Carlos Pimenta No último texto nesta publicação comprometemo-nos a visitar a página web da administração postal portuguesa. Por aí começamos. Uma curiosidade: tomamos conhecimento da sua existência através de um computador no continente americano. Foi no “Yahoo” que encontramos referência à sua existência, numa ocasião em que os apontadores nacionais ainda não registavam o seu nascimento. Se tal facto se deveu à inoperacionalidade dos apontadores portuguesas, apenas há que lastimar o facto. Se resultou de os CTT (ou a empresa por eles contratada) se terem esquecidos dos utilizadores portugueses, já a moderação de costumes tem que ser temperada com Existem páginas web cuja sua única função é alguma indignação. elucidar sobre o que existe na Internet e qual o Enfim, ironias da inter- seu respectivo endereço. Funcionam como “listas telefónicas” organizadas por assuntos e nacionalização das co- com processos de pesquisa adequados aos meios informáticos. A origem dessa informação é dumunicações Os CTT tem uma página simples, sem grande peso de imagens e sem recurso a grandes técnicas de programação (embora utilize algu- pla: têm “robots de busca” que procuram recolher informação do que existe, por um lado, e sistematizam os dados que os criadores de páginas web aí depositam, por outro, ansiosos de rapidamente criarem um mercado. Internacionalmente há dois apontadores (“web search”) particularmente consagrados (“Yahoo” e “AltaVista”) e em cada país há frequentemente réplicas nacionais. Em Portugal é de destacar “Sapo”, o primeiro a aparecer, que tem atravessado ao longo dos tempos fortes perturbações, e o “Aeiou”, alguns dias mais jovem que aquele e que tem revelado grande dinamismo e inovação. mas, obviamente) mas é aí que reside algumas das suas principais virtudes. É esteticamente agradável, carrega-se rapidamente, é de consulta e navegação fácil. tivemos a amarga desilusão de não encontrarmos uma informação actualizada, dados sobre as últimas emissões ou edições. Hoje a situação é radicalmente diferente. A informação é actualizada e de qualidade. Há que reconhecer que tem sido feito um bom esforço para o aumento da qualidade da página, bastante bem sucedido. Por tal facto devemos regozijar-nos como portugueses e filatelistas. A componente comercial está desenvolvida. A página web dos CTT é mais do que um mostruário de produtos. É uma ciberloja: pode-se escolher os produtos, fazer as encomendas, obter a factura, indicar a forma de pagamento, seja ou não assinante dos seus produtos. Porque os CTT certamente associam a esta dimensão comercial uma vertente cultural (como o demonstra o conteúdo das emissões) fazemos votos que seja progressivamente colocada informação sobre as emissões e edições passadas, se mostrem mais ima- Dados sobre as emissões filatélicas, o mesmo se passando gens, se escom as edições. tenda a informação a outros produtos filatélicos (marcas postais, inteiros postais, etc.). É uma página a visitar que em nada desmerece das suas congéneres. Antes pelo contrário. E, entretanto, se tem algum amigo com e-mail porque não aproveitar o ensejo de enviar um postal electrónico assinado pelos CTT?! Outras informações úteis para os coleccionadores. Informações sobre as novidades filatélicas A filatelia é uma das opções de menu, informando-nos dos produtos disponíveis, ou não fosse esta uma importante área de negócio dos Correios. Quando das primeiras vezes que consultamos esta página E-Stamp. Chamemo-lhe “selo electrónico”, “selo digital” ou “Information Based Indicia” (IBI). Pouco importa. Os correios dos EUA estão a fazer os primeiros testes públicos para a criação do selo electrónico, designado assim porque é adquirido e emitido (impresso e utilizado) através do computador. Aparentemente funciona de uma forma muito simples. Quem estiver interessado em utilizar o processo regista-se e adquire um programa e uma “tranca” que é colocada na saída do computador para a impressora. Com o programa liga aos Correios, imprime o sobrescrito (com morada do destinatário, remetente e o selo electrónico) e ainda faz apuramentos contabilísticos e de registo de correspondência. O selo impresso tem um aspecto de “código de barras”. As vantagens que os seus promotores apresentam são as seguintes: dispensa as perdas de tempo nos postos de correio, permite de forma integrada e através de computador imprimir carta, sobrescrito e selo; controla com rigor o peso da correspondência e gera relatórios úteis. Na correspondência dentro dos EUA o programa ainda controla se a morada existe e está correcta e aplica automaticamente o código postal. Acrescente-se ainda uma outra vantagem: nasce um novo produto filatélico aconselhando um coleccionismo específico. E se os correios estiverem disponíveis para tal (assim como as empresas que entrem no processo) é possível que o novo tipo de selos tenham beleza, significado social, diversidade, o que actualmente não acontece. Até é pensável uma interessante osmose entre as regras dos correios e a iniciativa criadora do utilizador. Mas nem tudo são vantagens. As entidades sabem que as tentações de falsificação vão ser bastante grandes. Para evitar tal vão tomar as suas medidas. As seguranças parecem residir em dois momentos: quando da impressão do selo electrónico, através da “tranca” ligada à porta de saída para a impressora, e no momento de circulação da carta. Ora o controlo através da circulação da carta (sempre possível de instituir e que vem na linha de algumas outras práticas de circulação da correspondência que utilizam os códigos de barras legíveis a alta velocidade por qualquer máquina do circuito da correspondência) permitirá facilmente as autoridades postais reterem em computador a informação de quem escreve, para onde escreve e em que data. Aumenta a informação que o Estado e similares têm sobre os cidadãos. Os Selos Electrónicos são tecnologicamente uma maravilha, filatelicamente dúbios e um atentado a liberdade individual dos cidadãos. o seu conteúdo, quais os imperativos organizativos para a sua montagem, manutenção e desenvolvimento. O panorama ainda é bastante insuficiente. Pelo que julgamos saber o Clube de Filatelia "O Ilhéu" foi a primeira concretização através de uma página multimédia, louvável demonstração das possibilidades de junção da filatelia e da juventude. Também o Núcleo Filatélico e de Coleccionismo de Braga tomou idêntica iniciativa, apesar de desde sempre ser bastante difícil estabelecer ligação e com muita frequência acusar erro. No entanto é a AFAL que modificou significativamente o pobre panorama das páginas web das estruturas associativas filatélicas. Estamos perante um espaço informático bastante completo, muito bem estruturado, tecnicamente bem feito e que tem por trás uma clara compreensão do que tal significa. A sua juventude faz com que em cada uma das rúbricas ainda haja pouca informação, mas tal é o curso normal. Trata-se de uma iniciativa com organização e empenhamento humano capaz de transformar a página recentemente criada num trabalho continuado e profícuo. Também o Clube Nacional de Filatelia está a trabalhar, de acordo com uma decisão de Assembleia Geral, para criar o seu espaço multimédia. Um espaço que reflicta o prestígio da instituição e a capacidade organizativa até hoje revelada. Não é preciso que os dirigentes associativos saibam profundamente informática. Basta saberem que são dirigentes, terem vontade e capacidade organizativa, perceberem o mundo em que vivem e possuírem a sábia modéstia de saberem o que não sabem. Para a história da filatelia PORTUGAL 98 não é mais nem menos do que todas as outras exposições. Para Portugal é um acontecimento impar e uma oportunidade rara para dinamizar a filatelia nacional e projectar-se no mundo. Para todos os anónimos cidadãos, coleccionadores e filatelistas portugueses uma oportunidade de ver a baixo custo peças filatélicas únicas. Entretanto o desrespeito contratual de uns e a miopia cultural de outros, a passividade de uns e a ignorância de outros faz perigar o brilhantismo de uma tal iniciativa. A exposição LORCA 98 pertence ao passado mas soube englobar o futuro (páginas web, CD-ROM e a utilização de outros recursos informáticos). PORTUGAL 98 pertence ao futuro mas parece só saber englobar o passado. (Espaço reservado para a página web da PORTUGAL 98) Discutir se os clubes filatélicos devem ou não ter ligação à Internet é o mesmo que nos primórdios da utilização da electricidade discutir se se deveria ou não utilizá-la. Por outras palavras, é uma discussão sem sentido, porque o desenvolvimento das comunicações e das formas de relacionamento humano o imporá inexoravelmente. Sem dúvida que tal não acontecerá sem a vontade dos homens mas há melhores formas de a utilizar, há vias mais eficientes do que ser-se definhado, marginalizado ou falido pela erupção dos acontecimentos. O que interessa discutir é que tipos de ligação estabelecer (correio electrónico, página web, conversação, etc.), qual