FORTISSIMO Nº 3 — 2015
MAIO
62
Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais
apresentam
SUMÁRIO
p. 8
ALLEGRO
V I VA C E
Quinta
Sexta
07/05
08/05
Marcos Arakaki, regente
Anna Vinnitskaya, piano
PROKOFIEV
PROKOFIEV
BRAHMS
Sinfonia nº 1 em Ré maior, op. 25, “Clássica”
Concerto para piano nº 2 em sol menor, op. 16
Sinfonia nº 2 em Ré maior, op. 73
p. 22
PRESTO
VELOCE
Quinta
Sexta
14/05
15/05
Michal Nesterowicz, regente convidado
Amit Peled, violoncelo
SIBELIUS
HERBERT
FAURÉ
SIBELIUS
SIBELIUS
Finlândia, op. 26
Concerto para violoncelo nº 2 em mi menor, op. 30
Pelléas e Mélisande, op. 80: Suíte
Sinfonia nº 7 em Dó maior, op. 105
Valse triste, op. 44, nº 1
p. 40
ALLEGRO
V I VA C E
Quinta
Sexta
28/05
29/05
Fabio Mechetti, regente
Duo Binelli-Ferman
Daniel Binelli, bandoneon
Polly Ferman, piano
CHÁVEZ
Sinfonia nº 2, “Índia”
BINELLI
ALBENIZ / Arbós
FALLA
Homenagem ao tango
Suíte Ibéria
O Sombreiro de Três Picos: Suíte nº 2
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CAROS AMIGOS E AMIGAS,
Vários solistas internacionais se
apresentam pela primeira vez com
a Filarmônica neste mês. A pianista
russa Anna Vinnitskaya traz ao nosso
palco um dos mais desafiadores
concertos para piano, o Segundo de
Prokofiev. Dotada de extraordinário
talento, ela certamente irá atender
a todas as expectativas de nosso
público. Neste concerto, Marcos
Arakaki traz a belíssima Sinfonia nº 2
de Brahms e a charmosa Sinfonia
Clássica, também de Prokofiev.
FOTO: RAFAEL MOTTA
As comemorações dos 150 anos de
Sibelius continuam com um concerto
onde não menos que três de suas mais
importantes obras serão apresentadas:
sua última sinfonia, o poema sinfônico
Finlândia, retratando sua terra
natal, e a pungente e preciosa Valse
triste. Dirigindo nossa Filarmônica
pela primeira vez, o regente
polonês Michal Nesterowicz, com
o violoncelista israelita-americano
Amit Peled, fará desta uma das noites
mais memoráveis da temporada.
de impressionante musicalidade, ela
promete uma experiência marcante.
A exploração da música de Beethoven
continua com sua revolucionária
Sinfonia Eroica, uma das obras mais
significativas do gênio de Bonn,
responsável por uma nova visão da
sinfonia enquanto forma musical.
O mês se encerra com o retorno do
simpático bandoneonista Daniel
Binelli, desta vez em parceria com
a pianista Polly Ferman, numa
Homenagem ao tango, obra escrita
pelo artista argentino. Essa noite
latina mostrará ainda a energia
quase primitiva da Sinfonia Índia
do mexicano Carlos Chávez, o
lirismo e inegável sabor ibérico da
música de Isaac Albéniz e o colorido
inigualável de Manuel de Falla.
Finalmente, a Filarmônica faz sua
primeira apresentação ao ar livre
e oferece um concerto a toda a
população belo-horizontina, na Praça
da Liberdade, no dia 10 de maio.
A jovem pianista Natasha Paremski
também estreia com a Filarmônica
ao interpretar o Terceiro Concerto
de Beethoven na série Fora de
Com vocês, esperamos fazer
dos concertos da Filarmônica
atividades imperdíveis na vida
cultural da cidade e do estado.
Série. Vencedora de importantes
concursos internacionais e dotada
Tenham todos um grande concerto.
FABIO MECHETTI
Diretor Artístico e Regente Titular
FOTO: RAFAEL MOTTA
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6
7
Jacksonville, sendo, agora, Regente
Emérito destas duas últimas.
Foi regente associado de Mstislav
Rostropovich na Orquestra Sinfônica
Nacional de Washington e com ela
dirigiu concertos no Kennedy Center
e no Capitólio norte-americano. Da
Orquestra Sinfônica de San Diego
foi Regente Residente.
FOTO: ALEXA NDRE REZEN DE
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti
é Diretor Artístico e Regente Titular
da Orquestra Filarmônica de
Minas Gerais desde sua criação, em
2008. Por esse trabalho, recebeu o
XII Prêmio Carlos Gomes/2009 na
categoria Melhor Regente brasileiro.
Recentemente, tornou-se o primeiro
brasileiro a ser convidado a dirigir
uma orquestra asiática, sendo
FABIO
MECHETTI
nomeado Regente Principal da
Orquestra Filarmônica da Malásia.
Foi Regente Titular da Orquestra
Sinfônica de Syracuse, da
Orquestra Sinfônica de Spokane
e da Orquestra Sinfônica de
Fez sua estreia no Carnegie Hall
de Nova York conduzindo a
Orquestra Sinfônica de Nova Jersey
e tem dirigido inúmeras orquestras
norte-americanas, como as de
Seattle, Buffalo, Utah, Rochester,
Phoenix, Columbus, entre outras.
É convidado frequente dos festivais
de verão nos Estados Unidos, entre
eles os de Grant Park em Chicago
e Chautauqua em Nova York.
Dinamarca, Mechetti dirige
regularmente na Escandinávia,
particularmente a Orquestra
da Rádio Dinamarquesa e a de
Helsingborg, Suécia. Recentemente,
estreou na Itália conduzindo a
Orquestra Sinfônica de Roma. Em
2015 dirigirá a Orquestra Sinfônica
de Odense, também na Dinamarca.
No Brasil foi convidado a dirigir a
Sinfônica Brasileira, a Estadual de São
Paulo, as orquestras de Porto Alegre,
Brasília e Paraná e as municipais
de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Trabalhou com artistas como Alicia
de Larrocha, Thomas Hampson,
Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
Kathleen Battle, entre outros.
Realizou diversos concertos no
México, Peru e Venezuela. No Japão
dirigiu as Orquestras Sinfônicas de
Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Na
Europa regeu a Orquestra Sinfônica
da BBC da Escócia e a Orquestra
da Radio e TV da Espanha. Dirigiu
também a Filarmônica de Auckland,
Igualmente aclamado como
regente de ópera, estreou nos
Estados Unidos dirigindo a Ópera
de Washington. No seu repertório
destacam-se produções de Tosca,
Turandot, Carmen, Don Giovanni,
Cosi fan Tutte, Bohème, Butterfly,
Barbeiro de Sevilha, La Traviata e
Nova Zelândia, a Orquestra Sinfônica
de Quebec, Canadá, e a Filarmônica
de Tampere, na Finlândia.
As Alegres Comadres de Windsor.
Vencedor do Concurso Internacional
de Regência Nicolai Malko, na
Fabio Mechetti recebeu títulos
de Mestrado em Regência e em
Composição pela prestigiosa
Juilliard School de Nova York.
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9
MARCOS ARAKAKI
regente
ANNA VINNITSKAYA
piano
ALLEGRO
Quinta
07/05
PROGRAMA
V I VA C E
Sergei PROKOFIEV
Sexta
Sinfonia nº 1 em Ré maior, op. 25, “Clássica”
08/05
• Allegro
• Larghetto
• Gavotte: Non troppo allegro
• Finale: Molto vivace
Sergei PROKOFIEV
Concerto para piano nº 2 em sol menor, op. 16
• Andantino – Allegretto
ANNA
VINNITSKAYA
piano
• Scherzo: Vivace
• Intermezzo: Allegro moderato
• Finale: Allegro tempestoso
– I N T E RVA L O –
Johannes BRAHMS
PATROCÍNIO
Sinfonia nº 2 em Ré maior, op. 73
• Allegro non troppo
• Adagio non troppo
• Allegretto grazioso (quasi andantino)
• Allegro con spirito
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ALLEGRO E VIVACE
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Universidade Nacional Autônoma
do México, Sinfônica de Xalapa
(México), a Kharkov Philharmonic
(Ucrânia) e a Bohuslav Martinu
Philharmonic (República Tcheca).
F OTO: RAFAEL MOTTA
Marcos Arakaki é o Regente Associado
da Orquestra Filarmônica de Minas
Gerais e tem colaborado com a
Filarmônica desde a Temporada 2011.
MARCOS
ARAKAKI
Arakaki tem dirigido importantes
orquestras no Brasil e no exterior.
Dentre elas a Orquestra Sinfônica
do Estado de São Paulo, a
Orquestra Sinfônica Brasileira,
as sinfônicas de Minas Gerais, do
Paraná, da Paraíba, de Campinas
e da Universidade de São Paulo, a
Petrobras Sinfônica, Orquestra do
Teatro Nacional Claudio Santoro,
a Orquestra Experimental de
Repertório, a Camerata Fukuda, a
Orquestra Filarmônica de Buenos
Aires, Orquestra Filarmônica da
Sua trajetória artística é marcada
por diversos prêmios. Vencedor do
1º Concurso Eleazar de Carvalho
para Jovens Regentes, promovido
pela Orquestra Petrobras Sinfônica
(2001), e do 1º Prêmio Camargo
Guarnieri, realizado pelo Festival
Internacional de Campos do
Jordão (2009), Arakaki também
foi finalista do 1º Concurso Latinoamericano de Regência Orquestral
da Osesp (2005) e semifinalista
no 3º Concurso Internacional
Eduardo Mata, realizado na
Cidade do México (2007).
Em 2005, foi o principal regente
da Orquestra Sinfônica de
Ribeirão Preto. Entre 2007 e
2010, trabalhou como titular da
Orquestra Sinfônica da Paraíba e
assistente da Orquestra Sinfônica
Brasileira. Como regente titular,
Arakaki promoveu a reestruturação
da Orquestra Sinfônica Brasileira
Jovem entre os anos de 2008 e 2010,
recebendo grande reconhecimento
da crítica especializada e do público
na cidade do Rio de Janeiro.
Gravou em 2010 a trilha sonora do
filme Nosso Lar, composta por Philip
Glass, juntamente com a Orquestra
Sinfônica Brasileira. Arakaki já
fez a estreia mundial de mais de
quarenta obras para orquestra.
Paralelamente, tem desenvolvido
atividades como coordenador
pedagógico, professor e palestrante
em diversos projetos culturais e
em importantes instituições, como
Música na Estrada, Casa do Saber
do Rio de Janeiro, Universidade
Federal da Paraíba e Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.
Marcos Arakaki é bacharel em
Música pela Universidade Estadual
Paulista (Unesp, 1998), concluindo
seu mestrado em Regência Orquestral
pela Universidade de Massachusetts
em 2004, com apoio da Fundação
Vitae. Participou de masterclasses
com os maestros Kurt Masur,
Charles Dutoit, Alan Hazendine,
Kirk Trevor, Dante Anzolini,
Fabio Mechetti, John Neschling,
Roberto Minczuk, Roberto Tibiriçá,
Nelson Nirenberg e Lanfranco
Marcelletti. Em 2005 participou do
Aspen Music Festival and School,
tendo aulas com David Zinman na
American Academy of Conducting
at Aspen, nos Estados Unidos.
Desde 2013, Arakaki também
é professor de Regência na
Universidade Federal da Paraíba
e Regente Titular da Orquestra
Sinfônica da mesma instituição.
12
ALLEGRO E VIVACE
13
F OTO: GELA MEGRELI DZE
Borusan, Brno Philharmonic, estreia
nos Estados Unidos com a Sinfônica
de Indianápolis, apresentações
com a Orquestra Filarmônica de
Minas Gerais, Filarmônica de Oslo
e Sinfônica WDR de Colônia.
Após uma bem-sucedida estreia no
The Frick Collection de Nova York,
os recitais desta temporada incluem
Berlim, Bruxelas, Hasselt e Kiel.
Aclamada pelo Washington Post
como uma “leoa ao teclado,” Anna
Vinnitskaya se destaca como uma das
pianistas mais emocionantes de sua
geração. Nascida na Rússia, fez sua
estreia com orquestra aos oito anos e
o primeiro recital aos nove. Estudou
na Rússia com Sergej Osipenko e
em seguida com Evgeni Koroliov
na Universidade de Hamburgo de
Música e Teatro, onde depois foi
nomeada professora de Piano.
ANNA
VINNITSKAYA
Já estabelecida no cenário
internacional, seus próximos
compromissos são com a Orquestra
do Estado de Atenas, Filarmônica de
Outras orquestras com as quais
Vinnitskaya tem se apresentado
incluem a Sinfônica da Cidade
de Birmingham, Câmara
Filarmônica Alemã de Bremen,
Konzerthausorchester de Berlim,
Filarmônica de Munique, Orquestra
Nacional da Rússia, as sinfônicas
de rádio de Hamburgo, Stuttgart e
Berlim; New Japan Philharmonic,
Orchestre de la Suisse Romande,
Filarmônica de Israel, KBS Orquestra
Sinfônica de Seul, Sinfônica
Tchaikovsky e no Festival de Lucerna.
A pianista colabora regularmente com
maestros como Andrey Boreyko, Alan
Buribayev, Charles Dutoit, Vladimir
Fedoseyev, Reinhard Goebel, Pietari
Inkinen, Marek Janowski, Dimitri
Jurowski, Emmanuel Krivine, Louis
Langree, Yoel Levi, Andris Nelsons,
Kyrill Petrenko, Helmut Rilling,
Krzysztof Urbański, Juraj Valcuha e
Gilbert Varga. Na música de câmara,
Vinnitskaya se apresenta em um trio
com o violinista Erik Schumann e
o violoncelista Nicolas Altstaedt.
Anna Vinnitskaya venceu vários
concursos internacionais de piano
e recebeu, entre outros, o primeiro
prêmio no Concurso Rainha
Elisabeth 2007 e o Prêmio Leonard
Bernstein no Festival de Música de
Schleswig-Holstein 2008. Há três
anos participa da série de concertos
Junge Wilde para jovens artistas,
no Konzerthaus de Dortmund.
Sua pimeira gravação, pelo selo
Naïve, com obras de Rachmaninov,
Gubaidulina, Medtner e Prokofiev,
recebeu o Diapason d’Or e o
Choc du Mois, pela Classica
Magazine. Seu primeiro CD
orquestral, com o Concerto nº 2
de Prokofiev e o Concerto em Sol
de Ravel, com a Deutsches
Sinfonieorchester de Berlim sob
direção de Gilbert Varga, lhe rendeu
o prêmio Echo Klassik. O CD mais
recente, com obras de Ravel, também
recebeu o prêmio Diapason d’Or.
14
ALLEGRO E VIVACE
Sergei Prokofiev |
15
Império Russo, atual Ucrânia, 1891 – Rússia, 1953
SINFONIA Nº 1 EM RÉ MAIOR, OP. 25, “CLÁSSICA” (1916/1917)
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas,
2 trompetes, tímpanos, cordas.
13 min
A trajetória musical de Prokofiev,
com suas implicações estéticas,
relaciona-se diretamente com
a história de seu país. Sob essa
perspectiva, divide-se em três
períodos bem distintos – a fase russa,
a ocidental e a soviética. A fase russa
compreende os anos de aprendizado
e afirmação no cenário musical da
Rússia czarista. O período ocidental
inicia-se após a Revolução, quando,
em 1918, o compositor abandona
a Rússia leninista para viver por
muitos anos entre a França, os
Estados Unidos e a Alemanha. A
partir de 1927, Prokofiev começa
a reatar contatos com a URSS. Em
1936, escreve para o Teatro Infantil
de Moscou o conto musical Pedro e o
Lobo e volta definitivamente à Rússia,
iniciando sua fase soviética, durante
os mais rigorosos anos dos expurgos
stalinistas. Prokofiev morreu a 5 de
março de 1953, coincidentemente
o mesmo dia da morte de Stalin.
A Sinfonia op. 25 pertence ao final da
fase russa. Desde seus últimos anos
como estudante do Conservatório
de São Petersburgo, Prokofiev
frequentava as Noites de Música
Contemporânea, quando entrou em
contato com a obra inovadora de
Debussy e Schoenberg. Intuitivamente,
sua música se associava à estética da
época, à pintura de Kandinsky e à
literatura de Maiakovski. Aos vinte e
cinco anos era bastante conhecido, e
algumas de suas recentes composições
(entre elas, o Concerto para piano nº 2)
causavam espanto pela aspereza
harmônica e rítmica. Alguns críticos o
acusavam de “maquinismo” futurista
e de iconoclastia revolucionária. A
Sinfonia Clássica, concebida segundo
os processos formais de Haydn,
pareceu uma resposta do compositor,
quando ele a regeu, a 21 de abril de
1918 em São Petersburgo. Na verdade,
a motivação de Prokofiev era bem
mais prosaica: tratava-se de compor
uma sinfonia sem o auxílio do piano.
O primeiro movimento é um Allegro
em forma sonata. O animado
primeiro tema começa com um
acorde forte seguido de figurações
de escalas em piano (procedimento
recorrente entre os clássicos
vienenses). O segundo tema, mais
dançante, caracteriza-se pelo
acompanhamento staccato do fagote e
particular de Prokofiev. O tema
é apresentado pelos violinos nos
registros mais altos e reaparece,
alternando-se com dois episódios. O
primeiro episódio é particularmente
interessante, pela união do fagote
e de todas as cordas em pizzicati.
A pequena Gavotte foi composta
em 1916, antes do resto da Sinfonia,
dentro da forma A-B-A usual. A
parte central tornou-se célebre,
apresentando uma canção popular
russa nas madeiras sobre os
acordes de quinta das cordas.
O Finale é um efervescente rondósonata que utiliza motivos do
Allegro inicial em três temas curtos.
O primeiro aparece nas cordas,
marcado pelos tímpanos. As
madeiras desenham o segundo tema
sobre tradicionais baixos d’Alberti
(acompanhamento da melodia
com acordes arpejados). O terceiro
tema, confiado à flauta e depois aos
violinos, contém a ideia melódica
dominante desse final repleto de
espírito bem russo e popular.
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
PARA OUVIR
CD Prokofiev – Pierre et le loup; Symphonie
classique; Ouverture sur des thèmes juifs; Marche
– The Chamber Orchestra of Europe – Claudio
Abbado, regente – Deutsche Grammophon – 1990
PARA LER
Claude Samuel – Prokofiev – Éditions
du Seuil, Solfèges – 1995
grandes saltos melódicos nos violinos.
Paul Griffiths – A Música Moderna – Clóvis
No Larghetto, apesar dessa indicação
para o andamento, trata-se de
um delicado minueto, com seu
ritmo ternário e um lirismo muito
Marques, tradução – Jorge Zahar Editor – 1998
PARA ASSISTIR
Orquestra Filarmônica de Munique – Sergiu
Celibidache, regente | Acesse: fil.mg/psinfclassica
16
ALLEGRO E VIVACE
Sergei Prokofiev |
17
Império Russo, atual Ucrânia, 1891 – Rússia, 1953
CONCERTO PARA PIANO Nº 2 EM SOL MENOR, OP. 16
( Versão original, 1913 – Versão definitiva, 1923)
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.
31 min
Pela qualidade de sua vultosa obra,
Prokofiev certamente encontra-se
entre os compositores mais relevantes
da primeira metade do século
XX. Entretanto, diferentemente
de Debussy, Stravinsky, Bartók,
Schoenberg ou Webern, ele nunca
pretendeu renovar a linguagem
musical ou criar uma nova técnica
de composição. Em linhas gerais,
manteve-se fiel à tonalidade, e suas
inovações se referem mais aos efeitos
do que às estruturas musicais.
A originalidade da música de
Prokofiev emerge diretamente de
sua destreza de exímio pianista,
na busca de recursos inéditos para
a técnica do instrumento. Foi
primordialmente para seus dedos
ávidos de novidades que ele a
compôs. Aos seis anos, já usava
o piano para criar pequenos
esboços musicais, como um curioso
Galope hindu (escrito no modo
lídio de fá, para evitar as teclas
pretas). Quando estreou a primeira
versão do Concerto nº 2, era ainda
aluno do Conservatório. Parte
do público abandonou o teatro
durante a apresentação, protestando
contra o caráter inusitado da obra.
Prokofiev ficou encantado com o
escândalo e concedeu vários extras.
O Concerto op. 16 divide-se em
quatro movimentos. O primeiro,
Andantino, começa pianíssimo, com
o primeiro tema cantabile, muito
russo, confiado ao solo do clarinete.
A intervenção orquestral é bem
equilibrada e muito expressiva.
O segundo tema, Allegretto, tem
caráter dançante e apresenta
algumas novas ideias, submetidas
a transformações engenhosas. Em
um procedimento formal inédito,
Prokofiev substitui o tradicional
desenvolvimento por uma dilatada
cadenza que, sozinha, ocupa quase a
metade do movimento, exigindo do
solista verdadeira acrobacia técnica,
resistência física e gestual vigoroso.
Audaciosa em sua linguagem
harmônica, repleta de acordes
tumultuosos e arpejos inusitados,
essa assombrosa passagem culmina na
volta em fortíssimo da orquestra com
todo o peso dos metais. É o começo
da coda, cujo diminuendo traz de
volta a atmosfera nostálgica inicial.
O Scherzo (Vivace) é um
perpetuum mobile. O pianista
tece arabescos fantasiosos com
imutáveis e rápidas semicolcheias
articuladas paralelamente nas
duas mãos. A orquestra trabalha
um material disperso criando
harmonias surpreendentes e a
curiosa interferência rítmica de
agudos pizzicati nos sopros.
O Intermezzo (Allegro moderato)
começa com ameaçadores saltos
retumbantes nos graves sobre os quais
os metais anunciam suas fanfarras.
O piano enriquece o quadro com um
colorido novo, dinâmicos contrastes,
elaboradas estruturas rítmicas e
cintilantes arroubos virtuosísticos.
Episodicamente, o movimento é
suavizado pelo relevo das melodias;
mas no todo domina o acento bárbaro.
O Finale (Allegro tempestoso) tem
dimensões imponentes e uma
lógica formal que tira partido das
vivas alternâncias de atmosferas.
No início, o piano exibe seu vigor
em acordes robustos e saltos de
oitava por todo o teclado. Um
dos momentos contrastantes mais
líricos acontece quando o solista
canta uma melodiosa berceuse,
repleta de ternura. Após as ousadas
dissonâncias da coda, o concerto
culmina em altivo clima de vitória.
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
PARA OUVIR
CD Prokofiev – Os Cinco Concertos para
Piano – Orquestra da Gewandhaus de
Leipzig – Kurt Masur, regente – Michel Beroff,
piano – EMI Classics, França – 1988
PARA ASSISTIR
deFilharmonie – Edo de Waart, regente – Boris
Giltburg, piano | Acesse: fil.mg/ppiano2
18
ALLEGRO E VIVACE
19
Johannes Brahms |
Alemanha, 1833 – Áustria, 1897
SINFONIA Nº 2 EM RÉ MAIOR, OP. 73 (1877)
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
3 trombones, tuba, tímpanos, cordas.
40 min
“Em Wagner a harmonia possui um
significado muito abrangente, mas, no
que se refere às relações harmônicas,
Brahms é mais rico”. Essa afirmação
do compositor austríaco Anton
Webern, uma das figuras emblemáticas
da vanguarda do século XX, se choca
com a visão do século XIX sobre o
compositor. Ao contrário de Wagner,
considerado revolucionário, Brahms
era visto como conservador. Sua
revalorização no início do século XX,
notadamente por Schoenberg, que
aponta sua liberdade rítmica e ousadia
harmônica, representou significativa
mudança na apreciação de sua obra.
Um olhar atual nos mostra que as
diferenças entre Wagner e Brahms
são, antes, complementares. O
primeiro compõe essencialmente
ópera; Brahms dedicou-se a todos
os gêneros, exceto balé e ópera.
A mistura entre aspectos formais
herdados da tradição clássica,
particularmente Beethoven, a canção
popular alemã e a polifonia dos
antigos mestres apresenta-se em sua
música com cores e nuances originais.
A Segunda Sinfonia, escrita no
verão de 1877, talvez seja a mais
lírica e luminosa das quatro
escritas pelo compositor. Seu tom
primaveril contrasta com o caráter
sombrio da Primeira. Na Segunda,
a harmonia é cheia de matizes e
reflete a mistura de luz e sombra
resultante de um cromatismo sutil
mesclado com elementos diatônicos.
Jovem, Brahms estuda com
profundidade os mestres antigos
Bach, Lassus e Palestrina, ampliando
o colorido harmônico e a presença do
contraponto em sua obra. A imagem
de Brahms como criador voltado para
O Allegro non troppo, em Ré maior,
escrito em compasso ternário como
uma espécie de valsa sinfônica,
é uma forma sonata típica, com
um primeiro tema apresentado
como diálogo entre cordas graves e
trompas e madeiras, culminando em
extrovertida melodia nos violinos,
repetida nas flautas. O segundo tema,
em Fá sustenido menor, surge nas
violas e violoncelos quase como uma
o passado deriva desse seu apreço
pela polifonia e procedimentos
harmônicos praticados por aqueles
mestres. O notável é que exatamente
essa influência é que vai enriquecer
sua música, como apontou Webern.
canção de ninar. O desenvolvimento
é amplo e agitado, com os motivos
iniciais trabalhados em polifonia
densa e complexa. Finalmente, a
reexposição do tema, transformada,
retoma a atmosfera serena do início.
No Adagio non troppo, em Si maior, de
caráter melancólico, Brahms utiliza
uma harmonia mais tensa e explora
o expressivo cantabile das cordas.
A melodia inicial, nos violoncelos,
é repetida com variações ao longo
do movimento, possibilitando um
colorido orquestral cheio de sutilezas
harmônicas e contrapontísticas.
O Allegretto grazioso (quasi andantino),
em Sol maior, é o movimento mais
curto e jovial. Em forma de rondó,
suas mudanças de caráter e tempo
sugerem danças com diferentes
características rítmicas e métricas,
como numa suíte barroca.
No Allegro con spirito, último
movimento, brilhante e rápido,
Brahms utiliza a forma sonata
ampliada, com tratamento temático
complexo. A ampla utilização da
orquestra e o material temático,
submetido a transformações
e deslocamentos rítmicos,
acentuam o brilho e o vigor desse
movimento, conduzindo a uma
conclusão grandiosa da obra.
RUBNER DE ABREU Músico, professor e
coordenador pedagógico da Fundação de
Educação Artística, fundador e diretor do
grupo Oficina Música Viva.
PARA OUVIR
CD Brahms – The Symphonies – Chicago
Simphony Orchestra – Sir Georg Solti, regente
– Decca, Londres – 1996
PARA LER
Arnold Schoenberg – Style and idea: selected
writings – University of California Press – 2010
PARA ASSISTIR
Orquestra Filarmônica de Viena – Carlos
Kleiber, regente | Acesse: fil.mg/bsinf2
FOTO: AN DRÉ FO SSATI
22
23
MICHAL NESTEROWICZ
regente convidado
AMIT PELED
violoncelo
PROGRAMA
PRESTO
Quinta
14/05
Jean SIBELIUS
VELOCE
Victor HERBERT
Finlândia, op. 26
Sexta
Concerto para violoncelo nº 2 em mi menor,
op. 30
15/05
• Allegro impetuoso
AMIT PELED
violoncelo
• Andante tranquillo
• Allegro
– I N T E RVA L O –
Gabriel FAURÉ
Pelléas e Mélisande, op. 80: Suíte
• Prelúdio: Quasi adagio
• Fiandeira: Andantino quasi allegretto
• Siciliana: Allegretto molto moderato
• Morte de Mélisande: Molto adagio
Jean SIBELIUS
PATROCÍNIO
Sinfonia nº 7 em Dó maior, op. 105
Jean SIBELIUS
Valse triste, op. 44, nº 1
24
PRESTO E VELOCE
25
FOTO: MIREK PIETRUSZ YN SKI
Desde que venceu o Concurso
de Regência de Cadaques, na
Espanha, em 2008, Michal
Nesterowicz passou a conduzir
muitas das principais orquestras
da Espanha, Suíça, Itália, Polônia
e Reino Unido, bem como
inúmeros outros conjuntos
europeus de destaque.
MICHAL
NESTEROWICZ
Na atual temporada, Nesterowicz
faz sua estreia com a Orquestra
Filarmônica de Munique, as
sinfônicas das rádios de Colônia
(WDR) e de Hamburgo (NDR),
a Orquestra Sinfônica de Bilbao,
Orquestra Filarmônica de
Luxemburgo, Filarmônica de
Tampere, Orquestra Filarmônica
de Nice e Filarmônica de Minas
Gerais. O maestro também retorna
à Orquestra Sinfônica de Barcelona,
Orquestra Sinfônica da Galícia,
na Espanha, Sinfonieorchester
Basel, na Suíça, e à Orquestra Real
Filarmônica, no Reino Unido.
Em sua terceira temporada como
diretor artístico da Orquestra de
Tenerife, Espanha, Nesterowicz
continuará com os ciclos sinfônicos
de Mahler, Brahms e Schumann.
As últimas sinfonias de Dvorák
e o Concerto para Orquestra
de Lutoslawski também serão
atrações desta temporada.
Na temporada passada o
maestro Nesterowicz fez estreias
de sucesso com a Orquestra
Nacional Real Escocesa, Orquestra
Nacional Bordeaux Aquitaine,
Orchestra della Svizzera Italiana
Michal Nesterowicz estudou na
Academia de Música de Wroclaw,
Polônia, seu país natal, e graduou-se
na classe de Marek Pijarowski em
1997. Ele foi um dos vencedores
do 6º Concurso Internacional de
e Orquestra Sinfônica Nacional
de Taiwan. Outros compromissos
recentes incluíram a Orquestra
Tonhalle de Zurique e a
Orquestra Filarmônica Real
de Liverpool.
Regência Grzegorz Fitelborg em
Katowice, Polônia. Ocupou os cargos
de diretor artístico da Orquestra
Filarmônica Polaca Báltica, em
Gdańsk, Polônia, e regente principal
da Orquestra Sinfônica do Chile.
26
PRESTO E VELOCE
27
entregue a ele por sua viúva, Marta
Casals Istomin. Com o instrumento,
Peled fez a abertura do Festival Casals
na Espanha, participou de homenagem
ao músico no Festival Pablo Casals
em Porto Rico e gravou seu quarto
CD com a Centauro Records.
F OTO: J. HENRY FAIR
Peled tem se apresentado com
várias orquestras e nas principais
salas de concerto do mundo,
tais como Carnegie Hall e Alice
Tully Hall, Kennedy Center,
Salle Gaveau, Wigmore Hall,
Konzerthaus e Mann Auditorium.
AMIT
PELED
Dos Estados Unidos e Europa ao
Oriente Médio e Ásia, o violoncelista
israelense Amit Peled, um músico
de profundo talento e carismática
presença de palco, é aclamado
como um dos instrumentistas
mais fascinantes no mundo dos
concertos atualmente. É um forte
defensor do rompimento das
fronteiras entre artistas e público,
sempre tentando promover e
Recentemente, Peled embarcou em
uma extensa turnê de estreia nos
Estados Unidos e Alemanha, com a
Nordwest Philharmonie, executando
o Concerto nº 1 de Shostakovich e o
Concerto para violoncelo de Victor
Herbert. Além disso, juntou-se ao
lendário Krzysztof Penderecki em seu
Concerto para violoncelo no Chicago
Millennium Park; apresentou os
concertos de Elgar e de Shostakovich
compartilhar a música clássica com
um público cada vez mais amplo.
com o maestro Michael Stern e a
Orquestra IRIS; o Concerto em
Dó maior de Haydn com Nicola Luisotti
e a Orquestra da Ópera de San
Francisco; e o Concerto de Schumann
com a Orquestra de Câmara de Israel.
Durante a temporada 2012/2013, Peled
teve a honra de receber o violoncelo
que pertenceu ao lendário Pablo Casals,
Possui quatro álbuns pelo selo
Centauro Records e um pela
Naxos, este com seu trio de
piano The Tempest Trio, todos
recebidos com entusiasmo.
Convidado frequente, Pellet se
apresenta e ministra masterclasses
em prestigiados festivais de verão,
como Marlboro e Newport, Música
de Câmara de Seattle, Instituto
Internacional de Música Heifetz,
festivais Schleswig Holstein e
Euro Arts na Alemanha, Festival
Gotland na Suécia, Prussia Cove na
Inglaterra, The Violoncello Forum
na Espanha, Festival e Academia
Internacional Mizra, em Israel.
Amit Peled tem sido destaque na
televisão e estações de rádio em todo
o mundo, inclusive no Performance
Today da NPR; na rádio WGBH
de Boston, WQXR de Nova York,
WFMT de Chicago, Deutschland
Radio de Berlim, Radio France,
Swedish National Radio & TV e a
Rádio & TV Nacional israelense.
Um dos professores de violoncelo
mais procurados, Peled é docente do
Conservatório Peabody de Música
da Universidade Johns Hopkins.
28
PRESTO E VELOCE
Jean Sibelius |
29
Finlândia, 1865 – 1957
INSTRUMENTAÇÃO FINLÂNDIA 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas,
3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.
FINLÂNDIA, OP. 26 (1899/1900)
INSTRUMENTAÇÃO VALSE TRISTE flauta, clarinete, 2 trompas, tímpanos, cordas.
8 min
VALSE TRISTE, OP. 44, Nº 1 (1903)
6 min
O musicólogo e historiador da
música Roland de Candé demarca
cartesianamente o início do
declínio do espírito romântico
a partir de 1840. No entanto, ele
salienta que esse declínio não gera
movimentos capazes de suscitar
uma estética musical nova. Diz
Candé que “separado de sua fonte,
o romantismo musical prossegue
na velocidade adquirida. Berlioz,
Liszt, Wagner, Verdi, Gounod
prolongaram, até tarde no século, a
despeito do racionalismo ambiente,
uma estética baseada na intuição,
à qual se vinculam Bruckner,
Tchaikovsky, Mahler, Sibelius...”
(História Universal da Música).
Nesse contexto é que surgem as ditas
escolas nacionais, como heranças do
Romantismo, em que Sibelius deve
ser situado. Note-se, porém, que
esse tipo de classificação não deve
ser tomado à risca, mas sim como
movimentos oriundos de centros
culturais distantes do polo original
em que nasceu o Romantismo e que,
esteticamente, buscam materiais
musicais arraigados em tradições
regionais. Assim, pode-se dizer
de uma escola francesa, de uma
escola espanhola, de uma escola
russa, de uma escola tcheca e de
uma escola escandinava, na qual
despontam os nomes de Edvard
Grieg, Carl Nielsen e Jean Sibelius.
A Finlândia de 1899 ainda estava
sob domínio russo. Solitária e
ameaçada, lutando por sua cultura
recôndita em seus lagos e florestas,
fará de Jean Sibelius o símbolo de
seu nacionalismo. Assim, cada obra
sua parece inspirar-se nos poetas de
sua terra, em suas epopeias nacionais
e em seu folclore. Daí seus poemas
sinfônicos, dentre os quais se destaca
sua obra-prima, O Cisne de Tuonela,
além de outras obras de relevo
inegável: o Concerto para Violoncelo,
a Quinta Sinfonia, a Valsa triste e
outros poemas sinfônicos como
Tapiola e principalmente Finlândia.
Embora seja invenção original do
compositor, não deixa de apresentar
traços do folclore nórdico. Talvez
daí o fato de ele ter se tornado uma
das melodias mais representativas
da cultura musical da Finlândia,
concorrendo, entre seus patrícios,
com seu próprio hino nacional.
Estreada em 1900, em Helsinki, pela
Sociedade Filarmônica daquela cidade,
sob a regência de Robert Kajanus, em
uma Finlândia ainda sob domínio
russo, a peça teve que adotar diversos
codinomes para que pudesse ser
executada sem o veto da censura.
A Valsa triste, célebre por sua beleza e
concisão, apresenta traços sintéticos
do poema sinfônico. Composta para
música de cena de uma peça de teatro
do cunhado de Sibelius, Arvid Järnfelt,
intitulada Kuolema (Morte), ela
acompanha uma cena em que a própria
Morte aparece a uma mulher moribunda
e com ela dança antes de levá-la consigo.
A Valsa triste foi composta em 1903 e
revisada um ano depois para publicação.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
PARA OUVIR
CD Jean Sibelius – Finlandia; Valse triste;
Tapiola; Der Schwan Von Tuonela – Berliner
Philamorniker – Herbert von Karajan,
regente – Deutsche Grammophon – 1984
PARA LER
Roland de Candé – História Universal
da Música – vol. 2 – Eduardo Brandão,
Embora Tapiola apresente um modelo
bem próximo dos poemas sinfônicos
de Liszt e Strauss, Finlândia a ele
tradução – Martins Fontes – 1994
escapa. Composta em 1899, sob o
jugo czarista, esta obra relativamente
breve parece ter apenas um único
propósito: entoar um hino de amor
à terra finlandesa. Esse hino aparece
explicitamente na seção final da obra.
Finlandesa e Orquestra Filarmônica
PARA ASSISTIR
Finlândia: Orquestra Sinfônica da Rádio
de Helsinque – Jukka-Pekka Saraste,
regente | Acesse: fil.mg/sfinlandia
Valse triste: Orquestra Sinfônica Nacional
Dinamarquesa – Rafael Frühbeck de Burgos,
regente | Acesse: fil.mg/svalsetriste
30
PRESTO E VELOCE
Victor Herbert |
31
Irlanda, 1859 – Estados Unidos, 1924
CONCERTO PARA VIOLONCELO Nº 2 EM MI MENOR, OP. 30 (1894)
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
3 trombones, tímpanos, percussão, cordas.
23 min
Victor Herbert vive sua primeira
infância em Londres aos cuidados de
sua mãe viúva e de seu avô Samuel
Lover, célebre poeta, novelista e
compositor irlandês. Por conta do
segundo casamento de sua mãe
com um médico alemão, Herbert
muda-se em 1866 para Stuttgart,
onde faz seus estudos musicais e
inicia sua carreira profissional. Em
1881 é contratado pela orquestra da
corte de Stuttgart e ali conhece a
soprano Therese Förster, que viria
a ser sua esposa. Nos cinco anos
que se seguem, Herbert lança suas
próprias obras orquestrais e dá início
a uma carreira de violoncelista em
Viena e Stuttgart, solando sua Suíte
para violoncelo e orquestra, op. 3 e seu
Primeiro Concerto para Violoncelo
e Orquestra, op. 8. Contratados pelo
Metropolitan Opera House de Nova
York, Herbert e sua esposa mudam-se
para os Estados Unidos em 1886.
desfrutando de enorme popularidade
até a Primeira Guerra Mundial.
Com inúmeros sucessos e estreias na
Broadway – The Serenade, The Fortune
Teller, Babes in Toyland, Mlle. Modiste,
The Red Mill, Naughty Marietta,
Sweethearts e sua tão desejada opereta
sobre um tema irlandês, Eileen –,
torna-se uma das figuras mais
respeitadas do Tin Pan Alley – grupo
de compositores, autores e editores
musicais que se estabeleceram no final
do século XIX em certa região de
Manhattan e dominaram o cenário de
música popular nos Estados Unidos
da época. Herbert foi ainda um dos
principais advogados que lutaram
pelos direitos de cópia e gravação
nos Estados Unidos, influenciando a
decisão de 1909, do Congresso, que
garantia aos compositores direitos
sobre venda, e fundando a Sociedade
Americana de Compositores,
Autores e Editores (Ascap).
Em Nova York, além de primeiro
violoncelista do Metropolitan,
No mesmo ano em que se lança
no mundo das operetas, Herbert
Herbert torna-se membro do
New York String Quartet, regente
assistente de Anton Seidl e membro
do National Conservatory of
Music. Em 1894, a partir de Prince
Ananias, passa a compor operetas,
finaliza seu Segundo Concerto
para Violoncelo e Orquestra e
o estreia à frente da New York
Philharmonic Orchestra conduzida
por Seidl. Os três movimentos –
allegro impetuoso, andante tranquillo,
allegro – apresentam e reapresentam
temas que são modificados segundo
influência formal de Franz Liszt.
A coesão e fluência alcançadas
agradam o público da época, e a obra
torna-se seu maior sucesso orquestral.
Antonín Dvorák, que conhecera
Herbert no National Conservatory of
Music, encontra nessa obra inspiração
para o seu próprio concerto.
Com o final da Grande Guerra,
os ouvintes norte-americanos
abandonam o gosto pelas operetas
de influência europeia e voltam
suas atenções para os musicais de
partes vocais mais simples. Victor
Herbert vê-se marginalizado, e
sua música, após sua morte, foge à
moda. O Segundo Concerto para
Violoncelo, contudo, preserva-se,
como parte do cânone, das flutuações
constantes do gosto popular.
IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música pela
UFMG, doutorando de Francês no King’s
College London e colaborador do ARIAS/
Sorbonne Nouvelle Paris 3.
PARA OUVIR
CD Concertos From The New World –
Dvorak & Herbert – Cello Concerto in
B Minor op. 104; Cello Concerto in E Minor
op. 30 – New York Philharmonic – Kurt
Masur, regente – Yo-Yo Ma, violoncelo
– Sony Classical – 884977955637
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica de Córdoba –
Carlos Riazuelo, regente – Marcelo Montes,
violoncelo | Acesse: fil.mg/hvioloncelo2
32
PRESTO E VELOCE
Gabriel Fauré |
33
França, 1845 – 1924
PELLÉAS E MÉLISANDE, OP. 80: SUÍTE (1898)
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, harpa, cordas.
16 min
A peça Pelléas e Mélisande do escritor
simbolista belga Maurice Maeterlinck,
desde sua estreia em Paris, motivou a
criação de importantes obras musicais.
Para ela, Sibelius compôs uma suíte
orquestral. Debussy transformou-a
em sua única ópera completa, e
Schoenberg converteu o argumento
em longo poema sinfônico. Mas Fauré
antecedeu a todos, quando aceitou
escrever a música incidental para
a apresentação inglesa do drama.
Pressionado pelo exíguo prazo de um
mês e meio para elaborar a partitura,
o compositor acrescentou ao novo
trabalho uma Siciliana, publicada
anteriormente para violoncelo e piano.
E confiou a orquestração a seu aluno
Charles Koechlin. Após o sucesso
dessa estreia londrina, Fauré filtrou da
música de cena uma suíte de quatro
peças que ele próprio reorquestrou
para formação sinfônica mais ampla.
Aluno de Saint-Saëns e professor de
Ravel, Fauré foi igualmente músico
de tradição e inovador, jamais um
conservador ou revolucionário. Sem
romper com o passado, procurou
expressar-se de maneira sempre
nova. Além de compositor, exerceu
múltiplas atividades musicais –
redator musical de Le Figaro,
organista na igreja da Madeleine,
professor de composição e diretor do
Conservatório de Paris. Mesmo surdo
(desde 1903), continuou compondo.
Dedicou-se principalmente ao piano
solo e às obras camerísticas, incluindo
o gênero da canção, tão importante
para ele. Avesso a qualquer efeito
exterior ou gesto grandiloquente, seu
Fileuse (Andantino quasi allegretto)
tem caráter descritivo, com o
torvelinho das cordas em surdina
evocando Mélisande à roca.
O primeiro tema, apresentado
pelo oboé, está em Sol maior, e o
segundo, mais amplo, em sol menor.
O Molto adagio final é uma marcha
fúnebre de ritmo obsessivo, sobre
um desenho de quatro notas.
Os sopros anunciam o triste tema.
Um arpejo nas cordas divididas
anuncia a morte de Mélisande
e a música termina desolada,
com o motivo da heroína no
gênio encontrou, nesses domínios
mais intimistas, espaço adequado
para requintadas indagações formais,
sobretudo no campo da harmonia.
A postura escrupulosa em relação à
orquestra explica a relativa escassez
de sua produção sinfônica, na qual,
entretanto, Fauré soube preservar
aristocrática discrição, originalidade
e sensibilidade refinadas.
A Sicilienne (Allegro molto moderato)
prepara o encontro dos apaixonados
junto à fonte abandonada. O sabor
arcaizante e repleto de lirismo
traz um pouco de serenidade
à partitura, com a envolvente
melodia da flauta, os reflexos da
harpa e o murmúrio das cordas.
agudo das cordas, em surdina.
O Prelúdio (Quasi adagio) da Suíte
op. 80 inicia-se com o delicado
tema de Mélisande, nas cordas.
Paulatinamente, com tratamento
contrapontístico e em crescendo,
ele se liga a um motivo mais
trágico, no agudo das flautas. No
desenvolvimento dessas duas ideias,
o oboé e o clarinete intervêm
conduzindo a um fortissimo e
allargando. Uma descida, notável por
seus cromatismos, antecede a coda,
cujos insistentes toques de trompa
sugerem o chamado de Golaud, irmão
de Pelléas e marido de Mélisande.
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
PARA OUVIR
CD Fauré – Requiem; Pelléas et Mélisande;
Masques et Bergamasques – L’Orchestre de
la Suisse Romande – Ernest Ansermet,
regente – Decca Eloquence, Reino
Unido 450.131-2 – 2000
PARA LER
François-René Tranchefort – Guia da Música
Sinfônica – Nova Fronteira – 1990
PARA ASSISTIR
Orquestra da Ópera Nacional de Lyon – John
Eliot Gardiner, regente | Acesse: fil.mg/fpelleas
34
PRESTO E VELOCE
Jean Sibelius |
35
Finlândia, 1865 – 1957
SINFONIA Nº 7 EM DÓ MAIOR, OP. 105 (1918/1924)
INSTRUMENTAÇÃO 2 piccolos, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas,
3 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas.
21 min
Jean Sibelius é conhecido
universalmente, hoje em dia,
principalmente por suas sete
sinfonias e pelo concerto para
violino. Exageradamente considerado,
pela crítica, como um compositor
nacionalista, Sibelius foi, na verdade,
um compositor cosmopolita,
atento às transformações musicais
de seu tempo, mas sempre fiel ao
seu estilo. Sua obra tem sido vista,
recentemente, como comparável à de
Gustav Mahler, ambos responsáveis
por uma grande ampliação do gênero
sinfônico no início do século XX.
A chave para se conhecer as sinfonias
de Sibelius está exatamente onde
elas diferem das de Mahler. Se para
Mahler a sinfonia deveria expandirse ao ponto de abarcar o mundo,
para Sibelius ela deveria conter
apenas o essencial: a concentração
máxima da forma com uma
elevada economia de material.
Alemanha e Áustria. Porém, em dez
anos essa mesma característica o
condenaria ao rótulo de retrógrado.
Sibelius não era nem moderno nem
retrógrado, mas sabia tratar os
elementos musicais, já assimilados
de longa data, de maneira ímpar,
dando-lhes um frescor inusitado.
Era excepcional a sua capacidade
de retrabalhar aspectos largamente
conhecidos, tais como a melodia, a
harmonia e a trama orquestral, e
dar-lhes uma aparência nova. Nos
anos 1920 sua popularidade – na
França e nos países de língua
germânica – havia declinado
consideravelmente, enquanto,
curiosamente, estava em franca
ascensão nos países de língua inglesa.
Enquanto França, Alemanha e Áustria
travavam uma batalha política pela
hegemonia da modernidade nas artes,
os círculos mais conservadores dos
Estados Unidos e Inglaterra viam a
música de Jean Sibelius como uma
março do mesmo ano, sob a regência
do compositor. Calorosamente
recebida pelo público escandinavo
e, mais tarde, pelo inglês e o norteamericano, foi praticamente ignorada
pelos países da Europa central.
e acúmulo, ou subtração, de
materiais. O resultado sonoro
assemelha-se ao aparecimento
de constantes flashbacks que se
acumulam inusitadamente, como
um passado que insiste em retornar
constantemente, porém diferente.
Embora a primeira menção à Sétima
Sinfonia tenha ocorrido em uma
carta de Sibelius de 1818 – em que se
descobre que o plano original da obra
contemplava três movimentos –,
fragmentos do material musical
utilizado na Sinfonia podem
ser encontrados em cadernos de
rascunhos do compositor desde o
ano de 1914. Em 1923 o compositor
condensou os três movimentos em
um único. O resultado, entretanto,
está longe de parecer uma simples
colagem. Sibelius conseguiu construir
uma estrutura complexa ao utilizar
aquilo que se convencionou chamar
de forma rotacional ou forma cíclica.
A forma rotacional opera por
A obra possui quatro seções
intercaladas pelo tema do trombone.
Na primeira seção (Adagio) Sibelius
expõe o material principal: o rufo
dos tímpanos, a escala ascendente
das cordas e o motivo das flautas
(respondido pelos clarinetes). Um
curto momento em que as cordas
tocam pequenos motivos, em
imitação, culminará na primeira
aparição do tema do trombone.
Uma longa transição, com rotações
livres dos materiais do início,
acelera o tempo até chegarmos à
próxima seção. Na segunda seção
(Vivacissimo), com caráter de scherzo,
os mesmos materiais reaparecem,
Assim que o século XX se iniciou,
o estilo de Sibelius foi considerado
como um prolongamento do
Romantismo, o que fez com que sua
música fosse vista como moderna
pelo meio musical da França,
via de escape para as tendências
modernistas que assolavam a
Europa. A composição de sua Sétima
Sinfonia se deu justamente nessa
época. Terminada em 1924, foi
estreada em Estocolmo, em 24 de
constantes reaparições variadas
do mesmo material musical. Ou
seja, cada vez que determinado
trecho musical reaparece, ele traz
consigo transformações (expansões,
condensações, reordenações etc.)
novamente transformados. Em
pouco tempo ouvimos o tema do
trombone (Adagio), desta vez mais
longo e funcionando, ele próprio,
como transição. A terceira seção
(Allegro molto moderato), a mais
36
PRESTO E VELOCE
37
longa de todas, possui também
o caráter de scherzo; trata-se
aqui, porém, de um scherzo mais
leve e expansivo, recheado de
transformações livres dos materiais
do início. A terceira aparição do
tema do trombone (Adagio) nos leva
à quarta e última seção, onde os
materiais são livremente reordenados
em uma breve reexposição.
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em
Música pela Unicamp, professor na Escola de
Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos
floridos não voam e Música menor.
FOTO OU AD
PARA OUVIR
CD Sibelius – The 7 symphonies; Finlandia;
Kullervo; Valse triste and more – London
Symphony Orchestra – Sir Colin Davis,
regente – RCA Red Seal – 2004
PARA LER
David Burnett James – Sibelius:
illustrated lives of the great composers
– Omnibus Press – 1989
Andrew Barnett – Sibelius – Yale
University Press – 2010
PARA ASSISTIR
Orquestra Filarmônica de Viena – Leonard
Bernstein, regente | Acesse: fil.mg/ssinf7
FOTO: RAFAEL MOTTA
38
39
40
41
FABIO MECHETTI
regente
DUO
BINELLI-FERMAN
DANIEL BINELLI
bandoneon
•
POLLY FERMAN
piano
ALLEGRO
Quinta
PROGRAMA
28/05
CARLOS CHÁVEZ
Sinfonia nº 2, “Índia”
V I VA C E
Sexta
29/05
DUO
BINELLI-FERMAN
Daniel BINELLI
Homenagem ao tango
• El Grand Tango
• Milonga-Candombe
• Requiem
– I N T E RVA L O –
Isaac ALBÉNIZ
Suíte Ibéria (orquestração de E. F. Arbós)
• Evocación
• El Corpus en Sevilla
• Triana
• El puerto
• El Albaicín
Manuel de FALLA
PATROCÍNIO
O Sombreiro de Três Picos: Suíte nº 2
• Os vizinhos: Seguidilha
• Dança do moleiro: Farruca
• Dança final: Jota
42
ALLEGRO E VIVACE
43
sua estreia em 2000, em Nova York,
esteve em Tóquio, Pequim, Xangai,
Roma, Paris, Munique, Berna,
São Petersburgo, Chicago, Dallas,
São Francisco e Miami para
concertos e masterclasses.
F OTO: PET ER SCH AA F
Prestigiados em todo o mundo, os
músicos Daniel Binelli e Polly Ferman
uniram seus talentos para estimular
a apreciação do tango, milonga,
candombe e outros estilos musicais
latino-americanos pela parceria rara
do bandoneon com o piano. Suas
apresentações refletem a elegância
e a sutileza do tango tradicional, o
atrevimento da milonga, o romance
da valsa, o temperamento e o
poder do tango contemporâneo.
DUO
BINELLI-FERMAN
A habilidade do Duo em se
relacionar com o público torna suas
apresentações uma experiência
fantástica em todo o mundo. Desde
O Duo se apresenta como solista
com orquestras sinfônicas e de
câmara no projeto Orquestango,
que destaca a música de Binelli,
Piazzolla, Salgán, Ginastera e
outros. Recentemente, esteve com as
sinfônicas de São Francisco, Colorado
e Vancouver, Orquestra de Câmara da
Cidade de Hong Kong, Filarmônica
de Montevidéu, Sinfônica de
Concepción, Chile, sinfônicas de
Mendoza e Parana, Argentina.
O Duo gravou o álbum Imágenes
de Buenos Aires para os selos
Romeo Records e Epsa Music;
Orquestango 1 e 2 para a Sondor
Records com a Filarmônica de
Montevidéu; New Tango Vision com
o Trio Binelli-Ferman-Isaac, e Tango
Reunion, gravado ao vivo na Polônia.
Reconhecido internacionalmente
como compositor, arranjador e
mestre do bandoneon, o argentino
Daniel Binelli fez parte da orquestra
de Osvaldo Pugliese durante quatorze
anos e integrou o New Tango Sexteto
de Astor Piazzolla. Apresentou-se
como solista das melhores orquestras
sinfônicas e foi dirigido por maestros
como Charles Dutoit, Lalo Schiffrin,
Franz Paul Decker, Robert Spano,
JoAnn Faletta, Michael Christie, Lior
Shambadal e Simon Blech. Binelli criou
e arranjou música para instrumentos
solistas, quinteto, orquestras de câmara
e sinfônica, dança e trilhas de cinema,
em todos os estilos do tango e na
linguagem contemporânea. Gravou
mais de cem registros com repertórios
que denotam sua versatilidade.
A pianista uruguaia Polly Ferman
é uma das maiores intérpretes
da música latino-americana. Por
sua maestria nesse repertório, o
jornal The Japan Times a distinguiu
como “embaixadora da música das
Américas”. Suas turnês como solista
incluem atuações com importantes
orquestras em todo o mundo. Em
recitais, apresentou-se no Carnegie
Hall, no Suntory Hall, Takemitsu
Hall, Woolf Trapp, St. Martin in
the Fields, Koncert Halle, Teatro
Colon, entre outros. Ferman é
autora, diretora musical e pianista de
GlamourTango, espetáculo multimídia
de música e dança. Suas gravações
como solista constituem uma das
mais vastas coleções de repertório
de música latino-americana.
44
ALLEGRO E VIVACE
Carlos Chávez |
45
México, 1899 – 1978
INSTRUMENTAÇÃO 2 piccolos, 3 flautas, 3 oboés, requinta, 2 clarinetes, clarone, 3 fagotes,
4 trompas, 2 trompetes, 2 trombones, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
SINFONIA Nº 2, “ÍNDIA” (1935/1936)
12 min
“A arte indígena do México é, em
nossos dias, a única manifestação viva
de um povo que representa cerca de
quatro quintos da estrutura racial
do país”, afirmou Carlos Chávez
acerca de sua Sinfonia nº 2, também
conhecida como Sinfonia Índia. A
frase esclarece sobre a origem da
obra e justifica o apelido, que não
se refere ao país homônimo e nem
a qualquer outro povo indígena:
“índia” relaciona-se tão-somente
com a cultura indígena mexicana.
A valorização do folclore mexicano
marca a produção musical de Carlos
Chávez, cuja representatividade no
México é semelhante à de Heitor
Villa-Lobos no Brasil. Tal como
Villa-Lobos fora influenciado por
Mário de Andrade, Chávez seguiu os
passos de seu mestre, Manuel Ponce.
Sem ater-se à música contemporânea,
Chávez ampliou sua pesquisa aos
povos mesoamericanos do período
pré-conquista ou pré-colombiano.
A Sagração da Primavera. Por serem
raros tais instrumentos nativos,
o compositor indica na partitura
quais seriam os equivalentes mais
próximos: o tambor de água, Jicara de
agua ou xicallí, uma espécie de cabaça
emborcada em outra, cheia de água,
pode ser substituído pelo tambor
surdo; o rústico tambor yaqui pode
ser substituído pela tabla indiana;
os tambores de madeira feitos
com tronco de árvores escavadas,
chamados teponaxtles, poderão
ser substituídos pelo xilofone; o
grande tambor de pele de pantera,
de nome quase impronunciável,
tlapanhuéhuetl, usado em cerimônias
de convocação para a guerra,
pelo bumbo; o tenábaris, feito de
casulos secos de borboletas, por
um chocalho, e assim por diante.
retratam a música daqueles antigos
povos dotados de milenar
conhecimento tecnológico, mas que
sacrificavam virgens por temor ao
deus Sol. Parte desse “primitivismo
sofisticado” – o asteca, em especial –
foi assolado pelo conquistador
espanhol Hernán Cortés, e outra
parte mantida pelos índios aliados a
Cortés contra a dominação asteca.
Daí a sobrevivência dos povos
huicholes, yaquis e seris. Carlos Chávez,
ao analisar a herança musical
autóctone do período pós-conquista,
admirou inclusive a capacidade de
ter a cultura mexicana resistido
a quatro séculos de contato com
expressões musicais europeias:
“a música dos ancestrais imediatos
da América é a forte música de um
homem que constantemente
se esforça em dominar seu entorno.
Manifestações estrangeiras que se
opõem ao sentimento de sua música
têm sido incapazes de destruí-la,
por não conseguirem alterar as
condições éticas dos indivíduos”.
Pode-se dizer que a Sinfonia Índia
foi inspirada nas grandes civilizações
indígenas do antigo México, embora
concebida a partir de temas dos
(nome dado à New York Philharmonic
A característica mais marcante
da Sinfonia Índia é a inclusão de
instrumentos de origem nativa em
sua orquestração, como o güiro,
semelhante ao reco-reco brasileiro e
já utilizado por Stravinsky em
índios Huicholes e Coras do estado
de Nayarit, dos índios Seris da ilha
do Tubarão e dos índios Yaquis
do estado de Sonora. A energia
tribal da primeira parte ou o canto
cerimonial da seção intermediária
PARA LER
MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela
Universidade Federal de Minas Gerais, professor
na Universidade do Estado de Minas Gerais.
PARA OUVIR
CD Carlos Chávez conducts his Sinfonía
India; Sinfonía de Antígona; Sinfonía
Romántica – Stadium Symphony Orchestra
Orchestra durante o festival de verão
realizado no Lewisohn Stadium) – Carlos
Chávez, regente – Everest Records – 1996
Robert Parker – Carlos Chavez: A Guide to
Research – Editora Garland Publishing – 1998
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica Simón Bolívar –
Eduardo Mata, regente | Acesse: fil.mg/cindia
46
ALLEGRO E VIVACE
Daniel Binelli |
47
Argentina, 1946
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, flauta, oboé, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas,
2 trompetes, 2 trombones, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
HOMENAGEM AO TANGO (2008)
22 min
Homenagem ao tango é um concerto
duplo para piano, bandoneon e
orquestra. Foi comissionado pela
Orquestra Sinfônica da Universidade
de Utah, na figura do maestro Sergio
Bernal, que dirigiu a estreia da
obra em 2008, tendo Polly Ferman
ao piano e o próprio compositor
ao bandoneon. A obra consiste
em três movimentos executados
sem interrupção: El Gran Tango,
Milonga-Candombe, Requiem.
No primeiro movimento, é o piano
quem conduz os passos iniciais da
dança: a aparição do bandoneon é
vibrante, porém efêmera. A primeira
parte homenageia a alma revolta
do tango nuevo de Astor Piazzolla.
O ritmo, bem marcado e tenso, só é
interrompido após o solo do piano,
este, um recitativo sentimental que
logo deflagrará um novo timbre
do bandoneon, sussurrado em uma
nota, pungente e distante, que se
transforma em solo reluzente e
pleno de nostalgia. Temos, então,
a homenagem ao tango arrabalero,
suburbano, imortalizado na voz de
Gardel. Do tango canción retorna-se
ao tango nuevo, estilo do qual
Daniel Binelli é o representante
vivo. O piano convida novamente
seu parceiro à dança desafiadora,
marcha quaternária cheia de
arrastres e acentos deslocados.
Dois gêneros diferentes de dança
se revezam no segundo movimento
– milonga e candombe –, ambos
trazidos dos povos africanos e
incorporados à cultura argentina.
A milonga é o único gênero de
dança argentina capaz de ombrear
com o tango. A estrutura rítmica da
milonga é imutável, seja ela executada
lenta como a habanera cubana, ou
rápida como o maxixe brasileiro.
A milonga lenta do segundo
movimento introduz o ouvinte
ao tango cabaretero, dos boêmios
amargurados, dos cantores e das
dançarinas. Bem diferente é o agitado
candombe rioplatense, de origem
afro-uruguaia, no qual a percussão
orquestral é acrescida de tambores
africanos. É um tributo à origem
da palavra tango que, em línguas
africanas – tangó ou tambó – designa
uma espécie de tambor pequeno.
O terceiro movimento, denominado
Requiem, é uma homenagem à
memória do pianista Osvaldo
Pugliese e do bandoneonista Astor
Piazzolla, dois famosos compositores
argentinos representados pelos
instrumentos solistas. Por inúmeras
vezes Binelli teve o privilégio de
dividir o palco com Pugliese e
Piazzolla, em concertos e turnês
internacionais. Requiem pode ser
interpretado como uma elegia
extensiva a outros grandes nomes
do tango, tais como Anibal Troilo,
Julio de Caro, Angel Villoldo, Juan
D’Arienzo e Francisco Canaro. O
título não deve confundir-se com
o réquiem do tango, gênero que
conforta os melancólicos e inspira
os apaixonados: “de jeito nenhum
é uma língua morta, eu vejo o
tango forte, lúcido e revitalizado”,
defende o compositor Daniel
Binelli. Homenagem ao tango é
exemplo do tango avant-garde que
continua a representar a música
argentina. É também exemplo
de um gênero recente – o tango
orquestral ou sinfônico. Representa
a almejada fusão do novo e do
tradicional, reverenciando um
nobre passado: isto sim é uma
verdadeira homenagem ao tango.
MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela
Universidade Federal de Minas Gerais, professor
na Universidade do Estado de Minas Gerais.
PARA LER
Hélio de Almeida Fernandes –
Tango, uma possibilidade infinita
– Editora Bom Texto – 2000
PARA ASSISTIR
Daniel Binelli’s – Homage to Tango –
La Plata Symphony Orchestra – Dante Anzolini,
regente – Daniel Binelli, bandoneon – Polly
Ferman, piano – 2008 | Acesse: fil.mg/btango
48
ALLEGRO E VIVACE
Isaac Albéniz |
49
Espanha, 1860 – França, 1909
SUÍTE IBÉRIA (orquestração E. F. Arbós) (1905/1909)
30 min
Albéniz iniciou sua carreira de
pianista como menino prodígio. Com
apenas quatro anos, apresentou-se no
Teatro Romea de Barcelona e, desde
então, conquistou extraordinária
fama mundial. Recebeu elogios e
orientações de Liszt, em Weimar; e
estudou com Paul Dukas, em Paris.
Embora as longas turnês e viagens de
estudos mantivessem-no afastado de
seu país por grande parte de sua vida,
Albéniz é considerado o iniciador
da música espanhola moderna. Ele
buscou uma simbiose perfeita entre
as verdadeiras raízes da música
popular ibérica e a virtuosidade do
pianismo romântico. A Suíte Ibéria
é o ponto culminante desse projeto.
Suas doze peças se estruturam
basicamente sobre os elementos
populares do ritmo e da copla, ainda
que os temas empregados sejam,
quase na totalidade, criações originais
do compositor. O ritmo identifica-se
pelas síncopas e acentuações; a copla
constitui a melodia ou tema principal.
Após a morte de Albéniz, o violinista
e regente Enrique Fernandez Arbós
orquestrou algumas peças de Ibéria.
Albéniz e Arbós se conheceram
adolescentes, quando estudavam
no Conservatório de Bruxelas e
se tornaram amigos e parceiros,
formando um célebre duo.
A Suíte Ibéria foi composta na França
e inicia-se com Evocación, peça
nostálgica em que Albéniz relembra
a pátria distante. O caráter espanhol
deixa-se impregnar pelo espírito da
música francesa da época. O tema
introdutório, Allegretto expressivo,
se sobrepõe a um acompanhamento
sincopado e termina em ritmo de
dança. A copla, mais decididamente
espanhola, aparece nas notas graves
e mantém o mesmo ritmo
do tema introdutório.
El Corpus en Sevilla é bastante
descritiva: inicia-se com os rufos de
tambor que anunciam, a distância, a
procissão. A seguir, usando diretamente
o motivo popular La tarara, Albéniz
sugere a aproximação dos fiéis.
Apresentado em pianíssimo, esse
tema vai crescendo pouco a pouco,
juntando o rumor da multidão ao
toque dos sinos. Todo o alvoroço
festivo é interrompido pela atmosfera
suave e meditativa da copla. Mas
La tarara retorna com triunfante
virtuosismo até ser interrompida
por um longo e agudo acorde. Os
penitentes se afastam, as ruas ficam
vazias e os sinos tocam a distância...
Triana homenageia o bairro cigano
de Sevilha, domínio do flamenco.
Um motivo graciosamente acentuado
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, requinta, 2 clarinetes,
clarone, saxofone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 4 trompetes, 3 trombones,
tuba, tímpanos, percussão, 2 harpas, celesta, cordas.
impõe o ritmo da seguidilla, cuja
alegria se alterna com a elegância
da cantável copla central.
El puerto é a peça mais curta da suíte.
O título refere-se ao porto de Santa
Maria, aldeia de pescadores em
Cádiz. Um sapateado, sobre um ritmo
constante, começa suavemente e vai
se tornando mais forte, movimentado
por uma figuração que sugere o
bater de tacões. Desenvolve-se com
poesia luminosa e cheia de vida
até os delicados arpejos finais.
El Albaicín (Allegro assai, ma
melancolico) ambienta-se à noite, nesse
bairro cigano de Granada. A introdução
cria um clima de mistério. Após um
silêncio de expectativa, a copla, bastante
contrastante, apresenta sua melodia
dobrada na oitava inferior. Por várias
vezes, como uma queixa, ela se alternará
com os sobressaltos dos trechos
rítmicos. Após a última recordação
da copla na região grave, a peça
termina de forma brusca e enérgica.
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
PARA OUVIR
CD Viva España (The Music of Spain) – Falla:
Threecornered Hat; El Amor Brujo; Albéniz /
Arbós: Iberia – CSR Symphony Orchestra –
Keeneth Jean, regente – Naxos Ddd 8550174
Orquestra Sinfônica de Cincinnati – Jesús
López-Cobos, regente | Acesse: fil.mg/aiberia1
fil.mg/aiberia2 | fil.mg/aiberia3
PARA LER
Otto Maria Carpeaux – O Livro de Ouro da
História da Música – Ediouro – 2009
50
ALLEGRO E VIVACE
Manuel de Falla |
51
Espanha, 1876 – Argentina, 1946
O SOMBREIRO DE TRÊS PICOS: SUÍTE Nº 2 (1921)
12 min
Manuel de Falla nasceu em Cádiz,
andaluz por parte de pai e catalão
pelo lado materno. Desde cedo,
familiarizou-se com a música
folclórica andaluza na sua forma mais
genuinamente popular e cotidiana.
Estudou na Real Academia de
Madrid com o grande musicólogo
Felipe Pedrell (que também fora
professor de Albéniz e Granados).
Mas os rumos da carreira de Falla se
definem em Paris, onde permanecerá
de 1907 a 1914. Entusiasmado com
seu talento, Paul Dukas dá-lhe aulas
de instrumentação e o introduz no
cenário vanguardista parisiense.
Falla fez assim amizade com os
compatriotas Picasso e Albéniz e com
seus ídolos Ravel e Debussy. Apesar
do temperamento discreto, da sincera
modéstia e de extrema discrição,
o jovem compositor se impôs pela
originalidade e excelência de sua
música. Falla celebra a Espanha com
uma profusão de motivos e ritmos
fulgurantes – o fandango andaluz, a
seguidilla, boleros, toadas murcianas,
sevillanas, a farruca e a jota. Ao
mesmo tempo, sua abordagem do
folclore revela-se comprometida
e atualizada com as renovações
musicais do começo do século XX.
Após a Primeira Guerra, o diretor
dos Balés Russos, Sergei Diaghilev,
propôs ao compositor uma obra
tipicamente espanhola, à altura de
suas produções mais famosas – entre
elas, A Sagração da Primavera, de
Stravinsky, que Falla conhecia de
seus anos parisienses. Surge assim
a versão definitiva de El Sombrero
de Tres Picos, balé baseado na farsa
popular do escritor Pedro de Alarcón,
cujo enredo narra as desventuras de
um velho Corregedor, o homem do
sombrero. Enamorado de Frasquita,
bela e inocente moleira, esse juiz
frequenta assiduamente o Moinho,
lugar de encontro dos moradores da
aldeia. O moleiro Lucas Fernandez
mostra-se a princípio ciumento; mas
depois se torna cúmplice da mulher,
e o casal inventa peripécias burlescas
para ridicularizar o corregedor. Na
dança final, os solidários vizinhos
agarram o velho galanteador e o
jogam, como um boneco, para o alto.
A estreia do balé foi em Londres,
em julho de 1919, com cenários e
figurinos de Picasso, coreografia do
russo Massine e direção musical de
Ernest Ansermet. Toda a obra respira
humor e vitalidade, com citações
irônicas de melodias populares e de
INSTRUMENTAÇÃO 2 piccolos, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes,
4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, celesta,
piano, cordas.
autores consagrados. A orquestração
é, ao mesmo tempo, suntuosa e
refinada e, em dois momentos
estratégicos, utiliza a voz de contralto
com singular propriedade.
Para apresentações em concerto,
Falla condensou o balé em duas suítes
orquestrais, cada uma com três danças
que seguem as peripécias do enredo.
A Suíte nº 2 começa com a Dança
dos vizinhos (Allegro non troppo),
quando os aldeões se reúnem no
moinho para festejar o dia de São João.
Seu ritmo é o da seguidilla, evocando
a vitalidade de uma festa andaluza.
A seguinte Dança do moleiro (Poco
vivo) exibe a farruca característica
do estilo flamenco. Toda a aldeia
participa da Dança final (Poco mosso),
triunfante jota de virtuosidade
contagiante. A orquestra torna-se
ainda mais colorida, concluindo
com brilho essa partitura espanhola
de irresistível apelo universal.
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
PARA OUVIR
CD Viva España (The Music of Spain) – Falla:
Threecornered Hat; El Amor Brujo; Albéniz/
Arbós: Iberia – CSR Symphony Orchestra –
Keeneth Jean, regente – Naxos Ddd 8550174
PARA LER
Manuel Orozco Diaz – Falla – Salvat
Editores S. A. – 1985
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica da Rádio e Televisão
Espanhola – Antoni Ros-Marbà, regente
Acesse: fil.mg/fsombreiro
FOTO: AN DRÉ FO SSAT1
53
54
55
ACOMPANHE A
FILARMÔNICA EM OUTRAS
SÉRIES DE CONCERTO
PRÓXIMOS
CONCERTOS
Maio
Junho
DIA 10, CLÁSSICOS NA PRAÇA
DIA 3, FESTIVAL TINTA FRESCA
para que jovens regentes brasileiros
domingo, 11h, Praça da Liberdade
CONCERTO DE ENCERRAMENTO
possam praticar com uma orquestra
Marcos Arakaki, regente
quarta, 20h30, Sala Minas Gerais
clássica. As apresentações têm
profissional. A cada ano, quinze
TCHAIKOVSKY / DVORÁK / SANTORO / MOZART /
Marcos Arakaki, regente
ingressos a preços populares.
maestros, quatro efetivos e onze
ROSSINI / LISZT / KETÈLBEY / MONCAYO
CONCERTOS PARA A JUVENTUDE
LABORATÓRIO DE REGÊNCIA
Realizados em manhãs de domingo,
Atividade pioneira no Brasil, este
são concertos dedicados aos jovens
laboratório é uma oportunidade
e às famílias, buscando ampliar
e formar público para a música
DIA 7, CONCERTOS PARA A JUVENTUDE 3
ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e
CLÁSSICOS NA PRAÇA
ensaios com o regente Fabio Mechetti.
DIAS 14 E 15, PRESTO 3, VELOCE 3
ENCONTRO COM BRAHMS
Realizados em praças da Região
O concerto final é aberto ao público.
quinta e sexta, 20h30,
Sala Minas Gerais
domingo, 11h, Sala Minas Gerais
BRAHMS
Metropolitana de Belo Horizonte, os
Marcos Arakaki, regente
concertos proporcionam momentos
TURNÊS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
Michal Nesterowicz, regente convidado
de descontração e entretenimento,
Com essas turnês, a Orquestra
Amit Peled, violoncelo
buscando democratizar o acesso da
Filarmônica de Minas Gerais
SIBELIUS / HERBERT / FAURÉ
DIAS 11, 12 E 13, TURNÊ ESTADUAL
população em geral à música clássica.
busca colocar o estado de Minas
dentro do circuito nacional e
DIA 23, FORA DE SÉRIE 3
quinta, sexta e sábado, 20h,
Divinópolis, Araxá e Uberlândia
internacional da música clássica.
sábado, 18h, Sala Minas Gerais
Marcos Arakaki, regente
Fabio Mechetti, regente
TCHAIKOVSKY / DVORÁK / PROKOFIEV /
VAUGHAN-WILLIAMS / WAGNER / GOMES
CONCERTOS DIDÁTICOS
Concertos destinados a grupos de
crianças e jovens da rede escolar
TURNÊS ESTADUAIS
Natasha Paremski, piano
e a instituições sociais, mediante
As turnês estaduais levam a música de
BEETHOVEN
inscrição prévia. Seu formato busca
concerto a diferentes cidades e regiões de
apoiar o público em seus primeiros
Minas Gerais, possibilitando que o público
DIAS 28 E 29, ALLEGRO 4, VIVACE 4
sábado, 18h, Sala Minas Gerais
passos na música clássica.
do interior do Estado tenha contato direto
quinta e sexta, 20h30,
Sala Minas Gerais
Roberto Tibiriçá, regente convidado
Fabio Mechetti, regente
BEETHOVEN
com música sinfônica de excelência.
FESTIVAL TINTA FRESCA
DIA 20, FORA DE SÉRIE 4
Cristina Ortiz, piano
Com o objetivo de fomentar a criação
CONCERTOS DE CÂMARA
musical entre compositores brasileiros e
Realizados para estimular músicos
gerar oportunidade para que suas obras
e público na apreciação da música
sejam apresentadas em concerto, este
erudita para pequenos grupos. A
Festival é sempre uma aventura musical
Filarmônica conta com grupos de
Yoav Talmi, regente convidado
inédita. Como prêmio, o vencedor recebe
Metais, Cordas, Sopros e Percussão.
Liza Ferschtman, violino
a encomenda de outra obra sinfônica
a ser estreada pela Filarmônica no
ano seguinte, realimentando o ciclo da
produção musical nos dias de hoje.
Duo Binelli-Ferman
Daniel Binelli, bandoneon
DIAS 25 E 26, PRESTO 4, VELOCE 4
Polly Ferman, piano
quinta e sexta, 20h30,
Sala Minas Gerais
CHÁVEZ / BINELLI / ALBÉNIZ/Arbós / FALLA
BERLIOZ / SAINT-SAËNS / FRANCK
56
Orquestra
Filarmônica de
Minas Gerais
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
57
Instituto
Cultural
Filarmônica
FORTISSIMO
ISSN 2357-7258
EDITORA Merrina
Godinho Delgado
EDIÇÃO DE TEXTO
REGENTE ASSOCIADO
Berenice Menegale
Marcos Arakaki
PRIMEIROS VIOLINOS
VIOLONCELOS
TROMPAS
GERENTE
Anthony Flint – Spalla
Robson Fonseca ****
Alma Maria Liebrecht *
Jussan Fernandes
Rommel Fernandes –
Elise Pittenger ***
Evgueni Gerassimov ***
Spalla Associado
Camila Pacífico
Gustavo Garcia Trindade
INSPETORA
Ara Harutyunyan –
Camilla Ribeiro
José Francisco dos Santos
Karolina Lima
Spalla Assistente
Eduardo Swerts
Lucas Filho
Ana Zivkovic
Emilia Neves
Fabio Ogata
Arthur Vieira Terto
Eneko Aizpurua Pablo
Baptiste Rodrigues
Lina Radovanovic
TROMPETES
Bojana Pantovic
Lucas Barros *****
Marlon Humphreys *
Dante Bertolino
ASSISTENTE
ADMINISTRATIVA
Débora Vieira
Érico Fonseca **
ARQUIVISTA
Sergio Almeida
Marcio Cecconello
CONTRABAIXOS
Daniel Leal ***
Mateus Freire
Colin Chatfield *
Tássio Furtado
Rodrigo Bustamante
Nilson Bellotto ***
Rodrigo Monteiro Braga
Brian Fountain
TROMBONES
Ana Lúcia Kobayashi
Rodrigo de Oliveira
Marcelo Cunha
Mark John Mulley *
Claudio Starlino
Pablo Guiñez
Diego Ribeiro **
Jônatas Reis
William Brichetto
Wagner Mayer ***
SEGUNDOS VIOLINOS
Frank Haemmer *
ASSISTENTES
Renato Lisboa
Leonidas Cáceres ***
FLAUTAS
Hyu-Kyung Jung
Cássia Lima*
TUBA
Jovana Trifunovic
Renata Xavier ***
Eleilton Cruz *
Leonardo Ottoni
Alexandre Braga
Luka Milanovic
Elena Suchkova
Marija Mihajlovic
Rodrigo Castro
MONTADORES
TÍMPANOS
André Barbosa
Patricio Hernández
Hélio Sardinha
Pradenas *
Jeferson Silva
OBOÉS
Pacífico
Alexandre Barros *
Radmila Bocev
Ravi Shankar ***
PERCUSSÃO
Rodolfo Toffolo
Israel Muniz
Rafael Alberto *
Tiago Ellwanger
Moisés Pena
Daniel Lemos ***
Valentina Gostilovitch
SUPERVISOR DE
MONTAGEM
Martha de Moura
Klênio Carvalho
Risbleiz Aguiar
Sérgio Aluotto
CLARINETES
Werner Silveira
VIOLAS
Marcus Julius Lander *
João Carlos Ferreira *
Jonatas Bueno ***
HARPA
Roberto Papi ***
Ney Campos Franco
Giselle Boeters *
Flávia Motta
Alexandre Silva
Gerry Varona
TECLADOS
Gilberto Paganini
FAGOTES
Juan Castillo
Catherine Carignan *
Katarzyna Druzd
Andrew Huntriss
Luciano Gatelli
Cláudio de Freitas
maio
nº 3 / 2015
Ayumi Shigeta *
Marcelo Nébias
Nathan Medina
Conselho
Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO
Jacques Schwartzman
PRESIDENTE
Roberto Mário Soares
CONSELHEIROS
Angela Gutierrez
Berenice Menegale
Bruno Volpini
Celina Szrvinsk
Fernando de Almeida
Ítalo Gaetani
Marco Antônio Pepino
Marcus Vinícius Salum
Mauricio Freire
Mauro Borges
Octávio Elísio
Paulo Brant
Sérgio Pena
Diretoria
Executiva
DIRETOR PRESIDENTE
Diomar Silveira
DIRETOR
ADMINISTRATIVOFINANCEIRO
Estêvão Fiuza
DIRETORA DE
COMUNICAÇÃO
Jacqueline Guimarães
Ferreira
DIRETORA DE
MARKETING E
PROJETOS
Zilka Caribé
* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto ***** convidado
DIRETOR DE
ANALISTAS DE
AUXILIARES
OPERAÇÕES
MARKETING E
ADMINISTRATIVOS
Ivar Siewers
PROJETOS
Pedro Almeida
Itamara Kelly
Vivian Figueiredo
DIRETOR DE
Mariana Theodorica
PRODUÇÃO MUSICAL
Marcos Souza
Equipe Técnica
RECEPCIONISTA
ASSISTENTE DE
Lizonete Prates Siqueira
COMUNICAÇÃO
Renata Gibson
AUXILIARES DE
SERVIÇOS GERAIS
GERENTE DE
ASSISTENTES DE
Ailda Conceição
COMUNICAÇÃO
MARKETING DE
Nayara Assis
Merrina Godinho
RELACIONAMENTO
Delgado
Eularino Pereira
MENSAGEIROS
Rildo Lopez
Lucas Lima
GERENTE DE
PRODUÇÃO MUSICAL
Claudia da Silva
Equipe
Administrativa
Guimarães
Pablo Faria
Serlon Souza
MENOR APRENDIZ
GERENTE
Diego Soares
ASSESSORA DE
ADMINISTRATIVO-
PROGRAMAÇÃO
FINANCEIRA
MUSICAL
Thais Boaventura
Sala Minas
Gerais
Carolina Debrot
ANALISTAS
GERENTE DE
PRODUTORES
ADMINISTRATIVOS
INFRAESTRUTURA
Geisa Andrade
João Paulo de Oliveira
Renato Bretas
Luis Otávio Rezende
Paulo Baraldi
Narren Felipe
TÉCNICO DE
ANALISTA CONTÁBIL
ILUMINAÇÃO E ÁUDIO
Graziela Coelho
Rafael Franca
Andréa Mendes
ANALISTA DE
ASSISTENTES
(Imprensa)
RECURSOS HUMANOS
OPERACIONAIS
Marciana Toledo
Quézia Macedo Silva
Jorge Correia
ANALISTAS DE
COMUNICAÇÃO
(Publicidade)
Rodrigo Brandão
Mariana Garcia
SECRETÁRIA
(Multimídia)
EXECUTIVA
Renata Romeiro
Flaviana Mendes
(Design gráfico)
ASSISTENTE
ANALISTA DE
ADMINISTRATIVA
MARKETING DE
Cristiane Reis
RELACIONAMENTO
Mônica Moreira
FOTO DA CAPA: ALEXANDRE REZENDE
ILUSTRAÇÕES: MARIANA SIMÕES
58
PARA APRECIAR
UM CONCERTO
PONTUALIDADE
Uma vez iniciado um concerto,
qualquer movimentação perturba
a execução da obra. Seja pontual
e respeite o fechamento das
portas após o terceiro sinal. Se
tiver que trocar de lugar ou sair
antes do final da apresentação,
aguarde o término de uma peça.
59
OLÁ, ASSINANTE
CUIDE DO SEU
PROGRAMA DE
CONCERTOS
Fortissimo, além de seu programa
mensal de concertos, é uma publicação
indexada aos sistemas nacionais
e internacionais de catalogação.
Elaborado com a participação de
especialistas, ele oferece uma
oportunidade a mais para se conhecer
música. Desfrute da leitura e estudo.
Para evitar o desperdício, pegue
apenas um exemplar ao mês. Caso
não precise dele após o concerto,
devolva-o nas caixas receptoras.
O programa se encontra também
disponível em nosso site, na agenda
de concertos. www.filarmonica.art.br
APLAUSOS
Veja algumas dicas para que os
concertos na Sala Minas Gerais sejam
uma ótima experiência para você.
ACESSO
A Sala Minas Gerais possui 3 andares
• Térreo
Plateia Central
• 2º piso
Balcão Principal, Camarote, Balcão Lateral,
Balcão Palco e Coro
• 3º piso
Mezanino
Aplauda apenas no final das obras.
CONVERSA
movimentos de cada uma e fique de
A experiência do concerto inclui o
olho na atitude e gestos do regente.
encontro com outras pessoas. Aproveite
essa troca antes da apresentação e
no seu intervalo, mas nunca converse
HORÁRIOS (concertos de quinta e sexta)
19h
Abertura da entrada principal. Nos foyers, você pode ler o programa, tomar um café ou encontrar amigos.
20h
Abertura da Sala Minas Gerais.
TOSSE
ou faça comentários durante a
Perturba a concentração dos músicos
execução das obras. Lembre-se de
20h30
Fechamento das portas e início do concerto.
e da plateia. Tente controlá-la com
que o silêncio é o espaço da música.
É a hora da música. Aproveite este momento. a ajuda de um lenço ou pastilha.
Esqueça a conversa, o celular e a câmera fotográfica.
CRIANÇAS
APARELHOS CELULARES
Caso esteja acompanhado por
E-TICKET
Confira e não se esqueça, por
criança, escolha assentos próximos
Ao comprar ingressos para concertos fora da sua série de assinatura,
favor, de desligar o seu celular ou
aos corredores. Assim, você
você já pode imprimi-los em casa e apresentá-los diretamente no acesso
qualquer outro aparelho sonoro.
consegue sair rapidamente se
à Sala Minas Gerais. Basta fazer essa escolha no momento da compra.
ela se sentir desconfortável.
FOTOS E GRAVAÇÕES
ASSESSORIA DE RELACIONAMENTO
EM ÁUDIO E VÍDEO
COMIDAS E BEBIDAS
Não são permitidas na
Seu consumo não é permitido no
[email protected]
sala de concertos.
interior da sala de concertos.
3219-9009 (segunda a sexta, 9h a 18h)
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FOTO: ANDRÉ FOSSATI
Veja no programa o número de
60
SALA MINAS GERAIS
Difusor de teto
Muitos elementos participam do
resultado acústico da Sala Minas
Gerais. Como um instrumento
musical, a Sala precisa ser afinada.
Isso é feito a cada concerto, de
acordo com a obra, o tamanho da
FOTO: ALEXANDRE REZ ENDE
FOTO: RAFAEL MOTTA
FOTO: RAFAEL MOTTA
orquestra e a ocupação das plateias.
Mas também ao longo de muitos
meses e com base nas experiências
das diferentes músicas e das
exigências que elas fazem ao espaço.
Já falamos aqui das cadeiras, que
fazem a absorção fixa do som. Para
a absorção móvel do som, há outros
recursos, entre eles o difusor de teto.
Ele pode ser ajustado em alturas
variadas e resultar em sonoridades
diferentes no palco e na plateia. Para
o arquiteto e acústico da Sala Minas
Gerais, José Augusto Nepomuceno,
todos os elementos de afinação
acústica da Sala são importantes e
não há um que se sobreponha ao
outro. “Entendemos a sala como um
instrumento musical no qual todas
as partes trabalham conjuntamente a
favor da sonoridade”, diz ele.
CA: 0230/001/2013
DIVULGAÇÃO
APOIO INSTITUCIONAL
INCENTIVO
w w w. i n c o n f i d e n c i a . c o m . b r
Projeto executado por meio da
Lei Estadual de Incentivo à
Cultura de Minas Gerais
REALIZAÇÃO
SALA MINAS GERAIS
Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 | Belo Horizonte - MG
(31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030
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FORTISSIMO Nº 3 — 2015 - Orquestra Filarmônica de Minas Gerais