XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 MODELAGEM DO CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES PARA O CENTRO CIRÚRGICO DE HOSPITAIS Antônio Artur de Souza (UFMG) [email protected] Mariana Guerra (UFMG) [email protected] Thaísy Las-Casas Macedo Amorim (UFMG) [email protected] Natália Cardoso de Souza (UFMG) [email protected] Simone Léticia Raimundini (UFRGS) [email protected] O presente trabalho visa apresentar um modelo de aplicação do custeio baseado em atividades para o setor de centro cirúrgico de hospitais. Para tanto, foram pesquisados três hospitais privados da cidade de Belo Horizonte/MG. Por meio de enttrevistas e coleta de dados, esse estudo de caso permitiu demonstrar a viabilidade da aplicação desse modelo no centro cirúrgico dos hospitais em foco, além de comparação entre os resultados encontrados em cada hospital pesquisado. Os dados primários obtidos, de natureza qualitativa, objetivaram descrever as atividades desenvolvidas no campo de pesquisa de cada hospital para posterior comparação entre as organizações estudadas. Por meio das entrevistas e da realização dos estudos de casos, foi possível compreender os procedimentos desenvolvidos nos centros cirúrgicos. Além disso, foi possível apresentar uma triangulação das descrições, seguida de sua interpretação e comparação. Finalmente, a partir do modelo descrito, viabiliza-se a implementação do sistema ABC no CC de organizações hospitalares com estruturas e procedimentos semelhantes aos apresentados. Criou-se, então, um modelo genérico aplicável ao CC de hospitais que apresentem características semelhantes ao estudados. Palavras-chaves: Centro Cirúrgico, Modelagem, ABC XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 1. Introdução Após os problemas relacionados à falência econômica, à má qualidade de serviços e à ineficiência da gestão hospitalar em diversos países, o setor de saúde deparou-se com a necessidade de adaptar-se à política de livre mercado. Para isso, foi necessário, segundo Malagón-Londoño et al. (2003), reordenar as atividades para a prestação de serviços sociais de saúde, a fim de que os hospitais atingissem o contexto de empresas de saúde, e pudessem enfrentar o ambiente de competência e de qualidade em que se inserem. Sob essa perspectiva, a área administrativa e financeira de um hospital tem como função apoiar o desempenho dos médicos e de outros profissionais na atenção aos pacientes. Para tanto, segundo Raimundini (2003), pode-se identificar, de maneira geral, quatro conjuntos de serviços para o atendimento de um cliente/paciente: administrativos, gerais, técnicos/especializados e de internação. Botelho (2006) complementa ao afirmar que é comum hospitais manterem atividades de prestação de serviços internos para dar suporte às atividades afins. Entretanto, a combinação das atividades desenvolvidas contribui para que a estrutura organizacional se torne grande e complexa. Considerando-se a estrutura do hospital e que essa está sujeita à competitividade dos mercados e à necessidade de prestar serviços de qualidade, tem-se exigido das organizações de saúde maior eficiência na gestão financeira e de custos. No entanto, segundo Alemi e Sullivan (2007), as organizações de saúde não conhecem os custos reais dos serviços prestados, o que prejudica a gestão financeira e a sua competitividade. Além disso, para Abbas (2001), grande parte dos hospitais não faz uso de um sistema de gestão para o controle das atividades. Normalmente, utilizam-se apenas os sistemas tradicionais de custeio. Nesse contexto de competitividade e premência na gestão das informações e dos recursos dos hospitais, o presente trabalho visa apresentar um modelo de aplicação do sistema de custeio baseado em atividades (ABC – activity-based cost) para o setor de centro cirúrgico de hospitais. A partir das informações disponibilizadas pelo ABC, a gestão baseada em atividades (ABM - Activity-Based Management) pode ser utilizada como um instrumento de gestão. Com a utilização do ABM, os hospitais podem analisar a eficácia de suas estratégias, assim como controlar e avaliar o consumo dos recursos nos processos operacionais (HANSEN; MOWEN, 2006). Para tanto, realizou-se um estudo de caso em que foram pesquisados três hospitais privados da cidade de Belo Horizonte/MG. A partir dos dados levantados junto a essas organizações, foram analisados os possíveis benefícios da aplicação desse modelo, além de uma comparação entre os resultados encontrados nos hospitais pesquisados. Isso contribui para o desenvolvimento teórico sobre este tema, complementando uma lacuna existente: a modelagem de Sistemas de Informações Hospitalar (SIH), especificamente sistema de custeio. Este artigo subdivide-se em cinco seções, incluindo esta introdução. Nas seções 2, 3 e 4, é abordado o referencial teórico sobre o ABC em organizações hospitalares, centro cirúrgico e modelagem de sistemas. Na seção 5, apresenta-se a metodologia de pesquisa adotada (estudo de caso), a qual fomenta a comparação dos resultados encontrados (seção 6). Na seção 7, apresentam-se as conclusões e contribuições da pesquisa, seguida das referências. 2 XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 2. Custeio Baseado em Atividades em Hospitais Diversas pesquisas, como Abbas (2001), Raimundini (2003), Reis (2004) e Struett (2005), têm sido publicadas nos últimos anos a respeito da aplicação de sistemas de custeio em hospitais. Essas pesquisas dissertam principalmente sobre a aplicabilidade e os benefícios do sistema ABC para fins de gestão e de tomada de decisão e fazem comparação com os sistemas tradicionais de custeio. Segundo Reis (2004), esses sistemas tradicionais de custeio utilizados pela maioria das organizações hospitalares não fornecem informações adequadas para a tomada de decisão. Em contrapartida, o ABC é um sistema que identifica as atividades como meio para alocar mais eficientemente os custos dos produtos ou qualquer outro objeto de custo (por exemplo, clientes). Cardinaels et al. (2004) observaram que hospitais não têm adotado o sistema ABC, porque os Sistemas de Informações (SI) utilizados nessas organizações não estão capacitados para se adaptar a esse sistema de custeio. Apesar disso, estes autores reconhecem que o ABC é um sistema que proporciona informações mais precisas, além de possibilitar melhor controle das atividades desenvolvidas. Além desses autores, pode-se citar Botelho (2006), que delineia um modelo do sistema ABC para organizações hospitalares. Embora tenha proposto um modelo, Botelho (2006) não contemplou a modelagem do sistema para fins de desenvolvimento de um SIH voltado para a gestão de custos. O sistema ABC tem-se apresentado como uma ferramenta de auxílio aos gestores no controle e na gestão das organizações de saúde (ABBAS, 2001; RAIMUNDINI, 2003; REIS, 2004; STRUETT, 2005). Entende-se o termo ferramentas de gestão como instrumentos estruturados e sistematizados desenvolvidos para gerenciar, medir e controlar características administrativas ou operacionais, bem como, os programas e resultados. Os hospitais, como empresas prestadoras de serviços em saúde, podem ser beneficiadas com a implantação e a utilização do sistema ABC. O pressuposto fundamental do ABC, segundo Hansen e Mowen (2006), é a identificação das atividades como meio de alocação mais eficiente dos custos de objetos de custo. Portanto, o ABC possibilita aprimorar a alocação dos custos indiretos aos serviços, fato que é diferencial em relação aos sistemas de custeio tradicionais (MC LEAN, 2003). Esse diferencial possibilita evitar distorções de subavaliação ou superavaliação dos custos aos serviços, e controlar a causa dessas (HORNGREN et al., 2004; JOHNSON; KAPLAN, 1993). Segundo Bittencourt (1999), o ABC contribui para a melhoria da qualidade do atendimento, apóia o desenvolvimento de protocolos de diagnóstico e propedêutica (tratamento) e etc. Sendo assim, o ABC frente aos sistemas tradicionais apresenta como maiores benefícios: (i) a incorporação de dados não-financeiros, o que possibilita monitorar e eliminar atividades que não agregam valor, e (ii) o fornecimento de informações detalhadas, tais como custos por pacientes ou por patologias atendidas. Cardinaels et. al (2004) definem alguns passos necessários para a implantação do sistema ABC em hospitais. A primeira etapa é o envolvimento de todos os funcionários e a conscientização da necessidade de uso desse sistema. Além disso, ressalta-se como premissa a utilização de um SIH que forneça informações que subsidiem o processo decisório. Por fim, são necessários o detalhamento das atividades e dos direcionadores de custos, o conhecimento dos recursos e a identificação dos direcionadores de custo específicos para a organização hospitalar. No que se refere ao detalhamento das atividades, é comum que os hospitais mantenham atividades de prestação de serviços internos para dar suporte às atividades afins, sobretudo em relação aos serviços de diagnóstico, tratamento e acompanhamento terapêutico. 3 XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 Entre as áreas que mais utilizam os serviços de apoio, tem-se o centro cirúrgico (BOTELHO, 2000), explicado com maiores detalhamentos na seção 3. 3. Centro Cirúrgico Para Silva (1997), o Centro Cirúrgico (CC) é o conjunto de elementos destinados às atividades cirúrgicas, à recuperação anestésica e pós-operatória. De acordo com a Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Materiais Esterilizados (SOBECC, 2008), o CC é uma das unidades mais complexas do hospital. A complexidade se dá não somente pela sua especificidade, mas também por se tratar de um local que expõe o paciente e a equipe médica a situações de estresse. Além dos profissionais da área de saúde, atuam no CC profissionais da área administrativa e de limpeza e higienização. Segundo Silva (1997), o CC deve ocupar área independente da circulação geral, para evitar o trânsito de pessoas e materiais estranhos ao serviço e possibilitar o acesso livre e fácil de pacientes vindos das Unidades de Internação Cirúrgicas, Pronto Socorro e Terapia Intensiva, bem como o encaminhamento dos pacientes às Unidades de origem. Geralmente, o CC é composto de três partes: a área irrestrita, onde permanece a secretaria do CC; a área semirestrita, onde se localizam as salas de expurgo, preparação de materiais e sala de estar; e a área restrita, onde se localizam as salas de cirurgias, de recuperação pós-anestésica e depósito (HU UFSC, 2008). Botelho (2006) denomina o CC de Bloco Cirúrgico e apresenta o fluxograma da unidade, exibido na Figura 1. Para que o CC atenda à sua finalidade, a organização precisa, consoante Ghellere (1993), garantir que os profissionais tenham acesso ao conhecimento técnico-científico de ponta, dar conforto e segurança para pacientes e profissionais e promover pesquisas para o desenvolvimento tecnológico. A concretização de todas essas atividades implica custos altos nessa unidade do hospital. Além do CC, é possível realizar cirurgias no ambulatório (cirurgias ambulatoriais), também conhecido como hospital dia. Esses tipos de cirurgias são resultantes dos avanços tecnológicos obtidos pela cirurgia e anestesia, que permite a alta do paciente no mesmo dia da cirurgia (SILVA, 1997). Entrada do Processo Consulta Médica Médico do HUCF Médico Externo Exames Pré-Operatórios Autorização da Cirurgia Nova Consulta Marcação da Cirurgia Internação Exames Pré-Operatórios Sala Pós-Operatório Ato Cirúrgico Preparação do Paciente Clínica Cirúrgica Saída do Processo Figura 1 - Fluxograma do Bloco Cirúrgico no Hospital Universitário Clemente Farias Fonte: Botelho (2006) 4 XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 4. Modelagem do Custeio Baseado em Atividades Modelagem é uma simplificação de parte da realidade para algum propósito definido (BOOCH et al., 2005; PIDD, 1998). Trata-se de uma representação externa e explícita do modelo do SI para que o usuário possa entender, mudar, gerenciar e controlar a realidade modelada. A modelagem de SI possibilita uma melhor compreensão do sistema que está sendo desenvolvido. Um modelo tem como objetivos: (a) testar uma entidade física antes de lhe dar a forma para corrigir erros no produto; (b) comunicar com clientes para demonstrar uma parte ou o todo de um produto e o seu comportamento; (c) visualizar aspectos visíveis apenas na práticas; e (d) reduzir a complexidade a partir da divisão de um objeto em partes (RUMBAUGH et al., 1994). Pidd (1998) define alguns princípios de modelagem. Segundo o autor, é necessário que os modelos sejam simples para viabilizar entendimento mais fácil, porém devem ser suplementados por um pensamento crítico e argumentativo, além de uma análise minuciosa. É também importante que se comece com os elementos bem definidos e óbvios do sistema de interesse e, à medida que esses sejam modelados e validados, se adicionem os elementos de menor definição e mais complexos. Posteriormente, é necessário que se decomponha o modelo maior e complexo em um conjunto de modelos mais simples, utilizando-se metáforas, analogias e similaridades, isto é, permitindo-se insights. Outro aspecto fundamental consiste no fato de que o modelo deve conduzir os dados, e não os dados conduzirem o modelo. Por fim, tem-se que modelar não é um processo linear, mas também não é um processo caótico. Com a definição de modelagem, seus objetivos e princípios, verifica-se que um modelo é uma representação simplificada, definida e compreensível de uma realidade complexa e, muitas vezes, mal definida. Modelar um sistema para fins de projetar um SI significa modelar o processo de modificações ocorridas nos objetos e seus relacionamentos em relação ao tempo (RUMBAUGH et al., 1994). A modelagem, portanto, consiste em um exercício que sistematiza o conhecimento sobre as tarefas que o SI deve realizar após sua implementação (NERI; HOPPEN, 2003). A modelagem pode ser realizada a partir de diversos diagramas, por exemplo, casos de uso, seqüência, atividades. Os diagramas de atividades são utilizados, por exemplo, para modelar aspectos dinâmicos de um sistema, mostrando o fluxo das atividades e podendo ser empregados na modelagem do contexto de uma empresa (LENZ; KUHN, 2004; NERI; HOPPEN, 2003). 5. Metodologia A presente pesquisa consistiu em um estudo de caso realizado junto a três hospitais privados da região metropolitana de Belo Horizonte/MG, denominados neste artigo: Hospital I, Hospital II e Hospital III. O estudo de caso é um método que contribui significativamente para a compreensão dos fenômenos organizacionais e sociais complexos, por intermédio de uma investigação ex post facto de eventos da vida real e da geração de um perfil dos eventos pesquisados (YIN, 2005). Esse método obtém maior credibilidade quando faz a triangulação das descrições, seguida de sua interpretação (DENZIN; LINCOLN, 2005). A triangulação é o processo que utiliza os diversos dados da pesquisa, levantados a partir de várias técnicas de coleta de dados, para a compreensão das variáveis de pesquisa. Esse processo contribui para a validação de um constructo, haja vista que várias fontes de 5 XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 evidências fornecem diversas avaliações sobre o mesmo fenômeno em estudo (YIN, 2005). Cumpre salientar, contudo, que esta pesquisa não visou validar um constructo, mas, sim, um modelo (nessa caso, um sistema). Mais especificamente, o sistema a ser validado é o método ABC, com foco no estudo das atividades desenvolvidas no setor de centro cirúrgico. A presente pesquisa é de natureza qualitativa, que enfatiza a descoberta e verificação de teorias já existentes, visando à investigação de um evento com profundidade, por meio de entrevistas e observações in loco, e à identificação de variáveis que se complementam, confirmam ou contrastam (DENZIN; LINCOLN; 2005). Dentre os métodos de pesquisa, o estudo de caso é o mais recomendado e aplicado em pesquisas na área de ciências sociais aplicadas quando da realização de um estudo em profundidade sobre determinado evento, com a possibilidade de comparação com outros estudos realizados. Empregaram-se, nesta pesquisa técnicas de coleta de dados de: pesquisa bibliográfica (livros, artigos, dissertações, teses e materiais disponíveis em sítios), observações não-participantes, entrevistas nãoestruturadas e semi-estruturadas e consulta a arquivos e documentos das organizações pesquisadas. A realização dessas entrevistas fundamentou-se no fato de que aquelas permitem que o entrevistado fale do campo de pesquisa de modo amplo e pessoal, sem muitas intervenções do entrevistador (FLICK, 2004). A entrevista semi-estruturada, por sua vez, possibilitou que o entrevistado respondesse às questões de interesse do pesquisador, a fim de confirmar ou complementar os dados obtidos na entrevista não-estruturada e observação direta não-participante. Para a análise dos dados utilizou-se uma metodologia específica para a leitura das questões abertas tratadas nas entrevistas, com base em técnicas de análise de conteúdo tratadas por Bardin (1977) e Cullinane e Toy (2000). Iniciou-se o trabalho com um estudo minucioso da transcrição da entrevista realizada com os gestores sobre o CC de cada hospital. Em seguida, foram feitas construções de grades de leitura que possibilitaram a classificação das respostas em categorias e subcategorias, o que fomentou a comparação dos hospitais de forma direcionada, sistemática e categorizada. 6. Resultados 6.1 Hospital I O Hospital I é um hospital-maternidade privado de natureza filantrópica. No que se refere ao setor de CC, esse Hospital divide-se em dois blocos (centros): cirúrgico, que é considerado um hospital dia, e obstétrico. No bloco cirúrgico, são realizadas diariamente vasectomias, laqueaduras e cirurgias de varizes, previamente agendadas pela secretaria do setor, não havendo, portanto, cirurgias de emergência. Nesse bloco, há oito leitos, distribuídos em duas salas, que funcionam todos os dias da semana e estão em atividade constante. A rotatividade de pacientes é grande, uma vez que se submetem às cirurgias e recebem alta no mesmo dia. No bloco obstétrico, são realizados diariamente os partos cesáreas. O bloco obstétrico é composto por duas salas cirúrgicas com um leito em cada sala. Nesse bloco, a paciente primeiramente é atendida no pronto-atendimento, situado no primeiro andar do prédio e próximo à portaria. Caso seja diagnosticado parto cesárea, a paciente é encaminhada para uma enfermaria específica para esse tipo de parto, localizada em frente ao bloco obstétrico, o que é fundamental em caso de alguma complicação. Nesse local, a paciente aguarda o atendimento, que ocorre no bloco obstétrico por prioridade, e não por ordem de chegada. Ao final de cada cirurgia, a sala cirúrgica é limpa e preparada para a próxima intervenção. Ressalta-se que é possível que haja plantões em que não é realizado 6 XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 nenhum parto cesárea. Para os partos normais, a paciente, ao chegar ao Hospital, é submetida ao diagnóstico e encaminhada para internação em leito específico, no que é denominado Casa de Parto, que consiste em um box individual onde a paciente permanece no período de préparto e onde também é realizado o parto. Após o nascimento dos bebês, as pacientes são hospedadas na enfermaria. Caso haja alguma intercorrência, o parto não é realizado no leito, e sim na sala de parto do bloco obstétrico. A Figura 2 apresenta o diagrama de atividades dos procedimentos de parto normal e cesárea. A circunferência cheia se refere ao início das atividades, a circunferência vazia com outra cheia corresponde ao término das atividades e o losango indica momento de decisão. Ao analisar esse diagrama, observa-se como ocorre o fluxo das atividades no bloco obstétrico do Hospital I. Essas atividades dão origem aos registros dos dados que alimentarão o banco de dados do SIH. Esses dados, quando processados, devem gerar os diversos relatórios utilizados pelos gestores da organização hospitalar, tais como: faturamento, controle de tempo, de consumo de materiais médicos e medicamentos e etc. Em cada retângulo do diagrama, apresentam-se as atividades e os direcionadores de custos por recurso envolvido (i.g., farmácia, limpeza, médicos, enfermeiras), que são identificados nos procedimentos de parto. Por essa análise, é possível definir a estática do comportamento das atividades realizadas nos procedimentos de parto, ou seja, a modelagem do processo. A partir dessa modelagem é possível projetar um SIH, uma vez que se possibilita compreender a seqüência de atividades e como estas ocorrem em função de um agente (i.e., a paciente) que está submetida ao procedimento cirúrgico. A técnica de enfermagem faz a documentação da equipe da cirurgia no prontuário do paciente. Recepcionar a paciente no pronto atendimento Diagnosticar Parto Normal Parto Cesárea Encaminhar ao box de parto Encaminhar à enfermaria Realizar parto no CC Realizar parto no box Limpeza, CME, Farmácia Encaminhar a CTI Limpeza, CME, Farmácia Encaminhar à enfermaria Limpeza, SND, Rouparia Dar alta hospitalar Figura 2 – Diagrama de Atividades para os Procedimentos de Parto 7 XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 Fonte: Elaborado pelos autores O Hospital I possui um corpo clínico fechado, com exceção do médico de varizes, que traz o seu próprio instrumental (sendo todos os demais materiais do próprio Hospital). O tempo das cirurgias não é computado ou anotado, mas se estima uma média de sessenta minutos para o parto cesárea e setenta minutos para parto cesárea com laqueadura. Entretanto, esse tempo depende de cada médico responsável. Não existe planejamento para que se evite desperdício com o tempo ocioso do bloco. O registro dos materiais utilizados na cirurgia é feito na folha de sala, porém não se especifica tudo o que é gasto. Isso ocorre porque o Hospital I presta serviços aos SUS e recebe por procedimento. Caso haja mais gastos de materiais em uma cesárea do que em outra, o SUS paga o mesmo valor pelo procedimento das duas, o que justifica a falta de preocupação com a especificação de todas as despesas. Os setores de apoio que prestam serviços ao CC, que são Almoxarifado, Farmácia, Central de Materiais Esterilizados (CME), Limpeza, Manutenção e Serviço de Nutrição e Dietética (SND), estão sempre disponíveis para os blocos. O serviço de Limpeza é disponibilizado vinte e quatro horas por dia, e o tempo de limpeza e preparo da sala entre as cirurgias demanda, em média, quinze minutos. O SND leva a refeição ao quarto das pacientes que precisam ficar em repouso. Contudo, incentivam-se as demais pacientes a irem até o refeitório. Quanto ao fluxo da rouparia, os funcionários do setor recolhem as roupas sujas nos quartos após cada cirurgia e as levam para a lavanderia, que pertence ao Hospital. No fluxo da CME, a técnica de enfermagem leva o material para a esterilização nessa Central. Os medicamentos a serem utilizados pelas pacientes ficam no estoque do CC, não havendo necessidade de as enfermeiras se deslocarem até a Farmácia. 6.2 Hospital II O Hospital II é um hospital privado que presta serviços especialmente em ginecologia, cirurgia geral, urologia e ortopedia. A organização, que não possui médicos contratados nem residentes, conta com aproximadamente 500 médicos cadastrados, dentre os quais 150 estão efetivamente disponíveis diariamente. O CC do Hospital II dividi-se em: bloco cirúrgico e bloco obstétrico, cada qual com Farmácia própria. No CC, as cirurgias são marcadas via sistema utilizado pelo Hospital, agendadas de acordo com a necessidade da vaga e a disponibilidade das salas. Não existe uma pessoa específica para a marcação das cirurgias, e os próprios médicos podem fazê-la no sistema. Todas as salas do CC possuem equipamentos próprios para a realização dos procedimentos. O tempo gasto para a limpeza das salas oscila de quinze a trinta minutos, de acordo com o procedimento executado, e o tempo de cirurgia varia de acordo com o cirurgião que a executa e com a complexidade da mesma. Esse tempo é controlado e digitado posteriormente no sistema utilizado pelo Hospital. A partir desses dados, é feita uma planilha de planejamento para se evitar o desperdício. Nessa planilha, são apresentados os indicadores de ocupação das salas, tempo de atraso da cirurgia e suas possíveis causas (p.e., imprevistos, complicações, atrasos), dentre outras informações. O registro de materiais utilizados durante a cirurgia é efetuado por meio de códigos de barras. O Hospital trabalha com kits, que, assim que são dispensados pela Farmácia, são registrados na conta do paciente. Os outros materiais que por ventura não estiverem nos kits e que o cirurgião necessitar durante o procedimento cirúrgico, podem ser requisitados por prescrição 8 XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 eletrônica. Ao final, é gerada uma lista de materiais e medicamentos utilizados, a qual é assinada pelo médico, pelo anestesista e pelos enfermeiros envolvidos no procedimento. O relacionamento do CC com os setores de apoio do Hospital II ocorre de forma bastante coordenada. O setor de internação fornece ao cliente internado do CC um prontuário completo e etiquetado. A CME realiza a limpeza dos instrumentais, e a Farmácia fornece os medicamentos e os materiais para a utilização nas salas. O setor de Limpeza faz a higienização. O Transporte, por sua vez, faz parte do CC, mas trabalha em todos os andares para levar e trazer pacientes. A Manutenção faz a manutenção corretiva e preventiva dos equipamentos. O setor de Compras fornece o material instrumental e equipamentos, quando requisitados ou em caso de materiais danificados e sem possibilidade de utilização. A unidade de internação é o local onde os pacientes ficam internados e, quando ocorre alguma complicação dos pacientes que voltam do CC, é responsável por encaminhá-los para a internação na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), bem como pelo retorno à unidade de internação. O sistema do Hospital possibilita uma comunicação entre todos os setores, viabilizando um controle de requisição e de utilização de materiais. Esse fator é de significativa utilidade: a título de exemplo, a CME, setor que mantém maior contato com o CC, pode visualizar no sistema quantas cirurgias já estão programadas e, assim, preparar os materiais necessários. Existe um funcionário do CC que é responsável por recolher os materiais limpos e, ao final de cada cirurgia, encaminhar os materiais sujos de volta à CME para serem novamente esterilizados. A Figura 3 descreve o diagrama de atividades dos procedimentos cirúrgicos e obstétricos realizados no Hospital II – a circunferência cheia indica o início das atividades, a circunferência vazia com outra cheia indica o término das atividades e o losango indica momento de decisão. Por meio da análise desse diagrama, é possível compreender o início e o término do procedimento cirúrgico ou obstétrico, desde o momento em que se faz o agendamento da cirurgia até a liberação do paciente. Os momentos de decisão (losangos) nesse procedimento são importantes, porque indicam qual fluxo o paciente seguirá, determinando quais recursos serão utilizados. Agendar cirurgias Consulta pré-anestésica Recepcionar/internar paciente Sala de espera Leito de internação Encaminhar/realizar cirurgia Transferir de hospital Limpeza, CME, Farmácia Encaminhar a CTI Encaminhar à internação Limpeza, SND, Rouparia Dar alta hospitalar 9 XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 Figura 3 – Diagrama de Atividades para os Procedimentos Cirúrgicos e Obstétricos Fonte: Elaborado pelos autores 6.3 Hospital III O Hospital III é um hospital privado. A estrutura do CC dessa organização consiste em três salas cirúrgicas, uma sala para pequenos procedimentos e oito apartamentos para internação. O Hospital III possui, no CC, cinco funcionários fixos, entretanto todos os médicos que fazem cirurgias no Hospital não possuem vínculo direto com a organização. Sendo assim, normalmente, as cirurgias são marcadas pelo consultório do médico interessado diretamente com a recepção do Hospital. O serviço de limpeza é terceirizado e é responsável por todos os setores do Hospital, dando-se prioridade ao CC. De acordo com a agenda, a Farmácia prepara um novo kit para a próxima cirurgia e protocola quais medicamentos e materiais foram utilizados em sua montagem. Junto ao CC, há uma Farmácia de Apoio, que, além de montar os kits de cirurgia, solicita à CME determinados tipos de materiais que não se encontram no kit. Nesse caso, a enfermagem anota na folha de controle do paciente, e a funcionária auxiliar de Farmácia anota em uma planilha para conferência futura. A CME, que também presta serviços de apoio direto ao CC, fica no subsolo do Hospital, onde são esterilizados os instrumentais. Campos, capotes, compressas e outros materiais são esterilizados por uma empresa terceirizada. A Figura 4 demonstra as atividades que ocorrem desde o agendamento até a alta do paciente no Hospital III. Agendar cirurgias Reservar sala cirúrgica Confirmar cirurgias Recepcionar/encaminhar paciente Realizar cirurgias Dar alta hospitalar Limpeza, CME, Farmácia Encaminhar à internação Dar alta hospitalar Limpeza, SND, Rouparia 10 XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 Figura 4 – Diagrama de Atividades para Procedimentos Cirúrgicos Agendados Fonte: Elaborado pelos autores É importante observar que a complexidade dos procedimentos cirúrgicos, bem como a permanência ou não do paciente no Hospital modifica o diagrama de atividades. Semelhante às demais figuras apresentadas, a circunferência cheia indica o início das atividades, a circunferência vazia com outra cheia indica o término das atividades e o losango indica momento de decisão. O controle do tempo é realizado por meio da anotação da hora de início e de término da cirurgia, em folha de controle do CC (documento produzido pela enfermagem do Hospital). O Hospital III é de pequeno porte e, apesar de utilizar um SI, esse não integra todos os setores da organização. Os dados do CC são lançados no sistema pela enfermagem, mas alguns setores não possuem um controle informatizado (p.e., CME). 6.4 Comparação entre os hospitais estudados Pelos dados apresentados, é possível observar que o Hospital II apresenta mais alta qualidade das informações disponibilizadas pelo SIH. Nessa organização, o sistema utilizado possibilita uma comunicação entre todos os setores, viabilizando o controle de requisição e de utilização de materiais pelo CC. Por esse motivo, facilita-se a modelagem do ABC para aplicação no CC do Hospital II, uma vez que por meio dos relatórios gerados pelo SIH é possível compreender a seqüência de atividades e a forma como estas ocorrem em função de um agente do CC , isto é, paciente. Além disso, no Hospital II, em decorrência da qualidade do SIH utilizado, tornase possível controlar e analisar de forma sistematizada as decisões tomadas pelos gestores. Nessa organização, por meio da análise dos momentos de decisão é possível compreender como os custos acontecem e se acumulam, e assim geri-los de forma mais eficaz e eficiente. Salienta-se ainda a automatização no processo de agendamento das cirurgias, que é realizado via sistema. O Hospital também utiliza uma planilha de planejamento para se evitar o desperdício de materiais utilizados no CC. No Hospital I, diferentemente, não se realiza o controle de tempo das cirurgias realizadas. Além disso, não existe planejamento para que se evite desperdício com o tempo ocioso do CC. O registro dos materiais utilizados nas cirurgias é feito na chamada folha de sala, porém não se especifica tudo o que é gasto. Como mencionado, isso ocorre porque o Hospital I presta serviços aos SUS e recebe remuneração por procedimento. Caso haja mais gastos de materiais em um procedimento do que em outro, o SUS paga o mesmo valor pelo serviço prestado, o que justifica a falta de preocupação com a especificação detalhada dos custos. Apesar disso, por meio dos dados apresentados, é possível observar que as atividades desenvolvidas no CC do Hospital I são semelhante às atividades desse mesmo setor do Hospital II. Apesar de não haver controle e planejamento via SIH dos procedimentos desenvolvidos no CC do Hospital I, é possível compreender o início e o término do procedimento cirúrgico ou obstétrico, desde o momento em que se faz o agendamento da cirurgia até a liberação da paciente. Isso pode ser visualizado por meio do diagrama de atividades apresentado na Figura 11 XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 2. Os momentos de decisão nesses procedimentos no Hospital I são importantes, porque indicam qual fluxo o paciente seguirá, determinando quais recursos serão necessários. Dessa forma, o modelo para aplicação do ABC no Hospital II pode ser utilizado também para aplicação no Hospital I. Por fim, no Hospital III, apesar de se utilizar um SI, esse não integra todos os setores da organização. Os dados do CC são lançados no sistema pela enfermagem, mas alguns setores não contam com um controle informatizado (p.e., CME). Ressalta-se que todos os médicos que fazem cirurgias nesse Hospital não possuem vínculo empregatício direto com o mesmo. Como dito, normalmente as cirurgias são marcadas pelo consultório do médico interessado diretamente com a recepção do Hospital. Além disso, no Hospital III, o serviço de limpeza de todos os setores é terceirizado, sendo que a prioridade é dada ao CC. Os procedimentos de apoio ao CC são controlados por meio de fichas ou folhas de controle, e a funcionária auxiliar de Farmácia anota em uma planilha para conferência futura. Por fim, apesar do Hospital III realizar um planejamento para utilização das salas de cirurgia, inexiste um controle pormenorizado da duração de cada cirurgia. Dessa forma, por meio dos dados apresentados, é possível observar que as atividades desenvolvidas no CC dos três Hospitais são semelhantes. Apesar de não haver controle e planejamento via SIH dos procedimentos desenvolvidos no CC dos Hospitais I e III, por meio da análise do diagrama de atividades dessas organizações, é possível compreender as etapas realizadas para o desenvolvimento dos procedimentos do CC, assim como os setores de apoio envolvidos. Como mencionado, os momentos de decisão nesses procedimentos são importantes, uma vez que indicam qual fluxo a ser seguido pelo paciente do CC seguirá, determinando quais recursos serão necessários para o atendimento do cliente. Dessa forma, o modelo se conforma aos três Hospitais pesquisados. Apesar de algumas diferenças entre os procedimentos realizados nos CC estudados, o modelo de aplicação do ABC é genérico o bastante para ser utilizado nos Hospitais I, II e III. 7. Conclusão Assim como apresentado na literatura, confirmou-se que o sistema ABC proporciona um melhor custeamento dos serviços, como ferramenta de gestão financeira. Pode-se dizer que se apresenta como uma ferramenta gerencial potencialmente muito útil para os hospitais. A utilização desse sistema no CC de hospitais possibilita identificar melhor os custos relevantes, planejar atividades, estabelecer metas de custos e controlar os recursos consumidos nos procedimentos. As pesquisas relatadas na literatura têm demonstrado que esse sistema possibilita apurar os custos reais de cada serviço, eliminar desperdícios e auxiliar na tomada de decisões, além de facilitar a identificação de atividades que agregam valor. Além disso, segundo literatura pesquisada, as organizações de saúde não conhecem os custos reais dos serviços prestados. Isso pôde ser observado na pesquisa, uma vez que os hospitais estudados não possuem controle eficaz dos recursos consumidos. Esse fato pode prejudicar a gestão financeira e a competitividade da organização. O custeio ABC se apresenta como alternativa para estes hospitais poderem dispor de informações úteis sobre seus custos. Salienta-se ainda que o custeio ABC apresenta restrições na implantação e na disponibilização de informações se o hospital não dispuser de recursos como SIs, infra-estrutura de informática, e profissionais 12 XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 especializados em gestão financeira e em sistemas de custos. As possibilidades de uso do custeio ABC em hospitais descritas na literatura puderam ser comprovadas nos três estudos de casos realizados. Os resultados desta pesquisa desenvolvida na cidade de Belo Horizonte/MG possibilitam concluir que os CC dos Hospitais I, II e III apresentaram as informações necessárias para a aplicação do sistema ABC. Algumas melhorias são necessárias, mas não inviabilizam a implementação deste sistema de custeio. Dentre essas melhorias, ressaltam-se: melhoria no SI utilizado no Hospital III; desenvolvimento e informatização dos mecanismos de controle utilizados no Hospital I; melhoria da infra-estrutura em equipamentos de informática nos Hospitais I, II e III; capacitação técnica dos funcionários responsáveis pela tomada de decisão; e desenvolvimento da cultura da organização a fim de facilitar e de agilizar a implantação do ABC. Dessa forma, o desenvolvimento de um modelo, objetivo principal dessa pesquisa, foi alcançado. Pelo estudo realizado, pôde-se desenvolver um modelo genérico de aplicação do custeio ABC ao CC de hospitais que apresentem características semelhantes ao estudados. A consecução desse objetivo se deu por meio da descrição pormenorizada das atividades e dos procedimentos realizados nos CC dos Hospitais I, II e III. Essa descrição configura-se como o modelo desenvolvido para aplicação do ABC no CC dessas organizações. Hospitais interessados em utilizar o custeio ABC podem fazer uso deste modelo, que inclui um conjunto de atividades, direcionadores de recursos e direcionadores de custos. Inclui também uma descrição do inter-relacionamento dessas atividades com os serviços pelo CC. Referências ABBAS, K. Gestão de custos em organizações hospitalares. 2001. 155f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001. ALEMI, F.; SULLIVAN, T. An Example of Activity Based Costing of Treatment Programs. The American Journal of Drug and Alcohol Abuse, 33: 89–99, 2007. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. BITTENCOURT, O. N. S. O emprego do método de custeio baseado em atividades - Activity-Based Costing (ABC) - como instrumento de apoio à decisão na área hospitalar. 1999. 198 f. 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