4.° P25 / SP Esta prova contém T 04 B 14/10/10 questões. INSTRUÇÕES: Verifique se sua prova está completa. Preencha corretamente todos os dados solicitados no cabeçalho. Resoluções e respostas somente a tinta, azul ou preta. Utilize as linhas e os espaços determinados para respostas, não ultrapassando seus limites. Evite rasuras e o uso de corretivos. Resoluções com rasuras ou corretivo não serão revisadas. Resoluções e respostas que estiverem a lápis não serão corrigidas. Boa prova! 1. [3,0 PONTOS] [UFPR / 2007] Os textos abaixo foram retirados de O existencialismo é um humanismo, de Sartre. TEXTO I Consideremos um objeto fabricado, como, por exemplo, um livro ou um corta-papel; esse objeto foi fabricado por um artífice que se inspirou num conceito; tinha, como referenciais, o conceito de corta-papel assim como determinada técnica de produção [...]. Desse modo, o corta-papel é, simultaneamente, um objeto que é produzido de certa maneira e que, por outro lado, tem uma utilidade definida [...]. Podemos assim afirmar que, no caso do corta-papel, a essência – ou seja, o conjunto das técnicas e das qualidades que permitem a sua produção e definição – precede a existência. SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. Tradução de Rita Correia Guedes. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 5. TEXTO II O homem, tal como o existencialista o concebe, só não é passível de uma definição porque, de início, não é nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de si mesmo. [...] O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo [...]. Se realmente a existência precede a essência, o homem é responsável pelo que é. Desse modo, o primeiro passo do existencialismo é o de pôr todo homem na posse do que ele é, de submetê-lo à responsabilidade total de sua existência. SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. Tradução de Rita Correia Guedes. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 6. Compare os dois textos acima, considerando a relação estabelecida pelo autor entre essência e existência. Justifique a resposta com trechos dos textos. This page was created using easyPDF SDK trial software. To purchase, go to http://www.bcltechnologies.com/easypdf/ 2. [2,0 PONTOS] Leia os textos abaixo e responda ao que se pede. TEXTO I Se, com efeito, a existência precede a essência, não será nunca possível referir uma explicação a uma natureza humana dada e imutável; por outras palavras, não há determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Se, por outro lado, Deus não existe, não encontramos diante de nós valores ou imposições que nos legitimem o comportamento. Assim, não temos nem atrás de nós, nem diante de nós, no domínio luminoso dos valores, justificações ou desculpas. Estamos sós e sem desculpas. É o que traduzirei dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado porque não se criou a si próprio; e, no entanto, livre porque, uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo quanto fizer. SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. Tradução de Vergílio Ferreira. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 5. TEXTO II WATTERSON, Bill. Calvin e Haroldo. Imagem disponível em: http://ivoneterinhas.wordpress.com Relacione os textos, explicando, ao mesmo tempo, a tese de Sartre segundo a qual a “o homem está condenado a ser livre”. Justifique a resposta com trechos dos textos. ESPAÇO PARA RASCUNHO This page was created using easyPDF SDK trial software. To purchase, go to http://www.bcltechnologies.com/easypdf/ 3. [2,0 PONTOS] Leia, com atenção, os textos abaixo. TEXTO I João Romão comprou então, com as economias da amiga, alguns palmos de terreno ao lado esquerdo da venda, e levantou uma casinha de duas portas, dividida ao meio paralelamente à rua, sendo a parte da frente destinada à quitanda e a do fundo para um dormitório que se arranjou com os cacarecos de Bertoleza. [...] — Agora, disse ele à crioula, as coisas vão correr melhor para você. Você vai ficar forra [...]. Nesse dia ele saiu muito à rua, e uma semana depois apareceu com uma folha de papel toda escrita, que leu em voz alta à companheira. — Você agora não tem mais senhor! declarou em seguida à leitura, que ela ouviu entre lágrimas agradecidas. Agora está livre. [...] [...] Entretanto, a tal carta de liberdade era obra do próprio João Romão, e nem mesmo o selo, que ele entendeu de pespegar-lhe [= aplicar-lhe] em cima, para dar à burla [= fraude] maior formalidade, representava despesa, porque o esperto aproveitara uma estampilha já servida. O senhor de Bertoleza não teve sequer conhecimento do fato; o que lhe constou sim, foi que a sua escrava lhe havia fugido para a Bahia [...]. AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1973, p. 20-21. TEXTO II Ora digo eu: — O homem, e, duma maneira geral, todo o ser racional, existe como fim em si mesmo, não só como meio para o uso arbitrário desta ou daquela vontade. Pelo contrário em todas as suas ações, tanto nas que se dirigem a ele mesmo como nas que se dirigem a outros seres racionais, ele tem sempre de ser considerado simultaneamente como fim. [...] [...] O imperativo prático será pois o seguinte: Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio. KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Tradução de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 2008, p. 71 e 73. Explique por que a conduta de João Romão, expressa no TEXTO I, contraria a 3.ª formulação do imperativo categórico contida no TEXTO II. Justifique a resposta. 4. [3,0 PONTOS] [UFU / JULHO 2003] Leia o texto abaixo. Sendo, pois, de duas espécies a virtude, intelectual e moral, a primeira, por via de regra, gera-se e cresce graças ao ensino — por isso requer experiência e tempo; enquanto a virtude moral é adquirida em resultado do hábito, donde ter se formado o seu nome ética [êthiké] por uma pequena modificação da palavra hábito [éthos]. Por tudo isso, evidencia-se também que nenhuma das virtudes morais surge em nós por natureza; com efeito, nada do que existe naturalmente pode formar um hábito contrário à sua natureza. Por exemplo, à pedra que por natureza se move para baixo não se pode imprimir o hábito de ir para cima, ainda que tentemos adestrá-la jogando-a dez mil vezes no ar; nem se pode habituar o fogo a dirigir-se para baixo, nem qualquer coisa que por natureza se comporte de certa maneira a comportar-se de outra. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 267. Com base na análise do texto, estabeleça a distinção entre virtude intelectual e virtude moral. Justifique a resposta com trechos do texto. This page was created using easyPDF SDK trial software. 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