ESPÉCIES NÃO TRADICIONAIS E ESPÉCIES INDESEJÁVEIS NA COMPOSIÇÃO
DA ARBORIZAÇÃO DE RUAS
Rogério Bobrowski1, Daniela Biondi2
¹Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Departamento de
Engenharia Florestal, Irati-PR, [email protected]
²Universidade Federal do Paraná (UFPR), Departamento de Ciências Florestais,
Curitiba-PR
Recebido em: 30/09/2013 – Aprovado em: 08/11/2013 – Publicado em: 01/12/2013
RESUMO
A diversificação na composição da arborização de ruas é um dos fatores do seu
planejamento e gestão. Entretanto, a introdução de espécies incompatíveis com as
estruturas urbanas ou com potencial de causar danos e problemas é comum em
cidades com arborização planejada e em cidades sem planejamento específico para
isso. O objetivo desta pesquisa foi avaliar e analisar a composição da arborização de
ruas de Curitiba quanto à presença de espécies não tradicionais e de espécies
indesejáveis. Foram avaliadas quinze unidades amostrais de um inventário da
arborização de ruas realizado no ano de 2010. Observou-se 75 espécies não
tradicionais na arborização de ruas com 22,67% delas utilizadas como padrão de
plantio em diferentes cidades brasileiras. Além disso, 63,79% delas possuem algum
motivo para serem consideradas como indesejáveis à arborização de ruas. As
famílias Araucariaceae, Cupressaceae, Pinaceae e Taxodiaceae contemplaram 12
espécies indesejáveis à arborização de ruas. Todas as unidades amostrais
apresentaram mais que 50% das espécies com menos de cinco indivíduos
amostrados. Houve alta correlação linear (0,76) entre o total de espécies não
tradicionais e o total de espécies indesejáveis (p-valor 0,0011) e alta correlação
(0,76) entre o total de espécies indesejáveis e o total de espécies com menos de
cinco indivíduos amostrados (p-valor 0,0011). Infere-se que é elevada a quantidade
de espécies indesejáveis presentes na arborização de ruas analisada e que as
mesmas tendem a adicionar espécies com potencial para causar conflitos e danos à
estrutura urbana e às pessoas.
PALAVRAS-CHAVE: plantios irregulares, gestão da arborização de ruas, conflitos
da arborização de ruas
NON TRADITIONAL SPECIES AND UNDESIRABLE SPECIES ON URBAN
FOREST COMPOSITION
ABSTRACT
Species diversification on urban forest composition is one of the factors of its
planning and management. However, introduction of incompatible species to urban
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structures or species with potential to cause damages and problems is common in
cities with planned urban forest and in those without an specific planning for that. The
objective of this research was to do an evaluation and the analysis of Curitiba's urban
forest composition related to the presence of nontraditional and undesirable species.
Fifteen unit samples were evaluated from an inventory of urban forest realized in
2010. It was observed 75 nontraditional species on urban forest with 22.67% of them
used as planting pattern in different Brazilian cities. In addtition, 63.79% of them
have some reason to be considered undesirable to urban forest. Araucariaceae,
Cupressaceae, Pinaceae and Taxodiaceae families contemplated 12 undesirable
species to urban forest. All unit samples presented more than 50% of species with
less than five trees sampled. There was high linear correlation (0.76) between total
values of nontraditional species and undesirable species (p-value 0.0011) and high
correlation (0.76) between total values of undesirable species and species with less
than five trees sampled (p-value 0.0011). It is inferred that the quantity of undesirable
species present on urban forest analyzed is high and that them add species with
potential to cause conflicts and damages to urban structure and to people.
KEYWORDS: irregular planting, urban forest management, urban forest conflicts
INTRODUÇÃO
O planejamento da arborização de ruas visa a obtenção de diversos
benefícios, sejam estes ambientais, estéticos, psicossociais ou econômicos
(BOBROWSKI & BIONDI, 2012a). Dentre esses benefícios pode-se citar a redução
da amplitude térmica das ruas, o controle da incidência de radiação solar e a
percepção do efeito estético proporcionado tanto pela coloração da floração quanto
pela textura da folhagem e silhueta de copas, quando se utiliza um mesmo padrão
de composição em uma rua (BOBROWSKI & BIONDI, 2012b).
Outra fonte possível de benefícios é a diversificação de espécies que está
entre os principais objetivos almejados no planejamento da arborização urbana
(NAGENDRA & GOPAL, 2010; KENNEY et al., 2011; BOBROWSKI & BIONDI,
2012a). A promoção de maior diversidade, como forma de se buscar a
sustentabilidade da arborização, pode controlar e evitar problemas com pragas e
danos consequentes (SILVA FILHO & BORTOLETO, 2005) e pode garantir a
amplitude das relações ecológicas com outras espécies, principalmente a avifauna,
pois segundo BIONDI (2011) quanto maior a diversidade de espécies vegetais,
maior a probabilidade de instalação de uma fauna mais diversificada.
Parte da diversidade observada na arborização de ruas provém de plantios
realizados voluntariamente pela população (BOBROWSKI & BIONDI, 2012a), pois
ainda são incipientes as pesquisas e a introdução de novas espécies na arborização
de ruas de cidades brasileiras por parte dos órgãos públicos responsáveis (BIONDI
& LEAL, 2009), mesmo estes sendo os responsáveis pela gestão da arborização
urbana.
Se por um lado a contribuição da população aumenta a riqueza específica de
espécies e contribui com os valores dos índices de diversidade (BOBROWSKI,
2011), por outro o plantio sem a devida orientação pode comprometer o trabalho de
planejamento da arborização e interferir na qualidade dos benefícios
proporcionados, por introduzir espécies diferentes daquelas adotadas como padrão
de plantio pela prefeitura municipal (BOBROWSKI & BIONDI, 2012).
Isso tende a potencializar problemas como a disseminação de espécies
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p. 1294
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exóticas invasoras, danos às calçadas e outras estruturas urbanas, por
incompatibilidade da espécie com as condições locais de plantio, e diluição do efeito
estético proporcionado pela uniformização do plantio em uma rua (SUCOMINE &
SALES, 2010; BOBROWSKI & BIONDI, 2012).
Neste sentido, o objetivo do trabalho foi efetuar o levantamento e
caracterização das espécies não tradicionais plantadas na arborização de ruas de
Curitiba, bem como, daquelas que são indesejáveis e que tem maior potencialidade
de causar conflitos com as estruturas urbanas.
MATERIAL E MÉTODOS
Caracterização da área de estudo
A presente pesquisa foi realizada na cidade de Curitiba, capital do Estado do
Paraná, Brasil, a qual está localizada na porção leste do Estado, no primeiro planalto
paranaense entre as coordenadas 25°25’48”S e 49°16’ 15”W.
A cidade está inserida dentro da região fitogeográfica da Floresta Ombrófila
Mista que compõe o Bioma da Mata Atlântica, entremeada por pequenos fragmentos
de Estepe Gramíneo-Lenhosa (BOBROWSKI & BIONDI, 2012a).
A preocupação com a implantação da arborização de ruas de Curitiba iniciou
a partir do século XIX, com as primeiras sugestões e plantios, sendo que somente
em 1967 houve preocupação com a ordenação do plantio introduzindo-se espécies
nativas em conjunto com aquelas já tradicionalmente utilizadas (BIONDI &
ALTHAUS, 2005).
Procedimentos metodológicos
A obtenção de dados para a pesquisa se deu sobre as mesmas unidades
amostrais do inventário da arborização de ruas conduzido por MILANO (1984), em
Curitiba, Paraná.
Para a localização e remedição das parcelas, no ano de 2010, foram
utilizadas cópias dos croquis de campo originais que possuíam pontos de amarração
definidos e demarcados pelo inventário anterior. Estes pontos correspondiam a
distâncias entre os eixos periféricos de cada parcela em relação às esquinas, de
cada lado das ruas avaliadas.
A coleta de dados consistiu em verificar as árvores que estavam dentro dos
limites da área amostral de cada parcela, anotando-se os dados por rua avaliada. A
identificação das espécies foi realizada prioritariamente a campo, no momento da
coleta de dados. Para as espécies não identificadas, parte de ramos com folhas
foram coletadas, herborizados e encaminhados ao Museu Botânico da Prefeitura
Municipal de Curitiba para identificação por meio de comparação de exsicatas.
Considerou-se como espécie não tradicional, na arborização de ruas de
Curitiba, aquelas que não são produzidas e plantadas pela prefeitura municipal. As
espécies indesejáveis foram consideradas como aquelas que apresentam algum tipo
de inconveniente de ordem ecológica ou botânica como: espinhos, frutos grandes,
porte excessivamente grande, caráter invasor no ecossistema local, etc. A análise
da regularidade dos plantios seguiu orientação de MILANO (1984). Para este autor a
regularidade consiste na padronização de plantio em uma rua, mantendo-se a
mesma espécie por trecho de rua avaliado. Para as espécies não tradicionais foi
verificado se havia relato de observação das mesmas nos inventários da arborização
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p. 1295
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de ruas de cidades brasileiras.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 apresenta a listagem das espécies não tradicionais plantadas na
arborização de ruas de Curitiba. Do total de espécies com essa característica
encontradas na cidade (75 espécies), constatou-se que 17 delas (22,67%) são
utilizadas na arborização de ruas de alguma cidade brasileira como padrão de
plantio adotado pela municipalidade e não apenas como contribuição voluntária feita
pela população.
As famílias botânicas com maior número de espécies não tradicionais foram
Fabaceae, com oito espécies (10,67%), Myrtaceae, com sete espécies (9,33) e
Cupressaceae, como seis espécies (8,00%). Com relação às espécies indesejáveis,
as famílias com maior representatividade foram: Cupressaceae, com seis espécies
(13,95%) e Moraceae, com quatro espécies (9,30%), seguidas por Fabaceae,
Rosaceae e Rutaceae, todas com três espécies cada (6,98%). Somando-se as
famílias de gimnospermas (Araucariaceae, Cupressaceae, Pinaceae e
Taxodiaceae), que agregam coníferas de grande porte e modelo arquitetural do tipo
ortotrópico monopodial, constata-se a existência de 12 espécies indesejáveis à
arborização de ruas (27,90%). Para estas famílias de gimnospermas, CARVALHO et
al. (2010) encontraram grande quantidade de indivíduos nas calçadas do bairro
Santa Felicidade em Curitiba, Paraná.
Nesta mesma tabela está indicada a existência de 43 espécies indesejáveis
na arborização de ruas (57,33%), por motivos diversos. Destas espécies, destacamse sete que são encontradas como padrões de plantio na arborização de ruas em
cidades brasileiras: Ficus benjamina (ficos), Leucaena leucocephala (leucena),
Ligustrum lucidum (alfeneiro), Mangifera indica (mangueira), Nerium oleander
(espirradeira), Spathodea campanulata (espatódea) e Tecoma stans (amarelinho)
(LIMA, 2009; BARROS et al., 2010; PIRE et al., 2010; BOBROWSKI, 2011).
As espécies L. lucidum e L. leucocephala são encontradas como padrão de
plantio na arborização de ruas da cidade de Curitiba, porém deixaram de ser
plantadas pela prefeitura municipal em virtude de seu caráter invasor e devido à
atual política ambiental do município que prioriza o uso de espécies florestais nativas
(BOBROWSKI, 2011).
Dentre os motivos para enquadramento das espécies como indesejáveis à
arborização de ruas foram considerados os seguintes, com suas respectivas
proporções em relação ao total de espécies constantes na Tabela 1: declarada
invasora (14,67%), possui espinhos (9,33%), possui frutos grandes (13,33%), porte
excessivamente grande, > 30m de altura (17,33%), possui eixo ortotrópico e copa
larga ou densa (17,33%), possui crescimento irregular (8,00%), apresenta toxicidade
(4,00%). Conforme a espécie e suas características ecológicas, mais de um motivo
foi observado para enquadrá-la como indesejável à arborização.
Em relação ao total de espécies não tradicionais que são encontradas na
arborização de ruas de cidades brasileiras, 63,79% possuem algum motivo para
serem consideradas indesejáveis. Já em relação às espécies caracterizadas como
não tradicionais e que não são encontradas na arborização de outras cidades
brasileiras, apenas 35,29% possuem algum motivo para serem consideradas como
indesejáveis.
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TABELA 1. Caracterização das espécies não tradicionais e indesejáveis amostradas na arborização de ruas de Curitiba, Paraná, no ano de 2010.
Espécie
Família
Observação
Espécie
Família
Observação
Acacia podalyriifolia A. Cunn. ex G. Don
Fabaceae
NT (a)
Ficus benjamina L.
Moraceae
NT (a), IND (4)
Acer palmatum Thunb.
Sapindaceae
NT (a)
Ficus elastica Roxb.
Moraceae
NT (a), IND (4)
Acer rubrum L.
Sapindaceae
NT (a)
Ficus variegata Blume
Moraceae
NT (a), IND (4)
Annona neosericea H.Rainer
Annonaceae
NT (b)
Grevillea robusta A. Cunn. ex R. Br.
Proteaceae
NT (a), IND (4,5)
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze
Araucariaceae
NT (a), IND (2,3,4,5)
Hovenia dulcis Thunb.
Rhamnaceae
NT (a), IND (1)
Araucaria columnaris Hook.
Araucariaceae
NT (a), IND (6)
Ilex paraguariensis A.St.-Hil.
Aquifoliaceae
NT (a)
Archontophoenix alexandrae (F. Muell.) H. Wendl. & Drude
Arecaceae
NT (a)
Juniperus communis L.
Cupressaceae
NT (b), IND (5)
Bougainvillea spectabilis Willd.
Nyctaginaceae
NT (a), IND (6)
Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit
Fabaceae
NT (a), IND (1)
Caesalpinia echinata Lam.
Fabaceae
NT (a)
Ligustrum lucidum W.T. Aiton
Oleaceae
NT (a), IND (1)
Camellia japonica L.
Theaceae
NT (a)
Lonchocarpus muehlbergianus Hassl.
Fabaceae
NT (b)
Campomanesia xanthocarpa (Mart.) O.Berg
Myrtaceae
NT (a)
Luehea divaricata Mart.
Malvaceae
NT (a)
Carica papaya L.
Caricaceae
NT (a), IND (3)
Malus domestica Borkh.
Rosaceae
NT (a), IND (3)
Carpinus japonica Blume
Betulaceae
NT (b)
Mangifera indica L.
Anacardiaceae
NT (a), IND (3)
Cassia fistula L.
Fabaceae
NT (a)
Morus nigra L.
Moraceae
NT (a), IND (1)
Castanea sativa Mill.
Fagaceae
NT (a), IND (2,4)
Myrcia neorostrata Sobral
Myrtaceae
NT (b)
Cedrela fissilis Vell.
Meliaceae
NT (a)
Myrsine coriaceae (Sw.) R.Br.
Myrsinaceae
NT (a)
Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna
Malvaceae
NT (a), IND (2,4)
Nerium oleander L.
Apocynaceae
NT (a), IND (6,7)
Chamaecyparis lawsoniana (A. Murray) Parl.
Cupressaceae
NT (b), IND (5)
Ocotea puberula (Rich.) Nees
Lauraceae
NT (a)
Chamaecyparis obtusa (Siebold & Zucc.) Endl.
Cupressaceae
NT (a), IND (5)
Persea americana Mill.
Lauraceae
NT (a), IND (3,4)
Citrus limon (L.) Osbeck
Rutaceae
NT (a), IND (2,3)
Pinus caribaea Morelet
Pinaceae
NT (b), IND (1,5)
Citrus reticulata Blanco
Rutaceae
NT (a), IND (2,3)
Pinus taeda L.
Pinaceae
NT (a), IND (1,5)
Citrus sinensis (L.) Osbeck
Rutaceae
NT (a), IND (2,3)
Pittosporum undulatum Vent.
Pittosporaceae
NT (a), IND (1)
Cordyline spectabilis Kunth & Bouché
Asparagaceae
NT (b)
Podocarpus lambertii Klotzsch ex Endl.
Podocarpaceae
NT (a)
Cotoneaster franchetii Bois
Rosaceae
NT (b), IND (6,7)
Populus alba L.
Salicaceae
NT (a)
Cryptomeria japonica (Thunb. ex L. f.) D. Don
Taxodiaceae
NT (a), IND (5)
Punica granatum L.
Lythraceae
NT (a), IND (3)
Cunninghamia lanceolata (Lamb.) Hook.
Taxodiaceae
NT (a), IND (5)
Salix nigra Marshal “Columnaris”
Salicaceae
NT (b)
Cupressus lusitanica Mill.
Cupressaceae
NT (a), IND (4,5)
Sapium glandulosum (L.) Morong
Euphorbiaceae
NT (a)
Cupressus sempervirens L.
Cupressaceae
NT (a), IND (4,5)
Schefflera actinophylla (Endl.) Harms
Araliaceae
NT (a)
Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart.
Bignoniaceae
NT (b)
Schizolobium parahyba (Vell.) S.F.Blake
Fabaceae
NT (a), IND (4,5)
Delonix regia (Bojer ex Hook.) Raf.
Fabaceae
NT (a)
Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B.Sm. & Downs
Euphorbiaceae
NT (b)
Diospyros kaki Thunb.
Ebenaceae
NT (a), IND (3)
Spathodea campanulata P. Beauv.
Bignoniaceae
NT (a), IND (7)
Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl.
Rosaceae
NT (a), IND (1)
Syzygium cumini (L.) Skeels
Myrtaceae
NT (a)
Erythrina speciosa Andrews
Fabaceae
NT (a), IND (2,6)
Tecoma stans (L.) Juss. ex Kunth
Bignoniaceae
NT (a), IND (1)
Eucalyptus cinerea F. Muell. ex Benth.
Myrtaceae
NT (b), IND (1,4)
Thuja occidentalis L.
Cupressaceae
NT (a), IND (5)
Eucalyptus saligna Sm.
Myrtaceae
NT (b), IND (1,4)
Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke
Lamiaceae
NT (a)
Eugenia involucrata DC.
Myrtaceae
NT (a)
Yucca elephantipes Regel ex Trel.
Asparagaceae
NT (a), IND (6)
Eugenia pluriflora DC.
Myrtaceae
NT (b)
Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bureau
Bignoniaceae
NT (b)
Ficus adhatodifolia Schott ex Spreng.
Moraceae
NT (b)
Legenda: NT (espécie não tradicional em Curitiba): a (encontrada na arborização de ruas, no Brasil), b (não encontrada na arborização de ruas, no Brasil); IND (espécie indesejável): 1 (declarada invasora),
2 (possui espinhos), 3 (frutos grandes), 4 (porte excessivamente grande, > 30m de altura), 5 (eixo ortotrópico e copa larga ou densa), 6 (crescimento irregular), 7 (toxicidade). (a) Espécies encontradas
na arborização de ruas de cidades brasileiras, seja provenientes de plantios planejados, seja por contribuição voluntária por parte da população, de acordo com os trabalhos: CADORIN et al.
(2008); RABER & REBELATO (2010); PINHEIRO et al. (2009); ANDREATTA et al. (2011); ROSSATTO et al. (2008); BORTOLETO et al. (2007); ROCHA & BARBEDO (2008); ALMEIDA et al. (2009); BLUM
et al. (2008); SILVA et al. (2008); LIMA & SILVA JÚNIOR (2010); GERHARDT et al.(2011); CARVALHO et al. (2010); OLIVEIRA & CARVALHO (2010); COLETTO et al. (2008); PESTANA et al. (2011);
BOENI & SILVEIRA (2011); MIRANDA & CARVALHO (2009).
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As espécies exóticas invasoras plantadas na arborização de ruas são
problemas potenciais para as áreas verdes e grandes remanescentes florestais
urbanos, pois incrementam a dispersão de sementes, principalmente pela
avifauna, para áreas onde a composição e diversidade de espécies deve ser
apenas daquelas típicas do ecossistema local. Espécies com eixo ortrotópico
monopodial se tornam problemas quando plantadas sob fiação de transmissão
de energia elétrica, pois não se consegue conduzir a copa para que a mesma
ultrapasse a fiação formando o manto verde acima desta. Espécies com porte
excessivamente grande se tornam problema porque precisam de grande
espaço para seu desenvolvimento, além de dificultar as ações de manejo
necessárias às árvores da arborização de ruas.
A Tabela 2 apresenta a distribuição das espécies não tradicionais e das
espécies indesejáveis, por parcela amostrada.
TABELA 2. Frequência absoluta (Fa) e proporção (P) da composição total de espécies, em relação
ao total, para cada unidade amostral, sendo: Tarv (total de árvores); Tesp (Total de
espécies); Tent (total de espécies não tradicionais); Teind (total de espécies
indesejáveis); Tpirr (total de plantios irregulares)
Parcelas
Água Verde
Alto da XV
Bacacheri 01
Bacacheri 02
Bacacheri 03
Bigorrilho
Boqueirão
Centro
Cristo Rei
Jardim Social
Mercês
Portão
Rebouças 01
Rebouças 02
Seminário
Total
Tarv
Fa
P(%)
482
11,06
233
5,34
298
6,83
255
5,85
369
8,46
347
7,96
258
5,92
78
1,79
334
7,66
508
11,65
298
6,83
200
4,59
100
2,29
350
8,03
250
5,73
4360
100,00
Fa
39
22
24
35
57
37
30
13
41
54
33
23
9
29
24
122
Tesp
P(%)
31,97
18,03
19,67
28,69
46,72
30,33
24,59
10,66
33,61
44,26
27,05
18,85
7,38
23,77
19,67
100,00
Fa
13
5
5
13
23
15
13
1
20
29
12
10
2
14
6
75
Tent
P(%)
33,33
22,73
20,83
37,14
40,35
40,54
43,33
7,69
48,78
53,70
36,36
43,48
22,22
48,28
25,00
61,48
Fa
7
6
3
9
16
13
10
1
13
14
9
9
2
9
6
41
Teind
P(%)
17,95
27,27
12,50
25,71
28,07
35,14
33,33
7,69
31,71
25,93
27,27
39,13
22,22
31,03
25,00
33,61
Tpirr
Fa
P(%)
189
39,21
70
30,04
72
24,16
98
38,43
201
54,47
83
23,92
126
48,84
15
19,23
143
42,81
238
46,85
86
28,86
43
21,50
6
6,00
79
22,57
61
24,40
1510 34,63
As maiores proporções de espécies não tradicionais foram observadas
para as parcelas Cristo Rei (48,78%), Jardim Social (53,70%) e Rebouças 02
(48,28%), que estão entre as parcelas com maior número de árvores
amostradas. Porém, os valores descritos são inferiores ao observado em
relação ao total de espécies amostradas, que foi igual a 61,48%.
Com relação às espécies indesejáveis, por parcela amostrada,
constatou-se que as maiores proporções foram observadas para as parcelas
Portão (39,13%), Bigorrilho (35,14%) e Boqueirão (33,33%), sendo que apenas
a última parcela está entre aquelas com maior número de plantios irregulares,
correspondentes aos plantios não realizados pela prefeitura municipal.
A Tabela 3 apresenta os dados de frequência absoluta e proporcional
em relação ao total de espécies que estão representadas por menos de cinco
indivíduos. Observa-se que todas as parcelas apresentam valores maiores que
50% das espécies com menos de cinco indivíduos representantes. As maiores
proporções ocorreram nas parcelas Mercês (75,76%), Bigorrilho (75,68%) e
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Bacacheri 02 (74,29%), sendo todas maiores do que a proporção observada
em relação ao total que foi igual a 52,46%.
TABELA 3. Distribuição das espécies com menos de cinco indivíduos
amostrados, sendo: TE<5ind (total de espécies com menos
de cinco indivíduos arbóreos amostrados; P (proporção)
Parcelas
Água Verde
Alto da XV
Bacacheri 01
Bacacheri 02
Bacacheri 03
Bigorrilho
Boqueirão
Centro
Cristo Rei
Jardim Social
Mercês
Portão
Rebouças 01
Rebouças 02
Seminário
Total
Total Espécies
39
22
24
35
57
37
30
13
41
54
33
23
9
29
24
122
TE<5ind
20
14
14
26
40
28
20
7
27
36
25
17
6
20
17
64
P (%)
51,28
63,64
58,33
74,29
70,18
75,68
66,67
53,85
65,85
66,67
75,76
73,91
66,67
68,97
70,83
52,46
A alta proporção de espécies com menos de 5 indivíduos amostrados
pode ser indicativo das seguintes situações: contribuição da população na
composição da arborização com espécies diversificadas e plantio aleatório;
crescimento de regeneração espontânea, principalmente de espécies exóticas
invasoras; amostragem de pequena porção de uma nova linha de composição
de árvores, que pode corresponder à mudança de padrão de plantio em uma
mesma rua, entre quadras.
Atentando-se para a necessidade de uniformização da composição da
arborização de ruas (SÆBØ et al., 2003; BOBROWSKI & BIONDI, 2012) a fim
de facilitar as práticas de manejo e potencializar os efeitos estéticos pode-se
supor que altas proporções de espécies com menos de cinco indivíduos na
parcela pode ser fator negativo para a consecução dos objetivos almejados,
pois tendem a diluir os efeitos descritos.
Para melhor compreensão dos dados foi realizada análise da correlação
entre as diferentes categorias de enquadramento das espécies, a qual está
apresentada na Tabela 4.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p. 1299
2013
TABELA 4. Análise de correlação múltipla e significância estatística encontrada
entre os dados de Tarv (total de árvores); Tesp (total de espécies);
Tent (total de espécies não tradicionais); Teind (total de espécies
indesejáveis); Tpirr (total de árvores correspondentes a plantios
irregulares); TE<5ind (total de espécies com menos de cinco
indivíduos)
Tesp
p-valor
Tent
p-valor
Teind
p-valor
Tpirr
p-valor
TE<5ind
p-valor
Tarv
0,85
0,0001
0,66
0,0071
0,20
0,4775
0,64
0,0102
-0,02
0,9423
Tesp
Tent
0,71
0,0031
0,31
0,2608
0,84
0,0001
0,20
0,4641
0,76
0,0011
0,56
0,0312
0,50
0,0594
Teind
0,23
0,4157
0,76
0,0011
Tpirr
0,01
0,9718
A análise da correlação entre os dados demonstrou haver correlação
forte, estatisticamente significativa (p < 0,01) entre o total de espécies
amostradas e o total de espécies não tradicionais, bem como entre o total de
espécies amostradas e o total de espécies plantadas irregularmente (p < 0,01).
Isto indica que quanto maior a contribuição da população com plantios
voluntários, maiores podem ser as proporções de introdução de espécies não
utilizadas como padrão da arborização de ruas, no caso da cidade de Curitiba.
De acordo com SUCOMINE & SALES (2010) as iniciativas particulares de
plantios geram um aspecto irregular da arborização, pois introduzem espécies
diferentes e muitas vezes inadequadas, o que pode potencializar problemas e
prejuízos. Este fato é comum em cidades brasileiras, principalmente devido à
falta de planejamento e gestão da arborização de ruas (BOBROWSKI, 2011).
Por outro lado, se a arborização de ruas passasse por um planejamento e
execução mais criterioso a contribuição da população com plantios irregulares
não ocorreria, e desta forma poder-se-ia reduzir problemas como a introdução
de espécies indesejáveis e o comprometimento do efeito estético.
A forte correlação observada entre o total de espécies não tradicionais
amostradas e o total de espécies indesejáveis (p < 0,01) reforça o fato de que
quanto maior a contribuição da população com plantios voluntários, maior a
possibilidade de introdução de espécies indesejáveis que podem causar algum
tipo de problema às pessoas, ao meio ambiente ou às estruturas urbanas. Isso
também pode ser constatado pela análise da forte correlação do total de
espécies indesejáveis com o total de espécies com menos de cinco indivíduos
amostrados.
CONCLUSÕES
A quantidade de espécies indesejáveis presentes na arborização de ruas
analisada é elevada e as mesmas tendem a ser espécies com potencial para
causar conflitos e danos à estrutura urbana e às pessoas.
Os plantios espontâneos efetivados pela população adicionam espécies
não tradicionais e incompatíveis com as estruturas urbanas e com a
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p. 1300
2013
diversidade arbórea nativa.
As principais características indesejáveis das espécies não tradicionais
na arborização de ruas são o tamanho excessivamente grande, possuir eixo
ortotrópico monopodial (coníferas) e ser espécie exótica invasora.
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