www.arvoredoleite.org Esta é uma cópia digital de um documento que foi preservado para inúmeras gerações nas prateleiras da biblioteca Otto Frensel do Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT) da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), antes de ter sido cuidadosamente digitalizada pela Arvoredoleite.org como parte de um projeto de parceria entre a Arvoredoleite.org e a Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes para tornarem seus exemplares online. A Revista do ILCT é uma publicação técnico-científica criada em 1946, originalmente com o nome FELCTIANO. Em setembro de 1958, o seu nome foi alterado para o atual. Este exemplar sobreviveu e é um dos nossos portais para o passado, o que representa uma riqueza de história, cultura e conhecimento. Marcas e anotações no volume original aparecerão neste arquivo, um lembrete da longa jornada desta REVISTA, desde a sua publicação, permanecendo por um longo tempo na biblioteca, e finalmente chegando até você. Diretrizes de uso A Arvoredoleite.org se orgulha da parceria com a Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes da EPAMIG para digitalizar estes materiais e torná-los amplamente acessíveis. No entanto, este trabalho é dispendioso, por isso, a fim de continuar a oferecer este recurso, tomamos medidas para evitar o abuso por partes comerciais. Também pedimos que você: ● Faça uso não comercial dos arquivos. Projetamos a digitalização para uso por indivíduos e ou instituições e solicitamos que você use estes arquivos para fins profissionais e não comerciais. ● Mantenha a atribuição Arvoredoleite.org como marca d'água e a identificação do ILCT/EPAMIG. Esta atitude é essencial para informar as pessoas sobre este projeto e ajudá-las a encontrar materiais adicionais no site. Não removê-las. ● Mantenha-o legal. Seja qual for o seu uso, lembre-se que você é responsável por garantir que o que você está fazendo é legal. 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Rita de Cássia Ramos do Egy ' Marta Suely Madruga, TeIma Maria Barreto Biscontini, Roberto Germano da Costa 3 Composição química do leite de cabras puras noCurimatáu Paraibano durante o perídodo de lactação. Ferreira, M. C. C.. Queiroga, R. C. Ré E 3 ................. ............................................................................. 21 Modulação dos níveis de hemoglobina em ratos pelo consumo de Probiótico (Lac tobac illus _ ac idoph ilus). Lorena M. Ybarra, Ferlando L. Santos, Lucia Ramírez-Cárdenas, Luciana F. R. Sant' Ana, LucianaN.Nobre, Ivy S.e. Pires, Eliane L. Rosado, AnaCristina R. Ferreira,Célia L. L. F. Ferreira,-Neuza 4 Leite e derivados enriquecidos com Ômega 3 Golin Bueno Costa 5 (Q 3). LuizCarlos GonçalvesCosta Júnior, Renata • .................................................................................................... ................................ 33 Influência da ordem de parto e momento da ordenha na composição do colostro de cabras Saanen. Ana Letícia Tôrres Villar; Patrício Marques de Souza; Roberto Germano Costa; Sara Vilar Dantas Simões; AriosvaldoNunes de Medeiros 6 . ...... ................................................................ . 39 Avaliação do retentado obtido da ultrafiltração do leite de búfala (Bubalas bubalis) desnatado e pasteurizado. Elane Schwinden Prudêncio; Leila Denise Falcão; Renata Bongiolo Magenis; Michel Mahaut; Marilde T. Bordignon Luiz; AntÔnio J. Simões Hamad ................................................... .45 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tosteé -Juiz d� Fora - Vo1.58 (330); 1 �50 -Jan/Fev d� 2003 EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS Centro Tecnológico Instituto de Laticínios " C ândido Tostes" Revista Bime' s tral Endereço: Revista do Instituto de Laticínios " C ândido Tostes" Rua Tenente Freitas, 1 16 36.045- 560 - :.. Santa Terezinha Juiz de Fora - Minas Gerais - Brasil Tel.: 3224 - 3 1 16 - DDD: 32 / Fax: 3224-3 1 1 3 - DDD 32 digitalizado por arvoredoleite.org Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, 58: 3- 18, 2003 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, ia: 2-2, 2003 Pág.2 Pág. 3 LEITE CAPRINO - ASPECTOS AROMÁTICOS E NUTRICIONAIS Governo do Estado de Minas Gerais Aécio Neves da Cunha REVISÃO Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento OdeImo Leão Carneiro Sobrinho Rita de Cássia Ramos do Egypto QueirogaJ Marta SueIy Madruga2 TeIma Maria B arreto B iscontini3 Roberto Germano da Costa4 , Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais Fernando Cruz Laender - Presidente Marcelo Fideles Braga - Diretor de Operações Técnicas Centro Tecnológico - Instituto de Laticínios Cândido Tostes RESUMO Comitê Gerencial As características sensoriais do leite caprino, principalmente o sabor acentuado, apresenta-se como um dos fatores que contribuem para a preferência ao leite bovino. Os fatores que envolvem a formação do sabor do leite caprino estão reiacionados com as condições de manejo e de seu beneficiamento, bem como as particularidades na composição química. Contudo, verifica-se que ainda são escassas as pesquisas que conduzam a um melhor esclarecimento a esse respeito, e que possam subsidiar criadores, pesquisadores e órgãos governamentais, com possibilidade de oferta de produtos de qualidade, ampliando as perspectivas desta atividade agropecuária na região. Esta revisão aborda a composição química e características sensoriais do leite de cabra com o objetivo de gerar informações para área da caprinocultura leiteira, que apresenta-se como relevante alternativa sócio-econômica e fonte protéica para Região Nordeste. Palavras-chave: leite de cabra, composição química, características sensoriais. Geraldo Alvim Dtisi - Chefe do CT/ILCT José Alberto Ba,stos Portugal - Seco Executivo Prog. Proc. Agroindustrial Regina Célia Mancini - Coord. do Programa Ensino Leite e Derivados José Lourenço Pereira Russi - Supervisor do Núcleo de Administração e Finanças Nelson Tenchini Macedo - Supervisor do Núcleo de Indústria e Comércio Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes Coordenadora de Edição LuizaCarvalhaes Albuquerque Técnica em Laticínios e Especialista em Marketing e Qualidade Total Jornalista Responsável Vania Lucia Alves Lacerda Reg. Prof. 4.729/MG Corpo Revisor Célia Lucia Luces Fortes Ferreira Daise Aparecida Rossi Edna Froeder Arcuri Geraldo Alvim Dusi José Alberto Bastos Portugal Luiz Ronaldo de Abreu Luiza Carvalhaes de Albuquerque Maria Cristina Drumond e Castro Paulo Henrique Fonseca da Silva Os trabalhos apresentados são de inteira responsabilidade de seus autores. Juiz de Fora, maio de 2003 EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS - EPAMIGRevista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes", n. 1 - 1946 - Juiz de Fora. Instituto de Laticínios "Cândido Tostes", 1946. v. ilust. 23 em 1. INTRODUÇÃO No cenário atual de desenvolvimento econômico no Brasil, a pecuária de caprinos apresenta-se como atividade promissora. Ressalta se, também, que o Brasil detém um expressivo rebanho caprino (1 2,8 milhões de cabeças), com sua grande maioria localizado na região Nordeste (92%), principalmente, nas zonas semi-áridas (FNP-ANUALPEC, 1 998). Devido à agricultura instável, a caprinocultura desempenha um impor tante papel sócio-econômico nessa região, por proporcionar renda direta, além de representar uma excelente fonte alimentar (Quintans,1 995; Cordeiro, 1998; Lima, 2000). Atualmente, a caprinocultura no Brasil, tem sido incentivada pela ação conjunta dos governos estaduais, instituições de pesquisa e associações de criadores, com a finalidade de aumentar o potencial leiteiro do rebanho e melhorar o desempenho da indústria de laticínios. Entretanto, apesar de numericamente expressivo, o rebanho caprino apresenta níveis acentuadamente reduzidos de desempenho, condicionados pela baixa tecnologia aplicada, que caracteriza seu sistema de produção leiteira, sendo considerada incipiente ( 1 4 7 mil toneladas/ano), principalmente, quando comparada à países da Europa, a exemplo da Espanha, que apesar de ter um rebanho caprino de 2,4 milhões de cabeças, produz 276 mil toneladas anuais C ( ordeiro, 1998; Silva, 1998; Guimarães Filho et al., 2000). A precariedade da tecnologia utilizada no Brasil, aliada a não utilização de padrões de controle higiênico-sanitário para leite de cabra e seus derivados, têm-se constituído como os principais entraves na agroindústria especializada em produtos caprinos, estando a expansão deste setor vinculada à melhoria da estrutura de comercialização e à aplicação de tecnologia adequada aos padrões de qualidade exigidos (Egito, 1 9 9 1 ; Silva,1998; EMEPA, 1 999, Devendra, 2002). No tocante ao leite de cabra, este possui aroma e sabor característicos agradáveis ou desagradáveis ao paladar humano, segundo hábitos de ingestão. Entretanto, o fIavour caprino acen tuado, muitas vezes é considerado como indesejável, apresentando-se como um dos fatores de recusa, estando o leite de vaca muitas vezes preferido (Skjedal, 1 979; Arbiza, 1986; Damásio, 1987, Carvalho, 1998; Boyazoglu & Morand-Fehr, 2001). Apesar das causas responsáveis pela produção desse fIavour característico não serem ainda bem conhecidas, vários estudos têm sido realizados por diversos autores, relacionando-as n. 1-19 (1946-48), 27 em, com nome de Felctiano, n. 20-73 (1948-57), 23 em, com o nome de Felc t iano. A partir de setembro de 1958, com o nome de Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes". 1. Zootecnia - Brasil - Periódicos. 2. Laticínios - Brasil - Periódicos 1. Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Juiz de Fora, MG, ed. ISSN 0100-3674 1 2 3 4 Universidade Universidade Universidade Universidade Federal Federal Federal Federal da Paraíba - Departamento de Nutrição - [email protected] da Paraíba - Departamento de Química e Tecnologia de Alimentos. de Pernambuco - Departamento de Nutrição. de Paraíba - Departamento de Agropecuária. CDU 636/637(81)(50) digitalizado por arvoredoleite.org Pág. 4 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, 5 8 : 3-18, 2003 a fatores genéticos associados a sua compOSlçao química e as formas de manuseio do produto, com a conseqüente produção do flavour característico (Smith et aI ., 1984; Haenlein, 198 8 ; Chandan et aI ., 1992; Gomes et aI ., 1997; Delacroix-B uchet & Lamberet, 2000) . Com relação ao manejo de ordenha, autores citam que a qualidade microbiológica do leite está diretamente relacionada com as condições higiênico sanitárias de sua obtenção, apresentando-se como decisiva na qualidade do produto final (Egito, 1991; Queiroga, 1 995; S ilva et aI., 1999). Concordando com estas considerações, Carvalho (1998), Gomes et aI . (1997) B oyazoglu & Morand-Fehr (2001) e Marsil i (1997 ) , ainda r essaltam que estas condições podem influenciar nas característ i cas sensoriais, c om produção d e sabores e aromas desejáveis ou não, além de veicular zoonoses. Face a estas questões, os estudos dos fatores que influenciam a produção do flavour do l eite caprino, b em como a avaliação das substân�ias que formam as características d est e atrib uto, apresentam-se como subsídios para a obtenção de produtos c a prin os d e qua l i d ade. Portanto, a c onseqüente perspectiva da ampliação da sua acei tabi l i d a d e, c on tri b ui n d o, assim, c om a proposta de crescimento deste sistema produtivo, tema objeto desta revisão. 2. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE FLAVOUR A análise sensorial de alimentos e produtos alim entícios é tão antiga quanto à humanidade. Em particular, o odor , t em sid o inten samente usad o c om o critéri o de seleção de alimentos. A atrati vidade do odor de certos produtos e como os c om post os são formados d urante os mai s variados processos, como cozimento, torrefação e etc., vem sendo estudados desde o século XIX. O termo flavour se r efere aos compostos químicos responsávei s ao estímulo ou a própria estimulação dos receptores biológicos. Os consu m i d or es consi d eram o flavour c om o uma d a s principais propriedades sensoriais, sendo decisivas na seleção, aceitação e ingestão dos alimentos (Fisher & S cott, 1997) . A AB N T (199 3 ) , d efin e como sab or (flavour) a experi ência mista mas uni t ária d e sensações olfativas, gustativas e táteis percebidas durante a degustação, influenciada pelos efeitos t át ei s, térmi c os, d ol or osos e/ou c i n est ési c os enquanto, o termo off-flavour ;efere-se ao sabo; estranho, não caraterístico. As substâncias aromáticas representam um amplo campo de estruturas químicas derivadas dos principais constituintes dos alimentos, sendo suas características peculiares capazes de estimular os r eceptores dos reflexos d o gosto e d o odor, para produzir uma resposta sincronizada e integrada, d en ominada de flavour (Figura 1). Em geral, o termo flavour surgiu para o uso que implica na percepção integrada global de t od os os senti d os que participam (olfato, gosto, visão, aud i ção e tato) n o m om en t o d e c on sumir o ali m en t o (Fennema, 1 993; Pal et ai., 1997;' Ferreira e t aI., 2000, S tephan et ai., 2000 ) . A capacidade d a s células do epitélio olfativo da c a v i d a d e n a sal para d et ec tar quan t i d ad es m ín i ma s d e sub stâncias vol át ei s dá c onta das variações quase i li mi t a d a s d e intensi d a d e e qua l i d ad e dos o d ores e flavour s . A s papi l a s gustati vas localizadas na língua e n a parte posterior da cavidade oral, possibi l itam aos humanos, a sentir as sensações d e d oce, áci d o, salgad o e amargo, que contribuem no componente gustativo do flavour. As respostas não específicas do nervo tri gêmeo, t amb é m propor c i on a m uma c ontri b ui ção importante na perc epção d o flavour mediante a detecção de sensações como picante, fria, repulsa ou atributos agradáveis, assim como out r a s sen sa ções i n d uz i d a s qui mic a m en t e . As sensações indiretas ou não químicas (luz, som e tato) i nfl uenciam t ambém na percepção d os sabores e odores e, portanto, na aceitab ilidade dos alimentos (Fennema, 1993; Lindsay, 1993 ) . O primeiro composto formador d o flavour identificad o foi o b enzaldeído, há mais de 150 anos. A vanilina, 50 anos mais tarde, foi i solada, identificada e sintetizada, sendo considerada um dos mais i mportantes c ompostos, b em como, um marco na indústria química de flavour. No início do século XX, foram identificados componentes volátei s de alguns alimentos. Esta i d entificação era baseada nas propriedades físicaS e químicas de derivados tais como: 3 , 5 dinitrobenzoato ou 2,4 dinitr ofenli dri zona e o t est e de c ores. Estes estudos foram uti l i za d os d urante mui t os anos, resultando na identificação de 30 compostos em diferentes matrizes ou substrato (Maarse, 1991; Marsili, 1997). O conhecimento da química do flavour pode ser consi d erado como um d esen v ol v i m en t o relativamente recente da química analítica, tendo seu i ncremen t o c om a ev ol ução d a s técnicas instrumentais d e análi ses, c om o o emprego d e cromatografia gasosa e espectrometria d e massa (CG- E M) . Rec entem ente, um d i spositi vo para análises de voláteis utilizando-se o nariz humano (olfato) em c on junt o ao c r omatógrafo a g ás, incrementou de maneira decisiva o' uso de técnicas de cromatografia gasosa para identificação destes compostos, esta técnica v em sendo denominada de olfactory GC-tecJmiques-GC/O. A disponibilidade destes métodos instrumentais tem proporcionado meios para investigar de forma definitiva o campo Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, 58: 3 - 1 8 , 2003 Figura 1 _ Pág. 5 Definição e interação entre flavour, aroma, gosto, e sensação de contato. Adaptado por Stephan et alo (2000) . das substâncias aromáticas (Fennema, 1993; Marsili, 1 997 ; Stephan et al., 2000) . Diversos fatores influenciam na análise das substâncias responsáveis pelo flavour, entre elas : a presença em pequenas concentrações (ppm, ppb ou ppt), a complexidade da mistura dos aromas (no café já são conhecidas mais do 800 compostos e mais de 1 000 em c arne s ) ; a vari a çã o de volatilidade (as volatilidades são extremas - altas pre s s ões de va por) ; a instab i l i d ade de alguns compos tos ( O " temperatura e pH) e a matri z alimentar ( os voláteis estão freqüentemente no mei o intracelular, em equil íbrio dinâmico c om outros constituintes dos alimentos). Estes fatores devem ser criteri os amente c on s iderad os nas análises instru mentais (Maars e , 1 997 ; M ars i l i , 1 997 ; Fi sher & S c ott, 1 997 ; Mottram, 1 99 8 ) . A análise d e compostos aromáticos a partir de alimentos pode ser realizada util izando-se diferentes métodos, no entanto em geral todos os métodos envol vem proces s os de extração, concentração, separação e identificação dos compo nentes individuais (Madruga, 1994). Na identificação dos c ompostos res pon s áveis pel o flavour, são necessários procedimentos que inicialmente isolem os voláteis da grande massa dos macronutrientes do alimento, com a mínima distorção da composição original própria do flavour em estudo. Na análise do flavour de um alimento deve-se ter sempre em . mente que o aroma obtido está diretamente re lacionado c om os métodos apl i c ad os n os processos de isolamento e concentração. A tual mente na c aracteri zação do c om postos d e im portância organol é pti c a, prefere n c i almente, t é c n i c as u t i l i zand o-se a cromatografia gas osa, que combina eficiência e sensibilidade, estão sendo. usadas para separação d os v ol átei s . A cromatografi a g a s os a (C G) envolve a anál i s e de c ompos t os , os s e ja, das substâncias na fase de vapor, em que a CG opera em temperaturas variando de 40 a 300°C. Desta forma, muitos c ompos tos de aromas naturai s , livre s d a matri z ali mentar, s ão geral mente candidatos à análise por CG. Técnicas instrumentais modern as, c omo e s pe c trometri a de mas s a (EM ) , res s onância magnéti c a nu c lear (RMN), es pectros c opi a de infravermelho ( I V ) e ultravioleta (UV), c on s tituem o s instrumentos mais eficientes na identi ficação dos voláteis, porém a escolha da técnica é freq üentemente l i mitad a a quantid ad e d os c�mponentes dis pon íveis . O desenvolvimento da Cromatografia Líquida de Alta Resolução (HPLC) constitui importante instrumento para as análises de precursores (Madruga, 1 994; Wampler, 1 997 ; Izco & Torre, 2000; Stephan et aI. , 2000). V árias técnicas para o i s ol amento e c on centração d os c om post os v oláteis em alimentos são correntemente usada, a exempl o da d e s t i l ação a v ác u o, métod os de ex tração, destilação e concentração simultânea dos voláteis (SDE), análises do headspace estático e dinâmico. Para identificação aromática de cada composto s e paradamente v oláteis uti lizam-se d e proce dimentos como: a análise por extração e diluição do aroma (AEDA ) , cál culo do odor unitário, a análise de Charm, etc (Madruga, 1 994; Fisher & Scott, 1 997 ; Maarse, 1 997). Todas estas técnicas têm sido exaustivamente revisadas (Teranishi et al, 1 98 1 ; Maarse e B elz, 1 9 8 5 ; Maarse, 1 99 1 ) , entretanto os pontos essenciais serão rapidamente sumarizados nesta revisão. Para o i s olamento de substâncias aromá ticas, dois métodos são re portados ; o Método de Headspace e de extração. Para as amostragens na técnica de Headspace são usualmente classificadas em três categorias ; a estática, a dinâmica e a de purg and trap (extração e captura). A técnica de Headspace estática envolve a introdução direta de um dad o vol ume do vapor encontrado acima da amostra de al imento, em uma coluna cromatográfica. Este é certamente o método mais rápido e que consome o menor tempo de extração, no entanto não permite a deter minação de compostos com elevados pontos de e b u l i ção, apre s entan d o também baixa s e n s i bilidade. Para contornar e s t e s pontos negativos desenvolveu-se a técnica do headspace dinâmica digitalizado por arvoredoleite.org Rev. Inst . Latic . Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, nO 330, 58: 3-18 , 2003 Pág.6 zidos os e maltol s ão produ . , roI es" Pirazinas furan ment o n ão-en zlm attco, ureci c s e de es reaçõ p or , caram eli zação de açuca r e c om o as reações de s er d em o p b' em Tam . rea çoes de Mail lard. .' dos peptíd eos por ação das protemases do ongma . ' . nanas ( B ad mgs, 1 997 , leite ou prote inase s bacte ). 2000 , . aI et Valer o et aI . , 1 999, Valero volatels N a literatura pesquisada os compostos . e o purg and trap, que env ol v em a purga d os vol át ei s da c amada d e headspace com um g ás inerte (nitrogên i o ou hél i o) , segui d a de captura destes voláteis em material absorvente. A grande v an t agem d est es métodos é o i sol am en t o e a concentração de compostos de baixos e elevados pontos de ebulição, associado ao curto período de i solamento (Madruga, 1994). A extração com solventes, utilizando-se os métodos tradicion ai s de batelada ou de extração continua, é usualmente combinada com processos de destilação. O aparelho d e Likens-Nickerson, que combina ambos os processos de destilação e extração, t em g anhad o popul ar id ad e e, vári as inovações e variações têm sido sugeridas (Maarse, 1991, Madruga, 1994). 3. FLAVOUR DO LEITE O leite fresco (cru ou pasteurizado) de boa qual i d ad e possui c ar ac t er ísti cas pec uli ar es d e flavour. T r ês fator es s ã o r espon sáv ei s pel as propri edades sensoriais do l eite: (1) as sensações agr adáveis dos constituintes físicos e químicos do leite, como a emulsão dos glóbulos de gordura e da fase coloidal das proteínas, (2) o binômio d oce/ salgado que resulta da lactose e d os sais presentes, (3 ) o delicado aroma causado pela presença de v ár i os odores e de sub stâ n ci as pr ecursoras presentes em baixos níveis de concentração. N a década d e 5 0 , o dimetil sulfito, foi identificado c om o um d os m ai s i m portan t e c on stitui n t e do aroma d o l eite fresco. D esd e então, centena de compostos volátil tem sid o i d entificada, alguns dos quais contribuem para a formação do flavour do leite (Vernin, 198 2; B adings, 1997). Os c ompostos volátei s do leite fresco e dos submetid os a diferentes tratamentos térmicos e sua rel ação com a formação de odores agradáveis ou n ão, t êm si d o freqüent em en t e estud ad os. Os resultados apontam a identificação dos vários compostos v ol át ei s do l eite, estimati vas de sua c on c entração e sua rel evânci a na formação d o flavour presente. Também t êm sid o reportados trabalhos sobre as mudanças na fração volátil e na produção do flavour do l ei t e causados por processos térmic os, d eteri or ação r esultante de micror g an i smos, processos enzi m áticos ou d e n atur eza quím i c a, apr esen t ad o- se d e g r an d e relevância para a indústria d e laticínios (Gomes & Malcata, 1998; Valero et ai., 1999,' AlIoggio et al., 2000; Morgan et ai., 2000). 3 . 1 . Origem dos compostos do flavour do leite Muitos compostos formadores d o flavour presentes n o , �·�·1{I� rizados principalmente como: compostos carbonila, álcoois, ácidos graxos livres, compostos sulfurados, etc, são provavelmente produzidos no metab olismo ani m al . Entretanto, m ui t os v ol át ei s podem ser transferidos das forragens ao leite via rúmen. O flavour indesejável, também denominado de off-flavour, pode ser observado quando c ertos c om postos são adi c i on ad os às forr ag ens e m et ab ol i zad os pel o ani m al (Ver n i n , 198 2; B adings, 1997). O aumento nas concentrações de sub stânci as c omo: indol , mercaptanas, sulfitos, nitrilos e tiocianatos, todos associados ao off-flavour do leite, são encontrados em maiores concentrações quando os animais são alimentados com certas espécies de Crllciferas. Também tem sido reportado que, após a coleta do leite e durante a estocagem, antes do processamento, alguns l otes de leite podem desenvolver flavollr oxidativos, devido a processos de oxidação espontâneos ou rancidez lipolítica como resultado da ação d as l ipases presentes no l eite (Nijssen,1997; Toussaint, 1991) A g ordura do l eite é um dos mais impor tantes nutrientes sendo responsável pela origem de odores agradávei s ou d esagradáveis. Ácidos graxos livres (maior parte formados por cadeias de C4 - C18) são liberados a partir de glicerídeos por ação d as l i pases do l ei t e ou pel as l i pases b act er i an as, parti cul ar m en t e prod uzi das por b actér i as psicotrófic as (B adings, 1997, Ruerta Gonzalez & Wilbey, 2001, Wouters et ai., 2002). Alc an on as, apenas aquelas formadas por cadeias com números ímpares de C3 a C15 , são t am b ém for m ad as e apr esent am c ontri b ui ção i mportan t e ao ar oma d o l ei te. S ua ori g em é justificada a partir de processos de esterificações intramol eculares de 4- e 5- hidro ácid o graxo, causadas por processos térmicos. Produtos de auto- oxi d ação são formados devido à presença de ácidos graxos no leite, através de reações n ão enzi máti c as d e oxidações autocatalíticas, resultan d o na formação d e hidroperóxidos. Estes hidroper ó xi dos podem ser desmembrados em produtos de oxidação secundária, como os aldeídos e as cetonas, que são substâncias de grande relevância na formação do flavoli r d o leite (Ni jssen, 1997; Alloggio e t ai., 2000). As proteínas e a l actose constituem também i mportantes fontes de formação de flavour d o leite, processos químicos, enzimáticos e micro b i ol ó gi c os pod em d eg r ad ar est as mol éc ulas l ev an d o a for m ação de d i fer ent es v ol át ei s. Compostos sulfurados - dimetil sulfito, dimetil di sulfito, m etan eti ol , etc, podem ser formados por ação do calor a partir da 13-lactoglobulina e do material da membrana d os glóbul os de g ordura, b em como, podem ser originados pela degradação da m et i on i n a pel a exposi ção à l uz v i sí v el . Compostos heteroc ícli c os, c omo piridin as, pir- . " 1 - Pág. 7 3 - 1 8 , 2003 "Când ido Tostes", Jan/Fev, n° 330, 58: identificados são em geral originados da matriz leit � b ovino, v ale citar que nen hum trabal ho fOI . encontrado sobre os voláteis do leite de capnnos. Desta forma na Tabela 1, estão listados alguns dos principais voláteis identifi c ad os no leite bovino . pasteurizado e esterilizado, rel acIOnando-os com os precurs ores e as respectivas re s p ost as aro , . máticas, ou seja, o flavour caracte nstlco. Perfil aromático do leite pasteurizado e esterilizado (UH T) _ Fonte : Adaptad o de B adings ( 1 99 1 ) . . . temperatura, O, oXIdaçao . P proteín as ; G, gorduras ; L, Leite como fonte;T , Precursor 1 : V.A.2 . fi D etecção (Thresh ould) . . . . lçao; 2 - modeqlda, 3 - forte, 4 - mUlto orte Importânci a 3 : O - não contribui ou duvidoso; 1 - leve contnbU do aroma <0.04 : -, não detecta do; n. d . , não determinado; s, valor Legend a ' . • _ . : � �?4J" ��U1i s são caracte- I<?i e fr s I digitalizado por arvoredoleite.org Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, 5 8 : 3-1 8, 2003 Pág. 8 Além das fontes citadas ( c on s tituinte s qu ím i c os , u s o d e temperatura, proc e s s o d e oxidação), o s compostos formadores de flavour d o leite podem também ser trans feri d os l ou formados durante o process amento, empacota mento, estocagem e distribuição d o leite. Entre outros agentes causadores, pode-se mencionar, os produtos sanitizantes utilizados na indústria, os materiais de embalagens e vapores produzidos, originando flavour desagradável aos produtos aos laticínios . Em geral, a formação de off -flavour acontece em conseqüência do uso inadequado de substâncias, ou seja, utilização de produtos acima d os n íveis tolerávei s . Res salta-se , também, a importância da escolha criteriosa das embalagens, v i s t o que alguns materi ais pos s uem permea bilidade, com a possibilidade de formação de of! flavour (Nijssen , 1 9 9 7 ) . Na Tabela 2, e s t ã o citad os o s compostos aromáticos , identi ficados como sendo res pon sáveis pelo of! -flavour do leite. Afora dados publicad os s obre os voláteis do leite bovino, a exemplo da revisão de Badings ( 1 9 9 1 ) , recentemente alguns trabalhos têm reportados compostos voláteis os produtos deri vados d o leite, c omo os .quei jos . Law l or et alo (2002) analisando oito tipos de queijos reportaram as relações entre os atributos aromáticos destes quei jos e as concentrações de compostos voláteis, aminoácidos livres, ácidos graxos livres, compo sição centesimal e os atributos de textura. O atri buto aromático de "Cheiro de castanha" do queijo Emmental foi positivamente correlacionado com Tabela 2 - concentrações de ácido propiônico, acetato de etila e 2-pentanona. Ryclik & B osset (200 1 ) relataram que o aroma t ípi c o do q u e i jo Gruyere tinha c omo 2 -/3 -meti l -butanal, c om post os : princi pais metional, dimetil-trisulfito, fenilacetaldehidro, 2etil-3 , 5 -dimetilpirazina, 2,3 -dietil-5 -metil pira zina, metanoti ol, áci d os acético, propi ô n i c o, butírico, 3-metilbutírico e fenilacético. Reham et alo ( 2 0 0 0 ) , também c itam os áci d os graxos, ceton a s , aldeíd os , éstere s , ál c ooi s , l actonas e metional como as classes priIicipais de voláteis de queijo Cheddar. 4. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O LEITE CAPRINO Pesquisadores de várias partes do mundo, têm estudado a c ompos ição do leite de cabra, entretanto, pou c o se sabe a res pe i t o da s u a composição em regiões tropicais e menos ainda nas suas microrregiões, sobretudo a influência dos múltiplos fatores como raça, mestiçagem, fatores ambientais e período de lactação sobre a qualidade do leite produzido (Anifantakis & Kandarakis 1 980; Veinoglou et al. , 1 9 82; Arbiza, 1 986; Pint� et al., 1 9 84; Merin et al., 1 98 8 ; Koushik & Gupta, 1 98 9 ; Voutsinas et aI. , 1 990; e Dias et al., 1995). Do ponto de vista nutri cional, trabalhos destacam a i m portâ n c i a do leite de cabra n a alimentação, devido a sua maior digestibilidade, características dietéticas e terapêuticas (Furtado, 1 9 8 1 ; Damási o, 1 8 8 4 ; N ogueira, 1 99 0 ; Walker, Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, 58: 3-1 8, 2003 1 99 1 ; Chandan et al., 1 992; Urbiene et al. , 1 997; Fis berg et al. , 1 99 9 ) . Neste sentido, pes q u i s as con duzida s por v ári os autores d e m on s tram diferenças quanto ao teor de lipídios entre o leite de cabra e de vaca, bem como no que se refere às concentrações de proteínas , extrato seco total, cinzas e vitaminas (Jenness, 1 980; Cerbulis et aI. , 1 9 8 2 ; S hahin et a I . , 1 9 8 7 ; B rendehaud & Abrah ansen , 1 98 7 ) . E s t u d os real i za d os por a l g u n s autores revelam diferenças na composição químicá entre o leite de vaca e de cabra, no que se refere aos teores de prot e ínas , e xtrato s e c o t otal, cinzas entre outros (Mahieu et al, 1 97 7 ; Larson, 1 97 8 ; Devendra, 1 98 0 ; Hadjipanayiotou, 1 99 5 ; Morgan et aI., 2000). No entanto, Damási o et alo ( 1 987) concluiram que em relação aos aspectos físico químicos, os leites citados são similares e que as variações ocorrem devido às raças dos animais. Na Tabela 3, estão apresentados valores médios da composição química d o leite de cabra de diferentes raças, pesquisados em países da Europa e Ásia. Tabela 3 - Pág. 9 Na Tabe l a 4, e s t ã o l i s tados d ad os da c om pos i ç ã o fís i c o-quím i c a do leite d e c abra brasileiro, proveniente de rebanhos de diferentes Estados e raças. De acordo com Furtado ( 1 98 1 ), o leite de cabra apresenta densidade mais elevada d o que o leite de vaca, situando-se em torno de 1 . 032 g/l, e n q u a n t o q u e o l e i te de c a b ra pode a t i n g i r 1 . 0 3 4 g/l . C om relação a o pH, de acordo com Olmedo et alo ( 1 9 80), o leite de cabra apresenta uma l i geira i n feri ori dade a o l e i te d e vaca, os cilando entre 6,3 e 6 , 6 . Q u an t o ao teor de acidez, de acordo com Furtado ( 1 9 8 1 ) e Damásio et aI. ( 1 987), o leite de cabra, quando comparado c om o leite de vaca, apresenta-se mais ácid o devido· à s diferenças entre o s grupos carboxílicos das duas espécies, podendo este índice ser utilizado c omo indicador do seu estado de c on servação, variando entre 0, 1 1 e 0, 1 8 ° D (Jenness, 1 9 80). Pesquisas conduzidas por vári os autores demonstram diferenças quanto ao teor de gordura entre o leite de cabra e vaca, tanto do ponto de vista quantitativo quanto do ponto de vista físico, Valores médios (%) da composição química do leite de cabra de diferentes raças e países Flavour e Off-flavour do leite Flavour de ração Cheiro de mato Flavour de vaca Flavour transportados Flavour de fervura Flavour oxidado Rancidez lioo/ítica Flavour fecal Flavourfrutal Flavour de malte Flavour amar�o Flavour pútrido Flavourienólico Flavour ácido Flavour de J!oma Tipos específicos de forragens, silagens, etc Crucíferas Processos de cetose e acetonemia em vacas lactantes Desinfetantes, embalagens Processos de fervura, UHT, esterilização/caramelização Processos de oxidação de gordura, sebo, metais . Rancidez Falta de higiene Bactérias psicrotr6ficas Pseudomonas fra!!ii Streptococcus lactis varo malti�enes Atividade de proteinases terrnoresistente Contaminação bacteriana severa Esporos de Bacillus circulan.l' Streotococcus lácteos Reação de Maillard Fonte: Adaptado de Badings ( 1 9 9 1 ). PiiriêipalêómjjostóE!nvulvidó;'" Dimetil sulfito, acetona, butanona, isopropanol, etanol, llropanol Indol, esquatole, sulfito, nitrilos, Tiocianatos Acetona, dimetil sulfito Clorofenol, c1orocresol, c1oroanisol H2S, metilmercaptana, sulfitos, aldeídos saturados e insaturados, maltol, furanos, pirazinas Aldeídos e cetonas, vinil alquil cetonas, 2- a1quenal, 2,4-a1cadienal, (Z)-3-hexanal, a1canais, 2-a1quenais Acidos graxos livres Dimetil sulfito Etil butanoato, etil 3-metil-butanoato, etil hexoato 3-metilbutanal, 2-metilbutanal, 2-metilpropanal Peptfdeos Sulfitos, ti6is Cres6is Acido lático, Acidp acético O-Aminoacetofenona ( 1 ) Anifantakis & Kandarakis ( 1 980) ; (2) Castagnetti et aI. ( 1 984) ; (3) Pinto et aI. ( 1 984); (4) Barbosa & Miranda ( 1 986) ; (5) Karim & Lofti ( 1 987); (6) Koushik & Gupta ( 1 989); (7) Espie & Mullan ( 1 990) ; (8) Falagan et aI. ( 1 99 1 ); (9) Rota et aI. . ( 1 993); ( 1 0) S ung et aI ( 1 999) e ( 1 1 ) Prasad & Sengar (2002). digitalizado por arvoredoleite.org Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", Jan/Fev, nO 330, 58: 3- 1 8, 2003 Pág. 1 0 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", Jan/Fev, n° 330, 5 8 : 3- 1 8 , 2003 devido a diversos fatores ; entre eles os genéticos, s e n d o relatado v alores entre 2 , 0 % a 8 , 0 % d e gordura p ara o leite d e c abra. Com relação a o aspeçto físico, os glóbulos de gordura do leite de cabra se apresentam menores, o que pode explicar a sua maior digestibilidade, levando a suposição de que as lipases atuam nas gorduras com maior rapidez devido a uma maior área de exposição (Olmedo, et al. , 1 979 ; Darton-Hill, et al., 1 987, Chandan et al. , 1 992). Quanto às proteínas do leite de cabra, são formadas principalmente pela a-Iactoalbumina; �-lactoalbumina; �-caseína; K-caseína a-S 1 caseína e a - S ? c aseína, as quais ass emel ham-s e a o s homólõgos do leite de vaca. Entretanto, no leite de cabra, a �-caseína representa 55% da compo sição destas proteínas, enquanto a a-S 1 caseína apre s e n t a - s e com maior p ercentual no leite bovino (Devendra, 1 9 8 0 ; Fisberg et al. , 1 99 9 ; Morgan e t al. , 2000) . S upõe-se que as proteínas do soro (a-lactoalbumina; �-lactoalbumina) do leite de cabra e de vaca se apresentam estrutu ral mente d i feren c iadas , a l ém d e s t e fato , as variações percentuais das mesmas, provavelmente e x p l i c a a s u a melhor tolerân c i a p o r crian ç as portadoras de quadros alérgicos ao leite de vaca. Jaubert et alo ( 1 999) e Pierre et alo ( 1 999) anal isando o efeito das c aracterísticas físi c o químicas na organização estrutural da micela d a Tabela 4 - caseína do leite d e cabra, observaram diferenças na c o m p o s ição caseínica d e s t e l e i t e , apre sentando-se dependente da participação do fosfato de cálcio. Com relação aos aminoácido s , pesquisas evidenciam que o leite caprino apresenta um perfil de aminoácidos similar ao leite de vaca e humano, estando os aminoácidos essenciais equilibrados e de acordo c o m o s req u i s i t o s da FAO -W H O . Enquanto que, n o tocante a o valor energético, o leite de cabra fornece cerca de 750 Kcalll, sendo semelhante aos outros leites utilizados (Jenness, 1 9 8 0 ; Mehaia & Al-kahnal, 1 9 8 9 , D amási o et al. ; 1 9 87, Morón et aI. , 2000) Ainda c o m relação ao valor n utri t i v o , Devendra ( 1 9 80), Mahieu et alo ( 1 977) e Prata et aI . , ( 1 9 9 8 ) , citam que o leite de cabra contém duas vezes maior quantidade de ,nitrogênio não protéico (NNP) que o leite de v,aca, correspondendo à média de 40mg/ l OOg de NNP, equivalendo a cerca de 0,25% de proteína, onde 65% deste corresponde a uréia, o que provavelmente j ustifica a maior digestibilidade e absorção das proteínas do leite de cabra. Neste sentido, Sawaya et aI. (1984), na Arábia, avaliaram a digestibilidade deste leite "in vitro", obtendo valores de 86,2 e 87,0%, e o PER - Protein Efficiency Ration com índices de 2,57 e 2,84. Com referên c i a ao c o n t e ú d o mi neral, a porcentagem de cinzas do leite de cabra (0,70 a Valores médios dos constituintes químicos e físicos do leite de cabras puras e mestiças de rebanhos de diferentes Estados brasileiros . 0,85%) é ligeiramente maior que a de vaca e de búfala (Devendra, 1 9 8 0 ; Carvalho, 1 99 8 ) . Desta forma, Dias et alo ( 1 995), analisando o leite de cabras em Goiana-GO, encontraram 0 , 8 2 % de cinzas, com teores médios de Ca de 1 1 1 mg/l00ml; K de 206 mg/lOOml; e Na de 45 mg/lOOmI. Estes autores ressaltam a importância do conhecimento do teor de cinzas do leite, visto que este nutriente exerce papel relevante no equilíbrio poli-iônico, garantindo a estabi lidade d as proteínas . C o m relação às quantidades dos elementos-traços, o leite de cabra apresenta teores s emelhantes ao leite de vaca, p orém c o m menor teor de C o , estan do relacionado c o m a taxa red u zi d a d e vitamin a B 12' Q u anto aos teore s d e ferro apresentam - s e s i m i l ares ao leite de vac a (Akinsoyinu e t ai, 1 979 ; Arbiza, 1 986). Gajewska et ai. ( 1 997) analisando minerais no leite de cabra detectaram valores médios de 6 8 - 1 1 3 mg% de Ca; 96-846 mg% de P; 0,2-2,4 mg% de Fé; e teores de 6- 1 4 8 ; 0,002-0,284; 0,07 1 -0,745 ; 1 , 1 -3,9 ; 63128 1 ; 27-407 mg% nas determinações de Mg; Mn; Cu; Zn ; K e Na respectivamente. 5. ASPECTOS SENSORIAIS DO LEITE CAPRINO O leite de cabra possui aroma e sabor com características agradáveis o u desagradávei s ao paladar humano, segundo hábitos de ingestão. Entretanto, o flavour caprino acentuado muitas vezes in desej ável ., apresenta-s e como um d o s fatores de recusa. E m contrapartida, os conceitos atu ais d e c o ntrole de qualidade envolvem a aplicação da análise sensorial em todos os estágios do processamento ; desde a escolha da matéria prima até a embalagem do produto acab a d o . A aplicação desta análise em produtos alimen tíc i o s p o d erá c o nter res u l tad o s v ali o s o s na Tabela 5 SRD SP 19 ( 1 ) Damásio ( 1 984); (2) Faria ( 1 987); ( 3 ) Bueno e t aI. ( 1 99 1 ); (4) Nader Filho e t aI. ( 1 990); (5) Mendes ( 1 993); (6) Queiroga ( 1 995); (7) Cardoso ( 1 996); (8) Bonassi et aI. ( 1 997); (9) Brito ( 1 999), ( 1 0) Chornobai et a!. ( 1 999). - Pág. 1 1 qualidade dos mesmos, no desenvolvimento de novos produtos, além de serem úteis na área de marketing ou de p l anej amento do mercado formador sobre as preferências e necessidades do consumidor, estando incluído neste contexto os produtos caprinos (Treptow, 1 9 97 ; S i l va, 1 99 8 , Murray e t aI., 200 1 , Olarte e t aI. , 200 1 ) . Neste sentido, apesar das causas d o flavour do leite caprino não serem ainda bem conhecidas, vários estudos têm sido realizados por diversos autore s , rel a c i o n an d o -as a fatores g e n éti c o s associados a s u a composição química e formas de manuseio do produto, com a conseqüente produção do flavour c aracteríst i c o ( S mith et a I . , 1 9 84 ; Haelein, 1 9 8 8 ; Gomes e t aI. , 1 997). Desta forma, Chilliard et aI. ( 1 9 84), Arora & Singh ( 1 986) e Haenlein ( 1 98 8), estudando as c aracterís ticas do flavour do l eite de c abra, verificaram que podem ser atribuídas à presença de lipídios, particularmente sob a forma de ácido graxos de cadeia curta (caprílico - C 6:0, capróico - C 8 : 0 e cáprico - C 10:0) quase três vezes maiores que no leite de vaca, tornand o - o s química e fisiologicamente distintos (Tabela 5). Os autores taínbém relatam que a membrana dos glóbulos de gordura encerra os odores, é mais frágil no leite de cabra que, quando rompida, ativa enzimas, lib erando á c i d o s grax o s vo láteis e o d o res desagradáveis. Ainda com relação aos lipídios , do leite de cabra, alguns autores observaram que este leite, apresenta uma maior concentração de glóbulos de gordura de menor tamanho ( 1 ,5 f.l), enquanto que glóbulos maiores que 3,0 f.l são encontrados no leite de vaca em maior concentração, p o dendo explicar uma das causas de sua maior digesti bilidade, supondo-se que as lipases atuam nas gorduras com maior rapidez devido uma maior área de exposição (Olmedo et aI., 1 979; Cerbulis Composição de ácidos graxos (%) em leite de cabra e vaca Fontes: 1 landa! ( 1 996); 2 Fontecha et a!. (2000); 3 Fennema ( 1 993) digitalizado por arvoredoleite.org Pág. 12 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, na 330, 5 8 : 3- 18, 2003 et aI., 198 2; Darton-Hill et aI., 1987; Chandan et a I ., 19 9 2; Attaie & Richt er , 2000) . A in d a, Chandan et aI. (1992) ressaltam que a membrana d os g l ó b ul os de g or d ur a n o l eite de cab r a apresen ta- se m ais fr ágil, r esult an d o e m uma vulnerabilidade à l ip ólise e desenvolvimento do flavuor associado com ácidos graxos voláteis. De acordo com os estudos de Alonso et aI. , (1999) e Fontech a et a I ., ( 2000), o s lipídios d o l eite d e cab r a apr esentam v al or es m éd ios d e triglicerídeos divididos em: 5 5 % d e ácidos graxos saturados (AGS), 28, 9 % monoinsaturados e 16 % p ol iinsaturados. Os autores também ressaltam que estes valores encontram-se diferentes p ara o leite de vaca, com teores m éd ios de 4 7 % de A G S . Entretanto, observa-se que no leite de cabra 30% dos AGS estão representados p el o ácido b utírico, enquanto que o de vaca foram encontrados 46% d este ácid o. Neste sentido, sup õ e- se que a composição l ipídica, contribui significativamente com a formação do flavour característico. Gul at i et a i . ( 19 9 7 ) , Mir et a I . (199 9 ) e S ampelayo et a I . (2002) analisando amostras de l eite de cabras alimentadas com d iferentes fontes e concentrações de l ipídeos· , significativa na composição de ácidos graxos dos leites estud ados. S egundo os autores, mudanças no manej o alimentar p od e prod uzir a agregação de valor nutritivo ao l eite de cabra, com a obtenção de um p erfil l ipídico mais favorável . Allogio et aI. (2000) e Morgan et aI. (2000), estud and o o efeito do tratamento térmico n a composição química e flavollr d o l eite d e cabra, observaram que o leite caprino é mais sensível a processos térmicos com altas temperaturas, devido, provavelmente, as concentrações de Ca livre e pH, como também, na formação dos complexos entre a j3-lactoglobulina e a lC-caseína, estando diretamente relacionados com os compostos responsáveis p el o flavollr, conforme citad o p or G uichard & Langourieux (2000) e Valero et a I., (2000). Ain d a Arbiza ( 19 8 6 ) e H aenl ein (19 8 8 ) , r el atam q u e o man useio d o l eite p osterior à ord enh a rev este- se de gran d e imp ortân cia n a intensidade do flavollr, p or ser o leite d e cabra, como o de outros mamíferos, muito suscetível a od ores estran hos, oriun d os d o amb iente e d o próprio alimento ingerido p el o animal que, por sua vez, também interfere na composição química d os n u tr ientes. Estan d o esta consid er ação d e acordo com o citado p or B adings (199 1) para o de vaca. S egundo S mith et a i . (19 84), outro fator influencia no flavour do leite caprino, está com a p r esen ç a d o m acho, apre n otor iam ente como prod utor d e desagradáveis, constituindo-se n a maioria um fator ambiental responsável p el o flavour caprino acentuad o d o l eite e , segundo os autores, os odores almiscar ad os d ominantes no m ach o são p r ov en ientes da secr eç ã o d e p eq u en as g l ân d ul as seb áceas, l ocal i zad as adj acentes à p el e, na b ase d os chifres, as quais se h ip ertrofiam d ur an te o p eríod o de acasala m en to. Estan d o esta ob servaç ão, concord ante com o acima referenciado. Ainda com relação ao manej o de ordenha, autores citam que a qualidade microbiológica do l eite está d ir etamen te r el acion ada com as con d ições h ig iênico- sanitárias de sua obtenção, apresentando-se como d ecisiva n a qualidade do p r od uto fin al . Ressaltam tamb ém, que estas con diçõ es podem influenciar n as características sensoriais, com p r od uç ão d e sabores e aromas d esej áv eis ou não, além de veicul ar zoonoses, enfatizand o- se a n ecessidad e de mais p esquisas nessa área, visando orientar autoridades sanitárias e produtos sobre as práticas adequad as de produção e beneficiamento (Carvalho, 199 8 ; Gomes et aI., 2000 ; B oyazoglu & Morand- Fehr, 2001). 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS o conhecimento d os d iversos fatores que envolvem a formação do flavour, bem como das substâncias q ue conferem este atributo, t em impulsionado a d escoberta de n ovos compostos em vários alimentos. C om o conseqüência, novos métodos analíticos estão sendo aprimorados para acompanhar a velocidade da demanda na área de al im en tos, b uscand o sempre a el ab oração d e produtos de qualidade. Na maioria dos trabalhos da l iteratura, com relação ao flavour do leite caprino, são realizados em países cOm sistemas de criação evoluídos, além de processos d e b eneficiam entos avançados e adequados. Diferentemente da realidade brasileira onde os sistemas de criação são n a maior p art� semi-intensivos e totalmen te b en eficiados p el o p eq ueno prod utor, prin cip al m en te, n a Região Nord este. D esta for m a, as p er sp ectiv as d a cap rinocultura l eiteira, d ep ar a- se com alguns entraves, entre eles, a melhoria da qualidade dos prod utos, com o m ecan ismo imp ul sion ad or d a aceitabilidade dos mesmos. C om relação ao leite de cábra, os efeitos benéficos, tanto do p onto de vista nutricional e social são consideráveis. Entretanto, n o Brasil , as p esquisas que avaliam a produção e a composição nutricional d este produto vêm sendo realizadas, ap esar de serem ain d a insuficientes, v isto a grand eza d o p aí s e d o p otencial d o r eb an h o caprino. P ar a tanto, p esquisas s e fazem n eces sárias, b uscan d o con h ecimentos que p ossam el ucid ar q uest i on am en tos, com con seqüente crescimento d est e setor p r od uti vo, al ém d a Pág. 1 3 JanIFev, n a 330, 5 8 : 3-1 8, 2003 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", p o s s ib il idad e d e contribuição p ara o d e s e n volvimento d a s regiões produtoras. A S S OC I A Ç Ã O B R A S ILEIRA D E N O R MA S TÉCNICAS - ABNT, NBR 12806, 1 99 3, 8 p . ATTAIE, R . ; RICHTER, R . L . Fat globules in casein micelle reduced goat milk. In: International C o n ference on G o at s , 1 , Tours/France, Proceedings. .. Tours/ France, p. 576-579, 2000. 7. SUMMARY The sensorial characterist ics of the g o at milk, mainly the accentuated flavor, are one o f the factors that contribute t o . the preference t o B AD I NG S , H. T. M il k . I n : ___ Volatile the bovine m ilk. 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Televendas : (1 2) 3933-0400 [email protected] www. quinabra.com.br digitalizado por � Ouinabra: Qualidade benefícIo da em natuf'(!%à arvoredoleite.org Pág. 20 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", Jan/Fev, n° 330, 5 8 : 20-20, 2003 Pág. 2 1 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", Jan/Fev, n° 330, 5 8 : 2 1 -25, 2003 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO LEITE DE CABRAS PURAS NO CURIMATÁU PARAIBANO DURANTE O PERÍODO DE LACTAÇÃO 1 Ferreira, M. C. C. 2 Queiroga, R. C. R. E. 3 .<ill.l;, �E�,"t" 'i C\lPÇà O CO. E Ç4 PO R AQ U I • • • , IlO D U·T OS PARA LAT I C í N l O S RESUMO A presente pesquisa teve como objetivo determinar alguns constituintes químicos do leite de cabras puras na microrregião do Curimataú paraibano, durante 1 95 dias de lactação. Foram obtidos para o leit(! de cabras ANGLO NUBIANA, PARDA ALEMà E BRITISH ALPINE os seguintes valores médios: proteínas (3,55; 3,01 ;3,06%), lipídios (4,96; 4,44; 3 ,90%), cinzas (0,7 1 9 ; 0,725; 0,7 1 2%), lactose (3 ,94; 4,00; 4,01 %) e ácido láctico (0,1 7 1 ; 0, 1 40; 0, 1 68D), respectivamente. Os resultados evidenciaram influência significativa da raça, período de lac�ação e turno de ordenha sobre os constituintes estudados, exceto para os teores de lactose, que não sofreram efeito dos parâmetros raça e turno de ordenha. ({ QUEIJOS: Fermento Rhodia, Cloreto de Cálcio, Corante Urucum, Corante Clorofila, Revestimento para Queijos e Conservantes. Ácido . Látic o , Coalhos, ' Fuma.ça Líquida, 1. INTRODUÇÃO q ix: IOGURTES EBEBIDAS LÁCTEAS: Culturas Lácteas Rhodia, Estabilizantes, Arómas, Corante Carmi, Cochonilha, Polpa de Fruta e Conservantes. REQUEIJÃO CREMOSO, CULINÁRIO E BARRA: Sais Fundentes, Ácido Cítrico, Corretores, Consevantes e Espessantes para Requeijão. DOCE DELEITE: Bicarbonato de Sódio, Citrato de Sódio, Lactose Micronizada, Estabilizantes e Conservantes. OUTROS PRODUTOS : Liras e Garfos para Queijos, Fôrmas e Dessoradores, Agitadores para Latões, An,éis de Borracha e Vedação, Vidrarias e Reagentes para Laboratório, Uniformes Completos, Produtos de Limpeza e Sanitização Industrial e para Fazenda. INFORME-SE SOBRE NOSSO SERViÇO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA Rua Frei Luis de Souza, ri2 878 Bairro Alto dos Pinheiros - 3 0.530.3 1 0 - Belo Horizonte - MG Tel/Fax: (3 1 ) 3376 - 2072 E-mail: [email protected] o rebanho caprino mundial correspondente a aproximadamente 5 9 0 milhões de cabeças, as quais encontram-se concentradas nos p aíses em d e s e n v o l vi ment o , p ri n cipalmente nas regiõ e s semi-áridas, refletindo, desse modo, a capacidade de adaptação desta espécie em áreas caracterizadas por b a i x o s índices p l u v i om étric o s e e l e v adas temperaturas (9). No Brasil, estima-se que o rebanho caprino sej a de aproximadamente 1 2 . 80 0 mil cabeças, figurando corno 8 ° produtor mundial . A região Nordeste d e s t a c a - s e com u m e fetivo c ap r i n o superior a 1 1 milhões de cabeças, o qual constitui 92% do rebanho nacional ( 1 0, 1 1 ) . Quanto a o estado da Paraíba, a população caprin a e s t á estimada �m 4 02 . 7 32 c a b e ç a s , concentradas principalmente nas microrregiões do Curimataú e Cariri, caracterizadas por apre sentarem clima bastante hostil ( 1 1 ) . N o que concerne aos constituintes d o leite de cabra, e s t u d o s real i za d o s p or diversos pesquisadores, relatam a influência significativa de vários fatores na sua composição, dentre eles, a raça, o período de lactação, alimentação, turno de ordenha, clima e manejo ( 1 2, 1 4) . A l g u n s a u t o r e s ( 1 6) ao estu darem o s constituintes do leite de cabras Parda Alpina e ' Anglo Nubiana, c o n stataram diferenças signi fi cativ a s ( P < 0 , 05 ) entre as raças , o b t e n d o 1 2 3 valores p ara proteín as d e 3 , 2 a 4 , 3%, respec tivamente. Em outra pesquisa, foram observadas diferenças entre, as raças Jamunapari e B arbari, cujos teores de extrato seco e iipídios correspon deram a 1 4,04 e 1 3,23%; 4,62 e 3, 8 5 %, respec tivamente, revelando valores superiores (P < 0,05) desses constituintes no leite de cabras Jamunapari. Apesar do leite de cabras ter seu uso regis trado desde a antiguidade, e dos inúmeros estudos s obre a sua composição, ainda s ão escassas as pesquisas que associem os efeitos raça, período de lactação e turno de Ordenha s obre suas caracte rísticas físicas e químicas. Nesse sentido, realizou se e s t a p e s q u i s a obj et i v a n d o determinar o s constituintes químicos d o leite d e cabra, bem corno a influência dos fatores raça, período de lactação ao e turno de ordenha sobre estes constituintes . 2. MATERIAL E MÉTODOS 2 . 1 . Material A presente pesquisa foi realizada com 1 8 animais puros, sendo 6 d a raça B ritish Alpine, 6 da Anglo Nubiana e 6 Parda Alemã, pertencentes a Fazenda Experimental Pendência, da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba, localizada no município de Soledade, microrregião do Curimataú paraibano. Q u an t o à alimentaç ão , os animais foram e nativas forragen s c on s u miam Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor. Farmacêutica-sanistarista da Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB - magda@ zaitec.com.br Professora Assistente IV do Departamento de Nutrição/UFPB . digitalizado por arvoredoleite.org Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, nO 3 30, 5 8 : 2 1 -25, 2003 Pág. 22 suplementados com ração balanceada (média de 20% de proteínas). O sistema de criação é o semi intensivo e a seleção dos animais para a pesquisa foi baseada na ordem e data de parição, elegendo se os de 2& e 3& ordem de parto e com bom estado sanitário A execução se deu nos meses de j unho a novembro de 1 995. Foram coletadas 72 amostras de leite para as 3 raças estudadas, iniciadas 30 dias ap ó s a p arição , c o m i ntervalos de 1 5 dias n o período de 1 9 5 d ias de lactação, n o s turnos d a manhã e da tarde. Para a realização da ordenha manual, foram obedecidas as recomendações preconizadas por Egito ( 8 ) . To d o s o s rec i p ientes e u ten s í l i o s utilizados na colet'a de leite foram previamente higienizados com água e sabão neutro, sendo o leite homogeneizado e retirada amostras de 600ml para as determinações físico�químicas. As análises foram realizada no laboratório de Análises de Alimentos do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal da Paraíba. 2.2. Métodos 2.2.1 Físico e químicos • • • • • • Proteínas - determi nada s eg u n d o o método de Micro-Kieldahl ( 1 5) Lipídios - determinados utilizando-se o lacto-butirômetro de Gerber ( 1 5) Extrato seco total - determinado através de s e c agem até obtenção de p e s o con stante ( 1 5 ) Cinzas - determinadas por incineração em mufla a 550° C (3) Lactose - determinado segundo o método de redução de Fehling ( 1 5) Ácido láctico - determinado por titulação ( 1 5) 2.2.2. Análise estatística Para a anál i s e e s tatística das v ariáveis q u ími cas d o leite, foi u t i l i zado u m esq uema inteiramente c a s u alizado com arranj o fatorial 3 x 1 2 x 2 , com três repetiç ões . Foi u s ad o o programa de c o mputador NTIA - S oftware científico (20). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 estão apresentados os teores médios de proteínas (%), cuja variação foi de 2,65 a 4,37% e 2,58 a 3,25% no leite de cabras Anglo N u b i a n a e B ritish A l p i n e , re specti v amente, obtidos na ordenha do turno da manhã. Para o leite ordenhado à tarde, verificou-se a variação de 2 , 6 3 a 4 , 3 1 % nas raças PARDA ALEMà E ANGLO NUB IANA, respectivamente; revelando assim teores mais elevados (P < 0,05) de proteínas neste t u rn o de ordenha p ara todas as raças estudadas, estando em concordâ�cia com dados referenciados na literatura ( 1 8) . Quanto a o s teores de lipídios, os valores variaram de 3 , 1 0 a 5, 1 0% e 4,0 a 6 , 5 % para os leites obtidos na ordenha da manhã e da tarde, nas raças B ritish Alpine e A nglo Nubiana, respec tivamente, evidenciando-se aumento significativo (P < 0,05) de lipídios no leite ordenhado no turno da tarde. Segundo alguns autores consultados (6, 27), o não esgotamento total do úbere na ordenha da manhã, favorece o acúmulo de gordura e, com i s s o , promove aumento de s u as taxas no leite obtido na segunda ordenha. Com referência aos teores de extrato seco total, os v al ores médios v ari aram de 1 1 , 9 5 a 1 3 , 80% e 1 2, 3 8 a 1 4 , 8 6 % no leite das ordenhas do turno da manhã e da tarde, nas raças Parda Alemã e Anglo N u b i an a , 'respectivamente, con s t at an d o - s e p o rtanto, v al ores de l i pídios superiores (P <0,05) no leite obtido na ordenha da tarde, comportamento semelhante foi relatado em várias pesquisas (22, 7). De acordo com diversos autores ( 1 7 , 29), as variações na composição láctea, observadas nos diferentes interv alos de ordenha, pode ser decorrentes do cons umo de alimentos , elevação d a temperatura e u m i d ad e do ar e , de m o d o especial, a u m aumento dos teores d e lipídios e p r o t e í n a s q u e hab i t u al me n t e apre s e n t a m - s e mai s c o n c e n trad o s n o l e i t e d a o r d e n h a vespert i n a . Ainda na tabela 1 , podem s e r observados os teores médios de cin,zas, ácido láctico e lactose. Para cinzas, observa-se uma variação de 0,53 a 0, 8 3 % no leite de cabras Anglo Nubiana e British Alpine, respectivamente, na ordenha do turno da manhã, e de 0,83 a 0,87% para o leite ordenhado à tarde. Foi constatado teores maiores (P < 0,05) de cin zas no leite da ordenha da tarde, ex ceto para a raç a Anglo N ubiana. Resu ltados seme lhantes foram detectados em estudos realizados com cabras parda Alpina e Saanen no Estado de Goiás (7). No que concerne aos teores de ácido láctico, a variação observada (0, 1 24 a 0, 1 92 % ) ocorreu para os dois turnos de ordenha. Foram detectadas diferenças significativas (P < 0,05) apenas no leite de cabras British Alpine, onde os teores de ácido láctico, obtidos no turno da tarde, apresentaram se superiores aos da manhã. D o s c o n s t ituintes q u í m i c o s d o s leites estudados nesta pesquisa, apenas a lactose não apresentou variações, estando em concordância com estudos realizados com cabras mestiças na microrregião do Brejo paraibano (22). Pág. 2 1 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, 58: 2 1 -25, 2003 COMPOSIÇÃO QUÍMICA D O LEITE D E CABRAS PURAS NO CURIMATÁU PARAIBANO DURANTE O PERÍODO DE LACTAÇÃO 1 Ferreira, M. C. C. 2 Queiroga, R. C. R. E. 3 RESUMO A presente pesquisa teve como objetivo determinar alguns constituintes químicos do leite de cabras puras na microrregião do Curimataú paraibano, durante 1 95 dias de lactação. Foram obtidos para o leite de cabras ANGLO NUBIANA, PARDA ALEMà E BRITISH ALPINE os seguintes valores médios: proteínas (3,55; 3,01 ;3,06%), lipídios (4,96; 4,44; 3 ,90%), cinzas (0,7 1 9 ; 0,725; 0,7 1 2%), lactose (3 ,94; 4,00; 4,01 %) e ácido láctico (0,1 7 1 ; 0, 1 40; O, 1 68D), respectivamente, Os resultados evidenciaram influência significativa da raça, período de lac�ação e turno de ordenha sobre os constituintes estudados, exceto para os teores de lactose, que não sofreram efeito dos parâmetros raça e turno de ordenha. 1 . INTRODUÇÃO O rebanho caprino mundial correspondente a aproximadamente 590 milhões de cabeças , as quais encontram-se concentradas nos países em desen v o lv i mento, princip almente nas regiões semi-áridas, refletindo, desse modo, a capacidade de adaptação desta espécie em áreas caracterizadas por baixos índices p l u v i ométri c o s e elevadas temperaturas (9). No Brasil, estima-se que o rebanho caprino sej a de aproximadamente 1 2 . 8 0 0 mil cabeças , figurando como 8° produtor mundial . A região Nordeste destaca-se com u m e fetivo caprino superior a 1 1 milhões de cabeças, o qual constitui 92% do rebanho nacional ( 1 0, 1 1 ) . Quanto a o estado da Paraíba, a população capri n a está e s t i m ad a �m 402 . 7 3 2 cabeças , concentradas principalmente nas microrregiões do Curimataú e Cariri, caracterizadas por apre sentarem clima bastante hostil ( 1 1 ) . No que concerne aos constituintes d o leite de cabra, e s t u d o s real izados por diversos pesquisadores, relatam a influência significativa de vários fatores na sua composição, dentre eles, a raça, o período de lactação, alimentação, turno de ordenha, clima e manej o ( 1 2, 1 4). A l g u n s autores ( 1 6 ) ao estudarem o s constituintes do leite d e cabras Parda Alpina e ' Anglo Nubiana, constataram diferenças signi fi cati v as ( P < 0,05) entre as raç as , o b t e n d o 1 2 3 valores para proteínas d e 3 , 2 a 4 , 3 % , respec tivamente. Em outra pesquisa, foram observadas diferenças entre as raças Jamunapari e B arbari, cujos teores de extrato seco e iipídios correspon deram a 1 4,04 e 1 3 , 23 % ; 4,62 e 3 , 85 % , respec tivamente, revelando valores superiores (P < 0,05) desses constituintes no leite de cabras Jamunapari. Apesar do leite de cabras ter seu uso regis trado desde a antiguidade, e dos inúmeros estudos sobre a sua composição, ainda s ão escassas as pesquisas que associem os efeitos raça, período de lactação e turno de ordenha sobre suas caracte rísticas físicas e químicas. Nesse sentido, realizou se esta pesqu i s a obj etivando determi n ar os constituintes químicos do leite de cabra, bem como a influência dos fatores raça, período de lactação ao e turno de ordenha sobre estes constituintes. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2 . 1 . Material A presente pesquis a foi realizada com 1 8 animais puros, sendo 6 da raça British Alpine, 6 da Anglo Nubiana e 6 Parda Alemã, pertencentes a Fazenda Experimental Pendência, da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba, localizada no município de Soledade, microrregião do Curimataú paraibano. Quanto à alimentação , os animais c o n s u miam forrage n s nativas e foram Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor. Farmacêutica-sanistarista da Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB - magda@ zaitec.com.br Professora Assistente IV do Departamento de Nutrição/UFPB . digitalizado por arvoredoleite.org Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, 5 8 : 2 1 -25, 2003 Tabela 1 suplementados com ração balanceada (média de 20% de proteínas). O sistema de criação é o semi intensivo e a seleção dos animais para a pesquisa foi baseada na ordem e data de parição, elegendo se os de 2& e 38 ordem de parto e com bom estado s anitário A execução se deu nos meses dê j unho a novembro de 1 995. Foram coletadas 72 amostras de leite para as 3 raças estudadas, iniciadas 30 dias ap ó s a p ari ç ão , c o m i ntervalos de 1 5 dias no período de 1 9 5 d ias de lactação, nos turnos da manhã e da tarde. Para a realização da ordenha manual, foram obedecidas as recomendações preconizadas por Egito ( 8 ) . To d o s os rec i p ientes e uten s í l i o s utilizados na c oleta de leite foram previamente higienizados com água e sabão neutro, sendo o leite homogeneizado e retirada amostras de 600ml para as determinações físico�químicas. As análises foram realizada no laboratório de Análises de Alimentos do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal da Paraíba. 2.2. Métodos 2.2.1 Físico e químicos • • • • • • Pág. 23 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 3 30, 58: 2 1 -25, 2003 Pág. 22 Proteínas - determi n ad a segundo o método de Micro-Kieldahl ( 1 5) Lipídios - determinados utilizando-se o · lacto-butirômetro de Gerber ( 1 5) Extrato seco total - determinado através de s e c agem até obtenção de peso constante ( 1 5 ) Cinzas - determinadas por incineração em mufla a 550° C (3 ) Lactose - determinado segundo o método de redução de Fehling ( 1 5) Ácido láctico - determinado por titulação ( 1 5) 2.2.2. Análise estatística Para a anál i s e e s t at.ística d as v ariáveis químicas d o leite, foi u t i l i zado u m e s quema inteiramente casualizado com arranj o fatorial 3 x 1 2 x 2 , com três repetições . Foi u s ad o o programa de c o mputador N T I A - S o ftw are científico (20). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 estão apresentados os teores médios de proteínas (%), cuja variação foi de 2,65 a 4,37% e 2,58 a 3,25% no leite de cabras Anglo N u b i an a e B ritish A l p i n e , respecti vamente, obtidos na ordenha do turno da manhã. Para o leite ordenhado à tarde, verificou-se a variação de 2 , 6 3 a 4 , 3 1 % nas raças PARDA ALEMà E ANGLO NUB IANA, respectivamente; revelando assim teores mais elevados (P < 0,05) de proteínas neste t u rn o de ordenha p ara todas as raças estudadas, estando em co ncordância com dados referenciados na literatura ( 1 8) . Quanto a o s teores de lipídios, os valores variaram de 3 , 1 0 a 5, 1 0% e 4,0 a 6 , 5 % para os leites obtidos na ordenha da manhã e da tarde, nas raças B ritish Alpine e Anglo N ubiana, respec tivamente, evidenciando-se aumento significativo (P < 0,05) de lipídios no leite ordenhado no turno da tarde. Segundo alguns autores consultados (6, 27), o não esgotamento total do úbere na ordenha da manhã, favorece o acúmulo de gordura e, com i s s o , promove aumento de s u as taxas no leite obtido na segunda ordenha. Com referência aos teores de extrato seco total, os v al ores médios v ari aram de 1 1 , 9 5 a 1 3, 8 0% e 1 2, 3 8 a 1 4 , 8 6 % no leite das ordenhas do turno da manhã e da tarde, nas raças Parda Alemã e A n g l o N ub i ana, 'respectiv amente, c o n s tatan d o - s e portanto, v al ores d e l i pídios superiores (P <0,05) no leite obtido na ordenha da tarde, comportamento semelhante foi relatado em várias pesquisas (22, 7). De acordo com divers os autores ( 1 7 , 29), as v ariações na composição láctea, observadas nos diferentes i nterval os de ordenha, pode ser decorrentes do consumo de alimentos, elevação d a temperatura e u m i d ad e do ar e, de m o d o especial, a u m aumento dos teores d e lipídios e p r o t e í n a s q u e hab i t u al m e n t e apre s e n t a m - s e m a i s c o n c e n trad o s n o l e i t e d a o r d e n h a vespert i n a . Ainda na tabela 1 , podem s e r observados os teores médios de cinzas, ácido láctico e lactose. Para cinzas, observa-se uma variação de 0,53 a 0, 8 3 % no leite de cabras Anglo Nubiana e British Alpine, respectivamente, na ordenha do turno da manhã, e de 0,83 a 0,87% para o leite ordenhado à tarde. Foi constatado teores maiores (P < 0,05) de cin zas no leite da ordenha d a tarde, exceto para a raça Anglo N ub i ana. Resu ltados seme lhantes foram detectados em estudos realizados com cabras parda Alpina e Saanen no Estado de Goiás (7). No que concerne aos teores de ácido láctico, a variação observada (0, 1 24 a 0 ,1 92%) ocorreu para os dois turnos de ordenha. Foram detectadas diferenças significativas (P < 0,05) apenas no leite de cabras British Alpine, onde os teores de ácido láctico, obtidos no turno da tarde, apresentaram se superiores aos da manhã. D o s c o n s tituintes q u í m i c o s d o s leites estudados nesta pesquisa, apenas a lactose não apresentou variações , estando em concordância com estudos realizados com cabras mestiças na microrregião do Brejo paraibano (22). - Variação dos constituintes químicos do leite de cabras Anglo Nubiana, Parda Alemã e British Alpine, durante a lactação, no Curimataú Paraibano. 3,20a Média 4, 1 0 - 5,00 Lipídios (g/I00g) 4,30a Média 12,79 - 13,70 Extrato seco total Média 13,21a Cinzas 0,686 - 0,787 O,751a Média 3,87 - 4, 1 3 ± 0,05 Lactose Média 2:'Ô,í92�'.f {j;QS Ácido lático Média 4,OOa 0,144 - 0, 1 92 ± 0,05 O, 1 62b A variação dos cons tituintes do leite de cabras, durante 1 9 5 dias de lactação, demonstrou ainda uma tendência de aumento da concentração de proteínas, lipídios, extrato seco total e ácido láctico , com o avanço do períod o de lactação . Este comportamento também foi evidenciado no Chile, em pesquisas desenvolvidas com cabras das raças Anglo Nubiana (2 1 ) . Na tabela 2 estão disposto os valores médios dos constituintes químicos do leite de cabras Anglo Nubiana, Parda Alemã e B ritish Alpine, cuj o s teores de proteínas obtido s foram: 3 , 55, 3 , 0 1 e 3,06, respectivamente, com a raça Anglo Nubiana apresentado um percentual superior (P < 0,05) às demais. Valores semelhantes são relatados por alguns autores: 3,22% (5), 3 ,3 % (4). Entretanto, resultados superiores são citados: 4,43 % (2) e 4, 7 % ( 1 ). Quanto aos lipídios e extrato seco total, os teores m é d i o s fo ram : 4 , 9 6 , 4 , 4 4 e 6 , 9 0 % ; 1 3 , 8 4 , 1 3 , 1 5 e 1 2 , 7 3 % , n o l e i t e d e c ab r a s Anglo Nubiana, Parda Alemã e B ritish Alpine, respecti vamente. Nestes constituintes também foram observadas concentrações mais elevadas (P < 0 , 0 5 ) no leite da Anglo N ubiana. C o m paran d o - s e o s v al o re s o b t i d o s n e s t e e s t u d o , verifi ca-se q u e s e apresentaram similares aos re g i s t rad o s p e l a l i teratura c o n s u l t a d a , t a i s corno: 1 2 , 8 9 % para sólidos totais e 4 , 4 1 % para lipídios (2 1 ) . O s teores médios de cinzas corresponderam a 0,7 1 9, 0,725 e 0,7 1 2% no leite de cabras Anglo Nubiana, Parda Alemã e British Alpine, respecti vamente. Foi observado que o leite e cabras parda Alemã apresentou um percentual de cin zas superior (P < 0,05) às demais. Os valores médios obtidos nesta p e s q u i s a s ão semelhantes aos relatados por alguns pesquisadores: 0,68, 0,709 e 0,74% ( 22) ; 0,70% (26). No que se refere ao ácido láctico, os teores médios obtidos (0, 1 7 , 0, 1 4 e 0, 1 6) foram conver tidos a °D para e feito de co mparação com a literatura, sendo os mesmos correspondentes a 1 7, 1 , 1 4,0 e 1 6,8 °D, n o leite d e cabras Anglo Nubiana, Parda Alemã e B ritish Alpine, respectivamente. Valores similares a estes são citados por alguns pesquisadores: 16,0 °D (13); 1 6,0 0D (4); 1 7,0 0D ( 19). Os valores méd ios de lactose obtidos no leite de cabras Anglo Nubiana, Parda Alemã e B ritish Alpine, correspon deram a 3 , 94, 4 , 00 e 4 , 0 1 , respecti vamente, s emel hantes aos regis trados pela literatura consultada, quais sejam: 4, 1 % (25 ) ; 4, 1 % (2 1 ) ; 3 , 9 5 % (23 ) . A s médias gerais n a horizontal, seguidas da me s ma letra, não d i ferem s i g n i ficativamente entre si (Tukey a 5%). Tabela 2 - Te ores médi o s dos c o n s ti tuintes quími cos do leite de cabras Anglo N u b i ana, Pard a Alemã e B ritish Alpine, no Curimata6 Paraibano. Extrato seco total Cinzas % Lactose % Ácido láctico As médias na horizontal, seguidas da mesma letra, não diferem sign ifi cativamente entre si (Tukey a 5% ). digitalizado por arvoredoleite.org Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, na 3 30, 5 8 : 2 1 -25, 2003 Pág. 24 4. CO NCL USÕES • • • • Os valores médios d e proteínas, lipídios, extrato seco total, cinzas e ácido láctico sofreram influência significativa da raça, período de lactação e turno de ordenha; Os fatores raça e turno de ordenha n ão exerceram infl uência sobre os teores de lactose; A raça A n g l o N u biana apresent o u as maiore s c o n centrações de pro te ín as , lipídios, extrato seco total e ácido láctico; Os teores de proteínas, lipídios e extrato seco total, apresentaram aumento signi fi cativo com o avanço do período de lactação, nas três raças estudadas. 5. ABSTRACT The goal of this study was identifying the chemical constituents of mi1k of p ure goats in the micro region of Curamatáu at Paraiba State, for 1 9 5 days during l ac tati o n . The fo l l owing midd l e values for the milk of A nglo Nubian , German Pards a n d B ritish A l p i n e g o ats were obtained: proteins (3,55; 3 , 0 1 ;3 ,06), lipids (4,96; 4,44 ; 3 ,90), ashes (0,7 1 9 ; 0,725 ; 0,7 1 2) , lactose ( 3 , 94 ; 4 , 0 0 ; 4 , 0 1 ) and l actic acid (0, 1 7 ; 0 , 1 4 ; 0, 1 6) , respectively. The results attested the mean influence of races, lactation period and milking times upon the identified constituents, except for values of lactose, which did not suffer effect form the races and the milking time. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 . AKINSOYINU, A. O . , MBA, A. V. , OLUBAJO, F. O. Studies on milk yield and composition of the West African Swarf in Nigéria. Journal of Dairy Research, Cambridge, v. 44, n. 1 , p. 57-62, 1 997. 2. A N D R A DE , N. J . , COELH O , D. T . , FERREIRA, C. L. L., e t a I . Estudo comparativo sobre leites de cabra e de vaca. Observações sobre algumas alterações na composição pela aplicação de calor. 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"Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, 5 8 : 27-30, 2003 MODULAÇÃO DOS NÍVEIS DE HEMOGLOBINA EM RATOS PELO CONSUMO DE PROBIÓTICO (Lactobacillus acidophilus) Lorena M. YbarraI Ferla ndo L. SantosI Lucia Ramírez-CárdenasI Luciana F. R. Sa nt'A naI Luciana N. NobreI Ivy S. C. PiresI Eliane L. Rosado I A na Cristina R. Ferreira2 Célia L. L. F. Ferreira3 Neuza M. B. Costa4* RESUMO o aumento da oferta de alimentos fortificados com minerais leva à discussão de formas alternativas para aumentar a absorção destes, sem necessariamente aumentar sua ingestão. O uso de Lactobacillus acidophilus NCFM poderia ser uma opção para alcançar este objetivó, aliado a outros benefícios já conhecidos dos probióticos. O presente trabalho objetivou verificar a influência deste microorganismo na absorção de ferro em dieta baseada em arroz e feij ão. A biodisponibilidade de ferro foi determinada pela avaliação dos níveis de hemoglobina em ratos, pelo método de depleção e repleção. Os resultados obtidos mostraram que a adição de probióticos levou a um mesmo nível de recuperação de anemia quando dietas continham diferentes fontes de ferro, qual seja sulfato ferroso ou arroz e feijão (P>O,05). O uso de probióticos em conjunto com a dieta de arroz e feijão levou a um ligeiro aumento no ganho de hemoglobina, embora não significativo, quando comparado aos animais que não receberam a suplementação. Essa tendência de melhor recuperação da anemia mostra a necessidade de novos estudos com microorganismos probióticos na absorção de minerais. Palavras-chave: Ferro, Lactobacillus acidophilus, biodisponibilidade, probiótico. 1. INT RODUÇÃO A d e fi c i ê n c i a de ferro é a patologia nutricional mais comum no mundo, ocorrendo como resultado de u m desequilíbrio no balanço entre a q u a n t i d a d e d e ferro b i o l o g i camente disponível e a necessidade orgânica (OMS, 1 972) e ating i n d o cerca de 2 b i l hõ e s de p e s s o a s , principalmente e m p aíses em desenvolvimento (Stoltzfus e Dreyfuss, 1 999). No Brasil, a anemia ferropriva se manifesta de forma endêmica com uma prevalência média de 4 0 % d a população, afetando principalmente as mulheres em idade fértil, crianças e adolescentes (Torres e S o u za* 2 3 4 ' " Queiroz, 2000) e o maior fator causal tem sido considerada a baixa biodisponibilidade do ferro i n geri d o , p r e d o m i n antemente não hemín i c o , d e v i d o à base d a a l i mentação d a p o p u l ação, c o n stituída p o r arr o z , feij ã o , fu bá de milho, derivados do trigo e farinha de mandioca (Anuário Estatístico . . . , 1 9 9 2 ) . D e v i d o à fortificação ali mentar t e r s i d o apontada e adotada e m diversos países como uma forma eficaz no combate e prevenção da anemia ferropriva, observa-se um cres cente número de alimentos fortificados com ferro, o que leva à discussão de formas alternativas para aumentar a sua absorção, sem necessariamente aumentar sua Autor para Correspondência. Departamento de Nutrição e S aúde/ Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG, 3657 1 -000, Brasil . e-mail : nmbc @ ufv.br Aluno de Pós-graduação do Departamento de Tecnologia de Alimentos/ Universidade Federal de Viçosa Aluno de iniciação científica do Departamento de Nutrição e Saúde/ Universidade Federal de Viçosa Prof. Titular da Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Tecnologia de Alimentos. Prof. Adjunto da Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Nutrição e Saúde. digitalizado por arvoredoleite.org Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, 5 8 : 27-30, 2003 Pág. 29 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, 5 8 : 27-30, 2003 Pág. 28 Gráfico 1 Níveis de Hemoglobina (g/dL) dos ratos nos tempos 14, 21 e 28 • ingestão . O uso de microorgan ismos probióticos , como Lac tobac illus ac idoph ilus poderia ser uma alternativa para alcançar este obj etiv o . S eg u n d o G o l di n ( 1 99 8 ) , p r o b i ó t i c o é d e fi n i d o c o m o um adj unto dietéti c o o n d e o m icrorgan i s mo v i ável afeta b e n e fi camente o hospedeiro através do equilíbrio da microbiota intestinal. Outros benefícios potenciais associados aos probióticos são inibição de espécies patógenas, ativação do sistema imune, síntese de vitaminas do complexo B e redução do risco de câncer de cólon (Khedkar et aI. , 1 993, S anders, 1 993). No entanto, pouco se sabe sobre os efeitos da ingestão de bactérias probióticas na absorção de minerais . Devido a i s s o desenvolveu-se o presente tra b al h o , obj etivando investigar a infl uência de Lactobacillus ac idop h ilus NCFM na recuperação dos níveis de hemoglobina de ratos anêmicos. 2. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados 24 ratos machos Wistar, recém desmamados, com peso inicial de 6 8 , 3 ± 4, 1 g . , mantidos em gaiolas individuais de aço i n o x i d ável, em c o n d i ç õ e s de temperatura e luminosidade controladas, a 25±2°C e ciclo c1aro escuro de 1 2 horas, recebendo água deionizada ad lib itum. Os animais foram divididos em três grupos experimentais de 8 animais c a d a : D i e t a 1 + Probiótico, Dieta 2 + probiótico e D ieta 2 sem probiótico. A Dieta 1 foi baseada na composição da AIN93-G (Reeves et aI. , 1 993) contendo sulfato ferroso como fonte de ferro ( 1 2mg Fe/kg de dieta). A Dieta 2 foi semelhante à Dieta 1 , porém adicionada de arroz e feij ão, numa proporção 48 : 52 p/p . As quantidades de arroz ( 1 4,36g/ l 00 di eta) e de feij ão ( 1 5 , 5 6g/ 1 OOg d ieta) foram determinadas p ara que a Dieta 2 fornecesse o mesmo teor de ferro da Dieta 1 ( 1 2mg/kg dieta), proveniente exclusivamente da mistura arroz feij ão. Os demais constituintes da Dieta 2 foram Tabela 1 . (em g/1 00g) : caseína ( 1 5 , 87), amido dextrinizado ( 1 3 , 20), s acaros e ( 1 0 , 00), óleo de s oj a ( 6 , 7 8 ) , celulose microfina (2,3 5 ) , mistura de minerais i s enta de fe rro ( 3 , 5 0 ) , mistura d e vitaminas ( 1 , 0 0 ) , L-cistina ( 0 , 3 0 ) , b itartarato d e colina (0,25) e amido ( 1 6, 8 3 ) . O teor d e ferro dos ingredientes e das dietas foi determin ad o por espectrofotometria de absorção atômica. A indução da anemia nos ratos seguiu o proto colo da A O A C ( 1 9 8 4 ) , com uma fase de d e p l e ç ão de 1 4 dias , o n d e t o d o s os animais receberam dieta AIN93-G sem ferro a d libitum e uma fase de repleção, de 14 dias, onde os animais receberam s u as respectivas d ietas- teste administradas de forma controlada ( 1 5 a 1 8 gl dia). O ganho de p e s o d o s animais foi monitorado semanalmente e o consumo alimentar, durante a fase de rep l e ç ã o , d iari amente . Os n ív e i s de hemoglobina foram quantificados pelo método colorimétrico da cianometa-hemoglobina, usando o Kit ANALISA Indústria e Comércio LTDA, Belo Horizonte, n o i n í c i o d o experimento em 8 animais, para obtenção do nível basal (tempo ° da depleção). Ao final da fase de depleção (tempo ° da fase de repleção) e após 7 e 14 dias (dias 21 e 28 respectivamente), novas dosagens foram conduzidas em todos os animais . O sangue dos animais foi colhido por incisão na cauda para obtenção de 20 IlL de amostra. O L. a c idoph ilus N CFM foi administrado diariamente nos grupos 1 e 2, via oral, na forma de concentrado celular de 1 09 UFC/ml de Leite Desnatado Reconstituído (LDR) na fase de repleção, em quantidade de 0,1 ml! ratol dia. Foi realizada análise de variância e as médias compa radas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O s valores méd i o s de hemoglobina são m o s trados n a Tabela 1 . O valor b a s al méd i o (Tempo O ) foi d e 1 4, 8 0 g/dL. Níveis médios de hemoglobina (g/dL) nos dias 14, 21 e 28 e ganho de hemoglobina dos rat o s . G1 AIN93-G + FeS04 L. a c idoph ilus G2 Arroz + Feijão + L. ac idoph ilus 1 1 ,89" 1 1 , 9 5 ab 1 2 , 67ab O , 7 8 ab + 1 1 ,70" 1 0,99b 1 2,00b 0 , 3 0b G3 Arroz Feijão * + médias seguidas de letras iguais, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey para um nível de significância de 5%; * * Ganho de hemoglobina hemoglobina aos 28 dias - hemoglobina aos 1 4 dias. 14 .; _ ..... _ :g 13 � =E' �S 12 .....:. .. =.... -----IIlIr- :D :::J � 11 _ _ _ - - - - -o .... .... " • • • • · '· · · • • • 0 ' Ao . ' 0 0 0 ° ' . 0 • • 0 • . o o A FeS04 + Probiótico (G 1 ) Arroz+Feijão+Probiótico (G2) Arroz + Feijão (G3) 1 0 +-----�--� 14 21 28 Dias Observa-s e que a administração de micro organismo probiótico leva a um mesmo nível de recuperação de anemia em dietas contendo dife rentes fontes de ferro, como o sulfato ferroso ou a mistura de arroz e feijão (p > 0,05) . Esse resultado sugere um potencial efeito benéfico do probiótico, visto que estudo realizado por Oliveira ( 1 997) mostrou que essa mesma mistura de arroz e feijão apresentou menor absorção de ferro do que a dieta contendo sulfato ferroso como fonte de ferro. O uso de probiótico pode ter potencializado a abs orção de ferro de mais baixa b i o d i s p o nibilidade. Esse fato foi também evidenciado n o presente trabalho, a o se comparar os grupos G 1 e G3, ou sej a, houve diferença significativa entre as dietas contendo s u l fato ferr o s o e aquela contendo arroz e feijão sem probiótico (p < 0.05). Essa d i fere n ç a , e ntretan t o , d e i x o u d e e x i s tir quando se administrou probiótico à dieta de arroz e feij ão . Embora não tenha s i d o s i gnifi c ativa (p > 0,05) a diferença entre o s níveis de hemo globina dos ratos d as dietas de arroz e feij ão com e sem probiótico , foi observada uma ten dência no aumento de ganho de hemoglobina dos animais s up lementad o s , especialmente no d i a 2 1 , o u s ej a, 7 dias ap ó s o início d a administração da cu ltura. Esta tendência pode ser mais claramente vis ualizada no Gráfico 1 , onde também podemos observar que na Dieta 3 (Arroz e Feij ão) houve, inclusive, uma redução nos níveis de hemoglobina . nos primeiros 7 dias da dieta de repleção . A característica que torna os Lactobac illus efeti v o s c o m o p r o motores d o aumento d a absorção de ferro parece estar ligada à produção de ác i d o l át i c o a p artir do catab o l i s mo de carboidratos. O aumento da absorção de ferro em nível do intestino delgado p o d e ser devido à redução do pH intestinal, pois as condições ácidas . podem aumentar a solubilidade de sais de ferro insolúveis, no conteúdo luminal, e estimular a sua absorção (Vonk et aI., 1 988). No entanto, Derman et aI . ( 1 9 80) demonstraram que, embora o pH seja importante para esta absorção, não é o único responsável por este aumento, pois comparações de dietas com ferro levadas ao mesmo pH com a utilização de ácido clorídrico em uma e lático em outra, apresentaram diferença nesta absorção, sendo três vezes maior na segunda. A formação de l actato ferr o s o , c o mp l e x o de b a i x o p e s o molecular que aparentemente é melhor absorvido seria, portanto, um segundo possível mecanismo . No Brasil, assim como em outros países em d e s e n v o l v i m e n t o , as medidas i n terventoras v i s a n d o ao co mbate das an e m i a s , c o mo a fortifi c ação de aliment o s , tem s i d o c i tada e rec o mendad a p o r v ári o s autores c o m o uma estratégia eficaz para melhorar a qualidade da dieta da população (Pellegrino et aI . , 1 99 6 ; Hurrell e Cook, 1 990), e elevar o consumo de ' ferro. Esta prática pode acarretar resultados positivos a curto prazo , elevando os níveis de hemoglobina, mas podem trazer danos irremediáveis a longo prazo. O controle do "pool" orgânico de ferro é feito por meio de sua absorção e o organismo não possui mecanismos para excreção de exces s o s deste nutriente (B eard et aI . , 1 99 6 ) . S obrecarregar . a alimentação com ferro pode acarretar distúrbios gastrointestinais, aumento da incidência de infeções, intoxicação, além de prejudicar a absorção de outros elementos - traço e forçar o organismo a uma adaptação para reduzir ainda mais sua absorção (Hurrell e Cook, 1 990), além de possível aumento na incidência de e câncer (Lund et aI., 1 998). Pellegrino et aI . ( 1 996) sugerem o uso de probióticos como aditivo alimentar para aumentar a absorção de ferro. Estes microorganismos, além d o s outros benefícios i mputados previamente citados, tornam-se uma alternativa na prevenção e combate da anemia ferropriva. 4. ABSTRACT Hemoglobin Levei Modulation in Rats by Probiotic C o n s u m p t i o n (Lactobacillus acidophilus) = digitalizado por arvoredoleite.org Pág. 3 0 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes",. Jan/Fev, n ° 3 30, 5 8 : 27-30, 2003 The i n crease of foo d fort i fi c at i o n with mineraIs leads us to discuss alternative ways to i n crease their absorption without i n creasi n g ingestion . T h e use o f Lac tobac illus ac idop h ilus NCFM could be an alternative choice, together with other benefits also conferred to probiotics . The aim of this study was to verify the influence of this microorganism on iron abs orption in a rice and bean based diet. Iron bioavailability was determined by measuring blood hemoglobin leveis in rats, by the method of depletion and repletion. The results indicated that probiotic addition lead to the" same anemia recovering when rats were fed diets either with ferrous sulfate or rice and bean mixture as source of iron (P> 0,05). The use of probibtics in a rice and bean based diet showed a slight increase in hemoglobin gain, compared to the rats w ithout suppl ementation, although not at significant leveI. This trend on improving anemia rec o v ering i n d i c ates the n e c e s s i ty o f further s t u d i e s w i t h pro b i o t i c s on mineral absorpti o n . Key words: Iron, Lactobac illus acidophilus, bioavailability, probiotic. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANUÁRIO E S TATÍS TICO DO B R A S IL, 1 992, Rio de Janeiro, v. 52, 1 992. AOAC - A S S O C I ATION OF THE OFFICIAL AGRICULTURE CHEMISTS . Official Methods of A nalys i s . 1 4 . e d . A r l i n gt o n , p. 8 8 0- 8 8 1 , 1 984. BEARD, J . L . ; D AWSON, H . ; PINEIRO, D . J . Iron Metab o l i s m : a c ompre h e n s i v e rev iew. Nutrition Reviews, v. 5 4 , n . 1 0, p . 2 9 5 - 3 1 7 , 1 996. DERMAN, D . P.; BOTHWEEL, T. H . ; TORRANCE, J. D . ; B EZW O D A , W. R . ; MACPHAIL, A . P. ; KEW, M. C . ; S AYERS , M. H . ; DISLER, P. B . ; CHARLTON, R . W. Iron absorption from maize (Zea mays ) and sorghum (Sorghum vulgare) beer. British Journa. of Nutrition, v. 43, p. 27 1 -279, 1 980. GOLDIN, B . R . 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"Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, 5 8 : 32-32, LEITE E DERIVADOS ENRIQUECIDOS COM ÔMEGA 3 (O 3) Luiz Carlos Gonçalves Costa Júnior1 Renata Golin Bueno Costal RESUMO Agregar valor aos alimentos e ainda torná-los mais saudáveis são desafios da indústria de alimentos moderna, pois a busca por estes tipos de alimentos se intensifica cada vez mais. A adição de ômega-3 aos produtos lácteos pode trazer benefícios à saúde do consumidor que busca hábitos mais saudáveis de vida, principalmente para aquelas pessoas propensas às doenças cardiovasculares, devido a seus benefícios comprovados cientificamente. Porém, os benefícios destes produtos só aparecem quando aqueles que os ingerem aliam alimentação balanceada e saudável do ponto de vista nutricional e atividade física. 1. INTRODUÇÃO o uso de alimentos funcionai s , também conhecidos como nutracêuticos, que são aqueles que o ferecem um benefício s audáve l , ou s ej a, previ n e m ou curam d o e n ç a s , além de prover simplesmente nutrição ou fortificação básica, têm sido exaustivamente estudado no mundo inteiro. Diversas indústrias multinacionais e brasileiras têm i n v e s t i d o b as tante em p e s q ui s a e d e s e n volvimento, não s ó d e n o v o s p r o d u t o s , c o m o também na forma de enriquecer e agregar valor aos j á tradicionais . A principal aplicação s e dá na prevenção ou tratamento de quatro das doenças que mais causam morte nos países desenvolvidos, ou seja, câncer, d i abetes , d o e n ç as card i o v a s c u l ares e hiperte n s ã o . Existem quatro categorias de classificação dos alimentos funcionais : a primeira, trata-se de benefícios tradicionais, como das verduras e frutas; a segunda, de alimentos modificados, como os com teores reduzidos de gordura; uma terceira, inclui aqueles com ingredientes funcionais incorporados, como é o caso de leite com Ómega-3 (O 3 ) ; e por último, alimentos produzidos por biotecnologia, caso dos probiótico s . da observação de animais c o m dietas c o mple tamente i sentas de g ord ura, e que tinham c omprometidas s uas funções fis i o l ó gi c as e de cre s ci mento , devido à falta de ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa ou A G PICL ( PA RMALAT, 1 99 9 ) . , Entende-se por Ómega (W), esses AGPICL, cuja fonte são peixes marinhos de águas geladas que se alimentam de algas, como salmão, sardinha, atum, c ação, cavala, bacalhau e arenque, e, em menores concentrações na s oj a, vagem , feij ão, castanha e óleo de canola, sendo que, entre os vegetais , seu mais alto teor está na semente da qnhaça ( PA R M A L AT, 1 9 9 9 ; NES TLE, 1 9 9 9 ; A L M E I D A , 2 0 0 0 ; A M E R I C A N C A N CER S O CIETY, 2002) . São subdivididos em duas famílias distintas: Ómega-6 (O 6 ) : representados principal mente pelo ácido linoléico de 1 8 carbonos e duas insaturações, conforme estrutura química: • CH 3 - (CH2 )4 - CH CH - CH2 - CH CH - (CH2 )7 COOH = = 2 . O QUE É ÔMEGA? • o conceito "go rd uras e ssenciais " , intro duzido pelos irmãos Burr, em 1 929, se deu a partir 2 ! l Ómega-3 (O 3 ) : represe n tad o s por 3 ácidos graxos naturais : eicosapentaenóico (EPA ) , e d o c o s ahexae n ó i c o ( D H A ) e Profess or e Pesquis ador da EPA M IG - CT/iLCT - Físico-qufmica do leite e derivad o s l cgcj @ hotmail .com Engenheira de Alimento s , Especialista em Leite e Derivados - Gerente do NAA/CRITT/ UFJF - rgolin @ critt.ufj f.br digitalizado por arvoredoleite.org Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", Jan/Fev, n° 330, 5 8 : 33-38, 2003 Pág. 34 principalmente a-linolênico, de 1 8 car bonos e três insaturações : CH3 - CH2 - CH = CH - CH2 - CH CH - CH2 - CH = � CH - (CH2)7 COOH COOH CH3�� �m �iÍ.�fualIDi.co (18:3ri3) . . )C• ... . . > x. . . <... .. ·X E PA - . . _ . - CO iH CH3 .. EDA Embora esses d o i s tipos de ácidos graxos (n 3 e n 6) apresentem estrutura química muito semelhante (Figura 1 ), têm propriedades e funções fisiológicas completamente distintas, porém são essenciais para o homem. O metabolismo dos n 3 e n 6 encontra-se apresentado na Figura 2. Segundo S ALMERON (2000), é possível produzir em pequenas quanti dades o n 3 e n 6 , a p arti r de alimentos que possuam ácido linolênico, sendo a desta-6-desa turase, a enzima chave no organismo responsável por esta conversão. Contudo, uma série de fatores prej udicam tal conversão, como: altos níveis de gordura saturada, colesterol, fumo, drogas, stress, diabetes, infecções virais e tuberculose. Figura 1 - Estrutura química dos n 3 e n 6. Fonte: Roche S . A . , 2002. 3. OS BENEFÍCIOS À SAÚDE Seus benefíci o s forfj.m i n ic i almente pes quisados n a década de 7 0 , e hoj e já são fatos confirmado s, p orém, em estudos realizados na Alemanha, Budwig, 1 950, citada por AMERICAN CANCER SOCIETY, 2002, desenvolveu uma dieta rica em ácidos graxos essenciais n 3 que, segundb ela, c o mb ateri a o c âncer. Desde então, várias pesquisas, feitas em animais, revelaram que o óleo de certos peixes, rico em ácidos graxos n 3, inibe a formação de c ân cer. Entretanto, ainda não �� pode afirmar que estes mesmos efeitos ocofta-hi no organismo humano . Alguns clínicos acreditam que os ácidos graxos n 3 possam proteger contra a propagação das células (metástases) de tumores s ó l i d o s relaci o n a d o s à produ ção h o rm o n al (especialmente de câncer de mama) e que inibam o cre s c i mento de c âncer de próstata, c ó l o n e pân creas. U m e s t u d o prel i m i n ar, p u b l i c a d o n o Journal of the National Cancer Institute, afirmé). que, apesar das propriedades biológicas apresen tadas pelos ácidos n 3, os resultados clínicos não comprovaram s u a efeti v i dade no c o mbate ao c âncer. No entanto, pode-se verificar que os ácidos graxos n 3 aumentaram 11 sobrevida de pacientes com câncer subnutridos. Também podem reduzir a caquexia (perda excessiva de peso) e a desnutriç�o que, freqüentemente, ocorre nos últimos estágios de determinados tipos de câncer. Em sociedades onde o c o nsumo de peixe é elevado, como na Grécia ou no Japão, várias pesquisas apontam pa'ra uma relação entre a i ngestão elevada de ácidos graxos n 3 e a baixa incidência de câncer de mam�, bem c o m o de ín d i c e s m e n o res de m o l é stias c ard i o v a s c u l ares ( AMER I C AN C A N CER S OCIETY, 2 0 0 2 ) . Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", Jan/Fev, n ° 3 3 0 , .i8. : 3 3 - 3 8 , 2003 Figura 2 - Metabolismo dos AGPICL, segundo Roche S . A . , 2002. No caso de doenças cardiovasculares infla matórias e pro l i ferativas , estudos demonstram que os AGPICL, denominados de n 3 , possuem o poder de redução destas, sendo que sua ação ocorre em 3 níveis: 1 ° nível - Resposta inflamatóri a : i n i bição da síntese de outros ácidos po1iinsa turados, além da diminuição da viscosidade do sangue e reduzindo resposta a vasocons tritores e agregação plaquetária; 2° nível - In terferentes no m et a b o l is m o l i p í d i c o (lipoproteínas ) : o cor r e n d o m o d i fi c aç õ e s fís i c o - qu ím i c as do colesterol (LDL ou low density lipoprotein), o que resulta em menor acúmulo deste sobre as paredes dos vasos sangüíneos. 3° n ível - Moduladores do m ecanis m o d e comunicação intracelular : compor tam-se como tradutores de sinais. Outros benefícios dos W3 são: Reduz a pressão sangüínea; Reduz a hiperplasia vascular; Reduz arritmias cardíacas; Aumenta a sobrevida plaquetária; A u m e n t a a fu n ç ão d o s f3-recepto res cardíacos ; e Possui ação anti-coagulante. • • • • • • A Gonstatação desse tipo de doença foi feita p o r meio de observação em p o p u l ação de e s quimós, habitantes da Groenlândia, cuj a alimen tação é rica em gordura e c olesterol, além de muitos deles s erem obes o s , porém, apresentam baixa incidência de doenças cardiovasculares, em geral , e c o r o n ar i a n a s , e m p arti c u l ar, quando comparados à outras populaçõe s . A resposta a esse comportamento atípico é a presença de dieta rica em n 3, devido a alimentação à base de peixes digitalizado por arvoredoleite.org Pág. 36 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, nO 330, 5 8 : 33-38, 2003 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 3 30, 58: 33-38, 2003 • e animais marinhos que por sua vez, se alimentam de algas, fo ntes d o s o. 3 ( PA R M A L AT, 1 99 9 ; MANSUR, 2002) . Segundo estudos da Escola de Saúde Pública de Harvard, citados por MANSUR (2002), peixes da linhagem do salmão fazem bem às mulheres. Os pesquisadores acompanharam 85 mil enfermeiras por 1 6 anos. As mortes por problemas cardíacos foram 45% menos freqüentes entre as que comiam o pescado cinco vezes por semana em comparação com o grupo que raramente o ingeria. Outro estudo, divulgado pelo New England Journal of Medicine, também citado por MANSUR (2002), fo i a c o mparação das taxas de W3 n o sangue de médicos q u e morreram de enfarte com os dados de um grupo saudável. Constatou-se que o risco de um ataque cardíaco é 8 1 % menor entre as pessoas que têm mais o. 3 na circulação. A ação dos W 3 sobre doenças coronarianas pode ser por combate a: • • • • A tero gênes e : formação de p lacas que impedem a circulação normal d o sangue n o s v as o s . Os o. 3 i mpedem e s s a formação . Redu ção de triacilgliceróis e l i p o p r oteínas p l a s m á ticas : inibem a primeira etapa de sua síntese e aumentam a o x i d ação de ácidos grax o s , além d o e fe i t o qualitat i v o s o bre o c olesterol (au mento de HDL o u h i g h d e n s ity lipoprotein, em consequência do decrés cimo de LDL) . Press ão s a ngüín e a : d im i n ui ção em pacientes com hipertensão . O u tras : d e s e n v o l v imento d o s istema nervoso central e do aparelho visual, além da ação anti - i n flamatóri a, c o m o já foi mencionado. Estudos recentes demonstraram que pessoas que sofriam de resistência à insulina, isto é, a uma c o n di ção pré - d iabé t i c a em que o c o rp o n ã o consegue responder adequadamente à insulina, e que foram alimentadas com 1 ,8g de o. 3 no café da manhã por 1 2 semanas, apresentaram melhora de 70% na função, e, em 50% dos casos verificou se mudança clinicamente signifi cativa (TERRA, 2002) . S ALMERON ( 2 0 00 ) d e sta ca alguns benefícios do W3 em crianças e adolescentes, dos quais destacam-se: - Inteligência : o cérebro se desenvolve rapidamente nos três últimos meses de grav i d e z e n o primeiro ano ap ó s o n a s c i ment o . D u rante e s te perío d o a criança requer uma grande quantidade de o. 3 . O leite materno é uma fonte ideal para a cri ança neste período . No caso de mulheres européias, o teor médio de W3 é de 0 , 3 % dos l i p í d i o s totais (Koletzko et aI, 1 992, citado por Roche S .A., 2002), assim o o. 3 nas dietas das mulheres representam um papel impor t ante p ara d eterm i n ar a s u a d i s p o nibilidade a o l o ngo da gravi dez e d a amamentação (Crawford , 1 9 9 5 , citado por R o che S . A . , 2 0 02 ) . Recentes es tudos mostram que crianças que foram amamentadas tiveram um melhor . d esempenho d o q u o ciente intelectual ( Q I ) do q u e as cri anças que foram alimentadas com fórmu l as não enri q u e c i das com P UFAS ( L u c a s , 1 9 9 2 , citado por R o c he S.A., 2002; SALMERON, 2000). Outro estudo mos trou que as crianças que foram amamen tadas, ti veram um quadro melhor de intel i gê n c i a a o s 8 an o s de i d ade e melhores pontuações em matemática, habili dade não verbal e conclusão de fras e s aos 15 a n o s de idade quando comparadas com crianças ali mentadas c o m fórmu las n ã o enri q u e c i d as c o m PUFAS (Lanting, 1 994 citado p o r Roche S .A . , 2002 ) ; - C o ncentração : e s t u d o s j ap o neses mostraram que crianças em fase escolar melhoram sua concentração depois de consumirem suplementos de o. 3 em pães e laticínio s ; e - S tr'ess : o o. 3 aj uda os adolescentes a enfrentar melhor o stress das avaliações escolares ( S ALMERON, 2000 ) . E m adultos, estudos têm comprovado que pessoas que ingerem muito peixe tendem a ter menos índices de depressão. Indivíduos com baixos níveis de o. 3 e altos índices de o. 6 são comumente mais atingidos por este problema. Em idosos, os estudos têm demonstrado que baixos níveis de o. 3 no sangue aumentam o ri sco de demência. Para portadores do Mal de Alzheimer, estudos japoneses mostram que a suplementação com o. 3 é benéfico (S ALMERON, 2000) . • • • • • • Atualmente c onsome-se mais alimentos à base de cereais, ricos em o. 6 e pobres em 0. 3 ; Carnes de aves, suínos, bovinos ou outras e s p é c i e s , s ão ausentes em o. 3 , p o i s a al i mentação d e s ses animais v i s an d o o ab ate e c o n s equentemente o a s p e c t o comercial, se dá n a maioria das vezes por meio de ração; Leite e ovos também ausentes em o. 3, da mesma forma que anteriormente; Maior c o n s u mo de óleos vegetais , que possuem alto teor de o. 6; Menor presença de o. 3 em peixes comer cializados nos mercados e peixarias, pois esses são na maioria das vezes criados em psiculturas e alimentados com rações, o que nem sempre garantem a presença de o. 3 ; o. 3 i n natura ( como são encontrado s na natureza), deterioram-se em muito pouco temp o ; razão pela qual, geralmente, são retirad o s do a l i me n t o n o pro c e s s o de industrialização, para aumentar seu prazo de validade; e Menor consumo de peixe cru. A n e c e s s i d a d e na a l i mentação, de uma relação o. 3/0. 6, é de 1 :5, relação essa considerada i deal, toleran do-se 1 : 1 O. Segundo S ALMERON ( 2 0 0 0 ) , nos EUA por exemp l o , a média de proporção entre o. 3/0. 6 é de 1 : 20-30. O Quadro 1 apresenta alguns níveis de ingestão recomendada para a c i t ad a rel a ç ã o , de acordo c o m ó rg ã o s especializad o s . D e v i d o a o s e fe i t o s b e n é fi c o s d e s s e s A G P I C L , a l g u n s p aíses t ê m estabelecido u m a ingestão diária recomendada de aproximadamente 1 -2 gldia (GARCIA , 1 99 8 citado por TURATTI, 2 00 0 ) . Especialistas em nutrição rec o mendam uma ingestão diária de 0,6 gramas de ácidos graxos W3, preferencialmente de peixes . De acordo com Denkins (2002) citado por TERRA (2002), i s s o equivale a cerca de d u a s porções de peixe d e águas frias (arenque, cavala, salmão) por semana. Embo ra c ompro v adamente benéfi c o à saúde , o o. 3 é um ó l e o c o m alto p od er d e oxidação , o u sej a, p o d e contribuir na formação Quadro 1 - Pág. 3 7 de substâncias prej udiciais ao organi s m o . Por tanto, seu consumo deve ser associado à vitamina E, que tem função anti-oxidante, e é encontrada nos óleos de milho, de girassol, no espinafre, e em cereais integrais (ALMEIDA, 2002). O consumo de ômega 3 e vitamina E, em quantidades devidamente balanceadas, está associado a um menor risco de doenças cardiovasculares. 5. PRODUTOS DISPONÍVEIS NO MERCADO Visando c ontorn ar a s it u a ç ã o da d i eta humana, foram desenvolvidos preparados farma cêuticos à base de óleo de peixe, porém o sabor foi fator limitante para a aceitação desse produto. Atualmente, diversas empresas alimentícias vêm desenvolvendo novos produtos adicionados de o. 3, vi sando melhorar a relação e x i s tente. Dentre eles pode-se destacar: leite, margarina, ovos, sucos, produtos à base de requeijão, leite em pó, dentre o utro s . 6: U S O E M LATICÍNIOS Com relação ao leite, pode-se dizer que o mesmo é um bom veículo para dispersão dos o. 3 , sendo que, o mesmo não se pode dizer d a s bebidas à base de frutas. A dificuldade de adicionar os o. 3 no leite, é a sensibilidade desses ácidos graxos ao oxigênio e cal or, no produto, devido às duplas ligações, razão p ela qual u ma o xidação deles, poderia provocar diminuição do valor dietético e nutricional do produto. Para adicionar o s o. 3 ao leite sem haver perda da qualidade, deve-se considerar: • • Limitação de tempo e temperatura de tratament o térmic o ; e Uso de anti-oxidantes (vitaminas E e C) . É sempre bom lembrar que somente o con sumo de produtos enriquecidos com o. 3 não realizam todos os benefíci o s citad o s . S egundo médicos, nutricionistas e especialistas no assunto, o uso destes produtos aliados à uma dieta saudável e atividade física é que permitirão res ultados satisfatórios. Relações o. 3/0. 6 recomendadas por órgãos internacionais 4. QUANTIDADE RECOMENDADA Sabe-se que o homem pré-histórico, possuía em sua alimentação, quantidades iguais de o. 6 e de 0. 3, ou seja a relação 0. 6 1 0. 3 era de 1 : 1 . Com a evolução humana, constatou-se uma modificação nesta relação, que passou de 20: I para até 50: 1 , isto n o s últimos 1 5 0 ano s . Como causa dessa alteração, pode-se citar: FAO/WHO Expert Committee on Fats and Oil in Human Nutrition S cientific Committee for Foo d o f the USA British Nutrition Fundation S cientific Review Committee of Canada 1 :5 - I : Í O 1 : 4 , 5 - 1 ,5 : 6 .1 : 6 1 :5 - 1 :6 Fonte: SALMERON, 2000. digitalizado por arvoredoleite.org Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 3 30, 5 8 : 33-38, 2003 7 . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, F. Q. A. Ômega 3: o amigo do coração. Disponível s ite : Nutri-Web (j aneiro-fevereiro março de 2000) URL: http ://www.epub . org.br/ nutriweb/n020 1 l0 mega3 . htm Consultado em 1 5 abro 200 1 . AMER I C A N C A N CER S O C IETY. N utrição Ácidos graxos Ômega-3 . Disponível site: Instituto Day Care Center ( outubro 2002) URL : http : // www. daycare . co m . br/omega3 . shtml Cons ultado em 22 out. 2002. MANSUR, A. C o mi d as medici nais - S aúde Revista Época. Edição n° 205. Editora Globo. 22/ 04/2002 . NESTLE. Informativo : Ômega Plus. 1 9 9 �. s/ p. PARMALAT. Informativo: Ômega 3 . 1 99 9 . s/ p. PRODUTOS ROCHE QUÍMICOS E FARMACÊUTICOS S .A. O que são Pufas ômega 3/6. Disponível site: Roche (outubro 2002) URL: http : // w w w . r o c h e . c o m . b r/v i t a m i n as /p u fa s _ o megas 3 e 6 . shtm# Consultad o em 22 o u t . 2002. PRODUTOS R O C HE Q U Í M I C O S E FARMA CÊUTICOS S .A . Ácidos graxos poliinsaturados na nutrição matern a e n o desenvolvimento da criança. Disponível s ite: Roc he ( outubro 2002) URL: http://www.roche.com.br/vitaminas/gestantes. s htm Consultado em 05 novembro 2002. Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, 5 8 : 39-44, 2003 INFLUÊNCIA DA ORDEM DE PARTO E MOMENTO DA ORDENHA NA COMPOSIÇÃO DO COLOSTRO DE CABRAS SAANEN1 A na Letícia Tôrres Villar2 Pa tríc io Marques de Souza3 Roberto Germa no Costa 4 Sara Vi/ar Da ntas S imões3 Ariosvaldo Nunes de Medeiros5 SALMERON, Mayla. Próxima geração de ácidos graxos ômega 3 para enriquecer alimentos. Revista Food Ingredients, S ão P au l o , n. 09, p. 5 8 - 5 9 , novembro/dezembro, 2000. TERRA Substância de óleo de peixe pode prevenir diabete. Disponível site: Terra (novembro 2002) URL: http ://www.terra.com.br/saude/dicas/2002/ 04122/00 1 . htm C o n s u l t a d o em 05 n o ve mbro 2002. TURAT T I , Jane M . Óleos e g orduras e s u as i m p l i c aç õ e s na s aú d e humana. R ev is t a Food Ingredients, S ão Paulo, n. 06, p. 5 2 - 5 5 , maio/ j unho, 2000. Pág. 3 9 RESUMO Com objetivo de verificar a influência da ordem de parto e momento da ordenha na composição do colostro de cabras Saanen utilizou-se três grupos de animais ( 1 6 animais de primeira parição; 17 animais de segunda parição e oito animais de terceira ou mais parições) e coletou-se amostras de colostro na hora zero, 1 2 e 2 4 horas após o parto. A ordem d e parto não apresentou influência significativa nas variáveis estudas (acidez, densidade, gordura, extrato seco total e proteína total) com exceção do pH que apresentou diferença significativa entre o colostro obtido às 24 h(6,70) e os obtidos na hora zero (6,49) e 24 horas (6,46) após o parto. Em função do momento da ordenha, a gordura apresentou valores médios variando de 8,29% a 5 , 1 4% ; o extrato seco total de 1 0,52% a 6,68 % ; proteína total de 9,24% a 4,37%; acidez de 46, 1 °0 a 25 , 1 °0. A densidade e o pH não apresentaram variação significativa. Oe acordo com os resultados conclui-se que a ordem de parto não influenciou na composição do colostro e o momento da ordenha exerce efeito significativo na sua composição. Palavras chaves: imunoglobulinas, gordura, densidade, proteína total, acidez. 1. INTRODUÇÃO A formação e manutenção de um rebanho e c o n omicamente produtivo dependem d e u m a correta alimentação na fase de aleitamento, pois dela depende à aquisição da imunidade pelo recém nascido, bem como a obtenção de um desempenho satisfatório , que permitirá que o animal entre preco c e mente no proce s s o reprodutivo e produtivo (Ramos, 1 99 9 ) . Dentro do período d e aleitamento a fase de ingestão de c o l o s tro as s u me particular impor tância. Embora a principal utilização do colostro seja na imunização passiva do animal, não se pode desconsiderar o val or nutritivo do mesmo, u ma vez que é o único produto ingerido pelos mamí feJ;os nas primeiras horas de vida. Devido a importância do colostro caprino na alimentação das crias nas primeiras horas de vida, torna-se essen cial para a sobrevivência dos recém - n a s c i d o s , n u tri n d o - o s e preveni n d o - o s contra fatores adversos do meio ambiente, bem 2 3 4 5 c o m o , c o ntra microrgani s mo s nele e x i s tentes (Alves & Cox, 200 1 ) O colostro é altamente nutritivo, pois tem o dobro de nutrientes do leite comum, sendo rico principalmente em proteín as , vitaminas lipos solúveis e alguns minerais (Barros et ai., 1 99 8 ) . O colostro apresenta teor de gordura semelhante ao leite normal (Lucci, 1 9 8 9 ) . O benefíci o nutritivo d o c o l ostro na ali mentação é freqüentemente negligenciado, parti cularmente ao se considerar a exigência do recém nas cido para energia. O colostro fornece níveis elevados de gordura e de lactose, críticos para a manutenção da temperatura do corpo e crucial durante os períodos frio s (Waterman, 2002) . O colostro é mais do que uma fonte de anticorpos, ele fornece também n u trientes i m p o rtantes e necessário s para o metab ol i s m o e cre s c i mento (Lazzaro, 2000) . Ao avaliarem a comp osição do colostro de bovinos os pesquisadores mostram, algumas vezes, diferenças acentuadas que podem ocorrer de região Parte da Dissertação apresentada pela primeira autora ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UFPB, Campus de Areia-PB . Médica Veterinária, Msc. em Zootecnia. Professor do Departamento de Clínica Veterinária da UFCG, Campus de Patos-PB . Professor do Departamento de Agropecuária da UFPB, Campus de Bananeiras-PB. Professor do Departamento de Zootecnia da UFPB , Campus de Areia-PB . digitalizado por arvoredoleite.org Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, 58: 39-44, 2003 Pág. 40 para reglao. Além de a variação ser bem pronun ciada de um país para outro, é necessário considerar que diversos fatores como: raça, individualidade, estágio de lactação, época do ano, alimentação e condições ambi entais afetam os res u l t a d o s referentes à composição química e propriedades físico-químicas do colostro (B onassi, 1 997). A c o m p o s ição d as primeiras q u atro or denhas após o parto reflete a maioria das mudanças de composição do colostro. Durante esse tempo, a proteína total decresce enquanto a lacto s e aumenta, a gordura, sólidos totais, s ólidos não gorduro s o s e cinzas também decrescem com o tempo apó s o p arto (parrish et ai. , 1 9 50). Em vacas h o l an d e s as adultas a primeira ordenha contém aproximadamente 80% dos valores dos comp onentes que uma vaca tem produzido no colostro e leite de transição as seis primeiras ordenhas (Lazzaro, 2000). No B rasil, encontram-se divers os artigos relativos à composição química do leite de cabra, porém, com relação à composição e características físico-químicas do colostro, a literatura ainda é carente, utilizando-se, portanto, referências de trabalhos realizados com bovino s . Este trabalho teve como objetivos avaliar a influência da ordem de parto e momento da ordenha na composição do colostro de cabras Saanen. " tr r Pág. 4 1 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, 58: 39-44, 2003 2. MATERIAL E MÉTODOS 2 . 1 . Local e duração do exp erimento o experimento foi realizado no S etor de Capri n o c u ltura, pertencente ao D ep artamento Agropecuár i o d o Centro de Formação de Tecnólogos, da Universidade Federal da Paraíba, Campus IV de B ananeiras/PB , no período de setembro a outubro de 2002. Este setor tem como principal ati v i d ade à e x p l o ração de c aprinos l ei teiro s . A altitude l o c al é de 552m e uma temperatura da região variando entre a máxima de 3 6°C e a mínima de 1 8°C, com precipitação média de 1 .200mm. 2 . 2 . Anim ais e Manej o Foram utilizadas 4 1 matrizes caprinas, em gestação, da raça Saanen, que foram distribuídas em três grupos de acordo com a seguinte ordem de part o : 1 6 matri zes prímiparas formaram o primeiro grupo; 17 matrizes de segunda parição formaram o segundo grupo e 8 matrizes de terceira ou mais parições formaram o terceiro grupo. As matrizes do segundo e do terceiro grupos tiveram um período seco de aproximadamente 60 dias. Todas as matrizes receberam o mesmo manej o sanitário e alimentar. No terço final de gestação, receberam uma ração formulada com 50% de volumoso e 50% de concentrado, de modo que suprisse as exigências nutricionais durante esse período final de gestação, de forma a atender as suas necessidades nutricionais, a formação do feto e a produção do colostro . Esses animais foram acompanhados desde o seu segundo mês de gestação, com pes agens semanais até a estação de parição que ocorreu no mês de setembro de 2002. 2.3. A nálises d o colostro o colostro foi obtido da ordenha completa de todas as matri z e s , apó s o nas cimento d o s cabritos (zero hora), às 1 2 horas e às 24 horas após o parto . Foi retirados uma amostra homo gênea em triplicata e representativa de colostro com volume de 200 a 250 ml, que foi congelado após a determinação do pH, e densidade, para posterior realização das análises de acidez, gordura, estrato seco total e proteína total . As anál i ses do colos tro abaixo descritas foram realizadas no Labpratório de Controle de Qualidade de Alimentos da UFPB , Campus de bananeiras-PB : Densidade Para determinação da densi dade do colostro utilizou-se um densíetro com uma balança analítica de quatro casas decimais onde obteve-se a relação massa/ volume = densidade, que foi posteriormente corrigida para temperatura a 1 5°C. - PH O p H d o c o l ostro foi determinado u t i l i z an d o - s e um p Hgâmetro de b o l s o calibrado com soluções tampão d e pHs 4; 7 e l O. - Acidez A acidez foi determinada com solução de hidróxido de sódio O, l N, segundo a A . O . A . C . ( 1 975) . - Gordura Para determinação da percen tagem de gordura do colostro as amostras foram previamente descongeladas e uti lizou-se o método rápido de Gerber segundo a A . O. A . C . ( 1 975). - Extrato Seco Total (EST) O extrato seco total foi determinado pelo método indireto através dos dados obtidos da percentagem de gordura e densidade. Para determinação do extrato seco total uti lizou-se fórmula de FURTADO EST=( 1 ,2 * G6+0,2 5 * F6+0,25 ) . - Proteína total P ara determi nação d a s proteínas totais d o c o l o s tro as amos tras - foram previamente descongeladas e através do m é t o d o de fo rmol, e s p ecífi c o p ara determinação de proteínas do leite. 2 . 4 . M o d e l o experim ental O modelo exp erimental adotado foi o delineamento inteiramente casualisado (DIC) com três tratamentos T I ( animais primíparos ) , T2 (animais de segunda parição) e T 3 ( animais de terceira ou mais p arições ) . Os tratamentos T I , T2 e T3 tiveram 1 6 ; 1 7 e 8 repetições, respecti vamente. Os efeitos da ordem de parto e momento da ordenha na composição, pH, acidez e densidade do colostro foram avaliados através da análise de variância de acordo com o modelo matemático abaixo especificado . Yij = J.l + A i + eij, e m que: Yij = os valores de composição, pH, acidez e densidade observados na parcela j que recebeu o tratamento i ; J.l = média geral; Ai = efeito do tratamento i, Eij = erro aleatório a s s o ciado a c a d a observação yij . A s médias o b tidas foram submetidas ao Teste de Tukey para o nível de 5% de probabi lidade, afravés do Sistema de Análise Estatística e Genéticas da Universidade Federal de Viçosa UFV (SAEG, 1 982). 3 . RESULTADOS E DISCUSSÕES Os valores médios referentes à influência do momento da ordenha no pH, acidez, densidade, gordura, estrato seco total e p roteína total de cabras S aanen, encontram-se na Tabela 1 . Nenhuma diferença significativa (P>0,05) foi observada para os dados referentes à densidade, no entanto, em função da rápida mudança na sua composição , particularmente nos teores de pro teína e gordura, o colostro obtido da primeira ordenha ( zero ho ra) apre s e n t ou uma maior densidade ( 1 ,053 mg/cm 3 ), comparando-se com os demais colostros obtidos as 1 2 ( 1 ,03 1 mg/cm3 ) e 24 horas ( 1 , 0 2 8 mg/ c m 3 ) ap ó s o parto, entretanto, em função da elevada variabilidade dos dados (CV = 7 8 %) essa diferença não foi significativa. No leite, várias são as causas de variação da densidade, dentre elas destacam-se as causas anormais e as causas normais como : temperatura em que é feita a leitura da densidade; temperatura a que esteve submetido o leite; alteração da gordura, composição do leite, porção da ordenha. A gordura e o extrato seco total mostraram d i ferença signifi c ativa ( P < 0 , 0 5 ) , apre sentando um maior valor no colostro obtido a hora zero (8,29% e l O, 52%, respectivamente), no entanto, os colostros obtidos as 12 e 24 horas não apre sentaram d i fere n ç a s i g n i fi c ativas p ara e s s as variáveis. Os teores de gordura obtidos no colostro de cabras S aanen foram s uperiores ao valor de 4,8±2,7 obtido por Beyene & Seifu ( 1 998). Dentre os c om p on entes do leite, a g o rdura é quem apresentou maior variabilidade e de acordo com Folley & Otterby ( 1 97 8 ) a gordura varia consi deravelmente entre raças e entre animais de uma mesma raça . Parri sh et ai. ( 1 9 5 0) reportaram c o n t e ú d o de g o rdura no c o l o s tro em fêmeas bovinas, da primeira ordenha, variando de 3 a 1 8 % . Esta variabilidade foi refletida nos valores para sólidos totais, o que se encontra de acordo com os resultados obtidos neste trabalho. Considerando os teores de gordura das duas primeiras ordenhas, estes se encontram coerentes com os resultados obtidos por Folley & OTterby ( 1 978), para o colostro de vacas no que se refere à, diminuição dos valores com o tempo após ó p a rt o . Para acidez o b s erv o u - s e u m a d i ferença significativa (P<0,05) entre o colostro obtido a hora zero (46 , 1 °D) e os obtidos às 12 e 24 horas (2 8 , 8 °D e 2 5 , 1 °D) respectivamente, que não diferiram entre si. Segundo Mariani ( 1 9 8 1 ) a menor percentagem de proteína causa uma menor acidez titulável sendo esta relação c onfirmada pelo coeficiente de correlação positiva entre proteína e acidez titulável . A maior acidez registrada na primeira ordenha deve-se, provavelmente, a um maior conteúdo de proteína desta primeira amostra. C o m relação ao p H , nenhuma d i ferença s ignifi cativa ( P > 0 , 0 5 ) foi ob servada nos três momentos da ordenha. Os resultados obtidos nas análises de proteína total e pH foram semelhantes aos obtidos por Beyene e Seifu (1 9 9 8 ) , durante estudo das variações na qualidade e características de fermentação do leite de cabras nativas na Etiópia. Estes pesquisadores ao analisarem o pH e a proteína total encontraram valores de 6,6±0,2 e 6 , 0± 1 , 5 , respectivamente . Ao se considerar o momento da ordenha após o parto ficou demonstrado que há diferenças s i gnificativas (P<0,05) n o s teores de p roteína total . Os valores obtidos no momento do parto ( 9 , 24%) foram bem superiores e apre sentaram um decréscimo �s 12 e 24 horas (5,3 8 % 'e 4,37%, respectivamente), apesar de não haver diferença significativa nessas duas últimas ordenhas . Os resultados encontrado s estão concordando com os de Chen et ai ( 1 999) que observaram um nível de proteína total pelo método de Lowry, dimi nuindo bruscamente de 1 6,46% na parição para digitalizado por arvoredoleite.org Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", Jan/Fev, n° 330, 5 8 : 39-44, 2003 Pág. 42 9, 1 0% 12 horas mais tarde e 7,68%, 24 horas após a parição. Os níveis permaneceram relativamente estáveis, às 1 8 horas (7,62%) e durante os cinco dias após a parição (5, 5 1 %). Portanto, dentro do primeiro dia após o parto foi observada uma queda de mais 50% na proteína total, que foi principal mente causada pela concomitante diminuição do conteúdo a-globulinas, o que se encontra coerente com os resultados encontrados neste trabalho. Quiles et aI. , ( 1 99 1 ) analisando a concen tração de proteína total na secreção mamária de cabras logo após um dia da parição mostrou um marcado decréscimo de 1 3 % no primeiro dia, para 4,75% no quarto dia após a parição. O decréscimo da concentração de proteína total na s ecreção mamária também foi evidenciado por Chen ( 1 999), que analisando a amostra de leite de cabra, durante o período de amamentação, em intervalos de sete dias, encontrou um nível médio de 1 2% de proteína total na pariç ão e 4 , 2 % na primeira semana de lactação . A discrepância nos teores de proteína total do colostro, entre estudos, pode ser parcialmente atribuída as diferenças nas espécies, períodos de coleta e metodologias de determinação (Chen et aI. , 1 9 9 8 ) . Tabela 1 - Os resultados referentes à Influência d a ordem d e parto nos valores médios d e pH, acidez (OD), densidade (g/cm3), gordura, extrato seco total e proteína total do colostro de cabras S aanen, encontram-se na Tabela 2. C o m o c o n stata- s e n a Tab e l a 2 , não foi o b s ervada nenhuma d i ferença s i gn i fi c ativa (P>0,05) da ordem de parto nas variáveis : acidez, densidade, gordura, extrato seco total e proteína total, o que se encontra em dis cordância com vários autores. O leite sob influência maior da alimentação, genética e p r o d u ç ão do animal apresenta mudanças na sua composição, prova velmente, esses fatores também exercem alguma interferência na composição do colostro e como os animais em estudo apresentavam um mesmo padrão gené t i c o , uma produ ção de c o l o s tro signifi cati vamente s e melhante e u m mesmo manejo nutricional, não foi observado a ordem de parto in fluenciando s i g n i fi c ativamente na composição do colostro de cabras S aanen. M e s m o a s s i m, p o d e - s e obs ervar que o s valores d a acidez, gordura e extrato seco total do c o l o s tro d o s animais de p ri meira p arição apresentaram uma tendência de redução à medida que se avançou de primeira parição para segunda Valores médios de pH, acidez (OD), densidade (g/cm3), gordura (%), extrato seco total (EST, %) e proteína total (PT, %) do colostro de cabras S aanen, ordenhadas a zero, 12 e 24 horas após o parto. Bananeiras, 2002 pH Acidez (OD) Densidade (g/cm3) Gordura (%) Extrato Seco Desengordurado (%) Proteína total 6 ,47 a 46, 1 a 1 ,053 a 8 , 29 a 1 0, 5 2 a 6,5 1 a 28,8 b 1 , 03 1 a 6, 1 0 b 7,83 b b 6,58 a 25, 1 b 1 , 02 8 0 a 5,14 b 6,68 b b 3,53 25,77 7 8 , 24 27,99 2 6 ,77 Médias seguidas da mesma letra nas linhas, não diferem entre se pelo teste de Tukey (P>O,05). Tabela 2 - Influência da ordem de parto nos valores médios de pH, acidez (OD), densidade (g/cm3), gordura, extrato seco total e proteína total do colostro em função da ordem de parto de cabras Saanen. B ananeiras, 2002 pH Acidez (OD) Densidade (g/cm3) Gordura (%) Extrato Seco Desengordurado (%) Proteína total ( % ) 6,49 b 34,49a 1 ,0 3 6 a 6,97 a 8,88 a 6,37 a 6,46 b 3 3 ,00 a 1 , 03 8 a 6,28 a 8,10 a 6,67 6,70 a 32,29 a 1 , 03 8 a 6, 1 6 a 7, 9 0 a 6,09 a Médias seguidas d a mesma letra nas linhas não diferem entre s e pelo teste d e Tukey (P>O,05). 3,53 25,77 7 8 ,2 4 27,99 26,77 32,87 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", Jan/Fev, n° 330, 5 8 : 39-44, 2003 e terceira ou mais p ariçõe s . Já a prote ín a não teve essa tendência de vadação comparando-se com a das demais variáveis. Os valores médios de proteína total do colostro de cabras de diferentes pari ç õ e s , primeira pari ç ão ( 6 , 4 % ) , s e g u n d a parição ( 6 , 7 ) e terceira e m a i s parição ( 6 , 1 % ) foram maiores que os valores d e 3 , 9 % , obtidos n o leite normal (Chen et al. , � 1 999). Prasad & S en g ar ( 2 0 0 2 ) enco ntraram maiores níveis de sólidos totais ( 1 5,8%) e gordura ( 5 , 4 % ) em animais de primeira p arição e, em contraste, o maior nível de proteína (3,8%) foi encontrado em animais de segunda parição. Para Cappio-B orlino et a i. ( 1 996) o efeito da ordem de parto é mais evidente, mas está silencioso e signifi c ante p ara a p o rcentagem de proteína e gordura. Ele encontrou a menor porcentagem de proteína no leite de ovelhas durante a primeira e a segunda lactação e relaCionou, provavelmente, com a funcionalidade do rúmen reduzida para a efi c i ê n c i a de s ín t e s e r e d u z i d a d a g l â n d u l a mamária e c o m a u t i l i zação prefe re n c i al d e am�n o á c i d o s d i s p o n ív e i s n o cre s c i mento d o s tecidos. O aumento da porcentagem d e gordura que ocorreu durante a lactação não foi afetado pela parição. Para Barash et ai. ( 1 996), a produção de. leite, gordura e proteína total aumentaram com o aumento da parição. O p H apre s entou u m c o mp ortamento significativo (P<0,05). Com o avançar da parição o colostro de animais de terceira e mais parição apresentou um pH maior (6,70) do que o obtido do colostro de animais de primeira parição (6,49) p segunda parição (6,46), que não apresentaram ;diferença significativa (P>0,05) entre ambos. A obtenção do pH através do pHgâmetro é . um método muito sensível e também não é tão preciso quanto à determinação da acidez pelo método Dornic. Sendo assim, as variações apre sentadas nos valores de pH e não confirmados pela acidez em graus Dornic podem ser atribuídas à sensibilidade e manipulação do aparelho. 4. C O N C L U S ÕES O momento da ordenha interferiu na composição do colostro, exceto para as variáveis : densidade e pH. A ordem de parto não influenciou na composição do colostro. 5. SUMMARY Influ ence of the childbirth order and m o m ent of the it m i lks in t h e composition of the colostrum of S aanen goats. With obj ective of verifying the influence of the childbirth order and moment of the it milks Pág. 43 in the comp o s ition of the c o l ostrum of g o at s S aanen w a s used three g r o u p s c f animaI s ( 1 6 animaIs of first parity; 1 7 animaIs of second parity and eight animaIs of third or more parity) and it was collected colostrum samples in the hour zero, 1 2 and 24 ho urs after the c h i l d b i r t h . The c h i l db i rth order d i d n ' t present s i gn i fi cant influence in the variables study (acidity, density, fat, total dry extract and total protein) except for the pH that presented signifi cant difference among the colostrum obtained to the 24 h(6,70) and obtained them in the hour zero (6,49) and 24 hours (6,46) after the childbirth. In function of the m o ment of the it milks , the fat presented medium values varying from 8,29% to 5, 1 4% ; the extract dry total from 1 0, 52 % to 6 , 6 8 % ; total protein from 9,24% to 4,37 % ; acidity of 46, 1 °D to 25, 1 °D. The density and the pH didn ' t present significant variation. In agreement with the results it is ended that the childbirth order didn't influence in the composition of the colostrum and the I]1oment of the it milks exercises significant effect in his/her composition. Key words : immunoglobulins, fat, density, total protein, acidity. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, F. S. F. & COX, M. Colostro Caprino e S u a Imp ortância I m u n o l ó gica e N utritiva. Caprinet- O P ortal de C apri n o - O v i n oc ultura: http : //www. c a p ri n et . c o m . b r/art i g 0 2 7 0 2 2 0 0 1 0 1 . shtml. Acessado em: 02/ 1 1 /2002 A O A C , Official M e t h o d s of An aIysis of AOAC ( 1 995). Official Methods of Analysis of A O A C , 1 6th e d i t i o n , v o l u me 11, AOAC International , S UITE 500 Maryland, USA. B ARASH, H., SILANIKOVE, N. e WELLER, J. I. Effect of season of birth on milk, fat and protein production of Israeli Holsteins. 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A medida em que o leite de búfala foi concentrªdo, houve um aumento no conteúdo de lipídios, proteínas, cinzas totais, sólidos totais, nitrogênio total, nitrogênio protéico, nitrogênio caseínico e nitrogênio das proteínas do soro que passaram de 0, 1 8 para 0,60% (p/v), 5,29 para 1 2,57% (p/v), 1 ,20 para 1 ,88% (p/v), 1 2,42 para 1 9, 1 8 % (p/v), 829 para 1 970 (mgIlOOg), 776 para 1 9 1 8 (mgIl OOg), 646 para 1 68 1 (mgIlOOg) e 1 30 para 237 (mgll OOg) , respectivamente. Porém, h ouve redução nos "valores de carboidratos totais de 5 ,83 para 4, 1 3 % (p/v). J á o s valores de nitrogênio não protéico permaneceram cons,tantes. O s teores d e cálcio, magnésio e fósforo aumentaram de 1 59 para 776 (mgIl OOg), 17 para 42 (mgIlOOg) e 1 1 7 para 348 (mgIlOOg), respectivamente. Praticamente não houve variação no valor do pH. A densidade média do leite foi de 1 ,04 1 . O FC aumentou para proteínas, lipídios, sólidos totais, cálcio, magnésio e fósforo mas, diminuiu para carboidratos totais. Palavras-chave: leite de búfala, ultrafiltração, retentado, concentrado. 1. INTRODUÇÃO O l eite d e b ú fala p reenche t o d as as exigências estabelecidas para a comercialização de produtos lácteos de origem animal (FERREIRA et al . , 1 99 5 ) . É altamente nutritivo e excelente para a produção de derivados lácteos (BENEVIDES, 1 999). Também, apresenta importantes diferenças na composição quando comparados ao leite de o u tr o s mamíferos (FERREIRA et aI . , 1 9 9 5 ; PATEL & MISTRY, 1 997). Estas diferenças não s ão apenas quanti t ati v a s , mas também q u a l i tativas , s e n d o e x t e n s i v a s a s e u s derivados (FERREIRA et al . , 1 995). A composição química do leite de búfala dÍfere consideravelmente do leite de vaca, porque o mesmo contém maior quantidade de lipídios, proteínas, cálcio, lactose e conseqüentemente mais sólidos totais (SPANGHERO & S USMEL, 1 99 6 ; PATEL & M I S TRY, 1 9 9 7 ; ELAGAMY, 2000) . L o g o , o c o mp ortamento d e s s e l eite frente a 1* 2 3 4 5 diferentes pro ces s o s tecnológi c o s , pode variar consideravelmente. Uma das tecnol o g i a s e mp regadas com freqüência no leite de vaca visando aumentar seu valor agregado, mas ainda pouco estudada com relação ao leite de outros mamíferos, é a uItrafil tração ( UF) . A UF é um processo que utiliza membranas para a concentração e separação de certos constituintes do l eite. Porém, não envolve temperaturas elevadas e se tratando de produtos termicamente sensíveis, pode-se utilizar temperaturas de refrigeração. Esse processo não muda o estado físico da água, corno n o s p roc e s s o s de concentração convencion61is (PETRUS & PASSOS, 1 993). Quando aplicada ao leite, a UF resulta em um retentado (concentrado) que contém proteínas, lipídios e sais coloidais em maior proporção que o leite não submetido a este tratamento (ROSENBERG, 1 995). A maioria dos minerais apresenta um c omportamento s imilar diante da UF (FISCHBACH-GREEN & POTTER, Doutoranda em Ciência dos Alimentos - CAL/CCA UFSC. Mestre em Ciência dos Alimentos - CAL/CC A UFSC. Mestranda em Ciência dos Alimentos - CAL/CCA UFSC. Doutor do Institut National de la Recherche Agronomique - INRA, Rennes/França. Prof" Dr. do Curso de Pós-Graduação de Ciência dos Alimentos - CAL/CC A UFSC. digitalizado por arvoredoleite.org Pág. 46 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", Jan/Fev, n° 330, 5 8 : 45-50, 2003 1 9 8 6 ) . M a s , a extens ão deste fraci o n amento depende da composição inicial do leite e do fator de concentração (PATEL & MISTRY, 1 99 7 ) . O aumento no interesse pela U F de leite é devido ao fato de que o leite desnatado concen trado por e s s a técnica, p od e s er utili zado na prep aração d e divers o s t i p o s de queij o s c o m · melhora no ren d i mento e nas característi cas organolépticas (ABD EL-S ALAM et aI . , 1 982). A UF pode c oncentrar s6lidos entre 20 e 50% (HOFI, ABD EL-HAMID & HAGRASS, 1 982). O objetivo deste estudo foi submeter o leite de búfala desnatado e pasteurizado à UF e avaliar propriedades fís i c o - químicas do retentado (concentrado) . 2. MATERIAL E MÉTODOS 2 . 1 . M a t e r i al O leite de búfala cru, foi obtido de animais Mestiços, em início do período de lactação, de criadores provenientes da Grande Florian6polis/ S C . T o d o s os reagentes utilizados foram de qualidade p.a. 2.2. Preparação do leite de búfala para a u ltrafiltração O leite d e búfala cru, foi pré-aquecido a temperatura em torno de 42° C , s ub metid o ao d e s n ate utili zando centrífuga m an u a l . D e ter minou-se o volume inicial de leite de búfala, que foi pasteurizado a 63°C por 30 minuto s . Ap6s, o mesmo foi resfriado a 45±5°C e submetido à UF. 2 . 3 . U ltrafiltração (UF) O leite foi submetido ao p r o c e s s o de ultrafiltração usando uma unidade piloto. Utilizou se membrana M ineral ( S CT - P 1 940GL, p o r o s i d ad e de 5 0 nm e área filtrante útil d e 0,24m2) . A pressão transmembrana ficou em torno de 1 bar e a vazão em torno de 900 Llh, valores estes determinados em testes preliminares a fim de evitar a colmatagem. O v o l u me d e permeado fo i m o n itorado continuamente para a determinação da redução do volume de leite. O leite de búfala desnatado e pasteurizado foi concentrado por UF, até que o fl u x o atrav é s d a membrana fo s s e quase n u l o c o n forme PATEL & M I S TRY ( 1 9 9 7 ) . Foram também coletadas amostras dos retentados quando as reduções de volumes atingiram 25% e 50%. A p 6 s c a d a etapa da ultrafi ltração, o equipamento foi higienizado de acordo com as i n s tr u ç õ e s d o fabri c ant e . O experimento foi repetido 3 vezes. 2 . 4 . A n á l i s e f ís ico q u ím i c a Pág. 47 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, �: 45�49, 2003 - As análises aplicadas ao leite e aos reten tados foram : lipídios (% p/v ) , cinzas ( %p/v ) , s 6 l i d o s totais ( S T ) ( %p/v ) , proteínas ( %p/v), nitrogênio total ( N T ) ( m g/ 1 OOg), nitrogênio c as e ín i c o ( N C ) ( mg/ 1 OOg), nitrogênio não protéico (NNP) (mg/ l OOg), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e f6sforo (P) através dos métodos descritos pela A O A C ( 1 9 9 8 ) . P ara a qu antifi c ação d o s elementos Ca (mg/l OOg) e Mg (mg/l OOg) utilizou se e s pectro fotô metri a de abs o rç ão atômica (espectrofotômetro, A ANALYST 300, Perkin Elmer) e para o P (mg/ 1 OOg) fotocolo rimetria (fotocolorímetro , FEMTO 432 C ) . As demais frações de nitrogênio, como nitrogênio protéico (NP), nitrogênio não-caseínico (NNC) e nitro gênio protéico do s oro (NPS) foram calculadas (mg/ 1 O O g ) d e a c o r d o c o m M E H A I A ( 1 9 9 6 ) . O s valores d e carboidratos totais foram obtidos por diferença (B RASIL, 2002) . As medidas dos valores de pH foram realizadas utilizando pH metro (MP220, Metler-Toledo) . Para o leite de búfala ainda foram realizadas determinações de densidade a 1 5°C e umidade ( % p/v) (AOAC, 1 99 8) . Todas as anál i s e s foram reali zadas em duplicata. 2.5. Fator de concentração (FC) As m u d anças n a c o m p o s ição do leite durante a UF podem ser expressas como aumento ou decréscimo do FC de cada componente, ou s ej a, em função da con centração do retentado (MEHAIA & EL-KHADRAGY, 1 99 8 ) . O fator d e concentração (FC) foi calculado de acordo com GREEN et aI. apud MEHAIA (1 996): (1) FC = Concentração de um componente no retentado Concentração de um componente no leite 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3 . 1 . Ultrafiltração A dinâmica de filtração teve seu fluxo final quando o concentrado alcançou 66% da redução do volume inicial do leite de búfala desnatado e pasteuri zad o . PATEL & M I S T R Y ( 1 9 9 7 ) conseguiram u m a redução em torno de 7 7 % e, essa diferença pode ter ocorrido devido a fatores como a c o mposição inicial do leite utilizado, parâmetros do process o (temperatura, pressão) e tipo de membrana. Em testes comparàtivos, para o leite de vaca desnatado e pasteurizado, PATEL et aI . ( 1 992) obtiveram valore s a·p roximado s de 80% na redução de volume. 3 . 2 . Análise físico-química Os resultados da composição físico-química do leite de búfala e dos retentados estão apresen tados nas Tabelas 1 e 2, respectivamente. O percentual médio de proteínas no leite apresen t o u c o mp ortamento d i ferente do veri ficado por alg u n s autores ( N A S CIMENTO & C A RVALHO, 1 99 3 ; FERREIRA et al . , 1 99 5 ) , Porém, e m e s t u d o realizado por FAR IA et a I . ( 2 0 0 2 ) , o b s erv o u - s e q u e a n i m a i s d a r a ç a M e s t i ç a , e m i n í c i o d e lactação aprese n t aram teor de protéico superior ao de outras raças . Os valores médios foram de 8 , 80% para raça Mestiça, enquanto que para outras raças variaram de 3,82 a 4,50 (FARIA et aI., 2002). Além disso, fatores como alimentação, clima, estado sanitário, entre outros podem ter influenciado a composição do mesmo. Com o processo de UF, observou-se que o conteúdo de lipídios aumentou de 0, 1 8 para 0,60 % (p/v) no retentad o . Os valores de proteínas, cinzas e ST, aumentaram de 5,29 para 1 2,57 % (p�v), 1 ,20 para 1 ,8 8 % (p/v) e 1 2,42 para 1 9, 1 8 % (p/v), respectivamente. O FC calculado foi de 2,38 para proteínas, 1 ,57 para cinzas, 3 , 3 3 para lipídios e 1 ,54 para ST. Os valores de FC podem diferir devido diferenças no tamanho dos poros da membrana, tipo de membrana, matéria-prima utilizada, d i s tr i b u i ç ão da mas s a molecular e parâmetros de operação do equipamento. O b s e rv o u - s e também, uma red u ç ão n o s valores de carboidratos totais de 5,83 para 4 � 1 3% (p/v) . S egundo MEHAIA ( 1 99 6 ) i sto pode ter ocorrido porque a l actose presente está em seu estado livre, com baixa massa molecular e por i s s o , não é retid a p e l a membrana . P e s q u i s as similares têm demonstrado o mesmo c ompor tamento com leite de diferentes espécies (PATEL et al . , 1 9 9 2 ; S T- GELA I S , H A C HÉ & G R O S LOUIS, 1 992; MEHAIA, 1 99 6 ; MEHAIA & EL KHADRAGY, 1 99 8 ; PATEL & MISTRY, 1 997). O valor d o p H do retentado permaneceu praticamente inalterado (Tabelas 1 e 2). B RULE et aI. apud MEHAIA & EL-KHADRAGY ( 1 99 8 ) relataram q u e a concentração de leite p e l a U F aumenta a c o n centração d e c á l c i o col o i d al e f6sforo proporcionalmente à quantidade de pro- Tabela 2 - teína s , e esses c ompo ne n tes exercem efeito tampon ante n o retentado . Tabela 1 - Composição química médi a e pro priedades físicas d o leite de búfala desnatado e pasteurizado Umidade ( %p/v) Proteína ( % p/v) Cinzas ( %p/v) Carboidratos (%p/v) Lipídios (%p/v) ST ( %p/v) pH Densidade a 1 5 °C 8 7 , 5 8 ± 0,04 5 ,29 ± 0 , 04 1 , 1 2 ± 0 , 06 5 , 8 3 ± 0 , 04 0 , 1 8 ± 0 , 04 1 2,42 ± 0,04 6,70 ± 0 , 0 1 1 ,041 ± 0 , 005 ST = Sólidos Totais 3.2. 1. Fração de nitrogênio As mudanças na distribuição das frações de nitrogênio observadas no leite de búfala desnatado 'e p a s teurizad o , durante o proce s s o de UF (concentração) apresentam-se na Tabela 3. DOYEN et aI. ( 1 996) afirmam que as frações de nitrogênio do retentado, também são influenciadas por fatores c o m o os p arâmetros de operação u t i li zad o s , tamanho d o s poros e tipo de membrana. Durante a concentração do leite de búfala observou-se que os valores de NT, NP, NC e NPS nos retentados aumentaram durante a UF. Já o s valores d e N N P permaneceram constantes durante o process o . C o mportamentos s i m i l ares nestas frações de nitrogênio, foram também obtidas por GREEN et aI. apud MEHAIA ( 1 996) e MEHAIA EL-KHADRAGY ( 1 99 8), os quais utilizaram leite de vaca, camela e cabra, respectivamente. O aumento no valor de NPS durante a UF, é considerada uma das vantagens desse processo. A inclusão de proteínas do soro no leite, a partir da determinação de NPS, bem como o aumento de ST, aumentaria o rendimento na elaboração de derivad o s c o m o queij o s . H Y D A M A K A et a I . (200 1 ) relataram também, resultado s i milar, a o o b t i d o neste e s t u d o , o n d e através d o procedi mento M . M . V. ( M aubo i s , M o cq u o t e Vassal) (UF), conseguiu-se um líquido altamente Resultados médios da composição química e pH dos retentados (25, 50 e 66% na redução de volume) obtidos pela UF 1 ,20±0,06 1, 70±0,0 1 1 , 8 8 + 0, 0 1 1 3 , 06±0, 2 1 1 6 , 8 8±0, 1 5 1 9 , 1 8 +0 , 0 1 6 , 8 0± 0, 0 1 6 , 8 0± 0 , 0 1 6 , 8 0+ 0 , 0 2 ST = Sólidos Totais digitalizado por arvoredoleite.org Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, 58: 45-49, 2003 2003 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, 58: 45-49, Pág. 48 concentrado rico em NPS, chamado "pré-queijo", o qual originou derivados com alto rendimento. • 3.2.2. Minerais Os valores médios dos minerais Ca, Mg e P, do leite de b ú fala des natado e pasteurizado e retentados estão apresentados na Tabela 4. Observou-se que durante o processo de UF os teores de minerais (Ca, Mg e P) aumentaram. O aumento médio ficou em torno de 4,9 vezes para o Ca, 2,5 vezes para o Mg e 3,0 vezes para o P. Em estudo de UF utilizando leite de vaca, camela e cabra (SRILAORKUL et aI. , 1 9 8 9 ; PREMARATNE & COUSIN, 1 99 1 ; MEHAIA, 1 996; MEHAIA & EL KHADRAGY, 1 998), os valores relatados estão de acordo com os obtido s neste estudo. S egundo FISCHB ACH-GREEN & POTTER ( 1 9 8 6) o s minerais apresentam comportamento s similares durante o processo de UF. HOFI, ABD EL-HAMID & HAGRA S S ( 1 9 82) relatam que o aumento de minerais pode ocorrer devido a associação destes com as proteínas e os lipídios do leite Os minerais são responsáveis pela coagulação de proteínas e estabilidade da micela (LUQUET, 1 99 1 ; SPREER, 1 99 1 ) e, conhecer a concentração dos mesmos na matéri a-prima utilizada em queij o s e outros derivados, é de extrema importância. 4. C O N C L U S à O N o processo d e U F utilizado, o retentado fi nal teve u m a redução de 6 6 % d o volume inicial d e leite d e búfala desna tado e pasteurizado. • Tabela 3 - • • O retentado final apresentou um au mento no teor d e l i p íd i o s , proteín as (NT, NP, NC e NPS), cinzas (Ca, Mg e P) e ST. O teor de carboidratos diminuiu mas, os valores de NNP e do pH perma neceram constantes. O , FC foi de 2,38 para proteínas, 1 ,57 para cinzas, 3,33 para lipídios e 1 ,54 para ST. O FC para os minerais Ca, Mg e P foram de 4,9, 2,5 e 3 ,0, respectivamente. 9 97±4 1 5 80±5 1 970+3 945±2 1 527±8 1 9 1 8 +5 ABD EL-SALAM, M. H . ; EL-SHIB INY, S . ; EL ALAMY, H . A . ; MEHANNA, N . Ultrafiltration of buffalo milk. I. Some properties of skim milk rete n t ate . A s i a n J o u r n a l D a i r y R e s e a r c h , v. 1 , n. 1 , p. 35-40, 1 9 82. A S S OCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEM I S T S . Offieial methods of analysis of the association analytical c h e m is ts . 1 4 . ed. 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"Cândido Tostes", JanlFev, n° 330, 5 8 : 50-50, 2003 REVISTA DO INSTITUTO DE LATICÍNIOS CÂNDIDO TOSTES A revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes (REVILCf) publicada em Juiz de Fora, apresenta-se no tamanho de 230mm por 1 60mm e, como um órgão do Centro Tecnológico - Instituto de Laticínios Cândido Tostes, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, destina-se à publicação de trabalhos originais de pesquisa e à veiculação de informações relevantes para o setor de leite e lácteos derivados. A critério de um Corpo Editorial, constituído por membros especialistas internos e externos à EPAMIG, a revista p oderá veicular artigos . de revisào bibliográfica exaustiva, pertinente a um tema específico, ou mesmo notícias de interesse geral, (ii) Aos autores poderá ser solicitada a provisão institu cional de recursos financeiros para publicação de trabalhos originais e/ou impressão de separatas, de acordo com a disponibilidade financeira no período em questão. Neste caso, a Revista poderá orientar os professores e pesquisadores na busca institucional de apoio financeiro, como por exemplo, para paga mento de fotolitos a cores. (iii) Os artigos devem ser redigidos em português, inglês ou espanhol. Os autores devem apresentar redações sempre incluindo títulos e resumo em português e inglês. A bibliografia e as normas complementares de citação devem estar de acordo com a última publicação revista da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT (NB - 66 revisada ou posterior). Dar-se-á preferência à forma sem destaque, onde o nome dos autores são escritos com apenas as primeiras letras maiúsculas, isto é, dentro da norma culta do português. (iv) Os manuscritos em cópias originais devem ser enviados datilografados em papel branco, tamanho A4, 210mm x 297mm de 75 g m2, reselYando-se as seguintes margens: I - margem esquerda de 4Omm, 2 - margem direita de 25mm, 3 - margem superior de25mm, 4- margeminferior de 25mm. Os manuscritos devem ser datilografados em espaço duplo em páginas de aproximadamente 30 linhas (no máximo 34 linhas e 80 espaços ou caracteres por linha). O Corpo Editorial poderá fazer alterações de pequeno porte nos originais. As alterações de grande porte serão sugeridas aos autores juntamente com a devolução do texto a ser reajustado. As correções e os acréscimos encaminhados pelos autores, após protocolQ de entrada dos originais poderão ser recusados a critério do Corpo Editorial. (v) Todos os pretendentes ao espaço da Revista, dentro do subtítulo "Ciência e Técnica ou Engenharia", de verão apresentar um resumo em português no início do trabalho e um "Summary" ém inglês antes da listagem da bibliografia. (vi) A bibliografia deve ser listada, em ordem alfabética, pelo último nome do primeiro autor. As referências bibliográficas devem ser citadas no texto em uma das seguintes formas opcionais: Silva (1980); Silva 1980; (Silva 1980); (loc. cit., Silva, 1 980); ou (Silva, 1980: 35). As abreviaturas de nomes de periódicos devem seguir as normas da "World List of Scientific Perio dicals". Textos que resultam de ensaios devem conter: título, credenciais dos autores, resumo, introdução, material e método, resultados e discussão, conclusão, agradecimentos, summary e bibliografia. (i) (vii) As ilustrações devem ser feitas em nanquim preto e branco e em ti ntas de desenho (Rotrings ou equivalentes) de cores variadas para reproduções em cores. As ilustrações deverão ser planejadas em função das seguintes reduções opcionais: 1) 1 ,5X; 2) 2,OX; 3) 2,5X; 4) 3,OX ou 5) nX sempre calculadas com base na diagonal de um retângulo. Dar-se-á preferência aos tamanhos impressos de 1) 120mm por 9Omm; 2) 60mm por 45mm; 3) 170mm por I 27,5mm. As bases das ilustrações deverão ser consideradas como I) 120mm; 2) 6Omm; 3) 170mm. Os gi:áficos e as tabelas devem ser reduzidos ao mínimo indispensável, apenas de acordo com as exigências de um tratamento estatístico formal. As ilustrações e as tabelas devem vir separadamente em relação ao texto e devem estar de acordo com as normas usuais de tratamento e processamento de dados. As fotografias não deverão ser recortadas, as formas fotográficas originais devem ser mantidas em tamanhos retangulares para espaços impressos preferenciais indicados acima (lado menor dividido pelo lado maior igual a aproximadamente 0,7). O cálculo para previsão da redução das ilustrações deve ser feito de acordo com a orientação de Papavero & Martins ( 1 983: 109). As ilustrações e as tabelas deverão ser montadas separadamente do texto, deverão conter indicações da sua localização definitiva em relação à paginação do trabalho, devendo constar uma chamada no texto. Na montagem deverá ser obedecido um rigoroso critérjo de eco nomia de espaço através da divisão da página em lauda esquerda e lauda direita. Para possibilitar este aproveitamento de espaço, a magnitude da redução poderá ser ajustada. O Corpo Editorial outorga-se o direito de proceder às alterações na montagem dos clichês e das pranchas ou de solicitá-Ias ao autores. As legendas e os títulos das ilustrações deverão ser datilografados à parte do texto e das pranchas. As ilustrações enviadas pelo correio deverão ser prote gidas em forma de pranchas de cartolina com uma proteção externa em cartão duro ou em madeira, de forma a deixá-Ias sempre planas, nunca dobradas. A CE não pode responsabilizar-se pelas perdas e danos com serviços de postagem. (viii) Em nenhum caso (subtítulo, nomes de autores, etc) deverão ser usadas palavras escritas só com maiús culas. No corpo do texto serão grifados apenas nomes genéricos e específicos e palavras estrangeiras even tualmente usadas nas referências bibliográficas; . grifar apenas os nomes de livros e periódicos e seus respectivos volumes. 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