Conceitos de PL O objetivo é conduzir Os fiéis a uma vivência cada dia mais profunda do que celebram. Neste sentido, a pastoral estará intimamente unida ao culto. A finalidade da liturgia é a santificação dos homens e o culto a Deus (SC 10). A celebração dos sacramentos se destina a esta santificação e a este culto, mas os sacramentos são ao mesmo tempo sinais da fé. Os sacramentos expressam e alimentam a fé... Sem esquecer que os sacramentos supõem a fé, mas também a alimentam, fortalecem e expressam. O fruto de sua celebração depende das disposições interiores de quem os recebe (cf. SC 59). A liturgia como exercício do sacerdócio de Cristo (SC 7) é muito mais que a PL e compreende uma realidade mais ampla. Em sua dimensão de mistério e como função santificadora da Igreja, a liturgia é algo que precede à celebração e à PL, mas deve realizar-se como ação eclesial no tempo e nas demais circunstâncias que a tornam atual e proveitosa aos homens e às mulheres do ponto de vista do acontecimento da salvação. É por isso que a qualidade da celebração condiciona de alguma maneira a eficácia santificadora do mistério celebrado. Liturgia e PL A PL ao cuidar da participação dos fiéis na celebração, coloca-se a serviço dos fins transcendentais da liturgia. Neste sentido se pode dizer que a liturgia se situa na ordem do ser da Igreja enquanto a pastoral coloca-se na perspectiva da ação, na linha de tudo que contribui para o crescimento do corpo de Cristo (cf. SC 4243; 61). PL promove a ativa, consciente e frutuosa participação para que: Deus se revele mais intensamente e manifeste a sua glória; A comunidade glorifique o Senhor e celebre a sua participação no Mistério Pascal de Cristo; Aconteça na celebração a santificação dos homens e das mulheres; Se cultive a esperança de um mundo novo; Haja respeito pela liberdade de todos; Chegue o dia em que todos tenham mesas fartas de pão e haja vida em abundância para todos... PL é um serviço chave É um serviço ao Senhor, à vida e à celebração. A PL promove a renovação litúrgica que tem como tarefa permanente entrar no sentido profundo do mistério que celebramos. D. Sartore, na Rivista di Liturgia, (RL 79 (1992) 9-24), diz: “Visto que a pastoral é a arte de governar, de instruir e de santificar o povo fiel. A PL é a parte desta arte que consiste em fazêlo participar ativa e conscientemente na celebração do culto, de modo a haurir na própria fonte o verdadeiro espírito cristão”. Para D. Sartore A PL se coloca no centro da missão da Igreja como elemento unificador das outras duas e sublinha a dimensão de toda a celebração, na qual deve operar-se a santificação e o culto. Parece ser uma definição muito coerente com a doutrina e o espírito do Concílio Vaticano II. Considera a liturgia como o centro e o coração da ação pastoral. Roguet diz que : PL “é a ciência e a arte de tornar o quanto possível comunicativos os sinais do culto cristão”. A referência principal é a eficácia das ações litúrgicas que depende em grande parte da fé e da participação consciente. Então a função da PL é criar e favorecer um ambiente cultual específico que permita aos cristãos compreender e participar plenamente da liturgia através dos sinais e de todas as formas de expressão e de comunicação. Para Roguet A PL passa a ser um processo de iniciação à celebração dos mistérios. Iniciação que comporta permanente atualização e aprofundamento. Esta conceituação deixa portas abertas à inculturação, à criatividade e à iniciação aos ritos e símbolos litúrgicos. Para Ione Buyst Pastoral Litúrgica diz respeito a todos os esforços feitos para animar a vida litúrgica de uma comunidade, paróquia, diocese, região, levando em conta sua realidade (histórica, cultural, social, eclesial), de modo que todos os cristãos e cristãs possam participar da liturgia de forma ativa, consciente, plena, frutuosa e colher dela os frutos espirituais. A pastoral litúrgica inclui cuidados com a preparação, realização e avaliação das celebrações, com a organização da vida litúrgica nos vários níveis eclesiais, com a formação do povo e dos ministros. A Comissão Episcopal , reunida, de 18 a 23 de junho de 1964 disse: Sendo a Liturgia a fonte e o apogeu de toda a atividade pastoral da Igreja, e esta a comunidade dos remidos em Cristo, a Pastoral Litúrgica tem por objetivo final formar a comunidade diocesana e paroquial numa comunidade de culto despertada ao mistério do Cristo, através de uma autêntica vivência da Liturgia (SC 10; 41; 42). Coloca como objetivo da PL Renovação do ministério sacerdotal e da comunidade diocesana e paroquial, pela justa compreensão da natureza genuína da Liturgia e por uma participação consciente e ativa do povo na mesma, segundo as perspectivas renovadas pelo concílio, especialmente no que se refere à pastoral da Assembléia Litúrgica. Para que isso aconteça é necessário: 1. Revalorizar pastoralmente o que é essencial na Liturgia. 2. Fazer com que o povo, por uma participação consciente e ativa na assembléia litúrgica tenha acesso a esse nível profundo; 3. Para o que se impõe a formação do clero, dos ministrantes e do povo. Os bispos em 1985 dizem: "A PL é a ação organizada e corajosa da Igreja para levar o povo de Deus à participação consciente, ativa e frutuosa na liturgia" (AVL, 185). Pois, " promover a liturgia já é ação pastoral pelas dimensões comunitária e ministerial, catequética, missionária, ecumênica e transformadora que ela possui. Ela não esgota toda a ação da Igreja, mas promovendo-a, estamos desencadeando o dinamismo de todas as pastorais, pois a liturgia é fonte e ápice de toda atividade eclesial"(AVL, 186). Em Puebla (DP 1306 e 1307): Como pastoral específica, a PL é uma ação que se realiza na Igreja, com a Igreja e pela Igreja, de forma organizada, planejada e revisada (com princípios orientadores, objetivos e meios) empreendida por agentes específicos a quem se oferece uma formação teórica e prática, com metodologia própria, e que tem como objetivo levar o Povo de Deus à participação consciente, ativa e frutuosa na Liturgia, Enraizar-se na Páscoa de Cristo Isso para que possa enraizar-se cada vez mais na Páscoa de Cristo, acolhendo o dom de Deus (santificação), para viver a sua missão sacerdotal como Povo que louva (glorificação) em todas as atividades de sua vida e expressá-las na celebração, formando comunhão e participando na missão evangelizadora da Igreja no meio do mundo. Resumo do que seja PL Primeiro: PL é uma ação eclesial que tem por objeto a participação ativa, consciente e frutuosa dos fiéis, tendo por finalidade a edificação do corpo de Cristo, a comunidade eclesial, mediante a santificação dos homens e o culto a Deus. Segundo A PL está a serviço da função sacerdotal de todo o povo de Deus, possibilitando aos cristãos o exercício do seu sacerdócio, como batizados e crismados, oferecendo suas vidas como culto agradável a Deus no Espírito Santo. Terceiro A PL se situa no conjunto das ações pastorais da Igreja e guarda com todas elas uma estreita relação e complementaridade. A liturgia é a fonte e o cume da vida da Igreja e da ação dos cristãos no mundo (cf. SC 11 e 120). “Para que os homens possam chegar à liturgia, é necessário que antes sejam chamados à fé e à conversão”(SC 9). “Os trabalhos apostólicos se ordenam a isso: que todos, feitos pela fé e pelo batismo filhos de Deus, juntos se reunam , louvem a Deus no meio da Igreja, participem do sacrifício e comem a ceia do Senhor” ( SC 10). Quarto A PL está unida e, de certo modo, antecede tudo que se considera pastoral do serviço cristão. É preciso sublinhar a exigência da missão que nasce da celebração e que dá lugar ao envio apostólico: “Ide e anunciai... o que vistes e ouvistes”(Lc 7,22). Quinto A PL está a serviço de uma visão da liturgia com seus ritos e símbolos como um acontecimento sacramental. Ou seja, nos e pelos gestos humanos somos atingidos pelo próprio Cristo. É ele que fala, é Ele que batiza, é Ele que oferece seu corpo e sangue, é Ele que reza e canta na comunidade reunida. Por isso, a PL tem a ver com a comunicação que permitirá uma maior e mais consciente participação de todos. Sexto A PL comporta uma teologia da participação no mistério celebrado no e pelos ritos, no e pelos gestos e pelas palavras humanas, pelo acontecimento que é toda a celebração litúrgica. A PL conscientiza e ajuda viver a liturgia como mergulho no Mistério pascal de Jesus Cristo que nos faz viver sua páscoa no dia a dia. Sétimo A PL é um processo educativo e permanente de vivência do compromisso da Aliança com o Deus da vida que nos faz reforçar no dia a dia os laços de solidariedade dos pobres que se defendem para poder viver na esperança da vitória definitiva da vida sobre a morte. Oitavo A PL, por isso, está inserida num projeto de Igreja, de missão e evangelização, onde a liturgia pode reforçar o processo da transformação e ressurreição ou pode estar a serviço da opressão e da morte. CONCLUSÕES 01.A PL tem seu lugar e sua contribuição no conjunto da missão da Igreja. Contudo é bom ressaltar: 02. A PL não é diretamente missionária. Mas deve estar impregnada do espírito evangelizador. Hoje a ação missionária e a PL não só não se opõem nem se ignoram, mas estão mutuamente implicadas. Conclusões 03. A PL está voltada para a formação integral do ser cristão. Contribui para a formação do cristão para chegar à condição de adulto em Cristo (cf. Ef 4, 13; Cl 1,9). 04. A PL fomentará a formação de todos que têm o direito e o dever de participar na liturgia, o fará de acordo com a condição própria da liturgia: pela mistagogia que se faz nas próprias celebrações litúrgicas. Uma celebração feita com esmero, ordenada e bem participada, é muitas vezes a melhor catequese litúrgica. Conclusões 05. O objetivo imediato da PL é a participação dos fiéis. Para tanto instruirá, educará e conduzirá progressivamente e por todos os meios os fiéis para esta participação consciente, ativa e frutuosa a que têm direito em virtude de seu batismo (cf. SC 14). Conclusões 06. PL é, portanto, uma ação eclesial, um saber fazer, uma arte de conduzir os fiéis a uma vivência mais profunda do mistério da salvação. Esta concepção comporta conhecimentos, uma ciência teórica e prática, baseada na teologia litúrgica e nas conquistas das ciências humanas que contribuem para enriquecer a celebração. Mas a liturgia é um aprendizado que passa pela experiência do celebrar, do experimentar a ação do mistério na ação ritual e simbólica.