FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
CONCURSO PÚBLICO 2010 – PESQUISADOR EM SAÚDE PÚBLICA
PADRÕES DE RESPOSTAS DAS QUESTÕES DICURSIVAS
Doenças Genéticas e Crônico-degenerativas (C4031)
PADRÕES DE RESPOSTAS
QUESTÃO 01
I. Os domínios proteicos característicos dos fatores transcricionais (TFs) eucarióticos são aqueles necessários às suas
funções básicas, especificamente a de se ligarem à molécula de DNA em regiões definidas (sequências-alvo de cada um
destes fatores), bem como a de se associarem entre si, na formação de homo- ou heterodímeros, ou ao complexo da
RNA polimerase (ligações proteína-proteína; também chamados domínios de ativação). Dentre os principais domínios
típicos destes fatores, podemos citar os dedos de zinco, o domínio hélice-alça-hélice (HLH), e os zíperes de leucina,
além de outros. Os dedos de zinco são domínios que se ligam a moléculas de ácidos nucleicos (DNA ou RNA), e como
exemplos de fatores que os possuem podemos incluir o fator basal TFIIA e os receptores de esteróides. Já o domínio
hélice-alça-hélice promove tanto a ligação ao DNA quanto a dimerização dos TFs, e como exemplo podemos citar o
fator MyoD. Finalmente, os zíperes de leucina permitem a dimerização de TFs (interação proteína-proteína). Exemplos
de TFs que possuem zíperes de leucina incluem Jun, c-Fos e CREB3.
II. Uma técnica tradicionalmente utilizada na identificação de sítios-alvo de fatores transcricionais (TFs) é o footprinting
de DNA. Nesta técnica, regiões promotoras clonadas de genes são submetidas à ligação do TF em estudo. Após a
potencial ligação, o material é digerido com uma exonuclease (como pro exemplo, DNase I). Na região em que ocorre a
ligação do TF ao DNA, este último fica protegido da ação da enzima, e assim a DNase I cliva todas as ligações
fosfodiéster, com exceção daquelas na região protegida. Uma reação controle conduzida em paralelo sem a adição do
TF permite localizar a exata extensão e sequência nucleotídica da região a que este último se ligou. Uma outra técnica
de identificação de sequências-alvo de TFs é o ensaio de alteração de mobilidade eletroforética (gel shift assay), Nesta
técnica, o DNA contendo a suposta região-alvo é combinada com o TF sob estudo e, após a reação, o material é
submetido a uma corrida eletroforética em gel sob condições não-desnaturantes (de forma a não desfazer a associação
potencial entre o TF e seu alvo no DNA). A molécula de DNA com a proteína ligada fica então mais pesada (em
comparação com a mesma molécula da reação-controle, em que não se adiciona o TF), e desta forma sua mobilidade
no gel é retardada em relação à do controle negativo. Assim, prova-se que o TF se liga a alguma sequência-alvo
presente no DNA sob estudo.
QUESTÃO 02
I. Nas populações humanas, alelos responsáveis por doenças genéticas (incluindo anomalias congênitas) são mais
geralmente recessivos e ocorrem em baixas frequências. Assim, os afetados, que devem ser homozigotos para o alelo
raro, são mais frequentes na progênie de indivíduos aparentados, que herdaram o alelo deletério de um ancestral
comum.
II. Diferentes tipos de anomalias podem ser descritas em resposta a esta questão. As características clínicas devem
incluir uma descrição dos principais sintomas e, quando pertinente, resultados de outros tipos de exames. As
características epidemiológicas devem incluir pontos como prevalência, distribuição geográfica, étnica, etc. A
caracterização etiológica deve considerar principalmente as contribuições relativas de fatores genéticos e ambientais.
III. Vários fatores de confundimento podem ser mencionados, tais como: idade materna, paridade, etnia, nível de
educação dos genitores, teratógenos durante a gestação. Estes fatores podem afetar as frequências observadas,
induzindo à conclusão de associações que são espúrias.
IV. Como o estudo visa analisar a influência da consanguinidade paterna sobre a ocorrência de anomalias congênitas, é
importante ver até que ponto a frequência das anomalias é maior ou não na progênie de casamentos consanguíneos.
Assim, a frequência de ocorrência de cada anomalia congênita considerada neste estudo em indivíduos com pais
consanguíneos ou não foi analisada com base em dados anteriormente disponibilizados.
V. Não se espera encontrar associação entre consanguinidade paterna e síndrome de Down, que é reconhecidamente
devida a uma trissomia livre ou à existência de uma translocação balanceada em um dos pais. Assim, como a frase
afirma, a associação é devida ao fator de confundimento idade materna.
QUESTÃO 03
I. São analisadas: (1) amostras de indivíduos normais, com duas cópias do gene do APP, como controle negativo (duas
cópias); (2) amostras de indivíduos com síndrome de Down, onde o resultado (duplicação gênica) indica que o gene do
APP está no cromossomo 21 (duplicação gênica); e (3) e (4) amostras dos dois pacientes, para avaliar se apresentam
dosagem gênica normal (semelhante à amostra 1) ou alterada (semelhante à amostra 4).
II. (a) Os pacientes 1 e 2 e o indivíduo com síndrome de Down apresentam duplicação do gene do APP em heterozigose
(dosagem 1,5 vezes maior que nos indivíduos normais). (b) Genes vizinhos (flanqueando APP, como demonstrado
pelas barras que indicam região de duplicação) foram também analisados para determinar a extensão da área
cromossômica duplicada.
III. Vários métodos podem ser descritos, como PCR em tempo real, CGH-assay etc. Entretanto, espera-se uma
descrição do método que, mesmo resumida, demonstre que o candidato tem conhecimento do mesmo.
IV. As barras horizontais representam as regiões cromossômicas duplicadas no dois pacientes analisados e em outros
indivíduos previamente estudados, de outras populações européias. Estes dados são apresentados para uma
comparação da biologia molecular em pacientes de diferentes populações.
V. Esta situação não se configura como apropriada para emprego em triagem populacional, por se tratar de uma
doença muito rara (no caso da ofrma de início precoce), por ser de início tardio e, atualmente, sem perspectivas de
cura. O teste pode ser usado em famílias onde a doença já é conhecida, para aconselhamento genético.
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