Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação em Gestão e Economia da Saúde
Prova de Conhecimentos
CPF: _________________________
1. Ligia Maria Vieira-da-Silva e Naomar de Almeida Filho no artigo “Eqüidade em saúde: uma
análise crítica”, publicado em 2009, pretendem analisar criticamente a série significante
diversidade, diferença, desigualdade, iniqüidade, distinção no que concerne à produção da
saúde-doença em grupos sociais e nas suas possibilidades de articulação a uma teoria social
da saúde. Neste contexto, assinale V nas declarações verdadeiras, e F declarações nas falsas.
( F ) Segundo os autores, uma distinção frequente encontrada na literatura é aquela entre
eqüidade horizontal e vertical. A eqüidade vertical corresponde ao tratamento de igual de
iguais e a eqüidade horizontal corresponde ao tratamento desigual de desiguais.
( V ) A teoria da justiça de Rawls propõe igualdade de oportunidades e também de distribuição
de bens e serviços referentes a necessidades básicas.
( F ) Segundo os autores Whitehead é a autora mais citada nos trabalhos de literatura
internacional que emprega conceitos de eqüidade em saúde. Segundo Whitehead inequidades
constituem diferenças que, além de invitáveis, são também justas.
( F ) Em 1990, Whitehead elaborou um documento de consultoria para a Organização Mundial
de Saúde (OMS), posteriormente publicado no Internacional Jounal os Health Services, no qual
propunha distinguir diferenças ou disparidades em saúde (differences or disparities) de
eqüidade (equities) em saúde.
( V ) Macinko & Starfield revisaram sistematicamente a bibliografia indexada no MEDLINE entre
1980 e 2001 e consideram que incluir justiça no conceito de eqüidade traz problemas
operacionais tendo em vista que impõe o recurso a “julgamentos de valor”. Propõem então
usar a definição de eqüidade adotada pela International Society for Equity in Health (ISEqH)
Segundo a qual “eqüidade corresponde à ausência de diferenças sistemáticas potencialmente
curáveis (remediables) em um ou mais aspectos da saúde em grupos ou subgrupos
populacionais
definidos
socialmente,
economicamente,
demograficamente
ou
geograficamente”.
2. Ainda no artigo de Ligia Maria Vieira-da-Silva e Naomar de Almeida Filho no artigo
“Eqüidade em saúde: uma análise crítica”, publicado em 2009, assinale a declaração falsa.
a) Na abordagem de Breilh (de clara orientação marxista) a análise do conceito de diversidade
não se baseia em nenhuma sociedade concreta; de forma que não fica claro se, ao lograrmos
eliminar a concentração de poder nas mãos de grupos sociais, distribuir melhor a riqueza e
também o acesso aos serviços de saúde, numa sociedade mais solidária, as diferenças em
saúde restariam apenas biológicas.
b) Heller discute o conceito ético político de justiça como relacionado à tarefa, historicamente
justificada tanto por fé como pela razão, de reformar tanto a sociedade injusta como os
indivíduos injustos. Ela argumenta que, nos tempos modernos, o conceito ético de justiça
perde seu componente sócio-político. O que resta é referido como justiça distributiva, que
propõe liberdade igual, oportunidades iguais e acesso igual para recursos visando satisfazer as
necessidades básicas essenciais.
c) Segundo os autores, ambos os termos “desigualdade” (inequality) e “iniqüidade” (inequity)
devem ser relacionados a idéias de justiça de acordo com diferentes tradições teóricas. Assim,
desigualdades em saúde podem ser interpretadas como resultado de diferentes formas de
tratamento a indivíduos que pertencem a categorias essenciais ou grupos sociais. Já eqüidade
em saúde pode ser interpretada como o resultado de políticas que tratam indivíduos que não
são iguais de forma diferente.
d) O conceito de habitus é central na teoria das práticas de Bourdieu juntamente com os
conceitos de espaço social, campo, illusio e capital. O habitus corresponde à incorporação de
estruturas relacionadas com a história coletiva e com a trajetória individual no inconsciente
dos indivíduos. Dessa forma, funciona como esquemas de percepção e classificação das
práticas, como um operador prático que ajusta condições objetivas a esperanças subjetivas. O
habitus de classe ou de grupo corresponderia a um sistema subjetivo, individual e de
estruturas interiorizadas.
e) Na atual conjuntura de debate teórico da Saúde Coletiva no Brasil, tornou-se consenso
afirmar que a superação das desigualdades em saúde requer a formulação de políticas públicas
equânimes. Isso corresponde ao reconhecimento da saúde como direito e à priorização das
necessidades como categoria essencial para as formas de justiça. Priorizar necessidades não
significa impor necessidades, porém definir o padrão tecnicamente aceitável interagindo com
as expectativas dos diversos modos de vida dos diferentes grupos sociais.
Resposta: letra D
3. Sob a perspectiva do artigo de Carlos Augusto Grabois Gadelha publicada na Revista de
Saúde Pública, em 2006, assinale V nas declarações verdadeiras, e F declarações nas falsas.
( V ) O artigo situa a questão da saúde no contexto do desenvolvimento nacional e da política
industrial.
( F ) A noção de complexo industrial da saúde constitui uma tentativa de fornecer um
referencial teórico que permita articular três lógicas distintas, a sanitária, a da tecnologia e a do
desenvolvimento econômico.
( V ) A saúde, simultaneamente, constitui um direito de cidadania e uma frente de
desenvolvimento e de inovação estratégica na sociedade de conhecimento.
( F ) O processo de industrialização, de acordo com Tavares (1979), não era natural e envolvia
saltos qualitativos e rupturas na estrutura produtiva. Numa primeira fase, passaria pela
implantação de indústrias “leves” de menor necessidade de capital e de tecnologia para, numa
fase posterior, entrar nas indústrias pesadas de insumos básicos e de bens de capital. Na
primeira fase unicamente, o papel do Estado se mostrava central, permitindo o financiamento
da acumulação de capital e a coordenação dos investimentos complementares, inclusive na
infra-estrutura econômica.
( V ) Do ponto de vista das teorias mais recentes, que partem dos trabalhos de Schumpeter
sobre o desenvolvimento centrado no processo de inovação, pode-se afirmar que o modelo
tipicamente cepalino não distinguia entre capacidade produtiva incorporada em máquinas e
equipamentos e a capacidade tecnológica. Ou seja, em termos mais atuais, a base de
conhecimento e de aprendizado constituem os fatores dinâmicos mais destacados da
competitividade empresarial e nacional.
4. Carlos Augusto Grabois Gadelha, no artigo “Desenvolvimento, complexo industrial de
saúde e política industrial”, publicado em 2006, assinale V nas declarações verdadeiras, e F
declarações nas falsas.
( V ) A literatura contemporânea sobre desenvolvimento mostra que a área de saúde constitui
uma frente importante para as atividades de ciência e tecnologia (C,T&I), de inovação, de
geração de emprego e renda e, portanto, de desenvolvimento econômico.
( V ) A área de saúde é uma das áreas líderes nos sistemas nacionais de inovação em conjunto
com o complexo industrial-militar.
( F ) Seguindo a própria lógica da concorrência capitalista (em bases oligopólicas), a produção
empresarial em saúde não constitui uma fonte de intensa geração de assimetrias, de
apropriabilidade privada dos frutos do progresso técnico e de exclusão de pessoas, regiões e
países.
( F ) Segundo o autor, deve-se tratar o padrão de desenvolvimento na sociedade do
conhecimento de um lado, e o sistema de saúde, de outro, como duas dimensões
independentes. O tratamento em separado, apenas sob uma lógica defensiva voltada para
proteção dos interesses e da pressão da indústria para a absorção de novos produtos e
processos no sistema, inadvertidamente faz com que as forças sociais, que historicamente vêm
lutando por um sistema de saúde amplo e inclusivo no Brasil, acabem atuando na mesma
direção do modelo neoliberal.
( V ) A noção de complexo industrial da saúde é, a um só tempo, um corte cognitivo, analítico e
político. Configurando um conjunto selecionado de atividades produtivas que mantêm relações
intersetoriais de compra e venda de bens e serviços (sendo captadas, por exemplo, nas
matrizes de insumo-produto nas contas nacionais) e/ou de conhecimentos e tecnologias. Essas
atividades produtivas estão inseridas num contexto político e institucional bastante particular,
envolvendo a prestação de serviços como o espaço econômico para o qual flui toda a produção
em saúde. Assim, esta atividade está completamente inserida no complexo, tanto por
crescentemente se organizar em bases empresariais quanto por configurar o mercado em
saúde, como construção política e institucional. Isso confere organicidade ao complexo,
permitindo articular, num mesmo contexto, a produção de serviços e bens tão diferentes como
medicamentos, equipamentos, materiais diversos ou produtos para diagnóstico.
5. A relação entre desigualdade de renda e saúde é explorada no artigo de Marcelo Neri e
Wagner Soares, 2002. Com base neste responda verdadeiro (V) ou falso (F) as questões
abaixo:
( V) A menor proporção de morbidades como câncer, diabetes mellitus e hipertensão arterial
sistêmica nos grupos menos privilegiados atesta a desigualdade de acesso a saúde entre os
brasileiros
( F) As pessoas de mais baixa renda procuram o serviço de saúde por motivos de doença,
enquanto percebe-se nos décimos mais altos da distribuição de renda uma maior procura dos
serviços de prevenção e exames de rotina. Este resultado reflete uma desigualdade em favor
dos menos privilegiados, no que diz respeito ao consumo de bens de saúde.
( V) Os indivíduos mais pobres têm pior acesso a seguro e necessitam de maiores cuidados com
a saúde. Mas consomem menos os serviços, o que acaba por aprofundar o quadro de
desigualdade dos rendimentos.
(V ) Numa perspectiva de universalização dos serviços, o plano de saúde passou a ampliar a
oportunidade de acesso aos serviços de saúde em indivíduos com a mesma necessidade de
cuidados médicos.
6. Com base no artigo de Marcelo Neri, Wagner Soares, 2002 destaque a alternativa correta.
a) A maior proporção de morbidades como câncer, diabetes e hipertensão nos grupos menos
privilegiados está no fato desses indivíduos terem reduzida oportunidade de acesso,
desconhecendo seu estado de saúde.
b) Problemas de saúde como depressão, tendinite ou tenossinovite e cirrose hepática não
apresentam diferenças marcantes na proporção dos doentes ao longo da distribuição de renda.
c) A prevalência de diabetes mellitus e câncer apresentaram uma tendência decrescente, à
medida que se caminha da base para topo da distribuição de renda.
d) A medida que as pessoas vão envelhecendo, as chances de procurar serviços de saúde é
maior para aquelas que tem maior anos de estudo.
e) A população não-ocupada possui menos chances de procurar serviços de saúde quando
comparada à ocupada, que leva mais de uma hora para chegar ao trabalho.
Resposta: d
7. Em artigo de 2007, Kenya Valeria Micaela de Souza Noronha e Monica Viegas Andrade
buscam identificar se existe efeito da distribuição de renda sobre o estado de saúde
individual no Brasil. Com base neste texto, marque verdadeiro ou falso nas afirmações
abaixo.
(V ) No Brasil, a desigualdade de renda afeta negativamente o estado de saúde, corroborando
com a hipótese de renda relativa de Wilkinson, na qual indivíduos que vivem em sociedades
mais desiguais têm maiores chances de adoecer e de morrer.
( F) O estado de saúde autoreportado, avaliada no nível individual, é bastante utilizada na
literatura empírica por proporcionar uma medida ampla do estado de saúde, porém não é
capaz de considerar todos os tipos de morbidade.
( V) Em sociedades mais desiguais observa-se uma maior divergência de interesses entre as
diferentes classes sociais, resultando em uma menor provisão pública e, consequentemente,
em um acesso menos equitativo a determinados recursos tais como bens e serviços de saúde,
educação e saneamento básico.
( F) A relação entre a desigualdade de renda e o estado de saúde reflete mais privação de
recursos materiais ou o menor poder de compra pelos indivíduos mais pobres do que as
características associadas e o contexto em que o indivíduo está inserindo.
8. Ainda com base no texto citado na questão anterior, destaque qual das questões abaixo é
a CORRETA.
a) A menor segurança no emprego, o menor apoio social e o maior nível de violência e
criminalidade não são motivos que justifiquem o fato de sociedades mais desiguais
apresentarem um pior estado de saúde da sua população.
b) A segregação econômica espacial entre pobres e ricos será maior, quanto maior for o nível
de desigualdade de renda, aumentando ainda mais a divergência de interesses entre as
diferentes classes sociais, porém esta segregação não afeta o nível de investimentos em bens e
serviços públicos.
c) Nas cidades mais ricas as condições de saúde da população é maior.
d) O grau de confiança entre os membros de uma sociedade, que se constituem em
importantes recursos para alcançar fins coletivos, pode se tornar mais frágil na presença de
uma pior distribuição de renda, porém isto não influencia o estado de saúde da população.
e) Dois indivíduos, com as mesmas características socioeconômicas, que vivem em localidades
igualmente ricas, poderão apresentar estado de saúde diferenciado se a região de residência
diferir em relação ao nível de desigualdade de renda.
Resposta: e
9. De acordo com o artigo de Tulio Chiarini e Karina Pereira Vieira, publicado na Revista
Brasileira de Economia em Jan./Mar de 2012. A Universidade como agente promotor do
conhecimento científico-tecnológico de um país, consiste no motor de desenvolvimento e
crescimento econômico do mesmo. Com base nas informações deste texto assinale
verdadeiro (V) ou falso (F) nas questões abaixo.
(V) A universidade impacta no crescimento econômico por duas vertentes: primeiro por
desenvolver pesquisas que geram novas tecnologias e Segundo, por gerar capital humano
capaz de absorver as tecnologias disponíveis.
(V) Embora as universidades cumpram funções muito semelhantes nos sistemas inovadores da
maioria dos países industrializados e em industrialização, a relevância de seu papel varia
consideravelmente. Muito destas diferenças deve-se ao tamanho e estrutura das agências de
pesquisa e fomento.
(V) No Brasil, é possível observar um gap entre a produção científica e a inovação tecnológica
efetiva, ou seja, existe uma baixa expectativa que o conhecimento gerado pelas Instituições de
Ensino Superior (IES) seja transferido para aplicações comerciais a fim de gerar ganhos de
produtividade e competitividade, sem mencionar que grande parte das pesquisas não esta
orientada nos resultados. Isto ocorre devido a um desalinhamento entre as universidades e os
demais institutos públicos e/ou privados, os quais contribuem muito pouco para esse processo
de criação de conhecimento.
( V) Nos últimos anos, o Brasil tem procurado desenvolver programas que estimulem a
interação Universidade-Empresa. Para tanto, tem-se aprovado leis que apoiam a inovação que
promova a interação dos centros de pesquisa com o setor produtivo, em prol do
desenvolvimento do país.
10. Com base na abordagem sobre área áreas estratégicas e áreas do conhecimento
desenvolvida por Tulio Chiarini e Karina Pereira Vieira, 2012, destaque qual das afirmativas
abaixo é CORRETA.
a) Agências federais como a CAPES e o CNPq realizam o fomento à pesquisa no Brasil, através
de recursos de fundo perdido.
b) De acordo com a PINTEC, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas e Linguística, Letras e
Artes não são consideradas áreas de conhecimento.
c) O Governo Federal não pretende dar um maior incentivo às pesquisas desenvolvidas pelas
IES nas áreas de engenharia e saúde, por acreditar que todas as disciplinas são importantes
para o desenvolvimento econômico.
d) É importante reconhecer que no Brasil a maior concentração de recursos humanos nas
áreas de tecnologia e saúde.
e) A distribuição dos recursos para pesquisa nas IES brasileiras ocorre de forma equitativa entre
todas as áreas do conhecimento.
Resposta: a
Boa Prova !
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