Prática 4 Medindo Velocidades e um Aceleração Constante 4.1 Objetivos Estudar o efeito de usar distâncias, ∆x, diferentes no cálculo de uma velocidade instantânea ∆x v = lim . Estimar as velocidades instantâneas de um planador em dois pontos de um trilho de ar, ∆x→0 ∆t e usá-las para estimar o valor de uma aceleração ’constante’. Comparar a aceleração obtida com o valor calculado a partir do ângulo de inclinação do trilho. 4.2 Introdução A velocidade média de um corpo é definida como a razão entre o deslocamento do corpo e o intervalo de tempo transcorrido durante tal deslocamento. Para movimento em três dimensões podemos dizer que ~v = ∆~r ∆x ∆y ~ ∆z ~ = ~ı + j+ k. ∆t ∆t ∆t ∆t No caso de um movimento unidimensional, podemos reescrever a expressão acima como v= ∆x xb − xa = . ∆t tb − ta Figura 4.1: Relação entre posição e tempo em um movimento unidimensional. v representa o coeficiente angular da reta que une os pontos cujas coordenadas são (ta , xa ) e (tb , xb ), como pode ser visto na figura 4.1. A velocidade média nos diz quão rapidamente o corpo se desloca de sua posição inicial (xa ) até sua posição final (xb ) mas nada nos diz sobre como é este movimento. Por exemplo, o corpo poderia percorrer todo o espaçco com velocidade constante (neste caso sua velocidade, a cada instante de tempo, seria a 1 própria velocidade média) ou poderia partir com determinada aceleração, parar por alguns instantes e, em seguida, continuar seu caminho com velocidade constante. Se, para realizar o percurso total, o corpo “gastar” o mesmo intervalo de tempo, os dois movimentos apresentarão mesma velocidade média. Se quisermos conhecer o verdadeiro movimento do corpo, em cada instante de tempo, devemos conhecer a sua velocidade instantânea, isto é dx ∆x = . v(t) = lim ∆t→0 ∆t dt v(t) representa o coeficiente angular da reta tangente à curva x(t) no instante t, como pode ser visto na figura 4.2. Figura 4.2: A velocidade instantânea é a derivada da posição em relação ao tempo. Em outras palavras, para conhecermos a velocidade de um corpo num exato instante de tempo t devemos calcular a sua “velocidade média” entre dois instantes de tempo t e t + ∆t. É claro que este seria um valor aproximado para a sua velocidade instantânea. Quanto menor for o ∆t considerado, mais próximo do valor exato da velocidade instantânea estará o nosso resultado. Por isso definimos a velocidade instantânea como sendo o limite de quando ∆t tende a zero de ∆x . Quanto menor os valores ∆t de ∆x (e ∆t) usados, quanto mais próximo será nossa velocidade à velocidade instantânea. Obviamente, somente no caso de uma velocidade constante, os valores das velocidades média e instantânea coincidem pois, se v não variar, teoricamente não importa a distância, ∆x, usada para medi-la. Porém no laboratório há um fator que complica essa análise. A velocidade é um razão de duas grandezas facilmente mensuráveis: distância e tempo. Mas cada uma dessas grandezas terá uma incerteza associada. Lembramos que, pela teoria de propagação de incertezas (erros), a incerteza percentual (ou relativa) do quociente é igual à soma das incertezas percentuais (ou relativas) de suas partes. Se soubermos ∆x com uma precisão de 2%, e ∆t com uma precisão de 1%, então a incerteza percentual em v será de 3%. Para um instrumento de medição de precisão fixa, embora a incerteza absoluta seja constante (tipiciamente ±1mm para uma régua) as incertezas percentuais (e relativas) tendem a crescer quanto menor seja o objeto mensurado. Enfim, há dois efeitos trabalhando em sentidos opostos: a precisão da velocidade média diminui para ∆x pequeno, mas o valor mais se aproxima da velocidada instatânea, e é a velocidade instantânea que consta em quase todos as equações cinemáticas da Fı́sica. 2 Neste experimento, analizaremos o efeito de usar dois valores diferentes de ∆x, usando objetos de comprimentos diferentes para interromper o feixe de luz de um sensor óptico. Da mesma maneira, podemos definir a aceleração instantânea como ∆v . ∆t→0 ∆t a = lim que, no caso de uma aceleração constante, será igual à aceleração média a= v2 − v1 . t Neste experimento, consideramos que a aceleração é constante, e usamos estimativas de velocidades instantâneas em dois pontos diferentes para estimar a. 4.3 - 4.4 Material Necessário cronômetro com 2 sensores ópticos, trilho de ar com 1 planador, apetrechos para interromper o sensor óptico (pino redondo e placa), massas de aço inox para elevar uma das extremidades do trilho de 1 ou 2 cm. Procedimentos 1. Nivele o trilho de ar usando os pés ajustáveis (o trilho está nivelado quano um planador colocado no repouso no trilho, com o ar ligado, não se desloca à esquerda ou à direita). 2. Eleve uma das extremidades do trilho de ar utilizando os suportes de aço inox (disponı́vel no kit) de 1 ou 2 cm. 3. Coloque um sensor óptico a aproximadamente 20 cm do ponto inicial do trilho e o segundo a uma distância de aproximadamente 100 cm do primeiro. Anote cuidadosamente as posições dos cronômetros. 4. Prepare o cronômetro para a posição GATE. Desta forma o cronômetro medirá o tempo pelo qual o feixe de luz está interrompida. Verifique que o cronômetro está ajustado para a maior precisão (0,1 ms). 5. Pressione o botão RESET, para limpar o mostrador do cronômetro. 6. Prepare o cronômetro para a posição PULSE. Desta forma o cronômetro será disparado quando a luz do primeiro for interrompida e será desligado quando a luz do segundo for interrompida 7. Coloque um pino cilı́ndrico do kit no encaixe superior do planador. 8. Regule a altura dos senores óticos de forma que somente o pino corte a luz quando o planador atravessar o portão. 9. O planador será colocado na extremidade mais alta do trilho e abandonado do repouso, sempre desta mesma posição. Registre na guia o intervalo de tempo transcorrido entre as passagens do planador pelo primeiro sensor óptico. Meça o tempo (que chamaremos de t1 ) um total de dez vezes. A média dos tempos será usada para calcular a velocidade no primeiro sensor, v1 . 3 10. Repita para o segundo sensor óptico (para não mexer no primeiro sensor, largue o planador de repouso e aperte o botão RESET após ele passar pela primeiro sensor). Faça esta medição (que chamaaremos de t2 ) também um total de 10 vezes. A média dos tempos será usado para calcular a velocidade no segundo sensor, v2 . v2 − v1 (pois a aceleração é constante). O tempo medido t será o tempo para passar do primeiro sensor (onde a velocidade é v1 ) até o segundo sensor (velocidade v2 ). Coloque o coronômetro na posição PULSE, que medirá o tempo para passar de um sensor óptico ao outro. Meça o tempo de passagem, t3 , um total de 10 vezes. 11. Para medir a aceleração temos que a = 12. Repita a medição de t1 , t2 e t3 com os sensores nas mesmas posições, mas trocando o pino cilı́ndrico pela placa retangular. 13. Meça os tamanhos aparentes (detectados pelo sensor) do pino e da placa, colocando o planador nas posições em que a luz vermelha em cima do sensor acende e apaga, e fazendo a diferença. Esses valores servirão como ∆x no cálculo das velocidades. Anote também a incerteza em ∆x (precisão da escala no trilho). 4.5 Análise 1. Calcule os valores médios de t1 , t2 e t3 , tanto para o pino quanto para a placa, com os desvios médios. Usando as incertezas percentuais em ∆x, t1 e t2 , calcule as velocidades v1 e v2 , com suas incertezas percentuais. 2. Calcule as incertezas (os erros) absolutas em v1 e v2 . 3. Calcule os valores das acelerações nos dois casos (placa e pino), junto com suas incertezas. 4.6 Questões 1. Os valores das acelerações calculdas com o pino e placa são iguais? 2. Levando em conta as incertezas, os valores das acelerações calculadas com o pino e placa são compatı́veis? 3. Qual aceleração tem mais precisão (menor incerteza)? 4. Por que o ∆x usando no cálculo da velocidade nos sensores não é simplesmente igual ao diâmetro do pino (ou comprimento da placa)? 5. O planador é acelerado pelo componente da gravidade ao longo do trilho. Teoricamente, esse componente vale g sen θ, onde θ é o ângulo de inclinação do trilho. Sabendo que cada massa de inox tem espessura de 12,7mm, e que os pés do trilho são 1m a parte, calcule o ângulo de inclinação do trilho e a aceleração esperada. O valor obtido concorda com os valores medidos? 4 GUIA DO EXPERIMENTO Nome: Distância em cm durante a qual o feixe é interrompido: ∆x = Incerteza em ∆x: Tabela 1: Cálculo de v1 (PINO) Medição no 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 t1 δt1 = ti − t1 t1 desvio |ti − t1 | Desvio médio v1 = ∆x/t1 = Incerteza em v1 : Tabela 2: Cálculo de v2 (PINO) Medição no 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 t2 t2 δt2 = ti − t2 desvio |ti − t2 | Desvio médio v2 = ∆x/t2 = Incerteza em v2 : 5 Tabela 3: Cálculo da aceleração (PINO) Medição no 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 t3 δt3 = ti − t3 t3 desvio |ti − t3 | Desvio médio v2 − v1 = t3 Incerteza em a: a= Tabela 4: Cálculo de v1 (PLACA) Medição no 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 t1 t1 δt1 = ti − t1 desvio |ti − t1 | Desvio médio v1 = ∆x/t1 = Incerteza em v1 : 6 Tabela 5: Cálculo de v2 (PLACA) Medição no 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 t2 δt2 = ti − t2 t2 desvio |ti − t2 | Desvio médio v2 = ∆x/t2 = Incerteza em v2 : Tabela 6: Cálculo da aceleração (PLACA) Medição no 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 t3 t3 δt3 = ti − t3 desvio |ti − t3 | Desvio médio v2 − v1 = t3 Incerteza em a: a= 7