É Prefácio com orgulho e alegria que publicamos a II Revista de Relatos de Experiências em Arte da Rede Pública Municipal de Ensino de Indaial. Diante do desafio e da responsabilidade que foi o lançamento da primeira edição em 2014, que resultou em uma maior visibilidade do trabalho pedagógico desenvolvido com a Arte, refletido em nosso município e no Brasil, não restaram dúvidas da importância desta nova publicação. Relatos de Experiências em Artes / Prefeitura Municipal de Indaial, Secretaria de Educação. v. 2, n. 1 (2015). – Indaial (SC): Secretaria de Educação. ISSN 1. Arte na escola – Periódicos. 2. Educação – Finalidades e Objetivos. I. Prefeitura Municipal de Indaial, Secretaria de Educação. CDU 707 CDD 707 Os Relatos de Experiências aqui apresentados resultam das práticas pedagógicas que reconhecem a Arte como área do conhecimento, da linguagem, da comunicação, da expressão e sua representação em diversas culturas e épocas. Esses registros fizeram parte dos Seminários de Relatos de Experiências em Arte da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, no ano de 2014, em Indaial. O apoio e a parceria com o Programa Institucional Arte na Escola, através da coordenação do Polo FURB – Universidade Regional de Blumenau foram decisivos neste processo. Destacamos e agradecemos, ainda, aos professores que dividiram conosco suas práticas no campo da Arte. Acreditamos que esta partilha de experiências possa contribuir ao desenvolvimento de novos projetos. A Secretaria de Educação de Indaial tem o compromisso com o Ensino da Arte desde a Educação Infantil até os anos finais do Ensino Fundamental porque reconhece sua importância para o estímulo dos sentidos, da percepção e da formação estética e histórico-cultural, essencial ao desenvolvimento humano. Esperamos que a II Revista de Relatos de Experiências em Arte desperte nos leitores o desejo e o prazer de conhecer novas iniciativas no que se refere à Arte e à Educação. Giovanne Huebes Nicolletti Secretária de Educação de Indaial 2 3 Prefeito: Sergio Almir dos Santos Vice-Prefeito: Mário Withoeft Secretária de Educação: Giovanne Huebes Nicolletti Coordenação Geral Pedagógica: Liliane Lange Kloch Coordenação de Arte /Professora Mediadora do Projeto Arte na Escola: Maria Luiza de Assumpção Braga Coordenação Pedagógica do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental: Lêda Raquel Manzke Pisetta Tânia Roseli Geisler Theindl Coordenação Pedagógica da Educação Infantil: Francielle Hoffer D`Ávila da Silva Sueli Lucia Remane Krieck Assistência Administrativa da Educação Infantil: Scheila Milene Gebien Vargas Schirlei Cavilia Camilotti Coordenação Arte na Escola – Polo FURB: Rozenei Maria Wilvert Cabral – Coordenação geral Melita Bona – Coordenação pedagógica Equipe Formadora do Polo Arte na Escola: Ivana V. D. Fuhrmann Lindamir A. R. Junge, Marilene K. Schramm Organizadoras: Maria Luiza de Assumpção Braga Sueli Lucia Remane Krieck A dinâmica que nos levou a Indaial nos dá grande alegria: o Instituto Arte na Escola, que gerou uma rede de universidades parceiras em mais de 20 estados do Brasil, firmou parceria com a FURB - Universidade Regional de Blumenau no ano de 1993, visando dar formação continuada aos professores de Arte das redes públicas de ensino. A partir de 2009, mediante convênio com a Prefeitura de Indaial, através da Secretaria de Educação, os grupos de estudo que foram estabelecidos estimularam os professores a dar visibilidade aos seus projetos pedagógicos, intercambiando saberes e crescendo juntos. A segunda Revista de Relatos de Experiência em Arte, da Secretaria de Educação de Indaial, que envolve nove professores de Educação Infantil e oito do Ensino Fundamental, aprofunda esta iniciativa, qualificando os relatos e dando-lhes a circulação devida. Acreditamos que é desta forma que se gera o professor-pesquisador, aquele que fará a diferença no processo ensino e aprendizagem. Não é por outra razão que Indaial ostenta* um índice de 6,3 no IDEB dos anos iniciais do Ensino Fundamental, contra 4,9 do Brasil. Redes educacionais em que o professor é convidado a refletir sobre sua prática, apoiado pelo professor universitário, fazem um mundo de diferença. Esta revista conta um pedaço desta história, vista a partir da perspectiva do ensino da Arte : disciplina que fala com a dimensão mais profundamente humana do aluno, promovendo-o no que é não básico, mas essencial: a apreciação e o fazer artísticos. Evelyn Berg Ioschpe | Diretora Presidente do Instituto Arte na Escola Revisão Ortográfica: Célio Antonio Sardagna Secretaria de Educação 4 5 Sumário Participam desta edição: Colégio Municipal de Indaial Rua 30 de Abril, 150 – Bairro Carijós Telefone: (47)3394-9514 Escola Básica Municipal Arapongas Rua Augusto Maass, 3300 – Bairro Arapongas Telefone: (47)3333-8683 Escola Básica Municipal Encano Baixo Rudolfo Alfarth Rua Arnold Alfarth, Loteamento Real – Bairro Encano Baixo Telefone: (47)3330-8543 Escola Básica Municipal Leopoldo Simão Avenida Brasil, 2240 – Bairro Rio Morto Telefone: (47)3333-8203 Escola Básica Municipal Professora Maria da Graça dos Santos Salai Rua Paramaribo, nº 160, Bairro Tapajós Telefone: (47)3394 8214 Escola Básica Municipal Professor Mário Bonessi Rua Uberlândia, s/nº – Bairro Benedito Telefone: (47)3333-2003 Escola Básica Municipal Tancredo de Almeida Neves Rua Maria Conceição Saut, nº 80 - Bairro dos Estados Telefone: (47)3333-2104 6 Unidade de Educação Infantil Bairro João Paulo II – José Lino Kuhnen Rua Santa Paulina, s/n – Bairro João Paulo II Telefone: (47)3399-0516 Unidade de Educação Infantil Bairro Tapajós – Professora Áurea Bonatti Merini Rua Miracema do Norte, nº 20 – Bairro Tapajós Telefone: (47) 3333-4477 Unidade de Educação Infantil Carijós Rua 11 de Junho – Bairro Carijós Telefone: (47) 3394-7411 Unidade de Educação Infantil Ermínio Lanznaster Rua Timbó, 158 – Bairro Rio Morto Telefone: (47) 3333-1738 Unidade de Educação Infantil Gato de Botas Rua 12 de maio, 99 – Bairro: Carijós Telefone: (47) 3394-2833 Unidade de Educação Infantil Polaquia Rua Adolfo Molinari, Bairro Polaquia Telefone: (47) 3394-2997 Unidade de Educação Infantil São Judas Tadeu Rua C, Loteamento Villa Verde – Bairro Estrada das Areias Telefone: (47) 3382-7783 8 12 16 20 24 26 30 34 Conhecendo Hélio Oiticica e Suas Obras A história da Pop Art: “Nada é tão novo, nada é tão velho” Frans Krajcberg: Arte e Consciência Ambiental Meu Corpo, Várias Impressões Brincadeiras de Criança no Olhar de Ivan Cruz Elementos da Linguagem Visual Cada Canto, um Conto Saíra de Sete Cores: Pássaro Símbolo de Indaial 36 38 42 44 48 52 56 60 64 O Pequeno Príncipe Do lixo ao som Construindo Valores com a Diversidade CopArte Brincadeiras nas Obras de Ivan Cruz Diferentes Formas de Arte e de Contar Histórias Vinicius de Moraes: de cinco a cem... Vida e Identidade São Tantas Emoções 7 Conhecendo Hélio Oiticica e Suas Obras Unidade de Educação Infantil Polaquia Projeto: Conhecendo Hélio Oiticica e Suas Obras Turmas: 3 a 5 anos. Professoras: Marcia Priscila Haut Marli Terezinha Chaves Vanderlinde E-mail: [email protected] A Unidade de Educação Infantil Polaquia está situada em um bairro rural, com poucos moradores, a maioria das crianças vai até a unidade com o transporte fornecido pela Secretaria Municipal de Educação de Indaial, sendo o contato com os pais bastante limitado. É composta por três turmas, com idade de três a seis anos, totalizando 68 crianças e 12 funcionários. Foi proposta pela professora Marcia a pesquisa sobre um artista brasileiro com obras mais contemporâneas, como o artista Hélio Oiticica, que, pela sua diversidade das obras, encantou-nos e conseguiríamos trabalhar com todas as faixas etárias da unidade. A proposta de Hélio Oiticica, em suas obras, é fazer com que o público não seja apenas espectador, mas, sim, que participe e viva a obra. Nosso objetivo era o mesmo do artista - fazer com que o espectador, no caso as crianças, interagisse e vivenciasse as suas obras, fazendo parte dela também. Para dar início ao projeto, as crianças precisaram conhecer um pouco sobre o artista, com o vídeo do programa Traçando Arte, que, de maneira clara, mostrou um pouco da vida de Hélio Oiticica, que nasceu em 1937 e faleceu em 1980. Ele levantou questionamentos entre as crianças sobre o motivo de sua morte. Pesquisando sobre o artista, descobrimos que a fonte que mais fornecia informações era a internet, por meio de sites espe- 8 cíficos sobre o artista. Mostramos para as crianças fotos de suas obras, das exposições e alguns vídeos, para que conhecessem um pouco de seu trabalho. O projeto contou com a participação e colaboração de toda a unidade e comunidade, dividindo ideias e interesses no grande grupo, ou seja, as três turmas interagiram na confecção das obras, durante o ano letivo. Os pais confeccionaram os parangolés, juntamente com os filhos. Esse artista influenciou as questões relativas aos direitos de igualdade e a respeito da conscientização negra no Brasil. Realizamos a intervenção artística com as crianças, vestindo seus parangolés, em frente à Prefeitura de Indaial e na Praça do Trabalhador, utilizando a música “parangolé pamplona”, de Adriana Calcanhoto que fala sobre o parangolé, de Hélio Oiticica, permitindo a elas sentirem-se parte integrante da obra. Sobre isso, diz o próprio artista: Apreciação da produção artística - Monocromáticos Monocromáticos Monocromáticos [...] O Parangolé não era assim uma coisa para ser posta no corpo e para ser exibida. A experiência da pessoa que veste, da pessoa que está fora vendo a outra vestir, ou das que vestem simultaneamente a coisa, são multiexperiências. Não se trata do corpo como suporte da obra, pelo contrário: é total incorporação! E incorporação do corpo na obra no corpo. Eu chamo de “in-corporação”. A comunidade pode apreciar algumas das ressignificações do artista, como os monocromáticos expostos na parede externa da unidade. Essa obra teve a junção de todas as telas confeccionadas pelas crianças, transformando-as em uma única produção artística. O Relevo Espacial, outra obra do artista, foi construído e colocado dentro da sala. Após assistir a um vídeo, as crianças contribuíram com sugestões, a exemplo das que seguem: Maria Eduarda (4 anos): “Podemos fazer com palitos”. Kalel (5 anos): “Podemos fazer com caixas de papelão. E estão penduradas com cordas”. A decisão final escolhida pelas crianças foi fazer o relevo com caixas de papelão, pintadas na cor verde e pendurados com fio de nylon. Também colocamos um espelho embaixo da instalação, por meio do qual as crianças puderam vê-la de ângulos diferentes, o que causou bastante curiosidade e, em alguns, até medo, pois a impressão que se passava era de um buraco e que se poderia cair dentro. Procuramos seguir com as crianças a ordem cronológica da execução das obras do artista: primeiramente, os Metaesquemas, passando pelos Monocromáticos, Relevos Espaciais, os Parangolés e finalizando o ano com os Penetráveis. Quando elaboramos os Penetráveis, iniciamos com uma maquete, para depois construirmos a obra com os paletes, na área externa da unidade. Eles foram firmados no chão do pátio com estacas e foram pintados pelas crianças como na maquete confeccionada anteriormente. O resultado ficou surpreendente na estética, pois chamou a atenção da comunidade. As crianças exploraram a obra como forma de labirinto. 9 Após toda a experiência com esse artista maravilhoso, pudemos comprovar como a Arte se renova, se reinventa e cativa. Para as crianças, percebemos que foi muito gratificante, pois elas fizeram parte de cada produção artística, aflorando ainda mais seus sentidos para a arte e despertando o desejo de criar. Trabalhar esse projeto fez com que todos os funcionários se envolvessem, pois as produções estavam dentro da unidade, nas paredes externas, no pátio, nas salas e no refeitório. Registramos, durante o desenvolvimento do projeto, através de textos, fotos e filmagens, as falas das crianças, as etapas do trabalho, a alegria e surpresa ao ver as produções artísticas concluídas. Contamos com o apoio e participação da direção da unidade, desde a idealização do projeto. Intervenção artística com os Parangolés na Praça do Trabalhador Foi um projeto grande, uma obra literalmente grande, em dimensão e em expressão, pois marcou a vida das crianças, dos funcionários e da própria comunidade. Descrevemo-nos antes do Hélio Oiticica e após conhecer as obras do artista na unidade, pois afetou a todos de uma forma gratificante, despertando outro olhar para a Arte. Por meio do projeto, conseguimos ampliar o repertório artístico das crianças, dos pais e da unidade inteira. Quando nos engajamos de coração naquilo que fazemos, conquistamos a todos com aquilo que nos conquista. Referências: FAVARETTO, Celso Fernando. A invenção de Hélio Oiticica. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2000. INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012. 10 Penetráveis Relevo Espacial 11 A história da Pop Art: “Nada é tão novo, nada é tão velho”. Escola Básica Municipal Professor Mário Bonessi Projeto: A história da Pop Art: “Nada é tão novo, nada é tão velho”. Turma: 9º ano Professor Paulo Cesar Mattei Barreto E-mail: [email protected] E u lecionava na E. B. M. Professor Mário Bonessi, com várias turmas do Ensino Fundamental. Tudo transcorria normalmente nas aulas de Arte. Lembro-me daquela manhã no final de fevereiro, quando havia planejado a aula sobre o tema “Pop Art”. Nas últimas aulas da manhã, perguntei à classe se sabiam o que era Pop Art. Porém, a pergunta não obteve nenhuma resposta. Então, passei a mostrar no projetor multimídia algumas obras relacionadas ao tema. Ouvi dos alunos os seguintes comentários: “Isso tem no Pânico na TV!” “Tem no cenário do caldeirão do Huck” “Isso é muito comum nas lojas de Shoppings” plataforma Paulo Freire (PARFOR), do Governo Federal. Nas aulas de modelagem em argila, a professora Roseli Moreira incentivou o uso de objetos tridimensionais, a fim de desenvolver competências nos alunos, visto que manusear e contemplar estruturas em vários ângulos traz ao educando um senso estético amplo, criando olhares diferentes no momento da execução das produções artísticas. Acerca dos aspectos artísticos relacionados ao plano do tridimensional, tem-se que: Exposição inauguração Cooper Era o que eu precisava para que o assunto chamasse atenção. Notei que eles não somente se interessaram, mas gostaram do estilo artístico. Isso levou-me a pensar em elaborar um projeto com a Pop Art. Passei a pesquisar, com vistas a nutrir o conhecimento dos alunos acerca das estéticas relacionadas à questão. Planejei uma viagem de estudos a Curitiba, para visitar a exposição “América do Sul, a Pop Art das contradições”. Além disso, inteirei-me da história da popularidade das obras de arte, e então passei a trabalhar os artistas Mondrian e Pollack e a Pop Art como contestação social e política, bem como a livre expressão em nossos dias. Assumir o projeto foi um grande desafio. Então pensei como poderia realizar tal tarefa, tendo o interesse e o envolvimento de todos os alunos. Lancei o desafio de uma produção artística com materiais bidimensionais e tridimensionais. Dividi a turma em equipes, trabalhando o tema juntamente com a música da Banda Oficina G3, com o título “Nada é tão novo, nada é tão velho”, sempre relacionando a Pop Art como algo muito presen- A tridimensionalidade pode ser apresentada como a capacidade humana de visão estereoscópica, ou seja, com ela se consegue ver o relevo as imagens planas. Essa capacidade agregada à habilidade manual de segurar objetos e examiná-los proporciona uma percepção que amplia o universo sensorial dos seres humanos. (MOREIRA, 2012) O projeto foi desenvolvido a partir da observação e execução de quatro etapas, realizadas por grupos diferentes de alunos, envolvendo a confecção artística de bicicletas e suportes, manequins, colunas de fotos e quadros. Foi realizada também a produção textual, com base na poesia. te nos dias atuais. Estabelecemos neste momento como objetivo desenvolver competências e habilidades por meio do trabalho em grupo, a partir de produções artísticas, mediadas pela construção do conhecimento da Pop Art, considerando que o tema é algo presente em nossos dias, nas lojas, nos shoppings e nas propagandas da mídia. Foram analisadas as datas e o material disponível, fazendo-se um levantamento para a aquisição do que faltava. Passamos a fazer os registros semióticos de cada parte do projeto, que foi fundamental para a compreensão do todo pelos alunos. Neste ano, estava cursando o segundo período do curso de Artes Visuais, na FURB, curso oferecido pela 12 Momento da leitura das poesias criadas a partir das percepções dos trabalhos Exposição Espaço Arte na Escola 13 Processo da confecção dos manequins Cada grupo organizou-se por um roteiro de atividade que envolvia uma linha teórico-prática, com um aluno líder. Na confecção da bicicleta como suporte, foi realizado o estudo da forma artística e da cor. O grupo que utilizou os manequins como suporte pesquisou a cor e a ordem da exposição, com a mediação do professor. Foi decidida uma evolução cronológica que começaria com o bebê, simbolizando Mondrian e Pollack no manequim infantil. A Pop Art como contestação social e política, seria representada em colagens de encartes no manequim adolescente. O manequim adulto, que representaria a livre expressão da Pop Art, seguido de um suporte vazio com vários pontos de interrogação que simbolizariam o que viria a partir de agora. A coluna de fotos foi trabalhada a partir da imagem de todos os alunos da turma, caracterizadas ao estilo da Pop-Art. O grupo da confecção de quadros foi responsável por escolher as cores e as imagens que foram desenhadas e pintadas em duas placas de aglomerado de 1m por 0,50m, usadas as superfícies da frente e do verso. A escolha das cores e formas foi discutida em cada grupo e o professor teve um papel de mediador nessa escolha. As produções artísticas foram organizadas e expostas no Espaço Arte na Escola, na Prefeitura de Indaial, e a Secretaria Municipal de Educação forneceu o transporte para a visita e apreciação dos alunos autores. 14 Além disso, a exposição ocorreu também no hall do supermercado Cooper, por ocasião de sua inauguração. Foi maravilhoso ver os alunos produzindo. Por vezes, eu sentava perto deles, nada falava, apenas observava. Penso que o professor orienta e depois sai de cena, e é neste momento que o aluno se emancipa e passa a ser protagonista na construção do conhecimento. As crianças corresponderam com alegria, entusiasmo e criação. Isso foi incrível! Agradeço à direção e à coordenação pedagógica que nos auxiliaram em todas as etapas, entendendo que fizeram parte do sucesso dos alunos. Referências: ENCARTE AMÉRICA DO SUL A POP ART DAS CONTRADIÇÕES. Exposição de 4 de outubro a 20 de janeiro de 2013, no Museu Oscar Niemeyar, em Curitiba. INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012. MOREIRA K. Roseli. O tridimensional. Blumenau: Editora Nova Letra, 2012. POP ART BRASILEIRA CONTRA A DITADURA. Disponível em: <http://www.revistadehistoria.com.br/secao/perspectiva/a-pop-art-brasileira-contra-a-ditadura> Acesso em: 22 fev. 2013. ARTE PARA CRIANÇAS. São Paulo: Publifolha, 2010. Processo de construção dos quadros 15 Frans Krajcberg: Arte e Consciência Ambiental Unidade de Educação Infantil Gato de Botas Projeto: Frans Krajcberg - Arte e Consciência Ambiental Professoras: Silvana Barreto Zoreide Clen Turmas: 1 a 3 anos E-mail: [email protected] “A Natureza é a minha cultura. É ela que me dá o desejo de viver” (FRANS KRAJBERG, 1987, p. 141). D esde 2013, a Unidade de Educação Infantil Gato de Botas tem desenvolvido o projeto “Frans Krajcberg”, com o objetivo de trabalhar a arte e a consciência ambiental numa relação insolúvel, proporcionando às crianças um contato direto com a natureza e na natureza. O intuito é a proposição de atividades educativas diversificadas, ampliando o repertório nas linguagens artísticas, com o recurso de elementos naturais (pedras, folhas, madeiras, grama, sementes, terra, fogo, ar, água e outros) na manipulação e criação artística, que desenvolvam integralmente a criança. As crianças, desde muito pequenas, já estabelecem relações com o meio natural e social. Nossa preocupação, como professoras, foi a de apresentar práticas e vivências que fossem além dos brinquedos eletrônicos e tecnológicos, ultrapassando os limites das quatro paredes das salas de aula e principalmente dos muros da unidade. Elementos naturais O desenvolvimento do senso estético-artístico torna-se crucial para um novo olhar e conceito, sensibilizando e conscientizando as crianças de que a vida depende do ambiente e o ambiente depende de cada cidadão deste planeta. Desse modo, despertamos o interesse das crianças pelos espaços externos e entornos da nossa unidade, possibilitando as interações entre crianças, professores, família e comunidade no processo educativo em vista de uma sociedade criativa, consciente e sustentável. Segundo a Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de Indaial (2012, p. 43): cipação ativa acontecesse, as quais fossem atraentes e lúdicas para as crianças, dentro das linguagens da arte, desenvolvendo, assim, a capacidade criadora, nutrindo sua imaginação, a criticidade e os sentimentos. O projeto foi inspirado no olhar e na sensibilidade do artista plástico Frans Krajcberg, com suas obras, vida e conceito para a inspiração das produções artísticas. O artista se preocupa e valoriza a vida como um todo, e declara: Gostaria muito que os homens reconhecessem as árvores, os animais, as areias como nossa cultura. Que cada momento da vida fosse preenchido com o enriquecimento e embelezamento da natureza. Tudo deve ser feito com arte, a vida é muito curta (KRAJCBERG, 1987, p. 141). “[...] A presença da arte e da natureza nos espaços educativos contribui para que adultos e crianças estruturem relações diversificadas envolvendo noções de tempo, espaço e causalidade, de forma simultânea e tenham experiências que proporcionem Partindo desse pressuposto, durante todo prodesenvolver seu senso estético de forma crí- cesso criativo, mostramos o valor de cada elemento em tica e autônoma, superando o uso de este- sua especificidade: a água, o fogo, a terra e o ar, presentes nas principais atividades do cotidiano. reótipos”. Por meio da observação e do interesse das crianças, pensamos ações pedagógicas que diversificassem a realização das práticas educativas traduzidas em novas possibilidades de aprendizagem, de modo que a partiConsciência Ambiental 16 Como é impossível imaginar o planeta Terra sem a água, recurso natural mais importante para a manutenção e sobrevivência dos seres vivos, proporcionamos às crianças momentos divertidos, como banhos, brincadeiras com balões cheios de água, aproveitando essa paixão que elas têm por esse elemento. 17 Jardim da bicicleta As experiências com o elemento fogo podem gerar preocupações em relação à segurança das crianças, o que não nos impediu de oferecer novas experiências a elas. Sempre numa postura de atenção e cuidado, apresentamos velas, as quais foram acesas e sopradas. Percebemos que essa atividade logo foi associada por eles à comemoração de aniversário. O brilho nos olhos e as palmas foram reações espontâneas durante a vivência de queimar o giz de cera e vê-lo derretendo durante a produção artística. Com o elemento terra, as crianças vivenciaram momentos de exploração e experimentação, relacionadas às suas características, texturas e sensações, quando está seca, e a mudança do seu estado ao acrescentarmos água, formando uma massa pegajosa. Efetuou-se uma atividade utilizando as mãos e os pés na composição dos desenhos. Além disso, brincamos com as bolhas de sabão no espaço externo, para trabalhar o elemento ar. Os pequenos ficaram encantados, vislumbrando aquele momento de descoberta e de apreciação. Seus olhos brilhavam com intensidade ao verem os tamanhos e formas diferentes no ar. Algumas até arriscaram soprar e fazer a sua própria bolha. Os elementos naturais também fizeram parte da composição do “Jardim da Bicicleta”, espaço novo, criado logo na entrada da unidade, atraente e esteticamente prazeroso para todos. As crianças participaram 18 ativamente de todas as etapas de construção do jardim: colocação da terra, grama, pedras e plantas. A construção contou com vários colaboradores e com a doação dos materiais naturais pelas famílias e comunidade, que contribuíram para o embelezamento do espaço externo. Um destaque para o nosso zelador Sr. Celso, que foi instigado e despertado para o mundo da arte, contribuindo, de uma forma significativa, no projeto com a base e finalização do jardim. Conforme seu relato, “é uma satisfação estar participando deste projeto, logo eu que nem me imaginava trabalhando com crianças, aos 48 anos de idade. Mas me sinto uma criança com tanto entusiasmo fazendo arte, jardins, hortas, pinturas e principalmente aprendendo com elas [...]”. A principal atração ficou por conta da bicicleta plantada na terra, objeto artístico estético fruidor do nosso jardim. Ela foi produzida pelos alunos do professor de Arte Paulo Barreto, da Rede Municipal, em 2013. Foi exposta no “Espaço Arte na Escola”, da Prefeitura de Indaial, com a mostra da história da “Pop Art” e cedida à unidade para fazer parte da produção artística e apreciação das crianças na ressignificação da obra de Vinicius de Moraes, “O Relógio”, que foi socializada na mostra de trabalhos no 4º Café com Arte, aberto para as famílias e comunidade. A bicicleta nos foi depois presenteada e pode ser apreciada no nosso cotidiano, a partir de 2014. Outros espaços, como os canteiros da horta, também foram revitalizados pelas crianças, com o cultivo de Mesa da Natureza novas plantas ornamentais, verduras, legumes e flores. Durante todo o projeto, as crianças coletavam elementos naturais, com os quais construímos a Mesa da Natureza para separá-los e os utilizarmos nas brincadeiras e produções artísticas. Apresentamos a proposta da reutilização dos pneus para a construção do jardim no parque, protegendo a árvore (sombreiro), replantando as flores do ano anterior do “jardim das famílias”. Esses momentos foram marcantes para nós. Era visível a alegria das crianças e a disposição no desenvolvimento do projeto em relação ao cuidado e preservação da natureza. O projeto “Frans Krajcberg - arte e consciência ambiental” culminou com a possibilidade de voos mais altos. Além da mostra das produções artísticas apresentadas na 5ª edição do Café com Arte para as famílias e comunidade, também participou da socialização no III Seminário de Relatos de Experiências em Arte, da Secretaria de Educação de Indaial, realizado na Câmara de Vereadores, com a parceria do Programa Arte na Escola. Fazemos parte deste programa, participando das formações continuadas e chegamos como finalistas na categoria educação infantil no XV Prêmio Arte Na Escola Cidadã. O projeto, para nós, não terminou no ano de 2014. Ele vai continuar a fazer parte de nossas vidas como educadoras e principalmente como cidadãos conscientes, preocupados em deixar plantadas as sementes da arte, sensibilidade, criatividade, imaginação, criticidade, amor e valorização à vida de todos os seres vivos do nosso planeta. Com certeza, as crianças serão aquelas que colherão os frutos de uma educação para uma qualidade de vida melhor e mais feliz. Referências: INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012. KRAJCBERG, Frans; HOUAISS, Antonio; RESTANY, Pierre; CAMARA, Alm. Ibsen de Gusmão; MEIRELLES, João. Natura. Rio de Janeiro: Editora Index, 1987. Revitalização do jardim 19 Meu Corpo, Várias Impressões E.B.M.Maria da Graça dos Santos Salai Projeto: Meu Corpo, Várias Impressões Turma: 7º ano Professora: Clara Aniele Schley E-mail: [email protected] O projeto foi desencadeado a partir do encontro Arte na Escola, ocorrido no início do ano letivo de 2014. No entanto, foi proposto aos docentes trabalhar com o projeto ECO ART, o qual “[...] reúne obras sobre ecologia e preservação da natureza, buscando as linhas de aproximação entre Arte e Meio Ambiente e tem por objetivo a criação de proposições didáticas baseadas no exercício de leitura de imagem” (ARTE NA ESCOLA, 2014). Para tanto, como primeiro passo, efetuou-se a escolha da turma. Nesse sentido, as turmas dos sétimos anos foram selecionadas, pois as outras séries estariam envolvidas em projetos futuros. Primeiramente, foi realizada pela própria docente, uma pesquisa sobre as obras que constam do site, seguida de uma reflexão acerca de como ocorreria o processo de leitura e construção artística dos discentes, até abril de 2014. Assim, alguns exercícios foram realizados no mês de maio com os sétimos anos, pois as imagens compostas na galeria do site são contemporâneas, o que desencadeou o problema inicial. Qual a percepção dos discentes referente a essas imagens? Tal dúvida foi sendo compreendida ao longo dos exercícios baseados no artista “Jean Michel Basquiat”1, devido à forma de leitura e interpretação que fazia do seu entorno, e tal sensibilidade era exposta em pinturas. 1 - Artista norte-americano que desenvolveu um estilo próprio de pintura, sendo elogiado pelo artista Andy Warhol , pertencente ao movimento Pop Art. Basquiat tornou-se um grafiteiro mundialmente reconhecido e respeitado. 20 O trabalho desse artista trouxe pontos positivos, pois os discentes começaram a expor-se, dialogar, refletir entre linhas, manchas e palavras que compunham o trabalho de Basquiat. Além desse exercício, coube a cada turma pensar na forma de exposição, promovendo respeito, aceitação, auxílio e autonomia por parte deles, que Paulo Freire (2002) busca trazer como reflexão docente. Havendo data para a exposição, uma turma se destacou não penas por expor, mas por querer realizar esse projeto. Nesse sentido, a turma escolhida foi o sétimo ano 04. Para iniciar a caminhada do projeto, o site Arte na Escola foi apresentado à turma ainda em maio, seguido do projeto Eco Art, o foco central. Seguiu-se a apresentação das etapas propostas e o artista escolhido foi Carlos Vergara. Assim, os discentes passaram a conhecê-lo e entender sua prospecção artística, através de discussões em grupos. Para compreender o processo artístico de Vergara, propôs-se como exercício a realização de impressões pelos espaços da escola, onde alguns ousaram Exercício de impressão e intervenção antes do projeto. e realizaram impressões do corpo. Em outro momento, foi lançado o desafio de realizar uma intervenção com essas impressões e outros materiais de forma bidimensional. Houve dificuldade por parte de alguns, e outros ajudaram nessa tarefa. No entanto, as impressões realizadas no próprio corpo chamaram sua atenção. Ao concluir-se a interven- Impressões com o corpo ção, numa construção dialética, chegamos ao objetivo do trabalho: conhecer e identificar impressões de origem natural e resultantes da ação humana. Desencadeando ao mesmo tempo um objetivo específico: construir coletivamente uma tela de impressões com materiais alternativos e com o próprio corpo. Para o desenvolvimento da prática, realizada esta no mês de agosto, optou-se por uma tela de três metros, cujo material básico foi o TNT. Por estimular a autonomia deles, sugeriram dividi-la em duas partes, de modo que três alunas, voluntariamente, realizaram a impressão com o corpo em uma das partes, ficando a outra parte a cargo de outro grupo. Com o trabalho concretizado, uma aluna integrante do grupo maior apresenta, como relato, o que segue: Com diversos materiais diferentes, como algodão, fita, tinta, cola, glitter, papéis, montamos algo, com muitas cores e texturas diferentes. Houve trabalho em grupo, onde cada um fez a sua parte, sem incomodar os outros. As impressões que ficaram marcadas foi algo que vi pela primeira vez. Foi muito divertido e colaborativo. (Aluna A do 7º ano 04, agosto de 2014). É possível notar-se que a turma se envolveu com o projeto e, além disso, um objetivo que o mesmo visa a atingir é a autonomia. A participação e o envolvimento na execução do trabalho ocorrem quando conseguem compreender e entregar-se as propostas. No que tange às três alunas que tiveram uma experiência com o corpo, estas também trazem seus relatos, conforme segue: “Como fica estranho o corpo marcado, bem diferente. (Aluna 1 do 7º ano 04, agosto de 2014). Me senti livre fazendo, parece que tá no mundo da lua, foi muito bom. As pessoas falaram que é esquisito fazer arte com o corpo inteiro. (Aluna 2 do 7º ano 04, agosto de 2014). “ “O trabalho corporal foi bacana. Foi interessante colocarem tinta sobre o corpo. Fiquei surpresa porque foram as professoras que nos enrolaram no plástico, isso foi bacana, como posso dizer, uma experiência nova. (Aluna 3 do 7º ano 04, agosto de 2014).” 21 A arte tem, entre os vários propósitos a humanização dos sentidos. Por meio dos relatos, podemos observar que, algo novo, sendo experienciado, torna-se uma vivência a ser trocada com outros sujeitos e novos saberes podem ser construídos. Este projeto alçou voos e está sendo adaptado por uma professora pedagoga em Doutor Pedrinho/SC. Pode-se dizer que este foi um projeto que deixou diversas “impressões”, a exemplo de que a arte permite ampliar fronteiras e cumpre uma das suas funções essenciais, como o desenvolvimento da sensibilidade humana. Referências: ARTE DE BASQUIAT. Disponível em: <http://basquiat.no.sapo.pt/arte_de_basquiat.html>. Acesso em: 08 nov. 2014. ECO ART. Disponível em: < http://artenaescola.org.br/ecoart/>. Acesso em: 08 nov. 2014. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2002. INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012. Parte da turma trabalhando na tela 22 Resultado do Projeto Impressões por alunos na escola Em Dr. Pedrinho Resultado do Projeto 23 Brincadeiras de Criança no Olhar de Ivan Cruz Lata, Jogando Peteca, Rolando Pião, Passarás e o retrato do artista. Apresentamos materiais alternativos para vivenciarem, refletirem e registrarem algumas brincadeiras. Exploramos também as texturas e as formas bidimensional e tridimensional, com massa de modelar, argila, recorte e colagem de fotos. Os pais participaram na confecção de brinquedos como cavalinho de pau, boneca de pano e pipas. Bolhas de sabão Unidade de Educação Infantil Carijós Projeto: Brincadeiras de Criança no Olhar de Ivan Cruz Turmas: 4 e 5 anos Professoras: Ana Vilma Stapazzoli Beckhauser Charlene Novaes Kienen E-mail: [email protected] D urante os meses de fevereiro a maio de 2014, foi realizado o Projeto Brincadeiras de Criança ao Olhar de Ivan Cruz, com o intuito de utilizar as obras deste artista para ampliar o repertório de brincadeiras, interação entre as crianças, professoras e famílias, incentivando a cooperação, o respeito e a valorização da cultura. O projeto buscou conhecer, resgatar e valorizar as brincadeiras infantis antigas, possibilitando desenvolver as habilidades cognitivas, o potencial de reflexão e a construção de conhecimentos na infância. O brincar é de fundamental importância, pois é com o lúdico que a criança experimenta a vida, resolve problemas e desenvolve a socialização. Conforme mostra Ivan Cruz, “[...] a criança que não brinca não é feliz, o adulto que quando criança não brincou, falta-lhe um pedaço do coração.” (In: https://michelechristine.wordpress.com/pinturas/ivan-cruz/). Utilizamos as obras de Ivan Cruz, porque ele expressa, através de suas pinturas, as brincadeiras que vivenciou em alguns momentos de sua infância. Suas produções serviram como convite para novas brincadeiras a serem desenvolvidas com as crianças em diversos ambientes. Antes de começar a planejar e a desenvolver o projeto com as turmas, conversamos e realizamos diversas brincadeiras que faziam parte do cotidiano. A partir disso, fomos apresentando e explorando, aos poucos, a história e as obras de Ivan Cruz, que encantaram as crianças. O interesse foi constante, pois elas foram estimuladas a realizar a leitura das imagens, compartilhando com os colegas as diferenças entre: brincadeiras, cores, formas e cenário. Durante a realização do projeto foram apresentadas às turmas algumas obras como: Bolinhas de Sabão, Rolando Bambolês, Brincadeiras de Roda, Telefone de “A brincadeira e o jogo têm um significado cultural muito marcante, pois é através do brincar que a criança vai conhecer, aprender e se constituir com um ser pertencente ao grupo, ou seja, são meios para a construção de sua identidade cultural”. (PAES, 2012, p. 9). Os brinquedos confeccionados pelos pais foram explorados nos ambientes externos da unidade e nos passeios. Desta maneira, as crianças foram descobrindo novas brincadeiras e relembrando as que faziam parte de seu cotidiano, favorecendo diversos momentos de interação, descobertas, valorização e satisfação, entre as crianças e as professoras. Este projeto contou com a participação de todos os funcionários da unidade. Ao término, organizamos uma exposição com fotos dos acontecimentos do projeto, com os brinquedos e trabalhos feitos pelas crianças. Durante a exposição, aconteceu o III Encontro “Vivenciando o Mundo Infantil”, por meio do qual as mães também tiveram a oportunidade de conhecer um pouco da história e obras do artista Ivan Cruz, através dos registros deixados pelos seus filhos. Esta experiência foi apresentada no III Seminário de Relatos de Experiências em Arte, na Câmara de Vereadores para profissionais da Educação Infantil, que fazem parte dos grupos Arte na Escola e professores de Arte. Referências: CRUZ, Ivan. Bouquet de cravos e conchavos. Disponível em: https://michelechristine.wordpress.com/pinturas/ivan-cruz/. Acesso em: 22 abril 2015. INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de Indaial. Indaial: Secretaria municipal de Educação, 2012. LEITÃO, Marcia Maria. Folclorices de Brincar. São Paulo: Editora do Brasil, 2009. 24 Aviãozinhos de Papel Brincadeiras fora da Unidade Novas Brincadeiras Pura diversão MOYLES, Janet R.. A excelência do Brincar: a importância da brincadeira na transição entre educação infantil e anos iniciais. Porto Alegre: Artmed, 2006. PAES, Joselaine Alves. Brinquedos e brincadeiras tradicionais: o lúdico na aprendizagem – importância nas séries iniciais. Trabalho apresentado como exigência parcial para obtenção do título em psicopedagogia com ênfase na inclusão social. AJES-Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena. Aripuanã: 2012. 25 Elementos da Linguagem Visual Colégio Municipal de Indaial Projeto: Elementos da Linguagem Visual Turmas: 6º ano Professora: Lenice Lucia Zimmer E-mail: [email protected] O projeto surgiu com a formação continuada, oferecida pela Secretaria de Educação para os professores de Arte, em fevereiro de 2014. Nessa formação, apresentaram-se os artistas da coleção Eco Art, que “reúne obras sobre ecologia e preservação da natureza, buscando as linhas de aproximação entre Arte e Meio Ambiente e tem por objetivo a criação de proposições didáticas baseadas no exercício de leitura de imagem” (FONSECA; ALMEIDA, 2014). Cada profissional da área foi desafiado a trabalhar com o material apresentado, relacioná-lo com os indicadores de aprendizagem da Proposta Curricular de Indaial e aplicá-lo nas turmas em que atuava. O objetivo foi propor aos alunos identificar, reconhecer e explorar os elementos da linguagem visual, como linhas, formas, cores, textura e volume, observando-os no meio ambiente, em especial nas plantas, com ênfase nas folhas e flores, fotografando-as nas suas residências, no jardim da escola, na Prefeitura e na Fundação Indaialense de Cultura. Foram realizadas vivências com diversas formas de expressão da linguagem visual, envolvendo diferentes técnicas, como: fotografia, desenho, pintura, recorte, colagem e montagem, executando produções artísticas com diferentes materiais e suportes, em busca de novos olhares que coloquem em discussão e reflitam sobre arte e sua conceituação, expressando ideias na execução de trabalhos, individualmente e em grupos. Os artistas Beatriz Milhazes e Burle Marx tiveram relação direta com o tema. Iniciamos com a obra “Você me olha por quê? Por que você está me olhando?”, de Milhazes, provocando discussões com o grupo e estimulando o aluno a obser- Jardim do Colégio 26 Jardim da Prefeitura e FIC Jardim da Prefeitura e FIC var, interpretar a imagem e perceber detalhes. Em seguida, foram apresentadas outras imagens de obras dos artistas citados no tema. O projeto foi desenvolvido de abril a novembro de 2014, contemplando 22 aulas, com as turmas dos sextos anos dos períodos matutino e vespertino. Após conhecerem algumas obras, os alunos fizeram pesquisas em sites, no laboratório de informática, para conhecer um pouco da trajetória e produção de cada artista. Em seguida, foi proposta a tarefa de fotografar plantas dos jardins de suas casas e jardim do Colégio Municipal. Na etapa seguinte, foi organizada uma viagem de estudos à Prefeitura de Indaial e à Fundação Indaialense de Cultura - FIC, em cujos locais tiveram oportunidade de fotografar diferentes plantas, registrando principalmente as folhas e as flores. Todas essas fotografias serviram para criar um banco de imagens, selecionadas pela professora e apresentadas ao grupo, possibilitando aos alunos a observação dos elementos da linguagem visual, sendo que estas serviram de modelo para criar móbiles e painéis. 27 Exposição Espaço Arte na Escola Produção Artística Além da produção artística, os alunos realizaram pesquisas com algumas flores selecionadas no projeto, como nome científico, produção, floração. Entre estas flores, cite-se a vitória-régia, aclimatada em Indaial por Valdemiro Nasato e Raulino Reitz. Também realizamos, com a participação da professora de Ciências, a dissecação de algumas flores no laboratório, identificando e nomeando cada parte, e a criação de um herbário com diferentes folhas e flores colhidas no jardim do colégio. Laboratório de ciências - dissecação e criação do herbário 28 Para finalizar as atividades com os alunos, realizamos uma viagem de estudo ao museu Hering, em Blumenau, para conhecer um jardim suspenso, projetado pelo artista e paisagista Burle Marx. As produções artísticas participaram de exposições realizadas no Espaço Arte na Escola, situado no hall da Prefeitura de Indaial, na festa de comemoração dos 25 anos do Colégio Municipal de Indaial e na mostra de trabalhos. Assim que o projeto foi proposto, durante todo o processo que envolveu pesquisas, coleta de imagens e produção dos trabalhos artísticos, percebeu-se o interesse e envolvimento dos alunos durante as atividades. Cada etapa criava novas expectativas em relação ao produto final. Os alunos mostraram grande satisfação durante os trabalhos executados, principalmente nas aulas práticas, como os registros fotográficos, desenhos, recorte, pintura, montagem dos painéis e móbiles. Após terem executado o projeto, os alunos envolvidos passaram a observar os elementos da linguagem visual, percebendo sua presença também na natureza e não apenas em imagens. A produção artística proporcionou aos alunos um novo olhar em relação à Arte, ampliando seu repertório de significados e a maneira de ver e interpretar o mundo que está à sua volta. A Arte é a síntese da expressão humana e, por meio dela, os alunos descobrem-se, vivenciando diferentes experiências, explorando sua sensibilidade, apropriando-se de diferen- tes linguagens artísticas. No que concerne à avaliação, esta foi processual, considerando todas as etapas de desenvolvimento do projeto, principalmente a produção artística, a participação individual e no grupo, discussão dos temas abordados, produção dos painéis e móbiles, envolvendo diferentes técnicas. Referências: MILHAZES, Beatriz. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/en/pessoa9441/beatriz-milhazes>. Acesso em: 17 maio 2014. MARX, Roberto Burle. Disponível em: <enciclopedia.itaucultural. org.br/pessoa1461/burle-marx>. Acesso em: 05 de maio de 2014. CARUSO, Carla. Burle Marx - Mestre das Artes no Brasil. São Paulo: Moderna, 2009. CÔRTES, Celina. A pintora brasileira do MOMA e da copa. Eco Art. São Paulo: Época, 2004. Disponível em: < http://artenaescola.org.br/ ecoart/>. Acesso em: 10 mar. 2014 FONSECA, Maria da Penha; ALMEIDA, Elaine Karla de. Formação continuada: arte contemporânea brasileira com arte na escola. IN: II Congresso da Federação Internacional de Arte-Educadores. XXIV Congresso Nacional da Federação de Arte-Educadores do Brasil. Ponta Grossa - PR, ConFAEB, 14 a 18 de novembro de 2014. Disponível em: http://www.isapg.com.br/2014/confaeb/down.php?id=285&q=1. Acesso em: 15 abr. 2015. INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012. Museu Hering e Vista do Jardim Suspenso-Burle Max 29 Cada Canto um Conto Unidade de Educação Infantil Bairro João Paulo II - José Lino Kuhnen Projeto: Cada Canto um Conto Turma: 1 a 5 anos Professora: Gicélia dos Santos Geffer E-mail: [email protected] N o ano de 2013, a unidade desenvolveu o projeto Cada Canto um Conto. Este projeto visou à dramatização de histórias infantis para todas as turmas. No ano de 2014, a proposta do V Festival Cultural da Educação Infantil de Indaial, com o tema: “De Onde a Gente Vem?” abordou as etnias formadoras da cultura brasileira, o que culminou neste mesmo ano, com a junção do projeto da instituição com o festival. Este evento acontece anualmente e reúne todas as Instituições de Educação Infantil Municipais. Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010), no Art. 7º, no que concerne às propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil, estas deveriam empreender esforços no sentido de oferecer condições para a realização do trabalho coletivo, além de proporcionarem organização de materiais, espaços e tempos, no sentido de possibilitarem, entre outros aspectos, Máscaras africanas e azulejos portugueses 30 [...] A apropriação pelas crianças das contribuições histórico-culturais dos povos indígenas, afrodescendentes, asiáticos, europeus e de outros países da América. Orientadas pelas diretrizes e pensando nessa prática pedagógica, exploramos as etnias africana, indígena e europeia, pautadas nos planejamentos, procurando interagir com as turmas, de modo que todos vivenciassem experiências oriundas das diversas etnias, de maneira lúdica e prazerosa. As Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (2010), no Art. 8º, apontam ainda que, no que diz respeito à realização de um trabalho pedagógico voltado às questões da diversidade cultural, à organização espacial e temporal, faz-se necessário: [...] O reconhecimento, a valorização, o respeito e a interação das crianças com as histórias e as culturas africanas, afro-brasileiras, bem como o combate ao racismo e à discriminação. O projeto teve o objetivo de oferecer momentos diferenciados de leitura e contação de histórias nos variados espaços e tempos da Educação Infantil, proporcionando o contato com as etnias indígena, europeia e africana, por meio de experiências que lembrem a cultura destes povos. Foi organizado um cronograma anual, em que cada turma ficou responsável pelo planejamento e execução de diferentes propostas relacionadas ao projeto. Essas propostas ocorreram todas as semanas, tendo como referência a quarta-feira. Ver, sentir e fazer máscaras africanas e azulejos portugueses 31 A dramatização da história: “Curumim Abaré imitando os animais”, de autoria de Dulce Seabra e Sergio Maciel, proporcionou o contato com a etnia indígena. As turmas de três e cinco anos exploraram juntas a confecção de vestuários e brinquedos. Vivenciaram experiências que lembram a cultura destes povos, como a dança, a preparação da comida em volta da fogueira e a caça, para sobrevivência e não por esporte. Explorou-se a cultura europeia por meio da História João e Maria, de Ruth Rocha, vivenciando brincadeiras, jogos e cirandas desta etnia. A turma de um ano teve contato com a pintura de azulejos, Para isso, uma das técnicas utilizadas foi a do carimbo, por meio da qual as crianças puderam apreciar imagens de azulejos portugueses e, mais tarde, em interação com todas as turmas, realizaram produções artísticas, a partir dessa mesma técnica. Brincadeiras como as cinco marias e soltar pipa também estiveram presentes nas vivências das crianças. Apresentação no Festival Cultural de Educação Infantil A partir da proposta pedagógica sobre a diversidade, dramatizou-se a história: “Por que o camaleão muda de cor” (Contos de Tanga Tanga). Deste conto, várias experiências envolvendo a cultura da etnia africana foram exploradas. Nas turmas de dois e na de quatro anos, proporcionaram-se vivências com elementos naturais para criar artefatos ricos em detalhes e que nos remetem a essa etnia: máscaras, trançados e instrumentos musicais. Durante esse processo, além da interação entre as turmas, houve muito aprendizado, pois todos os detalhes de cores e formas foram pesquisados, juntamente com as crianças, tendo como referência os tecidos, formas, linhas retas e orgânicas, além do colorido africano. Possibilitou, assim, acrescentar nas produções de máscaras em argila, tapetes trançados e objetos sonoros uma identidade própria, pois escolheram, dentro do proposto, suas cores, formas, desenhos preferidos. 32 Como finalização, representaram-se as etnias indígena, europeia e africana por meio da construção de um totem, o qual era composto por três rostos, contendo características físicas das pessoas de cada etnia, além de acessórios próprios de cada cultura. Todas as experiências e produções artísticas confeccionadas foram socializadas com a comunidade na exposição no Espaço Arte na Escola, situado no prédio da Prefeitura Municipal de Indaial, entre os dias 2 e 13 de junho. Logicamente, essas etnias trazem consigo milhares de anos de história, de cultura, que jamais poderiam ser apreciadas em um só ano. Contudo, o que fizemos foi aproximar as crianças da Unidade João Paulo II do nosso rico patrimônio. Referências: BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC/SED, 2010. INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012. Brincando de ser Índio Exposição Arte na Escola Totem 33 Saíra de Sete Cores: Pássaro Símbolo de Indaial Escola Básica Municipal Leopoldo Simão Projeto: Saíra de Sete Cores: Pássaro Símbolo de Indaial Turma: 4º Ano Professora: Andressa G. B. Wackerhage E-mail: [email protected] S ou professora de Arte nas turmas dos anos iniciais. O projeto Saíra de Sete Cores: Pássaro Símbolo de Indaial foi desenvolvido com o 4º Ano Vespertino, cuja turma mostra-se participativa, criativa e gosta de manusear e explorar materiais diferentes. As aulas com essa turma ocorrem duas vezes por semana e a proposta para trabalhar com esse tema nasceu de um convite para efetuar um trabalho de maneira interdisciplinar, juntamente com o professor regente. O interesse em desenvolver essa atividade partiu dos alunos, os quais estavam estudando os símbolos da cidade de Indaial, na disciplina de História e Geografia. Ao mesmo tempo em que conheciam diferentes aspectos da cultura indaialense, desenvolviam experiências com os elementos da linguagem visual, mais especificamente no âmbito da tridimensionalidade. A ideia era possibilitar o afloramento da sensibilidade, ampliar o pensamento crítico e o repertório artístico. 34 O professor regente iniciou o projeto Saíra de Sete Cores: pássaro símbolo de Indaial propondo textos, atividades, mostras de imagens e vídeos, o que possibilitou às crianças contribuírem com novas ideias. Na primeira aula, efetuou-se uma leitura e reflexão sobre o tema, com foco na Arte, para investigar o que cada criança já sabia e escolhermos o que iríamos construir: uma saíra. Na segunda aula, houve um longo debate acerca da proposta de execução. Cada grupo construiria seu pássaro em papel pardo e usaria a colagem para criá-lo. Em um primeiro momento, os alunos pensaram na possibilidade de utilizar EVA, material não-reciclável e que muitos tinham em casa. Porém foi difícil, pois a cola que o mantinha grudado ao papel não fixava tão rapidamente e ficava agarrada às pontas dos dedos. Verificaram ainda que depois de tudo colado, ao exporem o trabalho, muitos dos pedaços caíam por não terem colado corretamente. Após refletirmos acerca da proposta que não obteve sucesso, vimos fotos de uma empresa que produz EVA , a qual, por não ter onde descartar os restos, depositou-os em um terreno e recebeu multa por isso. Então, as crianças desistiram de usar este material e passaram a pesquisar algo que fosse reciclável. Foi então que bolinhas de papel amassadas voaram de um lado a outro, pois, no meio de alguns que estão trabalhando, sempre há aqueles que gostam de uma brincadeira. Tomei as bolinhas de papel e perguntei à turma se já haviam assistido ao ArtAttack, um programa da TV por assinatura. Foi como se uma transmissão de pensamento ocorresse: – Sim, profeeee! Podemos fazer as saíras em papel amassado, com cola! – disse uma criança. – E depois pintar as sete cores da saíra com tinta! – disse outra. Foram aulas produtivas e muito esperadas pelas crianças. Confeccionaram as bolas de papel com jornal, prenderam-nas com fita adesiva, depois passaram cola com pincéis e por cima papel toalha. E mais cola e papel toalha, e mais cola e papel toalha. Colocaram as asas, o rabinho e o bico, e pintaram as sete cores. Vê-se, com essa atividade que Criatividade e artes são processos inteligentes: tanto o produzir quanto o apreciar são comportamentos que requerem operações complexas de análise, comparações, reconhecimento de cores, texturas, sons, movimentos. (MÖDINGER, 2012, p. 42). Constatou-se, então, já no início do projeto, que as crianças possuíam algum conhecimento sobre a saíra. No entanto, ao longo do trabalho, todos foram tirando dúvidas e ampliando seus conceitos. Alguns também não conheciam a ave de verdade, então trouxemos fotos e trocamos informações. Houve narrações de que algumas crianças já tinham visto um passarinho daqueles no jardim de casa. A seleção de materiais e a produção artística permitiram que os alunos experimentassem diferentes possibilidades ao criar seu elemento tridimensional. Durante a produção, observei a percepção da forma natural transformada no objeto artístico, quando os alunos tinham a intenção de construir uma saíra pequena, imitando um pássaro de verdade. Porém, descobriram que era difícil e resolveram criá-la em tamanho maior. Por fim, ao realizarmos as discussões sobre a materialidade, percebemos que as questões iniciais sobre o meio ambiente foram ampliadas e dificilmente serão esquecidas, já que foram aprendidas de forma prazerosa. Referências: INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012. MÖDINGER, Carlos R. Artes visuais, dança, música e teatro: práticas pedagógicas e colaborações docentes. Erechim: Edelbra, 2012. MÖDINGER, Carlos R. Práticas Pedagógicas em Artes: espaço e corporeidade. Erechim: Edelbra, 2012. MOREIRA, Roseli. O Tridimensional: dimensões para arte e educação. Blumenau: Nova Letra, 2012. Exposição na Escola. Instalação Experimentação: pintando as Saíras Execução: pintura da Saíra, as cores vão surgindo Papietagem: concentração e cola Papietagem: vai surgindo a Saíra 35 O Pequeno Príncipe Unidade de Educação Infantil Ermínio Lanznaster Projeto: O Pequeno Príncipe Turmas: 1 a 5 anos Professoras: Amanda Vanessa da Silva. Maria Aparecida Machado Krauss E-mail: [email protected] A Unidade desenvolveu o projeto institucional “O Pequeno Príncipe”, cujo objetivo foi aprender e vivenciar através da Arte o valor das pequenas coisas da vida, reforçar laços de amizade, afetividade, interação e respeito ao próximo. Foi organizado um grupo de estudos entre os profissionais da unidade, o qual buscou sensibilizar e proporcionar momentos de afetividade, refletindo, assim, acerca da prática pedagógica, através da literatura, por meio da obra “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry. Na leitura do livro, mereceu destaque a frase: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” (2009, p. 29), compreendendo a importância que o professor tem na vida das crianças. De acordo com a Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de Indaial, a educação tem como eixos norteadores as interações, brincadeiras e linguagens. As vivências por meio da Arte contemplam todas estas propostas. Ora a criança brinca com a Arte, e em outros momentos a Arte interage com a criança, estimulando-a a uma brincadeira. Enfim, não há como não experimentar a arte do fazer, a arte do brincar, a arte de contemplar, a arte de sentir, a arte de explorar, a arte de cantar, a arte de ouvir ou simplesmente a arte de viver. Arte é vida e o sujeito que vive intensamente é um artista da sua própria vida. Segundo as DCNEI (2009, art. 9º, incisos II e IX): (,) 36 [...] a Educação Infantil deve garantir nas unidades experiências que [...] favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e musical, bem como [...] promovam o relacionamento e a interação das crianças com diversificadas manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura. Cada professora, com sua turma, desenvolveu uma temática e trabalhou com diferentes linguagens. A turma de quatro e cinco anos construiu o avião, atividade para a qual a professora, após a leitura do livro, conversou e problematizou com as crianças como iriam fazê-lo. Decidiram usar caixas de papelão, as quais, depois, foram pintadas e com elas as crianças brincaram. Para estimular ainda mais o faz de conta, um grupo de aeromodelos da cidade veio demonstrar como voa o avião e também trouxe simuladores de voo para as crianças brincarem. Com a participação dos pais, a turma de quatro anos pôde contemplar e observar as estrelas, trazendo um registro de como foi este momento, de reflexão e vivência em família. Estes relatos foram expostos em uma pirâmide de mensagens. A turma de cinco anos II construiu os planetas pelos quais passou o Pequeno Príncipe, com balão e jornal, colorindo-os com tinta guache. Puderam descobrir diferentes possibilidades e estratégias criadas por meio da história. Construção dos Planetas Exposição no Espaço Arte na Escola A turma de cinco anos dramatizou e interpretou a história com os personagens do Pequeno Príncipe e a rosa. Também plantaram flores num jardim biodiverso, o qual foi organizado e revitalizado para o projeto. Realizaram visitas a floriculturas e floras, para compreender o processo de plantio e cuidado com as plantas. A turma de três anos explorou o tema da cobra, destacando o cuidado com os animais e o respeito com o espaço de cada um. A tridimensionalidade, a cor e a textura levaram a uma pesquisa com diferentes materialidades. A massa de modelar e o biscuit foram referências na exploração e as crianças recriaram a cobra enrolada no palito de picolé. A turma de um ano confeccionou o carneiro com malha, feltro, fibra e algodão. Cada criança explorou as diferentes texturas, contribuindo com a sua montagem. Quando concluído, a professora brincou e leu a história de forma lúdica. Ao organizar um espaço diferenciado na área externa da unidade, pensamos na Instalação do Labirinto. Esta trazia a exposição dos trabalhos e desafiava as crianças, as quais, ao atravessarem, reviviam a história, produzindo novos sentidos. Outro destaque da instalação foi a toca da raposa, feita numa cabana. O labirinto trouxe prazer e desafio, em especial para uma criança com diagnóstico de síndrome de espectro autista, que se identificou muito com o novo espaço, o qual lhe proporcionou segurança e conforto. Para fechamento do projeto, foi realizada uma exposição interativa no Espaço Arte na Escola da Educação Infantil, na Prefeitura de Indaial. A exposição foi organizada de modo que as produções artísticas conversassem com os espectadores e que estes, por sua vez, fizessem parte da história. Em um segundo momento, a exposição retornou para a Unidade, e junto com as crianças, as famílias contemplaram as experiências vividas, deixando também suas marcas da infância, seus desejos, medos ou anseios. Labirinto Os pais participaram, deixando mensagens de reflexão sobre este grande clássico da literatura, demonstrando o valor das pequenas coisas da vida. Este projeto foi apresentado no III Seminário de Relatos de Experiências em Arte, na Câmara dos Vereadores de Indaial, pelas professoras Andreia Ribeiro e Débora Ferreira. O público deste evento é constituído pelos professores dos grupos de estudo do Arte na Escola, da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. Com o projeto “O Pequeno Príncipe”, as crianças, os profissionais e as famílias ampliaram seu elo afetivo, tornando-se mais parceiras entre si. As crianças também cuidaram melhor das plantas e das flores, querendo sempre molhar e observar seu crescimento. Ao mesmo tempo, ampliaram suas habilidades corporais, com autonomia nos diferentes desafios proporcionados. Estas histórias, depois, ganharam vida e asas com as brincadeiras das crianças, que utilizaram o corpo como elemento visual para sua imaginação. Teatro: O Pequeno Príncipe e a Rosa Referências: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/ SEB, 2009. INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012. SAINT-EXUPÉRY, Antonie de. O Pequeno Príncipe. Tradução de Dom Marcos Barbosa. Rio de Janeiro: Agir, 2009. O Pequeno Príncipe. Exposição Interativa Shopping Iguatemi. Disponível em: <http://www.opequenoprincipe.com/blog/> Acesso em: 2014 37 Do lixo ao som Escola Básica Municipal Encano Baixo Rudolfo Alfarth Projeto: Grupo de Percussão: “Do lixo ao som” Turmas: 5º ao 9º ano Professor: Jean Carlos Corrêa E-mail: [email protected] O projeto “Do Lixo ao Som” nasceu da necessidade de inserir uma nova postura social e cuidados com o meio ambiente, favorecendo um novo olhar para o lixo que é produzido na comunidade. A postura de reutilizar materiais, dando a eles uma maior vida útil, confeccionando instrumentos musicais artesanais para serem utilizados por alunos das séries finais do ensino fundamental com dificuldades no comportamento e aprendizagem foi o motivo para a realização deste projeto. “Do Lixo ao Som” foi uma iniciativa para motivar os educandos a permanecerem mais tempo na escola, contribuindo para resgatar o gosto de participarem ativamente das atividades escolares e da comunidade. Esse projeto, de certa maneira, estimulou os alu- Abertura do programa- Jóia- Uniasselvi 38 nos a cuidarem dos ambientes, destacando a importância de reutilizar o lixo produzido, por meio da separação, sendo que hábitos rotineiros foram modificados dia a dia, com atitudes simples, que poderiam repercutir em outras ações. Com essa reutilização, os educandos compreenderam a seleção do lixo orgânico, criando uma composteira, utilizada na horta da escola, a qual também faz parte de um projeto trabalhado já em sala, contribuindo para a separação e classificação do lixo produzido. Ficando sobre responsabilidade dos educandos a escolha de materiais para confeccionar os instrumentos posteriormente utilizados no grupo de percussão. Com este projeto, bombonas de papelão viram tambores, latas de tinta viram repiques, potes de iogurte e latas de refrigerante viram chocalhos, latas de sardinha tamborins e cabos de vassoura se transformam em baquetas. A escola em questão é pequena, possui poucas instalações, está situada no Loteamento Real, no bairro Encano Baixo. Ela acolhe 195 alunos, filhos de trabalhadores, com turmas do primeiro ao nono ano do Ensino Fundamental. Essa é uma região que vem crescendo gradativamente, principalmente com a migração de famílias de diferentes regiões de Santa Catarina e de outros estados brasileiros. Por ser uma comunidade com poucos atrativos, fica mais fácil inserir os pais e familiares nas atividades escolares. Com o projeto “Do Lixo ao Som”, foram realizados desfiles no bairro, divulgando o trabalho e convidando a comunidade a participar dos vários eventos. Percebemos uma grande satisfação da parte dos moradores desta comunidade, ao verem seus filhos passando em frente às suas casas, tocando instrumentos produzidos pelos Ensaio e desfile no bairro próprios alunos. Hoje participam do Grupo de Percussão cerca de vinte alunos, distribuídos nas turmas do quinto ao nono ano do Ensino Fundamental. “Do Lixo ao Som” possibilita aos alunos a exploração de suas habilidades nas aulas de música, com pinturas dos instrumentos musicais que são utilizados em momentos extracurriculares, com o resgate de cantigas e a composição de arranjos, tendo como repertório músicas folclóricas e ritmos brasileiros que são tocados e acompanhados pelo vocal de duas talentosas alunas, as quais foram descobertas no projeto. O projeto “Do Lixo ao Som” contempla os objetivos propostos no Projeto Político Pedagógico da escola, o qual orienta para que se trabalhe com valores e cuidados com o meio ambiente, facilitando um trabalho conjunto, em busca de soluções rotineiras. A proposta de criar um grupo de percussão não passou por um planejamento prévio. Na verdade, tudo aconteceu muito rapidamente. A direção da escola propôs fazer algo para incentivar a prática da reciclagem. Então, em uma aula de Arte em que estávamos trabalhando com som, os alunos questionaram o porquê de a nossa escola não ter uma fanfarra. Foi a partir disso que surgiu a ideia de criar nossa própria banda, com mate- riais reutilizados, reaproveitando o lixo da comunidade. Os alunos aceitaram o desafio, no mesmo momento, com muita empolgação. Começaram a trazer nas aulas posteriores materiais garimpados em suas casas. Tudo aconteceu muito rapidamente. Nas aulas seguintes, começamos a criar os instrumentos e tentar tirar deles sons. Logo fomos selecionando as músicas e criando as melodias, inserindo ritmos das canções do folclore brasileiro. Daí para frente, não paramos mais. Efetuou-se uma apresentação no Festival Literário de Indaial, que foi um sucesso e muitos convites foram surgindo. Apresentamos em universidades e instituições de ensino do município, ocorreram desfiles e apresentações na comunidade. Foi aí que se percebeu a grandiosidade do projeto. Os alunos estavam eufóricos com a repercussão do grupo no município. A motivação foi aumentando a cada dia, pois criaram-se novos instrumentos e ritmos. Para dar conta da amplitude do projeto, houve a necessidade de se estabelecerem mais ensaios no período extracurricular. Em todos os encontros aparecia um novo ritmo que eles criavam em casa, fazendo batucadas com latinhas que encontravam nas ruas. Com a grande diversidade cultural encontrada na escola, é muito gratificante ver os alunos trazendo seus 39 Instrumentos com materiais reutilizados conhecimentos, os ritmos da sua cultura, relatando o quê e como era feito em seus estados de origem. Tudo isso só engrandeceu os ensaios, melhorando o projeto, possibilitando que um fosse transmitindo para o outro seus saberes. Para deixar o grupo mais bonito nas apresentações, foram confeccionadas camisetas pintadas pelos próprios alunos, em uma oficina com a temática do Boi de Mamão, tudo com ideias e materiais trazidos por eles. Com essa iniciativa, alunos e professores aprenderam que, para efetuar um bom trabalho, não é necessário muita coisa, às vezes, temos a possibilidade do aprendizado bem ao nosso alcance, resgatando-se o que muitas pessoas consideram não ter mais utilidade. Essa é uma lição de valorização do reuso do que se produz todos os dias. O lixo pode não ser para muitos o material mais indicado e apropriado. Mas, se pensarmos nas possibilidades de conquistas e ganhos futuros, no que diz respeito ao meio ambiente perceberemos que estamos no caminho certo. Isso pode contribuir em termos de preservação do nosso meio ambiente, mostrando que é possível, criar e recriar, tendo em vista o estabelecimento de uma nova consciência na comunidade. Para valorizar nossos alunos e registrar o trabalho desenvolvido, estamos gravando um CD com seis músicas, o que foi possível graças a um patrocínio, o que confirma a responsabilidade e a credibilidade depositadas no projeto. Como professor e idealizador do projeto, sinto-me gratificado em ter proporcionado essas vivências aos alunos. Conhecer e participar do processo de gravação, para muitos, será uma experiência única. É importante salientar que nenhum trabalho é fácil. Tudo o que fazemos tem gastos e, para concretizar nossos objetivos, temos de arregaçar as mangas e trabalhar em busca dos sonhos. Neste caso, não um sonho só meu, mas de toda a comunidade envolvida. Primeiros ensaios Referências: HUMMES, J. M. Por que é importante o ensino de música? Considerações sobre as funções da música na sociedade e na escola. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 11, 17-25, set. 2004. LINO, D. L.. Música é... cantar, dançar... e brincar! Ah, tocar também! In: CUNHA, S. R. V. (Org.). Cor, som e movimento: a expressão plástica, musical e dramática no cotidiano da criança. Porto Alegre: Mediação, 2005. Gravação CD 40 41 Construindo Valores com a Diversidade Unidade de Educação Infantil Bairro Tapajós Professora Áurea Bonatti Merini Projeto: Construindo Valores com a Diversidade Turmas: 4 e 5 anos Professoras: Andreia Garbari Tessmann Cláudia Fátima Bartzen Porto Silmara Klemann E-mail: [email protected] Boneca de massinha Bonecas Instalação Tranças e fantoches 42 O Projeto Construindo Valores com a Diversidade buscou trabalhar o reconhecimento, a valorização e o respeito às diferentes etnias e culturas no cotidiano das crianças. As formações oferecidas pelo Projeto Arte na Escola Polo FURB e o V Festival Cultural da Educação Infantil abordaram as etnias formadoras do povo brasileiro. Estes eventos contribuíram no processo de conhecer, descobrir, interagir, crescer e apropriar-se de novos repertórios de forma prazerosa, rica e envolvente, explorando os diferentes segmentos da Arte. Iniciamos o Projeto contando a história do livro “Menina Bonita do Laço de Fita”, de Ana Maria Machado. Para isso, contamos com a parceria dos pais, que confeccionaram fantoches usados nas dramatizações. Como a personagem principal da história era afrodescendente, uma criança com as mesmas características identificou-se com a personagem, passando a vir todos os dias com tranças no cabelo. De acordo com o RCNEI (1998), falar em autoestima das crianças pequenas significa compreender a singularidade de cada uma delas em seus aspectos corporais, culturais e étnico-raciais. Propomos, então, o desafio às crianças de fazerem tranças. O resultado foi fantástico. Além de fazerem com cordas, vinham de casa com tranças no cabelo. Conhecemos a obra de Portinari “Meninas com tranças e laços” estabelecendo relações entre as imagens, de modo que as crianças fizeram a montagem de um mosaico. O interesse, a aceitação e a curiosidade das crianças foram se intensificando dia a dia. Ainda trabalhando com a história, as crianças criaram as meninas de várias cores em massinha, explorando a modelagem e o tridimensional. Percebe-se, assim, que, “[...] à medida que desenvolve atividades tridimensionais, a criança vai percebendo sua realidade física de uma forma lúdica e construtiva, transformando o mundo e se transformando por meio da imaginação, da fantasia e da criatividade” (PILOTTO, 2007). Para ampliar o conhecimento das crianças, propôs-se pesquisar um pouco mais sobre a origem africana. Com isso, confeccionamos o Baobá, que é uma árvore das savanas, as casas e os tambores para representar um pouco dessa cultura. Essas estruturas tridimensionais foram reunidas, compondo uma Instalação na entrada da Unidade. O projeto foi finalizado com a interação de todas as turmas da Unidade neste espaço. Escutar a história, tocar tambores, cantar e ouvir músicas, observar as casas junto ao extraordinário Baobá reuniu uma rica apreciação artística de toda a produção realizada. As crianças compararam as casas africanas com as casas em que moram, e se espantaram em saber que pessoas têm suas casas dentro do tronco do Baobá. Hoje, percebemos o quanto essas descobertas foram significativas para as crianças, pois foi possível explorar com elas as linguagens, as brincadeiras e as interações, por meio de uma aprendizagem prazerosa. Podemos dizer que o projeto proporcionou a ampliação do repertório cultural, e as crianças relataram aos pais, colegas e professores o reconhecimento e a importância do diferente , e da diferença. Para Brandão (1986 apud GUSMÃO, 2000, p. 12) , essas experiências “[...] são partes da descoberta de um sentimento que, armado pelos símbolos da cultura, nos diz que nem tudo é o que eu sou e nem todos são como eu sou”. E isto pode ser complementado com os dizeres do Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil, ao expor este que: A pluralidade cultural, isto é, a diversidade de etnias, crenças, costumes, valores etc. que caracterizam a população brasileira marca, também, as instituições de educação infantil. O trabalho com a diversidade e o convívio com a diferença possibilitam a ampliação de horizontes, tanto para o professor quanto para a criança. Isto porque permite a conscientização de que a realidade de cada um é apenas parte de um universo maior que oferece múltiplas escolhas. (RCNEI, 1998) Tem-se então que, na Unidade de Educação Infantil, convive-se com as diferenças cotidianamente. E neste ambiente de diferenças, o importante não está simplesmente no fato de saber-se que elas existem, mas em percebê-las e com elas conviver. Viver bem e conviver, portanto, harmoniosamente, em um ambiente de diferenças é a tônica que move a diversidade na educação. Eis o que este projeto possibilitou. Referências: BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. GUSMÃO, Neusa M. M. Desafios da Diversidade na Escola. Revista Mediações, Londrina, v.5, n.2, p.9-28, jul/dez, 2000. INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012. MACHADO, Ana Maria. Menina bonita do laço de fita. 7ª edição. São Paulo: Ática, 2005. PILOTTO, Silvia Duarte. Linguagens da arte na infância. Joinville: Editora Univille, 2007. Portinari 43 CopArte Escola Básica Municipal Professor Mário Bonessi Projeto: CopArte Turmas: 9º ano Professora: Lidiane Aparecida Sabino E-mail: [email protected] A Copa do Mundo é um dos maiores eventos esportivos do planeta, o qual, em 2014, ocorreu no Brasil. Diante disso, não se poderia deixar de explorar aspectos relativos à arte que esse evento envolve. Por trás de uma bola rolando no campo, por exemplo, existe uma explosão de cores, um mundo de símbolos e significados a serem desvendados. Os olhos não param ao fazerem a leitura das imagens das bandeiras, uniformes, organização dos estádios e também a presença dos jogadores, técnicos e árbitros, transformando a figura humana em escultura em movimento. Isso sem falar no espetáculo de abertura dos jogos, o qual envolve música, teatro, dança e as artes visuais. Fomos impulsionados por este acontecimento tão marcante que une o mundo às suas diversidades sociais, políticas e culturais, e que aflorou nos estudantes o interesse em aprofundar os conhecimentos em Arte pela via da paixão pelo futebol, que é uma característica marcante do povo brasileiro. Segundo Ana Mae Barbosa: Esboço para estampas de camisetas 44 A Arte na Educação como expressão pessoal e como cultura é um importante instrumento para identificação cultural e o desenvolvimento individual. Através da Arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação, aprender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada. (2010, p. 02) Então, para dar início ao projeto CopArte, realizamos um debate, cada estudante pôde expor sua opinião sobre o que estava acompanhando nas mídias, referente ao assunto. Após a conversa, assistimos uma apresentação do vídeo História das Copas do Mundo, que relata fatos importantes ocorridos nos eventos anteriores e que marcaram a história. Em um segundo momento, foi apresentada uma série de obras da artista Leda Catunda Serra, pintora, escultora, artista gráfica e visual e professora de artes. Em seguida, os estudantes puderam conhecer a artista por meio do documentário “Recortes de Leda Catunda”, da DVDteca do Projeto Arte na Escola, no qual foi apresentada a sua técnica, que é ferramenta indispensável ao seu trabalho, em que a costura e a pintura passam a ser o foco central de sua obra. Após análise das obras, os estudantes iniciaram o esboço de desenhos que futuramente seriam reproduzidos nas camisetas com tinta PVA plástica. Durante este processo, os debates sobre a copa foram constantes, por meio dos quais os alunos traziam novos fatos e curiosidades sobre o evento. Realizamos também uma seção de fotos da turma na quadra da escola, em posição de jogadores, para a qual os alunos pintaram seus rostos com as cores da bandeira do Brasil e vestiram camisetas de uniforme da seleção, montando o próprio time, ou seja, a seleção do nono ano da Escola Básica Professor Mário Bonessi. A avaliação acompanhou todo o processo de construção do aluno, para a qual considerou-se a organização dos conteúdos, a ampliação dos sentidos, a percepção das leituras de imagem, a representação artística e criação. Sendo assim, alguns critérios foram de grande importância, tais como os elementos de criação, os elementos de expressão, o conhecimento do aluno e a estética. Para fechar com a taça de campeões, realizamos uma exposição na Prefeitura de Indaial, na qual encontra-se o Espaço Arte na Escola e também houve a participação na Mostra de Trabalhos, realizada na própria instituição escolar. Assim, as pessoas do bairro, da cidade e de outras cidades que visitam a prefeitura puderam prestigiar e conhecer os trabalhos, bem como constatar o potencial criativo dos nossos estudantes que, além de desenvolverem os trabalhos com criatividade, tiveram a oportunidade de conhecer o contexto histórico e social da copa do mundo, assim como, conhecer obras de artistas que também abordam esse tema. Processo de pintura das camisetas - Secagem Exposição Espaço Arte na Escola 45 Foi por meio dos relatos no final do projeto que se percebeu o quanto foi valioso esse processo, desde a criação das obras até a exposição, o que possibilitou aos estudantes sentir o que sente um artista ao ver o resultado final da sua obra. Conforme declarações dos próprios estudantes, O projeto foi muito bom, é agradável uma escola proporcionar uma exposição cultural cheia de ideias diferentes e com grande objetivo de expressar nossos pensamentos. (Ademir / 9º Vesp) O projeto nos ajudou a aprender novidades sobre a história da copa do mundo, sobre jogos, uniformes antigos e até sobre as diversas nações. Este projeto nos fez enxergar o futebol de outro jeito, pois não conseguíamos ver que por trás dos jogos existiam tantas coisas envolvidas como a arte, a economia, e até a união de vários povos. (Rosilangela / 9º Vesp) Aluna orgulhosa de sua produção artística Seleção de alunos produtores de arte da EBM Mário Bonessi Conhecendo a artista Leda Catunda Referências: Recortes de Leda Catunda [DVD]. DVDteca Arte Na Escola. São Paulo: Produção SESC TV, 2001. BARBOSA, Ana Mae. A imagem no Ensino da Arte. São Paulo: Perspectiva, 1991. BARBOSA, Ana Mae. Mudanças na Arte. Disponível em: https://texsituras.files.wordpress.com/2010/04/anamae.pdf. Acesso em: 05 maio 2014. INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012. PROENÇA, Graça. Descobrindo a História da Arte. São Paulo: Ática, 2005. Prof. Lidiane Sabino em visita à exposição com alunos 46 Obras expostas com as ideias e críticas dos alunos. 47 Brincadeiras nas Obras de Ivan Cruz Unidade de Educação Infantil São Judas Tadeu Projeto: Brincadeiras nas Obras de Ivan Cruz Turma: 1 a 5 anos Professora: Ana Paula Ribeiro de Sousa E-mail: [email protected] Ao pesquisar, selecionei o artista Ivan Cruz, que me encantou por seu trabalho revelar as brincadeiras vividas por ele e muitos de nós na infância: “Criança que não brinca, não é feliz, ao adulto que quando criança não brincou, falta-lhe um pedaço no coração”. Ao ler essa frase, que refletia exatamente o que eu sentia, fiquei imaginando quais brincadeiras pintariam nossas crianças no futuro. Craidy e Kaercher (2001, p.104) destacam que, [...] sempre que se fala em crianças, pensa-se em brinquedos, brincadeiras e jogos. A brincadeira é algo pertencente à criança, à infância. [...] O brincar é um tipo de linguagem que a criança usa para compreender e interagir consigo, com o outro, com o mundo. Levantei o questionamento sobre o brincar para a equipe da Unidade e propusemos o desenvolvimento do Projeto Brincadeiras nas Obras de Ivan Cruz. Juntas, buscamos mais informações que nos auxiliaram no planejamento, envolvendo todas as crianças de 1 a 5 anos. Começamos a trabalhar com as crianças, apresentando algumas obras do artista e sua biografia. Ao questionar a turma sobre o que representavam, disseram que eram crianças brincando, algumas brincadeiras reconheciam, outras não. Depois, pedi que conversassem com os A o observar as brincadeiras e os brinquedos das crianças da turma de 5 anos, senti-me desafiada a explorar este universo. Ao investigar, descobri que em casa as crianças passam muito tempo diante do televisor, computador e de jogos eletrônicos e constatei, então, o quanto a maneira de brincar mudou. Na Unidade, busquei reverter essa situação e despertar o interesse e o prazer das crianças por meio do resgate de brinquedos e brincadeiras. A Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de Indaial destaca, dentro do Mapa das Ações Pedagógicas, as brincadeiras manipulativas, motoras, dramáticas e estruturadas, explicando que: O eixo brincadeiras envolve uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento integral da criança: o brincar. Compartilhar experiências brincando possibilita que os envolvidos adquiram um sentido de identidade e pertencimento. Assim, um ambiente favorável, com tempo e materiais que estimulem o brincar, é fundamental no desenvolvimento da competência social das crianças. É a atividade principal da criança, sendo mediadora das principais transformações que definem seu desenvolvimento. (2012, p. 75-76) Telefone sem fio 48 49 pais e lhes perguntassem do que eles brincavam. Voltaram para a Unidade encantadas com as brincadeiras que aprenderam e como foi a infância de seus pais. Ouvindo seus relatos, vi o quanto estavam surpresas em saber que vivenciaram as mesmas culturas infantis registradas pelo artista e que geralmente passavam boa parte do tempo na rua e não em frente à televisão ou com outros eletrônicos. Além de conhecer diversas brincadeiras e brincar, foi proposta às crianças a construção de brinquedos com sucatas e a representação das obras do artista, de diferentes maneiras, para todas as turmas. No momento de realizar a ressignificação das obras, cada turma escolheu duas ou três imagens. Na minha turma, trabalhei a obra “Amarelinha”, “Avião” e “Pé de Lata”, por meio da pintura e da modelagem com massa de biscuit, vivenciando o tridimensional. Outra turma utilizou a argila para representar a “Ciranda de Roda”. Ao observar as obras do artista Ivan Cruz, uma criança perguntou por que as suas pinturas não tinham rosto. Antes que eu respondesse, outra falou: – Porque assim pode ser qualquer criança. Com essa observação, fica claro que quando visualizamos as obras nos vemos brincando e que o brincar deve fazer parte da infância. Vigotsky (1984 apud WAJSKOP, 2007), afirma que: Brincadeira de criança 50 É na brincadeira que a criança consegue vencer seus limites e passa a vivenciar experiências que vão além de sua idade e realidade, fazendo com que ela desenvolva sua consciência. Dessa forma, é na brincadeira que se pode propor à criança desafios e questões que a façam refletir, propor soluções e resolver problemas. Brincando, elas podem desenvolver sua imaginação, além de criar e respeitar regras de organização e convivência, que serão, no futuro, utilizadas para a compreensão da realidade. A brincadeira permite também o desenvolvimento do autoconhecimento, elevando a autoestima, propiciando o desenvolvimento físico-motor, bem como o do raciocínio e o da inteligência. Puxando lata Quebra-cabeça Finalizamos o nosso projeto com exposições na Unidade e no Espaço Arte na Escola, na prefeitura de Indaial. Unimos a Unidade e os pais em prol de um bem comum: apresentar às nossas crianças muitas possibilidades de brincar de forma simples, resgatando culturas infantis por meio das diferentes linguagens da Arte. As obras do artista inspiraram as crianças, que passaram a demonstrar interesse em brincar com as imagens que apreciaram. Pais, professores, e crianças foram mediadores no processo de aprendizagem. Referências: CRAIDY, Carmem Maria; KAERCHER, Gládis Elise P. da Silva. Educação Infantil: Pra que te quero? Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012. WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. 7ª Ed. São Paulo: Cortez, 2007. Ciranda de roda Exposição Espaço Arte na Escola 51 Diferentes Formas de Arte e de Contar Histórias Nome da Escola: Escola Básica Municipal Arapongas Título do Projeto: Diferentes Formas de Arte e de Contar Histórias Turmas: 6º ao 9º ano. Professoras: Patricia Regiane Tomaselli Ema Natal E-mail: [email protected] S empre que lemos uma história que nos chama a atenção, viajamos com ela para lugares imaginários e logo damos vida a todos os personagens e a toda a magia nela existente. O mesmo deve acontecer quando se conta uma história para alguém: tentamos criar um ambiente propício para encantar o espectador, fazendo com que ele também se sinta parte dessa história. Eu, professora de Arte, e a bibliotecária indagamos por que não unir a Literatura e a Arte para que, juntas, consigam exaltar a beleza e o ensinamento que uma boa contação de história pode nos trazer? Trabalho como professora de Arte há nove anos na rede municipal de ensino e há três anos coordeno um grupo de percussão musical. Todos os anos, em nosso município, a Secretaria Municipal de Educação promove 52 um evento chamado: Festival Literário, do qual participam todas as escolas de ensino fundamental, apresentando ou assistindo a contações de histórias. Neste ano, o tema escolhido para o festival foi Planeta Literário, sugerindo a troca de conhecimentos em torno de diferentes culturas e a importância da conscientização ambiental. Diante disso, associamos o tema central com a história por nós escolhida - A flor do orvalho, também conhecida como Amaru e a Motanha Watapayana, extraída do livro Contos e Lendas do Peru, da autora Antonieta Dias de Moraes. Este livro traz ensinamentos sobre os povos que mais valorizaram a natureza, neste caso, os povos indígenas peruanos, que muito têm a ensinar sobre seus antepassados e sua riquíssima cultura. O Projeto Diferentes Formas de Arte e de Contar Histórias teve início em março de 2014 e foi até o final do mês de junho. Nossa escola tem 200 alunos e a diretora, sempre muito empenhada, ajudou no que pôde, nesse caso, providenciando os meios necessários à concretização do projeto. Decidimos que confeccionaríamos todo o material necessário para contar a história. Sabíamos que seria um desafio, mas tomamos isso como uma meta Condor e Jaguar de ensino, pois contribuiria ainda mais para as aulas de Arte, afinal, aprender a fazer é muito mais valioso do que comprar pronto. O principal objetivo foi mostrar aos alunos o lado prazeroso da leitura, superando a forma convencional de contar histórias, enriquecidas pela troca de experiências. Havia o desejo de materializar a narrativa, mostrar que é possível transformar imaginação em realidade. Todas as manhãs de quinta-feira, um grupo de quinze alunos reunia-se para encontrar a melhor maneira de contar determinada história. Escrevemos uma adaptação do texto, pois a intenção era apresentar este conto a um grande grupo de crianças cuja idade variava entre 6 e 11 anos. Para isso, utilizou-se uma linguagem mais fácil de ser compreendida. Foram cerca de três meses de pesquisas e ensaios. Os personagens desta história foram representados pelos alunos e um deles foi construído em forma de fantoche, sendo articulado por duas estudantes. A bibliotecária o construiu em espuma, de acordo com a imagem que todos tinham dele: um senhor mais velho, que usava um gorro na cabeça e tinha uma aparência muito engraçada. Ela também assumiu o desafio de criar todos os figurinos para a história, o que o fez com excelência. É importante dizer que, no que diz respeito ao funcionamento da biblioteca, os alunos, em momento algum foram prejudicados, já que a biblioteca da escola funcionou normalmente. Enquanto isso, íamos sempre trocando ideias. Comentávamos sobre os animais nativos do Peru e, enquanto se confeccionavam os ponchos, pesquisávamos sobre como construir um jaguar e um condor, reutilizando-se materiais. Durante o processo da construção, convidamos alguns alunos para participarem deste momento. Aos poucos, as formas foram surgindo. E assim apareceram lindos animais, feitos de jornais, cola e tintas Colagens 8º ANO Filtro dos Sonhos - 9 ANO diversas. Percebemos que quanto maior o número de alunos envolvidos, mais significativos seriam os resultados. Neste sentido, envolvemos quatro turmas de 6º ao 9º ano, cada qual responsável por uma parte do trabalho. A turma do 6º ano contribuiu com a decoração e o cenário. Durante as aulas de Arte, conheceram um pouco mais sobre a América Latina e criaram pequenas esculturas, simbolizando a cultura deste povo. Um grupo se dispôs a desenhar e pintar um grande painel com uma imagem que lembrava as montanhas peruanas. Este cenário foi utilizado como decoração e fez parte da contação da história. Aprenderam também a fazer uma receita mexicana, o guacamole. A turma do 7º ano, por sua vez, aprofundou-se mais no conhecimento da região do Peru. Aprenderam músicas e coreografias que se relacionam com este tema. Posteriormente, o canto e a dança também fizeram parte da história. A maior parte dos alunos que participou da contação de histórias era desta turma. Os alunos do 8º ano representaram os povos indígenas peruanos por meio de pinturas e colagens criadas para exaltar a relação de respeito que deve existir entre o homem e a natureza. Além disso, estes alunos pesquisaram dois artistas no material EcoArt: Antônio Henrique Amaral e Siron Franco, que têm seu trabalho baseado na ideia de preservação do meio ambiente e usam a arte para denunciar a falta de respeito com a natureza. O 9º ano contribuiu com a construção de um instrumento musical: o cajon, que nos auxiliou fazendo a sonoplastia da apresentação. Além disso, outros instrumentos foram acrescentados, como o ukulelê e o chocalho. Pesquisamos também, no decorrer das aulas, o artesanato produzido pelos povos indígenas da América Latina. Um dos escolhidos pela turma foi o filtro dos sonhos e este foi confeccionado e integrado ao cenário da história. Guacamole e painel mexicano com apresentação musical 53 Simultaneamente, ensaiaram-se com o grupo da fanfarra os ritmos de origem latina e estes foram apresentados na contação de histórias. Os primeiros a assistirem à apresentação foram os anos iniciais da nossa escola, que ficaram muito felizes com o que viram e logo foram perguntando quando eles também poderiam contar histórias desse jeito. Depois, levamos o grupo para o Festival Literário, como já era programado. Neste evento, puderam apresentar-se para todos os alunos dos anos iniciais da rede municipal e para os visitantes. O resultado foi muito gratificante e percebia-se nos olhinhos e na reação das crianças o encantamento e o aprendizado obtido com a história apresentada. Assim, as músicas instrumentais, o canto, o teatro, a dança, a criação de figurinos, os fantoches e a produção de cenários tornaram-se fundamentais para a ampliação de repertórios de todos os envolvidos. Podemos dizer que foi por meio de um conto peruano que surgiram diferentes formas de arte e de contar histórias. As produções artísticas dos alunos foram expostas no Espaço Arte na Escola, na Prefeitura de Indaial, e apresentadas na mostra interna da escola. Com força de vontade e muita criatividade, conseguimos fazer tudo que foi planejado para a apresentação, porém algo mais aconteceu: o fato de não possuirmos condições financeiras favoráveis nos levou a construir mais do que suportes materiais; nos fez crescer como educadoras e gerar conhecimentos significativos para nossos alunos. Ao finalizar este projeto, só nos restou o desejo de começar tudo novamente, de buscar novas histórias, de reinventar práticas pedagógicas, pois sabemos que são momentos como estes que ficam marcados na vida destes jovens. Ao mesmo tempo, podemos afirmar que unir a arte e a literatura é dar vida à imaginação. Referências: MORAES, Antonieta Dias de. Contos e Lendas do Peru. São Paulo: Martins Fontes 2001. CALDIN, Clarice Fortkamp. O bibliotecário, a criança e a literatura infantil: algumas ponderações. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina. Santa Catarina, v. 6, n. 1, p.111-128, 2001. ECO ART. Disponível em: < http://artenaescola.org.br/ecoart/>. Acesso em: 15 abril 2014. INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012. Dança Peruana 54 55 Vinicius de Moraes: de cinco a cem... Unidade de Educação Infantil Polaquia Projeto: Vinicius de Moraes: de cinco a cem... Turma: 5 anos Professora: Adelir Aparecida Quintino Zimmermann E-mail: [email protected] O Festival Cultural da Educação Infantil, inserido no calendário da Secretaria de Educação que faz parte das propostas pedagógicas das unidades, em sua IV edição, trouxe como tema “Cem Anos de Vinicius de Moraes”. Para melhor envolver as crianças nesse contexto e nas linguagens da Arte, foi apresentada a história de vida, as músicas e poesias criadas por este poeta e compositor brasileiro, além de ser sugerida a confecção do “Porta Poesias” - álbum que documenta as criações do homenageado. Os registros foram feitos por meio da escrita e do desenho, e este conteúdo foi ganhando sentido, movimentou-se e incorporou-se ao tempo e aos espaços do ambiente. Ouvir Vinicius de Moraes, em diferentes vozes, durante conversas, desenhos e brincadeiras, tornou-se prática comum. Isso inspirou-nos à realização de um sarau no dia do “Circuito Especial”- um evento cultural, previamente agendado no calendário da unidade. O ambiente foi carinhosamente preparado pelas crianças que confeccionaram lindos castiçais de garrafa PET. Sob a luz de velas e o aconchego do ambiente, os familiares puderam apreciar as obras do grande poeta nas vozes dos seus pequenos. Ao explorar as linguagens poética e musical nas obras do artista, eis que surge na música “A Casa”, uma bela oportunidade para demonstrar às crianças a tridimensionalidade na Arte. Adentramos, portanto, o mundo da representação e a criança recebe o convite de construir uma casa com a colaboração dos familiares. Na data estabelecida para a entrega, um grande temporal atinge a região, comprometendo as estradas. O transporte coletivo não consegue acesso ao Morro da Polaquia, tendo de ser substituído por automóveis. Uma grata e bela surpresa: cada carro que chegava à unidade transportava não somente crianças, mas casas de todos Coleta de resíduos da natureza 56 os tamanhos e formas. Que maravilha! Construídas em papelão, isopor, madeira e palitos, demonstraram a criatividade e as diversas possibilidades encontradas pelas famílias para contribuir com a proposta. A dedicação com este fazer e o número expressivo das famílias que participaram, trouxe particularmente a mim, professora, um sentimento de surpresa e magia. Mais que uma tarefa executada, a atividade mostrou as possibilidades de envolvimento, responsabilidade, participação e desejos compartilhados entre as famílias e a unidade. Como complementação deste fazer artístico e também como forma de agradecimento pelo envolvimento das famílias, uma exposição do trabalho foi planejada e organizada nas rodas de conversa. Uma criança sugeriu que construíssemos uma estrada bem grande. Mas por onde seguir com esta construção? Que materiais utilizar? O movimento Land Art, expressão que pode ser traduzida como “Arte da Paisagem” ou “Arte Terrestre”, foi a resposta encontrada por meio do site EcoArt, sugestão obtida na formação Arte na Escola. Novamente contando com a colaboração das famílias, as crianças seguem com uma nova pesquisa do tema. Os comentários foram chegando, mesmo antes do tempo previsto. V. falou das obras feitas com areia. W. disse que a irmã digitou e ele clicou nas imagens e a que mais chamou sua atenção foi a de um “caracol” feito em cima da água, despertando bastante curiosidade nas crianças. L. trouxe imagens impressas em uma pasta e imagens digitais em DVD para socializar com os amigos. Durante a apreciação das representações das obras, foi selecionada a imagem “Plataforma Espiral” (SpiralJetty), de Robert Smithson (1970), construída no Grande Lago Salgado, em Utah, nos Estados Unidos, como fonte de inspiração. Para aguçar o olhar sensível à beleza artística, um passeio foi realizado pela redondeza e, na natureza, foi encontrada a matéria-prima a ser utilizada na construção do trabalho: folhas de coqueiro, cacho de coco seco, galhos e folhas diversas, que foram coletados e levados até a unidade, com muito esforço e criatividade dos pequenos, que aproveitaram as folhas de coqueiro para se protegerem do sol. Instalação 57 Durante o passeio, L. sugeriu que pintássemos todo esse material com as cores do arco-íris. Como nem todas as cores eram conhecidas pelas crianças, surge uma nova oportunidade de pesquisa. As cores e misturas conquistam a atenção do momento e o laranja, o anil e o violeta são descobertos. A sala foi transformada durante boa parte do tempo em oficina de pintura. Finalmente, chegou o grande dia da exposição, mas como o fazer artístico depende, necessariamente, de um bom tempo climático, tudo foi realizado e registrado durante a semana e apresentado aos pais com o auxílio de fotos e vídeo, no dia 31 de agosto, quando a unidade estava em festa. Posso afirmar que este projeto contemplou a presença da Arte enquanto processo vivido e marcado na experiência corpo inteiro, conforme Moreira (2002). Por meio dos relatos das crianças e pais, identifiquei o quanto deste fazer artístico integrou e movimentou a rotina da unidade e também das famílias. Eles comentaram que, para a realização da tarefa, buscaram ajuda de amigos, parentes e vizinhos. Enfim, juntos traçamos o roteiro e embarcamos numa viagem rumo ao desconhecido. Com direito a estranhamentos e incertezas, experimentamos e vivenciamos momentos com a Arte em sua totalidade. Referências: MOREIRA, Ana Angélica Albano. O espaço do desenho: a educação do educador. 9. ed. São Paulo: Loyola, 2002. BARBOSA, Ana Mae. Tópicos utópicos. Belo Horizonte: Editora C/Arte, 1998. CAMPOS, Neide Pelaez. A construção do olhar estético-crítico do educador. Florianópolis: Editora da UFSC, 2002. INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012. MOREIRA, Roseli. O tridimensional: dimensões para arte e educação. Blumenau: Nova Letra, 2012. OSTETTO, Luciana Esmeralda. Arte, Infância e formação de professores: Autoria e transgressão. 7ª Ed. Campinas: Papirus, 2011. TIRIBA, Lea. Crianças na natureza. Disponível em: <portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task...>Acesso em: 17 jun.2013. Construção do fazer artístico Plataforma Espiral de Robert Smithson -1970 58 Sarau Cultural 59 Vida e Identidade Escola Básica Municipal Juvenal Carvalho Projeto: Vida e Identidade Turmas: 4º e 5º ano Professora: Maria Aparecida Laemmel E-mail: [email protected] A o responder a uma demanda de alunos que vem de diferentes regiões de Santa Catarina e outros estados, discutimos assuntos muito próximos da realidade da nossa escola, a exemplo do preconceito, da diferença social e do racismo, contemplados nos temas transversais. Para isso, utilizamos um dos indicadores de aprendizagem de nossa Proposta Curricular , a arte indígena. Durante as pesquisas sobre as etnias indígenas, ficamos encantados com as maneiras de estes pintarem o corpo com tanta pureza. Resolvemos, então, delimitar uma parte importante da comunicação indígena, a pintura corporal. Pela compreensão da cultura indígena brasileira e sua forma de comunicação com a pintura corporal foi possível mostrar aos alunos como os indígenas viveram e vivem e como produzem sua arte, respeitando seus hábitos e costumes. Durante as aulas, discutimos sobre a arte indígena, explorando a cultura e seus diversos modos de produção junto aos elementos da visualidade. Fizemos modelagem de alguns potes de artesanato com cerâmica, refletimos acerca de conceitos e características, inserimos alto e baixo relevo. Com isso, percebemos diferentes maneiras de executar a cestaria e com recorte e colagem construímos máscaras. Nesse processo, ressaltamos a importância da teoria das cores, através da pesquisa dos pigmentos naturais e das cores quentes e frias. Exploramos a forma com a simetria e assimetria. Conhecemos costumes, música, dança, culinária, festas e aprendemos sobre a bodyart. Com o vídeo do antropólogo Darci Ribeiro, aprofundamos nossos conhecimentos sobre a cultura indígena. Descobrimos que na pintura corporal ou no grafismo indígena cada etnia tem sua própria representação. Pintam o corpo para enfeitá-lo, para defendê-lo contra o sol, os insetos e os espíritos maus. Cada tribo e cada família desenvolve padrões de pintura fiéis ao seu modo de ser. Os desenhos percebidos na pintura corporal são retirados da vivência dos índios com a natureza, como nas plantas do cipó escada, folhas do açaí ou dos animais, como o peixe, o jacaré, a serpente, a formiga saúva, o caramujo entre outros. Ouvimos músicas indígenas, cantadas por crianças. Pesquisamos no site do Projeto Arte na Escola a coleção Eco Art e, a partir da leitura das obras dos artistas Victor Hugo Arazabal - “Amazônia” e Siron Franco“Animais em Extinção”, passamos à produção artística. Preparamos desenhos sobre a pintura corporal e as peles de animais em extinção. Chegamos à pintura final com as cores simbólicas e a relação com a natureza. Exploramos a materialidade utilizando diferentes suportes, como telhas que ganharam cores e linhas. A duração deste projeto foi praticamente de um bimestre, aproximadamente dezesseis aulas. Alguns alunos avaliaram o percurso do trabalho com depoimentos, a exemplo dos que seguem: Produção Artística 60 61 O Projeto Vida e Identidade foi exposto no Espaço Arte na Escola, situado na Prefeitura de Indaial e apresentado na Mostra Interna Escolar. Além de painéis, em uma estrutura vertical, com mesas circulares em MDF, as produções artísticas, em telhas doadas pela diretora da Unidade de Ensino e pintadas com tinta PVA, foram cuidadosamente colocadas, criando um ambiente de beleza e mistério. Referências: CARVALHO, Ricardo Artur Pereira de. Grafismo Indígena: Compreendendo a representação abstrata na pintura corporal Asurini. Projeto de conclusão de curso em Desenho Industrial – Comunicação Visual. Disponível em: http://www.ricardoartur.com.br/GrafismoIndigena.pdf Acesso em 17 maio 2015. Estrutura Vertical Eu aprendi que os índios são pessoas especiais. Eu achei os trabalhos de arte indígena espetaculares! Valeu a pena fazer tantos trabalhos até chegar no final. Aprendi que os índios conversam com os espíritos e fazem seu grafismo igual pele dos animais. (Dennis Zandoná – 4º ano 1). Eu aprendi que os índios são pessoas importantes. Eu não sabia que eles podiam se comunicar através de suas pinturas corporais. (Yohana G. Camargo – 4º ano 1). Eu aprendi que devemos tratar bem os índios, porque eles são seres humanos iguais a nós, mas com jeito de viver diferente. Também aprendi que os índios são exemplos para nós, ao cuidar da natureza. Minha avó é índia, nascida em José Boiteux – SC. (Carla Thauane de Zeferino – 4º ano 2). 62 Apreciação no Espaço Arte na Escola GOMES, Denise Maria Cavalcante. Cerâmica Arqueológica. Vasilhas da Coleção Tapajônica MAE-USP. São Paulo: FAPESP/EDUSP/Imprensa Oficial de São Paulo, 2002. ECO ART. Disponível em: < http://artenaescola.org.br/ecoart/>. Acesso em: 12 mar. 2014. INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012. VILLAS BOAS. Arte Indígena. Disponível em: <http://br.images.search.yahoo.com/yhs/search;_ylt=A0LEVjlxEjFVmtIA9i0f7At.;_ylu=X3oDMTBsa3ZzMnBvBHNlYwNzYwRjb2xvA2JmMQR2dGlkAw--?_adv_prop=image&fr=yhs-iry-fullyhosted_003&va=villas+boas+arte+indigena&hspart=iry&hsimp=yhs-fullyhosted_003 >. Acesso em: 17 abril 2015. Recortes de Leda Catunda [DVD]. DVDteca Arte Na Escola. São Paulo: Produção SESC TV, 2001. Pajerama [DVD]. Ministério da Cultura. Brasil: Glaz Entretenimento, 2008 Visita ao Espaço Arte na Escola Grafismo e Pinturas Indígenas [Vídeo]. Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=88LFzg7bLKM Acesso em: 17 abr. 2015. Índios no Brasil. 1. Quem são eles? [vídeo]. Brasil: TV Escola/MEC/Vídeo nas Aldeias, 2000. Disponível em: http://www.videonasaldeias.org.br/2009/video.php?c=83 Acesso em: 17 abr. 2015. Produção Artística Mistura e Invenção Aspectos da Cultura Brasileira – Darci Ribeiro [vídeo]. Brasil: Itaú Cultural, 2009. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SszH1iNUm3U Acesso em: 17 abr. 2015. 63 São Tantas Emoções Unidade de Educação Infantil Carijós Projeto: São Tantas Emoções Turmas: 4 anos Professora: Loreni Graziela Bittelbrunn e a relacionar-se com as pessoas, em diferentes ambientes. Neste caso, propor brincadeiras que desenvolvam o lado afetivo de maneira lúdica e prazerosa, abordando a Arte, é essencial na Educação Infantil. Neste momento, há um salto qualitativo no nível de interação, levando-se em conta que a linguagem oral está mais desenvolvida. Assim, os pequenos expressam seus desejos, ideias e sentimentos, colaborando de maneira ativa para desenvolver qualquer proposta nos espaços da Educação Infantil. Ao mesmo tempo, é preciso ter ciência de que: Grazi Homenagem Póstuma 20/07/1981 11/10/2014 O Projeto São Tantas Emoções foi realizado nos meses de março a abril de 2012, com a turma de quatro anos. Teve como principal objetivo contemplar propostas que envolvessem as linguagens da arte, de diferentes maneiras, estabelecendo relações com os sentimentos de cada criança envolvida. Trabalhar aspectos afetivos na Educação Infantil é fundamental. Aos quatro anos de idade as crianças estão em pleno desenvolvimento, aprendendo a interagir 64 A função da Educação Infantil compreende duas ações indissociáveis: Cuidar e Educar. O cuidar envolve as ações afetivo-emocionais entre adultos e crianças que partilham os espaços aprendentes das Instituições de Educação Infantil. O educar envolve as ações sistematicamente planejadas, focadas em objetivos que visam à ampliação do repertório cultural das crianças. No entanto, não são ações estanques, são interdependentes. (FRANCISCO, 2012, p. 6). ciando as Emoções” e “São Tantas Emoções”. Este último, baseado no nome de uma música de Roberto Carlos, que havíamos escutado várias vezes. Por fim, “São Tantas Emoções” foi o nome escolhido pela maioria do grupo. Diferentes linguagens da Arte estiveram presentes neste projeto, por meio da pintura, da dança, da dramatização e do desenho, elaboradas a partir de algumas imagens. Após conhecerem algumas obras de Van Gogh, as crianças realizaram autorretratos; na dança, protagonizaram personagens a partir da canção “O cravo brigou com a rosa”; dançaram com a música “Emoções”, de Roberto Carlos, e, na dramatização, com o jogo teatral, imitaram faces tristes, felizes, amedrontadas e com raiva. Todas as linguagens da Arte contribuem para o desenvolvimento integral e, ao serem abordadas nas propostas da Educação Infantil, tendem a instigar o senso de criatividade e imaginação e ampliar o repertório cultural de cada criança. De acordo com Pillotto (2007, p. 21), “[...] a criação baseada nas linguagens da arte contribui para as construções e vínculos afetivos da criança, ao mesmo tempo em que lhe permite flexibilidade e interesse no engajamento em atividades sociais e culturais”. O trabalho diário desenvolvido na unidade com este projeto foi significativo. As crianças tiveram a oportunidade de vivenciar experiências estéticas e artísticas como desenhar, observar imagens de algumas obras de arte, pintar com tinta guache, papéis e o corpo, modelar esculturas, ouvir e dançar ao som de boas músicas. Oferecemos uma experiência em que as crianças se expressaram por meio do desenho e da pintura na tenda plástica, estrutura grande, transparente, que foi pendurada, na qual as crianças pintaram com diferentes materiais. Confeccionamos almofadas da felicidade, o que levou a fazer a festa da chuva de jornal picado. Construímos um túnel com madeira e papel pardo que, ao ser explorado, oferecia texturas diferentes no chão, no qual as crianças passaram de olhos vendados. Toda semana era feita uma roda de conversa para avaliar se as crianças estavam gostando das propostas e o que poderia ser feito de diferente. Neste momento, eram apresentadas as brincadeiras que seriam realizadas. As etapas de desenvolvimento do projeto passaram por um planejamento prévio, levando em consideração a aceitação das atividades por parte da turma. Neste processo, foram feitas perguntas, como por exemplo: O que te deixa triste? Assim, as crianças foram relatando o que as deixava tristes, da mesma maneira com os demais sentimentos abordados (raiva, medo, felicidade). Para complementar as discussões e reflexões, com o auxílio dos pais, pesquisaram o assunto em revistas, jornais, internet, para associarem os sentimentos que por vezes temos, em relação às notícias e à vida cotidiana. Como forma de registro, fizemos um portfólio, chamado de “Livro das Emoções”, confeccionado com a turma, com intuito de registrar as vivências e reflexões do processo. Toda semana, uma criança levava o livro para casa e seus familiares participavam da sua confecção, atentos no que estava acontecendo. O livro ficava exposto para que cada criança o pegasse a qualquer momento para olhar ou até mesmo fazer algum desenho. Desta forma, percebiam seu desenvolvimento por meio de fotos e textos lidos por mim. Outras turmas da Unidade integraram-se ao projeto nas mostras de trabalhos, nas danças e nas dramatizações. Muitas foram as conquistas, sendo algumas delas a harmonia da turma e a percepção dos sentimen- Nesse sentido, desenvolver propostas criativas e prazerosas juntamente com as crianças é um dos meios para que cresçam de forma integral. Ao partir da problemática que focava a necessidade de trabalhar sentimentos como raiva, amor, felicidade, medo e tristeza, iniciamos um diálogo para identificar o que as crianças pensavam sobre desenvolver brincadeiras que conseguissem explorar tais emoções. Para a escolha do nome do projeto, optou-se por realizar uma votação, pois tínhamos dois nomes: “VivenLivro das Emoções 65 Almofada da felicidade - picando jornais Tinta e bolinha de papel para expressar a raiva tos abordados. Em alguns momentos, na sala de aula, pode-se observar crianças brincando com livros e fazendo comentários pertinentes: “olha, profe, essa menina da história tá triste, né?” Então, questionando por que ela estaria triste, prontamente a criança respondeu: “Tem lágrimas no rosto dela”. As crianças vivenciaram momentos únicos, participando ativamente das reflexões com a professora. A Arte foi fundamental para que expressassem com tranquilidade e diversão cada momento. Este projeto foi apresentado para os professores que participavam do Grupo de Estudos do Projeto Arte na Escola, na FURB – Universidade Regional de Blumenau, no I Seminário de Relatos de Experiências na Câmara de Vereadores de Indaial. Os registros deste projeto, realizados por meio de fotos, vídeo e do Livro das Emoções foram expostos no Espaço Arte na Escola – Educação Infantil, na Prefeitura de Indaial. Referências: INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012. PILLOTTO, Silvia Sell Duarte. Linguagens da Arte na Infância. Joinville: Univille, 2007. FRANCISCO, Adilson de Angelo Lopez. Faz tempo que você é velhinho? Das memórias do vivido nos encontros e encantamentos com a rede de educação infantil de Gaspar. Revista Infância. Ano I, nº 1, fev, Secretaria Municipal de Educação, Gaspar/SC, 2012. Túnel das sensações 66 Túnel das sensações 67