09/03/2014
Filosofia Moral
Ética
Do ser ao que deve-ser
A característica específica do homem em comparação com os outros animais é
que somente ele tem o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto e
de outras qualidades morais.
O homem é uma interseção entre dois mundos: o real e o
ideal. Pela liberdade humana, os valores do mundo ideal
podem atuar sobre o mundo real.
Nicolai Hartmann
Prisioneiros a fazer exercícios (segundo Doré) — Saint-Rémy (1890) —
Vincent Van Gogh.
Fundamentos da Filosofia – Gilberto Cotrim
Distinção entre Moral e Ética
Moral
Ética
do latim mos mor-, “costumes”. Refere-se ao conjunto
de normas que orientam o comportamento humano
tendo como base os valores próprios a uma dada
comunidade ou cultura.
do grego ethikos, “modo de ser”, “comportamento”, e se
aplica à disciplina filosófica que investiga os diversos
sistemas morais elaborados pelos homens, buscando
compreender a fundamentação das normas e proibições
(interdições) próprias a cada um e explicitar seus
pressupostos, ou seja, as concepções sobre o ser humano e
a existência humana que os sustentam.
Une o saber ao fazer, aplicando o conhecimento sobre
o ser para construir aquilo que deve ser.
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Moral e Direito
Diferenças entre Moral e Direito
• as normas morais são cumpridas a partir da convicção pessoal de cada
indivíduo, enquanto as normas jurídicas devem ser cumpridas sob pena de
punição do Estado em caso de desobediência
• a punição, no campo do direito, está prevista na legislação, ao passo que, no
campo da moral, a sanção eventual pode variar bastante, pois depende
fundamentalmente da consciência moral do sujeito que infringe a norma
• a esfera da moral é mais ampla, atingindo diversos aspectos da vida humana,
enquanto a esfera do direito se restringe a questões específicas nascidas da
interferência de condutas sociais. O direito costuma ser regido pelo seguinte
princípio: tudo é permitido que se faça, exceto aquilo que a lei expressamente
proíbe
• a moral não se traduz em um código formal, enquanto o direito sim
• o direito mantém uma relação estreita com o Estado, enquanto a moral não
apresenta essa vinculação.
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ARISTÓTELES. Política, p. 15.
O ser humano age no mundo de acordo com valores. Desse
modo, as ações que se realizam podem ser hierarquizadas de
acordo com as noções de bem e de justo compartilhadas por
um grupo de pessoas, em um determinado momento.
O homem é um ser moral, capaz de avaliar sua conduta a
partir de valores morais.
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Moral e Direito
Se a moral é o conjunto de normas de conduta de uma sociedade, qual (is) a
(s) semelhança (s) e a(s) diferença(s) entre normas morais e normas jurídicas?
Aspectos comuns entre as normas morais e jurídicas:
• apresentam-se como imperativos, ou seja, normas que devem
ser seguidas por todos
• buscam propor, através de normas, uma melhor convivência
entre os indivíduos
• orientam-se pelos valores culturais próprios de uma
determinada sociedade
• têm um caráter histórico, isto é, mudam de acordo com as
transformações histórico- sociais
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Moral e Direito
Maior diferença entre Moral e Direito é o princípio da
COERCIBILIDADE DA NORMA JURÍDICA
conta com a força e a repressão potencial do Estado (através da
ação da Justiça e da polícia) para ser obedecida pelas pessoas. Já
a norma moral não é sustentada pela coerção do Estado, isso
implica que ela depende, de certo modo, da aceitação de cada
indivíduo para ser cumprida.
Por isso, a norma moral costuma ser vinculada, por alguns
filósofos, à idéia de liberdade.
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09/03/2014
Moral e Liberdade
Além da consciência lógica, o ser humano possui também consciência moral
Virtude
Liberdade com Responsabilidade
do latim virtus, “força ou qualidade
essencial”, e significa, no contexto da moral,
a qualidade ou a ação que dignifica o
homem.
Virtude
faculdade de observar a própria conduta e
formular juízos sobre os atos passados,
presentes e as intenções futuras. E depois de
julgar, o homem tem condições de escolher,
dentre as circunstâncias possíveis, seu próprio
caminho na vida.
Entre outros significados, prática constante
do bem, correspondendo ao uso da
liberdade com responsabilidade moral.
Assim, são consideradas virtudes a polidez, a
fidelidade, a prudência, a justiça, a coragem,
a generosidade etc.
A essa possibilidade que o homem tem de construir sua maneira de ser e sua história
chamamos
liberdade
decidir entre o bem e o mal (consciência
moral) = escolher.
Virtude
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A ênfase no determinismo
A ênfase na liberdade
A dialética entre liberdade e determinismo
As transformações da moral
Relação entre sociedade e indivíduo pode ser considerada dialética, pois
ocorre uma relação mútua influência entre dois polos:
• por um lado, o indivíduo, um ser singular, é levado,
através da educação, à universalidade expressa nos
costumes e normas morais. Isso significa que cada indivíduo
assimila os princípios morais consolidados como próprios
do ser humano até então.
• por outro lado, os indivíduos, não assimilando
passivamente esses princípios, podem contestá-los ou
interferir em sua formulação, de acordo com as novas
condições histórico-sociais, e acabar por transformar as
normas e costumes morais.
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Ética na História
Concepções filosóficas sobre o bem e o mal
prática do mal, correspondendo ao
uso da liberdade sem responsabilidade
moral
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Liberdade X Determinismo
Somos realmente livres para decidir? Que liberdade é essa?
Há três respostas possíveis:
Vício
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Ética na História
Antiguidade: a ética grega
A questão da ética começou a ser motivo de preocupação na época de Sócrates,
considerado “pai da moral”.
É importante observar como os principais filósofos gregos trataram essa questão.
• Os
Construção
histórica
Moral
Construção social
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sofistas afirmavam que não existem normas e verdades
universalmente válidas. Tinham, portanto, uma concepção ética
relativista ou subjetivista.
• Ao contrário dos sofistas, Sócrates sustentou que existe um saber
universalmente válido, que decorre do conhecimento da essência
humana, a partir da qual se pode conceber a fundamentação de uma
moral universal. E o que é essencial no ser humano?A sua alma racional.
O homem é, essencialmente, razão. E é na razão que se devem,
portanto, fundamentar as normas e costumes morais. Por isso, dizemos
que a ética socrática é racionalista. O homem que age conforme a razão
age corretamente.
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Antiguidade: a ética grega
Ética na História
...Cont.
Antiguidade: a ética grega
Ética na História
...Cont.
• Platão
desenvolveu o racionalismo ético iniciado por Sócrates,
aprofundando a diferença entre corpo e alma. Argumentava que o corpo,
por ser a sede dos desejos e paixões, muitas vezes desvia o homem de
seu caminho para o bem. Assim, defendeu a necessidade de purificação
do mundo material, para se alcançar a Idéia de Bem.
Segundo Platão, o homem não consegue caminhar em busca da
perfeição agindo sozinho.Necessita, portanto, da sociedade, da polis. No
plano ético, o homem bom é também o bom cidadão.
• Depois do período clássico grego, o estoicismo desenvolveu uma ética
baseada na procura da paz interior e no autocontrole individual, fora dos
contornos da vida política. Assim, o princípio da ética estoica
é a apathéia: a atitude de aceitação de tudo o que acontece, porque
tudo faria parte de um plano superior guiado por uma razão universal
que a tudo abrangeria.
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Ética na História
A ética do equilíbrio de Aristóteles
Reflexão ética racionalista, porém sem o
dualismo corpo-alma platônico.
Aristóteles
Questão fundamental, para Aristóteles:
Para o quê tendemos?
“A virtude moral é um meio-termo
entre dois vícios, um dos quais
envolve o excesso e outro
deficiência, e isso porque a sua
natureza é visar à mediania nas
paixões e nos atos.”
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco, livro II.
FELICIDADE
A felicidade maior para Aristóteles
se encontraria na vida teórica, que
promove o que há de mais
especificamente humano: a razão.
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Ética na História
Idade Média: a ética cristã
Santo Tomás de Aquino (século XIII)
•A ética do epicurismo, de forma semelhante, tinha
como princípio a ataraxia: a atitude de desvio da dor e
procura do prazer espiritual, que contribui para a paz de
espírito e o autodomínio. Minimizando a influência dos
fatores exteriores sobre o bem-estar espiritual, Epicuro
observou: “O essencial para nossa felicidade é nossa
condição íntima e dela somos senhores”.
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Ética na História
Idade Média: a ética cristã
Ética Cristã
Ética Grega
Divergem em dois pontos:
• O abandono
do racionalismo — a ética cristã abandonou a idéia
de que é pela razão que se alcança a perfeição moral e centrou a
busca dessa perfeição no amor a Deus e na boa vontade.
• A emergência da subjetividade — acentuando a tendência já
esboçada na filosofia de estoicos e epicuristas, a ética cristã
tratou a moral do ponto de vista estritamente pessoal, como uma
relação entre cada indivíduo e Deus, isolando-o de sua condição
social e atribuindo à subjetividade uma importância
desconhecida até então.
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Ética na História
A ética do livre-arbítrio de Santo Agostinho
Santo Agostinho (século III)
Liberdade
Recuperou da ética aristotélica a ideia de felicidade
como fim último dos homens, mas cristianizou essa
noção quando identificou Deus como a fonte dessa
felicidade.
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Livre-arbítrio: a noção de que cada indivíduo pode escolher livremente entre aproximarse de Deus ou afastar-se Dele.
Diante disso, acentuou-se o papel da subjetividade humana nas coisas do mundo. O
livre-arbítrio é o meio pelo qual o homem realiza a sua liberdade, usando-a para o bem
ou para o mal.
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Idade Moderna: a ética antropocêntrica
Ética na História
Nova concepção moral,
autonomia humana.
Humanismo
Iluminismo
Período
Moderno
centrada
na
Concepção de natureza racional, que
encontra em Kant a formulação mais bemsucedida.
Razão legisladora
Idade Contemporânea: a ética do homem concreto
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A fundamentação ideológica de Marx
Marx (1818-1883)
Moral, para Marx, seria:
ideologia
dominante
em
sociedade,
pois
difunde
determinados valores que são
necessários à manutenção dessa
sociedade. É a fundamentação
ideológica da moral.
o indivíduo que obedece a uma norma moral atende
à liberdade da razão, isto é, àquilo que a razão,
no uso de sua liberdade, determinou como correto.
Razão humana
A reflexão ética na Idade Contemporânea
(séculos XIX e XX) se desdobrou em uma série
de concepções distintas acerca do que seja a
moral e sua fundamentação. Seu ponto comum
é a recusa de uma fundamentação exterior,
transcendental para a moralidade, centrando
no homem concreto a origem dos valores e
das normas morais.
Ética na História
Kant
moral deve ser fundamentada não mais
em valores religiosos, mas em valores
oriundos da compreensão acerca do que
seja a natureza humana.
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Ética na História
A ética do dever de Kant
Ética na História
Moral: produção social que atende a
determinada demanda da sociedade. E
essa demanda deve contribuir para a
regulação das relações sociais.
Transformação das relações sociais ao
longo do tempo: transformam-se os
indivíduos e as moralidades que regulam
essas relações.
Diante disso, Marx compreende a moral
como uma forma de consciência, própria
a cada momento do desenvolvimento da
existência social.
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Dever= liberdade
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Ética na História
A fundamentação histórico-social de Hegel
Hegel (1770-1831)
Ética: história e relação do indivíduo
com a sociedade são fundamentais para
as decisões morais.
Moral: conteúdos diferenciados ao longo da história das
sociedades, e a vontade individual seria apenas um dos
elementos da vida ética de uma sociedade em seu conjunto. A
moral seria o resultado da relação entre o indivíduo e o conjunto
social. E em cada momento histórico, a moral se manifestaria
tanto nos códigos normativos como, implicitamente, na cultura e
nas instituições sociais.
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Ética na História
Habermas (1929)
A ética discursiva de Habermas
Ética discursiva: fundada no diálogo e no
consenso entre os sujeitos. O que se buscaria
nesse diálogo é a razão que, tendo sido
reconhecida pelos participantes do diálogo,
sirva como fundamentação última para a ação
moral.
Aposta de Habermas na linguagem e na
capacidade de entendimento entre as pessoas na
busca de uma ética democrática e não
autoritária, baseada em valores validados e
aceitos consensualmente.
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Fim
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