VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X
OPINIÃO DOS PROFESSORES SOBRE RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA E
SUA IMPORTÂNCIA NO CONTEXTO DA INCLUSÃO
ANA ELISA MILLAN 1;
LAURA BORGES2;
FABIANA CIA3.
Departamento de Psicologia, Licenciatura em Educação Especial, Universidade Federal
de São Carlos - UFSCar, São Carlos, São Paulo.
Agência financiadora: CNPq, PIBIC/CNPq.
INTRODUÇÃO
Ao falarmos sobre a inclusão do aluno público alvo da educação especial (PAEE),
quando se tem o auxílio de profissionais e da família, o aluno pode adquirir uma maior
competência profissional e pessoal. É preciso que a família tenha consciência de que ela
faz parte de um contexto social, e que influencia a criança PAEE, preparando-a para a
comunidade escolar. É preciso também a conscientização dos educadores de que estes
não devem apenas saber trabalhar com o aluno, mas também promover o
desenvolvimento familiar, para que a família seja um participante ativo no processo de
inclusão. Por outro lado, é essencial que a família reconheça a influencia que exerce
sobre o indivíduo, principalmente no contexto social, incluindo o mundo escolar do
filho; é importante que famílias que convivem com pessoas com necessidades especiais
sejam conscientes e mobilizados para apoiar, trabalhar em conjunto, participar com a
escola na construção da individualidade e independência dos filhos com necessidades
especiais (LOPES; MARQUEZAN, 2000).
A participação da família do filho PAEE é indispensável para que o mesmo seja
participante da sociedade, e a escola, juntamente com a família, deve elaborar
estratégias de ensino para que o aluno seja realmente incluído na escola (LOPES;
MARQUEZAN, 2000).
A participação dos pais na educação dos filhos tem sido apontada como o problema e a
solução para elevar o aproveitamento acadêmico, em especial, dos grupos em
desvantagem social. A parceria escola e família foi apresentada como solução para
várias necessidades, em que cabe aos pais um papel específico no desenvolvimento
acadêmico, social e emocional dos filhos, e essa parceria não deveria acontecer somente
na educação infantil, mas na educação de adolescentes como estratégias de prevenção
de indisciplina e delinquência (CARVALHO, 2000).
1
Licenciatura em Educação Especial, Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos,
UFSCar. São Carlos, São Paulo, CEP: 13570-000, Brasil, [email protected]
2
Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, Departamento de Psicologia, Universidade Federal
de São Carlos, UFSCar. São Carlos, São Paulo, CEP: 13570-000, Brasil [email protected]
3
Professora Adjunta do curso de Licenciatura em Educação Especial e do Programa de Pós-Graduação
em Educação Especial, Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos, UFSCar. São
Carlos, São Paulo, CEP: 13570-000, Brasil, [email protected]
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Independente de a família ter ou não um filho com deficiência, sabe-se que a relação
familiar influencia o processo educativo, pois um vínculo afetivo saudável entre pais e
filhos pode desencadear padrões interacionais positivos, maior repertório para enfrentar
situações cotidianas e um maior ajustamento do indivíduo nos diferentes ambientes que
ele frequenta. A percepção dos professores sobre os pais também reflete na relação entre
as partes, ou seja, se os professores consideram os pais parceiros, possibilitam uma
melhor interação entre os pais e o professor e um acompanhamento e auxílio sistemático
ao filho.
Para Pacheco, Eggertsdóttir e Marinósson (2007), a colaboração entre o lar e a escola é
essencial e necessária e deve ter início antes de os alunos ingressarem na escola e
continuar em todo o período educacional. A natureza da colaboração está relacionada às
necessidades de cada aluno, ressaltando que essa relação com os pais e os educadores
são carregadas de envolvimentos emocionais e expectativas mútuas.
Alguns aspectos das famílias influenciam indiretamente a escola, por exemplo, um
relacionamento afetivo positivo e a interação verbal entre os pais e a criança, as
estratégias disciplinares dos pais, as crenças e as influências dos pais sobre os filhos e o
nível socioeconômico da família. Muitas vezes, os pais de baixo nível socioeconômico
se sentem inseguros em participar dessa relação familiar e escolar, isso pode ser
resultado da própria experiência escolar dos pais, da imagem negativa de si mesmos
como pais, ou então do receio dos professores de serem cobrados e fiscalizados pelos
pais, e a percepção dos professores de que os pais são incapazes de auxiliar os filhos, o
que acaba tornando inviável uma relação de colaboração entre pais e professores
(POLONIA; DESSEN, 2005).
Quando fala-se de relação família e escola tem-se que considerar os contextos diversos
das variações familiares, estilos educativos e culturais. São cada vez mais comuns
famílias com constituições diferentes, no entanto, ainda há uma visão negativa das
famílias que se afastam do modelo tradicional. O importante são os tipos de interações e
relações que há nesta família, e não a sua constituição. As famílias também diferem no
seu funcionamento interno, na sua maneira de educar e isso deve ser considerado para
que os educadores não julguem qual é o melhor estilo. É preciso reconhecer os aspectos
positivos da família para se trabalhar com ela e não enfocar nos aspectos negativos
(PANIAGUA; PALACIOS, 2007).
Para promover a relação família e escola é necessário desenvolver uma parceria, o
professor deve conhecer a família, suas necessidades e preocupações, negociar ações e
partilhar informações. Tanto a família quanto a escola têm finalidades comuns, como a
potencialização das capacidades da criança e o estímulo a sua socialização e autonomia
com papéis diferentes. É interessante que essas instituições utilizem estratégias
educativas convergentes, pois estão envolvidas na educação de uma mesma criança, em
um sistema relacional em constante comunicação e influencias mútuas por meio do
filho/aluno (SOUSA, 1998).
Uma boa comunicação e troca de informações é a base para uma boa relação entre
família e escola. E esse contato pode ocorrer diariamente entre os pais e professores nos
horários de entrada e saída da escola. Esse contato diário favorece a troca de
informações sobre acontecimentos atuais que ajudam o educador a compreender certas
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atitudes e comportamento das crianças. Também são importantes sessões de
informações como as reuniões, pois mantém os pais informados dos conteúdos e
práticas possíveis de colaboração, e além de transmitir informações de caráter geral, dar
sugestões de atividades, alertar os pais sobre a importância do cumprimento de horários,
os pais ainda podem sanar suas dúvidas sobre diversos assuntos relacionados à criança.
Assim, o objetivo do estudo é investigar a opinião dos professores sobre: (a) o que é
relação família e escola; (b) qual a importância da relação família e escola de crianças
incluídas e (c) quais as informações que são importantes que o professor saiba sobre as
famílias.
METODOLOGIA
Participantes
Participaram do estudo 34 professores de crianças pré-escolares que lecionavam ou já
lecionaram para crianças público alvo da educação (PAEE) (foi considerado crianças
público alvo da educação especial as que possuíam deficiência intelectual, deficiência
física, deficiência sensorial, transtorno global do desenvolvimento e/ou altas
habilidades/superdotação) da rede municipal de ensino. A média de idade dos
professores era de 31 anos e a maioria possuía especialização.
Aspectos éticos
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFSCar (CAAE:
02893012.2.0000.5504). Os professores receberam juntamente com os Termos de
Consentimento Livre e Esclarecido para sua participação, informações acerca dos
objetivos da pesquisa.
Local de coleta de dados
A pesquisa foi realizada nas dependências de uma universidade pública, localizada no
interior do estado de São Paulo. A coleta de dados ocorreu durante um curso de
formação para professores.
Medidas avaliativas dos professores
Dados de identificação. Trata-se de um questionário que aborda os dados de
identificação, a formação do professor, assim como se lecionou ou leciona para crianças
PAEE.
Roteiro de entrevista do grupo focal. Trata-se de um roteiro composto por três
questões, sendo elas: “O que é a relação família e escola?”; “Qual a importância da
relação família e escola de crianças incluídas?” e “Quais as informações que são
importantes que o professor saiba sobre as famílias?”. Todas as questões foram
respondidas com base na criança pré-escolar incluída. Para elaboração do roteiro
participaram três juízes.
Procedimento de coleta de dados
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Inicialmente, entrou-se em contato com a Secretaria de Educação do Município para
explicar os objetivos da pesquisa. Após o consentimento da secretaria, foi realizado um
contato com os diretores das pré-escolas, a fim de explicar os objetivos da pesquisa.
Essa pesquisa foi realizada no decorrer de um curso de formação de professores, que
abordou a temática da relação família e escola no contexto da inclusão.
Para investigar a opinião dos professores sobre o que é a relação família e escola, qual a
importância da relação família e escola de crianças incluídas e quais as informações que
são importantes que o professor saiba sobre as famílias de seus alunos foi realizado o
grupo focal durante um dos encontros, anteriormente à exposição da literatura sobre o
tema.
Quanto à composição dos grupos focais, os professores eram divididos em grupos, com
seis ou sete professores por grupo. Essa quantidade permite que os participantes
exponham suas ideias e que possam discutir os temas com profundidade (GATTI,
2005). Todas as discussões realizadas nos grupos foram gravadas e relatadas em um
diário de campo.
Além dos professores que compuseram cada grupo focal, participaram de cada grupo
um mediador e um relator. Cabia ao mediador apresentar a equipe, a proposta do
trabalho e apresentar as questões chaves. O mesmo apresentava cada questão, após ter
encerrado a discussão anterior e intervinha se acaso a discussão focasse em outro tema,
para permitir que os participantes expusessem a sua opinião e para controlar o tempo
(NETO; MOREIRA; SUCENA, 2002). Quanto ao papel do relator, o mesmo anotava
em um diário de campo, as principais informações obtidas na discussão.
Procedimento de análise de dados
A análise dos dados obtidos por meio dos grupos focais foi feita a partir de operações de
desmembramento em unidades de conteúdo e categorização das unidades (SAMPIERI
et al., 2006). Para obtenção dos relatos dos professores, as gravações foram transcritas e
também foram utilizados os dados provenientes dos diários de campo. Participaram da
análise dos dados dois juízes.
RESULTADOS
Opinião dos professores sobre o que é a relação família e escola
Em relação à opinião dos professores sobre o que é a relação família e escola, tem-se
como categorias maiores: (a) comunicação; (b) comportamentos dos professores e (c)
comportamentos dos pais.
Comunicação:
a) Trocar informações entre família e escola;
b) Saber o mínimo – nome dos pais e dos professores;
c) Conhecer quem são os pais dos alunos e como é a região onde moram;
d) Trabalhar em conjunto;
Comportamentos dos pais:
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e)
f)
g)
h)
Manter a agenda do filho;
Participar das atividades escolares não só quando é solicitado em reuniões;
Estar presente na escola;
Ter contato com os professores para analisar a aprendizagem da criança;
Comportamentos dos professores:
i) Transmitir para a família os comportamentos do aluno em sala de aula.
Importância da relação família e escola de crianças incluídas
Quanto à importância da relação família e escola para as crianças pré-escolares
incluídas, tem-se: (a) importante para o desenvolvimento da criança; (b) importante para
as práticas pedagógicas e (c) importante para trocar informações entre família e escola.
Importante para trocar informações entre família e escola:
a) Fortalecer o vínculo;
b) Saber o que o aluno tem, o que ele sabe fazer;
c) Saber se existem comportamentos diferentes da criança na escola e em casa;
d) Fornecer feedback para a escola e para a família sobre a criança incluída.
Importante para o desenvolvimento da criança:
e) Trazer benefícios para o desenvolvimento da criança incluída;
f) Proporcionar segurança para a criança se sente mais segura;
Importante para as práticas pedagógicas:
g) Auxiliar nas práticas pedagógicas do professor.
Informações que o professor precisa saber sobre as famílias
Quanto às informações que são importantes que os professores saibam sobre as famílias,
houve a emergência de quatro categorias maiores: (a) características da criança; (b)
constituição familiar; (c) práticas parentais e (d) aspectos socioeconômicos.
Características da criança:
a) Conhecer o telefone e endereço;
b) Conhecer questões de saúde/doença;
c) Receber informações para formar um perfil do aluno;
d) Saber do que a criança gosta;
e) Saber maior número possível de informações;
f) Saber se a criança tem deficiência.
Constituição familiar:
g) Conhecer a estrutura familiar;
h) Conhecer os pais;
i) Saber se a família do aluno tem algum problema.
j) Saber se os pais são casados ou divorciados;
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k) Saber se há mais que uma família;
l) Receber informações sobre a quantidade de irmãos.
Práticas parentais:
m) Entender as práticas parentais;
n) Entender os valores familiares;
o) Saber quem cuida da criança;
p) Saber se os pais se dedicam aos filhos;
Aspectos socioeconômicos:
q) Conhecer os aspectos relacionados ao trabalho dos pais.
r) Entender os aspectos sociais;
s) Saber sobre a escolaridade dos pais;
t) Saber o nível socioeconômico dos pais.
DISCUSSÃO
No que tange a relação família e escola, sabemos que a troca de informações e diálogo
entre pais e professores é essencial para o estabelecimento de uma boa relação entre as
partes. No entanto, esse diálogo precisa ser constante e com respeito mútuo entre os
envolvidos, para torna-se efetivo para o desenvolvimento da criança (CARVALHO,
2004).
Os professores também destacaram que a relação família e escola envolve a questão de
os pais terem conhecimento da escola e dos comportamentos dos alunos em sala de
aula, e que os professores conheçam os pais das crianças. Tais aspectos são importantes,
pois os professores podem apontar aos pais algumas estratégias de aprendizagem que o
filho tem e que eles não percebem no contexto escolar, assim como os pais também
podem transmitir aos professores como são os comportamentos do filho em casa e as
preferências do mesmo, a fim de auxiliar os professores nas práticas pedagógicas em
sala de aula (PANIAGUA; PALACIOS, 2007).
Outro aspecto salientado foi o fato de os professores conhecerem a escola, seu entorno e
os pais das crianças, assim como os pais também terem conhecimento da escola. De
fato, os professores precisam ter informações sobre a região externa à escola a qual
pertence, quais são os serviços oferecidos na região, assim como terem conhecimento de
quem são os cuidadores da criança, a fim de conseguirem passar informações para os
cuidadores ou mesmo de buscar ou auxiliar os cuidadores a buscarem os serviços
oferecidos na comunidade, quando houver necessidade.
A comunicação e a parceria entre o ambiente escolar e familiar que a criança participa
favorecem o seu desenvolvimento. Nesses ambientes, os indivíduos exercem influências
mutuas entre si, por exemplo, pais que possuem uma visão positiva da escola os seus
filhos se sentem mais seguros no contexto escolar e possuem expectativas boas em
relação à escola, já os pais que possuem uma percepção negativa em relação à escola
dos filhos, os filhos têm sentimentos de rejeição em relação à escola, pois por meio dos
processos, e interações que se dão no ambiente, a criança assimila modelos e o que lhe é
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transmitido (SOUSA, 1998). Deste modo, é preciso que cada ambiente que a criança
participa aceite e respeite as características do outro, para que os processos que ocorram
nesses ambientes sejam fatores que favoreçam o desenvolvimento infantil.
Os professores apontaram vários aspectos que são importantes da relação família e
escola, principalmente para trocar informações entre a família e a escola, maximizar o
desenvolvimento da criança, assim como para auxiliar nas práticas pedagógicas do
professor. Se os pais e os professores têm um relacionamento mútuo, sem condições de
especialistas e trocam informações e experiências sobre a criança, permite que os
professores auxiliem mais a família, e vice-versa (OLIVEIRA, MARINHO-ARAÚJO,
2010; STANLEY; WYNESS, 2005) e que a criança tenha benefícios em seu
desenvolvimento.
O estudo realizado por Pereira-Silva e Dessen (2007), deixou evidente que as
professoras consideravam a família como sendo a fonte principal de apoio às crianças
com síndrome de Down. Na realidade pesquisada, as professoras da rede regular
acreditavam que o trabalho da família era mais efetivo que o seu trabalho. Isso
provavelmente decorre da percepção das professoras de crianças com Síndrome de
Down, proveniente do “medo de fracassar” e, consequentemente, elas atribuem à
família a maior responsabilidade pela criança. O estudo indica que quando há uma
continuidade entre os valores e as crenças entre a família e a escola, o aprendizado se
torna efetivo, significativo e impulsiona o desenvolvimento da criança.
Os pais podem dar importantes contribuições aos professores sobre as práticas
pedagógicas, pois a família pode dar sugestões para o professor de como lidar com a
criança, tornado a prática pedagógica do professor mais efetiva. Os pais podem oferecer
à escola informações sobre os gostos, preferências e habilidades que a criança tem.
Em cada ambiente que a criança participa e frequenta (ambiente familiar e escolar) ela
desempenha um papel, esses ambientes exige ações distintas da criança. No ambiente
familiar, a criança pode ter menos deveres e responsabilidades, se comparados ao
ambiente escola; já na escola é necessário que a criança se comporte de determinada
maneira, cumpria as tarefas solicitas e siga as regras do ambiente escolar, que difere das
regras do ambiente familiar. Deste modo, o comportamento emitido pela criança difere
conforme o papel que ela possui no microssistema em que ela se encontra, pois na
escola a criança desenvolve o papel de aluno, e em casa a criança desenvolve o papel de
filho. Partindo das diferenças de papéis e comportamentos, a família pode auxiliar os
professores informando-os sobre os comportamentos da criança em casa, assim como, a
escola também pode informar e orientar os pais de acordo com os comportamentos
presenciados na escola, em sala de aula. Desta forma, será possível obter informações
substanciais que favoreçam o planejamento de atividades, adaptações, práticas
pedagógicas e as metodologias de ensino mais eficazes para esse aluno, e
consequentemente, favorecer seu desenvolvimento.
Para que a relação entre a família e a escola das crianças PAEE aconteça de forma
favorável, é necessário que o professor conheça a realidade das famílias de seus alunos.
A formação da família, o emprego dos pais, a disponibilidade de tempo, o nível de
envolvimento/comprometimento com o filho e seu desenvolvimento e os recursos que a
família dispõe são informações fundamentais para que o professor entenda o
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funcionamento e as características da família e possa assim, adequar suas exigências
escolares às demandas familiares daquela criança. Assim como indica Paniagua (2004),
é importante que o professor conheça a rotina dos pais, uma vez que algumas
solicitações podem acarretar em sobrecarga para o mesmo.
Um dos aspectos mais citados pelos professores foi a importância de receberem
informações sobre as características da criança, principalmente questões relacionadas a
comportamentos, doenças e se a criança é PAEE. Tais informações são importantes,
pois permitem que os professores compreendam alguns comportamentos da criança, e
possa trabalhar com as mesmas de maneira mais efetiva (PANIAGUA; PALACIOS,
2007). Alguns aspectos comportamentais e desenvolvimentais são presenciados com
mais frequência no ambiente familiar, pelos pais. Sendo assim, é necessário que a
família forneça essas informações para os professores, ajudando o professor na sua
prática educacional e, consequentemente, favorecendo o desenvolvimento da criança
(PALACIOS; PANIAGUA, 2007).
A forma de educação dos filhos também vem sendo modificada, pois cada vez mais a
individualidade e autonomia são valorizadas, muitas famílias não querem ser
consideradas autoritárias com seus filhos, as intervenções educativas são conflituosas e
os pais não sabem exatamente sobre os limites e os seus valores. Então, as modificações
de configurações, de formas de educação, de posicionamento dos pais em relação ao
filho chegam à escola, e os professores listam essas modificações familiares como
motivo do insucesso escolar das crianças. No entanto, é um erro, pois as novas
organizações familiares são coerentes com o contexto social, econômico e político atual
(CAETANO, 2009).
Também foi citado como importante, a escola saber sobre a dinâmica do relacionamento
com a criança, se os pais se dedicam ao filho e as práticas parentais da família. Saber
sobre práticas parentais permite que os professores trabalhem com os pais, no sentido de
que escola e família tenham os mesmos princípios e estabeleçam as mesmas regras
comportamentais em relação às crianças. Os professores podem trabalhar para promover
o desenvolvimento familiar, a fim de que os pais possam compreender quais
comportamentos são importantes para o desenvolvimento do filho com deficiência
(LOPES; MARQUEZAN, 2000).
Os professores também acham importante saber sobre a estrutura familiar do aluno, o
nível socioeconômico e de escolarização dos pais. Indiretamente essas informações
podem influenciar na relação da família com a escola, pois famílias de baixo nível
socioeconômico podem se sentir inseguras em participar das atividades escolares, o que
acaba influenciando na percepção dos professores em relação aos pais (POLONIA;
DESSEN, 2005).
Nesse caso, a troca de informação e o diálogo também se fazem necessários,
possibilitando ao professor a identificação das necessidades da família. Sem a
aproximação e o contato, torna-se difícil que essas questões sejam reconhecidas e
contempladas, ressaltando a importância de que a família e a escola estejam dispostas a
estabelecer um contato próximo, respeitoso, harmonioso e sincero (FONTAO, 2000;
SOUSA, 1998). No entanto, muitos professores, quando conhecem a realidade de
algumas famílias, passam a julgá-las e discriminá-las, sendo este, um comportamento
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negativo para a uma relação efetiva com os pais, pois respeitar e considerar essa
diversidade são atitudes fundamentais para uma aproximação sólida e funcional.
Quando se trabalha com as famílias é necessário certo cuidado, baseado praticamente no
respeito constante pela individualidade, crenças e valores das pessoas envolvidas. É
preciso estar ciente de que a família e os que coordenam o trabalho com ela devem estar
sempre em uma relação de diálogo e participação. Nesse trabalho com a família,
primeiramente deve-se observar seus modos de agir, sem julgar e sem criar ideias sobre
ela, além de se ter o cuidado para evitar pré-estabelecer um modelo de família certo ou
errado, nem ter soluções prontas para seus problemas, Posteriormente, deve-se
descrever a observação, identificando os pontos e os relatos mais relevantes, e por fim,
analisar o que significam as formas de agir e de interpretar os acontecimentos dentro
dessa família, encerrando o processo de conhecimento e compreensão dos modos de
agir e pensar de uma família (SZYMANZKI, 2011).
É possível observar quantas são as diferenças entre os sistemas familiares, pois cada
sistema tem a sua forma de funcionamento e os seus sujeitos lidam com as situações de
diversas formas, tanto positivas quanto negativas. Assim como a família, o
microssistema escola também é diverso, as relações entre os sujeitos desse ambiente são
diferentes, a relação professor-aluno, aluno-aluno é diferente em cada ambiente e varia
conforme as pessoas que compõe esse ambiente. Deste modo, é necessário que os
indivíduos presentes em cada ambiente tenham consciência da realidade e
singularidades dos outros e busquem compreendê-las e respeitá-las a fim de que possa
haver um diálogo entre os ambientes.
O diálogo entre os sistemas é de fundamental importância à medida que promove a
troca de informações e o conhecimento do outro ambiente, favorecendo a evolução do
indivíduo em desenvolvimento.
CONCLUSÕES
A partir dos resultados, sobre relação família e escola, os professores citaram que essa
relação é uma troca de informações, uma interação entre os pais e a escola, com
possibilidade de diálogo sobre os comportamentos dos filhos.
Quanto à importância da relação família e escola para as crianças pré-escolares
incluídas, os professores apontaram que essa relação é importante para o
desenvolvimento da criança, importante para as adequações de práticas pedagógicas e
para trocar informações entre família e escola. Assim, é possível obter informações
substanciais que favoreça o planejamento de atividades, adaptações, práticas
pedagógicas e as metodologias de ensino mais eficazes para esse aluno, e
consequentemente, favorecer seu desenvolvimento.
Ao analisar as respostas dos professores sobre quais são as informações importantes que
o professor deveria saber sobre a família de seus alunos PAEE, pôde-se observar que os
participantes julgavam importante todas as informações possíveis, desde a constituição
familiar, aspectos socioeconômicos e de escolarização dos pais, até assuntos
relacionados ao trabalho dos pais, à saúde da família e às mudanças que podem estar
acontecendo, como por exemplo, um divórcio. Tais informações podem favorecer o
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esclarecimento de um determinado comportamento do aluno na escola, possibilitar a
criação de estratégias pedagógicas mais eficazes, que considere o contexto onde o aluno
está inserido.
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