ANO II, Edição nº 5 - Publicação Trimestral: Outubro / Novembro e Dezembro 2011 - Preço de Apoio: 1€
N. DL: 335394/11 Aveiro acolheu a Iª Convenção Nacional
Director da Revista: Joaquim M. C. Carlos
Pág. 8 e 9
A imagem da Mesa de Honra que oficializou a abertura da ordem de trabalhos
Especialidades:
Arroz de Marisco à «Solar»
Paelha à «Solar»
Arroz de Tamboril
Caldeirada de Enguias
Bacalhau com Natas
Bife Mar e Terra
Cabrito Assado (em forno de lenha)
Chanfana e Vitela à Caseira (em forno de lenha)
Fondue, etc.
Representante da Carne Maronesa e Marinhoa
Quinta do Simão | Esgueira | 3800-521 Aveiro| Tel. 234 312 240 | Fax 234 314 452 | e-mail [email protected] | www.solardasestatuas.com
Actualidade
Editorial
Porque Doamos
Sangue
Leonor Costa Sardo
Médica da Especialidade de Cirurgia Geral
Afinal?
S
e fosse possível perguntar a todas as
pessoas do planeta o que sentiriam
se salvassem a vida de alguém, se ajudassem na cura de uma doença grave, ou até
se ajudassem uma mãe a dar à luz, a resposta seria com toda a certeza muito positiva. Saberia cada uma dessas pessoas que
o dador de sangue faz tudo isso?
Senão vejamos: sabe-se que a primeira
causa de morte das crianças e jovens é
o trauma (nomeadamente os acidentes
de viação). Estes recrutam cerca de 15%
dos recursos totais do banco de sangue.
A maior parte destes doentes necessita de
transfusões emergentes de grandes quantidades de derivados de sangue, estando
em causa quase sempre a sua sobrevivência. Por outro lado o doente oncológico, que precisa de cirurgia para a cura
da sua doença, frequentemente necessita
de transfusão sanguínea antes, durante e
após a intervenção cirúrgica, de forma a
que o seu organismo possa resistir a todos os procedimentos. O doente que teve
um enfarte e que precisa de realizar um
cateterismo ou colocar uma válvula cardíaca artificial, o doente que precisa de
colocar uma prótese num joelho…estes e
muitos outros dependem da boa vontade
Ficha Técnica da TRIBUNA DA ADASCA
TRIBUNA Nº. 5
de desconhecidos, da motivação que felizmente muitos sentem e que os faz doarem gratuitamente um bem precioso…o
nosso sangue.
E porque precisamos dele afinal? Para
as células do corpo funcionarem, necessitam de receber nutrientes e oxigénio, e
por outro lado de se libertarem dos produtos tóxicos do metabolismo.
De facto, tendo a medicina transfusional
tal importância na vida das pessoas, não
poderia existir sem garantir a segurança
e qualidade máximas do produto que é
doado. Para isso o sangue é submetido a
todo um conjunto de exames e testes de
compatibilidade no sentido de se minimizarem os riscos associados à transfusão, em particular as reacções alérgicas
(exantema, febre, reacção hemolítica
aguda, reacção séptica…). O seu uso deve
ser racionalizado, passando por uma sequência de procedimentos protocolados
de forma a evitar o erro.
O sangue, como quase todas as coisas
importantes da vida, só é valorizado
quando precisamos dele.
Deixo aqui expresso o meu agradecimento a todos os dadores de sangue do
nosso país.
N.I.P.C.: 507 949 145
ANO II * Edição Trimestral * Outubro/Novembro/Dezembro
DESIGN & PAGINAÇÃO: Plural Design
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Joaquim M.C. Carlos
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N. DL: 335394/11
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TIRAGEM: 1.000 Exemplares
Trimestral
Associação de Dadores de Sangue do
Concelho de Aveiro – ADASCA
Distribuição Gratuita aos sócios da ADASCA
PREÇO DE APOIO 1 €
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POLÍTICA EDITORIAL: Os artigos são da inteira responsabilidade dos respectivos autores, cabendo ao
Director a decisão final da publicação dos mesmos em conformidade com a Lei da Imprensa em vigor, e de
acordo com o Estatuto Editorial que rege este órgão de informação para a promoção da dádiva de sangue.
Autoriza-se a transcrição de artigos desde que seja mencionada a sua fonte de origem, ou solicitada por
escrito, caso contrário incorre-se na prática de plágio que é punível criminalmente.
Tempo de
Renovação
Q
uando fazemos um Editorial é nosso propósito chamar a atenção dos leitores
para o assunto mais em
destaque no momento e a que entendemos dar maior relevo nessa edição. Propor à sua reflexão como que a ideia-força
que sintetiza e resume todo o conteúdo
das 16 páginas desta Revista. Tarefa às
vezes bem difícil e hoje ainda mais porque não propomos especialmente um
assunto mas sim três.
Em primeiro lugar, queremos chamar a
atenção para a realização da 1ª. Convenção Nacional de Dadores de Sangue que
a ADASCA promoveu no Dia 23 de Julho
no Auditório do ISCAA, iniciativa inédita
realizada em Aveiro, tendo comparecido
dirigentes associativos dos mais diversos
pontos do País.
Um outro ponto que queremos destacar, é a renovação gráfica da revista que o
prezado leitor tem nas suas mãos, como
pode constatar, com um aspecto mais
juvenil, diversificação de conteúdos, espaços específicos, principalmente no
que diz respeito à colaboração de alguns
médicos do Hospital Infante D. Pedro
de Aveiro.
Sem adulterar o espírito e
a filosofia deste projecto editorial único a nível nacional,
é pois nosso propósito dar
continuidade ao tempo de renovação que se aproxima em
diversas frentes.
Por último, urge implementar uma dinâmica mais social
ao Núcleo de Voluntariado da
ADASCA e, como estamos a
caminhar a passos largos para
a eleição dos novos corpos sociais desta associação, é necessário encontrar sangue novo.
A responsabilização social
que recai sobre a ADASCA
Joaquim Carlos
Director da Tribuna da ADASCA
no mundo da dádiva de sangue não nos
permite ficar de braços cruzados, esperando que as coisas aconteçam, pelo que
sentimos o dever moral de criar espaço
aos mais jovens no sentido de fazerem
parte integrante da futura equipa.
Dia 26 de Novembro a Adasca vai promover uma cerimónia de
Homenagem ao Dr. Álvaro Beleza.
A
Associação de Dadores
de Sangue do Concelho
de Aveiro – ADASCA, vem
por este meio junto de
vós, informar que no próximo dia 26 de
Novembro (sábado) vai promover uma
cerimónia de Homenagem ao Dr. Álvaro
Beleza, com inicio ás 10h e 30m, na Sala
de Plenário do Edifício Sede da Assembleia Municipal de Aveiro (ex-capitania).
A participação nesta Homenagem é
livre, embora seja mais direccionada aos
dirigentes de associações de dadores de
sangue, como ainda a outros promotores para a dádiva de sangue. No sentido
de podermos coordenar as intervenções
dos interessados em estar presentes,
pedimos a todos o enorme favor de se
inscreverem para este dia com alguma
antecedência, para permitir calcular
com exactidão o número de pessoas
comparecentes.
Para tanto basta que nos seja enviado
os nomes completos dos participantes,
seu contactos pessoas, incluindo e-mails, como ainda as funções que cada
um desempenha e, em que associação/
instituição.
Outras notícias sobre esta cerimónia
de Homenagem serão disponibilizadas
no site: www.adasca.pt
Contamos com a vossa comparência,
principalmente daqueles que se identificam com as inovações que foram implementadas no Instituto Português do
Sangue pelo Dr. Álvaro Beleza.
Joaquim Carlos
TRIBUNA DA ADASCA 3
Opinião
Tem a palavra
Cancro Da Mama:
A Importância Da Proximidade
Nos Cuidados
O
cancro da mama é o
principal cancro que
atinge a mulher sendo
que o seu tratamento
passa, inevitavelmente, por cirurgia e tratamento mutiladores. Para
além das consequências físicas do
diagnóstico e tratamento, a mulher
sofre profundas alterações psicológicas e emocionais que interferem
nos diferentes papéis que desempenha na sociedade, afectando globalmente a sua qualidade de vida.
Esta realidade faz com que mulher
veja frustrados os seus planos, ideais e perspectivas futuras. A mulher
necessita de cuidados de saúde que
lhe permitam a adaptação às mudanças físicas, psicológicas e sociais
ocorridas.
Após a alta hospitalar, as mulheres apenas recorrem aos serviços
de saúde aquando do aparecimento de complicações, o que acarreta
elevados custos emocionais, sociais
e financeiros. Os enfermeiros desempenham nesta área um papel
fundamental, proporcionando respostas de qualidade no âmbito da
reabilitação física, do auto-cuidado
e da auto-ajuda.
4 TRIBUNA DA ADASCA
O desenvolvimento de programas na comunidade, dinamizados
por enfermeiros integrados nas
recentemente criadas Unidades de
Cuidados na Comunidade (UCC)
vem, uma vez mais, mostrar a importância dos cuidados de enfermagem na melhoria da qualidade
de vida das pessoas. Estes programas beneficiam da proximidade e
adequação ao contexto vivencial,
permitindo mobilizar todos os recursos disponíveis na comunidade,
em benefício das mulheres. A intervenção dos enfermeiros assenta na prevenção das complicações,
ensino do auto-cuidado após a cirurgia e a facilitação do processo
de adaptação à doença – perspectivando o retorno à vida activa. Urge
Solidariedade
Veia a Veia
Isabel Oliveira
Enfermeira especialista em Enfermagem de Reabilitação
tornar em realidade o desenvolvimento destes programas comunitários, disponibilizando os recursos humanos imprescindíveis, pela
mais-valia social e económica que
representam.
Os decisores políticos devem assumir um
compromisso com a
sociedade, de proximidade aos seus reais problemas, com
medidas concretas e
imediatas.
As mesmas existem e podem minimizar danos dando garantias de
ganhos em saúde. Com uma maior
aposta nos enfermeiros não existem
dúvidas que as sequelas deste tipo
de patologia poderão ser drasticamente minimizadas. Assuma Portugal, de uma vez por todas, a necessidade de dotar os serviços com
o número correcto de enfermeiros
para as necessidades existentes. A
tecnologia por muito sofisticada
que possa ser, não substitui o toque
humano…
A
Unidade, solidariedade,
projecto e execução, foram
os valores de que me apercebi na I.ª Convenção Nacional de Dadores de Sangue, realizada em 23 de Julho de 2011, em Aveiro.
Por unidade, entenda-se viver com
entusiasmo desenfreado, coesão, qualidade, combinação de esforços formando um todo.
Por solidariedade, viver a beleza extraordinária de todos os seres vivos,
festejar esse tesouro fazendo um acordo definitivo de intercâmbio de dar e
receber.
Projecto – deixarmo-nos conduzir,
sonhar, conceber acções, objectivar,
concretizar desafios, encaixar estratégias e técnicas para alcançar uma
meta.
Finalmente, por execução entenda-se pôr mãos à obra.
Hoje assistimos a enormes avanços
tecnológicos, com exigência e rigor
científico crescentes na saúde. Ainda
assim, a necessidade de dádivas de sangue é intemporal.
A disponibilidade de sangue e componentes é vital,
pode curar e/ou
melhorar a condição de vida dos
doentes.
O sangue
que doa mo s é
constituído por
Lúcia Borges
Directora do Serviço de Imuno-Hemoterapia do Hospital Infante D. Pedro
Plasma, Glóbulos Vermelhos,
Leucócitos e Plaquetas.
São obtidos a partir do sangue proveniente da dádiva, por
processos específicos.
A transfusão de Glóbulos
Vermelhos é frequente nas situações em que é necessário
um aumento da capacidade
de transporte de oxigénio. É
variável em função de cada
doente e da sua situação clínica, e tem
como objectivo permitir oxigenação
adequada.
Em caso de hemorragia aguda, a
decisão de transfundir baseia-se nos
sinais de hipovolémia do doente e
na quantidade estimada de perda de
sangue.
A necessidade de transfusão de Plaquetas pode surgir nas situações hemorrágicas devidas a diminuição grave
do número de plaquetas, ou devido a
plaquetas não funcionantes.
A transfusão de Plasma tem indicação nos doentes com hemorragia, ou
submetidos a procedimentos invasivos,
que necessitem de reposição de alguns
factores da coagulação,
O objectivo da Medicina
Transfusional, é garantir
a qualidade do produto,
t ransfundindo com segurança, e a decisão de
transfundir baseia-se neste
objectivo, visando a cura e/ou a melhoria do doente.
Em gráfico, apresentamos o consumo de sangue no Hospital de Aveiro,
desde 2009 até 2011 (os dados de 2011
são apenas até Junho):
Isto só foi possível porque há quem
projecte e execute, porque há solidariedade organizada. Isto só foi possível
porque os dadores de sangue puseram
mãos à obra.
A ADASCA promoveu a I.ª Convenção Nacional de Dadores de Sangue que teve lugar em Aveiro em Julho
de 2011. Com vigor, transmitiu que
está muito feito e muito mais poderá
ser feito se todos quiserem, se todos
colaborarem.
Obrigada ADASCA, pelo percurso
que solidariza as nossas gentes.
TRIBUNA DA ADASCA 5
Reportagem
Zélia e António entrevistados pela Adasca
Loja Biobom no Bairro de Santiago
Tribuna da ADASCA: Há
quantos anos trabalham na
Loja Biobom no Bairro de
Santiago?
António: Trabalho há
12 anos.
Zélia: Trabalho 11 anos
nesta loja e 14 nos Irmãos
Monteiro.
TA: Como descrevem as
características deste bairro, quando o mesmo é tido
como um bairro complicado
do ponto de vista social?
A ntónio: É um ba irro complicado, mas qual é
bairro que não tem os seus
problemas sociais, uns mais
complicados que outros.
Zélia: Depende, há pessoas boas e outras menos
boas como em todo o lado,
até nos bairros considerados de luxo essas diferenças
existem.
T. A: Sendo esta a única loja do bairro que vende carnes, sentem alguma
6 TRIBUNA DA ADASCA
dificuldade de relacionamento com as pessoas que
aqui habitam?
A nt ó n io: Nã o si nt o
qualquer dificuldade com as
pessoas que aqui habitam,
nem com as que aqui vêm
comprar o que necessitam,
temos um relacionamento
pessoal pela positiva.
Z él i a : Não, a c ho a s
pessoas deste bairro boas,
pessoas simples e de fácil
relacionamento, t irando
alguma malta mais jovem
que já se sabe como são, são
jovens com os problemas
que lhes são inerentes, mas,
não são todos iguais, talvez sintam na pele alguma
injustiça social.
T.A: Na vossa opinião o
que devia mudar neste bairro de forma que ganhásse
outra imagem?
A nt ó n io: Na m i n h a
modesta opinião as pessoas deviam respeitar-se
mais umas às outras, não
danificarem aquilo que foi
construído com dinheiros
públicos, para que todos beneficiassem dos equipamentos sociais que aqui foram
colocados.
Zélia: Acho que a imagem deste ba ir ro socia l
podia ser melhorada, pois
transmite um aspecto triste, descuidado, basta irmos
dar uma volta para vermos
como se encontram os espaços verdes, podem ser tudo
menos verdes, não estou a
dramatizar.
T.A: Uma vez que trabalham aqui há muitos anos
conhecem melhor do que
ninguém a maioria dos seus
habitantes, que tipo de conselho querem deixar?
António: Sem crer desempenhar papel de defensor ou de acusador, visando quem quer que seja, o
conselho que posso deixar
é este: que as pessoas se respeitem mais umas às outras,
que sejam mais humildes,
pois acabamos por necessitar todos uns dos outros.
Zélia: Sou da opinião
que deviam dar trabalho a
muita boa gente que a aqui
habita, pois nem todos são
malandros como por aí se
diz, a maior parte dos habitantes sobrevivem graças ao
Rendimento Mínimo Garantido, que para mim é o
máximo, na medida em que
quanto mais filhos têm mais
recebem.
Mais, o Bairro de Santiago devia ser alvo de uma
intervenção psicossocial em
várias áreas, de forma a integrar os mais jovens em actividades que os habilitasse
a adquirir conhecimentos
para o seu ingresso no mercado de trabalho, mas, isso
não se verifica.
António e Zélia em actividade há mais de uma década
TRIBUNA DA ADASCA 7
Nós por cá...
Iª Convenção Nacional de Dadores de Sangue
A Responsabilidade Social da Dádiva de Sangue
e o papel das Associações de Dadores
na Sociedade Contemporânea
Almoço-convívio dos participantes na Convenção
Mesa que acompanhou a ordem de trabalhos da Convenção
Nos dias que correm assumir a
responsabilidade pública por aquilo
que faz, diz, escreve e se decide é
de suspeitar da sua saúde mental,
se tivermos em conta que os valores
morais e sociais estão cada vez mais
adulterados.
A responsabilidade é como uma
faca de dois gumes, ninguém se quer
magoar com ela. De um lado está a
responsabilidade em si, e do outro
está a recompensa. Alguns de entre
nós estão apenas interessados num dos
lados, provavelmente o da recompensa.
Assumir a responsabilidade implica
três coisas:
1 – Aceitar que a
responsabilidade também é
nossa.
2 – Deixar bem claro
perante quem somos
responsáveis.
3 – Agir sempre de forma
responsável. Não há
desculpa perante nós e
perante os que nos «safe»
disto.
Quando fui confrontado nos Dias
14 de Junho (Dia Mundial do Dador
de Sangue), e posteriormente no
dia 27 do mesmo mês, com duas
notícias bombásticas no Jornal de
Notícias, que na altura classifiquei
de bomba H e, seguidamente com
uma onda de questões que me foram
sendo colocadas por dadores e não
dadores de sangue, devo dizer que
me senti invadido por um conjunto
de sentimentos que são de todo
impossíveis de descrever, mas, na
verdade arrepiei-me diversas vezes.
Andei durante algum tempo a
pensar qual seria a dimensão da
responsabilidade, que
podia recair sobre a minha
pessoa, como à associação
de que sou seu principal
fundador e Presidente da
Direcção, propor aos meus
colegas, e consequentemente
ao Senhor Presidente do
Conselho Directivo do IPS, a
realização de uma Convenção
de âmbito nacional no
sentido de em conjunto
com outras associações
e grupos de dadores de
sangue, apreciarmos os
danos colaterais que aquela
e outras notícias estavam a
causar no nosso trabalho,
com a agravante de não
serem convidadas as duas
Federações existentes,
pelas razões sobejamente
conhecidas.
Uma falou a outra calou-se, porque
é que isto aconteceu num dia que
devia ter sido de “festa” não só para
as associações mas, também para
os dadores de sangue? Se Portugal
investiu cerca de 1,5 milhões de euros
em câmaras de frio destinadas a
armazenar plasma, mas a estrutura,
inaugurada em 2002, serviu, até há
dois meses de arrecadação, acabando
aquela fracção – cerca de metade
do sangue colhido no país – por ser
Colegas de Viana do Castelo
8 TRIBUNA DA ADASCA
José Mota
destruída? Foi esta a notícia que O
JN mais uma vez deu a conhecer
publicamente no dia 15 de Junho.
Abordar um tema como este, que
deu origem designada 1ª. Convenção
Nacional de Dadores de Sangue,
nunca me passou pela cabeça que
incomodasse tanto certas pessoas com
responsabilidades a nível nacional na
área da sensibilização para a dádiva
de sangue. Foi pois por esta e outras
razões devidamente ponderadas por
mim que assumi a inteira decisão
de não convidar as duas federações
para estarem presentes, mas, não
deixaram porém de estrebuchar,
considerando esta iniciativa promovida
pela ADASCA de inconveniente,
inoportuna, não lhe reconhecendo
qualquer legitimidade.
Corro sério risco de afirmar aqui nesta
1ª. Convenção, que tanto uma como a
outra federação tudo fizeram no ano de
2006 e 2007 para que o Projecto que
deu origem a esta associação anfitriã
não vingasse e consequentemente se
tornasse numa realidade incontestável
no mundo da dádiva de sangue que
hoje é, reunindo mais de 2400 dadores
associados de pleno direito.
Quando nunca nada fizeram em prol
dos dadores de sangue de Aveiro,
agora querem votar-nos ao silêncio,
isso será impossível que venha a
acontecer.
Concluída esta 1ª. Convenção em
Aveiro, fica claro que a ADASCA
vai estar atenta à forma as coisas vão
evoluir no terreno, o que foi aqui
transmitido aos presentes, esperamos
que dê frutos práticos a breve trecho.
Obrigado ao ISCAA por nos ter
cedido o Auditório, sendo extensível
ao Dr. Álvaro Beleza, Presidente do
IPS, Dr. Mário Chin do CRSC, como
ainda à Dra. Lúcia Borges, Directora
do Serviço de ImunoHemoterapia do
hospital Infante D. Pedro de Aveiro e
finalmente à Dra. Leonor Costa Sardo
do mesmo Hospital.
Obrigado aos colegas dirigentes que
fizeram questão de se associar a este
evento, na certeza de que para o ano
nos encontraremos na 2ª. Convenção
em Viana do Castelo.
Joaquim Carlos
Presidente da Direcção da ADASCA
(Coordenador da 1ª. Convenção
Nacional de Dadores de Sangue em Aveiro).
Aveiro, 23 de Julho de 2011.
Imagem parcial da assistência
TRIBUNA DA ADASCA 9
Nacional
Nacional
Opinião
Instituto do Sangue quer criar ‘praxe’
universitária de doação de sangue
O
presidente
do I nst it uto
Português do
Sangue (IPS),
Álvaro Beleza, quer ‘praxar’
os universitários com uma
dádiva de sangue como forma de incentivar os jovens a
doar sangue, porque os dadores estão a envelhecer.
Em declarações à Lusa, o
médico refere que vai propor às universidades do país
a criação de uma «praxe de
iniciação» de doar sangue
para motivar as camadas jovens a iniciar-se na doação.
«Quero fazer protocolos
com associações de estudantes do Ensino Superior para
motivar a criação de uma
praxe de iniciação de doar
sangue», afirma, lamentando que a idade média dos dadores ronde os 50 anos.
Álvaro Beleza é o primeiro
médico da especialidade de
Imunohemoterapia a desempenhar as funções de presidente do IPS.
O médico apontou o exemplo da Associação de Dadores de Arraiolos, no Alentejo, vila onde 10 por cento da
Fonte: Lusa / SOL
(Dia 16 de Fevereiro de 2011)
população doa sangue anu- em grupos maiores, aumen«O IPS tem de se
almente e onde aos 18 anos tando o número de dadores
vocacionar para
os jovens o fazem como uma por brigadas.
centralizar a
espécie de ritual de iniciação Apesar de as reservas de sangue nacionais estarem em ní- parte laboratorial
à idade adulta.
Aquele responsável quer veis satisfatórios, o consumo
do sangue»,
ainda que, no espaço de um de sangue tem vindo a cresano, o IPS passe a processar cer, alerta Álvaro Beleza, «não questão», já que, diz,
80 por cento do sangue co- lembrando que a dádiva de o importante nas dádivas é
lhido em Portugal, estando sangue acaba por funcionar que os dadores tenham uma
neste momento em curso para o dador como uma es- vida sexual «estável» e «com
apenas um parceiro».
um processo de centraliza- pécie de check-up anual.
ção das análises ao sangue De acordo com o médico, o «Não me vou pronunciar
sistema de sangue português sobre as opções individucolhido no país.
De acordo com o médico, é um dos mais auditados no ais dos dadores», sublinha,
lembrando
o IPS colhe
que as regras
anualmente
«Quero fazer protocolos com
que regem
250 mil unia doação de
dades de san- associações de estudantes do
sangue têm
g ue (60 por Ensino Superior para motivar a
como princento do tocipal missão
tal) e os hos- criação de uma praxe de iniciação
proteger o
pitais portu- de doar sangue»,
receptor do
gueses cerca
de 150 mil unidades, mas o sector da saúde e também sangue.
presidente quer que o insti- um dos dez melhores do Antes de ocupar o cargo de
tuto processe 80 por cento mundo, refere, sublinhando presidente do IPS, o médique existem vários protoco- co dirigia o Laboratório de
do sangue colhido.
«O IPS tem de se vocacionar los de investigação com gran- Saúde Pública do Algarve e
coordenava a rede regional
para centralizar a parte labo- des laboratórios mundiais.
ratorial do sangue», resume Referindo-se à polémica so- de sangue do Algarve, tendo
o médico, que quer ainda bre a doação de sangue por ainda antes dirigido o Serconcentrar as pequenas bri- homossexuais, Álvaro Bele- viço de Sangue do Hospital
gadas de recolha de sangue za considera o assunto uma de Évora.
Rede Internacional dos Hospitais Promotores
de Saúde lança consulta pública
A Rede Internacional de
Hospitais Promotores de
Saúde lança, em Portugal,
uma consulta pública no
âmbito das Boas Práticas
Hospitalares nas áreas da
promoção da saúde para
crianças e adolescentes e
do respeito dos direitos
da criança hospitalizada,
10 TRIBUNA DA ADASCA
dirigida aos profissionais de
saúde, universidades, institutos e hospitais.
A Rede Internaciona l
de Hospit a is P romot o res da Saúde teve origem
no Collaborating Centre
for Evidence-Based Health Promotion in Hospitals & Health Services, da
Organização Mundial de
Saúde, com o objectivo de
promover o desenvolvimento, prevenção e educação
para a saúde nos cuidados
de saúde prest ados nos
hospitais.
O Alto Comissariado da
Saúde é a entidade facilitadora em Portugal da Rede e
coordena, a nível internacional, a Task Force referente
aos direitos das crianças em
contextos de saúde.
Os contributos sobre boas
práticas hospitalares poderão ser submetidos através
do endereço electrónico
[email protected].
Campanha Dador - Salvador Superou
as Expectativas
O
P. Va r z im M onte G ordo
Presidente do Instituto PortuInscritos:
892 Inscritos: 203
guês do Sangue, IPS, Dr. ÁlvaColhidos:
613 Colhidos: 166
ro Beleza, em Conferência de
1ª. Vez: 17
1ª.
Vez:
469
Imprensa, realizada ontem no
Laboratório Laura Ayres no Algarve, divulgou junto da imprensa os resultados da Fig ueira d a Foz Q u a r teira
Inscritos: 705 Inscritos: 367
Campanha Dador-Salvador.
Colhidos:
550 Colhidos: 311
A Campanha de Colheita de sangue or1ª. Vez: 335 1ª. Vez: 53
ganizada para prover as necessidades no período estival superou as melhores expectaC a rc avelo s Fat ac il – L ago a
tivas. Inscreveram-se 3006 pessoas, foram
Inscritos: 554 Inscritos: 285
colhidas 2315 Unidades de Sangue, tendo
Colhidos:
417 Colhidos: 258
914 pessoas efectuado a sua dádiva de san1ª.
Vez:
24 1ª. Vez: 16
gue pela primeira vez. O sucesso desta campanha foi extensível a outros locais de CoTot al de In s c r ito s:30 0 6
lheita, nomeadamente em Hospitais, que
Colhidos: 2315
puderam assim dar uma melhor resposta às
1ª. Vez: 914
necessidades de componentes sanguíneos.
O Presidente do IPS, IP agradeceu a
todos os que participaram e contribuíram
para que a campanha fosse um sucesso,
nomeadamente as autarquias, grupos de
dadores, os profissionais, mas sobretudo
aqueles que se dispuseram a dar o melhor
si, dando sangue e ajudando todos os que
dele precisam.
Um grande obrigado a todos os dadores
benévolos de Sangue! Seguem os resultados finais:
1101101101011011
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TRIBUNA DA ADASCA 11
Saúde
Valéria Patrícia Monteiro Andrade Semedo
Eduardo José Aguiar Soares de Castro e Oliveira
Mário João Costa Pires
Médicos do Serviço de Medicina Interna do Hospital Infante D. Pedro de Aveiro
HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA- REVISÃO
A
hemocromatose hereditária (HH) é uma doença
genética relacionada com
a herança do gene HFE e
mais raramente com a herança de outros genes (receptor 2 da transferri-na,
ferroportina, hepcidina, hemojuvelina), condicionando um aumento da
absorção intestinal de ferro, sobrecarga tissular, particularmente no fígado,
pâncreas, hipófise, coração e articulações comprometendo o normal funcionamento destes órgãos.
O termo hemocromatose foi utilizado pela primeira por Von-Recklinghausen em 1889 para descrever uma
síndrome caracterizada pela tríade
cirrose hepática, diabetes mellitus e
hiperpigmentação cutânea secundária a deposição tissular de ferro, mas
só em 1996 foi possível identificar o
gene responsável por esta doença. Este
gene designado de HFE localiza-se no
braço curto do cromossoma 6 e codifica uma proteína constituída por 343
aminoácidos. A principal mutação do
HFE relacionado com a doença refere-se a substituição de uma tirosina
por uma cisteína no aminoácido 282
(C282Y). Outras mutações associadas
a formas mais leves de HH têm sido
descritas nomeadamente a troca da
histidina pelo aspartato no aminoácido na posição 63 (H63A) e da serina
pela cisteína na posição 65 (S65C). A
maioria dos casos de HH são homozigotos para a mutação C282Y e em menor percentagem heterozigotos compostos C282Y/ H63A. A frequência
desta mutação é maior nas populações
Valéria Semedo
de origem europeia, nomeadamente
de origem Celta. A f r e q u ê n c i a
do s homo z igoto s p a ra a refe r i d a m u t a ç ã o d i m i n u i d e
nor te para o sul da Europ a e o m e s mo s e p a s s a e m
Por t u g al , on de a i nc i dê nc i a
d a do e nç a di mi nu i do nor te
p a ra o s ul do Paí s, sendo a frequência do alelo C282Y estimada em
0,058 e 0,009 respectivamente.
Actualmente são descritas outras
formas raras de HH não relacionadas
com a mutação HFE, nomeadamente a hemocromatose juvenil (tipo 2)
que se deve a mutação de dois genes,
a hemojuvelina (tipo 2 A) e a hepcidina (tipo 2 B). Em ambos os casos a
trans-missão é autossómica recessiva.
Na hemocromatose tipo 3 ocorre mutação do gene que codifica o receptor
2 da transferrina e é também transmitida de forma autossómica re-cessiva.
A mutação do gene da ferroportina é
responsável pela hemocromatose tipo
4, uma forma autossómica dominante.
Manifestações clínicas
Não existem manifestações patognomônicas da doença e a clínica reflecte a sobrecarga e disfunção do órgão
Eduardo Oliveira
Mário Pires
atingido, sendo o fígado, o pâncreas, o
coração, a hipófise e as articulações os
mais frequentemente envolvidos. Por
vezes a doença é assintomática e nesses
casos o diagnóstico é feito no decorrer
de investigação de alterações analíticas
ou durante o rastreio de familiares de
doentes com HH.
A disfunção hepática por sobrecarga
de ferro é a manifestação mais frequente e acom-panha-se de grande morbilidade e mortalidade. Por vezes o envolvimento hepático traduz-se apenas
por elevação assintomática das transaminases, mas podem estar presentes
manifestações de cirrose e suas complicações. A diabetes mellitus é uma complicação da doença avançada e é consequência da insulinopenia secundária a
deposição de ferro a nível do pâncreas
com lesão das células e insulinoresistência associado à cirrose hepática.
O aumento da melanina
n a s c a m a d a s b a s ai s d a de rm e e e pi de r m e é re s p on s áv e l p e l a h i p e r p i g m e nt a ç ã o
c ut â n ea q ue o c or re de forma difusas, não poupando
a s c ic at r i z e s .
O mecanismo exacto através do
qual a HH provoca artropatia ainda
é desconhecido. Tem sido associado
a deposição de pirofosfato de cálcio
e alterações na membrana si-novial e
nos condrócitos. Atinge caracteristicamente a 2º e 3º articulação metacarpo-falângica das mãos. Ocorre também
envolvimento de grandes articulações
nomeada-mente as articulações coxo-femorais, do joelho, cotovelo e tornozelos. Radiológicamente pode-se
observar a presença de quistos subcondrais, diminuição da interlinha articular e osteófitos.
A deposição de ferro a nível da
hipófise é responsável pelo hipogonadismo e pelo desenvolvimento de
manifestações como amenorreia, diminuição de libido, impotência sexual,
atrofia testicular, rarefação pilosa etc.
Analiticamente há uma diminuição
das gonadotrofinas. Outras alterações
hormonais podem ocorrer, nomeadamente hipotiroi-dismo, hipoparatiroidismo e insuficiência da supra-renal.
A deposição de ferro no tecido
cardíaco é responsável pelo desenvolvimento de miocar-diopatia dilatada (associada a disfunção diastólica) e restritiva (com disfunção
sistólica) que pode ser documentada
por ecocardiograma.
Diagnóstico e rastreio da
Hemocromatose Hereditária
Alterações analíticas como o aumento da concentração do ferro, da
ferritina, e da saturação de transferrina devem levantar a suspeita de HH e
são considerados testes de ras-treio de
HH. De todas as análises disponíveis,
a mais sensível e específica para o diag-nóstico fenótipico de HH é a saturação de transferrina. O teste genético é
o gold stan-dard para o diagnóstico definitivo, embora não permita prever o
grau de disfunção orgânica. A biopsia
hepática fornece informações importantes, nomeadamente sobre o grau de
lesão hepática, mas tem a desvantagem
de ser um teste invasivo. Com o desen-volvimento de técnicas não invasivas
(fibroscan, RMN) e o teste genético,
a biopsia hepática tornou-se menos
importante e actualmente está indicada em casos selecciona-dos nomeadamente nos doentes com idade superior a 40 anos, ferritina sérica superior
1.000 ng/ml e com alterações nas transaminases séricas. Pensa-se que nos
outros casos, a lesão hepática induzida
pela sobrecarga de ferro é improvável, pelo que a realização da biopsia
pode ser protelada. Familiares de 1º
grau de indivíduo portador da doença
devem fazer testes de rastreio (doseamento da ferritina e da saturação de
Assintomáticos
Sintomáticos
- Familiares de 1º grau de doentes
com HH
- Alterações analíticas silenciosas
(aumento das transaminases sem
outra causa evidente e/ou alterações
nos testes indirectos do ferro)
- Doença hepática crónica
-Diabetes méllitus associada a hepato-patia,
doença cardíaca ou disfunção sexual precoce
- Outras condições associadas a HH (artropatia
atípica, doença cardíaca, disfunção sexual masculina com atípicas, com inicio em idade precoce)
Bibliografia
transferrina) e se estiverem elevados
deve ser feito o teste genético. A altura
ideal para fazer o rastreio é entre os 18
e os 30 anos.
Abordagem Terapêutica
Todos os doentes com sobrecarga
de ferro beneficiam com a sua remoção por f lebotomia, com aumento
da qualidade de vida e da sobrevida,
embora certas alterações (ex. cirrose
hepática) sejam irreversíveis. Não há
consenso relativamente a frequência
da realização das flebotomias, mas
pensa-se que inicialmente devem ser
semanais ou de 2 em 2 semanas, até
serem atingidos os objectivos, ou seja,
ferritina <50 ng/ml e saturação de
transferrina <a 50%. Posteriormente
devem ser feitos com intervalos mais
pro-longados, de acordo com o valor
da ferritina, com o objectivo de a manter em valores normais. A terapêutica
com quelante de ferro como a desferroxamida está reservada aos doentes
que não são candidatos a flebotomia
nomeadamente aqueles que não a toleram e/ou aqueles com anemia. Em termos dietéticos deve-se evitar o uso de
álcool pois este aumenta da absorção
de ferro e agrava a lesão hepática
Evolução e Prognóstico
O principal factor de prognóstico
é a cirrose hepática e quando presente o prognóstico é reservado. O risco
relativo de hepatocarcinoma na HH é
até 200 vezes superior a da população
sem a doença. O diagnóstico precoce
e a instituição atempada da terapêutica podem alterar a evolução natural
da HH, uma vez que certos autores
relatam uma so-brevida semelhante a
população normal nos doentes sem lesão orgânica.
- Tratado de Hepatologia. Coordenador Jorge Areias. Permanyer, Portugal 2006
- Stanley L Schrier, MD, Bruce R bacon, MD, Clinical manifestation of hereditary hemochromatosis, Uptodate 2010, versão 18. 3, Setembro de 2010
- R. Pinho, S. Fernandes, S. Leite et col; Revisão das manifestações da hemocromatose, a propósito de um caso clínico com 25 anos de evolução; J Port.
Gastroentrologia 2008, Volume 15, Setembro/Outubro de 2008
- Ricardo Vizinho, Carlota Girones, Rui Loureiro, João Namora; Hemocromatose hereditária e álcool: sinergismo patogénico – um caso clínico, Revista da
Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, Volume 16, Nº 3, Julho/Setembro de 2009
- Stanley L Schrier, MD, Bruce R bacon, MD, Screening for hereditary hemochromatosis, Uptodate 2010, versão 18. 3, Setembro de 2010
- Stanley L Schrier, MD, Bruce R bacon, MD, Treatment of hereditary hemochromatosis, Uptodate 2010, versão 18. 3, Setembro de 2010
- Tavill, AS; Diagnosis and Management of Hemochromatosis. AASLD Practice Guidelines, Hepatology, 2001
12 TRIBUNA DA ADASCA
TRIBUNA DA ADASCA 13
Opinião
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Nacional
Opinião
“ apesar de a crise ameaçar esmagar a nossa esperança, desejo a todos os
clientes e amigos um bom Natal e Próspero Ano Novo...”
Pastelaria Veneza comemora 50 anos de existência
G
São raras as empresas que em Aveiro comemoram 50 anos de existência,
mas, ainda existem algumas, como a
conhecida Pastelaria Veneza, localizada desde sempre na histórica Praça
General Humberto Delgado, segundo o seu proprietário António Santos,
que não esconde orgulho por tal proeza se tivermos em conta as diversas crises por que já passou, mas a todas sobe
resistir e vai vencer mais esta.
Os produtos que todos
os dias ali são expostos ao
público são de fabrico próprio e, o seu proprietário faz
questão garantir a qualidade dos mesmos, até porque
é sempre ele a fazer a prova
em primeira mão.
Para além das diversas especialidades em doçaria, incluindo os famosos
ovos-moles de Aveiro, destaca-se uma
muito especial com características únicas da região: as já famosas Venezas de
Aveiro, criadas pela própria pastelaria
há cerca de nove anos, cuja receita continua no segredo dos deuses.
Por esta pastelaria passaram diversas gerações de empregados, uns encontram-se já em situação de reforma,
outros ainda ao serviço com mais de
15 anos de casa, empregando actualmente cerca de cinco funcionários.
Esta pastelaria serviu de ponto de
encontro de altas personalidades da
Enfermeiros discordam dos cortes
na saúde para 2012
cultura aveirense, incluindo jornalistas
do extinto jornal “O Comércio do Porto” que tantas saudades deixou a esta
comunidade. Era ali que os jornalistas
e colaboradores do referido jornal se
reuniam logo pela manhã com o saudoso Jornalista Daniel Rodrigues, que
ainda hoje se mantém bem vivo na
nossa mente.
Os efeitos da presente crise não têm
passado ao lado, aliás, sentem-se e que
maneira, embora durante o verão com
a visita dos turistas e dos emigrantes a
situação melhor um pouco, mas vem
aí o Outono e o Inverno, e vamos ver
como as coisas se vão desenrolar, esta a
expectativa do proprietário da Veneza,
sempre confiante no futuro.
Vem aí o Natal e o Ano Novo, época que sempre renova um pouco a
esperança deste empresário, como de
tantos outros do mesmo ramo, apostados em manter postos de trabalho,
com olhos postos num futuro incerto,
mas, sempre confiantes que a economia dê a volta para bem de todos.
Em jeito de despedida, embora ainda distante António Santos fez questão de deixar uma singela mensagem:
“ apesar de a crise ameaçar esmagar
a nossa esperança, desejo a todos os
clientes e amigos um bom Natal e
Próspero Ano Novo, com tudo de
bom, principalmente que nunca falte a saúde, e esperamos poder contar
com a preferência daqueles que já nos
conhecem ao longo destes 50 anos de
existência e, nos têm honrado com a
sua visita sempre que visitam esta linda
cidade ”.
ermano Couto, presidente
da Secção Regional Norte da Ordem dos Enfermeiros (SRN da OE), e
candidato a Bastonário, pela lista «Enfermagem Primeiro», coloca muitas reservas sobre o corte de 600 milhões de
euros no sector da Saúde, segundo foi
agora divulgado, com especial incidência nas horas extraordinárias, nas taxas
moderadoras, meios complementares
de diagnóstico, comparticipação de medicamentos e fusão de serviços.
Isto porque no entender do presidente da SRN da OE, proceder a cortes financeiros, sem a existência dos
instrumentos adequados para medir a
qualidade dos serviços de saúde, pode
resultar na aplicação dos mesmos nos
recursos e processos errados. A diminuição da qualidade assistencial poderá colocar a vida das pessoas em risco,
sendo que nessa circunstância não só
o Estado deverá ser responsabilizado
como se poderá assistir a uma majoração de práticas profissionais defensivas, que resultam num aumento da
ineficiência.
Para além disso, segundo Germano Couto, a inexistência de adequados
instrumentos de avaliação e financiamento das intervenções de saúde em
Portugal impossibilita a aplicação de
cortes selectivos e previamente sujeitos
a análises de custo-benefício.
«O estado de emergência social
que vigora actualmente em Portugal
e que se prevê aprofundar no próximo
ano faz com que o Sistema de Saúde
seja o último reduto para muitas pessoas que não dispõem de qualquer
outra rede de apoio social, o que irá
aumentar a pressão sobre os serviços
que, perante a inexistência de verbas,
entrarão em ruptura rapidamente, deixando de poder dar resposta às necessidades para as quais foram desenhados», alerta Germano Couto.
O problema das horas extraordinárias, segundo este dirigente da OE, não
se resolve limitando-as, ou reduzindo
Germano Couto
Bastonário da Ordem dos Enfermeiros
os recursos, mas sim alterando os processos. «É necessário realizar uma profunda revisão das competências e papéis desempenhados pelos diversos
actores do Sistema de Saúde de forma
a tornar este mais eficiente para o cidadão e, consequentemente, menos
oneroso para os contribuintes. Por
outro lado, profissionais de saúde do
Serviço Nacional de Saúde e nomeadamente os enfermeiros que na passada quinta-feira viram diminuir a sua
remuneração anual em 14% a partir do
próximo ano, começam a ficar saturados de serem tratados pelo discurso
político como se fossem apenas despesa do Estado, quando o desperdício
tem sido provocado pela incapacidade de tomar as melhores opções na
governação e gestão do sistema que
permitiu abusos arbitrários cuja dimensão começa a ser agora conhecida». Observa o candidato a Bastonário,
Germano Couto, que alerta ainda para
o facto dos muitos dos supostos desperdícios, identificados empiricamente,
estão associados à falta de coordenação
e organização das várias respostas do
Sistema de Saúde. «É necessário reavaliar as Parcerias Publico Privadas (PPP)
existentes, e à semelhança do que se
prevê para o sector de transportes, renegociar as PPP que estão a resultar em
prejuízos avultados para o erário público em virtude do incumprimento do
contrato de gestão conforme tem sido
evidenciado pela ERS e pelo Tribunal
de Contas», conclui.
agora com nova loja em Ílhavo
14 TRIBUNA DA ADASCA
TRIBUNA DA ADASCA 15
Mercado Municipal de Santiago 10 Dezembro
das 9h00 às 13h00
IIIª Feira da Saúde
da Adasca
Rastreios Gratuitos
Hipertensão
Tensão Arterial e Pulso
Avaliação de Diabetes Mellitus
Avaliação de Glicémia Capilar
Controle de Peso
Avaliação do Índice de Massa Corporal
Aconselhamento na área de Nutrição e outros
Rastreio Visual
Rastreio Auditivo
Colheita de sangue e Rastreio da Medula Óssea
(coordenação: Enf.ª Catarina Pinto e Enf.º Rui Conde
ORGANIZAÇÃO
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+ INFORMAÇÕES: 234 338 018 | [email protected] | www.adasca.pt
essua
Associação de Dadores
de Sangue
do Concelho de Aveiro
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Aveiro acolheu a Iª Convenção Nacional Pág. 8 e 9