Cliente: Veículo: Data: Cidade: c Coluna: Marca: O R E S T E S Q U É R C IA F O L H A D E S .P A U L O 26/12/07 26/12/07 SÃO PAULO B R A S IL O R E S T E S Q U É R C IA SP Pág: A-04 31 Todos os conselheiros do TCE paulista empregam parentes Para os sete titulares, contratação de familiares sem concurso público não é ilegal O vice Eduardo Bittencourt nomeou seus 5 filhos para ^ trabalhar no gabinete; um deles ganha R$ 12 mil para ler cabecalhos de cartas — LILIAN C H R IS TO F O LE T T I D A R E PO RTA G EM LOCAL Os sete conselheiros do Tri^ bunal de Contas do Estado de _ São Paulo (TCE-SP), órgão criado para fiscalizar os gastos do Executivo, empregam filhos, _ irmãos e noras em cargos de confiança. A maioria dos paz-' rentes, mesmo sem concurso público, recebe por mês cerca ^ de R$ 12 mil líquidos. Os conselheiros, que têm car gos vitalícios e ganham pelo ^ menos R$ 21 mil líquidos por ^ mês, entendem que a prática não é ilegal (leia texto abaixo). O campeão na contratação de parentes é o vice-presidente do TCE, Eduardo Bittencourt Carvalho, indicado ao cargo há quase 17 anos, durante o governo ftaulieta de Luis Antonio -TFIêury Filho (PMDB): Bittencourt nomeou os cinco p-filhos para o gabinete dele. Se gundo a reportagem apurou, no ~antanto, nenhum deles compaj=rece ao tribunal. _ E o caso de Carolina Bitten c o u rt Roman, 33, bacharel em -^direito (sem a carteira da OAB). Nomeada há nove anos como ^issessora técnica de gabinete, ^ fo m um salário mensal de rt$ 12 mil líquidos, ela seria a rar eventual improbidade ad ministrativa (má gestão públi ca) praticada por Bittencourt nas nomeações. responsável pela leitura de ca beçalhos de correspondências e documentos enviados ao pai. Funcionários do TCE afir mam desconhecer Carolina e os irmãos. No mês passado, o próprio chefe-de-gabinete do conselheiro, Marcos Renato Bõttcher, disse à F o lh a não sa ber se os cinco efetivamente trabalham no tribunal. A Promotoria da Cidadania do Estado de São Paulo instau rou uma investigação para apu N e p o tis m o Os demais conselheiros di zem ser contrários ao nepotis mo, no sentido de favorecer ile galmente um familiar. Para jus tificar a situação, dão respostas parecidas: suas nomeações são exceções e os beneficiados, tra balhadores e competentes. Divulgação Prédío do Tribunal de Contas do Estado de São Pauio, na capitai PMDB NOMEOU SEIS DOS SETE WCONSELHEIROS DO TCE DE SÃO PAULO CARGOS: As nomeações ocorreram durante os governos do partido no Estado. O conselheiro mais antigo, Antonio Roque Citadini, chegou por escolha de Orestes Quércia (1987-90). Em se guida, foi a vez de Eduardo Bittencourt Carvalho, indicado pela Assembleia, mas com o aval de Luiz Antonio Fleury Fi lho (1991-94). Outros quatro foram indicados por Fleury ou ganharam a vaga graças a articulações do ex-govemador. O conselheiro Fúlvio Julião Biazzi nomeou dois filhos, Fá bio, 37, e Cláudio, 34, que se “formaram advogados com ex celência”. Com salário mensal de R$ 12 mil líquidos cada um, eles trabalham no tribunal. Cláudio Ferraz de Alvarenga e Renato Martins Costa contra taram as respectivas noras ad vogadas, Helga Araruna Ferraz de Alvarenga e Andrea Martins Costa. “Elas são extremamente competentes e indispensáveis”, afirmam os conselheiros. A nora de Costa, “infelizmen te”, recebeu uma proposta de trabalho e pediu demissão. A exoneração de Andrea foi pu blicada no “Diário Oficial” no final do mês de novembro. 0 conselheiro Robson Riedel Marinho levou a irmã psicólo ga, Ione Eneida Marinho, para ajudar na creche do tribunal, após solicitação feita pelas pró prias mães, afirma ele. Edgard Camargo Rodrigues contratou o filho, Lucas, 29, que já havia trabalhado em es critórios de advocacia. O presidente do órgão. Antonio Roque Citadini, é o único que tem um parente que pas sou por concurso público. 0 irmão de Citadini foi apro vado como investigador da Po lícia Civil e, posteriormente, transferido para o gabinete de le no TCE. O conselheiro é indicado pa ra o cargo pelo governador em exercício ou pelos deputados da Assembleia Legislativa. NEPOTISMO NO TCE - SP Os sete conselheiros do TCE de São Paulo têm parentes empregados no órgão 2 OS CONSELHEIROS Eduardo Bittencourt Carvalho (vice-presidente) - R$21 mil > - Fúlvio Julião Biazzi- é a média salarial líquida de um conselheiro Renato Martins Costa _ R$12 mil • • t • w I I 4 filhas e um filho Edgard Camargo Rodrigues (corregedor) I Jt • «VII! III é a média salarial líquida dos parentes Robson Riedel Marinho V r —r— — s\— i 'A' 'i' / 'i' OS CONTRATADOS * Foi exonerada a pedido no final de novembro Cláudio Ferraz de Alvarenga Antonio Roque Citadini (presidente) 2 filhos Uma nora Uma nora - I Uma irmã Um irmão Um filho * * Único que passou por concurso, para a Polícia Civil; foi transferido para o TCE-SP a pedido de Citadini Contratação está prevista na lei, afirma vice outro lado DA R EPO RT A G EM LO CAL 0 vice-presidente do TCE de São Paulo, Eduardo Bitten court Carvalho, afirma que os filhos Cláudia, Carolina, 33, Carlos Eduardo, 31, Camila, 27, e Cassiana, 25, foram contrata dos por livre provimento, o que é previsto em lei. “Os servidores, cujos nomes estão mencionados, prestam serviços que lhes são atribuí dos, consoante organização e economia ‘interna corporis’ do gabinete do conselheiro”, in formou Bittencourt por meio de e-mail enviado à Folha. 0 vice-presidente diz que o genro Adriano Mantesso tam bém chegou a ser nomeado, mas foi exonerado “há tempo” do quadro de pessoal. Para Fúlvio Julião Biazzi, não há privilégio na contrata ção dos filhos Fábio, 37, e Cláu dio, 34, que trabalham no TCE há 12 e há quatro anos, respec tivamente. “Eles se formaram advogados com brilhantismo. Sei que são competentes pela qualidade dos serviços, pela ex celência da faculdade prestada, pelas boas notas. Empregar pa rente preparado e trabalhador é uma coisa. Empregar quem não trabalha é imoral”, diz. Cláudio Ferraz de Alvarenga afirma que a nora Helga Araru na Ferraz de Alvarenga entrou no tribunal quando ainda era solteira. “Ela é altamente capa citada. Tem pós-graduação, é mas confiança de que a pessoa professora e chefe de departa vai cumprir o trabalho corretamento jurídico da FMU e exer mente e com competência. Sei ce funções condizentes.” que sou suspeito para falar, O conselheiro Renato Mar mas pode perguntar aqui no tins Costa, que nomeou a nora TCE. Vão dizer o mesmo.” Andrea Martins Costa, diz que Robson Riedel Marinho afir ela é muito competente. ma que sua irmã, Ione Eneida “Eu precisava de alguém leal Marinho, 45, cumpre corretae com bom conhecimento jurí mente a jornada de trabalho. dico. Infelizmente, a minha no “Ele entrou há três anos por ra recebeu uma proposta para que as mães queriam uma psi trabalhar em um escritório e cóloga para a creche, e não saiu. Acho que não pode haver existe cargo concursado para discriminação pelo fato de a isso. O trabalho dela é muito pessoa ser parente.” importante.” Edgard Camargo Rodrigues O presidente Antonio Roque diz que seu filho, Lucas, 29, tra Citadini não foi localizado pela balha há cerca de dois anos no F o lh a Na semana passada ele TCE. Antes, afirma, passou por estava em luto pela morte da um grande escritório de advo mulher. 0 irmão do conselhei cacia. “E uma questão de con ro é o único que passou por fiança, não confiança pessoal, concurso público.