Disciplina: Enfermagem da Família Profª Márcia F. Pereira UNIP- Curso Enfermagem – 5º semestre Família: origens históricas Na maior parte da história da humanidade, o indivíduo viveu, em quase todas as sociedades conhecidas, em unidades formadas por grupos familiares. A segurança, a saúde e a própria vida de alguém estavam atreladas à existência de um grupo familiar. Na Idade Média, do século V ao XV, foram se consolidando as características religiosas, culturais e sociais, que foram levadas, posteriormente, para o novo mundo e que permanecem até a atualidade em nossas sociedades (Galano, 2006). Família: origens históricas Na Idade Moderna: século XV ao XVIII= o homem procura escolher mais livremente seu estilo de vida, com novos papéis sociais e transformando a família num espaço privado. É adequado ressaltar que a instituição do dote se consolida= estímulo financeiro necessário para que uma jovem pudesse encontrar um marido de seu nível social. O casamento ocorria com seu par social ou “para cima”. Família: origens históricas Entre os séculos XVI e XVII, a criança conquista um lugar junto aos pais,o oposto da família medieval que deixava as crianças com estranhos As famílias da Idade Moderna passam a se preocupar com a sua educação, saúde e futuro, e querer reter a criança junto de si. Família: origens históricas No século XVIII, processa-se claramente a separação entre família e sociedade, entre privado e público. Enfatiza-se a intimidade familiar e isto aparece também na arquitetura da casa, que passa a ter cômodos com separações para assegurar a privacidade dos indivíduos na própria família. A família, a partir do século XVIII, é tida culturalmente enquanto um lugar de segurança, de solidariedade, de recolhimento e acolhimento. Família: origens históricas Na Idade Contemporânea, do século XVIII até metade do século XX, ocorrem as revoluções políticas, sociais e econômicas, que se articulam para trazer uma importante transformação na sociedade: A força e a consolidação da burguesia determinam a sua entrada no poder político. A partir da industrialização, ocorre o esvaziamento progressivo do campo para as cidades, com isso, massas de trabalhadores buscam melhores oportunidades. Com isso, podemos considerar que esta nova configuração da sociedade cria novas formas de viver e se relacionar. Família Burguesa Tradicional A família nuclear burguesa surge no século XIX, a partir da ascensão da burguesia industrial. Este “modelo” de família, concebido pelas classes dominantes, foi propagado como o ideal a ser seguido: Os pais se amam e amam aos filhos, por sua vez, os filhos cultivam para com seus progenitores este mesmo sentimento. Nesse sentido, a felicidade é uma característica essencial. Esse modelo de família faz parte da nossa cultura e ainda é reproduzido por intermédio dos diversos "espaços de socialização e/ou ideológicos", como por exemplo, escola, igreja, etc. As pessoas, desde crianças, aprendem como "deve" e "tem" que ser uma família. Família Tradicional Burguesa= (Relação baseada nos papéis) Homem O CHEFE DE FAMÍLIA Corporifica a idéia de autoridade, como uma mediação da família com o mundo externo. Responsável pela respeitabilidade familiar. Provedor. Mulher A CHEFE DA CASA Responsável por manter a unidade do grupo. Ela é quem cuida de todos e zela para que tudo esteja em seu lugar O que mudou na família??? A partir do século XX, as mudanças foram intensas e velozes. Os últimos cinqüenta anos têm sido marcados por diversos discursos que afirmam a desestruturação” da família burguesa. Os modos de vida nas famílias contemporâneas vêm se modificando, ocorrendo novas configurações de gênero e gerações, onde se elaboram novos códigos, mas mantém-se um certo substrato básico de gerações anteriores. Fatores que contribuíram para essa crise: Movimento Feminista: que veio alterar significativamente o mundo da mulher; 1960 - A pílula anticoncepcional:separou a sexualidade da reprodução e interferiu decisivamente na sexualidade feminina, abalando o valor sagrado da maternidade; 1980 – Fertilizações “in vitro”: dissociaram a gravidez da relação sexual entre homens e mulheres. Isso provocou mudanças substantivas, afetando a identificação da família com o mundo natural. Distinção entre maternidade (tida como natural) e a maternagem (que pode ser construída socialmente). IMPACTO DAS CONFERENCIAS INTERNACIONAIS SOBRE POPULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ONU= realizou sua primeira Conferência Mundial de População, em Roma (1954) contando com a participação de oitenta países. Todos os governos deveriam estudar as inter-relações entre população, crescimento econômico e progresso social e levá-las em conta na implementação de políticas. Conferência de Bucareste, (em 1974): palco de grandes controvérsias quanto ao controle populacional. Os países em desenvolvimento se opuseram à visão dos mais ricos de que o rápido crescimento populacional dos países pobres se constituía em séria barreira ao desenvolvimento. IMPACTO DAS CONFERENCIAS INTERNACIONAIS SOBRE POPULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO CIPD do Cairo (1994): delegações de 179 países e culminou na construção de um Programa de Ação para os próximos 20 anos; O Brasil teve uma participação significativa no encontro; Houve uma mudança substancial nas discussões sobre questões populacionais e políticas públicas: Deslocou as temáticas de população da esfera exclusivamente demográfica para a esfera dos direitos humanos, estabelecendo saúde e direitos reprodutivos como valores em si . CAIRO-1994 = Alguns princípios... Reafirma as definições da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre saúde sexual e reprodutiva e define os direitos reprodutivos como : o direito de tomar decisões sobre a reprodução livre de discriminação, coerção e violência. · Reconhece as relações desiguais de poder e recursos entre os gêneros e avança na formulação do conceito de empoderamento das mulheres, e recomenda programas de educação dos homens voltados para desenvolverem um comportamento mais responsável. Reconhece o aborto inseguro como um grave problema de saúde pública, o mesmo se aplicando à epidemia de HIV-AIDS. O que também nos interessa: O Programa de Ação do Cairo identifica a família como: • Unidade base da sociedade; •Passível de sofrer influência das mudanças demográficas e socioeconômicas rápidas, que modificam os padrões de formação da família com transformações consideráveis na sua composição e estrutura; • Possível de apresentar várias configurações. Resultados nas políticas públicas brasileiras: Criação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres Lei do Planejamento Familiar Programa Nacional de DST/Aids Lei de Notificação Compulsória, por parte dos serviços de saúde, da violência doméstica e sexual Normas Técnicas que asseguram o acesso ao aborto seguro nos casos previstos na legislação nacional Pacto Nacional para a Redução da Morte Materna e Neonatal. Avanços no Direito de Família: lei da guarda filial compartilhada após o divórcio; parentalidade sócioafetiva. Tendências globais recentes, que refletem as significativas transformações no âmbito familiar As famílias tendem a ser menores: fenômeno sem precedentes, visto que as famílias sempre foram mais numerosas. Para este fenômeno, verifica-se os seguintes indicadores: declínio da taxa de fertilidade, aumento do número de famílias chefiadas por um dos pais, principalmente a mãe. Além destes, também o número de grupos de irmãos é menor, assim como as redes familiares. As famílias tendem a ser menos estáveis socialmente: Este fato pode ser percebido com o declínio das uniões formais, com o aumento dos índices de divórcios e separações, assim como de novas uniões. Tendências globais recentes, que refletem significativas transformações no âmbito familiar As famílias ficam menos tempo juntas: Houve um aumento significativo do número de integrantes da família que trabalham. Em relação a isto, tendências podem ser sinalizadas: as crianças ficam em creches ou escolas por mais tempo; há uma diminuição da interação entre adultos e crianças; ocorre maior interação de grupos de amigos sem que haja participação da família; um maior número de crianças fica só, sem nenhum acompanhamento de um adulto. A dinâmica dos papéis parentais e das relações de gênero está mudando dramaticamente: Homens e mulheres são chamados a desempenhar, cada vez mais, papéis e funções que sempre foram fortemente delimitados como sendo ‘dos pais’ ou ‘das mães’. Família na atualidade Na atualidade, a partir das diversas tendências apresentadas, notamos que o conceito de “famílias”, em suas múltiplas configurações, está mais próximo da realidade vivenciada contemporaneamente, sem a rejeição legal e social que enfrentavam no passado. Desta forma, há um reducionismo significativo se consideramos existir apenas um único modelo ou padrão de família, deixando assim de perceber as particularidades e singularidades de cada arranjo familiar. Kaslow (2001) cita nove tipos de composição familiar que podem ser consideradas “família”: 1- família nuclear, incluindo duas gerações, com filhos biológicos; 2- famílias extensas, incluindo três ou quatro gerações; 3- famílias adotivas temporárias; 4- famílias adotivas, que podem ser bi-raciais ou multiculturais; 5- casais sem filhos; 6- famílias monoparentais, chefiadas por pai ou mãe; 7- casais homossexuais com ou sem crianças; 8- famílias reconstituídas depois do divórcio e 9- várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais, mas com forte compromisso mútuo = famílias por associação FAMÍLIAS = MOSAICO!!!! Família no cinema... MADAGASCAR