FORTISSIMO Nº 3 — 2015 MAIO 62 Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais apresentam SUMÁRIO p. 8 ALLEGRO V I VA C E Quinta Sexta 07/05 08/05 Marcos Arakaki, regente Anna Vinnitskaya, piano PROKOFIEV PROKOFIEV BRAHMS Sinfonia nº 1 em Ré maior, op. 25, “Clássica” Concerto para piano nº 2 em sol menor, op. 16 Sinfonia nº 2 em Ré maior, op. 73 p. 22 PRESTO VELOCE Quinta Sexta 14/05 15/05 Michal Nesterowicz, regente convidado Amit Peled, violoncelo SIBELIUS HERBERT FAURÉ SIBELIUS SIBELIUS Finlândia, op. 26 Concerto para violoncelo nº 2 em mi menor, op. 30 Pelléas e Mélisande, op. 80: Suíte Sinfonia nº 7 em Dó maior, op. 105 Valse triste, op. 44, nº 1 p. 40 ALLEGRO V I VA C E Quinta Sexta 28/05 29/05 Fabio Mechetti, regente Duo Binelli-Ferman Daniel Binelli, bandoneon Polly Ferman, piano CHÁVEZ Sinfonia nº 2, “Índia” BINELLI ALBENIZ / Arbós FALLA Homenagem ao tango Suíte Ibéria O Sombreiro de Três Picos: Suíte nº 2 3 CAROS AMIGOS E AMIGAS, Vários solistas internacionais se apresentam pela primeira vez com a Filarmônica neste mês. A pianista russa Anna Vinnitskaya traz ao nosso palco um dos mais desafiadores concertos para piano, o Segundo de Prokofiev. Dotada de extraordinário talento, ela certamente irá atender a todas as expectativas de nosso público. Neste concerto, Marcos Arakaki traz a belíssima Sinfonia nº 2 de Brahms e a charmosa Sinfonia Clássica, também de Prokofiev. FOTO: RAFAEL MOTTA As comemorações dos 150 anos de Sibelius continuam com um concerto onde não menos que três de suas mais importantes obras serão apresentadas: sua última sinfonia, o poema sinfônico Finlândia, retratando sua terra natal, e a pungente e preciosa Valse triste. Dirigindo nossa Filarmônica pela primeira vez, o regente polonês Michal Nesterowicz, com o violoncelista israelita-americano Amit Peled, fará desta uma das noites mais memoráveis da temporada. de impressionante musicalidade, ela promete uma experiência marcante. A exploração da música de Beethoven continua com sua revolucionária Sinfonia Eroica, uma das obras mais significativas do gênio de Bonn, responsável por uma nova visão da sinfonia enquanto forma musical. O mês se encerra com o retorno do simpático bandoneonista Daniel Binelli, desta vez em parceria com a pianista Polly Ferman, numa Homenagem ao tango, obra escrita pelo artista argentino. Essa noite latina mostrará ainda a energia quase primitiva da Sinfonia Índia do mexicano Carlos Chávez, o lirismo e inegável sabor ibérico da música de Isaac Albéniz e o colorido inigualável de Manuel de Falla. Finalmente, a Filarmônica faz sua primeira apresentação ao ar livre e oferece um concerto a toda a população belo-horizontina, na Praça da Liberdade, no dia 10 de maio. A jovem pianista Natasha Paremski também estreia com a Filarmônica ao interpretar o Terceiro Concerto de Beethoven na série Fora de Com vocês, esperamos fazer dos concertos da Filarmônica atividades imperdíveis na vida cultural da cidade e do estado. Série. Vencedora de importantes concursos internacionais e dotada Tenham todos um grande concerto. FABIO MECHETTI Diretor Artístico e Regente Titular FOTO: RAFAEL MOTTA 5 6 7 Jacksonville, sendo, agora, Regente Emérito destas duas últimas. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego foi Regente Residente. FOTO: ALEXA NDRE REZEN DE Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008. Por esse trabalho, recebeu o XII Prêmio Carlos Gomes/2009 na categoria Melhor Regente brasileiro. Recentemente, tornou-se o primeiro brasileiro a ser convidado a dirigir uma orquestra asiática, sendo FABIO MECHETTI nomeado Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia. Foi Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Syracuse, da Orquestra Sinfônica de Spokane e da Orquestra Sinfônica de Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York. Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente, estreou na Itália conduzindo a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2015 dirigirá a Orquestra Sinfônica de Odense, também na Dinamarca. No Brasil foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre, Brasília e Paraná e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros. Realizou diversos concertos no México, Peru e Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Na Europa regeu a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia e a Orquestra da Radio e TV da Espanha. Dirigiu também a Filarmônica de Auckland, Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Cosi fan Tutte, Bohème, Butterfly, Barbeiro de Sevilha, La Traviata e Nova Zelândia, a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá, e a Filarmônica de Tampere, na Finlândia. As Alegres Comadres de Windsor. Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Fabio Mechetti recebeu títulos de Mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York. 8 9 MARCOS ARAKAKI regente ANNA VINNITSKAYA piano ALLEGRO Quinta 07/05 PROGRAMA V I VA C E Sergei PROKOFIEV Sexta Sinfonia nº 1 em Ré maior, op. 25, “Clássica” 08/05 • Allegro • Larghetto • Gavotte: Non troppo allegro • Finale: Molto vivace Sergei PROKOFIEV Concerto para piano nº 2 em sol menor, op. 16 • Andantino – Allegretto ANNA VINNITSKAYA piano • Scherzo: Vivace • Intermezzo: Allegro moderato • Finale: Allegro tempestoso – I N T E RVA L O – Johannes BRAHMS PATROCÍNIO Sinfonia nº 2 em Ré maior, op. 73 • Allegro non troppo • Adagio non troppo • Allegretto grazioso (quasi andantino) • Allegro con spirito 10 ALLEGRO E VIVACE 11 Universidade Nacional Autônoma do México, Sinfônica de Xalapa (México), a Kharkov Philharmonic (Ucrânia) e a Bohuslav Martinu Philharmonic (República Tcheca). F OTO: RAFAEL MOTTA Marcos Arakaki é o Regente Associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e tem colaborado com a Filarmônica desde a Temporada 2011. MARCOS ARAKAKI Arakaki tem dirigido importantes orquestras no Brasil e no exterior. Dentre elas a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, a Orquestra Sinfônica Brasileira, as sinfônicas de Minas Gerais, do Paraná, da Paraíba, de Campinas e da Universidade de São Paulo, a Petrobras Sinfônica, Orquestra do Teatro Nacional Claudio Santoro, a Orquestra Experimental de Repertório, a Camerata Fukuda, a Orquestra Filarmônica de Buenos Aires, Orquestra Filarmônica da Sua trajetória artística é marcada por diversos prêmios. Vencedor do 1º Concurso Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes, promovido pela Orquestra Petrobras Sinfônica (2001), e do 1º Prêmio Camargo Guarnieri, realizado pelo Festival Internacional de Campos do Jordão (2009), Arakaki também foi finalista do 1º Concurso Latinoamericano de Regência Orquestral da Osesp (2005) e semifinalista no 3º Concurso Internacional Eduardo Mata, realizado na Cidade do México (2007). Em 2005, foi o principal regente da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Entre 2007 e 2010, trabalhou como titular da Orquestra Sinfônica da Paraíba e assistente da Orquestra Sinfônica Brasileira. Como regente titular, Arakaki promoveu a reestruturação da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem entre os anos de 2008 e 2010, recebendo grande reconhecimento da crítica especializada e do público na cidade do Rio de Janeiro. Gravou em 2010 a trilha sonora do filme Nosso Lar, composta por Philip Glass, juntamente com a Orquestra Sinfônica Brasileira. Arakaki já fez a estreia mundial de mais de quarenta obras para orquestra. Paralelamente, tem desenvolvido atividades como coordenador pedagógico, professor e palestrante em diversos projetos culturais e em importantes instituições, como Música na Estrada, Casa do Saber do Rio de Janeiro, Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Marcos Arakaki é bacharel em Música pela Universidade Estadual Paulista (Unesp, 1998), concluindo seu mestrado em Regência Orquestral pela Universidade de Massachusetts em 2004, com apoio da Fundação Vitae. Participou de masterclasses com os maestros Kurt Masur, Charles Dutoit, Alan Hazendine, Kirk Trevor, Dante Anzolini, Fabio Mechetti, John Neschling, Roberto Minczuk, Roberto Tibiriçá, Nelson Nirenberg e Lanfranco Marcelletti. Em 2005 participou do Aspen Music Festival and School, tendo aulas com David Zinman na American Academy of Conducting at Aspen, nos Estados Unidos. Desde 2013, Arakaki também é professor de Regência na Universidade Federal da Paraíba e Regente Titular da Orquestra Sinfônica da mesma instituição. 12 ALLEGRO E VIVACE 13 F OTO: GELA MEGRELI DZE Borusan, Brno Philharmonic, estreia nos Estados Unidos com a Sinfônica de Indianápolis, apresentações com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Filarmônica de Oslo e Sinfônica WDR de Colônia. Após uma bem-sucedida estreia no The Frick Collection de Nova York, os recitais desta temporada incluem Berlim, Bruxelas, Hasselt e Kiel. Aclamada pelo Washington Post como uma “leoa ao teclado,” Anna Vinnitskaya se destaca como uma das pianistas mais emocionantes de sua geração. Nascida na Rússia, fez sua estreia com orquestra aos oito anos e o primeiro recital aos nove. Estudou na Rússia com Sergej Osipenko e em seguida com Evgeni Koroliov na Universidade de Hamburgo de Música e Teatro, onde depois foi nomeada professora de Piano. ANNA VINNITSKAYA Já estabelecida no cenário internacional, seus próximos compromissos são com a Orquestra do Estado de Atenas, Filarmônica de Outras orquestras com as quais Vinnitskaya tem se apresentado incluem a Sinfônica da Cidade de Birmingham, Câmara Filarmônica Alemã de Bremen, Konzerthausorchester de Berlim, Filarmônica de Munique, Orquestra Nacional da Rússia, as sinfônicas de rádio de Hamburgo, Stuttgart e Berlim; New Japan Philharmonic, Orchestre de la Suisse Romande, Filarmônica de Israel, KBS Orquestra Sinfônica de Seul, Sinfônica Tchaikovsky e no Festival de Lucerna. A pianista colabora regularmente com maestros como Andrey Boreyko, Alan Buribayev, Charles Dutoit, Vladimir Fedoseyev, Reinhard Goebel, Pietari Inkinen, Marek Janowski, Dimitri Jurowski, Emmanuel Krivine, Louis Langree, Yoel Levi, Andris Nelsons, Kyrill Petrenko, Helmut Rilling, Krzysztof Urbański, Juraj Valcuha e Gilbert Varga. Na música de câmara, Vinnitskaya se apresenta em um trio com o violinista Erik Schumann e o violoncelista Nicolas Altstaedt. Anna Vinnitskaya venceu vários concursos internacionais de piano e recebeu, entre outros, o primeiro prêmio no Concurso Rainha Elisabeth 2007 e o Prêmio Leonard Bernstein no Festival de Música de Schleswig-Holstein 2008. Há três anos participa da série de concertos Junge Wilde para jovens artistas, no Konzerthaus de Dortmund. Sua pimeira gravação, pelo selo Naïve, com obras de Rachmaninov, Gubaidulina, Medtner e Prokofiev, recebeu o Diapason d’Or e o Choc du Mois, pela Classica Magazine. Seu primeiro CD orquestral, com o Concerto nº 2 de Prokofiev e o Concerto em Sol de Ravel, com a Deutsches Sinfonieorchester de Berlim sob direção de Gilbert Varga, lhe rendeu o prêmio Echo Klassik. O CD mais recente, com obras de Ravel, também recebeu o prêmio Diapason d’Or. 14 ALLEGRO E VIVACE Sergei Prokofiev | 15 Império Russo, atual Ucrânia, 1891 – Rússia, 1953 SINFONIA Nº 1 EM RÉ MAIOR, OP. 25, “CLÁSSICA” (1916/1917) INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas. 13 min A trajetória musical de Prokofiev, com suas implicações estéticas, relaciona-se diretamente com a história de seu país. Sob essa perspectiva, divide-se em três períodos bem distintos – a fase russa, a ocidental e a soviética. A fase russa compreende os anos de aprendizado e afirmação no cenário musical da Rússia czarista. O período ocidental inicia-se após a Revolução, quando, em 1918, o compositor abandona a Rússia leninista para viver por muitos anos entre a França, os Estados Unidos e a Alemanha. A partir de 1927, Prokofiev começa a reatar contatos com a URSS. Em 1936, escreve para o Teatro Infantil de Moscou o conto musical Pedro e o Lobo e volta definitivamente à Rússia, iniciando sua fase soviética, durante os mais rigorosos anos dos expurgos stalinistas. Prokofiev morreu a 5 de março de 1953, coincidentemente o mesmo dia da morte de Stalin. A Sinfonia op. 25 pertence ao final da fase russa. Desde seus últimos anos como estudante do Conservatório de São Petersburgo, Prokofiev frequentava as Noites de Música Contemporânea, quando entrou em contato com a obra inovadora de Debussy e Schoenberg. Intuitivamente, sua música se associava à estética da época, à pintura de Kandinsky e à literatura de Maiakovski. Aos vinte e cinco anos era bastante conhecido, e algumas de suas recentes composições (entre elas, o Concerto para piano nº 2) causavam espanto pela aspereza harmônica e rítmica. Alguns críticos o acusavam de “maquinismo” futurista e de iconoclastia revolucionária. A Sinfonia Clássica, concebida segundo os processos formais de Haydn, pareceu uma resposta do compositor, quando ele a regeu, a 21 de abril de 1918 em São Petersburgo. Na verdade, a motivação de Prokofiev era bem mais prosaica: tratava-se de compor uma sinfonia sem o auxílio do piano. O primeiro movimento é um Allegro em forma sonata. O animado primeiro tema começa com um acorde forte seguido de figurações de escalas em piano (procedimento recorrente entre os clássicos vienenses). O segundo tema, mais dançante, caracteriza-se pelo acompanhamento staccato do fagote e particular de Prokofiev. O tema é apresentado pelos violinos nos registros mais altos e reaparece, alternando-se com dois episódios. O primeiro episódio é particularmente interessante, pela união do fagote e de todas as cordas em pizzicati. A pequena Gavotte foi composta em 1916, antes do resto da Sinfonia, dentro da forma A-B-A usual. A parte central tornou-se célebre, apresentando uma canção popular russa nas madeiras sobre os acordes de quinta das cordas. O Finale é um efervescente rondósonata que utiliza motivos do Allegro inicial em três temas curtos. O primeiro aparece nas cordas, marcado pelos tímpanos. As madeiras desenham o segundo tema sobre tradicionais baixos d’Alberti (acompanhamento da melodia com acordes arpejados). O terceiro tema, confiado à flauta e depois aos violinos, contém a ideia melódica dominante desse final repleto de espírito bem russo e popular. PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado. Apresenta o programa semanal Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência. PARA OUVIR CD Prokofiev – Pierre et le loup; Symphonie classique; Ouverture sur des thèmes juifs; Marche – The Chamber Orchestra of Europe – Claudio Abbado, regente – Deutsche Grammophon – 1990 PARA LER Claude Samuel – Prokofiev – Éditions du Seuil, Solfèges – 1995 grandes saltos melódicos nos violinos. Paul Griffiths – A Música Moderna – Clóvis No Larghetto, apesar dessa indicação para o andamento, trata-se de um delicado minueto, com seu ritmo ternário e um lirismo muito Marques, tradução – Jorge Zahar Editor – 1998 PARA ASSISTIR Orquestra Filarmônica de Munique – Sergiu Celibidache, regente | Acesse: fil.mg/psinfclassica 16 ALLEGRO E VIVACE Sergei Prokofiev | 17 Império Russo, atual Ucrânia, 1891 – Rússia, 1953 CONCERTO PARA PIANO Nº 2 EM SOL MENOR, OP. 16 ( Versão original, 1913 – Versão definitiva, 1923) INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas. 31 min Pela qualidade de sua vultosa obra, Prokofiev certamente encontra-se entre os compositores mais relevantes da primeira metade do século XX. Entretanto, diferentemente de Debussy, Stravinsky, Bartók, Schoenberg ou Webern, ele nunca pretendeu renovar a linguagem musical ou criar uma nova técnica de composição. Em linhas gerais, manteve-se fiel à tonalidade, e suas inovações se referem mais aos efeitos do que às estruturas musicais. A originalidade da música de Prokofiev emerge diretamente de sua destreza de exímio pianista, na busca de recursos inéditos para a técnica do instrumento. Foi primordialmente para seus dedos ávidos de novidades que ele a compôs. Aos seis anos, já usava o piano para criar pequenos esboços musicais, como um curioso Galope hindu (escrito no modo lídio de fá, para evitar as teclas pretas). Quando estreou a primeira versão do Concerto nº 2, era ainda aluno do Conservatório. Parte do público abandonou o teatro durante a apresentação, protestando contra o caráter inusitado da obra. Prokofiev ficou encantado com o escândalo e concedeu vários extras. O Concerto op. 16 divide-se em quatro movimentos. O primeiro, Andantino, começa pianíssimo, com o primeiro tema cantabile, muito russo, confiado ao solo do clarinete. A intervenção orquestral é bem equilibrada e muito expressiva. O segundo tema, Allegretto, tem caráter dançante e apresenta algumas novas ideias, submetidas a transformações engenhosas. Em um procedimento formal inédito, Prokofiev substitui o tradicional desenvolvimento por uma dilatada cadenza que, sozinha, ocupa quase a metade do movimento, exigindo do solista verdadeira acrobacia técnica, resistência física e gestual vigoroso. Audaciosa em sua linguagem harmônica, repleta de acordes tumultuosos e arpejos inusitados, essa assombrosa passagem culmina na volta em fortíssimo da orquestra com todo o peso dos metais. É o começo da coda, cujo diminuendo traz de volta a atmosfera nostálgica inicial. O Scherzo (Vivace) é um perpetuum mobile. O pianista tece arabescos fantasiosos com imutáveis e rápidas semicolcheias articuladas paralelamente nas duas mãos. A orquestra trabalha um material disperso criando harmonias surpreendentes e a curiosa interferência rítmica de agudos pizzicati nos sopros. O Intermezzo (Allegro moderato) começa com ameaçadores saltos retumbantes nos graves sobre os quais os metais anunciam suas fanfarras. O piano enriquece o quadro com um colorido novo, dinâmicos contrastes, elaboradas estruturas rítmicas e cintilantes arroubos virtuosísticos. Episodicamente, o movimento é suavizado pelo relevo das melodias; mas no todo domina o acento bárbaro. O Finale (Allegro tempestoso) tem dimensões imponentes e uma lógica formal que tira partido das vivas alternâncias de atmosferas. No início, o piano exibe seu vigor em acordes robustos e saltos de oitava por todo o teclado. Um dos momentos contrastantes mais líricos acontece quando o solista canta uma melodiosa berceuse, repleta de ternura. Após as ousadas dissonâncias da coda, o concerto culmina em altivo clima de vitória. PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado. Apresenta o programa semanal Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência. PARA OUVIR CD Prokofiev – Os Cinco Concertos para Piano – Orquestra da Gewandhaus de Leipzig – Kurt Masur, regente – Michel Beroff, piano – EMI Classics, França – 1988 PARA ASSISTIR deFilharmonie – Edo de Waart, regente – Boris Giltburg, piano | Acesse: fil.mg/ppiano2 18 ALLEGRO E VIVACE 19 Johannes Brahms | Alemanha, 1833 – Áustria, 1897 SINFONIA Nº 2 EM RÉ MAIOR, OP. 73 (1877) INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, cordas. 40 min “Em Wagner a harmonia possui um significado muito abrangente, mas, no que se refere às relações harmônicas, Brahms é mais rico”. Essa afirmação do compositor austríaco Anton Webern, uma das figuras emblemáticas da vanguarda do século XX, se choca com a visão do século XIX sobre o compositor. Ao contrário de Wagner, considerado revolucionário, Brahms era visto como conservador. Sua revalorização no início do século XX, notadamente por Schoenberg, que aponta sua liberdade rítmica e ousadia harmônica, representou significativa mudança na apreciação de sua obra. Um olhar atual nos mostra que as diferenças entre Wagner e Brahms são, antes, complementares. O primeiro compõe essencialmente ópera; Brahms dedicou-se a todos os gêneros, exceto balé e ópera. A mistura entre aspectos formais herdados da tradição clássica, particularmente Beethoven, a canção popular alemã e a polifonia dos antigos mestres apresenta-se em sua música com cores e nuances originais. A Segunda Sinfonia, escrita no verão de 1877, talvez seja a mais lírica e luminosa das quatro escritas pelo compositor. Seu tom primaveril contrasta com o caráter sombrio da Primeira. Na Segunda, a harmonia é cheia de matizes e reflete a mistura de luz e sombra resultante de um cromatismo sutil mesclado com elementos diatônicos. Jovem, Brahms estuda com profundidade os mestres antigos Bach, Lassus e Palestrina, ampliando o colorido harmônico e a presença do contraponto em sua obra. A imagem de Brahms como criador voltado para O Allegro non troppo, em Ré maior, escrito em compasso ternário como uma espécie de valsa sinfônica, é uma forma sonata típica, com um primeiro tema apresentado como diálogo entre cordas graves e trompas e madeiras, culminando em extrovertida melodia nos violinos, repetida nas flautas. O segundo tema, em Fá sustenido menor, surge nas violas e violoncelos quase como uma o passado deriva desse seu apreço pela polifonia e procedimentos harmônicos praticados por aqueles mestres. O notável é que exatamente essa influência é que vai enriquecer sua música, como apontou Webern. canção de ninar. O desenvolvimento é amplo e agitado, com os motivos iniciais trabalhados em polifonia densa e complexa. Finalmente, a reexposição do tema, transformada, retoma a atmosfera serena do início. No Adagio non troppo, em Si maior, de caráter melancólico, Brahms utiliza uma harmonia mais tensa e explora o expressivo cantabile das cordas. A melodia inicial, nos violoncelos, é repetida com variações ao longo do movimento, possibilitando um colorido orquestral cheio de sutilezas harmônicas e contrapontísticas. O Allegretto grazioso (quasi andantino), em Sol maior, é o movimento mais curto e jovial. Em forma de rondó, suas mudanças de caráter e tempo sugerem danças com diferentes características rítmicas e métricas, como numa suíte barroca. No Allegro con spirito, último movimento, brilhante e rápido, Brahms utiliza a forma sonata ampliada, com tratamento temático complexo. A ampla utilização da orquestra e o material temático, submetido a transformações e deslocamentos rítmicos, acentuam o brilho e o vigor desse movimento, conduzindo a uma conclusão grandiosa da obra. RUBNER DE ABREU Músico, professor e coordenador pedagógico da Fundação de Educação Artística, fundador e diretor do grupo Oficina Música Viva. PARA OUVIR CD Brahms – The Symphonies – Chicago Simphony Orchestra – Sir Georg Solti, regente – Decca, Londres – 1996 PARA LER Arnold Schoenberg – Style and idea: selected writings – University of California Press – 2010 PARA ASSISTIR Orquestra Filarmônica de Viena – Carlos Kleiber, regente | Acesse: fil.mg/bsinf2 FOTO: AN DRÉ FO SSATI 22 23 MICHAL NESTEROWICZ regente convidado AMIT PELED violoncelo PROGRAMA PRESTO Quinta 14/05 Jean SIBELIUS VELOCE Victor HERBERT Finlândia, op. 26 Sexta Concerto para violoncelo nº 2 em mi menor, op. 30 15/05 • Allegro impetuoso AMIT PELED violoncelo • Andante tranquillo • Allegro – I N T E RVA L O – Gabriel FAURÉ Pelléas e Mélisande, op. 80: Suíte • Prelúdio: Quasi adagio • Fiandeira: Andantino quasi allegretto • Siciliana: Allegretto molto moderato • Morte de Mélisande: Molto adagio Jean SIBELIUS PATROCÍNIO Sinfonia nº 7 em Dó maior, op. 105 Jean SIBELIUS Valse triste, op. 44, nº 1 24 PRESTO E VELOCE 25 FOTO: MIREK PIETRUSZ YN SKI Desde que venceu o Concurso de Regência de Cadaques, na Espanha, em 2008, Michal Nesterowicz passou a conduzir muitas das principais orquestras da Espanha, Suíça, Itália, Polônia e Reino Unido, bem como inúmeros outros conjuntos europeus de destaque. MICHAL NESTEROWICZ Na atual temporada, Nesterowicz faz sua estreia com a Orquestra Filarmônica de Munique, as sinfônicas das rádios de Colônia (WDR) e de Hamburgo (NDR), a Orquestra Sinfônica de Bilbao, Orquestra Filarmônica de Luxemburgo, Filarmônica de Tampere, Orquestra Filarmônica de Nice e Filarmônica de Minas Gerais. O maestro também retorna à Orquestra Sinfônica de Barcelona, Orquestra Sinfônica da Galícia, na Espanha, Sinfonieorchester Basel, na Suíça, e à Orquestra Real Filarmônica, no Reino Unido. Em sua terceira temporada como diretor artístico da Orquestra de Tenerife, Espanha, Nesterowicz continuará com os ciclos sinfônicos de Mahler, Brahms e Schumann. As últimas sinfonias de Dvorák e o Concerto para Orquestra de Lutoslawski também serão atrações desta temporada. Na temporada passada o maestro Nesterowicz fez estreias de sucesso com a Orquestra Nacional Real Escocesa, Orquestra Nacional Bordeaux Aquitaine, Orchestra della Svizzera Italiana Michal Nesterowicz estudou na Academia de Música de Wroclaw, Polônia, seu país natal, e graduou-se na classe de Marek Pijarowski em 1997. Ele foi um dos vencedores do 6º Concurso Internacional de e Orquestra Sinfônica Nacional de Taiwan. Outros compromissos recentes incluíram a Orquestra Tonhalle de Zurique e a Orquestra Filarmônica Real de Liverpool. Regência Grzegorz Fitelborg em Katowice, Polônia. Ocupou os cargos de diretor artístico da Orquestra Filarmônica Polaca Báltica, em Gdańsk, Polônia, e regente principal da Orquestra Sinfônica do Chile. 26 PRESTO E VELOCE 27 entregue a ele por sua viúva, Marta Casals Istomin. Com o instrumento, Peled fez a abertura do Festival Casals na Espanha, participou de homenagem ao músico no Festival Pablo Casals em Porto Rico e gravou seu quarto CD com a Centauro Records. F OTO: J. HENRY FAIR Peled tem se apresentado com várias orquestras e nas principais salas de concerto do mundo, tais como Carnegie Hall e Alice Tully Hall, Kennedy Center, Salle Gaveau, Wigmore Hall, Konzerthaus e Mann Auditorium. AMIT PELED Dos Estados Unidos e Europa ao Oriente Médio e Ásia, o violoncelista israelense Amit Peled, um músico de profundo talento e carismática presença de palco, é aclamado como um dos instrumentistas mais fascinantes no mundo dos concertos atualmente. É um forte defensor do rompimento das fronteiras entre artistas e público, sempre tentando promover e Recentemente, Peled embarcou em uma extensa turnê de estreia nos Estados Unidos e Alemanha, com a Nordwest Philharmonie, executando o Concerto nº 1 de Shostakovich e o Concerto para violoncelo de Victor Herbert. Além disso, juntou-se ao lendário Krzysztof Penderecki em seu Concerto para violoncelo no Chicago Millennium Park; apresentou os concertos de Elgar e de Shostakovich compartilhar a música clássica com um público cada vez mais amplo. com o maestro Michael Stern e a Orquestra IRIS; o Concerto em Dó maior de Haydn com Nicola Luisotti e a Orquestra da Ópera de San Francisco; e o Concerto de Schumann com a Orquestra de Câmara de Israel. Durante a temporada 2012/2013, Peled teve a honra de receber o violoncelo que pertenceu ao lendário Pablo Casals, Possui quatro álbuns pelo selo Centauro Records e um pela Naxos, este com seu trio de piano The Tempest Trio, todos recebidos com entusiasmo. Convidado frequente, Pellet se apresenta e ministra masterclasses em prestigiados festivais de verão, como Marlboro e Newport, Música de Câmara de Seattle, Instituto Internacional de Música Heifetz, festivais Schleswig Holstein e Euro Arts na Alemanha, Festival Gotland na Suécia, Prussia Cove na Inglaterra, The Violoncello Forum na Espanha, Festival e Academia Internacional Mizra, em Israel. Amit Peled tem sido destaque na televisão e estações de rádio em todo o mundo, inclusive no Performance Today da NPR; na rádio WGBH de Boston, WQXR de Nova York, WFMT de Chicago, Deutschland Radio de Berlim, Radio France, Swedish National Radio & TV e a Rádio & TV Nacional israelense. Um dos professores de violoncelo mais procurados, Peled é docente do Conservatório Peabody de Música da Universidade Johns Hopkins. 28 PRESTO E VELOCE Jean Sibelius | 29 Finlândia, 1865 – 1957 INSTRUMENTAÇÃO FINLÂNDIA 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas. FINLÂNDIA, OP. 26 (1899/1900) INSTRUMENTAÇÃO VALSE TRISTE flauta, clarinete, 2 trompas, tímpanos, cordas. 8 min VALSE TRISTE, OP. 44, Nº 1 (1903) 6 min O musicólogo e historiador da música Roland de Candé demarca cartesianamente o início do declínio do espírito romântico a partir de 1840. No entanto, ele salienta que esse declínio não gera movimentos capazes de suscitar uma estética musical nova. Diz Candé que “separado de sua fonte, o romantismo musical prossegue na velocidade adquirida. Berlioz, Liszt, Wagner, Verdi, Gounod prolongaram, até tarde no século, a despeito do racionalismo ambiente, uma estética baseada na intuição, à qual se vinculam Bruckner, Tchaikovsky, Mahler, Sibelius...” (História Universal da Música). Nesse contexto é que surgem as ditas escolas nacionais, como heranças do Romantismo, em que Sibelius deve ser situado. Note-se, porém, que esse tipo de classificação não deve ser tomado à risca, mas sim como movimentos oriundos de centros culturais distantes do polo original em que nasceu o Romantismo e que, esteticamente, buscam materiais musicais arraigados em tradições regionais. Assim, pode-se dizer de uma escola francesa, de uma escola espanhola, de uma escola russa, de uma escola tcheca e de uma escola escandinava, na qual despontam os nomes de Edvard Grieg, Carl Nielsen e Jean Sibelius. A Finlândia de 1899 ainda estava sob domínio russo. Solitária e ameaçada, lutando por sua cultura recôndita em seus lagos e florestas, fará de Jean Sibelius o símbolo de seu nacionalismo. Assim, cada obra sua parece inspirar-se nos poetas de sua terra, em suas epopeias nacionais e em seu folclore. Daí seus poemas sinfônicos, dentre os quais se destaca sua obra-prima, O Cisne de Tuonela, além de outras obras de relevo inegável: o Concerto para Violoncelo, a Quinta Sinfonia, a Valsa triste e outros poemas sinfônicos como Tapiola e principalmente Finlândia. Embora seja invenção original do compositor, não deixa de apresentar traços do folclore nórdico. Talvez daí o fato de ele ter se tornado uma das melodias mais representativas da cultura musical da Finlândia, concorrendo, entre seus patrícios, com seu próprio hino nacional. Estreada em 1900, em Helsinki, pela Sociedade Filarmônica daquela cidade, sob a regência de Robert Kajanus, em uma Finlândia ainda sob domínio russo, a peça teve que adotar diversos codinomes para que pudesse ser executada sem o veto da censura. A Valsa triste, célebre por sua beleza e concisão, apresenta traços sintéticos do poema sinfônico. Composta para música de cena de uma peça de teatro do cunhado de Sibelius, Arvid Järnfelt, intitulada Kuolema (Morte), ela acompanha uma cena em que a própria Morte aparece a uma mulher moribunda e com ela dança antes de levá-la consigo. A Valsa triste foi composta em 1903 e revisada um ano depois para publicação. MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Fundação de Educação Artística. PARA OUVIR CD Jean Sibelius – Finlandia; Valse triste; Tapiola; Der Schwan Von Tuonela – Berliner Philamorniker – Herbert von Karajan, regente – Deutsche Grammophon – 1984 PARA LER Roland de Candé – História Universal da Música – vol. 2 – Eduardo Brandão, Embora Tapiola apresente um modelo bem próximo dos poemas sinfônicos de Liszt e Strauss, Finlândia a ele tradução – Martins Fontes – 1994 escapa. Composta em 1899, sob o jugo czarista, esta obra relativamente breve parece ter apenas um único propósito: entoar um hino de amor à terra finlandesa. Esse hino aparece explicitamente na seção final da obra. Finlandesa e Orquestra Filarmônica PARA ASSISTIR Finlândia: Orquestra Sinfônica da Rádio de Helsinque – Jukka-Pekka Saraste, regente | Acesse: fil.mg/sfinlandia Valse triste: Orquestra Sinfônica Nacional Dinamarquesa – Rafael Frühbeck de Burgos, regente | Acesse: fil.mg/svalsetriste 30 PRESTO E VELOCE Victor Herbert | 31 Irlanda, 1859 – Estados Unidos, 1924 CONCERTO PARA VIOLONCELO Nº 2 EM MI MENOR, OP. 30 (1894) INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, cordas. 23 min Victor Herbert vive sua primeira infância em Londres aos cuidados de sua mãe viúva e de seu avô Samuel Lover, célebre poeta, novelista e compositor irlandês. Por conta do segundo casamento de sua mãe com um médico alemão, Herbert muda-se em 1866 para Stuttgart, onde faz seus estudos musicais e inicia sua carreira profissional. Em 1881 é contratado pela orquestra da corte de Stuttgart e ali conhece a soprano Therese Förster, que viria a ser sua esposa. Nos cinco anos que se seguem, Herbert lança suas próprias obras orquestrais e dá início a uma carreira de violoncelista em Viena e Stuttgart, solando sua Suíte para violoncelo e orquestra, op. 3 e seu Primeiro Concerto para Violoncelo e Orquestra, op. 8. Contratados pelo Metropolitan Opera House de Nova York, Herbert e sua esposa mudam-se para os Estados Unidos em 1886. desfrutando de enorme popularidade até a Primeira Guerra Mundial. Com inúmeros sucessos e estreias na Broadway – The Serenade, The Fortune Teller, Babes in Toyland, Mlle. Modiste, The Red Mill, Naughty Marietta, Sweethearts e sua tão desejada opereta sobre um tema irlandês, Eileen –, torna-se uma das figuras mais respeitadas do Tin Pan Alley – grupo de compositores, autores e editores musicais que se estabeleceram no final do século XIX em certa região de Manhattan e dominaram o cenário de música popular nos Estados Unidos da época. Herbert foi ainda um dos principais advogados que lutaram pelos direitos de cópia e gravação nos Estados Unidos, influenciando a decisão de 1909, do Congresso, que garantia aos compositores direitos sobre venda, e fundando a Sociedade Americana de Compositores, Autores e Editores (Ascap). Em Nova York, além de primeiro violoncelista do Metropolitan, No mesmo ano em que se lança no mundo das operetas, Herbert Herbert torna-se membro do New York String Quartet, regente assistente de Anton Seidl e membro do National Conservatory of Music. Em 1894, a partir de Prince Ananias, passa a compor operetas, finaliza seu Segundo Concerto para Violoncelo e Orquestra e o estreia à frente da New York Philharmonic Orchestra conduzida por Seidl. Os três movimentos – allegro impetuoso, andante tranquillo, allegro – apresentam e reapresentam temas que são modificados segundo influência formal de Franz Liszt. A coesão e fluência alcançadas agradam o público da época, e a obra torna-se seu maior sucesso orquestral. Antonín Dvorák, que conhecera Herbert no National Conservatory of Music, encontra nessa obra inspiração para o seu próprio concerto. Com o final da Grande Guerra, os ouvintes norte-americanos abandonam o gosto pelas operetas de influência europeia e voltam suas atenções para os musicais de partes vocais mais simples. Victor Herbert vê-se marginalizado, e sua música, após sua morte, foge à moda. O Segundo Concerto para Violoncelo, contudo, preserva-se, como parte do cânone, das flutuações constantes do gosto popular. IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música pela UFMG, doutorando de Francês no King’s College London e colaborador do ARIAS/ Sorbonne Nouvelle Paris 3. PARA OUVIR CD Concertos From The New World – Dvorak & Herbert – Cello Concerto in B Minor op. 104; Cello Concerto in E Minor op. 30 – New York Philharmonic – Kurt Masur, regente – Yo-Yo Ma, violoncelo – Sony Classical – 884977955637 PARA ASSISTIR Orquestra Sinfônica de Córdoba – Carlos Riazuelo, regente – Marcelo Montes, violoncelo | Acesse: fil.mg/hvioloncelo2 32 PRESTO E VELOCE Gabriel Fauré | 33 França, 1845 – 1924 PELLÉAS E MÉLISANDE, OP. 80: SUÍTE (1898) INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos, harpa, cordas. 16 min A peça Pelléas e Mélisande do escritor simbolista belga Maurice Maeterlinck, desde sua estreia em Paris, motivou a criação de importantes obras musicais. Para ela, Sibelius compôs uma suíte orquestral. Debussy transformou-a em sua única ópera completa, e Schoenberg converteu o argumento em longo poema sinfônico. Mas Fauré antecedeu a todos, quando aceitou escrever a música incidental para a apresentação inglesa do drama. Pressionado pelo exíguo prazo de um mês e meio para elaborar a partitura, o compositor acrescentou ao novo trabalho uma Siciliana, publicada anteriormente para violoncelo e piano. E confiou a orquestração a seu aluno Charles Koechlin. Após o sucesso dessa estreia londrina, Fauré filtrou da música de cena uma suíte de quatro peças que ele próprio reorquestrou para formação sinfônica mais ampla. Aluno de Saint-Saëns e professor de Ravel, Fauré foi igualmente músico de tradição e inovador, jamais um conservador ou revolucionário. Sem romper com o passado, procurou expressar-se de maneira sempre nova. Além de compositor, exerceu múltiplas atividades musicais – redator musical de Le Figaro, organista na igreja da Madeleine, professor de composição e diretor do Conservatório de Paris. Mesmo surdo (desde 1903), continuou compondo. Dedicou-se principalmente ao piano solo e às obras camerísticas, incluindo o gênero da canção, tão importante para ele. Avesso a qualquer efeito exterior ou gesto grandiloquente, seu Fileuse (Andantino quasi allegretto) tem caráter descritivo, com o torvelinho das cordas em surdina evocando Mélisande à roca. O primeiro tema, apresentado pelo oboé, está em Sol maior, e o segundo, mais amplo, em sol menor. O Molto adagio final é uma marcha fúnebre de ritmo obsessivo, sobre um desenho de quatro notas. Os sopros anunciam o triste tema. Um arpejo nas cordas divididas anuncia a morte de Mélisande e a música termina desolada, com o motivo da heroína no gênio encontrou, nesses domínios mais intimistas, espaço adequado para requintadas indagações formais, sobretudo no campo da harmonia. A postura escrupulosa em relação à orquestra explica a relativa escassez de sua produção sinfônica, na qual, entretanto, Fauré soube preservar aristocrática discrição, originalidade e sensibilidade refinadas. A Sicilienne (Allegro molto moderato) prepara o encontro dos apaixonados junto à fonte abandonada. O sabor arcaizante e repleto de lirismo traz um pouco de serenidade à partitura, com a envolvente melodia da flauta, os reflexos da harpa e o murmúrio das cordas. agudo das cordas, em surdina. O Prelúdio (Quasi adagio) da Suíte op. 80 inicia-se com o delicado tema de Mélisande, nas cordas. Paulatinamente, com tratamento contrapontístico e em crescendo, ele se liga a um motivo mais trágico, no agudo das flautas. No desenvolvimento dessas duas ideias, o oboé e o clarinete intervêm conduzindo a um fortissimo e allargando. Uma descida, notável por seus cromatismos, antecede a coda, cujos insistentes toques de trompa sugerem o chamado de Golaud, irmão de Pelléas e marido de Mélisande. PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado. Apresenta o programa semanal Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência. PARA OUVIR CD Fauré – Requiem; Pelléas et Mélisande; Masques et Bergamasques – L’Orchestre de la Suisse Romande – Ernest Ansermet, regente – Decca Eloquence, Reino Unido 450.131-2 – 2000 PARA LER François-René Tranchefort – Guia da Música Sinfônica – Nova Fronteira – 1990 PARA ASSISTIR Orquestra da Ópera Nacional de Lyon – John Eliot Gardiner, regente | Acesse: fil.mg/fpelleas 34 PRESTO E VELOCE Jean Sibelius | 35 Finlândia, 1865 – 1957 SINFONIA Nº 7 EM DÓ MAIOR, OP. 105 (1918/1924) INSTRUMENTAÇÃO 2 piccolos, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas. 21 min Jean Sibelius é conhecido universalmente, hoje em dia, principalmente por suas sete sinfonias e pelo concerto para violino. Exageradamente considerado, pela crítica, como um compositor nacionalista, Sibelius foi, na verdade, um compositor cosmopolita, atento às transformações musicais de seu tempo, mas sempre fiel ao seu estilo. Sua obra tem sido vista, recentemente, como comparável à de Gustav Mahler, ambos responsáveis por uma grande ampliação do gênero sinfônico no início do século XX. A chave para se conhecer as sinfonias de Sibelius está exatamente onde elas diferem das de Mahler. Se para Mahler a sinfonia deveria expandirse ao ponto de abarcar o mundo, para Sibelius ela deveria conter apenas o essencial: a concentração máxima da forma com uma elevada economia de material. Alemanha e Áustria. Porém, em dez anos essa mesma característica o condenaria ao rótulo de retrógrado. Sibelius não era nem moderno nem retrógrado, mas sabia tratar os elementos musicais, já assimilados de longa data, de maneira ímpar, dando-lhes um frescor inusitado. Era excepcional a sua capacidade de retrabalhar aspectos largamente conhecidos, tais como a melodia, a harmonia e a trama orquestral, e dar-lhes uma aparência nova. Nos anos 1920 sua popularidade – na França e nos países de língua germânica – havia declinado consideravelmente, enquanto, curiosamente, estava em franca ascensão nos países de língua inglesa. Enquanto França, Alemanha e Áustria travavam uma batalha política pela hegemonia da modernidade nas artes, os círculos mais conservadores dos Estados Unidos e Inglaterra viam a música de Jean Sibelius como uma março do mesmo ano, sob a regência do compositor. Calorosamente recebida pelo público escandinavo e, mais tarde, pelo inglês e o norteamericano, foi praticamente ignorada pelos países da Europa central. e acúmulo, ou subtração, de materiais. O resultado sonoro assemelha-se ao aparecimento de constantes flashbacks que se acumulam inusitadamente, como um passado que insiste em retornar constantemente, porém diferente. Embora a primeira menção à Sétima Sinfonia tenha ocorrido em uma carta de Sibelius de 1818 – em que se descobre que o plano original da obra contemplava três movimentos –, fragmentos do material musical utilizado na Sinfonia podem ser encontrados em cadernos de rascunhos do compositor desde o ano de 1914. Em 1923 o compositor condensou os três movimentos em um único. O resultado, entretanto, está longe de parecer uma simples colagem. Sibelius conseguiu construir uma estrutura complexa ao utilizar aquilo que se convencionou chamar de forma rotacional ou forma cíclica. A forma rotacional opera por A obra possui quatro seções intercaladas pelo tema do trombone. Na primeira seção (Adagio) Sibelius expõe o material principal: o rufo dos tímpanos, a escala ascendente das cordas e o motivo das flautas (respondido pelos clarinetes). Um curto momento em que as cordas tocam pequenos motivos, em imitação, culminará na primeira aparição do tema do trombone. Uma longa transição, com rotações livres dos materiais do início, acelera o tempo até chegarmos à próxima seção. Na segunda seção (Vivacissimo), com caráter de scherzo, os mesmos materiais reaparecem, Assim que o século XX se iniciou, o estilo de Sibelius foi considerado como um prolongamento do Romantismo, o que fez com que sua música fosse vista como moderna pelo meio musical da França, via de escape para as tendências modernistas que assolavam a Europa. A composição de sua Sétima Sinfonia se deu justamente nessa época. Terminada em 1924, foi estreada em Estocolmo, em 24 de constantes reaparições variadas do mesmo material musical. Ou seja, cada vez que determinado trecho musical reaparece, ele traz consigo transformações (expansões, condensações, reordenações etc.) novamente transformados. Em pouco tempo ouvimos o tema do trombone (Adagio), desta vez mais longo e funcionando, ele próprio, como transição. A terceira seção (Allegro molto moderato), a mais 36 PRESTO E VELOCE 37 longa de todas, possui também o caráter de scherzo; trata-se aqui, porém, de um scherzo mais leve e expansivo, recheado de transformações livres dos materiais do início. A terceira aparição do tema do trombone (Adagio) nos leva à quarta e última seção, onde os materiais são livremente reordenados em uma breve reexposição. GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor. FOTO OU AD PARA OUVIR CD Sibelius – The 7 symphonies; Finlandia; Kullervo; Valse triste and more – London Symphony Orchestra – Sir Colin Davis, regente – RCA Red Seal – 2004 PARA LER David Burnett James – Sibelius: illustrated lives of the great composers – Omnibus Press – 1989 Andrew Barnett – Sibelius – Yale University Press – 2010 PARA ASSISTIR Orquestra Filarmônica de Viena – Leonard Bernstein, regente | Acesse: fil.mg/ssinf7 FOTO: RAFAEL MOTTA 38 39 40 41 FABIO MECHETTI regente DUO BINELLI-FERMAN DANIEL BINELLI bandoneon • POLLY FERMAN piano ALLEGRO Quinta PROGRAMA 28/05 CARLOS CHÁVEZ Sinfonia nº 2, “Índia” V I VA C E Sexta 29/05 DUO BINELLI-FERMAN Daniel BINELLI Homenagem ao tango • El Grand Tango • Milonga-Candombe • Requiem – I N T E RVA L O – Isaac ALBÉNIZ Suíte Ibéria (orquestração de E. F. Arbós) • Evocación • El Corpus en Sevilla • Triana • El puerto • El Albaicín Manuel de FALLA PATROCÍNIO O Sombreiro de Três Picos: Suíte nº 2 • Os vizinhos: Seguidilha • Dança do moleiro: Farruca • Dança final: Jota 42 ALLEGRO E VIVACE 43 sua estreia em 2000, em Nova York, esteve em Tóquio, Pequim, Xangai, Roma, Paris, Munique, Berna, São Petersburgo, Chicago, Dallas, São Francisco e Miami para concertos e masterclasses. F OTO: PET ER SCH AA F Prestigiados em todo o mundo, os músicos Daniel Binelli e Polly Ferman uniram seus talentos para estimular a apreciação do tango, milonga, candombe e outros estilos musicais latino-americanos pela parceria rara do bandoneon com o piano. Suas apresentações refletem a elegância e a sutileza do tango tradicional, o atrevimento da milonga, o romance da valsa, o temperamento e o poder do tango contemporâneo. DUO BINELLI-FERMAN A habilidade do Duo em se relacionar com o público torna suas apresentações uma experiência fantástica em todo o mundo. Desde O Duo se apresenta como solista com orquestras sinfônicas e de câmara no projeto Orquestango, que destaca a música de Binelli, Piazzolla, Salgán, Ginastera e outros. Recentemente, esteve com as sinfônicas de São Francisco, Colorado e Vancouver, Orquestra de Câmara da Cidade de Hong Kong, Filarmônica de Montevidéu, Sinfônica de Concepción, Chile, sinfônicas de Mendoza e Parana, Argentina. O Duo gravou o álbum Imágenes de Buenos Aires para os selos Romeo Records e Epsa Music; Orquestango 1 e 2 para a Sondor Records com a Filarmônica de Montevidéu; New Tango Vision com o Trio Binelli-Ferman-Isaac, e Tango Reunion, gravado ao vivo na Polônia. Reconhecido internacionalmente como compositor, arranjador e mestre do bandoneon, o argentino Daniel Binelli fez parte da orquestra de Osvaldo Pugliese durante quatorze anos e integrou o New Tango Sexteto de Astor Piazzolla. Apresentou-se como solista das melhores orquestras sinfônicas e foi dirigido por maestros como Charles Dutoit, Lalo Schiffrin, Franz Paul Decker, Robert Spano, JoAnn Faletta, Michael Christie, Lior Shambadal e Simon Blech. Binelli criou e arranjou música para instrumentos solistas, quinteto, orquestras de câmara e sinfônica, dança e trilhas de cinema, em todos os estilos do tango e na linguagem contemporânea. Gravou mais de cem registros com repertórios que denotam sua versatilidade. A pianista uruguaia Polly Ferman é uma das maiores intérpretes da música latino-americana. Por sua maestria nesse repertório, o jornal The Japan Times a distinguiu como “embaixadora da música das Américas”. Suas turnês como solista incluem atuações com importantes orquestras em todo o mundo. Em recitais, apresentou-se no Carnegie Hall, no Suntory Hall, Takemitsu Hall, Woolf Trapp, St. Martin in the Fields, Koncert Halle, Teatro Colon, entre outros. Ferman é autora, diretora musical e pianista de GlamourTango, espetáculo multimídia de música e dança. Suas gravações como solista constituem uma das mais vastas coleções de repertório de música latino-americana. 44 ALLEGRO E VIVACE Carlos Chávez | 45 México, 1899 – 1978 INSTRUMENTAÇÃO 2 piccolos, 3 flautas, 3 oboés, requinta, 2 clarinetes, clarone, 3 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 2 trombones, tímpanos, percussão, harpa, cordas. SINFONIA Nº 2, “ÍNDIA” (1935/1936) 12 min “A arte indígena do México é, em nossos dias, a única manifestação viva de um povo que representa cerca de quatro quintos da estrutura racial do país”, afirmou Carlos Chávez acerca de sua Sinfonia nº 2, também conhecida como Sinfonia Índia. A frase esclarece sobre a origem da obra e justifica o apelido, que não se refere ao país homônimo e nem a qualquer outro povo indígena: “índia” relaciona-se tão-somente com a cultura indígena mexicana. A valorização do folclore mexicano marca a produção musical de Carlos Chávez, cuja representatividade no México é semelhante à de Heitor Villa-Lobos no Brasil. Tal como Villa-Lobos fora influenciado por Mário de Andrade, Chávez seguiu os passos de seu mestre, Manuel Ponce. Sem ater-se à música contemporânea, Chávez ampliou sua pesquisa aos povos mesoamericanos do período pré-conquista ou pré-colombiano. A Sagração da Primavera. Por serem raros tais instrumentos nativos, o compositor indica na partitura quais seriam os equivalentes mais próximos: o tambor de água, Jicara de agua ou xicallí, uma espécie de cabaça emborcada em outra, cheia de água, pode ser substituído pelo tambor surdo; o rústico tambor yaqui pode ser substituído pela tabla indiana; os tambores de madeira feitos com tronco de árvores escavadas, chamados teponaxtles, poderão ser substituídos pelo xilofone; o grande tambor de pele de pantera, de nome quase impronunciável, tlapanhuéhuetl, usado em cerimônias de convocação para a guerra, pelo bumbo; o tenábaris, feito de casulos secos de borboletas, por um chocalho, e assim por diante. retratam a música daqueles antigos povos dotados de milenar conhecimento tecnológico, mas que sacrificavam virgens por temor ao deus Sol. Parte desse “primitivismo sofisticado” – o asteca, em especial – foi assolado pelo conquistador espanhol Hernán Cortés, e outra parte mantida pelos índios aliados a Cortés contra a dominação asteca. Daí a sobrevivência dos povos huicholes, yaquis e seris. Carlos Chávez, ao analisar a herança musical autóctone do período pós-conquista, admirou inclusive a capacidade de ter a cultura mexicana resistido a quatro séculos de contato com expressões musicais europeias: “a música dos ancestrais imediatos da América é a forte música de um homem que constantemente se esforça em dominar seu entorno. Manifestações estrangeiras que se opõem ao sentimento de sua música têm sido incapazes de destruí-la, por não conseguirem alterar as condições éticas dos indivíduos”. Pode-se dizer que a Sinfonia Índia foi inspirada nas grandes civilizações indígenas do antigo México, embora concebida a partir de temas dos (nome dado à New York Philharmonic A característica mais marcante da Sinfonia Índia é a inclusão de instrumentos de origem nativa em sua orquestração, como o güiro, semelhante ao reco-reco brasileiro e já utilizado por Stravinsky em índios Huicholes e Coras do estado de Nayarit, dos índios Seris da ilha do Tubarão e dos índios Yaquis do estado de Sonora. A energia tribal da primeira parte ou o canto cerimonial da seção intermediária PARA LER MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais. PARA OUVIR CD Carlos Chávez conducts his Sinfonía India; Sinfonía de Antígona; Sinfonía Romántica – Stadium Symphony Orchestra Orchestra durante o festival de verão realizado no Lewisohn Stadium) – Carlos Chávez, regente – Everest Records – 1996 Robert Parker – Carlos Chavez: A Guide to Research – Editora Garland Publishing – 1998 PARA ASSISTIR Orquestra Sinfônica Simón Bolívar – Eduardo Mata, regente | Acesse: fil.mg/cindia 46 ALLEGRO E VIVACE Daniel Binelli | 47 Argentina, 1946 INSTRUMENTAÇÃO piccolo, flauta, oboé, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, 2 trombones, tímpanos, percussão, harpa, cordas. HOMENAGEM AO TANGO (2008) 22 min Homenagem ao tango é um concerto duplo para piano, bandoneon e orquestra. Foi comissionado pela Orquestra Sinfônica da Universidade de Utah, na figura do maestro Sergio Bernal, que dirigiu a estreia da obra em 2008, tendo Polly Ferman ao piano e o próprio compositor ao bandoneon. A obra consiste em três movimentos executados sem interrupção: El Gran Tango, Milonga-Candombe, Requiem. No primeiro movimento, é o piano quem conduz os passos iniciais da dança: a aparição do bandoneon é vibrante, porém efêmera. A primeira parte homenageia a alma revolta do tango nuevo de Astor Piazzolla. O ritmo, bem marcado e tenso, só é interrompido após o solo do piano, este, um recitativo sentimental que logo deflagrará um novo timbre do bandoneon, sussurrado em uma nota, pungente e distante, que se transforma em solo reluzente e pleno de nostalgia. Temos, então, a homenagem ao tango arrabalero, suburbano, imortalizado na voz de Gardel. Do tango canción retorna-se ao tango nuevo, estilo do qual Daniel Binelli é o representante vivo. O piano convida novamente seu parceiro à dança desafiadora, marcha quaternária cheia de arrastres e acentos deslocados. Dois gêneros diferentes de dança se revezam no segundo movimento – milonga e candombe –, ambos trazidos dos povos africanos e incorporados à cultura argentina. A milonga é o único gênero de dança argentina capaz de ombrear com o tango. A estrutura rítmica da milonga é imutável, seja ela executada lenta como a habanera cubana, ou rápida como o maxixe brasileiro. A milonga lenta do segundo movimento introduz o ouvinte ao tango cabaretero, dos boêmios amargurados, dos cantores e das dançarinas. Bem diferente é o agitado candombe rioplatense, de origem afro-uruguaia, no qual a percussão orquestral é acrescida de tambores africanos. É um tributo à origem da palavra tango que, em línguas africanas – tangó ou tambó – designa uma espécie de tambor pequeno. O terceiro movimento, denominado Requiem, é uma homenagem à memória do pianista Osvaldo Pugliese e do bandoneonista Astor Piazzolla, dois famosos compositores argentinos representados pelos instrumentos solistas. Por inúmeras vezes Binelli teve o privilégio de dividir o palco com Pugliese e Piazzolla, em concertos e turnês internacionais. Requiem pode ser interpretado como uma elegia extensiva a outros grandes nomes do tango, tais como Anibal Troilo, Julio de Caro, Angel Villoldo, Juan D’Arienzo e Francisco Canaro. O título não deve confundir-se com o réquiem do tango, gênero que conforta os melancólicos e inspira os apaixonados: “de jeito nenhum é uma língua morta, eu vejo o tango forte, lúcido e revitalizado”, defende o compositor Daniel Binelli. Homenagem ao tango é exemplo do tango avant-garde que continua a representar a música argentina. É também exemplo de um gênero recente – o tango orquestral ou sinfônico. Representa a almejada fusão do novo e do tradicional, reverenciando um nobre passado: isto sim é uma verdadeira homenagem ao tango. MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais. PARA LER Hélio de Almeida Fernandes – Tango, uma possibilidade infinita – Editora Bom Texto – 2000 PARA ASSISTIR Daniel Binelli’s – Homage to Tango – La Plata Symphony Orchestra – Dante Anzolini, regente – Daniel Binelli, bandoneon – Polly Ferman, piano – 2008 | Acesse: fil.mg/btango 48 ALLEGRO E VIVACE Isaac Albéniz | 49 Espanha, 1860 – França, 1909 SUÍTE IBÉRIA (orquestração E. F. Arbós) (1905/1909) 30 min Albéniz iniciou sua carreira de pianista como menino prodígio. Com apenas quatro anos, apresentou-se no Teatro Romea de Barcelona e, desde então, conquistou extraordinária fama mundial. Recebeu elogios e orientações de Liszt, em Weimar; e estudou com Paul Dukas, em Paris. Embora as longas turnês e viagens de estudos mantivessem-no afastado de seu país por grande parte de sua vida, Albéniz é considerado o iniciador da música espanhola moderna. Ele buscou uma simbiose perfeita entre as verdadeiras raízes da música popular ibérica e a virtuosidade do pianismo romântico. A Suíte Ibéria é o ponto culminante desse projeto. Suas doze peças se estruturam basicamente sobre os elementos populares do ritmo e da copla, ainda que os temas empregados sejam, quase na totalidade, criações originais do compositor. O ritmo identifica-se pelas síncopas e acentuações; a copla constitui a melodia ou tema principal. Após a morte de Albéniz, o violinista e regente Enrique Fernandez Arbós orquestrou algumas peças de Ibéria. Albéniz e Arbós se conheceram adolescentes, quando estudavam no Conservatório de Bruxelas e se tornaram amigos e parceiros, formando um célebre duo. A Suíte Ibéria foi composta na França e inicia-se com Evocación, peça nostálgica em que Albéniz relembra a pátria distante. O caráter espanhol deixa-se impregnar pelo espírito da música francesa da época. O tema introdutório, Allegretto expressivo, se sobrepõe a um acompanhamento sincopado e termina em ritmo de dança. A copla, mais decididamente espanhola, aparece nas notas graves e mantém o mesmo ritmo do tema introdutório. El Corpus en Sevilla é bastante descritiva: inicia-se com os rufos de tambor que anunciam, a distância, a procissão. A seguir, usando diretamente o motivo popular La tarara, Albéniz sugere a aproximação dos fiéis. Apresentado em pianíssimo, esse tema vai crescendo pouco a pouco, juntando o rumor da multidão ao toque dos sinos. Todo o alvoroço festivo é interrompido pela atmosfera suave e meditativa da copla. Mas La tarara retorna com triunfante virtuosismo até ser interrompida por um longo e agudo acorde. Os penitentes se afastam, as ruas ficam vazias e os sinos tocam a distância... Triana homenageia o bairro cigano de Sevilha, domínio do flamenco. Um motivo graciosamente acentuado INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, requinta, 2 clarinetes, clarone, saxofone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 4 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, 2 harpas, celesta, cordas. impõe o ritmo da seguidilla, cuja alegria se alterna com a elegância da cantável copla central. El puerto é a peça mais curta da suíte. O título refere-se ao porto de Santa Maria, aldeia de pescadores em Cádiz. Um sapateado, sobre um ritmo constante, começa suavemente e vai se tornando mais forte, movimentado por uma figuração que sugere o bater de tacões. Desenvolve-se com poesia luminosa e cheia de vida até os delicados arpejos finais. El Albaicín (Allegro assai, ma melancolico) ambienta-se à noite, nesse bairro cigano de Granada. A introdução cria um clima de mistério. Após um silêncio de expectativa, a copla, bastante contrastante, apresenta sua melodia dobrada na oitava inferior. Por várias vezes, como uma queixa, ela se alternará com os sobressaltos dos trechos rítmicos. Após a última recordação da copla na região grave, a peça termina de forma brusca e enérgica. PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado. Apresenta o programa semanal Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência. PARA OUVIR CD Viva España (The Music of Spain) – Falla: Threecornered Hat; El Amor Brujo; Albéniz / Arbós: Iberia – CSR Symphony Orchestra – Keeneth Jean, regente – Naxos Ddd 8550174 Orquestra Sinfônica de Cincinnati – Jesús López-Cobos, regente | Acesse: fil.mg/aiberia1 fil.mg/aiberia2 | fil.mg/aiberia3 PARA LER Otto Maria Carpeaux – O Livro de Ouro da História da Música – Ediouro – 2009 50 ALLEGRO E VIVACE Manuel de Falla | 51 Espanha, 1876 – Argentina, 1946 O SOMBREIRO DE TRÊS PICOS: SUÍTE Nº 2 (1921) 12 min Manuel de Falla nasceu em Cádiz, andaluz por parte de pai e catalão pelo lado materno. Desde cedo, familiarizou-se com a música folclórica andaluza na sua forma mais genuinamente popular e cotidiana. Estudou na Real Academia de Madrid com o grande musicólogo Felipe Pedrell (que também fora professor de Albéniz e Granados). Mas os rumos da carreira de Falla se definem em Paris, onde permanecerá de 1907 a 1914. Entusiasmado com seu talento, Paul Dukas dá-lhe aulas de instrumentação e o introduz no cenário vanguardista parisiense. Falla fez assim amizade com os compatriotas Picasso e Albéniz e com seus ídolos Ravel e Debussy. Apesar do temperamento discreto, da sincera modéstia e de extrema discrição, o jovem compositor se impôs pela originalidade e excelência de sua música. Falla celebra a Espanha com uma profusão de motivos e ritmos fulgurantes – o fandango andaluz, a seguidilla, boleros, toadas murcianas, sevillanas, a farruca e a jota. Ao mesmo tempo, sua abordagem do folclore revela-se comprometida e atualizada com as renovações musicais do começo do século XX. Após a Primeira Guerra, o diretor dos Balés Russos, Sergei Diaghilev, propôs ao compositor uma obra tipicamente espanhola, à altura de suas produções mais famosas – entre elas, A Sagração da Primavera, de Stravinsky, que Falla conhecia de seus anos parisienses. Surge assim a versão definitiva de El Sombrero de Tres Picos, balé baseado na farsa popular do escritor Pedro de Alarcón, cujo enredo narra as desventuras de um velho Corregedor, o homem do sombrero. Enamorado de Frasquita, bela e inocente moleira, esse juiz frequenta assiduamente o Moinho, lugar de encontro dos moradores da aldeia. O moleiro Lucas Fernandez mostra-se a princípio ciumento; mas depois se torna cúmplice da mulher, e o casal inventa peripécias burlescas para ridicularizar o corregedor. Na dança final, os solidários vizinhos agarram o velho galanteador e o jogam, como um boneco, para o alto. A estreia do balé foi em Londres, em julho de 1919, com cenários e figurinos de Picasso, coreografia do russo Massine e direção musical de Ernest Ansermet. Toda a obra respira humor e vitalidade, com citações irônicas de melodias populares e de INSTRUMENTAÇÃO 2 piccolos, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, celesta, piano, cordas. autores consagrados. A orquestração é, ao mesmo tempo, suntuosa e refinada e, em dois momentos estratégicos, utiliza a voz de contralto com singular propriedade. Para apresentações em concerto, Falla condensou o balé em duas suítes orquestrais, cada uma com três danças que seguem as peripécias do enredo. A Suíte nº 2 começa com a Dança dos vizinhos (Allegro non troppo), quando os aldeões se reúnem no moinho para festejar o dia de São João. Seu ritmo é o da seguidilla, evocando a vitalidade de uma festa andaluza. A seguinte Dança do moleiro (Poco vivo) exibe a farruca característica do estilo flamenco. Toda a aldeia participa da Dança final (Poco mosso), triunfante jota de virtuosidade contagiante. A orquestra torna-se ainda mais colorida, concluindo com brilho essa partitura espanhola de irresistível apelo universal. PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado. Apresenta o programa semanal Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência. PARA OUVIR CD Viva España (The Music of Spain) – Falla: Threecornered Hat; El Amor Brujo; Albéniz/ Arbós: Iberia – CSR Symphony Orchestra – Keeneth Jean, regente – Naxos Ddd 8550174 PARA LER Manuel Orozco Diaz – Falla – Salvat Editores S. A. – 1985 PARA ASSISTIR Orquestra Sinfônica da Rádio e Televisão Espanhola – Antoni Ros-Marbà, regente Acesse: fil.mg/fsombreiro FOTO: AN DRÉ FO SSAT1 53 54 55 ACOMPANHE A FILARMÔNICA EM OUTRAS SÉRIES DE CONCERTO PRÓXIMOS CONCERTOS Maio Junho DIA 10, CLÁSSICOS NA PRAÇA DIA 3, FESTIVAL TINTA FRESCA para que jovens regentes brasileiros domingo, 11h, Praça da Liberdade CONCERTO DE ENCERRAMENTO possam praticar com uma orquestra Marcos Arakaki, regente quarta, 20h30, Sala Minas Gerais clássica. As apresentações têm profissional. A cada ano, quinze TCHAIKOVSKY / DVORÁK / SANTORO / MOZART / Marcos Arakaki, regente ingressos a preços populares. maestros, quatro efetivos e onze ROSSINI / LISZT / KETÈLBEY / MONCAYO CONCERTOS PARA A JUVENTUDE LABORATÓRIO DE REGÊNCIA Realizados em manhãs de domingo, Atividade pioneira no Brasil, este são concertos dedicados aos jovens laboratório é uma oportunidade e às famílias, buscando ampliar e formar público para a música DIA 7, CONCERTOS PARA A JUVENTUDE 3 ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e CLÁSSICOS NA PRAÇA ensaios com o regente Fabio Mechetti. DIAS 14 E 15, PRESTO 3, VELOCE 3 ENCONTRO COM BRAHMS Realizados em praças da Região O concerto final é aberto ao público. quinta e sexta, 20h30, Sala Minas Gerais domingo, 11h, Sala Minas Gerais BRAHMS Metropolitana de Belo Horizonte, os Marcos Arakaki, regente concertos proporcionam momentos TURNÊS NACIONAIS E INTERNACIONAIS Michal Nesterowicz, regente convidado de descontração e entretenimento, Com essas turnês, a Orquestra Amit Peled, violoncelo buscando democratizar o acesso da Filarmônica de Minas Gerais SIBELIUS / HERBERT / FAURÉ DIAS 11, 12 E 13, TURNÊ ESTADUAL população em geral à música clássica. busca colocar o estado de Minas dentro do circuito nacional e DIA 23, FORA DE SÉRIE 3 quinta, sexta e sábado, 20h, Divinópolis, Araxá e Uberlândia internacional da música clássica. sábado, 18h, Sala Minas Gerais Marcos Arakaki, regente Fabio Mechetti, regente TCHAIKOVSKY / DVORÁK / PROKOFIEV / VAUGHAN-WILLIAMS / WAGNER / GOMES CONCERTOS DIDÁTICOS Concertos destinados a grupos de crianças e jovens da rede escolar TURNÊS ESTADUAIS Natasha Paremski, piano e a instituições sociais, mediante As turnês estaduais levam a música de BEETHOVEN inscrição prévia. Seu formato busca concerto a diferentes cidades e regiões de apoiar o público em seus primeiros Minas Gerais, possibilitando que o público DIAS 28 E 29, ALLEGRO 4, VIVACE 4 sábado, 18h, Sala Minas Gerais passos na música clássica. do interior do Estado tenha contato direto quinta e sexta, 20h30, Sala Minas Gerais Roberto Tibiriçá, regente convidado Fabio Mechetti, regente BEETHOVEN com música sinfônica de excelência. FESTIVAL TINTA FRESCA DIA 20, FORA DE SÉRIE 4 Cristina Ortiz, piano Com o objetivo de fomentar a criação CONCERTOS DE CÂMARA musical entre compositores brasileiros e Realizados para estimular músicos gerar oportunidade para que suas obras e público na apreciação da música sejam apresentadas em concerto, este erudita para pequenos grupos. A Festival é sempre uma aventura musical Filarmônica conta com grupos de Yoav Talmi, regente convidado inédita. Como prêmio, o vencedor recebe Metais, Cordas, Sopros e Percussão. Liza Ferschtman, violino a encomenda de outra obra sinfônica a ser estreada pela Filarmônica no ano seguinte, realimentando o ciclo da produção musical nos dias de hoje. Duo Binelli-Ferman Daniel Binelli, bandoneon DIAS 25 E 26, PRESTO 4, VELOCE 4 Polly Ferman, piano quinta e sexta, 20h30, Sala Minas Gerais CHÁVEZ / BINELLI / ALBÉNIZ/Arbós / FALLA BERLIOZ / SAINT-SAËNS / FRANCK 56 Orquestra Filarmônica de Minas Gerais DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR Fabio Mechetti 57 Instituto Cultural Filarmônica FORTISSIMO ISSN 2357-7258 EDITORA Merrina Godinho Delgado EDIÇÃO DE TEXTO REGENTE ASSOCIADO Berenice Menegale Marcos Arakaki PRIMEIROS VIOLINOS VIOLONCELOS TROMPAS GERENTE Anthony Flint – Spalla Robson Fonseca **** Alma Maria Liebrecht * Jussan Fernandes Rommel Fernandes – Elise Pittenger *** Evgueni Gerassimov *** Spalla Associado Camila Pacífico Gustavo Garcia Trindade INSPETORA Ara Harutyunyan – Camilla Ribeiro José Francisco dos Santos Karolina Lima Spalla Assistente Eduardo Swerts Lucas Filho Ana Zivkovic Emilia Neves Fabio Ogata Arthur Vieira Terto Eneko Aizpurua Pablo Baptiste Rodrigues Lina Radovanovic TROMPETES Bojana Pantovic Lucas Barros ***** Marlon Humphreys * Dante Bertolino ASSISTENTE ADMINISTRATIVA Débora Vieira Érico Fonseca ** ARQUIVISTA Sergio Almeida Marcio Cecconello CONTRABAIXOS Daniel Leal *** Mateus Freire Colin Chatfield * Tássio Furtado Rodrigo Bustamante Nilson Bellotto *** Rodrigo Monteiro Braga Brian Fountain TROMBONES Ana Lúcia Kobayashi Rodrigo de Oliveira Marcelo Cunha Mark John Mulley * Claudio Starlino Pablo Guiñez Diego Ribeiro ** Jônatas Reis William Brichetto Wagner Mayer *** SEGUNDOS VIOLINOS Frank Haemmer * ASSISTENTES Renato Lisboa Leonidas Cáceres *** FLAUTAS Hyu-Kyung Jung Cássia Lima* TUBA Jovana Trifunovic Renata Xavier *** Eleilton Cruz * Leonardo Ottoni Alexandre Braga Luka Milanovic Elena Suchkova Marija Mihajlovic Rodrigo Castro MONTADORES TÍMPANOS André Barbosa Patricio Hernández Hélio Sardinha Pradenas * Jeferson Silva OBOÉS Pacífico Alexandre Barros * Radmila Bocev Ravi Shankar *** PERCUSSÃO Rodolfo Toffolo Israel Muniz Rafael Alberto * Tiago Ellwanger Moisés Pena Daniel Lemos *** Valentina Gostilovitch SUPERVISOR DE MONTAGEM Martha de Moura Klênio Carvalho Risbleiz Aguiar Sérgio Aluotto CLARINETES Werner Silveira VIOLAS Marcus Julius Lander * João Carlos Ferreira * Jonatas Bueno *** HARPA Roberto Papi *** Ney Campos Franco Giselle Boeters * Flávia Motta Alexandre Silva Gerry Varona TECLADOS Gilberto Paganini FAGOTES Juan Castillo Catherine Carignan * Katarzyna Druzd Andrew Huntriss Luciano Gatelli Cláudio de Freitas maio nº 3 / 2015 Ayumi Shigeta * Marcelo Nébias Nathan Medina Conselho Administrativo PRESIDENTE EMÉRITO Jacques Schwartzman PRESIDENTE Roberto Mário Soares CONSELHEIROS Angela Gutierrez Berenice Menegale Bruno Volpini Celina Szrvinsk Fernando de Almeida Ítalo Gaetani Marco Antônio Pepino Marcus Vinícius Salum Mauricio Freire Mauro Borges Octávio Elísio Paulo Brant Sérgio Pena Diretoria Executiva DIRETOR PRESIDENTE Diomar Silveira DIRETOR ADMINISTRATIVOFINANCEIRO Estêvão Fiuza DIRETORA DE COMUNICAÇÃO Jacqueline Guimarães Ferreira DIRETORA DE MARKETING E PROJETOS Zilka Caribé * principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto ***** convidado DIRETOR DE ANALISTAS DE AUXILIARES OPERAÇÕES MARKETING E ADMINISTRATIVOS Ivar Siewers PROJETOS Pedro Almeida Itamara Kelly Vivian Figueiredo DIRETOR DE Mariana Theodorica PRODUÇÃO MUSICAL Marcos Souza Equipe Técnica RECEPCIONISTA ASSISTENTE DE Lizonete Prates Siqueira COMUNICAÇÃO Renata Gibson AUXILIARES DE SERVIÇOS GERAIS GERENTE DE ASSISTENTES DE Ailda Conceição COMUNICAÇÃO MARKETING DE Nayara Assis Merrina Godinho RELACIONAMENTO Delgado Eularino Pereira MENSAGEIROS Rildo Lopez Lucas Lima GERENTE DE PRODUÇÃO MUSICAL Claudia da Silva Equipe Administrativa Guimarães Pablo Faria Serlon Souza MENOR APRENDIZ GERENTE Diego Soares ASSESSORA DE ADMINISTRATIVO- PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA MUSICAL Thais Boaventura Sala Minas Gerais Carolina Debrot ANALISTAS GERENTE DE PRODUTORES ADMINISTRATIVOS INFRAESTRUTURA Geisa Andrade João Paulo de Oliveira Renato Bretas Luis Otávio Rezende Paulo Baraldi Narren Felipe TÉCNICO DE ANALISTA CONTÁBIL ILUMINAÇÃO E ÁUDIO Graziela Coelho Rafael Franca Andréa Mendes ANALISTA DE ASSISTENTES (Imprensa) RECURSOS HUMANOS OPERACIONAIS Marciana Toledo Quézia Macedo Silva Jorge Correia ANALISTAS DE COMUNICAÇÃO (Publicidade) Rodrigo Brandão Mariana Garcia SECRETÁRIA (Multimídia) EXECUTIVA Renata Romeiro Flaviana Mendes (Design gráfico) ASSISTENTE ANALISTA DE ADMINISTRATIVA MARKETING DE Cristiane Reis RELACIONAMENTO Mônica Moreira FOTO DA CAPA: ALEXANDRE REZENDE ILUSTRAÇÕES: MARIANA SIMÕES 58 PARA APRECIAR UM CONCERTO PONTUALIDADE Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça. 59 OLÁ, ASSINANTE CUIDE DO SEU PROGRAMA DE CONCERTOS Fortissimo, além de seu programa mensal de concertos, é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Para evitar o desperdício, pegue apenas um exemplar ao mês. Caso não precise dele após o concerto, devolva-o nas caixas receptoras. O programa se encontra também disponível em nosso site, na agenda de concertos. www.filarmonica.art.br APLAUSOS Veja algumas dicas para que os concertos na Sala Minas Gerais sejam uma ótima experiência para você. ACESSO A Sala Minas Gerais possui 3 andares • Térreo Plateia Central • 2º piso Balcão Principal, Camarote, Balcão Lateral, Balcão Palco e Coro • 3º piso Mezanino Aplauda apenas no final das obras. CONVERSA movimentos de cada uma e fique de A experiência do concerto inclui o olho na atitude e gestos do regente. encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse HORÁRIOS (concertos de quinta e sexta) 19h Abertura da entrada principal. Nos foyers, você pode ler o programa, tomar um café ou encontrar amigos. 20h Abertura da Sala Minas Gerais. TOSSE ou faça comentários durante a Perturba a concentração dos músicos execução das obras. Lembre-se de 20h30 Fechamento das portas e início do concerto. e da plateia. Tente controlá-la com que o silêncio é o espaço da música. É a hora da música. Aproveite este momento. a ajuda de um lenço ou pastilha. Esqueça a conversa, o celular e a câmera fotográfica. CRIANÇAS APARELHOS CELULARES Caso esteja acompanhado por E-TICKET Confira e não se esqueça, por criança, escolha assentos próximos Ao comprar ingressos para concertos fora da sua série de assinatura, favor, de desligar o seu celular ou aos corredores. Assim, você você já pode imprimi-los em casa e apresentá-los diretamente no acesso qualquer outro aparelho sonoro. consegue sair rapidamente se à Sala Minas Gerais. Basta fazer essa escolha no momento da compra. ela se sentir desconfortável. FOTOS E GRAVAÇÕES ASSESSORIA DE RELACIONAMENTO EM ÁUDIO E VÍDEO COMIDAS E BEBIDAS Não são permitidas na Seu consumo não é permitido no [email protected] sala de concertos. interior da sala de concertos. 3219-9009 (segunda a sexta, 9h a 18h) www.filarmonica.art.br FOTO: ANDRÉ FOSSATI Veja no programa o número de 60 SALA MINAS GERAIS Difusor de teto Muitos elementos participam do resultado acústico da Sala Minas Gerais. Como um instrumento musical, a Sala precisa ser afinada. Isso é feito a cada concerto, de acordo com a obra, o tamanho da FOTO: ALEXANDRE REZ ENDE FOTO: RAFAEL MOTTA FOTO: RAFAEL MOTTA orquestra e a ocupação das plateias. Mas também ao longo de muitos meses e com base nas experiências das diferentes músicas e das exigências que elas fazem ao espaço. Já falamos aqui das cadeiras, que fazem a absorção fixa do som. Para a absorção móvel do som, há outros recursos, entre eles o difusor de teto. Ele pode ser ajustado em alturas variadas e resultar em sonoridades diferentes no palco e na plateia. Para o arquiteto e acústico da Sala Minas Gerais, José Augusto Nepomuceno, todos os elementos de afinação acústica da Sala são importantes e não há um que se sobreponha ao outro. “Entendemos a sala como um instrumento musical no qual todas as partes trabalham conjuntamente a favor da sonoridade”, diz ele. CA: 0230/001/2013 DIVULGAÇÃO APOIO INSTITUCIONAL INCENTIVO w w w. i n c o n f i d e n c i a . c o m . b r Projeto executado por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais REALIZAÇÃO SALA MINAS GERAIS Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 | Belo Horizonte - MG (31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030 WWW.FILARMONICA.ART.BR /filarmonicamg /filarmonicamg @filarmonicamg /filarmonicamg