INSTITUTO DE CIÊNCIA DA SAÚDE DE PÓS-GRADUAÇÃO FUNORTE/SOEBRÁS LUCIANA MARTINS DOS SANTOS COMPLICAÇÕES E ACIDENTES DURANTE A TERAPIA ENDODÔNTICA Poços de Caldas, 2014 LUCIANA MARTINS DOS SANTOS COMPLICAÇÕES E ACIDENTES DURANTE A TERAPIA ENDODÔNTICA Monografia apresentada ao Programa de Especialização em CEPPTO/SOEBRAS, Endodontia como parte do dos requisitos para obtenção do título de especialista. Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Casasanta França Co-orientador: Prof. Dr. Ld. Marcelo dos Santos Co- Orientador: Prof. Esp. Pedro Augusto Rodrigues Costa Poços de Caldas, 2014 Aprovado em: ___/____/______. BANCA EXAMINADORA ____________________ Prof. _______________________________ Prof. Dr ________________________________________ Orientador: professor Dr. Rodrigo Casasanta França Poços de Caldas, 2014 DEDICATÓRIA Ao meu esposo, Cleber, que sempre me apoiou, e por ter me dado o maior presente da minha vida, meu filho, Lucas e, principalmente, dando o carinho necessário para nosso filho durante a minha ausência. Lucas, a você, meu amor e gratidão, pelo sacrifício da minha ausência ao longo desse período e Sofia que vai chegar. AGRADECIMENTOS A Deus, em primeiro lugar, pela oportunidade de concluir este curso. Aos professores, por passarem os seus conhecimentos e, em especial, ao meu orientador, professor Rodrigo Casasanta França, por sua assistência profissional, sempre disposto a me ajudar. Aos funcionários do CEPPTO, por terem nos servido por todos esses anos. E a todos que ajudaram a tornar este trabalho melhor. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Morfologia das regiões apicais do canal radicular .................................................... 20 Figura 2 – Transparência demonstrando variação do canal radicular. A) segundo molar inferior com três canais mesiais; B) pré-molares inferiores com configuração canal V tipo Vertucci; C) pré-molares inferiores com três canais e conexões intercanal; D) segundo molar superior com dois canais palatinos; E) primeiro molar superior com dois canais que se separam em três na raiz mésiovestibular. Orifício dos segundos canais mésio-vestibulares (MB- 2) próximo ao orifício palatal .................................................................................... 22 Figura 3 – Representação esquemática de configurações de canal de Vertucci. Tipo I – um único canal se estende da câmara pulpar até o ápice; Tipo II – dois canais deixam a câmara pulpar e se juntam próximo ao ápice para formar um único canal; Tipo III – um único canal deixa a câmara pulpar, divide em dois dentro da raiz, e então se fundem para terminar como um canal; Tipo IV – dois canais separados e distintos se estendem da câmara pulpar até o ápice; Tipo V – um único canal deixa a câmara pulpar e se divide em dois canais com forames apicais separados; Tipo VI – dois canais separados deixam a câmara pulpar, fundem-se no corpo da raiz e se redivide próximo ao ápice para terminar como dois distintos canais; Tipo VII – um único canal deixa a câmara pulpar, divide-se em dois canais, que posteriormente se fundem no terço médio da raiz e se redivide em dois distintos canais próximo ao ápice; Tipo VIII – três canais separados se estendem desde a câmara pulpar até o ápice................................................. 23 23Figura 4 Microscópio cirúrgico-odontológico – avanço na localização da – anatomia do canal ................................................................................................... 24 Figura 5 – Permanência de hipoclorito de sódio (NaOCl) na câmara pulpar para ajudar na localização do orifício do canal radicular. Pequenas bolhas podem ajudar, indicando a posição do orifício ............................. 25 Figura 6 – Representação esquemática das configurações anatômicas da raiz mésio-vestibular dos primeiros e segundos molares superiores permanentes: 1) Dois condutos individualizados da câmara ao ápice (tipo 2-2); 2, 3 e 4) Dois condutos com fusão nos terços cervical, médio e apical, respectivamente (tipo 2-1); 5) Canais com múltiplas comunicações – reticulado (tipo 2-1); 6) Dois condutos que se fusionam em algum ponto da raiz e posteriormente se bifurcam no terço apical (tipo 2-1-2); 7) Dois condutos que se unem no terço cervical, posteriormente se separam e novamente fusionam-se no terço apical (tipo 2-1-2-1); 8) Três condutos individualizados da câmara pulpar ao ápice (tipo 3-3); 9) Presença de duas raízes ............................................................................. 26 Figura 7 – A) Ilustração que mostra a categorização das sete variantes em primeiros molares inferiores; B) Ilustração que mostra a categorização das oito variantes em segundos molares inferiores. Variante 1 – três raízes separadas, mésio-vestibular, distovestibular e palatina, com um canal em cada raiz; Variante 2: Três raízes separadas, com um canal em cada uma das raízes distovestibular e palatina e dois canais na raiz mésio-vestibular; Variante 3 – duas raízes separadas, vestibular e palatina, sendo um canal em cada raiz; Variante 4 – duas raízes separadas, uma mesial e uma distal e com um canal em cada raiz; Variante 5 – uma raiz com um único canal; Variante 6 – uma raiz com dois canais; Variante 7 – uma raiz com três canais; Variante 8 – três raízes separadas, com um canal na raiz mésio-vestibular e raiz palatina e dois canais na raiz disto-vestibular .......................................................... 29 Figura 8 – Técnica para a remoção de instrumento fraturado por meio da via coronária. A) Instrumento fraturado sendo contornado com a lima pelo lado interno da curvatura; B) Canal ampliado lateralmente ao fragmento; C) Alargador com a ponta encurvada, procurando destacar o fragmento; D) Fragmento destacado e utilização da irrigação para sua remoção; E) Instrumento fraturado removido ............................. 33 Figura 9 – Figura ilustrativa de trepanação – uso de brocas angulosas aplicadas para alargar a entrada dos condutos ....................................................... 35 Figura 10 – Perfuração coronária infraóssea de furca. A) Tratamento da área perfurada contaminada; B) Obturação dos canais – selamento da perfuração com MTA ............................................................................................... 35 Figura 11 – Perfuração coronorradicular. A) Pré-molar inferior – selamento com pasta L&C; B) controle de um ano. .................................................................. 35 Figura 12 – Perfuração radicular. A) Perfuração ocorrida durante a criação do espaço para retentor intrarradicular; B) Após retratamento do canal radicular – selamento da perfuração com pasta L&C; C) Controle de dois anos; D) Controle de quatro anos ................................................. 36 Figura 13 – Sequência do tratamento com MTA para o vedamento de perfuração lateral (mesial) da raiz do dente. A) Perda óssea lateralmente à raiz; B) Desobturação do canal radicular; C) Retratamento realizado e perfuração selada com MTA; D) RaiosX posterior à cirurgia de curetagem; E) Raios-X de proservação após oito meses ...................................................................................................... 46 Figura 14 – Sequência de tratamento para a retirada de instrumento fraturado no interior do canal radicular. A) Radiografia Inicial; B) Imagem demonstrando uma lima Hedstroen calibre 20; C) Canal radicular totalmente desobstruído; D) Instrumento removido; E) Radiografia final; F) Radiografia de controle (15 meses) ......................................... 49 Figura 15 – Hematoma facial ocasionado pela injeção acidental de NaOCl dentro dos tecidos periapicais. A) Vista frontal da paciente, mostrando extenso inchaço e formação de hematoma do lado esquerdo da face; B) Vista frontal da paciente após cinco semanas da cirurgia, mostrando resolução total do inchaço e da equimose sem resíduo de nenhum defeito cosmético ............................................. 54 Figura 16 – Gestão do tratamento de extrusão de hipoclorito de sódio em tratamento endodôntico. A) Aspecto clínico inicial da lesão; B) Radiografia periapical; C) Vista após a extração do dente envolvido e o desbridamento; D) Ferida cicatrizada após dois meses ...................................................................................................................... 57 Figura 17 – Sobreinstrumentação. A) e B) Arrombamento do forame apical; C) Tampão apical com pasta L&C; D) Obturação do canal radicular................................................................................................................... 60 Figura 18 – Subinstrumentação. A) Obturação do segmento apical do canal radicular por material (cones de prata); B) Retratamento endodôntico – não remoção dos cones de prata dos canais radiculares ............................................................................................................... 61 Figura 19 – Diagnóstico de fratura radicular vertical – radiografia da região dos incisivos superiores, mostrando nitidamente a fratura horizontal do elemento 11, com apenas uma radiografia ortorradial......................................................................................... 62 RESUMO Durante as diferentes etapas do tratamento de canais radiculares, se não forem respeitados os procedimentos estabelecidos pode-se causar diversos acidentes e complicações que influenciam diretamente no prognóstico do tratamento e que pode levar, inclusive, à perda do elemento dental. Considerando que a prevenção é o fator mais importante para evitar acidentes durante a terapia endodôntica e que o manejo adequado dos acidentes contribuirá para melhorar o prognóstico do tratamento, este trabalho de revisão teve por objetivo descrever as possíveis causas de insucesso no tratamento endodôntico durante a instrumentação e as opções de tratamento para solucioná-las. Palavras-chave: Instrumentação canalradicular/complicações. Tratamento. endodôntica. Preparo de ABSTRACT During the steps of endodontic treatments, if established procedures are not respected can cause many accidents and complications that directly influence the prognosis of treatment and may even lead to tooth loss. Whereas prevention is the most important factor to avoid accidents during endodontic therapy and the proper management of accidents will improve the prognosis of treatment, this revision work aimed to describe the possible causes of failure in endodontic treatment during instrumentation and treatment options for solving them. Key-Words: Endodontic instrumentation. root canal preparation / Complications. Treatment. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 16 2 PROPOSIÇÃO ...................................................................................................... 18 3 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 19 3.1 Acidentes e complicações durante o acesso à câmara pulpar ........................... 19 3.2 Acidentes e complicações durante a preparação biomecânica do sistema de canais radiculares .................................................................................................... 32 3.3 Acidentes e complicações durante a irrigação ................................................... 53 3.4 Acidentes e complicações durante a obturação ................................................. 58 4 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 65 5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 71 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 72 16 1 INTRODUÇÃO A instrumentação dos canais radiculares, uma das fases mais importantes do tratamento endodôntico, requer do profissional, além da habilidade, a observância de certos princípios ou normas a fim de chegar a bom termo no tratamento sem a possibilidade de ocorrência de acidentes. Esses acidentes, como perfurações durante a abertura coronária, formação de degrau ou perfurações nas paredes dos canais e fraturas de instrumento, dificultam e às vezes impedem de se alcançar a meta final do tratamento, isto é, a correta obturação do canal (Aguiar et al., 2006). Todos eles são desagradáveis, porém, de certa forma, fáceis de serem evitados ou contornados. A fratura de instrumento no interior do canal é, sem dúvida, o problema mais complexo e, dependendo de suas características anatômicas, do instrumento fraturado e do nível em que ocorreu essa fratura, é necessário lançar mão de recursos diversificados para solucioná-lo. Em relação à técnica de instrumentação, o pré-alargamento (pré-flaring) do terço cervical, preliminarmente à instrumentação do terço apical, facilita a instrumentação da região apical, reduzindo a possibilidade de acidentes. Com os avanços tecnológicos, permitiu-se a confecção de instrumentos endodônticos com liga de níquel-titânio (NiTi). A grande elasticidade dessa liga, comparada a de metais tradicionais, é denominada superelasticidade; por terem maior elasticidade e menor rigidez, são deformados elasticamente com níveis inferiores de tensão durante a instrumentação do canal endodôntico (Lopes, 2001). O preparo químico-mecânico representa outro momento de grande 17 importância no tratamento endodôntico e tem como objetivo a limpeza e modelagem do sistema de canais radiculares. A modelagem visa ampliar e planificar as paredes dos canais, desenvolvendo um formato cônico contínuo, com maior diâmetro no terço coronário e menor na porção apical, enquanto a limpeza busca a remoção de restos orgânicos, raspas de dentina, bactérias e seus substratos do interior dos canais (Gomes et al., 2008). Portanto, todo tratamento dentário, por mais simples ou complexo que seja, deve ser executado com planejamento cuidadoso e previamente estabelecido. Diante do exposto, o objetivo desta revisão foi o de descrever os acidentes que podem ocorrer durante a terapia endodôntica e analisar a prevenção e tratamento que ocorrem durante a abordagem, o preparo biomecânico e obturação do sistema de canais radiculares. 18 2 PROPOSIÇÃO O propósito desta revisão da literatura foi o de descrever as possíveis causas de insucesso no tratamento endodôntico durante a instrumentação e as opções de recursos para solucioná-las. 19 3 REVISÃO DA LITERATURA 3.1 Acidentes e complicações durante o acesso à câmara pulpar Hülsmann et al. (2005) descreveram que a terapia endodôntica envolve o tratamento das polpas dentárias vitais e necróticas, de modo que os pacientes possam manter seus dentes naturais em função e estética. Embora a terapia bemsucedida dependa de muitos fatores, um dos passos mais importantes em qualquer tratamento é o preparo do canal. Salientaram que esse fator é essencial porque a preparação determina a eficácia de todos os procedimentos subsequentes e inclui o desbridamento mecânico, a criação de espaço para a administração de medicamento e as geometrias de canal otimizado para a adequada obturação. Infelizmente, a preparação do canal é negativamente influenciada pela anatomia altamente variável da raiz-canal e pela incapacidade relativa do operador visualizar essa anatomia por meio de radiografias. Assim, o preparo do canal radicular não é apenas importante, mas também exige muito do clínico. Com relação aos fatores anatômicos, os autores afirmaram que vários estudos anatômicos e histológicos demonstraram a complexidade da anatomia do sistema de canais radiculares, incluindo grandes variações no número, comprimento, curvatura e diâmetro, a complexidade da anatomia apical com canais acessórios e ramificações, comunicações entre o espaço do canal, o periodonto lateral e a área de bifurcação, a anatomia da raiz periférica da dentina (Figura 1). Essa complexa anatomia deve ser considerada como um dos principais desafios no preparo de canais radiculares. 20 Figura 1 – Morfologia das regiões apicais do canal radicular. Fonte: Peters, 2004. Leonardo (2005) relatou que o acesso coronal é o procedimento cirúrgico que expõe a câmara pulpar, a fim de projetar sua anatomia interna sobre a superfície do dente. Esse procedimento permite o acesso ao interior do dente por meio da c. Ressaltou que qualquer erro que seja cometido nessa fase levará à realização de erros sistemáticos nas fases seguintes, com o consequente fracasso do tratamento endodôntico. Descreveu que os fracassos mais comuns na abertura de acesso são a falha em identificar e remover a cárie, não estabelecer um acesso adequado ao espaço da câmara pulpar e ao sistema de canais radiculares e o não reconhecimento do eixo do canal radicular, devido à presença de coroas, restaurações extensas, giroversões, variações anatômicas. Vertucci (2005) orientou que é importante visualizar e ter conhecimento das relações anatômicas internas do dente antes de empreender a terapia endodôntica. Uma avaliação cuidadosa de duas ou mais radiografias periapicais é obrigatória. Essas radiografias angulares fornecerão informações muito necessárias sobre a morfologia do canal radicular. Afirmou que é essencial um profundo conhecimento da complexidade do sistema de canais radiculares para compreender os princípios e 21 os problemas de modelagem e limpeza, para a determinação dos limites apicais e dimensões de preparo de canais, e para a realização de procedimentos microcirúrgicos de sucesso. Utilizando dentes que tiveram suas cavidades pulpares coradas com hematoxilina (Figura 2), encontrou um sistema de canais muito mais complexo e identificou oito configurações espaciais pulpares (Figura 3). Juntamente com o diagnóstico e o planejamento terapêutico, o conhecimento da morfologia do canal e de suas variações frequentes é um requisito básico para o sucesso endodôntico. Salientando a importância da anatomia do canal, relatou que variações na geometria do canal antes da moldagem e de procedimentos de limpeza tiveram mais influência sobre as mudanças que ocorrem durante a preparação do que as próprias técnicas de instrumentação. Uma ajuda importante para a localização de canais radiculares é o microscópio dental operacional (DOM), que foi introduzido na endodontia para fornecer iluminação e visibilidade melhoradas (Figura 4). 22 Figura 2 – Transparência demonstrando variação do canal radicular. A) segundo molar inferior com três canais mesiais; B) pré-molares inferiores com configuração canal V tipo Vertucci; C) prémolares inferiores com três canais e conexões intercanal; D) segundo molar superior com dois canais palatinos; E) primeiro molar superior com dois canais que se separam em três na raiz mésiovestibular. Orifício dos segundos canais mésio-vestibulares (MB-2) próximo ao orifício palatal. Fonte: Vertucci, 2005. 23 Figura 3 – Representação esquemática de configurações de canal de Vertucci. Tipo I – um único canal se estende da câmara pulpar até o ápice; Tipo II – dois canais deixam a câmara pulpar e se juntam próximo ao ápice para formar um único canal; Tipo III – um único canal deixa a câmara pulpar, divide em dois dentro da raiz, e então se fundem para terminar como um canal; Tipo IV – dois canais separados e distintos se estendem da câmara pulpar até o ápice; Tipo V – um único canal deixa a câmara pulpar e se divide em dois canais com forames apicais separados; Tipo VI – dois canais separados deixam a câmara pulpar, fundem-se no corpo da raiz e se redivide próximo ao ápice para terminar como dois distintos canais; Tipo VII – um único canal deixa a câmara pulpar, divide-se em dois canais, que posteriormente se fundem no terço médio da raiz e se redivide em dois distintos canais próximo ao ápice; Tipo VIII – três canais separados se estendem desde a câmara pulpar até o ápice. Fonte: Vertucci, 2005. 24 Figura 4 – Microscópio cirúrgico-odontológico – avanço na localização da anatomia do canal. Fonte: Vertucci, 2005. Vertucci & Haddix (2011) reportaram que medidas de diagnóstico são ajudas importantes na localização dos orifícios dos canais radiculares. Essas medidas incluem a obtenção de várias radiografias pré-tratamento, o exame do assoalho da câmara pulpar com um explorador afiado, coloração do assoalho da câmara com o azul de metileno a 1%, realização do teste “bolhas de champanhe” com hipoclorito de sódio e visualização dos pontos de sangramento dos canais. A aplicação sequencial de 17% etilenodiamina aquosa de ácido tetra-acético (EDTA) e 95% de etanol (usando o irrigador Stropko equipado com uma agulha de irrigação calibre 27) tem sido recomendada para a limpeza eficaz e a secagem do assoalho da câmara pulpar antes da inspeção visual do sistema de canal (Figura 5). 25 Figura 5 – Permanência de hipoclorito de sódio (NaOCl) na câmara pulpar para ajudar na localização do orifício do canal radicular. Pequenas bolhas podem ajudar, indicando a posição do orifício. Fonte: Vertucci & Haddix, 2011 Rodrigues et al. (2011) estudaram, por meio da técnica da diafanização, a anatomia interna da raiz mésio-vestibular dos primeiros e segundos molares superiores permanentes com dois condutos. Dos 225 molares que tiveram a raiz mésio-vestibular seccionada ao nível amelocementário, 100 apresentaram na região cervical dois orifícios correspondentes às entradas dos condutos mésio-vestibular e mésio-palatino, totalizando 44,44% (Figura 6). Dos 43 dentes com dois condutos na raiz mésio-vestibular, oito apresentaram o conduto mésio-palatino com raiz própria, fusionada ou não à raiz mésio-vestibular, perfazendo um total de 8%. Dez por cento das raízes apresentaram intercanais (reticulado) ligando os condutos mésio- 26 vestibular e mésio-palatino, sendo seis do tipo 2-2 e quatro do tipo 2-1. Os autores concluíram pelos resultados encontrados, que o complexo sistema de canais presente na raiz mésio-vestibular pode ter grande significância no sucesso do tratamento endodôntico dos molares superiores, exigindo o aperfeiçoamento das técnicas endodônticas e atenção especial do endodontista. Figura 6 – Representação esquemática das configurações anatômicas da raiz mésio-vestibular dos primeiros e segundos molares superiores permanentes: 1) Dois condutos individualizados da câmara ao ápice (tipo 2-2); 2, 3 e 4) Dois condutos com fusão nos terços cervical, médio e apical, respectivamente (tipo 2-1); 5) Canais com múltiplas comunicações – reticulado (tipo 2-1); 6) Dois condutos que se fusionam em algum ponto da raiz e posteriormente se bifurcam no terço apical (tipo 2-1-2); 7) Dois condutos que se unem no terço cervical, posteriormente se separam e novamente fusionam-se no terço apical (tipo 2-1-2-1); 8) Três condutos individualizados da câmara pulpar ao ápice (tipo 3-3); 9) Presença de duas raízes. Fonte: Rodrigues et al., 2011. 27 Zhang et al. (2011) objetivaram identificar a morfologia do canal radicular de primeiros e segundos molares inferiores e explorar as raízes disto-linguais de primeiros molares inferiores e os canais em forma de C de segundos molares inferiores de chineses, utilizando Tomografia Computadorizada Cone Bean (CBCT). Dos 269 pacientes, 110 eram mulheres e 101 eram homens, com idade média de 37 anos (variação 18-57 anos). No total, foram analisados 389 dentes (232 primeiros molares inferiores e 157 segundos molares inferiores). As imagens foram analisadas e classificadas de acordo com a classificação de Vertucci. A maioria (70%) dos primeiros molares inferiores teve duas raízes distintas, com 29% tendo três raízes; apenas um dente de quatro raízes foi identificado. Quando uma terceira raiz estava presente, era sempre na face lingual distal da raiz principal. No total, 56% dos primeiros molares inferiores tinham três canais, 43% tiveram quatro canais e apenas quatro dentes tiveram dois canais. Se houve uma raiz disto-lingual, ou não, a maioria (84%) das raízes distais teve uma configuração simples tipo I Vertucci, enquanto que o sistema de canais das raízes mesiais foi mais complexo. Dos 232 primeiros molares inferiores, 220 (95%) raízes mesiais continham dois canais, entre os quais do tipo IV (81%) e tipo V (15%) foram os mais prevalentes. Em geral, 30% desses dentes tinham raízes disto-linguais. Todas as raízes disto-lingual tinham a configuração de tipo I. Dos 69 dentes com uma raiz disto-lingual, 75% das raízes mesiais eram de tipo IV, seguida de tipo V (6,7%). Houve sete variantes na morfologia do canal radicular dos primeiros molares inferiores, sem considerar a classificação em cada raiz. A maioria dos segundos molares inferiores (76%) teve duas raízes distintas, enquanto que 22% tinham uma raiz. Apenas dois segundos molares tinham três raízes. A maioria dos segundos molares inferiores tinha três 28 canais (46%) ou dois canais (38%). Nos casos em duas raízes, a maioria (97%) das raízes distais tinha uma morfologia de canal tipo I, ao passo que 42% das raízes mesiais tinham morfologia do canal tipo I. A maioria das raízes mesiais com dois canais tinha um tipo IV (65%) de configuração, seguida de tipo V (27%). Dos 157 segundos molares inferiores, 29% tinham canais em forma de C. Havia oito variantes (Figura 7) na morfologia do canal radicular dos segundos molares inferiores, sem considerar a classificação em cada raiz. Os autores encontraram variações em relação à morfologia do sistema de canais radiculares que não estavam na classificação de Vertucci. A relevância clínica do estudo, segundo esses autores, é a de que é difícil detectar as raízes de terceiros molares inferiores com radiografia convencional porque as imagens das raízes se sobrepõem e as próprias raízes são estreitas. Se dentes adjacentes, restaurações ou implantes estiverem presentes, há ainda mais sobreposição, reduzindo a nitidez da imagem radiográfica. Entretanto, clinicamente, a CBCT é uma boa opção, pois pode detectar raízes mais distolinguais e canais em forma de C, e é considerado como um excelente método para a avaliação tridimensional da morfologia do canal radicular. O exame dos detalhes, em conjunto com a classificação de Vertucci), podem ser tomados em consideração. A qualidade da CBCT é suficientemente alta para visualizar a morfologia do canal radicular para o tratamento clínico endodôntico. 29 A B Figura 7 – A) Ilustração que mostra a categorização das sete variantes em primeiros molares inferiores; B) Ilustração que mostra a categorização das oito variantes em segundos molares inferiores. Variante 1 – três raízes separadas, mésio-vestibular, disto-vestibular e palatina, com um canal em cada raiz; Variante 2: Três raízes separadas, com um canal em cada uma das raízes distovestibular e palatina e dois canais na raiz mésio-vestibular; Variante 3 – duas raízes separadas, vestibular e palatina, sendo um canal em cada raiz; Variante 4 – duas raízes separadas, uma mesial e uma distal e com um canal em cada raiz; Variante 5 – uma raiz com um único canal; Variante 6 – uma raiz com dois canais; Variante 7 – uma raiz com três canais; Variante 8 – três raízes separadas, com um canal na raiz mésio-vestibular e raiz palatina e dois canais na raiz disto-vestibular. Fonte: Zhang 30 et al., 2011. Gutmann & Lovdahl (2012) orientaram que a necessidade de remoção completa da cárie e de restaurações aponta para um tratamento séptico e para o estabelecimento de estruturas sólidas para evitar complicações posteriores, como a contaminação salivar, fraturas de restos dentais ou de restaurações que podem ser direcionados para o interior do canal, desgastes excessivos e desnecessários que podem levar à perda do ponto de referência anatômica ou a perda de dentes. Relativo ao estabelecimento de um acesso adequado ao espaço da câmara pulpar e ao sistema dos canais radiculares, alertaram que, normalmente, os espaços da câmara pulpar situa-se no centro da coroa. Muitos dentes submetidos a múltiplos procedimentos de restauração ao longo do tempo apresentam uma resposta pulpar a essas irritações. Isso se reflete em uma redução da câmara pulpar e na formação de cálculos pulpares que dificultam o acesso adequado e dificultam a localização dos canais radiculares, que podem induzir a erros, como perfurações no soalho da câmara pulpar e desgastes excessivos nas paredes do dente com ou sem perfuração. As complicações, como falhas na localização da câmara pulpar ou do canal radicular, perfuração radicular na região cervical ou na furca, desgaste do assoalho pulpar ou das paredes, ou ambas, e destruição excessiva dos tecidos dentários, devido a uma ampla abertura desnecessária, podem resultar em perda da estrutura dentária, ou podem necessitar de maiores procedimentos restauradores e, por vezes, de cirurgia corretiva. Por essa razão, uma avaliação completa do dente é essencial antes do início do tratamento e o acesso deve ser feito de forma cuidadosa. Os autores recomendaram que antes de iniciar acesso à câmara pulpar deve-se realizar uma completa inspeção clínica e radiográfica da anatomia do dente 31 para determinar as relações anatômicas da coroa com a raiz e o ângulo de raiz no arco já que sua não consideração pode ocasionar perfurações. Os erros na identificação dos canais (por exemplo, confundir o canal mésio-lingual com o mésiovestibular) constitui um problema frequente. A dificuldade de localizar um canal pode levar a um desgaste excessivo com grandes possibilidades de perfuração. Outro erro comum é deixar passar algum canal. A presença de dentes com coroa, girovertidas pode induzir ao erro por não seguir o eixo longitudinal da raiz, por isso, recomendaram realizar a abertura de acesso à câmara sem isolamento absoluto. 32 3.2 Acidentes e complicações durante a preparação biomecânica do sistema de canais radiculares Bramante e Berbert (1973) analisaram as diversas causas de fratura de instrumento e os cuidados a serem observados para evitá-la. Descreveram uma técnica norteada para a remoção desses fragmentos por meio da via coronária. Com uma lima tipo Kerr, de diâmetro mínimo e ponta ligeiramente encurvada, deve-se procurar ultrapassar o fragmento, contornando-o pelo lado interno da curvatura do canal, evitando que o instrumento ocasione degrau ou perfuração. Durante essa manobra, os quelantes não devem ser empregados, pois o amolecimento da dentina facilita a perfuração das paredes do canal. De acordo com esses autores, esse contorneamento deve ser acompanhado por tomadas radiográficas para verificar se o trajeto seguido pela lima é correto. Ao ser ultrapassado o fragmento, o canal deve ser cuidadosamente ampliado, evitando empurrar o fragmento para os tecidos periapicais. Além disso, deve-se evitar arrombar o forame apical, pois, na eventualidade de o fragmento deslocar-se para o ápice, ficará bloqueado pelo degrau que se forma nas proximidades do limite cemento-dentina do canal. As irrigações devem ser frequentes e, de preferência, gasógenas, produzindo refluxo potente e acompanhadas de aspirações simultâneas. Quando o alargamento atingir um limite crítico e o fragmento permanecer imóvel, deve-se tentar deslocá-lo da parede em que se acha encravado com o uso de outro recurso. Para tanto, deve-se tomar um alargador 35 ou 40, encurvando sua ponta num ângulo bem definido; esse instrumento deve ser introduzido no canal e sua ponta levada a tocar o fragmento. Com movimentos rotatórios no sentido horário e anti-horário, procurar deslocá-lo. Uma vibração audível ou perceptível ao tato assinala os esforços que o instrumento 33 exerce lateralmente no fragmento. A insistência de tais esforços em diferentes níveis, geralmente acaba deslocando-o, podendo ser eliminado pela irrigação (Figura 8). Os autores salientaram que se essas tentativas fracassarem, e houver a possibilidade de comprometer a integridade da raiz por uma maior dilatação, ou se o fragmento tender a se deslocar para o periápice, é preferível obturar o canal, procurando englobar o fragmento na massa obturadora. Se não houver a possibilidade de removê-lo ou inclui-lo na massa obturadora ou, quando ele se encontrar em região de difícil acesso ao instrumento e que a tentativa de contorna-lo ocasionar a perfuração do canal, ou, quando o fragmento se deslocar em direção ao ápice ou chegar a ultrapassá-lo, a solução ideal é a cirurgia paraendodôntica. C A B D E Figura 8 – Técnica para a remoção de instrumento fraturado por meio da via coronária. A) Instrumento fraturado sendo contornado com a lima pelo lado interno da curvatura; B) Canal ampliado lateralmente ao fragmento; C) Alargador com a ponta encurvada, procurando destacar o fragmento; D) Fragmento destacado e 34 utilização da irrigação para sua remoção; E) Instrumento fraturado removido. Fonte: Bramante e Berbert, 1973. Almeida & Alvares (1991) reportaram que a perfuração dos dentes é um dos principais fatores de fracassos endodônticos e que pode ocorrer durante a abertura coronária, a instrumentação dos canais radiculares ou durante a criação de espaço para retentores intrarradiculares. Os irritantes mecânicos e químicos, assim como os micro-organismos presentes no canal radicular podem induzir à inflamação e à destruição óssea no periodonto. Segundo esses autores, um dos problemas técnicos encontrados durante o desbridamento mecânico é a perfuração da parede radicular e que pode comprometer o prognóstico do dente. A perfuração de raiz pelo canal radicular, chamada de trepanação ocorre, geralmente, na junção do terço médio com o apical dos canais de molares, atrésicos e curvos (Figura 9). As trepanações iatrogênicas mais comuns ocorrem na câmara pulpar (perfurações coronárias), na entrada dos condutos, no terço apical ou no início da curvatura da raiz. No tratamento das perfurações coronárias (Figura 10), segundo descreveram, vários materiais podem ser empregados no fechamento, como a pasta L&C e o MTA (Trióxido Mineral Agregado). No caso de perfurações coronorradiculares (Figura 11), o preenchimento do defeito com material selador biológico pode ser realizado antes, durante ou após a obturação do canal radicular. A obturação deve ser realizada pela técnica de compactação lateral da guta-percha e como material obturador, o uso da pasta L&C, cimentos à base de hidróxido de cálcio – Sealapex ou cimento AH-Plus – associado a cones de guta-percha. Já, o tratamento endodôntico de um dente acometido de perfuração radicular (Figura 12) deve ser feito o mais rápido possível. Se a perfuração for originada de instrumentos de maiores diâmetros, os autores 35 aconselharam como recomendável o uso da técnica de obturação de compactação lateral ou da compressão hidráulica. Como material obturador recomendaram o uso da pasta L&C, cimento Sealapex ou ah-Plus, associados a cones de guta-percha. Para o caso de perfuração originada do uso de brocas (Gates-Glidden, Largo ou Peeso), ou de instrumentos tipo K ou H de aço inoxidável, a técnica de compactação lateral ou de compressão deve ser utilizada. Como material obturador, devem ser associados os cones de guta-percha à pasta L&C ou aos cimentos Sealapex ou AHPlus. Figura 9 – Figura ilustrativa de trepanação – uso de brocas angulosas aplicadas para alargar a entrada dos condutos. Fonte: Almeida & Alvares, 1991. Figura 10 – Perfuração coronária infraóssea de furca. A) Tratamento da área perfurada contaminada; B) Obturação dos canais – selamento da perfuração com MTA. Fonte: Almeida & Alvares, 1991. A B 36 Figura 11 – Perfuração coronorradicular. A) Pré-molar inferior – selamento com pasta L&C; B) controle de um ano. Fonte: Almeida & Alvares, 1991 Figura 12 – Perfuração radicular. A) Perfuração ocorrida durante a criação do espaço para retentor intrarradicular; B) Após retratamento do canal radicular – selamento da perfuração com pasta L&C; C) Controle de dois anos; D) Controle de quatro anos. Fonte: Almeida & Alvares, 1991. Pinheiro e Pardini (1995) descreveram que para se evitar o insucesso na terapia endodôntica, o conhecimento da anatomia coronária e radicular é fundamental, além dos possíveis desvios da anormalidade. Afirmaram que a não observância da anatomia poderá conduzir o profissional a erros. A abertura coronária em dentes com inclinação ou girovertidos, quando realizada de maneira intempestiva, pode causar perfuração radicular. A verificação das anatomias 37 coronária e radicular deve ser orientada pelo exame radiográfico, que fornece informações relativas à quantidade e direção de raízes e canais, pois há grande variedade na morfologia radicular. Segundo esclareceram, as curvaturas e as dilacerações também devem ser cuidadosamente examinadas na radiografia. Quando estão em direção mesial ou distal não existem dificuldades de detecção, porém podem tomam-se difíceis de serem observadas se tiverem direção vestibular ou lingual. Lopes e Siqueira Júnior (1999) consideraram que a falta de cuidado, o erro no emprego e a seleção inadequada dos instrumentos endodônticos ou o desconhecimento de suas propriedades mecânicas podem causar acidentes ou induzir danos permanentes ao sistema dentário do paciente. Assim, o conhecimento dos conceitos básicos do comportamento e das propriedades físicas, químicas e mecânicas dos materiais pode auxiliar o trabalho do profissional e minimizar a ocorrência de insucessos no tratamento endodôntico. Lopes et al. (2004) descreveram que podem ocorrer fraturas inesperadas na utilização de instrumentos rotatórios sem que nenhuma deformação permanente possa ser visualizada, podendo ocorrer em duas circunstâncias: fratura por torção e fratura por flexão. As fraturas por torção ocorrem, quando a ponta ou qualquer parte do instrumento fica presa no canal enquanto o restante continua sua rotação. As fraturas por flexão acontecem pela fadiga que o metal sofre em canais radiculares com pequeno raio de curvatura, onde o limite de flexibilidade dos instrumentos é excedido, resultando em sua fadiga cíclica. Os autores compararam os desempenhos das limas endodônticas Flex.R (aço inoxidável) e Onix.R (NiTi), de marca Moyco, fabricadas por usinagem, quando submetidas ao ensaio de torção à direita e à esquerda, constatando que o ângulo de torção máximo até a fratura foi 38 maior à direita do que à esquerda. Na rotação à direita, estatisticamente não houve diferença significativa; porém, à esquerda, os instrumentos NiTi apresentaram melhor comportamento. Tanomaru Filho et al. (2001) avaliaram a capacidade seladora do Sealapex, associado ao óxido de zinco, do cimento de ionômero de vidro, o compômero e de dois tipos de materiais a base de mineral trióxido agregado (MTA), quando empregado no selamento de perfurações radiculares laterais. Para tal, prepararam biomecanicamente os canais radiculares de 50 dentes anteriores recém-extraídos pela técnica escalonada com recuo progressivo programado e obturados pela técnica clássica de cone único, com cimento de óxido de zinco e eugenol. Utilizando broca esférica para peça de mão n. 4, confeccionaram uma cavidade no terço médio da face distal radicular até atingir a obturação do canal radicular. Os dentes foram separados, aleatoriamente, em cinco grupos. No Grupo 1 foi empregado o Sealapex + óxido de zinco; no Grupo 2, o material selador foi o compômero, no Grupo 3, o ionômero de vidro, no Grupo 4, o Pro Root – MTA e no Grupo 5, o MTA Angelus. Os autores constataram que a capacidade seladora foi semelhante entre os grupos experimentais. Batista et al. (2003) analisaram a qualidade do preparo do canal radicular realizado manualmente e com sistema de rotação alternada Endo-Gripper, utilizando-se limas de níquel-titânio Ônix-R em canais simulados com diferentes graus de curvatura, no que diz respeito aos defeitos do preparo (zip, degrau, cotovelo, confecção de falso canal), ao tempo despendido no preparo, ao índice de fratura de instrumentos, a conicidade e à perda na medida de trabalho. Utilizaram 40 canais, divididos em quatro grupos de 10 e preparados de acordo com o grau de curvatura e a técnica de preparo. No Grupo 1, a técnica de preparo foi manual – 39 canais com 20º de curvatura; no Grupo 2 foi utilizada a técnica de preparo automatizada com o contra-ângulo Endo-Gripper – canais com 20º de curvatura; no Grupo 3 a técnica de preparo foi manual – canais com 40º de curvatura e no Grupo 4, a técnica utilizada foi a de preparo automatizada com o contra-ângulo EndoGripper – canais com 40º de curvatura. Constataram que tanto o sistema automatizado de rotação alternada Endo-Gripper como a técnica manual mostraramse eficientes para o preparo do canal simulado, não havendo diferenças estatísticas significativas em relação à ocorrência de defeitos, de perda de medida de trabalho e quanto à conicidade. O sistema automatizado de rotação alternada Endo-Gripper consumiu menor tempo de preparo em relação à técnica manual, significativo do ponto de vista estatístico. A fratura de instrumento somente foi verificada no preparo com técnica manual em canais com 40º de curvatura. Gonçalves et al. (2003) compararam, in vitro, a capacidade de limpeza dos canais radiculares proporcionada por três diferentes técnicas de instrumentação: rotatória (GT), manual e associação de ambas (mista). Para tal, selecionaram 30 incisivos inferiores humanos, com raízes completamente formadas e canais retos e únicos, verificadas por meio de radiografias. Os dentes foram divididos em três grupos de 10. No Grupo 1, os canais radiculares foram preparados com instrumentos rotatórios GT, utilizando-se um contra-ângulo e um micromotor elétrico NT Matic II, na velocidade de 300 rpm. Utilizaram um instrumento GT 20/0.12, seguido pelos instrumentos 20/0.10 e 20/0.8, até que o último atingisse o comprimento de trabalho pré-estabelecido. No Grupo 2, os canais radiculares foram preparados manualmente com limas tipo K, no comprimento de trabalho, iniciandose com uma lima número 20 até a número 35. Já, no Grupo 3, os canais radiculares foram inicialmente preparados com instrumentos rotatórios GT, como descrito no 40 Grupo 1, seguida pela instrumentação manual, como descrito no grupo 2. Durante toda a instrumentação, a cada troca de instrumento foi realizada a irrigação dos canais radiculares com solução fisiológica. Posteriormente, os dentes foram seccionados longitudinalmente no sentido vestíbulo-lingual, com um disco de carborundum. A limpeza do canal foi avaliada por meio da remoção de corante e cada terço foi avaliado separadamente, por meio de escores (0 – sem corante; 1 – pequena área de corante em uma das paredes do canal; 2 – corante ocupando toda uma parede do canal; 3 – corante em todo o canal). Os autores constataram que a técnica manual apresentou melhor limpeza nos terços cervical e apical do canal radicular, enquanto que a técnica rotatória mostrou melhor limpeza no terço médio. Apesar dessa diferença não ter sido estatisticamente significante, esperavam que o melhor resultado fosse obtido pela técnica mista, por associar as vantagens das técnicas manual e rotatória. Em relação às técnicas, na parede vestibular do terço cervical, a técnica manual demonstrou melhor limpeza, apresentando diferença estatisticamente significante em relação à técnica mista, enquanto que nos terços médio e apical o resultado entre as técnicas não foi estatisticamente significante. Já, na parede lingual não houve diferença estatisticamente significante entre as três técnicas estudadas nos três terços avaliados. De forma geral, todas as técnicas apresentaram melhor limpeza na parede lingual do terço cervical e na parede vestibular dos terços médio e apical. Peters (2004) afirmou que a maioria dos canais radiculares é curva, enquanto que os instrumentos endodônticos são fabricados a partir de esboços de metal em linha reta. Isso resulta em distribuição de força desigual em certas áreas de contato e uma tendência do instrumento a endireitar-se no interior do canal radicular. Consequentemente, as áreas apicais do canal tendem a ser sobrepreparadas para a 41 curva exterior ou a convexidade do canal, enquanto que as áreas mais coronais são transportadas em direção à concavidade ou à região da furca em dentes multirradiculares. O autor descreveu que outra área anatômica que não é totalmente apreciada a partir de radiografias clínicas é a região apical. A ação de instrumentos rotatórios com o corte de lâminas ativamente nessa região precisa ser mais bem avaliada, mas pode-se supor que tal instrumento levado ao longo e fora do espaço do canal criaria um erro de preparação conhecido como zip apical com perfuração. A ocorrência de tais erros de preparação apical foi previamente associada à mão e a instrumentos rotatórios com pontas afiadas. Conforme relatou esse autor, a prevenção da formação de um transporte apical durante a instrumentação de um canal radicular curvo está condicionada ao uso de instrumentos de maior elasticidade (flexibilidade). Para canais radiculares curvos, após o preparo apical inicial, correspondente a uma lima endodôntica tipo K de aço inoxidável, de seção reta transversal/triangular de número 20 ou 25, devem ser empregados instrumentos de diâmetros maiores fabricados com ligas de NiTi. As limas endodônticas de NiTi apresentam flexibilidade 50% maior do que as de aço inoxidável. Essa propriedade permite a esses instrumentos acompanharem a curvatura do canal com facilidade, impedindo ou minimizando o desvio apical e, mantendo a forma original do mesmo, com menor movimentação do eixo central do canal, durante a instrumentação. As limas endodônticas de NiTi, por terem menor módulo de elasticidade, são deformadas elasticamente com níveis inferiores de tensão e acompanham a curvatura do canal radicular durante a instrumentação. Outra prevenção refere-se ao emprego do movimento de alargamento, que é um processo mecânico de usinagem destinado a aumentar, por meio de desbastes, o diâmetro de um furo cônico (canal radicular) preexistente. Para que ocorra o 42 alargamento, é necessário que o instrumento trabalhe justo no interior do furo, ou seja, o diâmetro do instrumento, proporcionalmente, deve ser maior que o do furo (canal). Também é necessário que o instrumento endodôntico empregado não possua ângulo de transição. Prescinotti et al. (2004) avaliaram, in vitro, o número de fraturas ou distorções e tempo de uso dos instrumentos de níquel-titânio ProFile no preparo de canais naturais curvos sob duas técnicas de preparo, uma somente rotatória e outra oscilatória-rotatória. Para tal, utilizaram 90 molares inferiores humanos extraídos com dois canais mesiais distintos e com uma única curvatura na vista vestíbulolingual, divididos em dois grupos, de acordo com a necessidade de equilibrar a dureza de dentina e grau de curvatura dos canais. Assim, cada grupo foi constituído de 45 canais mésio-vestibular (MV) e 45 canais mésio-lingual (ML), utilizando um canal mesial de cada molar em cada grupo. A média do comprimento de trabalho (CT) do Grupo 1 foi de 20,23 mm, enquanto que a media do CT do Grupo 2 foi de 20,14 mm, com diferença não significante. Após a abertura coronária e irrigação da câmara pulpar com 5 ml de solução de Milton, verificaram a patência dos canais com instrumento tipo K n. 10, ultrapassando o forame em um milímetro. O comprimento de trabalho foi determinado, posicionando a ponta do instrumento tipo K n. 10 na abertura do forame apical e diminuindo 1 mm dessa medida. A referência oclusal foi a ponta da cúspide correspondente ao canal. A técnica de instrumentação abordada pelo Grupo 1 foi a preconizada pelo fabricante dos instrumentos rotatórios de níqueltitânio ProFile 0,04, utilizando-os no sentido coroa-ápice. A instrumentação do Grupo 2 foi idêntica a do Grupo 1, porém precedida por uma instrumentação oscilatória com instrumentos Nitiflex acoplados em um contra-ângulo de redução Kavo com acionamento a ar comprimido, proporcionando velocidade operacional em torno de 43 2700 rpm e movimentos oscilatórios com amplitude de 45º. A instrumentação iniciou pelo dente de n. 1 com instrumentos ProFile novos, tanto para o Grupo 1 quanto para o Grupo 2. Após o preparo do primeiro dente, o trabalho prosseguiu com os outros dentes de numeração crescente, seguindo-se o mesmo protocolo e utilizando o mesmo jogo de instrumentos endodônticos. Ocorrida a distorção ou fratura de algum instrumento rotatório, independente do grupo, o trabalho prosseguia em outro dente, sendo o instrumento fraturado substituído por um novo de mesma numeração no conjunto em utilização. A instrumentação foi realizada dessa maneira até o dente n. 45, com os canais MV sendo preparados pela técnica do Grupo 1, e os canais ML preparados pela técnica do Grupo 2. A partir do dente n. 46 até o de n. 90, os canais MV foram preparados pela técnica do Grupo 2, e os canais ML preparados pela técnica do Grupo 1. Os autores verificaram que número de distorções e fraturas da técnica rotatória, embora não tenha mostrado diferença estatística, foi o dobro da técnica oscilatória-rotatória. O tempo de uso dos instrumentos de rotação contínua no preparo dos canais radiculares foi menor para a técnica oscilatória-rotatória em relação à técnica rotatória, com diferença significante. Gomes et al. (2005) avaliaram a interferência do preparo cervical de canais radiculares curvos sobre o transporte apical por meio da comparação entre duas técnicas de instrumentação, selecionando 40 molares inferiores humanos, divididos em dois grupos, com variados graus de curvatura nos canais mesiais, extraídos por motivos diversos e em tempos diferentes. No Grupo 1 foi empregada a técnica da inversão sequencial e no Grupo 2, a técnica foi a escalonada com recuo anatômico. Para os dois grupos, a instrumentação foi realizada com irrigação-aspiração abundante com hipoclorito de sódio a 2,5% e mantida a câmara pulpar preenchida com essa substância durante todo o procedimento. Foram utilizados os movimentos 44 oscilatórios e as limas eram descartadas a cada cinco canais instrumentados. Os autores constataram que o Grupo I (técnica da inversão sequencial) foi mais eficaz em evitar o transporte apical do que o Grupo II (técnica escalonada), com diferença estatisticamente significante. Os autores ressaltaram que apesar da quantidade de técnicas disponíveis para tratar esses canais, ainda não surgiu uma que permita um índice zero de transporte apical. Maia Filho et al. (2005) analisaram, comparativamente, a resistência à fratura de instrumentos de níquel-titânio acionados a motor, considerando-se a quantidade de voltas que realizava antes da fratura e, verificando a influência da conicidade, da marca e do calibre dos instrumentos. Para tal, utilizaram 240 instrumentos de níqueltitânio, acionados a motor, com 25 mm de comprimento, das marcas Profile e Pow-R nos números 15, 20, 25, 30, 35 e 40, distribuídas em grupos: Grupo I – Pow-R 0.02, Grupo II – Pow-R 0.04, Grupo III – Profile 0.04 e Grupo IV – Profile 0.06. Os instrumentos foram submetidos ao ensaio de torção, utilizando um dispositivo que empregava rotação no sentido horário. Esse dispositivo foi conectado a uma máquina de ensaios mecânicos que permitia determinar a quantidade de voltas de cada lima até ocorrer à fratura. Os valores foram analisados estatisticamente, utilizando um teste paramétrico (Análise de Variância). De modo geral, os autores constataram que para os diferentes números, independentes do grupo a que pertenciam, houve um aumento, em média, do número de voltas com o aumento do calibre do instrumento. Em relação à conicidade dos instrumentos verificaram uma relação inversa entre esse item e a quantidade de voltas antes da fratura, quando se aumentava a conicidade diminuía a quantidade de voltas. Os autores concluíram, afirmando que os instrumentos da marca Pow-R, em geral, foram estatisticamente superiores 45 Aguiar et al. (2006) descreveram que as qualidades indispensáveis aos instrumentos endodônticos para a conformação de canais radiculares curvos são a flexibilidade e a eficácia de corte, sendo mais marcante sua necessidade na grande curvatura das paredes dos canais. Assim, os autores verificaram, por meio do método da superposição de radiografias pré e pós-operatórias, as alterações morfológicas em canais radiculares curvos instrumentados pelo sistema rotatório ProTaper e pelas limas manuais de níquel-titânio. Para tal, os autores selecionaram, aleatoriamente, 40 canais mésio-vestibulares de primeiros molares inferiores humanos, com ápices radiculares formados. Os espécimes foram divididos aleatoriamente em 2 grupos de 20. No grupo 1, os canais foram biomecanizados com instrumentos manuais de NiTi e, no grupo 2, foi utilizado para o preparo biomecânico dos canais o sistema rotatório ProTaper, acionado a motor elétrico. Para os dois grupos, o comprimento real de trabalho (CRT) foi 1 mm aquém do ápice radiográfico, obtido pela observação visual do transpasse de 1 mm do forâmen apical de uma lima tipo K10# e pelo recuo de 2 mm. A solução utilizada para irrigação de cada canal foi à base de hipoclorito de sódio a 1 % e preparada pouco tempo antes do uso. No grupo 1, a técnica utilizada foi a Técnica Progressiva Anatômica, e, no 2, a Técnica coroa-ápice sem pressão, de acordo com a preconizada pelo fabricante. A instrumentação manual foi feita com limas de NiTi. Os autores constataram que o sistema ProTaper mostrou-se mais eficaz na manutenção da trajetória original do canal radicular em comparação com as limas manuais NiTi, porém não houve diferença estatisticamente significativa. Bueno et al. (2007) relataram um caso clínico de paciente do gênero feminino, com 56 anos de idade, cujo exame radiográfico revelou uma perfuração lateral (mesial) da raiz do dente, devido ao planejamento e instalação incorreta de um 46 núcleo fundido que acabou ocasionando perda óssea lateralmente à raiz. Após a limpeza da região da comunicação com o periodonto e a remoção dos resíduos da antiga cimentação, irrigação com hipoclorito de sódio 2,5%, curetagem e secagem com algodão e cone de papel absorvente estéril, inseriram uma camada de hidróxido de cálcio p. a. na região da perfuração como barreira. Após a barreira, aplicaram o MTA (Angelus) como selador permanente. Um pino provisório foi confeccionado para ser cimentado junto à coroa já existente. Após uma semana, foi instalado um novo pino intrarradicular de fibra de vidro. Devido ao excesso do material selador ao cimento pré-existente extravasado, optaram por uma cirurgia de curetagem e a inserção de um enxerto de osso liofilizado no defeito ósseo provocado pelo antigo pino. Radiografia tirada após oito meses revelou reparação óssea na região afetada pela antiga perfuração. Os autores concluíram que o MTA tornou o procedimento de vedamento da perfuração mais previsível (Figura 13). A B D C E Figura 13 – Sequência do tratamento com MTA para o vedamento de perfuração lateral (mesial) 47 da raiz do dente. A) Perda óssea lateralmente à raiz; B) Desobturação do canal radicular; C) Retratamento realizado e perfuração selada com MTA; D) Raios-X posterior à cirurgia de curetagem; E) Raios-X de proservação após oito meses. Fonte: Bueno et al., 2007. Vianna et al. (2008) reportaram que várias técnicas de instrumentação têm sido propostas, objetivando a promoção de agilização do processo de limpeza e modelagem, de modo que o canal esteja em condições de receber o material obturador de modo rápido e ao mesmo tempo eficaz. Segundo esses autores, um dos instrumentos mais utilizados para o preparo cervical de um canal é a broca Gates-Glidden que é um instrumento capaz de preparar de maneira adequada o segmento cervical dos canais radiculares. A broca Gates-Glidden é classificada como um alargador, não possui ponta cortante, e deve ser usada com cautela durante o preparo cervical do canal radicular. Os autores ressaltaram que sua utilização deve ser feita com precaução, pois acidentes podem ocorrer, quando há permanência da broca no micromotor ao término de seu uso, no campo de operação do profissional. Hartmann & Barletta (2009), considerando que com o advento da instrumentação rotatória executada com os instrumentos de Níquel-titânio (NiTi) que apresentam maior força e flexibilidade, as fraturas de instrumentos durante o tratamento dos canais radiculares são uma realidade, pois ocorrem, principalmente, após o seu uso prolongado. Relataram o caso clínico de um paciente de 32 anos, do gênero masculino, cujo exame radiográfico revelou que havia um instrumento fraturado no interior do canal radicular do dente 22, ultrapassando o forame apical; esse dente apresentava radiolucidez apical, sugerindo lesão periapical. O instrumento fraturado parecia ser uma lima Hedstroen, calibrosa. Clinicamente, havia 48 uma alteração de cor gengival na região e, radiograficamente, o ligamento periodontal estava espessado, ápice completo, e rarefação no osso alveolar, com a cortical alveolar contínua. Foi efetuada a desobturação do canal radicular com a retirada do remanescente de guta percha, para se conseguir criar um caminho no canal radicular que possibilitasse a passagem de limas entre a parede do canal radicular e o instrumento fraturado. Nessa sessão, não foi removido o instrumento fraturado, pela observância de drenagem de exsudato purulento do interior do canal radicular. O local foi irrigado com hipoclorito de sódio (NaOCl) a 2,5% com a alternância de água oxigenada 10 volumes (H2O2) e novamente uma irrigação final com NaOCl 2,5%. Após a secagem com cones de papel absorvente foi colocado um penso de algodão umedecido em Tricresol Formalina como curativo de demora com selamento duplo guta percha e cimento obturador provisório Cimpat. Foi prescrita a associação de Amoxicilina 500 mg e Metronidazol 400 mg, ambos de 8 em 8 horas, durante sete dias. Após uma semana, o paciente retornou ao consultório sem relatar dor pós-operatória e nova tentativa de remoção do instrumento fraturado foi realizada, até sua remoção. Os autores colocaram as limas Hedstroen, calibres 15 e 20, no canal radicular no comprimento real de trabalho (CRT), fazendo-se o movimento de trançar os seus cabos, tracionando-as em direção coronal com o intuito de prender o instrumento fraturado entre as limas e que ela fosse tracionada para fora do canal radicular. Posteriormente, foi realizada a reinstrumentação do canal radicular com o preparo apical. Os autores concluíram que o método empregado – limas Hedstroen entrelaçadas – para tracionar o instrumento fraturado é um método acessível e eficiente (Figura 14). 49 D A B C E Figura 14 – Sequência de tratamento para a retirada de instrumento fraturado no interior do canal radicular. A) Radiografia Inicial; B) Imagem demonstrando uma lima Hedstroen calibre 20; C) Canal radicular totalmente desobstruído; D) Instrumento removido; E) Radiografia final; F) Radiografia de controle (15 meses). Fonte: Hartmann & Barletta, 2009. 50 Estrela et al. (2010) avaliaram, por meio de ensaio estático, a resistência à fratura por flexão de instrumentos rotatórios de níquel-titânio pertencentes ao Sistema ProTaper Universal de preparo apical, com 25 mm de comprimento, de 60 instrumentos novos, todos destinados ao preparo apical do canal radicular: F1, F2 e F3. O total de instrumentos foi dividido em três grupos, sendo 20 de cada numeração em cada grupo. Todos os grupos foram submetidos a ensaio estático de flexão, não havendo o deslocamento axial dos instrumentos dentro do canal artificial utilizado no trabalho. O posicionamento dos instrumentos no canal artificial, de forma a definir o ponto de curvatura máxima em torno de 4 mm da ponta, foi realizado, considerando a região do instrumento submetida às condições mais severas de deformação cíclica durante o preparo de canais radiculares curvos. Os resultados mostraram não haver diferenças em relação à resistência à fadiga entre instrumentos de diferentes calibres (F1, F2 e F3), submetidos às mesmas condições de testes. Hartmann et al. (2010) investigaram a ocorrência do transporte do canal no terço apical de canais simulados preparados com instrumentos rotatórios de conicidade progressiva e constante. Os 30 canais simulados foram divididos aleatoriamente em três grupos de 10 espécimes cada e foram preparados com os seguintes instrumentos rotatórios de Ni-Ti: Grupo I – ProTaper Universal (conicidade progressiva – diâmetro de preparação apical até instrumento F4), Grupo II – Hero 642 (conicidade constante – diâmetro preparação apical até 40/.02) e Grupo III – K3 (conicidade constante – diâmetro de preparação apical até 40/.02). Cada instrumento foi usado para preparar cinco canais e, em seguida, ser descartado. As imagens pré e pós-operatórias dos canais foram superpostas e analisadas com o Programa Image Pro Plus 5.0. A capacidade de manter a centralização do canal foi 51 avaliada pela subtração da quantidade de resina removida da parede interna daquela removida na parede externa. A quantidade total de resina (em mm) removida foi obtida por meio da soma da resina removida das paredes internas e externas do canal, comparando as imagens pré e pós-operatórias. Os dados foram analisados estatisticamente pelo teste de Kruskal Wallis e Teste das medianas (α=5%). Houve diferença estatisticamente significativa (p<0.05) entre os grupos. O Sistema ProTaper produziu o maior transporte do canal no terço apical. Em conclusão, o transporte do canal ocorreu em todos os grupos; os instrumentos rotatórios de conicidade constante (Hero 642 e k3) apresentaram uma grande capacidade de manter o canal centrado e causaram menos transporte do canal do que os instrumentos de conicidade progressiva (ProTaper). Carvalho & Carnevalli (2012) avaliaram a alteração de curvatura de canais, quando da utilização de técnica manual e da técnica de rotação contínua com dois sistemas de limas de níquel-titânio. Os autores utilizaram 27 molares permanentes, superiores e inferiores, com curvaturas radiculares severas, divididos em três grupos: o Grupo 1 (controle) teve os dentes preparados pela técnica coroa-ápice com o auxílio das brocas Gates-Glidden n. 3, 2 e 1 para o desgaste cervical, e preparo dos terços médio e apical com limas tipo K flex calibres 15, 20, 25 e 30. No Grupo 2 (ProTaper), os dentes foram instrumentados com o sistema de acordo com a técnica proposta pelo fabricante até a obtenção do diâmetro apical equivalente ao calibre 30 (Lima F2). No Grupo 3 (ProFile), os dentes foram instrumentados com conicidade de 6%, de acordo com a técnica proposta pelo fabricante até a obtenção do diâmetro apical equivalente ao calibre 30. Para a execução das sequências de preparo manual e rotatório dos Grupos 1, 2 e 3, o canal foi irrigado com 5,0 ml de solução de hipoclorito de sódio 1,0%, a cada troca de instrumento. As diferenças de 52 angulações, das tomadas radiográficas inicial e final, foram submetidas à análise estatística pelo teste de Kruskal Wallis, com nível de significância de 1%. Os autores constataram que a manutenção do trajeto original do canal radicular foi satisfatória com a utilização dos instrumentos rotatórios e dos instrumentos manuais utilizados após alívio da porção cervical dos canais curvos. Houve redução significativa do ângulo de curvatura, principalmente naqueles casos em que as curvaturas foram consideradas severas. As fraturas dos instrumentos nos grupos rotatórios provavelmente ocorreram em razão da fadiga durante a utilização das limas, uma vez que todos os quatro instrumentos fraturados já estavam no quinto uso. De acordo com os resultados encontrados, os autores concluíram que não houve diferença significante quanto ao desvio de curvatura entre o preparo pelo método manual e o preparo pelo método de rotação contínua (sistema ProTaper) e o sistema ProFile) dos sistemas rotatórios. 53 3.3 Acidentes e complicações durante a irrigação Hülsmann e Hahn (2000) relataram que na literatura odontológica, vários percalços durante a irrigação do canal radicular foram descritos, que vão desde danos à roupa do paciente, borrifos do irrigante no paciente ou nos olhos do operador, a injeção através do forame apical ou enfisema aéreo e reações alérgicas ao irrigante. Relataram um caso em que o peróxido de hidrogénio de concentração desconhecida foi injetado nos tecidos moles. Como o tratamento foi realizado sob anestesia local, o paciente não sentiu dor, mas queixou-se um rápido inchaço desenvolvido no lábio superior e alguma dificuldade em respirar. O canal foi deixado aberto, foi prescrito antibiótico para o paciente e instruído a aplicar compressas frias. O enfisema, causado pelo oxigênio liberado do peróxido de hidrogênio, diminuiu em uma semana e tratamento do canal foi concluído. Mehra et al. (2000) descreveram que o hipoclorito de sódio(NaOCl) é uma das soluções de irrigação mais utilizadas na prática endodôntica. Suas propriedades antibacterianas, solventes e lubrificantes, clinicamente comprovadas, tornaram-no uma opção muito atraente como medicamento intracanal. Os autores apresentaram um caso de formação de hematoma facial após uma injeção acidental de hipoclorito de sódio nos tecidos periapicais de uma paciente de 51 anos de idade. A solução de NaOCl causou destruição tecidual extensa. Havia um significativo inchaço do tecido mole no lado esquerdo da sua face, incluindo a região periorbital e infraorbital, estendendo-se até o ângulo da mandíbula. Presença de forte equimose bilateral circundando as órbitas. O inchaço estava firme, endurecido, quente e dolorido à palpação. A paciente negou qualquer problema de dispneia ou odinofagia. Não havia trismo (alteração motora dos nervos trigêmeos, que impossibilita a abertura da boca) 54 associado. Um exame intraoral revelou uma equimose extensa em volta dos lábios, na mucosa oral vestibular e na mucosa da bochecha esquerda. A face posterior do hematoma estendeu-se até a região de retromolar. A gestão da condição exigiu hospitalização, antibioticoterapia endovenosa e múltiplas incisões cirúrgicas intraorais para facilitar a drenagem. A paciente foi assistida semanalmente na clínica de cirurgia bucomaxilofacial. Numa consulta de retorno após cinco semanas do procedimento mostrou resolução total do inchaço do tecido mole e da equimose sem defeito cosmético remanescente. Segundo esses autores, o uso de hipoclorito de sódio deve limitar-se ao sistema de canais radiculares (Figura 15). A B Figura 15 – Hematoma facial ocasionado pela injeção acidental de NaOCl dentro dos tecidos periapicais. A) Vista frontal da paciente, mostrando extenso inchaço e formação de hematoma do lado esquerdo da face; B) Vista frontal da paciente após cinco semanas da cirurgia, mostrando resolução total do inchaço e da equimose sem resíduo de nenhum defeito cosmético. Mehra et al., 2000. A Associação Americana de Endodontia (AAE, 2011) esclareceu que os irrigantes que atualmente são usados durante a limpeza e modelagem podem ser divididos em agentes antibacterianos e de descalcificação ou suas combinações. Eles incluem o hipoclorito de sódio (NaOCl), a clorexidina, o ácido 55 etilenodiaminotetracético (EDTA) e uma mistura de tetraciclina, um ácido e um detergente (MTAD). Qualquer solução irrigante, independente da toxicidade, tem a possibilidade de ocasionar problemas, quando experimenta extrusão aos tecidos perirradiculares. Entre as principais causas de extrusão de soluções irrigantes, mencionaram a injeção forçada de solução irrigante, a irrigação com a agulha presa dentro do canal, irrigação de dentes com forame apical amplo, reabsorção apical e ápice imaturo. Salum et al. (2012) revisaram a literatura sobre as reações alérgicas ao hipoclorito de sódio. Os autores constataram que houve diversos relatos de extrusão do NaOCl para os tecidos contíguos à raiz dental, sendo capaz de causar hemólise, ulcerações, inibição da migração de neutrófilos, danos ao endotélio e aos fibroblastos. Os autores salientaram que esses riscos reforçam a importância da anamnese para a prevenção dessas ocorrências, que, quando inevitáveis, a rápida interferência do profissional e o diagnóstico podem ser fundamentais para a saúde do paciente. Bither & Bither (2013) apresentaram um caso de efeitos involuntários de extrusão acidental de solução de hipoclorito de sódio para os tecidos perirradiculares por meio de perfuração lateral durante a instrumentação no decurso do tratamento do canal da raiz do segundo pré-molar maxilar direito. Um paciente do gênero masculino, com 65 anos de idade, queixava-se de dor e inchaço na região do prémolar superior direito por quatro dias. O exame clínico revelou eritema e inchaço suave que se estendia desde a eminência do canino direito da região intraoral do primeiro molar direito maxilar e uma ferida incisa acentuada no vestíbulo bucal pertencente ao segundo pré-molar maxilar direito. Havia evidência de pus e tecido necrosado na ferida. Extraoralmente, o inchaço se estendia da margem infraorbital 56 direita para o canto direito da boca e lateralmente à região malar direita, medindo 3,5 x 4 cm. O inchaço era suave e de temperatura elevada. Uma radiografia periapical revelou perfuração do aspecto mesial do terço médio da raiz. A história pregressa era de que 10 dias antes havia procurado um dentista, devido à dor na região do segundo pré-molar superior direito, que fez um diagnóstico clínico de pulpite irreversível e aconselhado a realizar um tratamento de canal sob anestesia local. Durante o tratamento, foi usado o NaOCl como irrigante, ocorrendo extrusão por meio de perfuração lateral da raiz para a área perirradicular e para a mucosa bucal, que apresentou-se como dor latejante e inchaço na região operada. Antibióticos, analgésicos e terapia com esteroides foram prescritos pelo dentista, mas o inchaço aumentou. Foi realizada uma incisão vestibular, a fim de drenar o abscesso, o que foi feito inadequadamente. A história médica revelou que o paciente estava em uso de medicação para diabetes e hipertensão. Após dois dias da incisão e de drenagem, o paciente não teve alívio e a ocorrência de tecido branco saindo da ferida. Nessa fase é que o paciente foi encaminhado para atendimento. O plano de tratamento foi feito, incluindo a extração do segundo pré-molar maxilar direito, a exploração da ferida e o desbridamento meticuloso do tecido necrosado. A secreção purulenta foi drenada através da perfuração da mucosa e irrigação direta do local afetado foi realizada com solução salina normal e 5% betadine (iodopovidona) para criar um ambiente propício para a cura. Antibióticos e analgésicos foram prescritos por um período de cinco dias. Após duas semanas, o inchaço e sintomas intra e extraorais tinham sido completamente resolvidos. O paciente foi chamado depois de dois meses, quando o exame clínico revelou cicatrização tranquila e satisfatória. Os autores relataram da necessidade de reconhecimento precoce e do manejo adequado, pelo dentista, dessas complicações, visando para garantir a melhor 57 prática clínica. A B D Figura 16 – Gestão do tratamento de extrusão de hipoclorito de sódio em tratamento endodôntico. A) Aspecto clínico inicial da lesão; B) Radiografia periapical; C) Vista após a extração do dente envolvido e o desbridamento; D) Ferida cicatrizada após dois meses. Fonte: Bither & Bither, 2013. 58 3.4 Acidentes e complicações durante a obturação Leonardo et al. (1998) afirmaram que a presença de uma sobreobturação conduz a uma resposta inflamatória mais grave, devido à baixa biocompatibilidade e à alta toxidade dos materiais de obturação, no entanto, o adequado selamento permite condições adequadas para que o processo de sobreobturação seja realizado. A sobreobturação, associada à extrusão do cemento selador ocasiona uma resposta inflamatória imediata, aguda, transitória, devido a sua baixa biocompatibilidade, produzindo um dano químico para os tecidos periapicais. No entanto, podem perpetuar-se caso o irritante não seja removido, o que pode acontecer no caso de alguns cimentos seladores que possuem liberação controlada de componentes tóxicos, como o eugenol. Os autores demonstraram que, quando são utilizados cimentos à base de óxido de zinco-eugenol, é pouco provável a obtenção de um fechamento apical completo com cimento reparativo, no entanto, preconizaram que é muito frequente encontrar a formação de um tecido cementoide delgado e, localizado próximo ao forame apical, mas nunca em contato com o cimento selador. Siqueira Jr (2001) considerou que a resposta inicial do tecido periapical a todos os cimentos a base de óxido de zinco-eugenol será do tipo inflamatório, mas à medida que os cementos alcançam sua conformação final, ocorre a reparação celular, a menos que o cemento se degrade, liberando um ou mais de seus componentes tóxicos. Apesar de se observar mais áreas de necrose do que outros cementos, mesmo quando a extensão dentro dos tecidos for mínima, o autor destacou que os tecidos finalmente cicatrizam na maior parte dos casos. Soares & Goldberf (2001) descreveram que a reação dos tecidos periapicais 59 está associada à instalação de um processo inflamatório crônico posterior ao processo agudo pela presença de um fator extrínseco como a guta-percha, ocasionando uma reação a um corpo estranho. Histologicamente, caracteriza-se pela presença de um infiltrado de células como macrófagos, células gigantes, linfócitos e células plasmáticas. Também pode haver mastócitos e eosinófilos, refletindo uma reação persistente. Além disso, a destruição tissular, induzida por células inflamatórias e tentativas de reparação por substituição do tecido lesado por tecido conjuntivo, tem objetivo principal é encapsular o agente irritante. Bramante et al. (2004) definiram sobre-extensão como a extensão de material sólido ou semissólido por meio do forame apical e que comumente implica que o espaço do canal radicular não tenha sido devidamente obturado; geralmente, é presidida de uma sobreinstrumentação (Figura 17). Quando isso acontece, há uma resposta inflamatória por parte dos tecidos adjacentes, mas o avanço a um processo de reparação é obstruído, devido à presença de uma percolação de fluidos teciduais ricos em proteínas, que se alimentam de substratos das bactérias residuais, continuando o processo infeccioso e, culminando com o fracasso do tratamento endodôntico. A sobreinstrumentação é identificada pela hemorragia persistente na região apical do canal radicular e pela dificuldade em travar o cone de guta-percha no momento de sua seleção. Em canais radiculares curvos, geralmente, o arrombamento do forame apical é acompanhado do transporte apical (zip). 60 Figura 17 – Sobreinstrumentação. A) e B) Arrombamento do forame apical; C) Tampão apical com pasta L&C; D) Obturação do canal radicular. Fonte: Lopes et al., 2004. Lopes et al. (2004) consideraram que a subinstrumentação (Figura 18) é uma complicação que pode ocorrer durante a obturação está relacionada a uma má determinação do comprimento de trabalho, isto é, o preparo do canal radicular aquém do limite apical de instrumentação estimado, com o instrumento endodôntico não atuando em toda a extensão do canal radicular. Segundo esses autores, erros na determinação do comprimento de patência e de trabalho, movimento de limagem, obstrução do segmento apical do canal radicular por detritos advindos da instrumentação ou de material obturador nos casos de retratamento endodôntico, volume deficiente de solução química auxiliar presente no interior do canal durante a instrumentação, irrigação-aspiração deficiente do canal radicular, canais atresiados e curvos, a não manutenção da patência foraminal durante a instrumentação do canal radicular, o uso de instrumentos endodônticos com pouca profundidade do canal helicoidal são as causas mais comuns para a ocorrência de subinstrumentação. 61 Figura 18 – Subinstrumentação. A) Obturação do segmento apical do canal radicular por material (cones de prata); B) Retratamento endodôntico – não remoção dos cones de prata dos canais radiculares. Fonte: Lopes et al., 2004. Lin et al. (2005) descreveram que a subinstrumentação ou o preenchimento incompleto dos canais radiculares (mais de dois milímetros do ápice radiográfico) geralmente ocorre como resultado de instrumentação incompleta ou formação borda do canal radicular durante instrumentação mecânica. A instrumentação incompleta geralmente é causada pela medição imprecisa do comprimento de trabalho e da patência ou da irrigação inadequada durante a instrumentação, levando ao acúmulo de detritos da dentina e obstrução do canal. Consequentemente, não ocorre a remoção do tecido necrótico infectado remanescente na porção apical do canal radicular, devido à incompleta ou formação de borda. Em dentes com necrose pulpar e lesão perirradicular, as bactérias colonizam não só dentro dos apicais a alguns milímetros do canal, mas também no forame apical. Um aspecto fundamental do tratamento endodôntico é a eliminação de bactérias do sistema de canais radiculares. Se isso não for feito, a infecção bacteriana persistente no canal radicular pode iniciar ou perpetuar a inflamação perirradicular após a terapia endodôntica. 62 Furlan Furtado et al. (2010) reportaram que a fratura radicular vertical (Figura 19) é um dos problemas de diagnóstico mais complexo e frustrante, obrigando o profissional, muitas vezes, uma vez conseguido seu diagnóstico, à extração do dente, se unirradicular, ou a hemisecção ou radilectomia (retirada de uma das raízes) em dentes multirradiculares. As fraturas radiculares verticais ocorrem durante as diferentes fases do tratamento: instrumentação, obturação, por efeitos da oclusão e da colocação de pinos e as causas mais comuns relacionam-se aos fatores iatrogênicos. Tanto na condensação lateral como a vertical, o risco de fratura é alto, quando força excessiva é exercida durante a compactação. Revisando a literatura sobre o tema, esses autores concluíram que para o diagnóstico precoce das fraturas radiculares verticais, deve ser valorizada, minuciosamente, cada uma das etapas da semiologia subjetiva e objetiva. A prevalência dessas fraturas acomete mais os prémolares superiores, seguidos dos incisivos e molares, na faixa média de idade de 50 anos, sendo que na literatura a maior prevalência ocorreu em dentes portadores de tratamento endodôntico e retentores intrarradiculares inadequados, principalmente em pilares de próteses fixas. Figura 19 – Diagnóstico de fratura radicular vertical – radiografia da região dos incisivos superiores, 63 mostrando nitidamente a fratura horizontal do elemento 11, com apenas uma radiografia ortorradial. Fonte: Furlan Furtado et al., 2010. Kuga et al. (2010) descreveram que o objetivo da obturação é evitar a infiltração da restauração coronal em direção ao forame apical e tecidos perirradiculares de uma potencial infecção bacteriana através de uma obturação do canal radicular. Os limites anatômicos do espaço pulpar são a junção dentinacemento apical e a câmara pulpar coronalmente. Mas persiste o debate que o ideal é o limite apical na obturação radicular. Os autores avaliaram a interferência do agente de irrigação final EDTA isoladamente ou procedida da clorexidina com os cimentos endodônticos Sealer 26 ou Sealapex em situações de sobreobturações endodônticas e constataram que o uso do gluconato de clorexidina a 2% após o EDTA a 17%, associado ao Selapex; apresentou o melhor selamento apical (p < 0,05). Contrariamente, para o Sealer 26 não foi verificado sinergismo entre método de irrigação final e cimento obturador (p > 0,05). Gutmann & Lovdahl (2012) estabeleceram algumas causas que podem causar sobre-extensão e a sobreobturação, quando se utiliza a compactação vertical ou lateral, tais como a sobreinstrumentação da constrição apical, resultando na ausência de uma matriz apical de dentina, erros durante o preparo biomecânico como a mudança na zona apical (zip), perfurações, desgastes, forças excessivas na compactação, o excesso de selante, principal uso de pequenos cones ou mal adaptados, penetração excessiva do instrumento para a compactação ou qualquer uma dessas combinações. Os autores referem que se deve prestar atenção aos detalhes; os comprimentos exatos de trabalho e o cuidado para mantê-los. A modificação da técnica de obturação também é preventiva, especialmente em 64 pacientes mais jovens com sistemas de canais radiculares mais amplos ou em dentes com reabsorção apical. Recomendaram, igualmente, limitar as forças de compactação e adaptar adequadamente o cone principal. 65 4 DISCUSSÃO O tratamento do sistema de canais radiculares é composto por diversos passos de igual importância no sucesso dessa terapia. O preparo biomecânico tem como função limpeza, desinfecção e a conformação do canal radicular para que possa receber o material obturador (Bramante et al., 2004). A terapêutica dos procedimentos endodônticos, como em outras disciplinas da Odontologia, por vezes, relacionam-se com circunstâncias imprevistas e indesejáveis. Gutmann & Lovdahl (2012) consideraram que o canal deve ser preparado três tamanhos maiores que seu diâmetro original, mencionando as razões para alargar o espaço do canal: remoção de bactérias e seus substratos, remoção de tecido pulpar necrótico, aumento da capacidade do canal radicular para reter uma quantidade maior de agentes esterilizantes, preparação do dente para receber a obturação do canal. Para Bramante et al. (2004) e Lopes et al. (2004) a instrumentação é uma das etapas mais importantes do preparo químico-mecânico dos canais radiculares. Seu objetivo é a obtenção de um canal radicular de formato cônico e contínuo (modelagem), com menor diâmetro apical e o menor em nível coronário. Para Gomes et al. (2005), quando os canais são retos, esses objetivos são alcançados sem maiores dificuldades. Por isso, Hülsmann et al. (2005) consideraram ser muito importante que o profissional saiba a anatomia do dente antes do início do tratamento para assegurar seu êxito. De acordo com Rodrigues et al. (2011), o desconhecimento da morfologia dos canais radiculares é uma das causas mais frequentes dos fracassos endodônticos. 66 Esse mesmo pensamento é seguido por Siqueira Jr (2001), ao afirmar que os insucessos podem ser reconhecidos por exames clínicos e radiográficos. A radiografia é o auxiliar de diagnóstico mais importante que permite ver os detalhes que não podem ser observados no exame clínico. Quanto mais paralela for a radiografia, mais precisa será a informação que ajudará a prevenir acidentes durante a terapia endodôntica. Para Vertucci (2005), a avaliação de duas ou mais radiografias periapicais é obrigatória. Entretanto, para Zhang et al. (2011), clinicamente, a Tomografia Computadorizada Cone Bean é uma boa opção, pois pode detectar raízes mais disto-lingual e canais em forma de C, e é considerada como um excelente método para a avaliação tridimensional da morfologia do canal radicular. No estudo de Vertucci (2005) com 200 pré-molares humanos, 75% deles apresentaram um canal até ao ápice; 24%, dois canais independentes e 1% tinha a presença de três canais e três forâmenes. Lopes et al. (2004) afirmaram que no decurso do tratamento podem ocorrer dois tipos de complicações, algumas derivadas de acidentes endodônticos e outras por iatrogenia. De acordo com Hülsmann et al. (2005), os acidentes podem ocorrer a partir de um diagnóstico incorreto, bem como durante a abertura da câmara de acesso, preparação biomecânica, irrigação e obturação dos canais radiculares. Várias técnicas manuais têm sido implementadas para evitar erros durante a preparação de canais curvos e estreitos, considerando que podem manter sua curvatura original e reduzir o risco de erros durante a preparação de (Soares & Goldberg, 2001). Um grande avanço foi a introdução de limas de níquel-titânio Ni-Ti manuais rotatórias, já que essas, segundo Vianna et al. (2008), mantêm a curvatura original do canal melhor do que as limas tipo K de aço inoxidável, já que possuem superflexibilidade, definida como a capacidade de retornar a sua forma original 67 depois de sofrer uma deformação, permitindo a rotação do instrumento para além da curva do canal. Conforme Maia Filho et al. (2005), os instrumentos de níquel-titânio têm boa resistência à fratura, mas podem fraturar com pouca ou nenhuma evidência visível, de forma inesperada, sem prévia deformação permanente e aparentemente dentro do limite de elasticidade. A fratura de instrumentos dentro do canal, a perda do comprimento de trabalho e complicações como zip, degrau, perfurações e o alargamento excessivo das paredes do canal radicular são alguns dos erros mais frequentes durante a preparação de canais curvos e estreitos (Leonardo, 2005), comprometendo o prognóstico de tratamento endodôntico. Bramante et al. (2004) preconizaram para a prevenção de um degrau durante a instrumentação de um canal radicular, iniciar-se na abertura coronária, com a remoção de projeções dentinárias da embocadura do canal (desgaste compensatório), visando facilitar as fases subsequentes do tratamento. Lopes et al. (2004) recomendaram que ante um caso de instrumento fraturado no interior do canal, para determinar a possibilidade de retirada, deverá ser avaliado o tipo de instrumento (se de aço inoxidável ou de níquel titânio), seu comprimento e sua localização, a relação entre o diâmetro e a forma da canal radicular, assim como a relação de contato (grau de retenção) do instrumento com as paredes do canal. Para a diminuição de erros na preparação de canais curso, foram introduzidos os sistemas rotatórios de Ni-Ti Pro-Taper, K3 Endo e Profile. Algumas das diferenças mais significativas desses instrumentos, em comparação com os manuais, são suas seções triangulares convexas que reduzem a área de contato entre a lima e a dentina; algum possuem pontas cortantes pouco agressivas, áreas radiais amplas que que tornam o instrumento mais resistentes à torção e ao estresse gerado durante a utilização. No entanto, apesar dessas modificações, seu uso em 68 canais curvos deve ser feito com cautela, já que estudos têm reportado fraturas desses instrumentos ao serem utilizados nesse tipo de canal (Batista et al., 2003). Ainda, afirmaram que os instrumentos ProFile de menor calibre tem maior tendência à distorção ou fratura. Diferentemente, no estudo realizado por Prescinotti et al. (2004) dos instrumentos de diâmetros menores, somente ocorreu a distorção de um n. 15 e fratura de um n. 25. O instrumento que mais fraturou foi o n. 30, com três fraturas no Grupo 1 e duas fraturas no Grupo 2, e o instrumento n. 30 foi o de maior diâmetro a atingir todo comprimento de trabalho. Esses autores consideraram que a distorção ou fratura dos instrumentos de pequeno calibre está mais vinculada à força axial aplicada pelo operador. O problema com a quebra de instrumentos no sistema de canais radiculares é que impede a possibilidade de uma limpeza adequada, de preparação e de obturação. Embora alguns dos instrumentos possam ser removidos, outros não podem ser retirados, devido à presença de curvaturas ou bloqueio total do lúmen do canal, evitando ultrapassar o segmento fraturado (Bramante et al., 2004). Hülsmann et al. (2005) referem que o êxito na remoção de instrumentos fraturados depende de fatores como o comprimento e a localização do fragmento, o diâmetro e a forma do canal radicular e a fricção do fragmento e seu impacto na dentina. Para Soares & Goldberg (2001), em todos os casos, é necessário criar uma abordagem direta até o fragmento, começando por melhorar o acesso coronal até obter uma visão sem interferências da entrada canal. Então, realizar um meticuloso acesso radicular com as brocas Gates-Glidden modificadas, cortando sua parte ativa, perpendicularmente ao seu eixo maior e a altura do seu maior diâmetro. Assim, cria-se uma plataforma sobre a porção mais coronal do instrumento fraturado para aumentar a visibilidade e o acesso até a obstrução. Outro problema técnico encontrado durante o desbridamento mecânico é a 69 perfuração da parede radicular. Esse problema pode comprometer o prognóstico do dente (Gutmann & Lovdahl, 2012). A perfuração da raiz pelo tratamento do canal radicular, também chamada trepanação, geralmente ocorre na junção do terço médio com o apical de canais de molares, atrésicos e curvos (Almeida & Alvares, 1991, Leonardo, 2005). Conforme Lopes et al. (2004), o tratamento das perfurações depende de treinamento e da experiência do clínico, localização e tamanho da perfuração e o tempo de intervenção. Dependendo do tamanho e da localização, a reparação pode ser alcançada quer por meio da abordagem endodôntica ou cirúrgica. Em todos os casos, devem ser fechadas para impedir o exsudato de substâncias nocivas no interior do dente até os tecidos periapicais (Bramante e Berbert, 1973). No estudo realizado por Bueno et al. (2007), o uso do MTA tornou o procedimento de vedamento da perfuração mais previsível, segundo esses autores, devido à biocompatibilidade e à capacidade seladora. Outra complicação que pode ocorrer durante o tratamento endodôntico é o uso da solução de hipoclorito de sódio (NaOCl). O NaOCl como irrigante é preconizado como de eleição na terapia endodôntica, principalmente, devido a sua eficácia para a dissolução pulpar e atividade antimicrobiana (AAE, 2011). Em contraste com essas propriedades vantajosas, o NaOCl tem demonstrado exercer múltiplos efeitos tóxicos. Em contato direto com os tecidos vitais, implica em inflamação aguda, destruição celular em todos os tecidos, exceto o epitélio fortemente queratinizado, seguido de necrose dos tecidos em questão (Bither & Bither, 2013). O NaOCl tem um pH de cerca de 11 a 12 e induz a lesões, principalmente, à oxidação das proteínas. O efeito citotóxico do NaOCl em tecidos vitais resulta em hemólise, inibição da migração de neutrófilos, danos endoteliais e células de fibroblastos e de desmielinização do nervo facial (Hülsmann e Hahn, 70 2000). Para Salum et al. (2012), relatos de acidentes ou reações de hipersensibilidade durante a irrigação dos canais com NaOCl reafirma a necessidade do reconhecimento precoce e do manejo adequado dessas complicações pelo dentista, visando garantir a melhor prática clínica e a saúde do paciente. As fraturas radiculares também são outra complicação que pode ocorrer durante a obturação do canal radicular ou na cimentação de um núcleo, mas também podem se manifestar algum tempo após a complementação do tratamento (Bramante et al., 2004). O diagnóstico de fratura radicular é extremamente difícil, principalmente, quando uma coroa está cimentada, dificultando a visualização clínica direta e o exame radiográfico, ou quando a fratura radicular é no sentido vertical. Sua confirmação ocorre, quando a superfície radicular é exposta à visualização direta, com o auxílio de manobras cirúrgicas (Furlan Furtado et al., 2010). Os efeitos de outros fatores tais como inclinação, tamanho e forma das cúspides, quantidade, duração e direção das forças oclusais devem ser avaliados, para determinar sua relação com a fratura dental (Leonardo, 2005). Outros erros que conduzem a complicações são os decorrentes das sobreobturações e das subobturações. Lopes et al. (2004) recomendaram, no caso de sobreinstrumentação, o estabelecimento de um novo batente apical dentro dos limites do canal radicular, situado, aproximadamente, de 2 a 3 mm a partir do forame apical, objetivando formar um anteparo para a limitação do material obturador do canal radicular. Quanto ao prognóstico, Lin et al. (2005) demonstrou 68% de sucesso em dentes subinstrumentados, menor do que os casos de sobreinstrumentação (76% de sucesso). 1. 71 5 CONCLUSÃO Parece-nos licito afirmar que: 1. o completo conhecimento da anatomia coronária e radicular, a obtenção de radiografias de boa qualidade para a constatação de anomalias dentais, de calcificações radiculares, da inclinação e da superposição dos dentes em relação à arcada, e a utilização de instrumental e técnicas adequados são condições essenciais para evitar acidentes operatórios; 2. nem todos os recursos de preparo de canais são igualmente eficientes. As brocas Gates-Glidden, embora tenham custo menor, têm tendência para parafusamento. Como resultado, ao utilizá-las pode-se remover maior quantidade de dentina que o desejado, especialmente no terço coronário; 3. uma grande quantidade de técnicas e equipamentos tem sido descrita na literatura para efetuar a remoção de instrumentos fraturados do interior dos canais radiculares. O profissional deve avaliar aspectos como o local onde o instrumento está fraturado, o tipo de instrumento fraturado, o dente em que está o instrumento, qual a espessura das paredes de dentina do dente; 4. o conhecimento de cada uma das etapas que fazem parte do tratamento endodôntico e o respeito às normas e recomendações estabelecidas são os fatores que impedem a ocorrência de complicações 72 REFERÊNCIAS1 1. American Association of Endodontists. AAE. [homepage na Internet]. Endodontics: Colleagues for Excellence. 2011 [acesso em 17 dez 2013]. Disponível em: http://www.aae.org/uploadedfiles/publications_and_research/endodontics_coll eagues_for_excellence_newsletter/rootcanalirrigantsdisinfectants.pdf. 2. Aguiar CM, Câmara AC, Moraes AÇ. Avaliação radiográfica do desvio apical em canais instrumentados com o sistema ProTaper. Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent, jan./fev. 2006;60(1):67-71. 3. Almeida EM, Alvares S. Tratamento das trepanações dentais. In: Alvares S. Endodontia clínica. 2. ed. 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