LUTAS: FLEXIBILIDADE DE ATLETAS PARANAEMSES DE JIU-JITSU ANA CAROLINA GLEDEN PODEROSO RODRIGO PODEROSO Cascavel 2012 O Jiu-Jitsu tem na sua essência principal a defesa pessoal baseado na força, deslocamento, equilíbrio, centro de gravidade e flexibilidade A flexibilidade é um dos principais componentes da aptidão física. Dentro das modalidades esportivas e nas lutas, é uma das valências físicas a ser desenvolvida, pois aumenta o nível de desenvolvimento e evita lesões. Objetivo O objetivo da pesquisa foi analisar o nível de flexibilidade do quadril dos atletas de jiu-jitsu. Metodologia: A amostra foi representada por 72 atletas de Jiu-Jitsu durante um campeonato na cidade de Cascavel-PR que praticam a arte marcial ao menos 3 vezes por semana, há pelo menos 6 meses. Foi uma amostra recrutada não aleatoriamente uma vez que o objetivo do presente estudo é identificar o perfil dos praticantes.A coleta de dados foi iniciada após palestra explicativa acerca dos objetivos do estudo e as devidas orientações sobre os protocolos utilizados. A amostra foi selecionada de acordo com a idade dos praticantes, uma vez que o Jiu-Jitsu também é dividido por faixa etária e o seu peso pode mudar de acordo com a idade do praticante, por isso foram recrutados apenas homens que se classificam na categoria adulta sendo de 17 anos em diante. Após o preenchimento do questionário será realizado a medição da massa corporal e da estatura. O Banco de Wells usado na avaliação física, como um teste de flexibilidade para medir a amplitude do alongamento da parte posterior do tronco e pernas, por ser um teste confiável e reprodutível na prática da avaliação física ele é amplamente utilizado pelos profissionais. Os resultados são obtidos de acordo com a pontuação atingida na régua. Conclusão: Conclui-se que a busca do treinamento especifico caracteriza um aumento dos níveis de flexibilidades dos atletas de Jiu-Jitsu, o que foi verificado neste estudo. Palavras Chave: Flexibilidade, Jiu-Jitsu, Cascavel-PR. INTRODUÇÃO Atualmente, admiti-se que os primeiros passos do Jiu-Jitsu foram dados na Índia, por volta do ano de 2.000 A.C., através dos monges budistas pois os mesmos não possuiam armas e portando, diante disso, desenvolveram um sistema de defesa pessoal baseado em chaves, estrangulamentos, projeções, torções das articulações que deixavam os adversários fora do combate. Era um sistema que deixava de lado a força bruta, imobilizando o adversário sem provocar-lhe dano físico. Há outras denominações tais como: “Ju-Jitsu”, “Ju-Jutsu”e “Ju-Jitso”, que são usadas no ocidente, todavia a fonética mais apropriada com o ideograma em japonês é mesmo Jiu-Jitsu. A tradução da palavra literalmente quer dizer “arte suave”, mas também pode ser encontrada como “técnica de ceder” ou ” arte da flexibilidade”. Na cidade do Rio de Janeiro, Carlos Gracie encontrou um ambiente propício em prosseguir com a difusão do Jiu-Jitsu e, aplica-se com esmero e dedicação incomum no estudo de técnicas, aperfeiçoando, modernizando e criando novos golpes e novos métodos de ensino, onde sua preferência eram as chaves de braço. Em decorrência das modificações técnicas introduzidas e, usando mais da flexibilidade e agilidade, o Jiu-Jitsu toma nova feição e começa a ser conhecido mundialmente como BRAZILIAN JIU-JITSU. Na modalidade do jiu-jitsu várias são as valências físicas em que se destaca a flexibilidade. A palavra flexibilidade deriva-se do latim flectere ou flexibilis, que significa“curvar-se” ou “habilidade de ser curvado, flexível”. Na disciplina de ciências da saúde, talvez uma das definições mais simples de flexibilidade seja a amplitude de movimento disponível em uma articulação ou grupo de articulações (PIRES, 2010). Cureton (1941) foi um dos primeiros estudiosos a relacionar o nível de aptidão física com a flexibilidade e defendia que o nível de flexibilidade dos atletas sempre deveria estar acima da média da população não atleta. Segundo Araújo (2008) a flexibilidade corporal é uma das principais variáveis da aptidão física relacionada à saúde e aodesempenho físico. Pode ser definida como a amplitude máxima passiva fisiológica de um dado movimento articular. A flexibilidade varia em função da idade, do gênero e do padrão de exercício físico regular. A flexibilidade não se caracteriza de modo uniforme nas várias articulações e nos movimentos corporais, sendo normal, em um indivíduo, que sua amplitude máxima seja qualificada como boa para determinados movimentos e limitada para outros, representando o que se convencionou denominar especificidade da flexibilidade (ARAÚJO, 2008). A flexibilidade é a qualidade física responsável pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos, sem o risco de provocar lesões. A flexibilidade é certamente a qualidade física utilizada pelo maior número de desportistas(DANTAS, 2003; PLATONOV; BULATOVA, 2003; PITANGA, 2004). No jiu-jitsu a flexibilidade é bastante solicitada em diversas articulações, dependendo do posicionamento de luta em que os atletas se encontram de movimento normal (DANTAS, 2003; HALL, 2000). Para Zito apud Achour Júnior (1997) é na amplitude final do movimento que geralmente ocorrem as lesões. A utilização da flexibilidade como profilaxia para a diminuição de riscos de lesões, decorrentes da execução de movimentos que exigem amplitude máxima de uma articulação, ainda são pouco investigados. Alguns pesquisadores são a favor da utilização da flexibilidade na prevenção de lesões por acharem necessária a inclusão desta qualidade física em todos os períodos de treinamento de um atleta, independente da sua modalidade esportiva (DANTAS, 2003; FARINATTI, 2000; PLATONOV; BULATOVA, 2003). É importante destacar que a flexibilidade embora não seja uma qualidade física de importância prioritária na performance, se comparada com a força, a velocidade ou a resistência, ela está presente em quase todos os desportos (Dantas, 1999). Castro (2001) sugere a prática constante de exercícios de flexionamento, procurando dar ênfase nos grupos musculares mais solicitados durante a prática de alguma modalidade, respeitando o princípio da especificidade. Os exercícios, para manter ou aumentar a flexibilidade, seriam aplicados para prever encurtamentos e possíveis contraturas para otimização da performance muscular. Para Farinatti (2000) as lesões decorrem de fatores múltiplos e não somente pela influência de uma má flexibilidade. Segundo Pires (2010) a flexibilidade é indiscutível para qualquer atividade realizada em nosso cotidiano. Com o aumento da flexibilidade, os exercícios podem ser realizados com maior influência, de modo eficaz e harmonia em expressá-los. A flexibilidade é de extrema importância pra o desempenho da luta, em que a mesma, nos quadris e nas pernas, permite ao lutador baixar o centro de gravidade para uma posição defensiva. A importância da flexibilidade é aumentar a qualidade e a quantidade dos movimentos, melhorar a postura corporal, diminuir os riscos de lesões e favorecer a maior mobilidade nas atividades diárias e esportivas. A flexibilidade como valência física é um componente essencial para aptidão física e é considerada como importante componente relacionada a saúde (GUEDES, 1998) e do desempenho atlético (WEINECK, 1999). Dantas (2008) descreve alguns fatores que influenciam o nível da flexibilidade, estando divididos em fatores intrínsecos: idade, sexo, somatotipo, tonicidade muscular, condicionamento físico e concentração e em fatores extrínsecos: hora do dia, aquecimento e ambiente. Os exercícios de flexibilidade de alta intensidade só devem ser aplicados após um bom aquecimento, que deverá incluir exercícios de flexibilidade de baixa intensidade. MATERIAIS E MÉTODOS A amostra é composta por 72 atletas de Jiu-Jitsu durante um campeonato na cidade de CascavelPR que praticam a arte marcial pelo menos 3 vezes por semana, há pelo menos 6 meses. A escolha da amostra foi feita não aleatoriamente, uma vez que o objetivo do presente estudo é identificar o perfil dos praticantes. A coleta de dados foi iniciada após palestra explicativa acerca dos objetivos do estudo e as devidas orientações sobre os protocolos utilizados. A amostra foi selecionada de acordo com a idade dos praticantes, uma vez que o Jiu-Jitsu também é dividido por faixa etária e o seu peso pode mudar de acordo com a idade do praticante, por isso foram recrutados apenas homens que se classificam na categoria adulta sendo de 17 anos em diante. Após o preenchimento do questionário foi mensurado a massa corporal, obtida por meio de uma balança antropométrica digital, da marca Filizola, graduada de 0 a 150 kg com precisão de 0,1 kg e a estatura foi determinada em um estadiômetro portátil, fixado à parede, da marca Seca, graduado de 0 a 220 cm, com escala de precisão de 0,1 cm. A partir dessas medidas calculou-se o índice de massa corpórea (IMC) por meio do quociente da massa corporal/ (estatura)2, sendo a massa corporal expressa em quilogramas (kg) e a estatura em metros (m). O Banco de Wells usado na avaliação física, como um teste de flexibilidade para medir a amplitude do alongamento da parte posterior do tronco e pernas, por ser um teste confiável e reprodutível na prática da avaliação física é amplamente utilizado pelos profissionais. Possibilita prevenir e estabelecer um tratamento precoce e adequado. A maneira correta de realizar o teste é colocar o indivíduo sentado de frente para o banco, colocando os pés no apoio com os joelhos estendidos, erguer o braço e sobrepor uma mão a outra e levaras duas para a frente até que toquem a régua do banco. Os resultados são obtidos de acordo com a pontuação atingida na régua. RESULTADOS E DISCUSSÃO Iremos demonstrar as variáveis de composição corporal dos atletas através de índice de massa corpórea (IMC) por meio do quociente da massa corporal/ (estatura)2 mínimo, máximo, média e desvio padrão de idade, peso, estatura e IMC. TABELA 1 – VARIÁVEIS DA COMPOSIÇÃO CORPORAL VARIÁVEIS DA COMPOSIÇÃO CORPORAL MÉDIA DP Mínimo Máximo (n=72) IDADE (Anos) 24,55 ± 5,82 17 43 PESO (Kg) 76,15 ± 12,44 54 115 ESTATURA (m) 1,76 ± 0,07 1,61 1,92 IMC 24,58 ± 2,94 19,4 32,8 Fonte: Sistematizado pelos autores (2011) IMC- índice de massa corporal; DPdesvio padrão. A massa corporal foi obtida por meio de uma balança antropométrica digital, da marca Filizola, graduada de 0 a 150 kg, com precisão de 0,1 kg, e a estatura foram determinadas em um estadiômetro portátil, fixado à parede, da marca Seca, graduado de 0 a 220 cm, com escala de precisão de 0,1 cm, de acordo com os procedimentos descritos por Gordon, Chumlea e Roche (1988). A partir dessas medidas calculou-se o índice de massa corpórea (IMC) por meio do quociente massa corporal/(estatura)2, sendo a massa corporal expressa em quilogramas (kg) e a estatura em metros (m) (GUEDES; GUEDES, 2003). Foram avaliados 72 atletas de Jiu-jitsu com a idade de 17 a 43 anos com um intervalo muito grande entre a idade mínima e a máxima, fazendo com que ocorresse uma diferença na composição corporal dos praticantes. O peso mínimo foi de 54 kg e o máximo foi de 115 kg fazendo com que o desvio padrão ficasse muito alto devido à diferença brusca entre os pesos mínimos e máximos mesmo deixando o peso com uma média de 76,15 kg. A estatura foi outra variável pesquisada na pesquisa. A média foi de 1,76 metros, sendo que o menor praticante mede 1,61 metros e o maior, 1,92 metros, perfazendo uma diferença de 31 cm o que é um diferencial em algumas lutas. A média do IMC dos atletas ficou enquadrada em normal de acordo com a OMS, mas o máximo ficou enquadrado como obesidade 1 sendo que o risco para a saúde seria classificado em moderadamente aumentando. TABELA 2 – RESULTADO DO NÍVEL DE FLEXIBILIDADE DOS PRATICANTES DE JIU-JITSU. CLASSIFICAÇÃO FRACO REGULAR VALORES Até RESULTADOS 25 07 26 – 30 % 9,72 08 11,11 MÉDIO 31 – 34 10 13,88 BOM 35 – 38 07 EXCELENTE + 40 40 TOTAL 72 9,73 55,56 100 (Canadian Standardized Teste of Fitness, CSTF, 1985) Na tabela acima elaborada por Canadian Standardized Teste of Fitness (CSTF), vimos que 55,56% dos atletas obtiveram uma excelente classificação no nível de flexibilidade, vimos que a maioria dos atletas se encontra num nível excelente; 9,72% está na zona de nível fraco; 11,11% no nível regular; 13,88% no nível médio e 9,73% está com um nível bom. Pertence (2009) concluiu no seu trabalho que os atletas de Jiu-Jitsu tem que ter o nível de flexibilidade acima da média, em comparação com uma população não atleta, para evitar lesões. Souza et al. (2005) mostrou em seu estudo a correlação entre tempo de prática e a flexibilidade, sugerindo que a flexibilidade aumenta com o com a influencia do treinamento. CONCLUSÃO: Através do presente estudo foi possível concluir que os praticantes de Jiu-Jitsu tem um nível de flexibilidade acima da média em análise com a tabela Canadian Standardized Teste of Fitness (CSTF). A classificação dos atletas foi excelente porque o teste foi realizado sem um prévio aquecimento e, de acordo com Dantas (2008), um dos fatores que influencia o aumento de flexibilidade é um aquecimento adequado. A flexibilidade dentro do Jiu - Jitsu é de suma importância. Para utilizar técnicas de ataque ou defesa ( dependendo da sua posição) necessita de um alto grau de flexibilidade. Nesta pesquisa podese verificar que a maioria dos atletas possuem um excelente nível de flexibilidade, já que a amostra foi composta com atletas que praticam a arte marcial há mais de 6 meses, fator que pode ter contribuído com o excelente resultado. A importância do treino de alongamento para melhorar a flexibilidade serve para aumentar o desempenho esportivo e evitar lesão, destacando-se que deve ser usado para melhorar o cotidiano da vida funcional. Quando o atleta desiste de participar de eventos de competição, ele deve continuar o treino de flexibilidade para uma melhor qualidade de vida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACHOUR JÚNIOR, A. Estabilidade Músculo - Articular. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde - V.2, N.5, p.76-83, 1997. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Manual do ACSM para avaliação e aptidão física relacionada à saúde. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. ARAÚJO,G.C. Avaliação da flexibilidade: valores normativos do flexiteste dos 5 aos 91 anos de idade, Arq. Bras. Cardiol. vol.90 nº.4, São Paulo Apr. 2008 http://dx.doi.org/10.1590/S0066782X2008000400008. CASTRO, R. Treinamento da flexibilidade: Uma abordagem Metodológica. Revista de Educação . Física.v. 2; nº3 2001 CURETON, K. 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