dificuldades e facilidades que os alunos
tem dentro do curso, além de suas expectativas e informações relacionados ao seu curso.
Pensando nisso, além de auxiliar na organização geral da semana dos calouros foi elaborado
um questionário sobre a expectativa sobre o curso e qual o curso desejado, incialmente.
Resumidamente, o questionário serviu como fonte para caracterizar o perfil dos alunos
ingressantes e se esse perfil tem relação com a taxa de evasão do curso. Os dados foram
compilados em gráficos e tabelas para futuras avaliações de perfis e futuras comparações
estatísticas.
Conclusão
Devido à proposta inovadora do PET Tecnologias, surgiram várias dificuldades na produção
de material didático que auxilie os CSTS - constatou-se que a maioria do conteúdo existente
não foca a interdiscipliniradade buscada pelo grupo. Essa produção, exige dos petianos o
trabalho de seleção dos conteúdos relativos a áreas de graduação tidas por muitos como
tangenciais à proposta dos cursos tais como cálculo, física e química, aproximando-os das
áreas tradicionais da saúde. A constatação da carência de materiais que abordam o
funcionamento do corpo humano de forma interdisplinar mostrou aos petianos a importância
do trabalho realizado, assim como o grande desafio de construção desse material e da futura
aplicação do mesmo dentro dos CSTS. As outras atividades realizadas pelo grupo auxiliam
nos debates e discussões que levam à construção e aprimoramento desse material, despertando
também maior interesse dos petianos para os temas tratados. Além disso, com a realização de
atividades como seminários e CinePETs temáticos, o grupo vem gradativamente buscando
melhor visibilidade dentro dos CSTS e maior reconhecimento dentro do próprio campus e da
comunidade acadêmica da UNIFESP.
Referências Bibliográficas

[1]
Cotta, Camila. Evento debate a integração dos saberes. Jornal da Ciência – Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) – Rio de Janeiro, 23 de Maio de 2014, nº
759, p.3.

[2]
Herman, I. P. Physics of the Human Body. Springer, 2007.

[3]
Newman, J. Physics of the Life Sciences. Springer. 2008

[4]
Ferrari, M. As várias dimensões do conhecimento. Revista FAPESP. 2014

[5]
Sacks, O. Alucinações musicais. Companhia das Letras. 2014

[6]
Mlodinow, L. O Andar do bebado. Zahar. 2013

[7]
Sacks. O. Um antropologo em Marte. Companhia de Bolso. 2014

[8]
Zucolotto,
V.
Escrita
<http://www.escritacientifica.com/>.
cientifica.
Disponível
no
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