FACULDADE TECSOMA Curso de Bacharelado em Biomedicina Priscila Gonzaga Silva PREVALÊNCIA DE TRICOMONÍASE EM GESTANTES ATENDIDAS NO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS DO HOSPITAL MUNICIPAL DE PARACATU (MG), ENTRE MARÇO E MAIO DE 2012 PARACATU 2012 Priscila Gonzaga Silva INCIDÊNCIA DE TRICOMONÍASE EM GESTANTES ATENDIDAS NO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS DO HOSPITAL MUNICIPAL DE PARACATU (MG), ENTRE MARÇO E MAIO DE 2012 Monografia apresentada ao curso de Biomedicina da Faculdade TECSOMA, como requisito parcial para a obtenção de título de Bacharel em Biomedicina. Orientação temática: MSc. Hélica Silva Macedo. Orientação metodológica: Geraldo B. B. de Oliveira. PARACATU 2012 S586p Silva, Priscila Gonzaga Prevalência de tricomoníase em gestantes atendidas no laboratório de análises clínicas do Hospital Municipal de Paracatu (MG), entre março e maio de 2012. / Priscila Gonzaga Silva. Paracatu, 2012. 49f. Orientadora: Hélica Silva Macedo Monografia (Graduação) – Faculdade Tecsoma, Curso de Bacharel em Biomedicina. 1. Tricomoníase. 2. Gestantes. 3. Doença Sexualmente Transmissível. 4. Parasito. I. Macedo, Hélica Silva. II. Faculdade Tecsoma. III. Título. Priscila Gonzaga Silva CDU: 576.8:61 Priscila Gonzaga Silva INCIDÊNCIA DE TRICOMONÍASE EM GESTANTES ATENDIDAS NO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS DO HOSPITAL MUNICIPAL DE PARACATU (MG), ENTRE MARÇO E MAIO DE 2012 Monografia apresentada ao curso de Biomedicina da Faculdade TECSOMA, como requisito parcial para a obtenção de título de Bacharel em Biomedicina. Prof(a): MSc. Hélica Silva Macedo Orientador(a) Prof(a): MSc.Cláudia Peres da Silva Coordenador(a) do Curso de Biomedicina Prof (a):Geraldo Benedito Batista de Oliveira Orientador Metodológico Prof.:Josimar Dornelas Moreira Paracatu, 22 de Junho de 2012. AGRADECIMENTOS Senhor, obrigada por ter me concedido mais essa vitoria, pois sem ti não poderia te chagado até aqui, pois só o Senhor é merecedor de toda honra e gloria. Agradeço aos meus avos por me ajudar nesta caminha, pois dedico a vocês está vitoria. Agradeço a minha família, minha mãe, minha sogra, meus irmãos, meus tios e tias, aos meus cunhados e aos amigos queridos, pelo amor e apoio de sempre. Ao meu marido e filho vocês são as minhas inspirações, que sempre me apoiaram e me concederam uma palavra de coragem e força. Aos meus mestres e amigos de curso o meu muito obrigado pelo conhecimento, pelo apoio, e pela amizade. A professora Hélica Silva Macedo pela a orientação deste trabalho. RESUMO A tricomoníase é uma Doença Sexualmente Transmissível que acomete cerca de 170 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, a incidência anual é aproximadamente 4,3 milhões de casos, dos quais 92% dos pacientes acometidos são do sexo feminino. Esta parasitose está associada à idade, atividade sexual, número de parceiros sexuais, fase do ciclo menstrual, técnicas de diagnóstico e condições socioeconômicas. Nas gestantes, a tricomoníase constitui fator de risco para abortamento, infecção do feto, prematuridade, infertilidade, aumento do risco de transmissão de HIV, entre outras complicações. Este estudo retrospectivo teve como objetivo determinar a prevalência desta DST’s entre as gestantes atendidas pelo Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Municipal de Paracatu (MG), entre os meses de março a maio de 2012, através da coleta de dados de prontuários do setor de urinálise. Neste período, foram atendidas 2219 mulheres neste estabelecimento. Sendo que 0,70% eram gestantes infectadas pelo protozoário, todos os casos relatados no mês de abril. Não foi possível analisar as condições biológicas e socioeconômicas (entre outras) da população de estudo, constituindo uma falha a ser sanada em pesquisas posteriores. Assim, a autora sugere estudos mais aprofundados sobre este assunto, a fim de caracterizar melhor este tipo de infecção em gestantes e permitir a formulação de medidas profiláticas e preventivas, bem como a divulgação do estudo para os órgãos competentes. PALAVRAS-CHAVE: Prevalência. Trichomonas vaginalis. Gestantes. ABSTRACT Trichomoniasis is a sexually transmitted disease that affects about 170 million people worldwide. In Brazil, the annual incidence is approximately 4.3 million cases, of which 92% of affected patients are female. This parasitic disease is linked to age, sexual activity, number of sexual partners, menstrual cycle phase, diagnostic techniques and socioeconomic conditions. In pregnant women, trichomoniasis is a risk factor for miscarriage, infection of the fetus, premature birth, infertility, increased risk of HIV transmission, among other complications. This retrospective study aimed to determine the prevalence of STDs among pregnant women attending the Clinical Laboratory of the Municipal Hospital Paracatu (MG), between the months March to May 2012, by collecting data from medical records sector urinalysis. During this period, 2219 women were seen at this property. Since 0.70% was infected pregnant protozoan, all cases reported in April. It was not possible to analyze the biological and socioeconomic conditions (among others) of the study population, constituting a failure to be remedied by subsequent research. Thus, the author suggests further studies on this subject in order to better characterize this type of infection in pregnant women and allow the formulation of preventive and prophylactic measures, as well as the dissemination of the study to the appropriate bodies. KEYWORDS: Prevalence. Trichomonas vaginalis. Pregnant women. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Sistema geniturinário feminino .................................................................13 FIGURA 2 - Concentrações plasmáticas aproximadas das gonadotropinas e dos hormônios ovarianos durante o ciclo sexual normal da mulher .....................................15 FIGURA 3 – Fases do crescimento endometrial e menstruação durante cada fase do ciclo sexual feminino ......................................................................................................16 FIGURA 4 – – Concentrações de hormônios estrogênicos, progesterona e da gonadotropina coriônica humana em diferentes períodos da gestação ........................... 20 FIGURA 5 – Representação de Trichomonas vaginalis .................................................22 FIGURA 6 – Sistema de cultura para Trichomonas vaginalis In Pouch TV ..................28 FIGURA 7 – Exame a fresco do conteúdo vaginal visualizando Trichomonas vaginalis com seus flagelos ............................................................................................................29 FIGURA 8 - Colpocitologia oncótica visualizando Trichomonas vaginalis ..................30 FIGURAS 9 – Pacientes do sexo feminino atendidas no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Municipal de Paracatu, entre março e maio de 2012 (n=2219) .....35 FIGURAS 10 – Pacientes do sexo feminino atendidas no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Municipal de Paracatu/MG, entre março e maio de 2012 (n=2219), conforme a detecção de Trichomonas vaginalis ............................................................. 36 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................9 1.1 Justificativa .............................................................................................................11 2 OBJETIVOS ..............................................................................................................12 2.1 Objetivo geral ..........................................................................................................12 2.2 Objetivos especificos ................................................................................................ 12 3. FUNDAMENTO TEORICO ...................................................................................13 3.1 Anatomia fisiológica do aparelho geniturinário feminino ..................................13 3.1.1 Classificação citológica dos epitélios vaginal e cervical .....................................14 3.2 Atividade hormonal ................................................................................................ 15 3.3 A microbiota vaginal humana ...............................................................................17 3.4 Gestação ...................................................................................................................19 3.5 O parasita Trichomonas vaginalis .........................................................................21 3.6 Infecção por Trichomonas vaginalis ......................................................................24 3.6.1 Infecções por Trichomonas vaginalis em Gestantes ...........................................25 3.7 Dados epidemiológicos ........................................................................................... 27 3.8 Diagnóstico laboratorial .........................................................................................27 3.9 Tratamento ..............................................................................................................31 4 METODOLOGIA.......................................................................................................33 4.1 Tipo de estudo ..........................................................................................................33 4.2 Delimitação populacional .......................................................................................33 4.3 Aspectos éticos ........................................................................................................34 4.4 Procedimento estrutural .........................................................................................34 4.5 Plotagem dos dados e comparação com a literatura médica ............................... 34 5 RESULTADO .............................................................................................................35 6 DISCUSSÃO ...............................................................................................................37 7 CONCLUSÃO ............................................................................................................41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................42 APENDICES .................................................................................................................46 1 INTRODUÇÃO Trichomonas vaginalis foi descrito e denominado por Alfred Donné, no dia 9 de setembro de 1836 em apresentação à Academia de Ciências. Atualmente, está enquadrado no gênero Trichomonas. Este é um protozoário flagelar ou globular, unicelular, móvel, com morfologia variando de arredondada a oval, com tamanho variando entre 10 e 30 micrômetros. Possui somente a forma de trofozoito, o qual apresenta quatro flagelos em sua extremidade anterior, uma membrana ondulatória que se estende ao lado do corpo, um filamento axial e um núcleo simples e vesiculoso. Ao longo de sua estrutura, encontram-se grânulos acidófilos de tamanho uniforme. (SILVA FILHO; LONGATTO FILHO, 2000; BRAVO et al, 2010). Trichomonas vaginalis é o único protozoário encontrado nas vias urogenitais humanas, podendo ser encontrado na vagina e na uretra feminina e na região prepucial masculina; em casos esporádicos, pode ser isolado em outros sítios da região geniturinária. ( HENRY, 2008; SILVA FILHO; LONGATTO FILHO, 2000; BRAVO et al, 2010). As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s) são consideradas problemas de saúde pública mundial por sua elevada prevalência, severidade da evolução das infecções e pela falta de tratamento adequado. A cada ano surgem cerca de 340 milhões de novos casos de DST’s curáveis no mundo, acometendo principalmente a faixa etária dos 15-49 anos, a maioria deles registrados na Ásia Meridional e Sudoriental, seguidas da África Subsahariana, América Latina e Caribe, com cerca de 12 milhões de casos no Brasil. (BRASIL, 2006; PEDROSA et al, 2011; RIBEIRO et al, 2003). O principal mecanismo de transmissão de Trichomonas vaginalis é o contato sexual sem proteção, por isso esta é considerada uma DST’s. Outras formas de contágio são: contato com vasos sanitários contaminados, roupas íntimas, de banho e de cama; água contaminada; sauna; fômites, instrumentos ginecológicos, pinças; contaminação no momento do parto. (MACIEL; TASCA; DE CARLI, 2004; REY, 2001). A tricomoníase destaca-se como a mais prevalente DST’s no mundo, com incidência anual de 170 milhões casos, dos quais cerca de 92% acontecem em mulheres. No Brasil, a incidência anual é de 4,3 milhões de casos. As taxas de prevalência da infecção dependem de vários fatores, entre os quais se destacam idade, atividade sexual, número de parceiros sexuais, associação a outras DST’s, fase do ciclo menstrual, 9 técnicas de diagnóstico e condições socioeconômicas. (BRASIL, 2006; PEDROSA et al, 2011; RIBEIRO et al, 2003). As manifestações clínicas da tricomoníase variam conforme o sexo do infectado. No homem, ao contrário da mulher, a infecção geralmente é assintomática. Ocorre uretrite com fluxo leitoso ou purulento e prurido uretral e desconforto ao urinar. O homem assintomático representa um grande papel epidemiológico pelo risco de transmissão. Na mulher, verifica-se reação inflamatória celular pronunciada e sintomática. A vaginite resultante manifesta-se por corrimento vaginal bolhoso, amarelo-esverdeado, fétido e mais frequênte após a menstruação ou na gravidez. Colpite (inflamação do colo uterino) é evidenciada por minúsculas pápulas com aspecto de morango ou framboesa. Alguns dos sintomas são: prurido, irritação vulvovaginal, dor e dificuldade para urinar e manter relações sexuais, formação de pontos hemorrágicos na vagina e no cérvix. (MACIEL; TASCA; DE CARLI, 2004; SILVA FILHO, 2004; REY, 2001). As infecções por Trichomonas vaginalis em gestantes constituem motivo de preocupação, devido às sérias complicações a que se encontra relacionada: risco elevado de abortamento tardio, infecção da cavidade amniótica, ruptura prematura das membranas, trabalho de parto prematuro, prematuridade e recém-nascido de baixo peso, infertilidade, aumento do risco de transmissão de HIV,intercorrências indesejáveis, doença inflamatória pélvica e câncer cervical. (GONDO et al, 2010; MACIEL; TASCA; DE CARLI, 2004; MICHEL et al, 2006). Existem diversas formas de se detectar a doença. O método padrão-ouro para o diagnóstico é a cultura, que é um método laboratorial com baixa possibilidade de contaminação, preservação do parasita, alta sensibilidade e especificidade. No entanto, é um procedimento bastante demorado, requer infra-estrutura e materiais adequados. Como o tempo para o crescimento do parasita no meio de cultura é muito grande, acredita-se que há chances de novas infecções pelos pacientes suspeitos, mas não tratados. Outra forma é o exame direto a fresco do sedimento urinário, cujo permite a detecção rápida e sem grandes aprimoramentos, no entanto, não é uma metodologia totalmente específica para a parasitose e requer profissional capacitado para executá-lo. Outra metodologia é o exame citológico de Papanicolaou; porém, não evidencia lesões pré-malignas como células escamosas atípicas ou mesmo HPV, porque em ambos os casos ocorre processo inflamatório com aumento do volume nuclear, formação de halo perinuclear, bi ou multinucleação e disceratose. Outras formas de diagnóstico são as 10 metodologias imunológicas e moleculares. (MACIEL; TASCA; DE CARLI, 2004; FLORES et al, 2011; HOBBS; SEÑA, 2007; BONFANTI; GONÇALVES, 2010). O tratamento da tricomoníase normalmente é feito com a administração oral ou local de metronidazol; com limitação para seu uso após o término do primeiro trimestre de gestação, visto que o fármaco tem capacidade de atravessar a barreira placentária e atingir o feto, podendo provocar anomalias fetais. (TONELLI; FREIRE, 2000; MACIEL; TASCA; DE CARLI, 2004; OKUN; GRONAU; HANNAH, 2005). 1.1 Justificativa Segundo Zorati e Mello (2009), a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima a ocorrência de 170 milhões casos de tricomoníase no mundo anualmente, constituindo a principal doença não viral acometendo pessoas entre 15 e 49 anos. Deste total de casos, cerca de 92,0% correspondem a infecções em mulheres. O autor ressalta que as mulheres em idade reprodutiva são as mais acometidas, em decorrência da exposição durante os ciclos menstruais, à atividade sexual e à gestação. Por isso, a tricomoníase é conhecida popularmente como doença da idade reprodutiva. Existem grandes evidências de complicações das infecções por Trichomonas vaginallis durante a gestação, constituindo um grupo de risco para a Tricomoníase, em razão das complicações que pode provocar. Dentre as complicações, os autores destacam o risco elevado de aborto, infecção da cavidade amniótica, ruptura da membrana, trabalho de parto prematuro, prematuridade e recém nascidos com baixo peso, infertilidade, aumento do risco de transmissão de HIV, além de intercorrências gestacionais indesejáveis. (GONDO et al, 2010). Partindo da importância das infecções pelo parasita entre as gestantes, a realização de um trabalho de caráter retrospectivo de levantamento de dados realizado no laboratório município de Paracatu, Minas Gerais, é de extrema importância para caracterizar o município quanto à ocorrência desta DST’s, comparar os resultados com os relatos de outros estudos nacionais e levantar hipóteses para a profilaxia da mesma. 11 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Realizar levantamento de dados sobre a prevalência de infecção por Trichomonas vaginallis entre as gestantes do município de Paracatu (MG), entre março e maio do ano de 2012. 2.2 Objetivos Específicos Indicar a taxa de prevalência de tricomoníase entre gestantes atendidas no laboratório de Análises Clínicas do Hospital Municipal de Paracatu (MG). Realizar análise dos prontuários do setor de Urinálise da referida instituição. Realizar monografia para a obtenção do título de Bacharel em Biomedicina pela Faculdade Tecsoma. 12 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 Anatomia fisiológica do aparelho geniturinário feminino O sistema reprodutor feminino é composto pelos seguintes órgãos: dois ovários, duas tubas uterinas ou trompas de Falópio, útero, vagina e genitália externa. Exercem a função de produzir gametas, os ovócitos e mantêm um ovócito fertilizado durante seu desenvolvimento completo através da fase embrionária e fetal até o nascimento (Figura 01). (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004; GUYTON; HALL, 2006). Figura 01 – Sistema geniturinário feminino Fonte: GUYTON E HALL, 2006. Os ovários possuem as seguintes dimensões: cerca de 3 centímetros de comprimento, 1,5 cm de largura e 1 cm de espessura. Sua superfície é coberta por epitélio germinativo, sob o qual há tecido conjuntivo denso (a túnica albugínea). Abaixo da túnica há a camada cortical, rica em folículos ovarianos que abrigam os ovócitos. A parte mais interna, chamada de medula ovariana, possui tecido conjuntivo frouxo e vasto leito vascular. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). As tubas uterinas medem aproximadamente 12 cm de comprimento, com uma das extremidades, o infundíbulo, abrindo-se para a cavidade peritoneal próxima ao ovário e possui as fímbrias; a outra extremidade, a intramural, atravessa a parede do útero e se abre em seu interior. A parede das tubas é formada por três camadas: uma 13 mucosa, camada muscular e uma serosa. Normalmente, a fertilização se dá na ampola das tubas. (GUYTON; HALL, 2006; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). O útero possui característica de ser delimitado por tecido muscular que lhe confere grande capacidade elástica. Anatomicamente, é dividido em corpo, fundo e cérvix ou colo uterino. A parede uterina é formada por três camadas: serosa, miométrio e endométrio. (SILVA FILHO; LONGATTO FILHO, 2000; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). Segundo Junqueira e Carneiro (2004), o endométrio é composto por uma camada epitelial e uma lâmina própria abundante em glândulas tubulares simples. As células que revestem a cavidade uterina constituem um epitélio colunar simples com células ciliadas. Já a lâmina própria é rica em fibroblastos e rica em matriz extracelular. O endométrio é subdividido em duas porções: camada basal e camada funcional – durante o ciclo menstrual, a camada funcional é a única que sofre mudanças em respostas às variações hormonais. Participam da irrigação sanguínea do endométrio as artérias retas e espirais, originadas da artéria arqueada do miométrio. A vagina é composta por três camadas: mucosa, muscular e adventícia. O epitélio da mucosa é do tipo pavimentoso estratificado e tem espessura de 150-200 micrômetros. Este epitélio sofre ação de estrógenos, o qual induz as células a acumularem grande quantidade de glicogênio, que se deposita no lúmen vaginal durante a descamação. As bactérias presentes na vagina metabolizam o glicogênio e produzem ácido lático, o qual é responsável pela constância do pH da vagina (na faixa ácida). Já a lâmina própria da mucosa é composta por tecido conjuntivo frouxo rico em fibras elásticas e leucócitos. A camada muscular é composta por fibras musculares lisas, enquanto a camada adventícia é rica em fibras elásticas, que unem a vagina aos tecidos vizinhos. (LIRA NETO, 2000; SILVA FILHO; LONGATTO NETTO, 2000). 3.1.1Classificação citológica dos epitélios vaginal e cervical O epitélio da cavidade vaginal varia conforme a idade, sendo mais fino nas prépúberes e nas mulheres pós-menopausa. Na fase intermediária, a espessura varia conforme a fase do ciclo menstrual. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). O epitélio escamoso possui quatro camadas: uma camada mais profunda chamada de camada basal (camada única, com células redondas, compactas, com núcleos proeminentes e escuros e com citoplasma escasso); a camada seguinte é 14 composta por várias camadas celulares, com células maiores que as da camada anterior, normalmente poliédricas, arredondadas ou ovaladas e com núcleos centrais; na camada parabasal, as células são grandes, poliédricas ou ovais, com citoplasma abundante e claro e núcleo central pequeno, escuro, redondo ou oval, seu citoplasma é rico em glicogênio; a camada mais superficial é composta por células muito semelhantes às da camada anterior, no entanto possuem citoplasma mais escasso e mais achatado, com núcleos picnóticos. (SILVA FILHO; LONGATTO FILHO, 2000). 3.2 Atividade hormonal A atividade normal e gestacional do sistema reprodutor feminino depende destes hormônios: Hormônio liberador de gonadotropina (GnRH), hormônio luteinizante (LH), estrógeno, progesterona. As mudanças cíclicas nas concentrações destes hormônios, seguidas de características típicas, recebem a denominação de ciclo sexual mensal feminino. Os ciclos ocorrem a partir da puberdade, quando ocorre a primeira menstruação (menarca) e cessam na menopausa (Figura 02). (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004; GUYTON; HALL, 2006). Figura 02 – Concentrações plasmáticas aproximadas das gonadotropinas e dos hormônios ovarianos durante o ciclo sexual normal da mulher. Fonte: GUYTON E HALL, 2006. 15 O ciclo sexual mensal ou ciclo menstrual é dividido em fases. Este ciclo iniciase no dia em que ocorre o primeiro sangramento, uma mistura de pequenos fragmentos do endométrio e sangue liberado do rompimento de vasos sanguíneos durante a menstruação – esta fase é chamada de fase menstrual e dura em média três dias. A fase seguinte (fase proliferativa) coincide com a proliferação de um pequeno grupo de folículos ovarianos, os quais começam a secretar o hormônio estrógeno, cuja concentração plasmática aumenta com o desenvolvimento destes folículos. Os estrógenos atuam reconstituindo o endométrio degradado pela menstruação, através da indução da produção de novas células, de forma que, ao final desta fase, a espessura do endométrio é de 2 a 3 milímetros de espessura. A fase secretória é caracterizada pela atuação de progesterona secretada pelo corpo lúteo. A progesterona continua estimulando as células glandulares a se desenvolverem; observa-se acúmulo de glicogênio nas células epiteliais, seguido de sua diminuição. O endométrio assume sua espessura máxima nesta fase (cerca de 5 milímetros), como consequência do crescimento da mucosa, do acúmulo de secreção e do edema no estroma ovariano. Caso ocorra a fertilização, o embrião será transportado ao útero e se implantará em seu epitélio. Na fase menstrual, que só ocorre caso não haja fertilização, o corpo lúteo diminui sua atividade secretora e os níveis de progesterona e estrógeno diminuem gradativamente. Como consequência, ocorrem vários ciclos de contração das artérias espirais, bloqueando o fluxo sanguíneo normal e produzindo isquemia, necrose das paredes arteriolares e da porção funcional do endométrio; as artérias se rompem e ocorre novo sangramento, a menstruação inicial de um novo ciclo (Figura 03). (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004; GUYTON; HALL, 2006). Figura 03 – Fases do crescimento endometrial e menstruação durante cada fase do ciclo sexual feminino Fonte: GUYTON E HALL, 2006. 16 3.3 A microbiota vaginal humana A microbiota vaginal humana mantém-se em equilíbrio com os produtos do metabolismo microbiano, as taxas hormonais e a interação do sistema imune. (BONFANTI; GONÇALVES, 2010). Segundo Bonfanti e Gonçalves (2010), o principal mecanismo de defesa do trato genital feminino é a microbiota lática, representada principalmente por bacilos de Döderlein. Esses bacilos sobrevivem em razão do aumento da demanda de glicogênio nas células vaginais, em resposta ao aumento dos hormônios estrogênios. Em condições fisiológicas, o pH vaginal mantém-se numa faixa entre 3,8 e 4,5. Isso se deve a ação dos lactobacilos presentes na microbiota vaginal que são capazes de produzir peróxido de hidrogênio e acido lático, substâncias capazes de inibir a proliferação de microrganismos danosos à mucosa vaginal. (SILVA FILHO; LONGATTO FILHO, 2000; WEIZENMANN, 2010). Conforme Gondo e outros (2010), além dos Lactobacillus e seus produtos metabólicos, a progesterona contribui com o aumento da quantidade de células epiteliais intermediárias na vagina, aumentando a disponibilidade de glicogênio e diminuição do pH vaginal, atuando assim na proteção da mucosa vaginal. Além disso, os polipeptídeos catiônicos antimicrobianos e antivirais, linfócitos T, células “natural killer” e células apresentadoras de antígenos (macrófagos e células dendríticas) contribuem na defesa da mucosa vaginal e contra infecções microbiológicas. Durante a gestação, o ecossistema vaginal encontra-se alterado por uma série de fatores intrínsecos e extrínsecos. (GONDO et al 2010; BONFANTI; GONÇALVES, 2010). Bonfanti e Gonçalves (2010) mencionam que durante a gravidez, uma das características mais evidentes observadas na vagina é a elevação do pH vaginal para uma faixa entre 5,5 e 5,8, em razão do processo inflamatório resultante da condição gravídica. Algumas espécies bacterianas encontradas no trato genital feminino liberam enzimas sialidases e prolidases, que são responsáveis, respectivamente, por degradarem o ácido siálico de glicoproteínas – alterando, assim, a imunidade inata e adquirida pela degradação de imunoglobulina de classe A cervical e alteração dos receptores de membrana celular – e degradação da matriz extracelular, contribuindo para a formação 17 de infiltrado celular e quebra da barreira de proteção das mucosas. (GONDO et al, 2010). Durante o período gestacional, principalmente a partir do segundo trimestre, ocorre aumento considerável da atividade destas enzimas, além da produção de aminas aromáticas, putrescinas e cadaverinas, responsáveis pelo odor fétido relatado por algumas mulheres. Outro fato observado é a alteração hormonal ocorrida neste período, o que favorece o desenvolvimento de microrganismos patogênicos. (MACIEL; TASCA; DE CARLI, 2004). A proliferação de microrganismos por via ascendente é outro fator responsável por infecção das mucoso e consequente extravasamento para cavidades ovulares íntegras, que contaminam o líquido amniótico e podem infectar o feto, sobretudo por via pulmonar. (SILVA FILHO; LONGATTO FILHO, 2000). Tais alterações do equilíbrio vaginal representam risco elevado de desenvolvimento de parto prematuro, por causa das inter-relações sinergísticas entre os fatores de virulência dos microrganismos. (GONDO et al, 2010). Em estudo realizado por Gondo e outros (2010), na cidade de Botucatu (São Paulo – Brasil), observou-se elevada prevalência de alterações da microbiota vaginal (em 49,5% das gestantes). Dentre estas, verificou-se a associação entre prurido e a alteração da microbiota vaginal alterada. O pH das mesmas encontrou-se em faixa considerada normal, com testes das aminas positivo e presença de ectopia. A prevalência de tricomoníase relatada pelos autores foi de 1,4%. Silva Filho (2004) verificou uma taxa de 0,7% de tricomoníase em sua amostra de estudo. Em todos os casos positivos de T. vaginalis observou-se pH superior a 5,0, odor fétido e aumento de polimorfonucleares nas lâminas analisadas. O autor relata a associação de bacilos de Döderlein fragmentados e a presença de neutrófilos polimorfonucelares como fatores responsáveis pela caracterização de um processo inflamatório evidente. Bonfanti e Gonçalves (2010) encontraram 40,18% de microbiotas vaginais alteradas em pesquisa realizada no Rio Grande do Sul, dos quais 5,92% correspondiam a T. vaginalis. Em 3,05% verificou-se a presença de mais de um microrganismo potencialmente patogênico – caracterizando uma infecção mista. Os autores relatam aumento do volume nuclear, halo perinuclear, bi ou multinucleação e disceratose em lâminas de Papanicolaou. 18 3.4 Gestação Logo após a maturação do óvulo, este é lançado na cavidade peritoneal a fim de ser captado em uma das trompas de Falópio, através dos movimentos de suas fímbrias. Após a ejaculação, os espermatozóides são transportados pelo útero até a ampola das trompas de Falópio. Então, apenas um espermatozóide atravessa a coroa radiada do óvulo (camada de células da granulosa) e fixa-se na zona pelúcida que circunda o óvulo e penetra por ela. Após a penetração do espermatozóide no óvulo, ocorre a liberação do segundo corpúsculo polar, os 23 cromossomos não pareados do pronúcleo masculino e os 23 do pronúcleo feminino unem-se para constituir os 46 cromossomos pareados da espécie humana. (GUYTON; HALL, 2006; PINOTTI; FONSECA; BAGNOLI, 2005). Cerca de três dias após a ovulação, a concentração plasmática de progesterona aumenta consideravelmente; então, os receptores deste hormônio nas células musculares lisas são ativados e, como consequência, o músculo é relaxado e o óvulo penetra no útero. Durante esse processo de transporte, ocorrem várias mitoses e o óvulo passa a ser chamado de blastocisto. O blastocisto permanece na luz uterina por 2 a 4 dias. Aproximadamente sete dias após a fertilização, as células trofoblásticas que revestem o blastocisto promovem a sua penetração no endométrio, por meio da secreção de enzimas proteolíticas que digerem e liquefazem as células endometriais. Os resíduos são destinados à nutrição do blastocisto. (GUYTON; HALL, 2006; PINOTTI; FONSECA; BAGNOLI, 2005). Depois da implantação, o trofoblasto e as células subjacentes multiplicam-se, formando a placenta e as várias membranas da gestação. A placenta permite a troca de diversos nutrientes entre a circulação materna e do feto, bem como a eliminação dos produtos metabólicos do feto para a mãe. (GUYTON; HALL, 2006; PINOTTI; FONSECA; BAGNOLI, 2005). Durante a gestação, a placenta sintetiza grandes concentrações de gonadotropina coriônica humana, estrógenos, progesterona e somatomamotropina coriônica humana. O hormônio gonadotropina coriônica humana é secretado pelas células trofoblásticas sinciciais e exerce sua função ao impedir a involução normal do corpo lúteo ao final do ciclo sexual feminino; sua presença pode ser detectada pelos métodos de diagnóstico em cerca de 8 a 9 dias após a ovulação; em seguida, sua concentração aumenta gradativamente, atingindo pico máximo por volta da 10ª a 12ª semana pós fertilização, seguida de sua diminuição gradativa. A placenta secreta ainda estrogênios e 19 progesterona. Os estrógenos promovem aumento do útero, aumento das mamas e desenvolvimento dos ductos mamários e provoca aumento das genitálias femininas. A progesterona é secretada tanto pelo corpo lúteo quanto pela placenta e exerce as seguintes funções: desenvolvimento das células endometriais diminui a contração do útero grávido, contribui para o desenvolvimento do feto ao favorecer a sua nutrição e clivagem celular, auxilia os hormônios estrogênicos a preparar as mamas para a lactação. A somatomamotropina coriônica humana começa a ser secretada por volta da 5ª semana de gestação e aumenta progressivamente até o fim do período gestacional; suas ações são: desenvolvimento das mamas para a lactação, depósito de proteínas nos tecidos, redução da sensibilidade à insulina e consequente aumento da demanda de glicose para o feto (Figura 04). (HENRY, 2008; GUYTON; HALL, 2006; PINOTTI; FONSECA; BAGNOLI, 2005). Figura 04 – Concentrações de hormônios estrogênicos, progesterona e da gonadotropina coriônica humana em diferentes períodos da gestação. Fonte: GUYTON E HALL, 2006. Outros hormônios que aumentam sua concentração durante a gestação são: corticotropina, prolactina, glicocorticóides e aldosterona. Dessa forma, os diversos processos metabólicos da gestante passam a ocorrer de forma mais rápida, provocando sensação de calor excessivo, aumento de peso, diminuição das concentrações de ferro, cálcio, fosfatos e proteínas, elevação do débito cardíaco e da volemia. (HENRY, 2008; PINOTTI; FONSECA; BAGNOLI, 2005). 20 3.5 O parasita Trichomonas vaginalis Trichomonas vaginalis é o único protozoário encontrado nas vias urogenitais humanas. Pode ser encontrado na vagina e na uretra feminina e na região prepucial masculina; em casos esporádicos, pode ser isolado em outros sítios da região geniturinária. (HENRY, 2008; SILVA FILHO; LONGATTO FILHO, 2000; BRAVO et al, 2010). A classificação taxonômica do parasita, segundo Rey (2001): Filo: Sarcomastigophora Subfilo: Mastigophora Ordem: Trichomonadida Família: Trichomonadidae Gênero: Trichomonas Espécie: Trichomonas vaginalis O parasita é um protozoário eucariótico flagelar ou globular, unicelular, móvel, com morfologia arredondada ou oval, com tamanho variando entre 10 e 30 micrômetros, ainda que possam ser encontradas formas com tamanho superior a 150 micrômetros. Assume apenas uma morfologia: trofozoito. Apresenta quatro flagelos em sua extremidade anterior, uma membrana ondulatória que se estende ao lado do corpo, um filamento axial e um núcleo simples e vesiculoso. Ao longo de sua estrutura, encontram-se grânulos acidófilos de tamanho uniforme de acordo com Figura 05. (SILVA FILHO; LONGATTO FILHO, 2000; BRAVO et al, 2010). 21 Figura 05 – Representação de Trichomonas vaginalis. Fonte: REY, 2001. Os trofozoitos de Trichomonas vaginalis possuem as seguintes estruturas, enunciadas por Rey (2001): a) Canal periflagelar – é uma depressão do pólo anterior do parasita, da qual parte os flagelos livres; b) Membrana ondulante – estrutura que conecta o quinto flagelo (que permanece voltado para a estrutura posterior do parasita) ao corpo celular; c) Blefaroplasto – são estruturas que dão origem aos flagelos e ao axóstilo, costa e corpo parabasal; d) Axóstilo – possui forma de fita, sendo formado por justaposição de microtúbulos e percorrem toda a extensão do corpo celular, fazendo saliência no pólo posterior. A sua extremidade anterior alonga-se através da pelta, a qual sustenta as estruturas que originam os flagelos; e) Corpo parabasal – conjunto de fibras parabasais, com estriação transversal e com o aparelho de Golgi, membranas paralelas e vesículas localizados a seu paralelo. f) Costa – é uma faixa transversal originada do blefaroplasto e que percorre o citoplasma nas proximidades do flagelo recorrente. As estruturas mais evidentes presentes ao longo do microrganismo são flagelos, axóstilo e hidrogenossomos. Os flagelos facilitam a aquisição de alimentos e a movimentação do parasita. Do centro do microrganismo até sua extremidade posterior encontra-se o axóstilo, estrutura rígida e hialina. O axóstilo é orientado por microtúbulos. Estes contribuem para a manutenção da forma e organização do parasita, 22 transportes diversos efetuados no citoplasma, motilidade e divisão celular. Os hidrogenossomos são estruturas vesiculares ricas em enzimas ferredoxinase oxidase, capazes de transformar piruvato em acetato por oxidação fermentativa, liberando adenosina 5’-trifosfato (ATP) e hidrogênio molecular. (MACIEL; TASCA; DE CARLI, 2004). O parasita é capaz de armazenar glicogênio em seus vacúolos citoplasmáticos. Esse nutriente é essencial para sua manutenção energética, pois a glicose, maltose e galactose são as fontes primárias de energia, embora use também aminoácidos em seu metabolismo, principalmente arginina, treonina e leucina. (MACIEL; TASCA; DE CARLI, 2004; BRAVO et al, 2010). Este é um parasita extracelular que requer os seguintes fatores para seu crescimento: microaerofilia ou anaerobiose facultativa, potencial hidrogeniônico (pH) situado na faixa de 5,0 a 7,5 e temperatura entre 20º C e 40º C. Não sobrevive a temperaturas superiores a 60º por mais de quatro minutos, mas resiste a baixas temperaturas por alguns dias. O crescimento e a movimentação de Trichomonas vaginalis são suprimidos pelo potencial hidrogeniônico ácido normal da vagina. O DNA (ácido desoxirribonucléico) possui de 29%-33% de guanina e citosina; o ácido ribonucléico (RNA) é pouco relatado. (MACIEL; TASCA; DE CARLI, 2004; SILVA FILHO; LONGATTO FILHO, 2000). O principal mecanismo de transmissão de Trichomonas vaginalis é o contato sexual sem proteção. Outras formas de contágio são: contato com vasos sanitários contaminados, roupas íntimas, de banho e de cama; água contaminada; sauna; fômites, instrumentos ginecológicos, pinças; contaminação no momento do parto. O protozoário normalmente provoca reação inflamatória celular pronunciada e sintomática. A vaginite resultante manifesta-se por corrimento vaginal bolhoso, amarelo-esverdeado, fétido e mais frequênte após a menstruação ou na gravidez. Colpite (inflamação do colo uterino) é evidenciada por minúsculas pápulas com aspecto de morango ou framboesa. Alguns dos sintomas são: prurido, irritação vulvovaginal, dor e dificuldade para urinar e manter relações sexuais, formação de pontos hemorrágicos na vagina e no cérvix. (MACIEL; TASCA; DE CARLI, 2004; SILVA FILHO, 2000). Nos homens, a infecção geralmente é assintomática e autolimitada. Os quadros típicos evidenciados nas infecções masculinas são: escasso corrimento, disúria, prurido, ulceração peniana e ardência pós-relação sexual. Em casos mais graves, pode ocorrer epidimite, prostatite e infertilidade. (MACIEL; TASCA; DE CARLI, 2004). 23 A reação celular inflamatória provocada pelo parasito é caracterizada, no exame citológico, por binucleação, falsa eosinofilia, halo perinuclear, anfotilia discreta, cariomegalia e hipercromasia, que às vezes se assemelha a displasia celular ou mesmo carcinoma. (LIRA NETO, 2000). 3.6 Infecção por Trichomonas vaginalis Trichomonas vaginalis tem tropismo pelo epitélio escamoso do trato genital humano. (MACIEL. TASCA. DE CARLI, 2004). Para que o parasita se instale no trato geniturinário humano, devem-se ter duas condições favoráveis: aumento de pH e diminuição da população de lactobacilos. O mecanismo de aderência e citotoxidade parasitária estão associados aos fatores de virulência do parasita, como as adesinas, cisteína-proteinases, integrinas, cell-detaching (CDF) e glicosidases. (MACIEL; TASCA; DE CARLI, 2004; BRAVO et al, 2010). Maciel, Tasca e De Carli (2004) destacam as adesinas AP23, AP33, AP51 e AP65 e cisteínas-proteinases como moléculas essenciais para a adesão do parasita ao epitélio vaginal. As cisteínas-proteinases exercem efeitos citotóxicos e hemolíticos a imunoglobulinas. Outra característica evidente neste tipo de infecção é a hemólise, visto que o parasita requer moléculas de ferro e ácidos graxos para completar a inserção no hospedeiro. Segundo Vilela e Benchimol (2011), T. vaginalis tem a capacidade de interagir e fagocitar células epiteliais, eritrócitos, leucócitos e lactobacilos. Assim, consegue atravessar a barreira mucóide da vagina e provocar as manifestações clínica típicas na mulher. No estudo destes autores, verificou-se a capacidade do parasita de se ligar a substratos presentes no epitélio queratinoso, como a laminar, fibronectina e colágeno. Isso se dá pela atividade de suas enzimas proteolíticas denominadas de mucinases, as quais digerem o muco e permitem a interação com células do epitélio vaginal. Outros fatores inerentes ao microrganismo que o tornam extremamente invasivo e são responsáveis pelas altas taxas de incidência da parasitose no mundo: estruturas envolvidas na adesão parasitária (proteínas, açucares e lipofosfoglicanos) a superfícies diversas e capacidade de interação e digestão de queratina. A interação e digestão da queratina são importantes por três motivos: é uma fonte de proteínas e nutrição para o parasita, facilita o acesso às superfícies epiteliais e facilita a transmissão do microrganismo durante o coito. (VILELA; BENCHIMOL, 2011). 24 A tricomoníase pode ser assintomática, com manifestações típicas e autolimitadas ou pode provocar quadros de infecção severa e, em casos mais graves, infertilidade. (MACIEL; TASCA; DE CARLI, 2004; SILVA FILHO, 2004). Com relação à imunologia, Weizenmann (2010) destaca como componentes responsáveis pela reação do hospedeiro contra o parasita os fatores não-imunológicos e imunológicos inato e adaptativos. Durante o processo de invasão do hospedeiro, Trichomonas vaginalis libera diversas proteases e adesinas, as quais induzem a liberação de citocinas antiinflamatórias, apoptose de células que participam do sistema imune e produz substâncias citotóxicas. Como mecanismo de proteção, as reservas de ferro diminuem e as de zinco na região anatômica da vagina aumentam (com a diminuição da disponibilidade de ferro o metabolismo do parasita diminui; e o zinco é um elemento tóxico ao Trichomonas vaginalis). Dentre os mecanismos de defesa inatos, a autora destaca o epitélio vaginal, o muco e o pH ácido da vagina, além de proteínas inflamatórias, interleucinas e células do sistema imune, como o macrófago. A infecção provoca a síntese de anticorpos no trato reprodutivo, sendo detectadas apenas as imunoglobulinas das classes G e A nas secreções vaginais (em homens, há relato da presença de IgM). A IgG atua como mediadora da citotoxicidade pela capacidade de estimular o sistema complemento e induzir a toxicidade via receptor Fc nos polimorfonucleares. 3.6.1 Infecções por Trichomonas vaginalis em Gestantes O período gestacional é acompanhado de diversos distúrbios no mecanismo fisiológico do trato genital feminino, provocando quadros de infecção por agentes bacterianos e fúngicos. Dentre estes agentes, Gardnerella vaginalis é a principal bactéria isolada; as complicações por esta infecção em gestantes são endometrites, doença pélvica inflamatória, trabalho de parto prematuro e endometrites pós-parto. Candida é verificada em cerca de 40% de gestantes e está relacionada a risco de parto prematuro e aborto tardio, infecção no feto durante a gestação ou no parto – podendo causar colonização por leveduras no trato gastrointestinal da criança, candidíase cutânea congênita e invasão sistêmica pulmonar. Trichomonas vaginalis é o único protozoário capaz de infectar o trato geniturinário feminino e manifestar sintomatologia e complicações típicas. (BONFANTI; GONÇALVES, 2010). 25 Segundo Silva Filho (2004), a gestação é um dos fatores de risco associados à infecção por Trichomonas vaginalis. Da mesma forma, Maciel, Tasca e De Carli (2004) destacam que esta infecção em gestantes representa um sério problema de saúde pública nos Estados Unidos. Ribeiro e outros (2003) afirmam que vaginose bacteriana, tricomoníase e candidíase representam cerca de 90% das desordens de origem infecciosa no trato genital feminino, principalmente em mulheres em idade reprodutiva. Durante a gestação, ocorre substituição dos lactobacilos predominantes na vagina por microbiota composta por bactérias anaeróbias estritas e facultativas, como Gardnerella vaginalis. (RIBEIRO et al, 2003). As infecções por Trichomonas vaginalis em gestantes constituem motivo de preocupação, em virtude da elevada probabilidade de desenvolver complicações tanto ao feto quanto à gestante. (Gondo et al, 2010; MACIEL; TASCA; DE CARLI, 2004). Bonfanti e Gonçalves (2010) afirmam que as infecções por T. vaginalis em gestantes aumentam as chances de partos prematuros, pneumonia pelo protozoário e crianças com baixo peso. Os autores mencionam ainda a probabilidade de ocorrer corioaminionite, histerectomia e infecção por HIV. Maciel, Tasca e De Carli (2004) afirmam que as infecções por este protozoário em gestantes aumentam cerca de duas vezes em relação às não grávidas os casos de infertilidade. O parasita é uma das causas mais frequêntes de doença inflamatória pélvica, pois infecta o trato urinário superior, causando resposta inflamatória que destrói a estrutura tubária, altera as células ciliadas da mucosa tubária, inibindo a passagem do óvulo e do espermatozóide. Michel e outros (2006) destaca como fatores associados à infecção em gestantes doença inflamatória pélvica, câncer cervical, parto pré-maturo e crianças com baixo peso ao nascer. Meis citado por Bonfati e Gonçalves (2010) relatam associação desta infecção e parto prematuro. Assim como Hardy citados por Bonfanti e Gonçalves (2010) relatam baixo peso ao nascer entre gestantes infeccionadas por T. vaginalis e com ruptura espontânea de membranas e peso baixo do normal e parto prematuro respectivamente. Segundo Silveira e outros (2008), a gestação é um fator de risco para a infecção por papilovírus humano HPV, em razão da diminuição da atividade imunológica e modificação dos hormônios esteroidais. Com o desequilíbrio da microbiota vaginal, a 26 ascensão de microrganismos é facilitada, assim os autores verificaram aumento de infecção por Trichomonas vaginalis entre as gestantes analisadas. 3.7 Dados epidemiológicos As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s) configuram como um problema de saúde pública em nível mundial, em razão de sua elevada prevalência, severidade da evolução das infecções e pela falta de tratamento adequado. Segundo Flores e outros (2011) afirmam que as DST’s são, na atualidade, a maior causa mundial de doença aguda, infertilidade e morbiletalidade, com sérias complicações médicas e psicológicas ao paciente acometido. Entre profissionais do sexo do interior paulista, verificaram uma taxa de prevalência de DST’s de 71,6%. (BALDIN-DAL POGETTO; SILVA; PARADA, 2011). Pereira e Taquette (2010) alertam para o aumento da frequência de DST’s em idade cada vez mais precoce e estima que um em cada jovem contraia esse tipo de infecção até a idade adulta, somando-se os crescentes casos de gravidez indesejada, a qual aumenta os riscos envolvidos a essas infecções. Com relação à tricomoníase, acredita-se que sua incidência anual seja de 170 milhões de casos por ano, com cerca de 92% de acometimento entre mulheres. A nível nacional, este valor é de 4,3 milhões de casos, com destaque para mulheres em idade reprodutiva, sem parceiros sexuais fixos, que não usam métodos físicos de contracepção e de baixo nível socioeconômico. (AROZQUETA et al, 2011). 3.8 Diagnóstico laboratorial Maciel, Tasca e De Carli (2004) sugerem a investigação laboratorial para a confirmação de infecções provocadas por Trichomonas vaginalis, por possibilitar o controle da transmissão e facilitar o tratamento adequado. Estes autores afirmam que o diagnóstico definitivo da tricomoníase não deve ser baseado apenas em evidências clínicas do (a) paciente, pois nem todas as pacientes apresentam os sinais clínicos mais indicativos da infecção, que são a cérvice em forma de morango e corrimentos bolhosos. Salienta-se a possibilidade de não diagnóstico da infecção em cerca de 88% de mulheres infectadas e 29% de diagnóstico falso, em caso de usar apenas critérios clínicos para o diagnóstico. Michel e outros (2006) concordam com esses dados. 27 O método padrão-ouro para o diagnóstico da tricomoníase é a cultura. Esse método emprega 300-500 tricomonas por mililitro de inóculo. Na cultura, incuba-se secreção vaginal colhida com swab estéril ou sedimento urinário durante três a cinco dias, a 37º C, numa atmosfera de 5% de dióxido de carbono, visualizando a motilidade do parasita ao microscópio óptico. As culturas normalmente tornam-se positivas dentro de vinte e três dias. O sistema de cultura In Pouch TV é uma alternativa á cultura tradicional. A cultura de parasitas possui as seguintes vantagens: baixa possibilidade de contaminação, preservação do parasita, alta sensibilidade e especificidade. No entanto, é um procedimento bastante demorado, requer infra-estrutura e materiais adequados. Como o tempo para o crescimento do parasita no meio de cultura é muito grande, acredita-se que há chances de novas infecções pelos pacientes suspeitos, mas não tratados. (MACIEL; TASCA; DE CARLI, 2004; FLORES et al, 2011; HOBBS; SEÑA, 2007). Figura 06 – Sistema de cultura para Trichomonas vaginalis In Pouch TV. Fonte: BRAVO e outros, 2010. Assim, a cultura é raramente empregada para o diagnóstico de infecções por Trichomonas vaginalis. (KONEMAN et al, 2010). Ainda que a sensibilidade esteja na faixa 69-75%, conforme Hobbs e Seña (2007). Uma opção bastante acessível e rápida para o diagnóstico laboratorial da tricomoníase é o exame direto. No entanto, Michel e outros (2006) afirma que o exame direto a fresco é muito subjetivo e com baixa sensibilidade, por isso, muitos casos positivos para Trichomonas vaginalis podem se subestimados. 28 Figura 07 – Exame a fresco do conteúdo vaginal visualizando Trichomonas vaginalis com seus flagelos. Fonte: BRAVO e outros, 2010. O exame direto a fresco consiste na confecção de várias lâminas microscópicas com uma gota de urina centrifugada diluída com uma gota de solução salina e coberta com lamínula. Após a confecção da lâmina, faz-se a análise em objetiva de 10, com condições redutoras de luz para a visualização dos trofozoítos e seus movimentos espasmódicos. O exame microscópico com objetiva de maior aumento (40X) permite identificar os flagelos, os batimentos flagelares e a membrana ondulatória do parasita. (HENRY, 2008). Hobbs e Seña (2007) assinalam que o exame direto tem a vantagem de proporcionar a visualização da morfologia do parasita, sobretudo dos seus flagelos, por isso, a sensibilidade do método varia entre 50 e 70%. Segundo Maciel, Tasca & De Carli (2004) o exame a fresco tem grande significado como forma de triagem, é de fácil execução, não requer materiais sofisticados e é relativamente rápido. No entanto, este método requer profissional capacitado e treinado para a identificação microscópica do parasita. Os autores sugerem o uso de outras metodologias mais específicas para o diagnóstico definitivo. Toneli e Freire (2000) propõem o uso do exame direto a fresco e a análise microscópica de esfregaços corados por Papanicolaou ou Giemsa. O exame citológico de Papanicolaou possui sensibilidade de 60-70% para a identificação de Trichomonas vaginalis em comparação à cultura. Por outro lado, salienta-se que a infecção pelo protozoário pode prejudicar o diagnóstico de lesões prémalignas como células escamosas atípicas ou mesmo HPV, porque em ambos os casos ocorre processo inflamatório com aumento do volume nuclear, formação de halo perinuclear, bi ou multinucleação e disceratose. (BONFANTI; GONÇALVES, 2010). 29 Figura 08 – Colpocitologia oncótica visualizando Trichomonas vaginalis. Fonte: BRAVO e outros, 2010. Da mesma forma, Zorati e Melo (2009) afirmam que a análise de infecção pelo parasita se dá pela observação de sua morfologia, das manifestações celulares inflamatórias e leucocitárias induzidas pelo próprio. Sugerem para isso, análise de esfregaços cérvico-vaginais corados pela metodologia de Papanicolaou, por ser um exame de baixo custo, pode ser empregado tanto para a identificação microbiológica, de malignidades como também no rastreamento de DST’s. Os autores afirmam que este exame permite a visualização direta ou as alterações citopáticas induzidas por certos microrganismos e, por isso, possui sensibilidade e especificidade aceitáveis. Segundo Silva Filho e Longatto Filho (2000), as alterações reativas nas células infectadas por Trichomonas vaginalis são normalmente inespecíficas. Uma característica comum é o aglomerado leucocitário nas lâminas microscópicas. A reação à coloração, forma e tamanho varia bastante, mas em geral, os parasitas têm forma de pêra, arredondados, com citoplasma cianófilo e núcleo claro, pequeno, alongado e excêntrico; os flagelos não são visualizados. Em outros casos, o parasita possui grânulos vermelhos em seu citoplasma. Segundo as características favoráveis ao diagnóstico de infecção por Trichomonas vaginalis destacam-se: reação inflamatória com infiltrado leucocitário, predomínio de neutrófilos, macrófagos, detritos celulares, muco e células metaplásicas degeneradas, eosinofilia, anfofilia citoplasmática, alterações de núcleo (anisocariose, aumento do tamanho do núcleo, hipercromasia e binucleação), halos perinucleares e vacuolização citoplasmática. Os autores alertam que esses achados não são encontrados em todas as mulheres parasitadas e que eles podem variar conforme a idade da mesma. 30 Por isso, Silva Filho (2004) afirma que os esfregaços corados pela metodologia de Papanicolaou revelam-se inadequados como testes de rastreamento da vaginose bacteriana durante a gestação, com valores de 73 e 82% preditivos positivos e negativos, respectivamente. 3.9 Tratamento Segundo Almeida e outros (2010), apesar de Trichomonas vaginalis ser descoberto em 1836 e ser destacado como causa de vaginites em 1916, o tratamento da infecção a que conduziu surgiu somente há cinqüenta anos após sua identificação. O tratamento da tricomoníase é satisfatório pela administração oral ou local de metronidazol; com limitação para seu uso após o término do primeiro trimestre de gestação, visto que o fármaco tem capacidade de atravessar a barreira placentária e atingir o feto, podendo provocar anomalias fetais. (TONELI; FREIRE, 2000; MACIEL; TASCA; DE CARLI, 2004; OKUN; GRONAU; HANNAH, 2005). Nos estudos de Arozqueta e outros (2011), as pacientes infectadas por Trichomonas vaginalis foram submetidas a terapia com metronidazol 2 gramas. Sugere-se que o tratamento da tricomoníase, por ser uma DST’s, deve ser instituído a ambos os parceiros sexuais, sendo sistêmico e local para a mulher e sistêmico para o homem. Sugere-se a administração de metronidazol 500 miligramas por via oral, duas vezes ao dia, durante sete dias, ou 2 gramas. Para o tratamento local feminino, sugere-se aplicar creme de metronidazol, ao deitar, por uma semana. (TONELI; FREIRE, 2000). Toneli e Freire (2000) descrevem formas de facilitar o tratamento e evitar infecções subsequentes: abstinência sexual para evitar a irritação da área afetada, redução da irritação tecidual causada por arranhaduras ou roupas apertadas, higiene antes e depois das evacuações e manter a área bem seca. Maciel, Tasca e De Carli (2004) destacam estratégias para a prevenção da tricomoníase e outras DST’s: prática de sexo seguro, uso de preservativos, abstinência sexual durante o tratamento, instalação de tratamento o mais rápido possível. Os autores inferem que os fármacos mais empregados no tratamento desta infecção são: metronidazol, inidazol, ornidazol, nimorazol, carnidazol, secnidazol e flunidazol. Estes medicamentos penetram nas células por difusão e são ativados nos hidrogenossomos do parasita. Essa ativação ocorre somente em seres anaeróbios pela 31 redução dos grupos nitro por ferrodoxinas – por isso, tem toxicidade seletiva. Acreditase que a ação antimicrobiana resulta da formação de compostos intermediários láveis, quimicamente reativos, sintetizados durante a redução. Salienta-se para o potencial carcinogênico do metronidazol quando consumido de forma crônica. (MACIEL, TASCA; DE CARLI, 2004). Nos casos de resistência ao metronidazol ou falhas na terapêutica, aumenta-se a dose do medicamento. Em relação a resistência, a formula terapêutica 5-nitroimidazóis está sendo pesquisada, outra alternativa é a vacina com Solco-Trichovac e Gynatren. (MACIEL, TASCA; DE CARLI, 2004). Amorim e Santos (2003) realizaram estudo clínico randomizado para testar a eficácia de gel de aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi) no tratamento de vaginites bacterianas. Acredita-se que Schinus terebinthifolius Raddi possua efeito bactericida, mas não se compreende o mecanismo envolvido. Observou-se cura em 84% das pacientes tratadas por esse método, em oposição a 47,8% das que receberam apenas placebo. Não houve diferenças significativas nos efeitos colaterais e na análise citológica, por isso, sugere-se que o gel de aroeira possa ser uma alternativa para o tratamento de vaginite bacteriana. 32 4 METODOLOGIA 4.1 Tipo de estudo Trata-se de um estudo de caráter retrospectivo de levantamento de dados científicos sobre o assunto, o qual tem por objetivo realizar delineamento ou à análise das características de fatos ou fenômenos, a avaliação de programas, ou isolamento de variáveis principais. (MARCONI; LAKATOS, 2011). 4.2 Delimitação populacional A pesquisa foi efetuada no município de Paracatu, localizado no noroeste do estado de Minas Gerais, Brasil. O município possui uma área total de 8.229,588 km2 e 85.448 habitantes de acordo com estimativa populacional do IBGE de 2011, sendo a maioria da zona urbana. O município localiza-se Planalto Central de Minas Gerais/Goiás, fazendo parte da Mesorregião Noroeste Minas Gerais. Distancia-se a 490 km de Belo Horizonte e 220 km de Brasília. O município, descoberto e ocupado em 1693, guarda seu estilo colonial. A economia de Paracatu está veiculada à atividade agropecuária e extrativismo tendo destaque para bovinocultura de corte e leiteira, produção de grãos, cereais e frutas, além da exploração de minérios, tendo destaque para o zinco e o ouro. (IBGE, 2011). O município conta apenas com um hospital público, situado à Avenida Olegário Maciel, número 660, possui personalidade jurídica e gestão municipal. O hospital presta serviços de cardiologia, cirurgia geral, gastroenterologia, ginecologia, nefrologia, neurocirurgia, ortopedia traumatológica, maternidade, otorrinolaringologia e geriatria. Para tanto, possui amplo espaço físico e infra-estrutura adequada. (BRASIL, 2006). Selecionou-se como população de estudo pacientes atendidas no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Municipal de Paracatu, Minas Gerais. Este laboratório oferece atendimento em serviços de análises clínicas à população, sem critérios de distinção. 33 4.3 Aspectos éticos A privacidade dos resultados foi resguardada em todas as etapas do estudo, conforme preconiza a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, a qual “incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, entre outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado”. Os dados foram obtidos somente após liberação do gestor municipal de saúde do Município de Paracatu (APÊNDICE A). 4.4 Procedimento estrutural Logo após a elaboração e aprovação deste projeto de pesquisa pela coordenação do curso de Biomedicina da Faculdade Tecsoma, deu-se início ao cumprimento das exigências legais referentes à aceitação da pesquisa usando como local de análise o setor de Urinálise do Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Municipal de Paracatu, Minas Gerais. Para isso, recorreu-se ao Gestor Municipal de Saúde do Município de Paracatu, o senhor Eurípedes Tobias, e ao Coordenador deste setor, o farmacêutico-bioquímico Paulo Luciano Gomes. Com o consentimento livre do coordenador do Laboratório de Análises Clínicas, a pesquisa prosseguiu, com a análise de todos os prontuários referentes ao setor de urinálise. Os critérios adotados como inclusivos à seleção são: prontuários de todas as mulheres, com destaque para as gestantes, período entre março e maio de 2012. Os critérios de exclusão adotados: Pacientes do sexo masculino, prontuários referentes a período inferior a março de 2012 e superior a maio deste mesmo ano. 4.5 Plotagem dos dados e comparação com a literatura médica Os resultados foram computados em forma de gráficos e comparados com outros estudos de mesmo caráter, publicados em revistas eletrônicas nacionais e de acesso público. 34 5 RESULTADOS Nos meses de março, abril e maio do ano de 2012, foram atendidas 2219 mulheres, sendo que 785 correspondentes ao mês de março, 634 ao mês de abril e 800, do mês de maio. Esses dados estão sintetizados na figura 09. Figura 09 – Pacientes do sexo feminino atendidas no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Municipal de Paracatu/MG, entre março e maio de 2012 (n=2219) 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 Março Abril Maio Fonte: Elaborada pela acadêmica Priscila Gonzaga Silva, 2012 No mês de março, das 785 mulheres atendidas neste laboratório, 638 (81,3%) eram não gestantes e 147 (18,7%) eram gestantes. Neste mês, não se detectou nenhuma gestante com o parasita. Em abril, das 634 mulheres que procuraram os serviços desta instituição diagnóstica, 132 (20,8%) estavam em período gestacional e 502 (79,2%) eram não gestantes; 8 (1,3%) estavam parasitadas pelo protozoário. Destas oito, 3 (0,50% do total mensal) eram gestantes. Em maio, foram atendidas 800 mulheres, 148 (18,5%) das quais eram gestantes e 652 (81,5%) eram não gestantes; 3 (2,02 %) estavam parasitadas por T. vaginalis, sendo que não houve relatos deste diagnóstico entre gestantes. Assim, neste período, 1808 mulheres atendidas não eram gestantes e 411, eram gestantes (Figura 10). 35 Figuras 10 – Pacientes do sexo feminino atendidas no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Municipal de Paracatu/MG, entre março e maio de 2012 (n=2219), conforme a detecção de Trichomonas vaginalis. 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 Gestante Não gestantes Gestantes parasitadas Gestantes não parasitadas ]Fonte: Elaborada pela acadêmica Priscila Gonzaga Silva, 2012. Segundo Maciel, Tasca e De Carli (2004) a prevalência de tricomoníase é estudada em diversas populações. Acredita-se que na população geral, os índices estão na faixa dos 5-10%, a maioria dos casos referentes à infecções em mulheres. No trimestre selecionado para coleta de dados através de análise dos prontuários do setor de urinálise do Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Municipal de Paracatu (MG) verificou-se que a prevalência de tricomoníase entre as gestantes foi de 0,70%, num total de 2219 mulheres atendidas nesta instituição de saúde, sendo o total das gestantes atendidas foi 427, não gestantes 1792, 3 gestantes com diagnostico positivo para Trichomonas vaginalis e 424 gestantes não parasitadas. 36 6 DISCUSSÃO As doenças sexualmente transmissíveis constituem um grupo de doenças transmitidas por via sexual, sendo considerados o grupo de doenças infecciosas mais prevalentes no mundo e a quinta causa de perda da produtividade; nos países subdesenvolvidos, são a segunda causa de morbidade entre as mulheres de 15 a 45 anos de idade. Tanto é que a Organização Mundial da Saúde as considera um problema de saúde pública mundial, com cerca de 300 milhões de novos casos surgindo a cada ano. (BRASIL, 2006; BELDA JÚNIOR; SHIRATSU; PINTO, 2009). Segundo Flores e outros (2011) ressaltam ainda que as DST’s constituem a maior causa mundial de doença aguda, infertilidade e morbiletalidade, com sérias complicações médicas e psicológica ao paciente acometido. A tricomoníase é uma infecção genital causada pelo Trichomonas vaginalis (protozoário flagelado), de transmissão sexual, que tem como reservatório a cérvice uterina, a vagina e a uretra, onde provoca corrimento abundante, amarelado ou amarelo esverdeado, bolhoso, com mau cheiro, com prurido e/ou irritação vulvar, às vezes dor pélvica, disúria, polaciúria, as mucosas ficam hiperemiadas e o teste de Schiller dá positivo e mais da metade das mulheres portadoras são assintomáticas. (BRASIL, 2006). Segundo Gondo e outros (2010) tricomoníase em gestantes é considerada motivo de preocupação, em virtude da elevada probabilidade de desenvolver complicações tanto ao feto quanto à gestante. Como principais complicações Maciel, Tasca e De Carli (2004) destacam o risco elevado de abortamento tardio, infecção da cavidade amniótica, ruptura prematura das membranas, trabalho de parto prematuro, prematuridade e recémnascido de baixo peso, infertilidade, aumento do risco de transmissão de HIV, intercorrências indesejáveis. Michel e outros (2006) mencionam ainda como fatores associados à infecção em gestantes doença inflamatória pélvica e câncer cervical. Segundo Maciel, Tasca e De Carli (2004) a prevalência de tricomoníase é estudada em diversas populações. Acredita-se que na população geral, os índices estão na faixa dos 5-10%, a maioria dos casos referentes à infecções em mulheres. Entre as populações carcerárias e profissionais do sexo, esse valor sobe para 50 a 60%. No trimestre selecionado para coleta de dados através de análise dos prontuários do setor de urinálise do Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Municipal de Paracatu (MG) verificou-se que a prevalência de tricomoníase entre as gestantes foi de 37 0,70%, num total de 2219 mulheres atendidas nesta instituição de saúde. Os prontuários não fornecem dados sobre as condições socioeconômicas das mesmas. Essa é bastante inferior às verificadas por Pedrosa e outros (2011), os quais encontraram uma taxa de incidência de 573 casos de trricomoníase no Amazônas, com 91,6% dos casos em mulheres. Pelo estudo, os autores conseguiram delimitar a população de risco associada a infecção: mulheres solteiras, estudantes, que residem fora da capital (Manaus) e as que tiveram parceiros eventuais no último ano de acompanhamento. Com relação à incidência em mulheres gestantes, obteve-se cerca de 32% da população analisada infectada pelo protozoário. Da mesma forma, os valores de Zorati e Melo (2009), em levantamento de dados com pacientes atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de exames preventivos, no Paraná, foram superiores (37,52%). Estes relatam que a faixa etária mais acometida foi dos 20 e 49 anos de idade. No estado de Goiás, Ribeiro e outros (2003) encontraram uma prevalência de 2% de casos positivos para Trichomonas vaginalis em esfregaços citopatológicos, dos quais os casos mais frequentes foram verificados em mulheres com idade entre 31 e 40 anos. Esse dado é explicado pelos autores como uma resposta à estimulação hormonal e consequente acúmulo de glicogênio na região vaginal entre as mulheres no período reprodutivo. Outro dado importante destacado pelos autores foi à maior incidência de tricomoníase em mulheres de baixo nível socioeconômico, em paciente de clínicas ginecológicas, pré-natais e de serviços de DST’s. Em São Paulo, Luppi e outros (2011) verificaram uma taxa de prevalência de 3,2% de infecções por Trichomonas vaginalis num centro de atenção primária à saúde, entre mulheres com idade entre 18 e 40 anos. Verificou-se maior incidência de infecções sexuais em mulheres de menor idade e indígenas, ao passo que entre as mulheres que moravam com seus parceiros sexuais e usavam métodos contraceptivos os índices foram inferiores. No Rio de Janeiro, Arrozqueta e outros (2011) encontraram uma prevalência de 19,04% de tricomoníase entre pacientes com DST’s. Michel e outros (2006) verificaram uma prevalência de 20% de tricomoníase entre mulheres no Rio Grande do Sul, com as seguintes características socioepidemiológicas: mulheres casadas, negras, fumantes, de baixo nível educacional, desprovidas de acesso a higiene e saneamento básico e que não usam métodos contraceptivos. Neste mesmo estado, Bonfanti e Gonçalves (2010) analisaram a 38 incidência de DST’s em gestantes e encontraram uma taxa de prevalência de 5,92% na população analisada, com relatos de 5% de transmissão vertical da tricomoníase. Acredita-se que as taxas de prevalência desta patologia estejam diretamente relacionadas ao método selecionado para o diagnóstico. Assim, este requisito deve ser levado em consideração, visto que são muitas as metodologias disponíveis. No laboratório em foco, emprega-se como método direto do sedimento urinário. Esta metodologia é bastante simples de ser realizada, possui alta sensibilidade e especificidade, não requer materiais sofisticados; no entanto, os resultados podem ser subjetivos. Com o intuito de comparar os resultados das metodologias do exame a fresco e a análise de esfregaços corados por Papanicolaou, entre gestantes, Silva Filho (2004) verificou 30,9% de vaginose bacteriana através do exame citológico direto e apenas 0,7% de correspondência nos esfregaços de Papanicolaou. O autor afirma que a citologia corada é a melhor opção para o diagnóstico de fungos não formadores de micélios, ao passo que a citologia direta a fresco é a melhor técnica para a identificação de elementos não epiteliais dos esfregaços vaginais. Ressalta-se a importância da técnica de Papanicolaou para a detecção de agressões e reações nucleocitoplasmáticas. Para verificar a prevalência de Trichomonas vaginalis no Atacama, Chile, no período de 1997 a 2002, empregando a metodologia de coloração de Papanicolaou, Otárola e outros (2005) detectaram uma prevalência de 4% entre as lâminas analisadas. Os autores afirmam que a técnica é empregada no Chile como técnica de pesquisa de cânceres do colo uterino, embora possam ser detectados também diversos microrganismos patogênicos, como Trichomonas vaginalis, Candida sp, Gardnerella vaginalis e Actinomyces. Ribeiro e outros (2003) analisaram 2550 mulheres em Presidente Dutra, no Maranhão, através de exame de colpocitologia oncótica e verificaram uma taxa de prevalência de 5,31% para Trichomonas vaginalis, com idade média na faixa dos 20 aos 29 anos. Os autores relatam a presença de seis das gestantes inclusas na pesquisa como portadoras de tricomoníase em terapia, das quais quatro ainda apresentaram o parasita. As pacientes infectadas pelo parasita manifestaram inflamação e metaplasia, 83,62% dos exames realizados foram satisfatórios e 10,86% satisfatórios, mas com limitações e 5,52% insatisfatórios. 39 Frank (2010) encontrou 1,38% de amostras positivas para Trichomonas vaginalis através do exame citopatológico do colo uterino e não houve indícios de outras malignidades. Almeida e outros (2010) realizaram levantamentos de dados sobre a prevalência de tricomoníase em mulheres no Sergipe, diagnosticadas pelo exame colpocitológico de Papanicolaou, e encontraram 3,66% de casos positivos no ano de 2004 e 3,47%, em 2005. As maiores prevalências ocorreram em mulheres com idade entre 14 e 44 anos. Houve co-infecção entre Herpes vírus genital (HSV) e Chamydia trachomatis. Lecke e outros (2003) propuseram uma nova forma de detecção de Trichomonas vaginalis, com base na análise da distribuição dos microtúbulos que constituem o citoesqueleto dos trofozoítos deste parasita, em amostras de urina e secreção vaginal, empregando materiais fluorescentes de ligação ao dímero polimerizado alfa-betatubulina. A visualização é feita em microscopia de fluorescência. Os autores encontraram resultados altamente condizentes com outros trabalhos sobre o assunto e, por isso, esta pode ser considerada uma perspectiva para o diagnóstico da parasitose. Rodriguéz e Castellanos (2002) empregaram prova rápida com partículas de látex sensibilizadas com globulinas em comparação ao exame direto e cultura. Esse método é realizado desprezando-se parte do sobrenadante do exsudato vaginal e agitando o restante; após isso, despreza-se 20 microlitros do sedimento na placa de fundo escuro e 20 microlitros do reagente de látex, agitando durante cerca de três minutos. Considera-se como teste positivo a formação de aglomerados resultantes da reação de floculação. Os autores encontraram resultados diferentes para as três metodologias, sendo que a prova direta foi menos sensível. Hobbs e Seña (2007) mostram outras formas de detecção laboratorial de Trichomonas vaginalis: imunocromatografia, amplificação de ácidos nucléicos, os quais não são empregados rotineiramente por serem métodos bastante caros ou não disponíveis para comercialização a larga escala. Assim, pode-se considerar que no período de estudo houve baixa taxa de prevalência de tricomoníase entre as gestantes que procuraram atendimento diagnóstico público na cidade de Paracatu. Esses achados não estão de acordo com as hipóteses levantadas no projeto de pesquisa, pois se esperava uma taxa mais elevada de prevalência desta parasitose entre as gestantes. O estudo não permitiu a realização da caracterização socioeconômica desta população, visto que os prontuários não fornecem esses dados, constituindo uma falha no trabalho. 40 7 CONCLUSÃO O estudo retrospectivo de levantamento de dados correspondente aos meses de março a maio de 2012 que permitiu verificar que a prevalência de tricomoníase entre as gestantes que procuram os serviços públicos de diagnóstico na cidade de Paracatu foi de 0,70%. Essa parasitose em gestantes está associada a sérias complicações como risco elevado de abortamento, infecção da cavidade amniótica, ruptura prematura das membranas, trabalho de parto prematuro, prematuridade e recém-nascido de baixo peso, infertilidade, aumento do risco de transmissão de HIV, intercorrências indesejáveis, doença inflamatória pélvica e câncer cervical. Sabe-se que esta Doença Sexualmente Transmissível está associada a baixas condições socioeconômicas, porém não se pode afirmar que esta é uma realidade entre a população de estudo, pois não se identificou estes dados. Assim, sugere-se a realização de estudo mais aprofundado sobre o assunto, de forma que envolva a análise socioeconômica das gestantes acometidas pela infecção e outras formas de diagnóstico, a fim de facilitar a formulação de medidas preventivas ou profiláticas. 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Mayra Santos et al. Tricomoníase: prevalência no gênero feminino em Sergipe no biênio 2004-2005. Revista Ciência e Saúde Coletiva, v. 15, n. 1, p. 14171421, 2010. AMORIM, Melania Maria Ramos de; SANTOS, Luiz Carlos. Tratamento da vaginose bacteriana com gel vaginal de Aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi): ensaio clínico randomizado. Revista Brasileira Ginecologia e Obstetrícia, Rio de Janeiro, v. 25, n. 2, mar. 2003 . 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Hélica Silva Macedo. Objetivo do estudo: Determinar a taxa de prevalência de infecções por Trichomonas vaginalis entre as gestantes atendidas no laboratório de análises clínicas do Hospital Municipal de Paracatu, município de Minas Gerais, nos primeiros três meses do ano de 2012. Procedimento: No mês de abril de 2012, serão analisados todos os prontuários referentes ao setor de urinálise do referido laboratório para selecionar os referentes à mulheres. Após isso, os prontuários referentes a gestantes serão analisados quanto a idade e bairro de origem. Os resultados serão computados em forma de gráficos e tabelas. Riscos e benefícios ao paciente: Visto que serão analisados apenas prontuários selecionados quanto ao objetivo do estudo, não haverá riscos à saúde do paciente. Com relação aos benefícios, a pesquisa possibilitará definir a taxa de prevalência de tricomoníase na população-alvo, divulgar os resultados e propor medidas de profilaxia. Confidencialidade: A confidencialidade dos pacientes será resguardada em todas as etapas da pesquisa, pois os nomes das pacientes não serão divulgados. Por este termo de consentimento livre e esclarecido pós-informacional, declaro que fui devidamente informado, de forma clara e detalhada, dos motivos para a realização desse trabalho. Por isso, permito a realização do mesmo, no sentido da realização de análise dos prontuários do setor de urinálise do laboratório de Análises Clínicas do Hospital Municipal de Paracatu (MG), estabelecimento público de análises clínicas ao qual sou gestor. 47 ______________________________________ Eurípedes Tobias Gestor Municipal de Saúde do Município de Paracatu, Minas Gerais _______________________________________ Priscila Gonzaga Silva Acadêmica Responsável pela Pesquisa _______________________________________ MSc. Hélica Silva Macedo Orientadora da Pesquisa _______________________________________ MSc. Cláudia Peres da Silva Coordenadora do Curso de Biomedicina da Faculdade Tecsoma 48