Ciclo do fósforo Vanessa Hatje Oceanografia Química II UFBA – 2007.1 Introdução • P é um elemento essencial – Componente funcional: RNA, DNA e ATP – Componente estrutural (fosfoproteínas e fosfolipídieos): membranas, dentes, ossos • Disponibilidade de P: limitante para a PP – PO43-: Mediterrâneo, Mar de Sargasso e corpos costeiros impactados – Aporte < retirada pelo fito – reciclagem eficiente em zonas oligotróficas – Últimas 2 décadas: limitação N P no Giro sub-tropical do Pacífico Norte – Sucessão de Prochlorococcus e Synechococcus Introdução N vs P – N pode ser fixado da atm vs P não pode ser fixado – Tempo geológico: elemento mais biolimitante: “controla” retirada de CO2 atm P controla a PP e seqüestro de C na MO Introdução Diferença entre ciclos biogeoquímicos: C, N, S e O 1) Atmosfera: pequeno papel no ciclo • Transportado por material particulado ou dissolvido na chuva 2) Reações de oxi-redução: pouca participação • Estado de oxidação V: PO43- (fosfato) 3) Apenas 1 forma isotópica: 15 prótons e 16 néutrons 4) 2 formas radioativas: 32P e 33P • Baixa meia vida, baixa atividade Ocorrência • 11° elemento mais abundante da crosta (0,1%) • 300 minerais: apatita (95%) • Formas orgânicas (e.g. ATP) ocorrem em baixa concentração • Fosforitos: maiores reservatórios (95% reservas) – Origem marinha P em rochas não está biodisponível: reações biogeoquímicas Schlesinger, 2007 Tempo de residência do P dissolvido: 15-20 k anos Fontes • Intemperismo continental rios (dissolvido + particulada) • Deposição atm: aerossóis, poeira vulcânica e mineral • Fontes antropogênicas: 2x fluxos pré-antropogênico Sumidouros • Perda para os sedimentos • Maioria na plataforma: 99% particulado + 25% dissolvido Intemperismo continental: principal fonte • P Particulado: bacia de drenagem, grau de intemperismo – 90% P – PIP: oxi-hidróxidos de Fe, Mn e apatita • 27- 49 x 1010mol/ano • Depositada na zona estuarina e costeira: indisponível para biota • oxi-hidróxidos de Al e argilas: desorver P – Fração desorvida + aporte diagenético: 2-5x – POP (20-40%) • 2,9 x 1010mol/ano • Floculado ou fotohidrolisado nos estuários > aporte fluvial dissol. Intemperismo continental: principal fonte • P Dissolvido: – DIP: 0,8-1,5 x 1010mol/ano (ortofosfato, pirofosfato, polifosfato) – DOP: 0,6 x 1010mol/ano (P-esteres, P-diesteres, etc) • Uptake biológico, fotodegradado, floculado na zona estuarina Comportamento conservativo e não-conservativo (desvios + e -) na ZME - 10-30% P é potencialmente disponível para biota - 25% do P reativo é trapeado nos estuários Intemperismo continental: principal fonte • Água subterrânea: – Potencialmente importante – Fluxos: ???? Deposição Atmosférica • 5% fonte pré-antrópica (3,2 x 1010 mol/ano) • P na poeira 0,09% crosta • POP ~ PIP: mesma proporção – PIP: óxidos Fe, associado a Ca, Mg e Al (pouco solúveis) – POP: pouco caracterizado • Fluxos variáveis tempo e espaço – Importante offshore, zonas oligotróficas ( PP) – Vulcanismo: pequena escala espacial/temporal (1% P) Fontes antropogênicas • P: limitante para agricultura – Rochas fosfatadas • Esgotos, desflorestamento, erosão solos, industria de papel – Barragens??? • Fluxo 57-100 x 1010 mol/ano – 50% a 150% > fluxo pré-antropogênico • Problemas: bloom tóxicos, anoxia, mortandade de peixes, perda diversidade eutroficação Sedimentos Marinhos: principal reservatório Poeira 3,2 x 1010 molP/ano Rio Part: 30-50 x 1010 molP/ano Dis:0,6-1,3 x 1010 molP/ano fotossíntese Antropogênico: Poeira + rio 30-50 x 1010 molP/ano pastagem remineralização Perda na costa 99% P particulado 25% P dissolvido (P não reativo) Agregação Afundamento MO Sedimentação 9-34 x 1010 molP/ano Hidrotermal 1,2-1,6 x 1010 molP/ano Paytan & McLaughlin, 2007 Sedimentos Marinhos • Origem: P particulado P-reativo • Enterramento oceano profundo: 9,3-34 x 1010 mol/ano – P reativo (MO; óxidos Fe; fracamente adsorvido, carbonato) • Previamente biodisponível P-não reativo • Origem terrígena plataforma continental Sedimentos Marinhos Fosforitos • Formação autigênica: hidrólise microbiana Porg reage Ca2+ carbonato de fluoapatita – Gênese: zonas de PP e ressurgência Costa do Peru, México e Sudoeste da África – Tempo geológico: • Períodos e locais de alta produtividade • Baixa disponibilidade de O2 sedimento-água Sedimentos Marinhos • Fases geoquímicas/especiação: condição redox – P inorgânico • óxidos: Fe/Mn adsorção e formação mineral • anóxidos: minerais de Ca – P orgânico: resíduo do fito • Anóxicas: C/P 5000: pouca capacidade de reter P • Óxicas: C/P é baixa: enterramento eficiente C/P é sempre ≥ a razão de Redfield Paytan & McLaughlin, 2007 Dinâmica nos Sedimentos Marinhos Diagênesis: Degradação MO Redução óxidos Fluorapatita/adsorção MO DIP redox Redistribuição de fases: ppt autigênica Paytan & McLaughlin, 2007 P na coluna d’água P Dissolvido org e inorg P Particulado org e inorg • P dissolvido: ortofosfato fito P orgânico zoo/detritívoros P orgânico P inorgânico - Fito - Adsorvido/ desorvido do MP Coluna d’água P dissolvido nos oceanos • P solúvel reativo (PSR): maior reservatório 87% – Fração P que reage com molibidato em solução ácida complexo fosfomolibidado – 87% DIP: HPO42- e PO43- • P solúvel não-reativo (PSN): – Fração P que não reage com molibidato – Diferença PT e o PSR: principalmente DOP (carboidratos, proteínas, lipídeos, etc...) e polifosfatos inorgânicos • Fito e bactérias autotróficas: ortofosfato (HPO42-, PO43-) • Bactérias heterotróficas: hidrólise da POD PID – Fito e bactérias qdo disponibilidade de ortofosfato PRS (nmol/L) POD (nmol/L) Segregação vertical: –Tipo nutriente –DOP Fundo: • DOP oceanos • residência • - reativos Paytan & McLaughlin, 2007 Regeneração do P • Regeneração ~ C:N:P 106:16:1 • DOM: depleção de P na coluna d’água – C/P e N/P com da profundidade: P é preferencialmente regenerado – POD é reciclado + eficientemente • DOM lábil e refratário: C:N:P diferentes • Refratário: regenera pouco nutrientes • Rico em C e pobre em nutrientes • Origem???: runoff, conversão do DOM lábil • Lábil: novo, C/N ~ POM, completamente regenerado • Origem: atividades autótrofas e heterotróficas Distribuição do Fosfato Vamos separar este fosfato em remineralizado e pré-formado? - O2 e razão estequiométrica de mineralização de matéria orgânica Sarmiento e Gruber, 2006 Termoclina das zonas de baixa latitude: P remineralizado Sarmiento e Gruber, 2006 Fosfato pré-formado: traçador conservativo de circulação de água Fosfato não é utilizado no Oceano Austral. - limitação por Fe?? Termoclina de baixa latitude: fosfato é pré-formado Sarmiento e Gruber, 2006 Salinidade 36.4 33.9 Distribuições na do termoclina oceano profundo são diferentes! são similares! - Oceano FosfatoAustral: é retirado lat pré-formado(1.8 superficiais em S e baixas fosfato mmol/m3) - Atlântico - gradiente Norte: alta S ebaixa fosfato latitude pré-formado (0.8 mmol/m3) Sarmiento e Gruber, 2006 P particulado nos oceanos • 40% POP • 25% PIP autigênico: POP remineralizado e reprecipitado (fluorapatita de cálcio) • 21% PIP Lábil • 13% P detrítico não reativo • POM tem C:N:P Redfield – Origem associada ao fito, material novo – P preferencialmente mineralizado – Hidrólise ocorre preferencialmente em águas rasas Variação espaço-temporal Distribuição • POP zona fótica: 80% • POP água de fundo: 25% Fluxos • Variação sazonal • Diminuem com a profundidade em todas as estações Controladores - processos físicos: ressurgência, circulação termohalina - Biológicos: uptake PID, produção e regeneração POD P nos sedimentos • POM: fonte principal • 1% exportado PP é enterrado nos sedimentos • 3 sumidouros: – P associado a MO – P adsorvido em óxidos – P em apatita autigênica Formas reativas POM Enterramento do P ( sink switching) CO ou óxidos Fe: lábeis P autigênico Paytan e McLauhlin, 2007 Ambientes sedimentares • Oxidantes: PO mineralizado nos sedimentos fosfato liberado: água intersticial ou adsorvido em óxidos (pode ser desorvido e liberado na coluna d’água para substituir o fosfato perdido na interface sedimento-água) • Redutores: redução dos óxidos fosfato água intersticial • Forma estável, retida no sedimento, é a apatita - Interface sedimento-água: - equilíbrio sorção-desorção - Profundidade: - P dissolvido é liberado durante redução de óxidos de Fe e regeneração microbiana Fosfato dissolvido (mol/L) P e a produção primária • P: aporte fluvial e deposição atm vs enterramento • N: aporte fluvial + fixação nitrogênio regulando razão N/P N limitante Fixadores de N Limitado por Fe P limitante escalas geológicas P limitante Razão de Redfield • N/P = 16 é uma média (8,2 - 45) • Varia em função: – – – – Status dos nutrientes Taxonomia P é adsorvido intra ou extra-celular Interações complexas Estação ALOHA/giro Pacífico sub-tropical - fixação N e controle do crescimento do plâncton por P - estratificação dos oceanos: fixação N limitação por P Referências • Paytan, A. & MacLaughlin, K (2007) The oceanic phosphorus cycle. Chem. Rev., 107, 563-576 • Butcher, S.S. et al. (1992) Global Biogeochemical cycles. Academic Press Limited, 370.p. • Schesinger, W.H. (2005) Biogeochemistry. Treatise on geochemistry. Vol. 8. Elsevier. 702p. • Sarmiento, J.L., e Gruber, N. (2006) Ocean Biogeochemical Dynamics. Princeton,503p.