GESTÃO PÚBLICA RELACIONAL. Antecedentes e contexto O presente curso de capacitação está inserido no sistema intermunicipal de capacitação em planejamento e gestão local participativa a partir da experiência da cidade de Córdoba no que se refere à modernização da administração e ao impacto dos orçamentos participativos. Sete anos depois do início dessa experiência, a cidade de Córdoba está inserida em um projeto de modernização sobre o qual os orçamentos participativos incidiram de forma muito positiva. Isso ocorre porque a experiência sempre nos demonstra quais são os problemas e os desafios a serem superados para poder avançar. Nesse sentido, a implementação dos orçamentos participativos evidenciou vários desafios e mostrou um horizonte que queremos ver compartilhado por aqueles que estiverem interessados. Pela experiência acumulada, vemos que na cidade de Córdoba a modernização da administração, fruto da implementação dos orçamentos participativos, está focalizada na possibilidade de criar um sistema de comunicação integral entre os atores da participação popular. O processo participativo leva a uma maior coordenação entre as pessoas que trabalham na própria Administração, mas também entre estes e os de fora, assim como entre os atores organizados. A inter-relação entre todos eles é o que possibilita o incremento da eficiência e da coordenação pública. Nesse sentido, os orçamentos participativos são desafios, pois implicam mudanças parciais nos modos de gestão. A administração pública torna-se muito difícil quando não são gerados órgãos de coordenação dentro das esferas de Administração. Por muitos anos a experiência de Córdoba foi consciente desse desafio, por isso este Curso de capacitação está precisamente dirigido a abordar essa questão central. 1. Objetivos do curso. Dar continuidade ao impulso que a Prefeitura de Córdoba deu a essas novas formas de gestão significa envolver mais agentes da cidade e proporcionar a esses agentes as ferramentas adequadas para tornar possível essa gestão. Nesse sentido, a Prefeitura propõe um programa de capacitação com dois objetivos: 1. Em primeiro lugar, refletir em conjunto sobre a participação popular e as possibilidades da gestão pública municipal abrir o contato e o relacionamento com a população. 2. Em segundo lugar, refletir a respeito das práticas participativas e das ferramentas concretas de participação que facilitem uma gestão pública aberta à participação, alinhada com o objetivo de alcançar uma gestão relacional. A dificuldade para poder transmitir uma experiência realizada durante anos nos apresentava uma empreitada e um desafio importante. Nesse sentido, o curso não orienta a ensinar a partir de uma dimensão normativa ou como se deve realizar uma gestão relacional, passando a experiência vivida a outros municípios; mas sim, pretende fazer um convite aos participantes do curso para que reflitam diretamente como poderia ser praticada uma gestão relacional no caso concreto da administração do seu município. Pensamos que a realidade de cada município e de cada administração é muito particular e reflete variáveis muito particulares. Além disso, durante os anos em que o orçamento participativo funcionou, pudemos constatar um fato paradigmático: a necessidade que a prefeitura de Córdoba sentiu em promover políticas de organização (gestão relacional) que facilitaram a instalação dos orçamentos participativos teve mais a ver com a prática do que com a fundamentação teórica da sua necessidade, a qual existia há um tempo. 2. Resultados pedagógicos esperados. O curso de capacitação oferece uma aprendizagem na ação, o qual inclui tanto a discussão de conceitos já elaborados por autores, quanto a geração de um conhecimento compartilhado a respeito da gestão pública relacional. Dessa forma, espera-se conseguir que os participantes possam analisar a gestão pública do ponto de vista relacional, para o qual serão fornecidas as ferramentas necessárias, tanto teóricas quanto práticas. Dessa forma, o curso inclui a realização de um levantamento participativo sobre a gestão pública relacional, realizado em conjunto por todos os presentes e uma programação futura para melhorar a política pública a partir da gestão relacional. Espera-se que ao finalizar o curso cada um dos presentes tenha adquirido uma visão ampla das políticas públicas, maior conhecimento da realidade na qual se desenvolvem, considerando a pluralidade de atores existentes, assim como uma visão crítica das práticas realizadas no próprio município. 3. Duração do curso. O curso tem duração de 18 horas. Serão ditados seis pequenos módulos de trabalho. Quatro com duração de duas horas cada e dois com quatro horas de duração cada. Os seis módulos do curso podem ser ministrados de forma autônoma. Isso permite ter uma grande flexibilidade na sua aplicação. Pode ser feito em sequência, de uma vez, para o qual é necessário disponibilizar quatro dias, ou também pode ser feito em encontros descontínuos durante várias semanas. 4. Carga de trabalho. A organização do curso está pensada de tal forma que todas as atividades possam ser realizadas nas próprias aulas, sem a necessidade de realizar tarefas extraclasse. Além disso, o desenvolvimento do curso se dá de forma muito dinâmica, baseado na análise das práticas dentro do próprio município mediante metodologias participativas, o qual confere ao curso um alto nível de atenção por parte dos participantes e pouca carga de trabalho fora do mesmo. Cabe dizer que o curso propõe o trabalho ao redor de conceitos importantes, sobre os quais são facilitados alguns textos. É aconselhável realizar as leituras ao iniciar o curso, cada interessado poderá extrair delas um bom material para reflexão. 5. Trabalho pessoal de conclusão do curso. A principal tarefa do curso refere-se às relações entre os diferentes atores do município e a análise de um caso concreto sobre o qual possa ser aplicado tudo o que se aprendeu a respeito da gestão pública relacional. Desse modo, o desenvolvimento do curso inclui um trabalho em grupo muito importante, pois esse trabalho será o eixo do seu desenvolvimento. O resultado final do curso será, justamente, o resultado final do trabalho em grupo. Independente disso, cada aluno do curso terá que realizar uma reflexão geral sobre a gestão pública relacional, orientada para a melhora da gestão concreta de um serviço público, de uma ação pública ou de um processo cidadão que faça parte do seu município, no qual possa pôr em prática o que foi aprendido e possa desenvolver uma forma de melhorar a gestão pública, do ponto de vista adquirido no curso de capacitação. 6. Certificação. Os participantes poderão receber um certificado pelo curso; para isso, devem ser aprovados na avaliação que consta de três etapas: a) Participação ativa durante as sessões e trabalhos (40%) b) Presença de 80% nas aulas do curso, exceto nos casos em que seja apresentada justificação adequada (40%) c) Trabalho de conclusão do curso (20%). Será considerado aprovado de forma adequada àquele que obtiver 70% na combinação dos três critérios. As pessoas que não atingirem essa pontuação não receberão o certificado, mas têm a possibilidade de realizar o curso pela segunda vez. 7. Atividades pedagógicas de cada encontro. Este curso foi elaborado a partir da experiência acumulada pela cidade de Córdoba durante os processos participativos e, concretamente, no desenvolvimento do orçamento participativo. A aplicação do orçamento participativo gera um impacto considerável sobre a organização administrativa, mas o impacto que produz nos diferentes atores sociais do município não é menor. Há vários anos ouvimos falar sobre a modernização administrativa e sobre a urgente necessidade das administrações de recorrer a novas formas de organização. As mudanças sociais colocaram a administração em um novo patamar no qual devem desempenhar novas habilidades para se relacionar com a população, plural e heterogênea. A maioria das assessorias internacionais sobre gestão pública coincide nesse aspecto, repetido em recomendações e trabalhos acadêmicos, promovido pelos órgãos internacionais de desenvolvimento e com o respaldo da maioria dos órgãos nacionais. O objetivo é melhorar a administração e aumentar o seu contato com a sociedade. Existem várias ferramentas elaboradas para alcançar esse objetivo, assim como existem vários cursos a respeito. No entanto, a união e a melhora das relações entre a administração e a sociedade continuam sendo um desafio. Esse desafio demonstra a dificuldade que existe para levar à prática uma ideia que não é mais nova. Nesse sentido, o curso facilita a inclusão dos participantes na realidade do município a fim de pensar na gestão pública relacional dentro desse contexto. Tudo isso nos levou a pensar que a forma mais adequada de articular os conteúdos seria mediante uma metodologia ágil e concreta, que permitisse vincular a capacitação aos problemas realmente comprovados e vivenciados pelos participantes. Dessa forma seria possível destacar a reflexão prática de conceitos normativos dentro de um cenário concreto dirigido à implementação dos elementos que seriam necessários para levar à prática uma gestão relacional. Nas palavras de Paulo Freire, “uma pessoa aprende fazendo”, uma pessoa aprende na prática e não existe uma forma melhor para refletir sobre a importância da gestão pública do que a analisando no próprio município. Da mesma forma como aconteceu na cidade de Córdoba, a prática real dos orçamentos participativos deu um impulso muito maior à modernização da administração do que outros vários relatórios ou trabalhos anteriores realizados com essa finalidade. A partir da prática temos que resolver problemas que impedem a continuidade da experiência, o qual nos leva a adotar ferramentas ou a elaborar propostas que o tornem possível. Por tais razões, o curso apresenta uma forma de compreender a gestão pública relacional e a importância de organizar procedimentos de interação entre os diferentes atores do município a partir da análise da própria realidade relacional do município. O curso está dividido em pequenas partes autônomas, cada uma das quais pode ser entendida separadamente. No entanto, todas juntas projetam a imagem global das características relacionais da gestão dentro de um município, o qual permite fazer uma reflexão prática sobre aquilo que está sendo feito e o que é realizado dentro desse contexto. Cada uma das partes tem uma introdução teórica que lhe dá sustentação e está baseada na importância da modernização administrativa e, dentro dela, da gestão relacional. Para desenvolver essa reflexão prática da realidade são empregadas metodologias participativas. Com essas metodologias, espera-se que todos os participantes possam envolver-se com as diferentes questões apresentadas, além de envolver-se nos exercícios práticos centrais do curso. A maioria dos encontros é apresentada dessa forma, a partir da participação dos atores e da interação entre todos eles para analisar a realidade do município do ponto de vista da gestão pública relacional, para depois pensar de forma conjunta como melhorar um caso concreto de política pública. 8 – Descrição de cada aula. Excluído: ¶ O curso de capacitação foi dividido em quatro partes, assim descrito: Excluído: ¶ Primeira parte. 1. A participação popular e a gestão pública relacional: o que entendemos por participar? A primeira parte começa com uma reflexão conceitual a respeito da gestão relacional, dando destaque à importância que tem as relações entre os diferentes atores para pensar e desenvolver a gestão pública. Tal conceitualização pretende estabelecer as bases gerais do módulo para contextualizar todo o debate a respeito da gestão pública relacional do ponto de vista do município. Para dar início e alcançar esses objetivos, a primeira parte do curso começará com um debate em conjunto a respeito do conceito de participação e sobre o que podemos esperar dessa ação. Como o material a esse respeito é muito vasto, acreditamos ser necessário gerar um cenário no qual se estabeleça uma definição compartilha do que é a Participação. Segunda parte. 2. A comunicação e a relação entre os atores dentro do município: o que é a comunicação e de que forma melhorar a ação comunicativa entre os diferentes agentes que atuam no município. Uma vez abordado o conteúdo geral do curso (a gestão relacional) e a importância da participação dentro da gestão, o curso introduz uma análise a respeito das relações de comunicação existentes entre os diferentes atores. Quando falamos sobre gestão relacional, temos que pensar de que forma podemos torná-la visível, concreta. Nesse sentido, consideramos que a relação de comunicação entre os diferentes atores nos permite dar à gestão pública relacional um material muito simples e concreto para conceitualizar essa Formatado: Espaço Antes: 12 pt, Depois de: 6 pt Formatado: Espaço Antes: 6 pt, Depois de: 12 pt Excluído: ¶ Formatado: Recuo: Primeira linha: 1,25 cm, Espaço Antes: 6 pt, Depois de: 6 pt, Espaçamento entre linhas: 1,5 linha gestão e para poder projetá-la às práticas cotidianas dentro do município. Vista a importância da comunicação e de que forma nos permite materializar a gestão pública relacional, o submódulo passará a focar a reflexão conjunta a respeito das condições comunicativas no município entre os diferentes atores. Terceira parte. 3. O conhecimento do contexto imediato. 4. A coordenação das políticas públicas. 5. O envolvimento popular. A terceira parte tem por objetivo analisar as políticas públicas do ponto de vista de uma gestão relacional. Nesta parte serão desenvolvidos três submódulos e será realizada uma tarefa prática de conclusão: o envolvimento popular; o conhecimento do contexto imediato; e a coordenação das políticas públicas. Cada um dos tópicos reflete um problema crucial das sociedades contemporâneas que exigem uma resposta imediata por parte da administração. A gestão pública vai depender da forma como a administração se manifeste e de como o problema seja diagnosticado. O objetivo dessa terceira parte é conscientizar os participantes da importância dos detalhes ao pensar a gestão pública, assim como mostrar os grandes desafios que administração enfrenta e o desenvolvimento dos municípios em geral. Quarta parte. 6. Aplicação prática do curso a um caso concreto do município exemplo, Córdoba: A sustentabilidade dos orçamentos participativos e a participação em geral. A quarta parte do curso visa fazer uma projeção de todo o trabalho anterior sobre um caso concreto do município. O objetivo é permitir a aplicação do conhecimento gerado precisamente para refletir a respeito de uma experiência concreta e melhorá-la a partir da perspectiva da gestão pública relacional. No curso de Córdoba, esta segunda parte foi realizada com relação aos orçamentos participativos. No entanto, a aplicação do curso em outros municípios pode ser adaptada a um processo participativo que esteja sendo desenvolvido e que se queira melhorar, ou pode ser focado no desenvolvimento de uma política pública concreta. Para tal, será levado em consideração as relações entre os atores e a comunicação, a coordenação das políticas públicas e que tipo de envolvimento popular se quer, ou seja, todo o material gerado no curso até aquele momento. Com esta quarta parte, o curso adquire uma projeção pragmática orientada para a resolução de problemas práticos gerando um espaço de reflexão. Nesse sentido, o curso consegue avançar e estimular os participantes a refletir em termos práticos, procurando melhorar as ações que estão sendo desenvolvidas. ESQUEMA GERAL DA CAPACITAÇÃO EM CÓRDOBA 1º - O QUE É A PARTICIPAÇÃO 2º - A COMUNICAÇÃO E A RELAÇÃO ENTRE OS ATORES 5º - O ENVOLVIMENTO POPULAR 3º - O CONHECIMENTO DO CONTEXTO IMEDIATO. 4º - A COORDENAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS. 6º - APLICAÇÃO PRÁTICA A UM CASO DO MUNICÍPIO: MELHORAR A GESTÃO RELACIONAL 9. Leituras prévias às aulas. Ao iniciar o curso é aconselhável realizar algumas leituras que vão ajudar a entender os conceitos que serão desenvolvidos. As leituras são uma síntese dos textos que serão disponibilizados durante a capacitação. Alguacil, Julio (2005) Los desafíos del nuevo poder local: la participación como estrategia relacional en el gobierno local. Revista Polis, nº12. Blanco, I y Gomá, R (2003) Gobiernos locales y redes participativas, Revista CLAD Reforma y Democracia nº 26, Caracas. Carmona, Moisés (2003), Construyendo desarrollo comunitario desde los servicios públicos. Sem publicar. Falcão Martins, H (1997), Administración pública gerencial y burocracia. La persistencia de la dicotomía entre política y administración. Revista CLAD Reforma y Democracia, nº 9 1997, Caracas Freire, P (1973), Extensión o comunicación, México: Siglo XXI. Font, Joan (2001), Ciudadanos y decisiones públicas, Barcelona: Ariel. Esperanza González R. (2001), Manual sobre participación y organización para la Gestión Local. Kaplun, M (1998), Una pedagogía de la comunicación, Madrid: Ediciones de la Torre,. OCDE (2001), Citizens as partners, ed. OCDE. Rota, J (1996), Comunicación, gobierno y ciudadanía, Revista CLAD Reforma y Democracia, nº5, Caracas. Subirats, Joan (2005), Democracia, participación y transformación social, Revista Polis, nº11.