AVALIAÇÃO DE TÉCNICAS DE MONITORAÇÃO DE CORROSÃO EM SISTEMA DE
ÁGUA DE RESFRIAMENTO CONTAMINADA COM SULFETOS
Socrates Fofano – PETROBRAS/Superintendência da Industrialização do Xisto, e-mail:[email protected]
Haroldo Ponte – Universidade Federal do Paraná/Departamento de Engenharia Química, e-mail:[email protected]
RESUMO
A contaminação por sulfetos nas unidades de processo da
PETROBRAS/ Superintendência da Industrialização do Xisto
(SIX) tem sido a responsável pelo aumento significativo da
corrosividade do sistema de água de resfriamento, culminando
com a falha prematura de trocadores de calor e conseqüente
redução da disponibilidade mecânica da planta. Em um
sistema integrado de gerenciamento de processos corrosivos, a
PETROBRAS/SIX optou pelo estabelecimento de um
programa de monitoração da corrosão que pudesse responder
em tempo real aos efeitos da contaminação. Para tanto, iniciou
um programa de avaliação de técnicas eletroquímicas
consolidadas visando verificar sua sensibilidade e tempo de
resposta a mecanismos de corrosão por sulfetos. A simulação
dos vários níveis de contaminação, seus efeitos e comparação
das técnicas de monitoração em estudo foi realizada em
estação de corrosão instalada no próprio sistema de água de
resfriamento da planta.
Neste trabalho são apresentados os resultados parciais obtidos
em testes de campo, utilizando-se as técnicas de monitoração
por perda de massa, resistência à polarização linear e
impedância eletroquímica.
1.CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE SISTEMAS DE
ÁGUA DE RESFRIAMENTO
Na grande maioria dos processos industriais há necessidade do
resfriamento de máquinas, fluidos e equipamentos que geram
ou recebem calor durante sua operação.
A água é o fluido mais utilizado para este fim, pois muitos são
os fatores que a tornam um excelente meio de resfriamento:
ela pode absorver grandes quantidades de calor por unidade de
volume, apresenta variações dimensionais desprezíveis na
faixa de uso, baixa viscosidade, condutividade térmica
elevada, é neutra, inodora, geralmente atóxica, entre outras
características atrativas.
No Brasil a água ainda é considerada um recurso abundante e
barato, entretanto já há regulamentação em alguns Estados
para o uso e descarte da água, contemplando aspectos relativos
a tipos de fontes para uso industrial, definição da remuneração
pelo uso da água e efluente descartado, controle de qualidade
da água descartada, entre outros. Cálculos preliminares
indicam que uma refinaria de petróleo de médio porte deverá
desembolsar aproximadamente 4 milhões de dólares
anualmente apenas pelo uso da água e conseqüente tratamento
e descarte de efluentes.
Pode-se separar os sistemas de resfriamento em função da
reutilização da água aquecida em: sistemas abertos, aqueles
nos quais a água é descartada após uso, sem reaproveitamento,
sistemas semi-abertos, quando a água aquecida é resfriada
num equipamento denominado Torre de Resfriamento,
retornando às plantas de processamento para novamente trocar
calor e sistemas fechados, quando a água que circula pelo
sistema é resfriada num trocador de calor por meio de um
outro fluido, que não entra em contato com a água.
A maioria das unidades industriais de processo utiliza sistema
semi-aberto em seus processos principais. O resfriamento
utilizando sistemas abertos é feito em processos secundários,
onde a interrupção operacional não traz transtorno ou o
mesmo é pouco relevante.
Problemas decorrentes do emprego de sistemas semiabertos. A reutilização de água implica na necessidade de
diversos cuidados de melhoria e adequação da sua qualidade
às exigências do processo, em especial àqueles relativos à
deposição e corrosão do sistema, visto que aumentam os
custos de manutenção da planta, podendo inclusive provocar a
cessação de produção.
Independentemente de fatores externos (aqueles decorrentes
de contaminações, por exemplo) as águas utilizadas em
processos industriais são naturalmente corrosivas.
Um número de fatores químicos/eletroquímicos e físicos
determina a extensão dos problemas associados à corrosão em
meio aquoso:
•
Composição da água: pH, sais dissolvidos, gases
dissolvidos, matéria dissolvida e suspensa, tendêncais à
crescimento microbiológico, etc.
•
Interação entre a água e os materiais normalmente
utilizados em circuitos de resfriamento.
•
Existência de materiais dissimilares em contato.
•
Temperatura, taxas de transferência de calor, velocidade,
tipo de fluxo (laminar ou turbulento).
•
Fatores metalúrgicos (tipo de material) e características
superficiais (nível de tensões, rugosidade, etc.)
Esses fatores devem ser considerados sempre para uma correta
especificação do sistema, com o objetivo de mantê-lo sob
controle.
Não há dúvida que os problemas mais sérios associados à água
de resfriamento são aqueles causados por
corrosão
decorrentes de processos eletroquímicos, seja por ataque
direto, isto é inexistência de depósitos ou aqueles associados à
formação de células de aeração diferencial por matéria inerte
ou devido ao metabolismo de microorganismos.
As contaminações do sistema com H2S. Algumas correntes
de hidrocarbonetos apresentam níveis bastante elevados de
H2S (inerentes ao tipo de produto processado). Seu
resfriamento ocorre em permutadores de calor que utilizam a
água de resfriamento do circuito semi-aberto. Apesar dos
fluidos serem mantidos isolados, isto é, circulando em seções
diferentes, a ocorrência de vazamentos (falha de vedação,
ruptura de tubos) provoca a mistura desses fluidos. Em vários
sistemas a pressão do circuito de água é menor que a do fluido
resfriado, o que induz à contaminação da água pelo
hidrocarboneto.
Desconsiderando-se
os
efeitos
da
contaminação com óleo e analisando apenas as conseqüências
decorrentes do H2S, verifica-se descontrole do sistema,
atingindo-se níveis de corrosão insustentáveis para projetos
convencionais de permutadores de calor. A contaminação
passa a ser generalizada a partir do momento que a água
retorna da torre de resfriamento em direção às unidades de
processo levando o problema a todos os equipamentos que
fazem parte do circuito.
A SIX tem sofrido os problemas decorrentes dessas
contaminações tendo que retubular totalmente - somente em
uma de suas unidades de processo - 5 permutadores de calor
em período inferior a 18 meses, O tempo de deteção,
considerando-se exclusivamente os métodos que são utilizados
(gravimétricos de corrosão e analíticos para análise da
qualidade da água), depende do nível da contaminação,
podendo ser imediato, caso sejam observados aumento de
turbidez e queda do pH ou levar semanas, quando não ocorrer
variações perceptíveis em variáveis de controle.
No caso de permutadores críticos que obriguem à parada da
planta, os lucros cessantes podem chegar a dezenas de
milhares de dólares por dia, além dos prejuízos ambientais por
conta de emissão de gases ricos em óxidos de enxofre.
O fenômeno de corrosão pelo H2S do aço carbono em meio
aquoso. Desconsiderando o H2S produzido metabolicamente
pela redução de ions sulfato por bactérias redutoras de sulfato,
a corrosão do aço por sulfetos em sistemas de água de
resfriamento ocorre, como já apresentado, pelas
contaminações que a água sofre a partir de fluidos com teores
elevados de H2S em solução. Esse gás promove a corrosão
através de duas maneiras:
1. Pela redução do pH da água, criando condições à evolução
de hidrogênio, através da reação:
H2S => 2H+ + 2HSFe => Fe 2+ + 2e2HS- + Fe 2+ + 2e- => FexSy + S2- + 2H º
2H º =>H2
Em baixos pHs a camada de sulfeto de ferro sofre dissolução,
expondo o material novamente ao ataque.
O ataque é intensificado em regiões sob depósito (tubérculos)
como decorrência da aeração diferencial, em função do efeito
despolarizante do oxigênio (reação catódica).
As taxas de corrosão atingem valores superiores a 20 mpy
(0,50 mm/ano), quando medidas em cupons. Porém, devido à
característica alveolar do ataque (perfurante) o problema se
torna muito mais sério.
2. Pela formação de camada de sulfeto de ferro estável em
pHs mais elevados. Neste caso pode ocorrer corrosão
galvânica , visto que o FeS é catódico em relação ao ferro.
Normalmente as taxas de corrosão são desprezíveis e o aço
carbono apresenta excelente desempenho nessa condição, a
menos da ocorrência de fissuras no filme que predispõem o
material a ataque localizado de elevada intensidade.
Com base no exposto , optou-se pelo estabelecimento de
avaliação do sistema quanto à corrosão com as seguintes
propostas:
•
Avaliação e seleção de técnicas eletroquímicas
consolidadas visando verificar sua sensibilidade e tempo
de resposta a mecanismos de corrosão oriundas de
processos de contaminação por sulfetos em sistemas de
água de resfriamento industrial.
•
Estabelecimento de modelo relacional de avaliação de
corrosão entre as técnicas eletroquímicas e método
gravimétrico, objetivando verificar sua consistência e
aplicabilidade.
Estabelecimento de condição ótima de operação do
•
sistema (de mais elevada tolerância à sulfetos) com base
no comportamento dos parâmetros físico-químicos da
água em situação de contaminação.
•
Definição de variáveis de controle para o estabelecimento
de sistema de monitoração e gerenciamento de corrosão
em tempo real, de modo a permitir controle contínuo e
redução do tempo necessário para as ações contingenciais
após o início do processo de contaminação por sulfetos.
2. METODOLOGIA
A simulação dos vários níveis de contaminação, seus efeitos e
comparação das técnicas de monitoração em estudo foi
realizada em estação de corrosão instalada no próprio sistema
de água de resfriamento da planta, de modo a reduzir o
número de variáveis interferentes e permitir uma correlação
mais rápida e consistente com o sistema sob teste.
A estação de testes foi montada conforme desenho
esquemático apresentado na figura 1 de modo a:
•
Simular os vários níveis de contaminação por sulfetos
através da injeção de sulfeto gasoso.
•
Avaliar as técnicas sob estudo comparativamente com o
método gravimétrico de maneira simultânea.
•
Simular condições de velocidade , pressão e temperaturas
críticas através de sistema de controle apropriado.
•
Avaliar o comportamento físico-químico da água nas
situações de contaminação, através de análises
laboratoriais.
Considerando os sistemas de monitoração consolidos e
disponíveis comercialmente, suas aplicações e domínio
tecnológico propôs-se a avaliação, inicialmente, das seguintes
técnicas:
a. Resistência à polarização linear
b. Impedância eletroquímica
A consistência dos resultados obtidos através das técnicas
eletroquímicas foi verificada comparando-se com os
resultados do método gravimétrico (perda de massa), que é o
ensaio mais convencional utilizado em sistemas de água de
resfriamento.
torno do potencial de corrosão, as parcelas anódicas e
catódicas da corrente global num sistema eletroquímico são
iguais, resultando em uma corrente global nula. Dessa
maneira, aplicando pequenas diferenças de potencial em torno
do potencial de corrosão e medindo-se as correntes associadas,
é possível a determinação da resistência à polarização linear
(Rp) do eletrodo, através da equação 2:
A
1600
1000
200
1600
L
Do cilindro de H2S
B
J
C
1000
B
D
E
D
L
L
VB
F
2100
Para a TR-2201
G
900
H
 ∂∆E 
Rp = 

 ∂i  i =0 ,dE / dt →0
(2)
I
Nível do solo
A: Cilindro de H2S
B: Estação de corrosão
para tubos, chapas e
sondas
C: Rotâmetros
D: Misturadores
F: Válvula de controle
Nível do solo
G: Bomba dosadora
H: Aquecedor de água
I: Tanque de solução de ajuste de pH
J: Válvulas agulha de ajuste micrométrico
L: Termômetros e manômetros
A densidade de corrente de corrosão, icorr, está relacionada à
Rp através do coeficiente de Stern-Geary, como indicado na
equação 3:
Figura 4 - Esquema de montagem da estação de testes de corrosão
Figura 1.Esquema de montagem da estação de corrosão
Considerações gerais sobre os métodos utilizados
a. Método gravimétrico (perda de massa). Este método
consiste na avaliação da corrosividade do meio considerado,
através da determinação de taxas de corrosão em materiais
metálicos que sejam representativos daqueles utilizados nos
equipamentos industriais da planta que se deseje avaliar. É o
método universal para avaliação de corrosão em plantas
industriais. Os corpos-de-prova metálicos utilizados para a
avaliação, denominados cupons de corrosão, apresentam
geometria padronizada, sendo colocados em estações de
corrosão instaladas em locais representativos dos processos de
corrosão observados ou esperados para o sistema sob
investigação.
Observados os cuidados de preparação dos cupons de corrosão
e as recomendações quanto à instalação da estação, a variável
fundamental de controle passa a ser o tempo de exposição à
condição de teste, de modo a tornar possível a correlação com
os fenômenos corrosivos do sistema. De modo geral, o tempo
deve ser o maior possível, recomendando-se nunca ser
inferior, em horas, ao valor determinado pela razão entre 50 e
a taxa de corrosão ( em mm/ano) esperada para o sistema. Para
sistemas de água de resfriamento recomenda-se normalmente
30 dias. Considerando a expectativa de taxa de corrosão para
o sistema de água de resfriamento da PETROBRAS/SIX,
optou-se pelo prazo médio de 22 dias.
As taxas de corrosão são determinadas pela perda de massa
dos cupons no tempo considerado, através da equação 1.
TC =
8,76.104 ∆W
A.t .ρ
onde: Rp é a resistência à polarização linear em Ω.cm² ; ∆E é
variação da tensão em torno do potencial de corrosão e i é a
densidade de corrente lida para cada variação de tensão
(1)
onde: TC é a taxa de corrosão em mm/ano,∆W é a diferença
entre as massas antes e após a exposição , em g; A é a área ,
em cm²; t é o tempo de exposição, em horas e ρ é a massa
específica, em g/cm³.
Técnica da Resistência à Polarização Linear. A técnica da
resistência à polarização linear consiste na aplicação de
pequenas variações de potencial, da ordem de 10 a 20 mV em
torno do potencial de corrosão, para que se obtenham
respostas em corrente o mais linear possíveis. O objetivo desta
técnica é o de medir a resistência que um dado material,
exposto a determinado meio, oferece à oxidação durante a
aplicação de um potencial externo.
A técnica teve sua origem associada ao trabalho de Stern e
Geary (1957). Sua concepção está baseada no fato de que, em
icorr = 106
B
Rp
(3)
onde: B é o coeficente de Stern-Geary; Icorr em µA/cm² e B
em V.
O coeficente de Stern-Geary está relacionado aos coeficentes
das rampas anódica e catódica da curva de Tafel, sendo dado
pela equação 4:
B=
β a .β c
2 ,303.(β a + β c )
(4)
onde: βa é o coeficiente de Tafel para a polarização anódica e
βc é o coeficiente de Tafel para a polarização catódica
A taxa de corrosão pode então ser determinada pela equação
5:
TC = 3,27.10− 3.
icorr EW
ρ
(5)
onde: TC é a taxa de corrosão em mm/ano; EW é o peso
equivalente do eletrodo e ρ é a massa específica do eletrodo
A técnica da resistência à polarização linear é simples e
rápida. Sua utilização, porém tem aspectos restritivos que
devem ser conhecidos e considerados.
Técnica da impedância eletroquímica. Nos casos em que
eletrólitos de maior resistividade são utilizados e em processos
corrosivos complexos que se alternam ao longo do tempo na
superfície metálica, implicando na formação de produtos de
corrosão de característica protetora ou não; ou nos casos em
que se pretende analisar a influência e a qualidade de
revestimentos aplicados ao metal base, a técnica de
impedância eletroquímica se mostra bastante apropriada.
Essa técnica consiste na aplicação de uma pequena
perturbação senoidal de potencial ∆E(w) = ∆Esenwt, em
torno de um potencial estacionário (E0) e a análise de sua
resposta em corrente, ∆i(w) = ∆isen(wt+ϕ), sendo ϕ a
diferença de fase entre potencial e corrente. Para perturbações
suficientemente pequenas pode-se considerar uma relação
linear de potencial e corrente, de maneira que se ∆E é
senoidal, ∆i também o será. Assim, define-se impedância
como sendo (equação 6):
Z''
Z( w ) =
∆E ( w )
∆i ( w )
-10
(6)
com w = 2πf, onde f é a freqüência da onda senoidal aplicada.
0
A impedância Z medida para um sistema é um número
complexo do tipo Z = a – jb, onde a é a parte real, b é a parte
20
−1 .
Uma vez que a interface metal/solução é caracterizada por
uma sucessão de estágios distintos dentro do processo
corrosivo, cada um desses estágios apresentará uma constante
de tempo definida, e sua resposta à perturbação senoidal
aplicada será evidenciada num instante particular, fazendo
com que para cada freqüência de um espectro de freqüências
varrido, seja associado um valor de impedância. O conjunto
desses valores define o chamado diagrama de impedância.
Existem diversos caminhos para representar graficamente os
valores de impedância obtidos ao longo de um espectro de
freqüências. Os dois métodos comumente utilizados são o
diagrama de Nyquist e o diagrama de Bode. A representação
de sistemas corrosivos através de circuitos elétricos
equivalentes é uma prática freqüente e se baseia na utilização
de componentes elétricos passivos (resistores, capacitores e
indutores) como ferramenta para obtenção de parâmetros
elétricos. É importante salientar que esses circuitos não se
constituem em modelos do sistema de corrosão, visto que
implicam apenas em arranjos entre parâmetros elétricos e não
em relacionamentos entre parâmetros físico-químicos e
elétricos.
O cálculo de taxas de corrosão utilizando a técnica de
impedância eletroquímica se dá
primeiramente pela
determinação do valor da resistência à polarização - Rp através dos diagramas de Nyquist ou de Bode. Esse valor é
então utilizado no mesmo equacionamento proposto para a
técnica de polarização linear.
Uma das vantagens desse método em relação à técnica de
resistência à polarização linear é a mensuração da resistência
ôhmica, bastante útil em meios com baixa condutividade.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As figuras 2 e 3 mostram curvas típicas obtidas para as
técnicas de resistência à polarização e impedância
eletroquímica respectivamente.
0,8
40
50
Figura3. Diagrama de Nyquist para nível de contaminação
igual a 4 ppm
Taxa de corrosão x nível de contaminação
4,00
3,50
3,00
2,50
Perda de massa
Impedância
2,00
Polarização
1,50
1,00
0,50
0,00
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
Nível de contaminação (ppmH2S)
Figura 4. Comportamento predito por modelo de ajuste para as
técnicas avaliadas
O gráfico apresentado na figura 4 correlaciona as técnicas
avaliadas comparativamente com os resultados obtidos no
método gravimétrico. A tabela 1 apresenta os modelos de
corrosão para as técnicas após análise da variância e ajuste por
regressão não-linear .
Tabela 1. Modelos ajustados para as técnicas avaliadas
Técnica
LPR
IE
Cupom
1,0
30
Z'
Taxa de corrosão (mm/ano)
imaginária e j é o número imaginário
Taxa de corrosão (TC) = f (nível sulfetos)
TC =
θ1
θ 2 + e −θ 3 .nível + e −θ 4 .( nível )
TC =
3
θ 1 .nível
θ2 + e
−θ 3 .( nível )3
+ nível
TC = θ 1 + θ 2 . nível + θ 3 .3 nível 2
3
Coeficientes
θ1 = 0.171
θ2 = - 0.410
θ3 = 0.013
θ4 = 4.740
θ1 = 0.278
θ2 = 0.196
θ3 = 0.704
θ1 = -0.562
θ2 = 0.898
θ3 = 0.102
A análise das curvas mostradas na figura 4 permite identificar
desvios significativos de comportamento entre as técnicas
eletroquímicas e o método gravimétrico. Esses desvios foram
associados primeiramente à existência de mecanismos
concorrentes de deterioração – corrosão microbiológica – por
exemplo. Todavia em posterior análise das curvas de
polarização potenciodinâmica observou-se que os coeficientes
de Tafel apresentavam valores diferentes dos assumidos
originalmente.
0,6
0,4
dd
pYL0,2
(V)
0,0
-0,2
-0,4
-0,6
-6,0
-5,5
-5,0
-4,5
-4,0
-3,5
-3,0
log
i (A/cm²)
XB
Figura 2. Curva potenciodinâmica para nível de sulfetos igual
a 3 ppm
Os coeficientes de Tafel βa e βc são estimados através da
equação de Butler-Volmer para o caso de elevados
sobrepotenciais como função do coeficiente de simetria ou
transferência(α) e do número de eletrons envolvidos na reação
de transferência de carga principal, como mostrado nas
equações 7 e 8 (os demais termos são constantes).
βa =
2 ,303RT
αnF
(7)
βc =
−2 ,303.RT
(1 − α )nF
(8)
O valor de α típico é 0.5, podendo assumir valores entre 0.3 e
0.7. Os softwares adotam coeficiente de Stern-Geary padrão
próximo de 26 mV/década, correspondendo a valores de βa e
βc em torno de 0.25 e 0.75 respectivamente . Na determinação
gráfica de βa e βc verificou-se que α apresentou maiores
flutuações. Apesar de ainda não ter sido dado tratamento
estatístico ao comportamento de α, aparentemente o mesmo
não apresenta relação com o nível de sulfetos.
O cálculo das taxas de corrosão substituindo-se os valores
padrão de βa e βc pelos obtidos experimentalmente, indicaram
melhor correlação com as taxas determinadas através do
método gravimétrico numa faixa mais ampla do que a
originalmente verificada.
A completa análise da consistência entre os comportamentos
observados deverá ser feita após remodelamento dos ajustes e
análise de variância multivariada aplicada a perfis, que
permitirá a comprovação das hipótese de similaridade das
variáveis resposta obtidas nesta fase de caracterização.
4. CONCLUSÕES
Não foram observados desvios de resposta significativos entre
as técnicas eletroquímicas analisadas nesta primeira fase de
caracterização.
Verifica-se ser condição sine qua-non a determinação dos
coeficientes de Tafel previamente à utilização de sistemas
comerciais de modo a se obter respostas consistentes com o
processo de corrosão existente.
A estimação estatística do espectro de freqüências-resposta
para a técnica de impedância eletroquímica é variável
essencial para seleção de sensor de monitoração de corrosão
em tempo real baseado nessa técnica.
5. REFERÊNCIAS
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heat-transfer (weight loss methods)
2. ASTM G-1/94: Practice for preparing, cleaning and
evaluating corrosion test specimens
3. ASTM G-102/94: Practice for calculations of corrosion
rates and related information for electrochemical
measurements
4. ASTM G-15/97a: Terminology relating to corrosion and
corrosion testing
5. ASTM G-16/95: Guide for applying statisitics to analysis
of corrosion data
6. ASTM G-3/94: Practice for conventions applicable to
electrochemical measurements in corrosion testing
7. ASTM G-4/95: Guide for conducting corrosion coupons
tests in field applications
8. ASTM G-46/94: Guide for examination and evaluation of
pitting corrosion
9. ASTM G-5/94:Reference test method for making
potenciostatic and potenciodynamic anodic polarization
measurements
10. ASTM G-59/97: Practice for conducting potentiodynamic
polarization resistance measurements
11. ASTM G-96/96: Guide for on-line monitoring of
corrosion in plant equipment (electrical and
electrochemical methods)
12. D-2776/79: Corrosivity of water in absence of heattransfer (electrical methods)
13. NACE 3D170-84: Electrical and electrochemical
methods for determining corrosion rates
14. NACE Std RP0189-89: Standard recommended practice
on-line monitoring of cooling waters
15. ASM HANDBOOK, American Society
of Metals
International Corrosion – volume 13,1987
16. ASTM - STP1188 - Electrochemical impedance –
Analysis and interpretation, 1993
17. Manuais de operação de equipamentos e de uso de
softwares (diversos)
18. MONTGOMERY, D.C., Design and Analysis of
Experiments
19. NACE Cooling water treatment manual/90, group T-7A14
20. RAMANATHAN, L.V., Corrosão e seu controle,1992
21. RATKOWSKY, D.A. - Nonlinear regression modeling,
Marcel Dekker, Inc., 1983.
22. AZEVEDO,
C.,
Avaliação
de
integridade
deequipamentos usados no refino de óleos pesados,
Dissertação de mestrado ,COPPE/UFRJ,1998.
23. BARRETO, W., Influência da contaminação da água de
refrigeração com hidrocarboneto e sulfeto sobre a
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tubos de trocadores de calor, Dissertação de mestrado,
USP, São Paulo, 1997.
24. EWING, S., Electrochemical studies of the hydrogen
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Review of
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and localized corrosion, Corrosion/92, vol 48,nº 10
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27. MATSUNAMI, K., Corrosion of carbon steel and its
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piping,45/1991
28. MORRISON, D.F.,
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30. SMITH, J.S., Nature of sulphides and their corrosive
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vol.10, nº3.
31. STERN M. AND GEARY,A. A theoretical analysis of
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electrochemical society/57, vol.104, nº1
32. WACHTER A., Evaluation of metals for process
equuipment, Chemical engineering progress, vol 43, nº6
6. AGRADECIMENTOS
À PETROBRAS, através da Superintendência da
Industrialização do Xisto, pelo estímulo à pesquisa e
desenvolvimento, fundamentais à realização deste trabalho.
SUMMARY
This paper presents partial results of avaliation of sulfide
corrosion process observed in the cooling water system of
PETROBRAS - Superintendência da Industrialização do Xisto
(SIX). In an integrated management system of corrosive
processes, PETROBRAS/SIX staff has been working on a
corrosion monitoring program in order to provide the effects
of the sulfide contamination in real time. The simulation of
several contamination levels, its effects and comparison of the
monitoring techniques in study has been carried out in a
corrosion test plant in the industrial cooling water .
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