Interbio v.1 n.2 2007 - ISSN 1981-3775
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SISTEMA LINFÁTICO: REVISÃO DE LITERATURA
LYMPHATIC SYSTEM: LITERATURE REVIEW
YAMATO, Ana Paula do Carmo Nantes 1
Resumo
O sistema linfático representa uma via auxiliar ao sistema circulatório sangüíneo, cuja função é recolher o
liquido intersticial que não retornou aos capilares sangüíneos. Além de recolher os líquidos intersticiais o sistema
linfático executa um processo de filtragem dos líquidos reconduzindo-o ao sistema circulatório sangüíneo.A
pesquisa teve como objetivo principal esclarecer, de forma profunda, toda a fisiologia e a anatomia do sistema
linfático, visando o conhecimento abrangente de suas funções para o organismo como um todo. Visto que
atualmente, as características essenciais da função linfática estão estabelecidas, ainda que muitos aspectos,
sobretudo as funções ganglionares e seu papel nas reações imunológicas encontrem-se relativamente pouco
elucidados.Diante dos resultados apresentados, através da pesquisa bibliográfica, torna-se importante dar atenção
especial ao estudo do sistema linfático e suas funções, características, estruturas que o compõe e patologias
associadas, com a finalidade de prevenir os eventos patológicos relacionados ao sistema linfático ou tentar inibir
patologias agregadas, como varizes, telangectasias, assim tentando melhorar o funcionamento desse sistema.
Portanto, diminuindo os possíveis riscos de desenvolvimento de alterações patológicas do sistema linfático.
Palavras-chave: sistema linfático, linfa, linfáticos, edema.
Abstract
The Lymphatic system represents a assistant way for circulatory system, whose function is collect the interstitial
liquid what didn´t get back to sanguineous capillaries. In addition of collect the interstitial liquid, the lymphatic
system executes a liquid filtering process and lead backing it to blood circulatory system.The research had for
main objective to clarify, in deeply form, all physiology and the anatomy of lymphatic system, aiming at the
knowledge including of its functions for the organism as all.Seeing actually, the essential characteristics of
lymphatic function are established, despite in many aspects, over all ganglion functions and your function in
immunological relations is found relatively in low elucidates.In front at the results presented, through the
bibliographic research, become important give a special attention in study of lymphatic system and its functions,
characteristics, structures what compound it and associated pathologies, with finality of prevent the pathological
events related with lymphatic system ore try to inhibit added pathologies, as varices, telangectasia, trying to
improve the functioning of this system, therefore, reducing the possible risks of development of pathological
alterations in lymphatic system.
Key-Words: lymphatic system, lymph, lymphatic, edema.
1
Tecnóloga em Estética e Cosmetologia. Pós-graduanda em Metodologia do ensino superior no Centro
Universitário da Grande Dourados – Unigran/MS. E-mail: [email protected]/
[email protected].
YAMATO, Ana Paula do Carmo Nantes
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Introdução
O sistema linfático tem sua origem
embrionária no mesoderma, desenvolvendose junto aos vasos sanguíneos. Durante a
vida intra-uterina, algumas modificações no
desenvolvimento
embrionário
podem
constituir
características
morfológicas
pessoais, que variam entre os indivíduos
(GARRIDO, 2000). O sistema linfático
representa uma via auxiliar de drenagem do
sistema venoso. Os líquidos provenientes do
interstício são devolvidos ao sangue através
da circulação linfática, que está intimamente
ligada à circulação sanguínea e aos líquidos
teciduais. (RIBEIRO, 2004).
De acordo Guirro e Guirro (2004), o
sistema linfático se assemelha ao sanguíneo,
porém, existem diferenças entre esses dois
sistemas, como ausência de um órgão
bombeador no sistema linfático, além deste
ser microvasculotissular. As artérias e veias
do sistema de vasos sanguíneos formam
uma circulação completa ou fechada, que é
impulsionada pelo coração. O sistema de
vasos linfáticos forma apenas uma meia
circulação que se inicia cegamente no tecido
conjuntivo e desemboca pouco antes do
coração, nas veias. O fluxo linfático é
impelido principalmente pela contração dos
linfangions e também através das atividades
musculares (HERPERTZ, 2006).
O sistema linfático consiste de uma
extensa rede de capilares e amplos vasos
coletores, linfonodos e órgãos linfóides
(linfonodo, tonsilas, baço e timo) (SPENCE,
1991).
O presente artigo tem como objetivo
abordar o tema de forma a esclarecer
questões anatômicas e fisiológicas das
estruturas que compõem o sistema
linfático, além de patologias relacionadas
com esse sistema.
Estrutura do sistema linfático
A linfa
Segundo
Ribeiro
(2004),
a
linfa
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representa um tecido imunológico circulante
que transporta uma grande quantidade de
leucócitos, predominando quase que
exclusivamente os linfócitos. As vias
linfáticas são constituídas por capilares
linfáticos, vasos linfáticos e troncos
linfáticos.
A linfa desempenha importante papel
no transporte de substâncias no organismo,
ajuda a eliminar o excesso de líquido e
produtos que deixaram a corrente sangüínea,
tendo ação imunológica, isto é, a linfa é rica
em anticorpos. Quando o sistema
circulatório e/ou linfático não cumpre
corretamente suas funções, o corpo fica
sobrecarregado por excesso de líquido que
não consegue absorver. Na maioria dos
casos, esse fenômeno se traduz por sintomas
como celulite, retenção de líquidos, peso nas
pernas e aparecimento de edema, mais
conhecido como linfedema. (CUNHA E
BORDINHON, 2004).
Transporte da linfa
Contração dos músculos vizinhos: O
aumento da pressão força uma maior
quantidade de líquido para dentro dos
capilares linfáticos, modificando a pressão
interna do capilar, desencadeando uma
seqüência de contrações, que também serão
transmitidas para segmentos subseqüentes.
A intensa atividade muscular eleva também
a temperatura da região, levando a um
aumento das contrações da musculatura lisa
dos capilares linfáticos. A ação do
diafragma sobre o transporte da linfa: A
respiração provoca uma mudança de pressão
na caixa torácica; onde na inspiração, esta se
dilata
e
seu
volume
aumenta
consideravelmente
pela
descida
do
diafragma, mudanças pelas quais estão
acompanhadas por uma pressão negativa em
relação à pressão atmosférica. Assim o
vácuo parcial que se forma na caixa torácica
não somente impele o ar para dentro dos
pulmões, como também facilita o avanço do
fluxo linfático. A pulsação das grandes
artérias: Os vasos linfáticos se encontram
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quase sempre nas proximidades dos vasos
sangüíneos, de modo que a pulsação das
grandes artérias repercute também nos vasos
linfáticos, fatos este coadjuvante na
motricidade dos vasos linfáticos (CUNHA E
BORDINHON, 2004).
Vias Linfáticas
As vias linfáticas são compostas de
capilares, vasos e troncos. Os capilares
apresentam-se sob forma de fundo cego, isto
é, são fechados com suas extremidades
ligeiramente dilatadas sob forma de
pequenos bulbos. Os capilares linfáticos não
são reconhecíveis em cortes histológicos da
pele, nem mesmo por meio de
lingangiografia (GUIRRO E GUIRRO,
2002).
Os capilares linfáticos dispostos em
forma de redes fechadas espalham-se por
todo corpo, dando origem aos vasos
linfáticos. Os vasos linfáticos por sua vez
possuem
propriedades
físicas
de
alongamento e contratilidade. Possuem
também em seu lume, ao contrario dos
capilares linfáticos, válvulas que permitem a
passagem da linfa e impedem seu refluxo
(RIBEIRO, 2004).
Os vasos linfáticos são distribuídos na
seguinte subdivisão: linfáticos iniciais, précoletores, coletores e ducto torácico. Os
linfáticos iniciais se iniciam como pequenos
tubos em forma de dedo ou em forma de
laço e aparecem fechados para o interstício.
Os linfáticos iniciais não possuem válvulas
como os demais, somente pregas endoteliais
salientes no lúmem capilar. Os vasos
linfáticos iniciais são compostos por um
cilindro de células endoteliais (túnica
intima), esses vasos se diferenciam dos
capilares sangüíneos por: um lúmem maior e
mais regular que os dos capilares
sangüíneos; um endotélio dotado de um
citoplasma tênue, exceto na região
perinuclear;
uma
membrana
basal
interrompida; um grande número de
conexões celulares endoteliais (LEDUC E
LEDUC, 2000).
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Os vasos pré-coletores, além de
apresentarem a estrutura dos capilares, são
envolvidos
internamente
por
tecido
conjuntivo,
elementos
elásticos
e
musculares. Estes segmentos valvulados
possibilitam a contração e a distensão destes
vasos (GUIRRO E GUIRRO, 2002).
Os coletores são vasos onde
desembocam os pré-coletores. Estes são
mais ricos em válvulas que as veias, o que
lhes confere um aspecto de colar de pérolas
(linfografia). Os coletores retiram a linfa de
zonas da pele em formato de tiras. Tal como
as artérias importantes e as grandes veias, os
coletores linfáticos se compõem de três
camadas diferentes: Túnica intima - camada
mais interna onde há fibras elásticas
dispostas longitudinalmente; Túnica média compõe a maior parte da parede do coletor,
formada por musculatura lisa arranjada em
forma espiral, seguindo a contratilidade dos
vasos; Túnica adventícia - é a mais externa e
espessa de todas, formada por fibras de
colágeno dispostas longitudinalmente, entre
as quais existem fibras elásticas e feixes de
musculatura longitudinal (LEDUC E
LEDUC, 2000; GUIRRO E GUIRRO.
2002)
Os troncos linfáticos são: o ducto
torácico e o ducto linfático direito e
esquerdo, sendo o maior vaso linfático o
ducto torácico (HERPERTZ, 2006).
O ducto torácico recebe a linfa dos
membros inferiores e dos órgãos
abdominais. Dirige-se na direção pescoço–
diafragma, sobe pelo tórax adiante da coluna
vertebral, na altura da clavícula faz uma
curva para o lado esquerdo, passando
próximo à artéria carótida esquerda, do
nervo vago e da veia jugular interna, inclinase para baixo para desembocar no ângulo
venoso esquerdo (junção da veia subclávia
esquerda com a veia jugular esquerda) e
recebe a linfa do ducto linfático esquerdo. O
ducto esquerdo é formado pela junção do
tronco jugular esquerdo, que traz a linfa da
parte esquerda da cabeça, com o tronco
subclávio esquerdo, provindo do braço
esquerdo. Os dois troncos reúnem-se pouco
antes de penetrarem no ducto torácico. O
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ducto direito consiste na junção do tronco
jugular direito com os troncos subclávio
direito e branco mediastinal ascendente (que
traz a linfa da parte superior do tórax direito.
A junção dos três troncos dá-se próximo à
clavícula) (CUNHA E BORDINHON,
2004).
Tecidos linfóides
Os tecidos linfóides são os linfonodos,
o baço, timo e amídalas. Tais órgãos não
possuem associação direta com os vasos do
sistema linfático ou com a linfa, mas fazem
parte do sistema imune do organismo
(SPENCE, 1991).
Conforme Gardner (1988), a produção
de linfócitos é a principal função dos tecidos
linfóides e órgãos linfáticos. Os linfócitos
têm importante papel no desenvolvimento
das resposta imunológicas, produção de
anticorpos e reações imunes. A ação dos
tecidos linfáticos servindo como filtros em
certas condições patológicas deram origem a
teoria de barreira, segundo a qual esses
tecidos desempenham importante papel nos
mecanismos de defesa do corpo. Partículas
inertes, como o carbono, bactérias, vírus,
células cancerosas e hemácias são retidas
nos tecidos linfáticos. Os tecidos linfáticos,
no entanto, só são barreiras até certo ponto,
pois os seus vasos aferentes podem permitir
a disseminação de infecções e neoplasias
malignas para outros órgãos e tecidos.
Linfonodo
Os linfonodos são também conhecidos
como gânglios linfáticos ou nodos linfáticos.
Porém essa terminologia está incorreta, pois
a terminologia gânglio é restrita a estruturas
do sistema nervoso. São formações que se
dispõe ao longo dos vasos do sistema
linfático em número de 600 a 700 nódulos
em todo o organismo. São importantes
órgãos filtradores e estão envoltos por uma
cápsula fibrosa e apresentam em seu interior
septos conjuntivos que os dividem em lobos.
Os vasos que chegam aos linfonodos
(linfáticos aferentes) são mais numerosos e
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mais finos do que os que saem (linfáticos
eferentes) e é por esse motivo que o fluxo
nessa região é lento. Há grupos de
linfonodos na axila, virilha, pescoço, perna,
bem como em várias regiões profundas do
corpo (GUIRRO E GUIRRO, 2002).
De acordo Di Dio (1999), os
linfonodos da pelve são de diversos
tamanhos, número e localização, sendo
quatro grupos principais localizados ou
próximos da pelve, recebendo a maior parte
dos vasos linfáticos. Os linfonodos dessa
região são nomeados de acordo com as
artérias com as quais se associam, porém a
divisão em grupos definitivos é algo
arbitrário.
Além
desses
linfonodos,
pequenos outros se localizam no tecido
conectivo ao longo da via de passagem de
vários ramos da artéria ilíaca interna.
Baço, Timo e Tonsilas
O baço é um órgão linfóide situado no
lado esquerdo da cavidade abdominal, junto
ao diafragma, ao nível das 9a, 10a e 11a
costelas. Apresenta duas faces distintas, uma
relacionada com o diafragma (face
diafragmática) e outra voltada para as
vísceras abdominais (face visceral). Na face
visceral localiza-se o hilo do baço, por onde
penetram vasos e nervos (DANGELO E
FATTINI, 1998). Já o Timo é uma massa
bilobada de tecido linfóide localizada abaixo
do esterno, na região do mediastino anterior.
Ele aumenta de tamanho durante a infância,
quando então começa a atrofiar-se
lentamente, diminuindo após a puberdade.
No adulto ele pode ser inteiramente
substituído por tecido adiposo. O timo
confere a determinados linfócitos a
capacidade de se diferenciarem e maturarem
em células que podem efetuar o processo de
imunidade mediada por células. Há certas
evidências de que o tio também produz um
hormônio que pode continuar a influenciar
os linfócitos após eles terem deixado a
glândula. E por fim as Tonsilas que são
massas pequenas de tecido linfóide incluídas
da mucosa de revestimento das cavidades
bucal e faríngea. As tonsilas palatinas estão
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localizadas na parede póstero-lateral da
garganta, uma em cada lado. As tonsilas
faríngeas se localizam na parte nasal da
faringe. As tonsilas linguais estão
localizadas na face dorsal da língua,
próxima a sua base. Compostas por tecido
linfóide e circundando a união das vias
bucal e nasal, as tonsilas desempenham
papel adicional contra invasão bacteriana
(SPENCE, 1991)
Funções do sistema linfático
Segundo Spence (1991), o sistema
linfático possui várias funções importantes,
como: destruição de bactérias e substâncias
estranhas, que são removidas da linfa
através dos fagócitos presentes nos
linfonodos. Respostas imunes específicas à
presença de bactérias ou substâncias
estranhas, com a produção de anticorpos que
destroem as substâncias invasoras. Retorno
do líquido intersticial para corrente
sangüínea, através dos capilares que estão
primariamente envolvidos com a coleta do
plasma dos espaços tissulares e o transporte
desse plasma o sistema venoso. No seu
caminho a linfa passa através dos linfonodos
onde partículas são eliminadas por
fagócitos, prevenindo desse modo que essas
partículas entrem pelo sangue (MOORE,
1994).
Quase todos os tecidos do corpo têm
canais linfáticos que drenam o excesso de
liquido diretamente dos espaços intersticiais.
As exceções incluem as porções superficiais
da pele, o sistema nervoso central, o
endomísio dos músculos e os ossos. O
sistema linfático pode transportar proteínas
e material particulado grande para fora dos
espaços teciduais, função que os capilares
sanguíneos não teriam capacidade de
realizar. Esse retorno das proteínas é função
essencial (GUYTON E HALL, 2002).
Formação da linfa
A água carregada de elementos
nutritivos, sais minerais e vitaminas deixam
a luz do capilar arterial, chega ao meio
17
intersticial e banha as células. Estas retiram
desse liquido os elementos necessários a seu
metabolismo e eliminam os produtos de
degradação celular. Em seguida, o líquido
intersticial é retomado pela rede de capilares
venosos (LEDUC E LEDUC, 2000).
Segundo Guyton e Hall (2002), a linfa
deriva do líquido intersticial que flui para os
linfáticos. Dessa forma, logo que entra nos
linfáticos terminais, a linfa tem quase a
mesma composição do líquido intersticial.
Cerca de 100 mililitros de linfa fluem por
hora pelo canal torácico no humano em
repouso, e aproximadamente outros 20
mililitros fluem para circulação a cada hora
através de outros canais, perfazendo o total
de intensidade de fluxo de linfa estimado em
cerca de 120 mL/h, isto é, 2 a 3 litros por
dia. A intensidade do fluxo da linfa é
determinada pelo produto da pressão do
líquido intersticial pela atividade da bomba
linfática.
Segundo
Camargo
(2000)
O
mecanismo de formação da linfa envolve,
então, três processos muito dinâmicos e
simultâneos: a ultra-filtração que é o
movimento de saída de H2O, O2 e nutrientes
do interior do capilar arterial para o
interstício,
ocorrendo
pela
Pressão
Hidrostática positiva no capilar arterial e a
Pressão Hidrostática negativa ao nível do
interstício. Já a absorção venosa é o
movimento de entrada de H2O, CO2,
pequenas moléculas e catabólitos do
interstício para o interior do capilar venoso,
ocorrendo por difusão, quando a pressão
intersticial é maior do que a existente no
capilar venoso. A absorção linfática é o
início da circulação linfática, determinada
pela entrada do líquido intersticial, com
proteínas de alto peso molecular e pequenas
células no interior do capilar linfático
inicial, que ocorre quando a pressão é
positiva e os filamentos de proteção abrem
as micro-válvulas endoteliais da parede do
capilar linfático. Este começa a ser
preenchido pelo líquido intersticial e quando
é preenchido ao máximo, as microválvulas
se fecham iniciando a propulsão da linfa
através dos pré-coletores e coletores.
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Circulação linfática
Os capilares linfáticos são dotados de
alta permeabilidade, permitindo a passagem
de proteínas, cristalóides e água. O fluxo da
linfa
é
relativamente
lento;
aproximadamente três litros de linfa
penetram no sistema cardiovascular em 24
horas. Esse fluxo é lento porque, ao
contrário do sistema cardiovascular, o
sistema linfático para fluir depende de
forças externas e internas ao organismo, tais
como: a gravidade, os movimentos passivos,
a massagem e/ou a contração muscular, a
pulsação das artérias próximas aos vasos, o
peristaltismo visceral e os movimentos
respiratórios. A linfa absorvida nos capilares
linfáticos é transportada para os vasos précoletores, passando através de vários
linfonodos, sendo aí filtrada e recolocada na
circulação até atingir os vasos sanguíneos.
Toda linfa do organismo acaba retornado ao
sistema vascular sanguíneo através de dois
grandes troncos: o ducto torácico e ducto
linfático direito (GUIRRO E GUIRRO,
2002).
Fisiologia das Vias linfáticas
Os capilares linfáticos, pré-coletores e
coletores
Os capilares linfáticos possuem um
endotélio mais delgado em relação ao
sanguíneo.
Suas
células
endoteliais
sobrepõem-se em escamas, formando
microválvulas que se tornam pérvias,
permitindo sua abertura ou fechamento
conforme o relaxamento ou a contração dos
filamentos de proteção. Quando tracionados
os filamentos permitem a penetração de
água, partículas, pequenas células e
moléculas de proteínas no interior do
capilar, iniciando então a formação da linfa
(GARRIDO, 2000).
Segundo Leduc e Leduc (2000) os
capilares linfáticos constituem a rede de
absorção que coletam o líquido da filtragem
carregada de dejetos do metabolismo
celular. Os capilares ou linfáticos iniciais
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são valvulados. Eles encontram-se dispostos
em dedos de luvas, isto é, num sistema
tubular fechado. A progressão da linfa no
nível dos capilares é facilitada por pressões
exercidas pelas concentrações dos músculos
vizinhos e pela pulsação arterial. As
mobilizações de diversos planos tissulares
entre si, durante movimentos do corpo,
favorecem a progressão da corrente
linfática. Enfim, as pressões líquidas e
tissulares têm um papel discreto, mas
essencial, na manutenção da corrente
linfática.
Os vasos pré-coletores possuem uma
estrutura bastante semelhante ao capilar
linfático, sendo o endotélio coberto
internamente por tecido conjuntivo, onde,
em alguns pontos se prolongam juntamente
com as células epiteliais, formando as
válvulas que direcionam o fluxo da linfa.
Suas estruturas são fortalecidas por fibras
colágenas, e através de elementos elásticos e
musculares,
possuem
também
as
propriedades
de
alongamento
e
contratilidade (CAMARGO, 2000).
Os coletores recebem a linfa para levála até os gânglios, os coletores são munidos
de musculatura própria que submete os
vasos a contrações espetaculares, enviando a
linfa pouco a pouco em direção a uma
desembocadura terminal. A respiração
favorece o retorno da linfa no canal torácico.
Os movimentos de inspiração e de expiração
produzem aumentos de pressões seguidos de
diminuições que atuam sobre a caixa
torácica, facilitam o trânsito linfático até a
sua desembocadura venosa (LEDUC E
LEDUC, 2000).
Edema
O estado de equilíbrio é atingido
quando as vias de drenagem são suficientes
para evacuar o líquido trazido pela
filtragem. Ocorre uma constante renovação
do líquido intersticial na qual as células do
corpo podem retirar os elementos
necessários ao seu metabolismo. Se não
houver interrupção não ocorrerá o edema.
Quando o aporte de líquido filtrado se torna
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mais importante e o sistema de drenagem
não aumenta sua atividade, em conseqüência
ocorre um desequilíbrio entre a filtragem e a
sua eliminação causando um acúmulo de
líquidos nos tecidos, a pressão intratecidual
aumenta e a pele distende (LEDUC E
LEDUC, 2000).
O líquido que se acumula nos espaços
entre as células é chamado de líquido
intersticial, ou líquido tecidual. Sob
condições normais uma pequena quantidade
desse líquido tende a deixar os capilares do
sistema cardiovascular, mais do que a eles
retorna. As proteínas plasmáticas não
atravessam facialmente as paredes dos
capilares; todavia, como a porção líquida do
sangue se desloca parta os espaços
intercelulares, ela carrega uma pequena
quantidade de proteínas plasmáticas. Se esse
líquido e as proteínas plasmáticas se
acumulam, os tecidos incham, produzindo
uma
condição
denominada
edema
(SPENCE, 1991).
Conforme Guirro e Guirro (2002), o
termo edema refere-se ao acumulo de
quantidades anormais de liquido nos
espaços intersticiais ou nas cavidades do
organismo. O edema é conseqüência de um
aumento nas forças que tendem a mover os
fluidos do compartimento intravascular ao
intersticial.
Segundo Leduc e Leduc (2000),
existem dois tipos de edema, um de origem
vascular e outro de origem linfática.
Cinicamente o edema de origem vascular
apresenta o sinal de Cacifo, onde uma
pressão aplicada com o dedo o deprime e
após a supressão desta região a depressão
persiste. Já o edema linfático é totalmente
diferente o vascular e aparece quando a rede
de evacuação é insuficiente, enquanto o
aporte por filtragem é normal. Segundo
Guirro e Guirro (2002), as causas do edema
são: Aumento da pressão capilar: retenção
renal excessiva de sal e água; pressão
venosa elevada; diminuição da resistência
arteriolar; Diminuição da pressão oncótica
do plasma: perda de proteínas na urina;
perda de proteínas a partir da pele;
incapacidade de produzir proteínas;
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Aumento da permeabilidade capilar: reações
imunes; toxinas; infecções bacterianas;
deficiências
vitamínicas;
isquemia
prolongada; queimaduras; Bloqueio de
captação e retorno linfático: bloqueio dos
linfonodos por neoplasia; bloqueio dos
linfonodos por infecção; ausência congênita
ou anormalidade dos vasos.
Conclusões
O sistema linfático é um tema que vem
sendo discutido sob diferentes abordagens,
como: sua relação com as neoplasias, no
pós-operatório ou até mesmo no organismo
sadio. Desde o século XVII, quando os
vasos linfáticos e o sistema linfático foram
reconhecidos começaram as pesquisas nesse
assunto, com o intuito de divulgar mais
sobre o assunto e principalmente enfocar a
importância do sistema linfático no
funcionamento geral do organismo. Assim o
sistema linfático que antes vinha sendo
considerado apenas um sistema paralelo ao
sistema circulatório sanguíneo, passou a ser
valorizado e reconhecido como auxiliar do
sistema sanguíneo e imunológico.
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