ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 618 ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA * “NITROUS OXIDE REVIEW OF THE LITERATURE” JOÃO LOPES TOLEDO-FILHO ** CLÓVIS MARZOLA*** ANTONIO CARLOS NEDER **** MARCELO SAAB ***** ________________________________________________ * Monografia apresentada como parte dos requisitos para a conclusão do Curso de Residência em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial, promovido pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial e Hospital de Base da Associação Hospitalar de Bauru. ** Professor Titular de Anatomia da Faculdade de Odontologia de Bauru. Professor do Curso de Residência e Orientador do trabalho. *** Professor Titular de Cirurgia da Faculdade de Odontologia de Bauru Aposentado. Professor do Curso de Residência e Orientador Adjunto do trabalho. **** Professor Titular de Farmacologia da Faculdade de Odontologia de Piracicaba Aposentado e Colaborador do trabalho. **** Autor da Monografia, concluente do Curso e aspirante ao título de Especialista pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial. ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 619 RESUMO O óxido nitroso foi pela primeira vez utilizado no contexto inalado puro, por um jovem dentista chamado Humprey Davy, em 1789, que relatou uma sensação prazerosa, uma alegria esmagadora (BOBBIO, 1967). Atualmente, a técnica de sedação consciente por óxido nitroso/oxigênio (N2O/O2) tem sido utilizada com a finalidade principal de sedação (efeito relaxante) para controle da ansiedade e não devido ao seu efeito anestésico, sendo um excelente coadjuvante às técnicas de condicionamento psicológico. Com o desenvolvimento de equipamentos mais precisos e dispositivos de segurança que impedem o fornecimento do gás (N2O) isoladamente, a técnica de sedação consciente em Odontologia tem sido utilizada rotineiramente em vários países sem a ocorrência de acidentes dignos de nota, sendo considerada, dentre as técnicas de sedação, a mais previsível e segura. Dentre as vantagens dessa técnica, destacam-se: a rápida indução, uma vez que o gás atinge o sistema nervoso central – onde terá o seu efeito – após 2 minutos; a profundidade da sedação pode ser alterada a qualquer momento, mudando-se a concentração administrada; a recuperação do paciente é igualmente rápida, sendo o gás eliminado do organismo em cerca de 5 minutos após o término da administração. Trata-se de técnica consagrada em outros centros de excelência no mundo que, utilizando equipamentos e metodologia específicos para a Odontologia, já usufruem há anos das vantagens dessa conveniente ferramenta terapêutica. ABSTRACT The nitrous oxide for the first time was used in the pure inalate context, for a young called dentist Humprey Davy, in 1789, that it told a pleasant sensation, an smashing joy (BOBBIO, 1967). Currently, the technique of conscientious sedation for nitrous/oxygen oxide (N2O/O2) has been used with the purpose main of sedation (relax effect) for control of the anxiety and which did not have to its effect anaesthetic, being an excellent coadjuvant to the techniques of psychological conditioning. With the development of more necessary equipment and devices of security that hinder the supply separately it gas (N2O), the technique of conscientious sedation in dentistry has been used routinely in some countries without the occurrence of noteworthy accidents, being considered, amongst the techniques of sedation, the most previsible and insurance. Amongst the advantages of this technique, is distinguished: the fast induction, a time that the gas reaches the central nervous system - where will after have its effect - 2 minutes; the depth of the sedation can be modified, changing it concentration at any time managed; the recovery of the patient is equally fast, being the eliminated gas of the organism in about 5 minutes after the ending of the administration. One is about technique consecrated in other centers of excellency in the world that, using specific equipment and methodology for the dentistry, already usufruct have years of the advantages of this convenient therapeutical tool. Unitermos: Analgesia, Anestesia, Óxido Nitroso, Sedação consciente. Uniterms: Analgesia, Anesthesia, Nitrous Oxide, Conscientious sedation. ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 620 INTRODUÇÃO Uma forma encontrada para diminuir o medo e ansiedade do paciente no tratamento odontológico, melhorando sua cooperação e aumentando o limiar da dor, foi com a aplicação do gás Óxido Nitroso (N2O) em conjunto com o Oxigênio. Administrada por meio de uma máscara nasal desenvolvida para a odontologia, a combinação dos gases provoca uma leve e estável sedação no paciente. Trata-se de uma técnica interessante para o paciente odontofóbico (MAZEY, 1993). O óxido nitroso deve ser sempre associado ao oxigênio, em dosagens pré-determinadas, mantendo-se o paciente em estado sedativo, acordado, e tranqüilo, conversando normalmente com o profissional tornando-se cooperativo durante o tratamento. A sedação consciente preserva a consciência do paciente e mantém intactos seus reflexos protetores, respira voluntariamente e responde à estímulos físicos e a comandos verbais (RANALI, 2001). Esta técnica é utilizada comumente em países como a França, Noruega, Escandinávia, Suíça, Estados Unidos e Japão que aderiu a sedação consciente devido à simplicidade e segurança na utilização, sendo regulamentada pela A.D.A., como uso rotineiro na odontologia. Estudos americanos revelam que 87% dos consultórios de odontopediatria utilizam a analgesia rotineiramente para atendimento da população (WILSON, 1991). Existe literatura científica atestando a segurança técnica para a utilização em consultório odontológico, sob a supervisão de cirurgião dentista devidamente capacitado, sendo um método diferente da anestesia geral, é impossível aprofundar a ação analgeisante, não agindo sobre o controle da dor, que é a função da anestesia local (WEINSTEIN; MILGROM; RAMSAY, 1988). Com relação aos equipamentos utilizados, os misturadores de gases, construídos especificamente para a analgesia, possuem válvulas de segurança, inclusive com alarme sonoro, que impedem que o N2O seja administrado em dosagem inadequada. Aliado a esse fator de segurança é recomendável que se utilize oxímetro de pulso, aparelho que mede a saturação do oxigênio no sangue e mostra, durante a analgesia, que o paciente está distante da possibilidade de aprofundamento da sedação (FANGANIELLO, 2004). Depois da aplicação da analgesia, a fobia, a expectativa da dor acaba e, uma das grandes vantagens da sedação consciente é a rápida reversibilidade da ação analgeisante, ao contrário de medicamentos como ansiolíticos, que tem ação prolongada. Termina-se a sedação por analgesia relativa administrando-se oxigênio puro durante 3 a 5 minutos, quando o N2O é eliminado dos pulmões e da corrente sangüínea, ficando o paciente com todos os reflexos normais restaurados. O óxido nitroso é um gás que apresenta absorção e eliminação rápidas. A importância desse trabalho reveste-se na escassa revisão da literatura sobre o assunto, justificando-se ao apresentar à classe odontológica uma técnica para a melhora da qualidade do tratamento dos pacientes, de execução relativamente simples e com bons resultados. O objetivo deste trabalho de revisão da literatura foi apresentar as diferentes opiniões de autores a respeito da analgesia inalatória por óxido nitroso e oxigênio (N2O/O2), sendo comentados alguns aspectos relevantes ao cirurgião dentista, levando-se em consideração a eficiência e a segurança da técnica, desde que aplicada por profissional habilitado profissionalmente para tal. ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 621 REVISTA DA LITERATURA Terminologia Medo: É uma resposta a um perigo real externo o qual se aquieta com a eliminação da situação ameaçadora. Ansiedade: Sentimento persistente de pavor, apreensão e desastre iminente. Fobia: Desordem de ansiedade na qual a característica essencial é um medo persistente e irracional de um objeto, atividade ou situação específica, frente aos quais o indivíduo sente-se compelido a evitar. O indivíduo que a sofre reconhece claramente a falta de base razoável para tal sofrimento e, não obstante, continua sendo vítima dele sem possibilidade de dominar-se. Aversão e repúdio terapêutico: É um medo anormal ou pavor de visitar o dentista para tratamento e uma ansiedade inconsciente a respeito do procedimento odontológico. Apresenta-se de forma compulsiva, obrigando o paciente à realização de atos, mais ou menos absurdos, para livrar-se momentaneamente da angústia, neste caso também chamado de medo obsessivo ou especificamente na odontologia convencionou-se qualificar estes casos extremos de odontofobia. Tabela 1 – Algumas diferenças entre sedação consciente e anestesia geral*. Sedação Consciente Anestesia Geral Paciente acordado (consciente) Paciente dormindo (inconsciente) Respira voluntariamente Respira através de aparelho Máscara nasal (não entubado) Sistema fechado (entubado) Não há combinação fármacos* de outros Há combinação de outros fármacos Não provoca analgesia completa** Provoca analgesia completa Obedece a comando verbal Não obedece a comando verbal Responde a estímulo físico Não responde a estímulo físico Não perde reflexos protetores*** Perde os reflexos protetores Não existe período de recuperação Depende de período de recuperação Não restringe as atividades do Restringe as atividades do paciente paciente * - com exceção dos anestésicos locais; ** - o controle da dor depende do uso de anestésicos locais, isto é, a sedação consciente e a anestesia local são usadas conjuntamente; *** - entre outros, o da tosse e o da deglutição. Fonte: de CORREA; AMARANTE; AMARANTE, 2004. ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 622 Hipnose: Estado aumentado de receptividade à sugestões e orientações inicialmente induzido por outra pessoa. Sedação consciente: Estado de depressão mínima de consciência que favorece a receptividade a sugestões e orientações, induzido por droga ansiolítica que permita contato visual e verbal com o terapeuta além de manutenção dos reflexos de proteção do paciente (Tabela 1). Analgesia geral: É a diminuição ou eliminação da dor no paciente consciente. Anestesia local: É a eliminação de sensações, especialmente a dor, em uma determinada região do corpo, através da aplicação tópica ou injeção regional de uma droga. Características do N2O Nomenclatura: Óxido Nitroso, Protóxido de azoto ou Monóxido de nitrogênio. Fórmula Química: N2O Fórmula Estrutural: N---O---N O óxido nitroso é um gás incolor, não irritante, com odor adocicado e sabor de noz agradável e suave. É um composto inorgânico inerte, não explosivo, não inflamável, mas facilita a combustão de outras substâncias. O borbulhamento do gás através da água não modifica o pH. Farmacologicamente, é um gás anestésico geral de baixa potência e baixa solubilidade no sangue, sendo muito utilizado porque, quando administrado por inalação permite indução rápida, controle preciso da dose, e rápida eliminação por expiração, uma vez que não é metabolizado no organismo. Não reage com outros fármacos quando associados, mas impregna e difunde-se pelos tubos de borracha ou plásticos do equipamento. Peso molecular: 44,02. Densidade absoluta: 0,8g/mL (líquido a 0ºC) 1,98g/L (gás a temperatura e pressão padrões). Densidade Relativa ou Peso específico: 1,527 (ar = 1,0). Calor específico: 0,20 cal/g. Calor Latente de vaporização: 98,6 cal/g. Ponto de ebulição: -88,44ºC. Pressão de vapor: 1,0 atm (a -88,44ºC). Pressão crítica: 71,7 atm. Temperatura crítica: 36,5ºC. Concentração alveolar mínima (MAC): 100% (vol) (COLLINS, 1978). HISTÓRICO O óxido nitroso, também conhecido como protóxido de azoto, gás hilariante, gás do riso, entre outros, foi descoberto juntamente com o oxigênio pelo cientista inglês JOSEPH PRIESTLEY (1771), não tendo imaginado, no entanto, a importância que esses dois gases teriam na medicina futuramente. A partir desta data ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 623 a medicina e as demais áreas afins mudariam completamente (FANGANIELLO, 2004). As experiências com o óxido nitroso começaram em 1795, quando HUMPHRY DAVY, um cientista inglês, assistente de cirurgia, relatou em estudos publicados que inalou o gás para avaliar a dor de dente A partir de uma tentativa de usar o N2O para diminuir a dor de dente que estava sentindo, começou a acreditar no potencial analgésico do gás. Nesta época, o gás era utilizado a 100% e, apenas para diversões públicas e demonstrações, em festas como divertimento para causar euforia nos participantes que se propunham a inalá-lo, pois após um curto período de tempo de inalação, algumas pessoas apresentavam sinais evidentes de euforia, riso ou mesmo gargalhadas (BOBBIO, 1967). Nos primeiros anos do século XIX, as cirurgias mais comuns eram as amputações, extrações dentárias e drenagem de abscessos. Alguns pacientes cometiam o suicídio ante a perspectiva da dor iminente a cirurgia. Nessa época, os métodos utilizados para diminuir a dor nos procedimentos cirúrgicos, eram: a força bruta, a ingestão de álcool, ópio, torniquete para gerar hemostasia local, gelo, hipnose, que como podemos observar, não eram muito eficientes. Manifestou-se nos Estados Unidos interesse tanto científico quanto popular pelo óxido nitroso e também pelo éter, quando pessoas que se denominavam professores, passaram a proferir palestras sobre esses gases e exibindo os efeitos. Brincadeiras “etéreas” e festas com o “gás hilariante” passaram a fazer parte de festas entre os estudantes de medicina. GARDNER COLTON (1840), um químico, fazia demonstrações públicas de inalações com Óxido Nitroso ou “gás hilariante” pelo preço de 25 centavos (BOBBIO, 1967) e, em 1844, em Hartford, Connecticut, publicou o seguinte anúncio (Fig. 1): Fig. 1 - Folder de demonstração dos efeitos hilariantes do óxido nitroso (FANGANIELO, 2004). ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 624 “Grande exibição de efeitos produzidos pela inalação do protóxido de azoto, gás alegre ou hilariante. Marcada para terça-feira, à tarde, 10 de dezembro de 1844, no Union Hall. Serão preparados quarenta galões de gás e administrados a todas da audiência que o desejarem inalar”. Doze jovens voluntários vão inalar o gás, dando início à demonstração. Oito homens robustos são convidados a ocupar a primeira fila a fim de protegerem aqueles que, sob influência do gás, possam ferir-se a si próprio ou a outrem. Esse procedimento será adotado para que não venha a existir perigo. Provavelmente ninguém irá brigar. O efeito da inalação desse gás produz gargalhadas, vontade de cantar, de dançar, de falar ou de lutar, e assim por diante, dependendo das condições de temperamento de cada qual. Os voluntários darão a impressão de reter lucidez suficiente para não fazer aquilo que lhe poderia ocasionar arrependimento. Obs. O gás só será administrado a cavalheiros de grande probidade. O objetivo é tornar a exibição, em todos os sentidos, um divertimento público”. WELLS (1844) (Fig. 2) assistiu a uma demonstração dos efeitos do gás, feito pelo professor de química GARDNER COLTON, onde o indivíduo que se prontificou a inalar o gás apresentou um quadro de agitação enquanto estava sob o efeito, caindo da cadeira e sofrendo um ferimento sangrante na perna. Observou que o indivíduo não havia percebido o seu ferimento e aparentemente não sentiu dor alguma até que os efeitos do gás terminassem. Então, convenceu um dentista a extrair um de seus dentes sob anestesia com óxido nitroso administrado por COLTON e alegou não ter sentido dor (BOBBIO, 1967). Em 1845, demonstrou uma cirurgia com a utilização de N2O a 100%, a vários médicos e estudantes em Boston e administrou óxido nitroso em um jovem que ao ter seu dente extraído começou a gritar, talvez pela maneira rudimentar de sua utilização, ou ainda pelo fato de haver muitas pessoas ao redor observando o procedimento e ainda tendo de inalar um gás desconhecido por ele até então. O indivíduo, algum tempo depois, afirmou não ter sentido dor. Desencorajado pela aparente falha de sua demonstração, e pela recepção hostil, recolheu-se ao seu consultório onde continuou a usar óxido nitroso, convencido do poder analgésico do N2O. Assim, os dentistas começaram a perceber o sucesso do uso do N2O nas extrações dentárias com redução da dor, mas a credibilidade de WELLS ficou abalada no meio científico (BOBBIO, 1967). MORTON (1846) é considerado o criador da anestesia, pois conseguiu fazer, pela primeira vez, uma demonstração para o corpo médico do Hospital de Massachussets, aos 16 de Outubro de 1846 (NEDER, 2004). ANDREWS (1868) sugeriu que quando o N2O era usado a 100%, o sangue não era apropriadamente oxigenado. Para uma mistura não ser considerada hipóxica, deveria ter no mínimo 20% de oxigênio. Estava, então, criada a teoria da mistura pré-dosada, PAUL BERT desenvolveu o primeiro aparelho para administrar N2O e O2 ao paciente. A partir daí, começou-se a utilizar o N2O com segurança (DUN-RUSSEL; ADAIR; SAMS, et al., 1993). ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 625 Fig. 2 – Uma foto histórica de Horace Wells o verdadeiro descobridor da Anestesia (MALAMED, 2003). A Sedação Inalatória Consciente consiste no uso do Óxido Nitroso associado ao Oxigênio (N2O/O2) em misturas cujo percentual é variável, proporcionando intenso relaxamento, sedação consciente, analgesia e conseqüente controle do medo, e "stress", responsável pela liberação de adrenalina endógena. Pode atingir em até 40 vezes a quantidade de adrenalina contida em um tubete de anestésico local, utilizado para anestesia, e que tanto aflige aos pacientes com medo de "injeção", na hora de irem ao dentista (MAZEY, 1993). A analgesia relativa com N2O ocupava um papel muito importante para o tratamento odontológico sem dor e emocionalmente atraumático. HAZLET (1970) relatou que com o auxílio do gás, no controle do comportamento durante o tratamento, o odontopediatra poderia oferecer às crianças, tratamento odontológico mais confortável. As respostas fisiológicas das crianças expostas ao N2O, demonstrou uma tendência geral de diminuição de batimentos cardíacos e sensibilidade dos dentes e, nenhuma criança apresentou náuseas ou vômitos (não houve instrução prévia sobre alimentação especial), 2 entre as 33 crianças relataram dor de cabeça, todas apresentaram 100% positivas em testes de memória. A maioria das crianças aprovaram a experiência. Neste estudo foram utilizadas concentrações de N2O de 5%, 10%,20%, 30% e 40% (HOGUE; TERNISKY; IRANPOUR, 1971). O momento de maior ansiedade do tratamento odontológico de crianças é o ato da injeção anestésica. Foram analisados diversos modos de controle psicológico e as técnicas convencionais de controle de comportamento, comparando- ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 626 os com o uso de N2O, ficando totalmente convencidos de que o uso de N2O utilizado de maneira correta, o problema da agulha é devidamente contornado, tornando o tratamento bem mais agradável para o profissional e o paciente (SORENSEN; ROTH, 1973). Após o uso de N2O no tratamento de restaurações de dentes decíduos, HAMMOND; FULL, (1984) concluíram que a analgesia com N2O diminui significativamente a intensidade da dor durante a remoção do tecido cariado, tendo importante papel na redução da necessidade de anestésico local. A eficácia e segurança da analgesia relativa por inalação com máscara nasal de óxido nitroso e oxigênio nas concentrações de 50 por cento para administração da anestesia local e 30 por cento de óxido nitroso, para 70 por cento de oxigênio durante o tratamento (PETERSEN, 1987). Comprovou ser um grande auxiliar do odontopediatra nos problemas de controle do comportamento e reflexo exagerado. Foram observadas 610 crianças numa faixa etária, variando entre 2 e 8 anos e foram administrados 3.337 analgesias. Demonstrou-se o estabelecimento de um ambiente extremamente mais cordial e positivo entre paciente e profissional, permitindo um enfoque bem mais simpático da odontologia por parte do paciente e, ao mesmo tempo, aumento da produtividade com aprimoramento de qualidade. Comprovou-se, também, a ótima aceitação por parte dos responsáveis, deste método ainda considerado novo em termos de Brasil. Nos casos em que se utilizou a válvula da máscara nasal fechada, observou-se maior relaxamento por parte dos pacientes, tornando-os menos tensos e apreensivos. CHIARELLI (1995) apresentou a utilização do óxido nitroso para o cirurgião-dentista que exerce sua atividade clínica em nível ambulatorial, portanto, pouco acostumado com as rotinas e os recursos do ambiente hospitalar, acreditando, que, com isso, estimularia os cirurgiões-dentistas para o estudo e a utilização do óxido nitroso, uma droga útil na atualidade e, ao mesmo tempo, desconhecida em nosso meio. Para cumprir tais objetivos, utilizou uma revisão de literatura sobre o assunto proporcionando um caráter informativo ao trabalho. A analgesia relativa por óxido nitroso é uma técnica destinada a diminuir o medo e a ansiedade do paciente frente ao tratamento odontológico, sendo administrada através de uma máscara nasal desenvolvida para a odontologia e utiliza o gás óxido nitroso (N2O) em conjunto com o oxigênio, sendo uma técnica segura, desde que utilizada com critério (BLAIN; HILL, 1998). Os misturadores de gases, construídos especificamente para a analgesia, possuem válvulas de segurança, com alarme sonoro, impedindo que o N2O seja administrado em dosagem inadequada. Aliado a este fator de segurança é recomendável que se utilize Oxímetro de pulso, aparelho que mede a saturação de oxigênio no sangue, mostrando durante a analgesia que o paciente está distante da possibilidade de aprofundamento da sedação (ROSA, 2001). A sedação é um dos vários recursos utilizados no controle de comportamento da criança durante o atendimento odontológico. As técnicas mais utilizadas em sedação são o óxido nitroso e a pré-medicação. Quando realizada de maneira correta, é valida e segura. Muitos profissionais, entretanto, não se sentem preparados e aptos para executá-la com segurança. Desse modo, torna-se bastante eficaz a realização de um estudo abordando as técnicas de sedação mais citadas na literatura, promovendo aos profissionais uma visão sobre sua utilização em odontologia (OLIVEIRA; PORDEUS; PAIVA et. al., 2001). ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 627 A Sedação Consciente através do emprego do óxido nitroso associado ao oxigênio é uma técnica que leva a um estado mínimo de depressão de consciência que melhora a cooperação do paciente, diminuindo sua ansiedade sem que efeitos colaterais importantes sejam notados. A importância da segurança da técnica de sedação consciente por oxigênio/óxido nitroso deve-se ao fato dos equipamentos utilizados para esta finalidade possuírem dispositivos de segurança que devem ser cuidadosamente observados e que são considerados nesta pesquisa. Em uma investigação, foram realizados ensaios em sete equipamentos comerciais utilizados em Odontologia para sedação consciente, baseado em uma proposta de Norma Técnica para equipamentos de sedação consciente, ou analgesia, desenvolvida para esta pesquisa, após uma extensa e cuidadosa análise de Normas nacionais e internacionais (AMARANTE (2003). A avaliação experimental dessa proposta de Norma forneceu resultados que consolidam, validam e mostram a viabilidade e adequação da adoção dessa proposta de Norma Técnica. Dentre vários outros problemas encontrados pelos resultados dos ensaios, observou-se que alguns equipamentos permitiam concentrações de oxigênio bem inferiores à prescrição da Norma proposta, levando a um risco potencial quando do seu uso. A ausência, até aquele o momento, de uma normativa que servisse de referência, tanto para as empresas fabricantes de equipamentos como para o Órgão responsável pelos seus registros, acarretava uma grande variabilidade em relação ao desempenho e, conseqüentemente, à segurança e qualidade dos equipamentos de sedação consciente, aplicados em odontologia. AMARANTE (2003) observou que a maioria dos pacientes odontológicos pode ser submetida ao tratamento com recurso do condicionamento psicológico associado ao anestésico local para controle de dor. O anestésico local, no entanto, não tem efeito algum sobre a ansiedade do paciente, para aqueles extremamente ansiosos (odontofóbicos) e, com deficiências físicas e/ou mentais. O recurso da sedação consciente é indicado para viabilizar o tratamento dentário. O emprego da sedação consciente por óxido nitroso em razão de seu potencial ansiolítico (relaxante) atua como coadjuvante nas técnicas de condicionamento psicológico, pois o paciente encontra-se consciente e com cooperação aumentadas, melhorando sua colaboração (CORREA. AMARANTE; AMARANTE, 2004). FARMACOLOGIA DOS GASES ÓXIDO NITROSO E OXIGÊNIO O N2O é relativamente simples de se obter, sendo que a matéria prima usada, em nível industrial é o nitrato de amônia (NH4 NO3), aquecido entre 240ºC e 250ºC. Neste ponto, o NH4 NO3, se decompõe em N2O, vapor de água e alguns contaminantes (NH4 NO3 N2O + 2H2O). Em seguida, a mistura gasosa é resfriada à temperatura ambiente, havendo, assim, a condensação do vapor de água, sendo esta removida. As principais impurezas que podemos encontrar associadas ao N2O são o óxido nítrico, o nitrogênio, o monóxido de carbono, o dióxido de nitrogênio, a amônia e a água. É considerado como parâmetro ideal de qualidade um produto que apresente um grau de pureza que varie de 99,5% a 99,9%. O cilindro deve conter o grau de pureza do produto, sendo sempre aconselhável no momento da entrega deste pelas empresas produtoras a verificação deste valor. O N2O não é inflamável, mas a temperaturas elevadas ou se envolvido em fogo, o gás age como um oxidante e pode iniciar e sustentar a combustão de materiais combustíveis. ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 628 Decompõe-se de forma explosiva em altas temperaturas formando a mistura de nitrogênio e oxigênio, numa taxa de 2:1, respectivamente. Em temperaturas a partir de 450ºC também pode haver formação de NO (óxido nítrico) (FANGANIELLO, 2004). O O2 é obtido através da evaporação fracionada do ar líquido, sendo o gás resfriado e comprimido. Ao ser comprimido, 100% dele dentro do cilindro se encontra na forma de gás, permitindo a correta leitura do manômetro (regulador) a qualquer momento, visto que este afere apenas a pressão dos gases. A pressão de um cilindro cheio de O2 é de aproximadamente 200kgf/c3. Por ser um gás oxidante, acelera fortemente a combustão, podendo reagir violentamente com substâncias combustíveis (FANGANIELLO, 2004). MECANISMOS DE AÇÃO O Óxido Nitroso atua no Sistema Nervoso, com mecanismo de ação ainda pouco conhecido, promovendo uma leve depressão do córtex cerebral, e diferentemente de outras drogas benzodiazepínicas que atuam em nível de bulbo, não deprime, por conseguinte o centro respiratório, mantendo o reflexo laríngeo. Acalma o paciente de forma rápida e segura, diminuindo a sua sensibilidade a dor. A mistura óxido nitroso-oxigênio possui ainda propriedades analgésicas e sedativas (NEIDLE, 1983). A mistura de 20% de óxido nitroso em 80% de oxigênio equivale a 15 mg de morfina. Sua ação, por suas características físico-químicas, permite seu uso em qualquer tipo de paciente. Diabéticos, hipertensos, coronariopatas, crianças, idosos, e pacientes excepcionais ou especiais, que se beneficiam deste método, que dentre as técnicas de sedação consciente, é a que menos efeitos colaterais possui. Está indicada onde a maioria das outras drogas utilizadas para a sedação e a analgesia estão contra indicadas, como por exemplo, nos casos de alergia. O paciente permanece todo o tempo lúcido e cooperativo; a sedação inalatória com a mistura oxigênio/óxido nitroso pode produzir um efeito amnésico, onde o paciente apresenta um lapso de memória, informando que o tempo decorrido durante o procedimento foi menor do que aquele efetivamente transcorrido. Em apenas cerca de 5 minutos ele atinge os níveis ideais de sedação, permanecendo a partir de então tranqüilo responsivo e relaxado para o procedimento a que vai submeter-se. Ao terminar, em alguns minutos, também estará liberado para a execução de suas atividades diárias. O Óxido Nitroso é um gás com propriedades físico-químicas particulares que permitem um uso seguro e confortável no consultório do cirurgião dentista. É praticamente insolúvel (coef. 0.47) não se misturando com nenhum componente do corpo humano. Por estas características, sua ação é muito rápida e, conseqüentemente, sua eliminação, também, se faz em grande velocidade (DUNRUSSEL, ADAIR; SAMS et. al.,1993). Estímulos elétricos produzidos no lábio inferior foram suportados com voltagem bem maior, quando o paciente está sob o efeito da mistura óxido nitrosooxigênio, em percentuais superiores a 50% de óxido nitroso (FANNING; COUGAN, 1971). A administração da mistura óxido nitroso-oxigênio, aumenta o limiar de dor no periósteo, sugerindo que pequenos procedimentos cirúrgicos na gengiva e mucosa podem ser exeqüíveis, sem o uso de complementação anestésica (HOGUE; TERBUSKY; IRANPOUR, 1971). ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 629 CREEDON (1995) observou que o óxido nitroso era o único agente por inalação capaz de promover os requisitos básicos para sedar e ao mesmo tempo, manter a consciência. Relatos de FOURNIOL FILHO (1998) observou que o óxido nitroso em associação com o oxigênio, formando uma combinação chamada protóxido de nitrogênio, sedaria, com pequeno efeito depressor sobre o sistema nervoso central. O oxigênio promoveria uma melhor ventilação pulmonar e difusão alveolar e ainda diminuindo a irritação das mucosas provocadas pelo óxido nitroso. A inalação do protóxido de nitrogênio leva o gás para os pulmões, mantendo inalterada sua molécula de óxido nitroso. Ela é totalmente eliminada pela expiração tão logo cesse a administração do gás, já que possui pouca solubilidade no sangue. RANALI (2001) relatou que o gás reduziria os movimentos inesperados e a reação para o atendimento, promovendo a cooperação do paciente e aumentando o limiar da dor e tolerância para longos procedimentos. Deixaria ainda, o paciente em estado de consciência próximo do normal. Seu início de ação é imediato e o restabelecimento rápido e completo. Porém, a sedação com o óxido nitroso não dispensa o uso do anestésico local durante o atendimento odontológico. RESOLUÇÃO CFO-051 /2004 O CFO baixou normas para habilitação do CD na aplicação da analgesia relativa ou sedação consciente, com óxido nitroso. O Presidente do Conselho Federal de Odontologia, no uso de suas atribuições regimentais, cumprindo deliberação do Plenário, em reunião extraordinária, realizada no dia 29 de abril de 2004: Considerando que a Lei nº 5081, de 24 de agosto de 1966, que regula o exercício da profissão odontológica, prescreve em seu artigo 6º, item VI, que pode o cirurgião-dentista aplicar a analgesia, desde que comprovadamente habilitado e quando seu uso constituir meio eficaz para o tratamento; Considerando que compete ao Conselho Federal de Odontologia supervisionar a ética profissional, zelando pelo bom conceito da profissão, pelo desempenho ético e pelo exercício da Odontologia em todo o território nacional; Considerando finalmente que não há diferença entre analgesia relativa e sedação consciente, pois ambas referem-se ao uso da mistura de óxido nitroso e oxigênio na prática odontológica, RESOLVE: Art. 1º. Será considerado habilitado pelos Conselhos Federal e Regionais de Odontologia a aplicar analgesia relativa ou sedação consciente, o cirurgião-dentista que atender ao disposto nesta Resolução. ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA Art. 2º. O curso deverá ter sido autorizado pelo Conselho Federal de Odontologia, através de ato específico, ministrado por Instituição de Ensino Superior ou Entidade da Classe devidamente registrada na Autarquia. § 1º. O pedido de autorização de funcionamento deverá ser requerido ao CFO, através do Conselho Regional da jurisdição, em formulário próprio. § 2º. Exigir-se-á, para o curso, uma carga horária mínima de 96 (noventa e seis) horas/aluno. § 3º. Do conteúdo programático deverão constar, obrigatoriamente, as seguintes matérias: a)história do uso da sedação consciente com óxido nitroso: a.1. a origem do uso do óxido nitroso. a.2. o desenvolvimento da técnica de sedação. a.3. a evolução dos equipamentos; b)introdução à sedação: b.1. conceitos e definições. b.2. classificação dos métodos de sedação. b.3. sinais objetivos e subjetivos da sedação consciente com a mistura de oxigênio e óxido nitroso; c) emergências médicas na clínica odontológica e treinamento em suporte básico de vida (teórico-prático); d) dor e ansiedade em Odontologia: d.1. conceitos de dor e ansiedade. d.2. fobias; e) anatomia e fisiologia dos sistemas nervoso central, respiratório e cardiovascular: e.1. estruturas anatômicas envolvidas na respiração. e.2. mecânica respiratória e composição dos gases respiratórios. e.3. estágios da depressão do sistema nervoso central; f) avaliação física e psicológica do paciente: f.1. história médica (anamnese). f.2. exame físico (sinais vitais, inspeção visual, funções motoras). f.3. classificação do estado físico do paciente (ASA); g) monitoramento durante a sedação: g.1. monitoramento dos sinais vitais: pulso, pressão arterial, respiração. g.2. monitoramento, através de equipamentos (oximetria); h) farmacologia do óxido nitroso: h.1. preparação e propriedades químicas e físicas. h.2. solubilidade e potência. 630 ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA h.3. farmacocinética e farmacodinâmica. h.4. ações farmacológicas no organismo. h.5. contra-indicações; i) a técnica de sedação consciente com a mistura de oxigênio e óxido nitroso: i.1. visita prévia e instruções. i.2. preparação do equipamento. i.3. preparação do paciente. i.4. administração dos gases e monitoramento. i.5. liberação do paciente; j) equipamento de dispensação da mistura de oxigênio e óxido nitroso: j.1. tipos de máquinas de dispensação da mistura de oxigênio e óxido nitroso. j.2. componentes das máquinas de dispensação. j.3. cilindros de armazenagem dos gases (cilindro de óxido nitroso e cilindro de oxigênio). j.4. componentes para a dispensação (mangueira, tubos e conexões). j.5. máscaras e cânula nasal. j.6. equipamentos para remoção ambiental do óxido nitroso (exaustão); k) segurança no manuseio do equipamento e dos gases; l)vantagens e desvantagens da técnica; m) complicações da técnica; n)abuso potencial, riscos ocupacionais e efeitos alucinatórios do óxido nitroso; o) adequação do ambiente de trabalho; p) normas legais, bioética e recomendações relacionadas com o uso da técnica de sedação consciente com a mistura de oxigênio e óxido nitroso; q) prontuário para o registro dos dados da técnica de sedação consciente com a mistura de oxigênio e óxido nitroso. § 4º. Ao final de cada curso deverá ser realizada uma avaliação teórico-prática. Art. 3º. De posse do certificado, o profissional poderá requerer seu registro e sua inscrição de habilitado a aplicar analgesia relativa ou sedação consciente, respectivamente, no Conselho Federal de Odontologia e no Conselho Regional de Odontologia onde possui inscrição. Art. 4º. O cirurgião-dentista que, na data de publicação desta Resolução, comprovar vir utilizando a analgesia relativa ou sedação consciente, há 5 (cinco) ou mais anos, poderá requerer a habilitação, juntando a documentação para a devida análise pelo Conselho Federal. Parágrafo único. O disposto neste artigo prevalecerá por um ano, a partir da publicação desta Resolução. 631 ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 632 Art. 5º. Os certificados de curso expedidos, anteriormente a esta Resolução, por instituição de ensino superior ou entidade registrada no CFO ou estrangeira de comprovada idoneidade, darão direito à habilitação, desde que o curso atenda ao disposto nesta Resolução quanto à carga horária e ao conteúdo programático. Art. 6º. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação na Imprensa Oficial, revogadas as disposições em contrário. Rio de Janeiro, 30 de Abril de 2004. MARCOS LUIS MACEDO DE SANTANA, CD SECRETÁRIO-GERAL MIGUEL ÁLVARO SANTIAGO NOBRE, CD PRESIDENTE INDICAÇÕES Pacientes que apresentam as seguintes condições: Medo e ansiedade (pacientes odontofóbicos); Imaturos; Hiperativos; Distúrbios físicos e/ou mentais; Reflexo de ânsia pronunciado; Comprometimento médico tal que não suportem um pico de hipertensão transcirúrgica devido a estresse e/ou vaso-constritores; Crianças com maturidade psicomotora, e que colaborem com o profissional, em procedimentos mais invasivos; Pacientes especiais; Idosos; Pacientes com doenças crônicas, como cardiopatas e hipertensos; Pacientes com reflexo exagerado e falta de capacidade de suportar o tempo de cadeira necessário para o tratamento e em casos de cirurgias mais complexas. Obs: Em nível internacional, a sedação consciente com NO2/O2 é utilizada em diversas áreas. Nas salas de emergência (pronto-socorro) de hospitais, um paciente que se encontra abalado em decorrência de um acidente, por exemplo, é sedado com a mistura inalatória de gases. Os bombeiros e os atendentes de UTI de rua também se utilizam da técnica. A sedação consciente vem sendo aplicada ainda em casos de parto, e tem sido adotada por outros profissionais, como podólogos e dermatologistas. Se houver algum efeito colateral, poderá ser: náusea (em 3 % dos casos) podendo também ocorrer o vômito (em 1% dos casos), que geralmente está associado à concentração de óxido nitroso em níveis acima do ideal - recomenda-se a redução da mesma (FANNING; COUGAN, 1971). ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 633 CONTRA-INDICAÇÕES Não existem contra-indicações absolutas para o uso da sedação consciente por oxigênio e óxido nitroso desde que se utilize a concentração de no mínimo 30 a 40% de oxigênio na mistura de gases. A maioria dos pacientes obtém níveis ideais com a concentração média de 43% (WEINSTEIN; MILGRON; RAMSAY, 1988). Quando, ocorre alguma reação adversa durante ou logo após a administração do anestésico local, esta é devida a falta de controle da ansiedade do paciente, injeção intravascular acidental do anestésico local, ou por uso indevido de drogas. O paciente ansioso e, por isso, estressado, torna-se menos cooperativo e mais susceptível as complicações sistêmicas tais como: síncope vaso-depressiva (desmaio) e síndrome da hiperventilação. Esta situação é mais grave, nos pacientes que requerem cuidados especiais, como crianças, idosos, gestantes, diabéticos, portadores de alterações cardiovasculares e outros (MARZOLA, 1999) por esta razão, o controle da ansiedade através das várias técnicas de sedação é uma necessidade nas intervenções odontológicas, para que o dentista execute um tratamento de melhor qualidade, com mais conforto e segurança para o paciente (PETERSEN, 1995). Pode-se citar como contra indicações: Obstrução da vias aéreas superiores (infecções respiratórias, desvio de septo nasal, aumento das amídalas e/ou adenóides); Pacientes com problemas comportamentais severos; Gravidez (evitar no primeiro trimestre); Doenças pulmonares crônicas; Pacientes psiquiátricos, paranóicos, esquizofrênicos e psicóticos agudos. Pacientes classificados como ASA IV ou V – Ver Tabela 2 A técnica apresenta, também, algumas desvantagens clínicas (FEIGAL, 1995), como a necessidade mínima de cooperação do paciente (limita sua utilização em alguns pacientes portadores de deficiência mental), dificuldade de uso em pacientes com obstrução das vias aéreas por alguma etiologia como deformidade maxilofacial e respiração bucal e, dificuldade de uso em pacientes que não se sentem confortáveis com a técnica. Tabela 2 - CLASSIFICAÇÃO ASA (American Society of Anesthesiologists) CLASSE / DESCRIÇÃO I - Paciente saudável II - Paciente com doença sistêmica controlada III - Paciente com doença sistêmica não controlada IV - Paciente com doença sistêmica incapacitante com risco de vida V - Paciente em fase terminal ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 634 Preparo do paciente Discutir a fundo a necessidade e suas conseqüências, estabelecendo a causa e extensão do problema. A conversa de ser conduzida de maneira simples, evitando que o paciente se sinta culpado por sua ansiedade. A avaliação inicial também deve consistir de entrevista com os familiares do paciente, pois muitas vezes podem explicar melhor a história clínica e participar da decisão pela opção de tratamento (HAVELKA; McTIGUE; WILSON et. al., 1992). Segundo os critérios da Sociedade Americana de Anestesiologia (ASA), os pacientes para analgesia e sedação são classificados nos níveis I e II. Nível I - "Quando não houver distúrbios orgânicos, fisiológicos, bioquímicos e psiquiátricos. O processo patológico para o qual a operação for realizada deve ser localizada e não deve ser um distúrbio sistêmico". O nível II é definido como “um distúrbio sistêmico de suave a moderado causado pôr condições a serem tratadas cirurgicamente ou causado pôr outros processos fisio-patológicos”. Na consulta seguinte, já na sala operatória, o exame clínico e plano de tratamento, devem ser feitos e apresentados ao paciente ou responsável, que deverá ser avisado de possíveis modificações, devido a um exame detalhado não ser possível pôr causa da ansiedade. Tipo de personalidade, etnia, sexo e fatores sociais também devem ser considerados na classificação, diagnóstico e plano de tratamento (HAGA, et. al., 1984). As opções e prioridades de procedimento devem ser informadas ao paciente ou responsável, antes do inicio do tratamento, tais como, a necessidade de restauração com amálgama, no entanto, se a cárie apresenta lesão pulpar, então se indica uma pulpectomia ou a extração, caso o dente não apresente condições de restauração. Previnem-se, com esse diálogo, interrupções durante o tratamento para se obter o consentimento (MOORE, 1984; NATHAN, 1991). Deve-se explicar a todos os pacientes ou responsáveis que existem várias técnicas para torná-los relaxados e tranqüilos e o tratamento ser confortável, como anestesia tópica e local, óxido nitroso e oxigênio, medicação oral, intramuscular e endovenosa ou anestesia geral. Riscos, complicações e benefícios, também, devem ser explicados, e as dúvidas, esclarecidas, pode-se mostrar um vídeo para apontar as técnicas de controle da dor e ansiedade ou fornecer orientações por escrito. No caso do óxido nitroso, possíveis sensações como zunido, flutuação, transformações nos sons e relaxamento, devem ser explanados. Não existem técnicas cuja formula seja "ideal para todos os pacientes" e, também, que o paciente saiba que a sedação pode ser atingida se ele quiser, dando assim, ao paciente um senso de controle sobre seu tratamento (WILSON, 1991). As instruções devem ser dadas ao paciente, antes do tratamento sob analgesia ou sedação com óxido nitroso sendo simples, como roupas largas, principalmente nas regiões do pescoço, cintura e braço; jejum para sólidos e líquidos durante quatro horas antes do atendimento (não obrigatório); esvaziamento da bexiga para evitar diurese durante o atendimento e, remoção de próteses removíveis (FOURNIOL FILHO, 1998). A equipe tem um importante papel no tratamento de pacientes com ansiedade, proporcionando suporte e encorajamento (RUBEN, 1972). Utilização do N2O/02 no Mundo ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 635 O uso de sedação consciente com oxigênio/óxido nitroso tem sido procedimento amplamente utilizado em odontologia e, nos Estados Unidos da América de Norte, entre vários outros, divulgaram largamente o método (HENEGAN 1941; SELDIN, 1947; LANGA 1960; PARKHOUSE, 1960). Na Suíça desde 1956, a técnica se propaga e, no Canadá, ROBSON (1970) a utiliza e a recomenda. Na Alemanha, desde 1951, SOERING; SHON (LANGA, 1976) escreveram e publicaram sobre o assunto. Na Dinamarca, RUBEN (1972) publica trabalho sobre 15 anos de utilização do método por dentistas daquele país, perfazendo um total de um milhão de horas de sedação consciente com óxido nitroso/oxigênio em três milhões de tratamentos odontológicos executados sem ocorrência de nenhum acidente digno de relato. Há décadas o óxido nitroso vem sendo utilizado com sucesso em Odontologia como uma substância que, administrada por via inalatória através de técnica específica, proporciona um efeito relaxante (ansiolítico) e acompanhado de uma relativa analgesia (diminuição da resposta dolorosa). Estas propriedades são muito importantes, pois o tratamento odontológico causa fobia e ansiedade a um grande número de pacientes. A fobia e a ansiedade presentes no dia-a-dia da clínica odontológica são importantes fatores desencadeantes do estresse que, se não for adequadamente controlado pode criar desconforto e até mesmo, situações de risco durante o tratamento. Apesar de esse fato já estar extensamente comprovado na literatura, aqui no Brasil a maioria dos dentistas não se sente segura ou bem preparada para usar os recursos disponíveis (farmacológicos e não farmacológicos) para o controle da ansiedade na clínica odontológica. Esclarece que a sedação consciente não é anestesia geral. Sedação Consciente é definida pela ADA como "uma depressão mínima do nível de consciência do paciente que não afeta sua habilidade de respirar automática e independentemente e de responder apropriadamente à estimulação física e a comando verbal, e que é produzida por método farmacológico, não farmacológico ou pela combinação deles". Segundo essa definição, o paciente consciente é "aquele que tem intacto seus reflexos protetores, incluindo sua habilidade de respirar, e que é capaz de responder a pergunta e a comando verbal" (RANALI, 2001). HENEGAN (1941) demonstraram os efeitos analgésicos do N2O verificando que o gás promove um aumento do limiar e a redução da dor, mesmo em concentrações de apenas 30% de óxido nitroso associado ao oxigênio. Equipamentos Os aparelhos para aplicação de N2O/O2, chamados aparelhos de sedação consciente ou analgesia inalatória, estão mais modernos. Aliás, a geração tecnológica passada também deixou alguns preconceitos que ainda perduram. Dentre as inovações, vale destacar duas: a adoção de mecanismos do tipo “fail-safe” para a liberação de fluxo constante da mistura de gases, através do qual o paciente recebe sempre pelo menos 30% de oxigênio (Fig. LVIII. 5) e, a inclusão de dispositivos de exaustão, que minimizam os riscos profissionais de exposição crônica aos resíduos gasosos no ambiente (FANGANIELLO, 2004). A utilização de monitoração eletrônica através do uso do oxímetro de pulso (Figs. 3 e 4) é indicada para técnica. Esse e um monitor útil e é mais sensível ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 636 para detectar hipoxemia do que a avaliação visual e alterações de sinais vitais (FANGANIELLO, 2004). É colocada no paciente uma máscara nasal (Figs. 7, 8 e 9), através da qual ele inspira e expira o gás em doses homeopáticas, sendo que atualmente a exaustão do gás é feita com bastante critério, evitando danos à saúde. O profissional instrui o paciente a inspirar e expirar pelo nariz. Anteriormente, a máscara não exaustava o gás expirado, que caía no ambiente, sem considerar aí a possibilidade de escape de gás pelo equipamento em mau funcionamento. Se o consultório é pouco ventilado e o Cirurgião dentista fica nessa sala por muito tempo, pode ir se intoxicando no mesmo princípio do chamado “fumante passivo” (MILLES; KOHN, 1991). As máscaras dos equipamentos atuais possuem duas cavidades, uma para enviar o gás e outra para recolher o ar expirado, sendo esta ligada a um exaustor e, o ar é eliminado na atmosfera. Fig. 3 – Oxímetro – Vista frontal. Fig. 4 – Oxímetro – Vista frontal aproximada ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA Fig. 5 – Fluxômetro. Fig. 6 – Cilindros de O2 e N2O. 637 ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 638 Na Escandinávia, os aparelhos possuem um segundo nível de exaustão, semelhante a uma pequena coifa e, mesmo com o novo dispositivo, é importante que a sala onde seja feita a sedação seja arejada ou que se troque o ar de ambiente com certa freqüência (AMARANTE, 2003). "Os equipamentos e dispositivos, também, devem ser criteriosamente avaliados e observados periodicamente”. Foi alertado, ainda por esse autor, para o perigo da mistura pronta de NO2/O2 num único cilindro, vendida no País. Não tendo esse equipamento de exaustão não é permitida alteração da dose, volume e concentração ideal de NO2/O2. RANALI (2001) advertiu que essa mistura pré-dosada só serve para algumas aplicações médicas e, não deve ser aplicada na técnica de sedação consciente utilizada na Odontologia. DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA Código de cores - O O2 está sempre associado à cor verde (Brasil e vários países) e branco (norma internacional), e o N2O, sempre ao azul-claro (Fig. 6). Sistema de engates específicos - Os engates dos diferentes gases são totalmente diferentes em forma e diâmetros, para prevenir a troca dos cilindros. Dispositivo dispensador de fluxo mínimo (volumétrico) de O2 - Ao ser acionado, o equipamento fornece um fluxo mínimo de O2, que varia de 2,5 a 3 litros por minuto de tal forma que o fluxo de N2O não se inicie até que esse fluxo mínimo seja estabelecido. Dispositivo “fail-safe” – O aparelho só fornece N2O se for fornecido simultaneamente pelo menos 30% de O2. Válvula automática de fornecimento de gás atmosférico - No caso de colapso do aparelho, esse é um segundo nível de segurança, pois disponibiliza ar atmosférico na máscara pela abertura automática dessa válvula. Sistema de exaustão acoplado à máscara nasal - Conectado ao sistema ejetor do equipamento odontológico (sugador de saliva), o dispositivo elimina o gás expirado, reduzindo o risco para o profissional e garantindo que o paciente não o inale novamente (Fig. 5). Sistema exaustor de campo - Pequena coifa, com abertura de 10 cm de diâmetro e posicionada a 30 cm da cabeça do paciente, com capacidade de aspiração de 45 litros por minuto; retira o resíduo gasoso que escapa pela máscara e pela boca do paciente (Fig.10). Máscaras nasais com sistema de drenagem dos gases (FANGANIELLO, 2004). Fig. 7 – Máscara Nasal Infantil. ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA Fig. 8 – Máscara Nasal – Vista ântero-inferior. Fig. 9 – Máscaras Nasais – Vista Superior. Fig. 10 – Máscara Nasal – Vista Interna 639 ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 640 DISCUSSÃO A analgesia relativa com N2O ocupa um papel muito importante para o oferecimento de um tratamento odontológico sem dor e emocionalmente atraumático (CORREA; AMARANTE; AMARANTE, 2004; FEIGAL, 1995). Acredita-se que com o auxílio do N2O no controle do comportamento durante o tratamento, o odontopediatra poderá oferecer às crianças tratamento odontológico mais confortável (PETERSEN, 1995). Foram analisados os diversos métodos de controle psicológico e, as técnicas convencionais de controle de comportamento, comparando-os com o uso de N2O. Com o uso do N2O utilizado de maneira correta, o problema da agulha é devidamente contornado, tornando o tratamento bem mais agradável para ambos, profissional e paciente. Os pacientes mostraram-se muito mais despreocupados com relação ao tempo de cadeira, um índice muito menor de queixas de desconforto quanto ao tratamento, voltaram para as próximas consultas mais tranqüilos, permitiram um aprimoramento das técnicas utilizadas e um aumento da produção, se comparado com as técnicas convencionais de controle de ansiedade (ROSA, 2001). Levando-se em consideração que a dor, a tensão e a ansiedade estão presentes na quase totalidade dos casos dos tratamentos odontológicos e, que a dor apresenta dois componentes, um fisiológico e um psicológico (CREEDON, 1995; MARZOLA, 1999), sendo que este componente psicológico pode apresentar-se das formas mais variadas e ser bastante exacerbado de acordo com as experiências e a personalidade do paciente, a analgesia relativa com o uso do gás N2O pode-se representar um fator importantíssimo para um tratamento adequado e atraumático para o paciente (FEIGAL, 1995). No caso do tratamento em crianças, este recurso torna-se ainda mais importante, visto que as crianças não têm a capacidade de um controle psicológico de suas ansiedades e sensações dolorosas (ROSA, 2001). Pode-se concluir que a analgesia relativa com oxigênio e óxido nitroso, constitui um elemento de grande valia no controle da dor e ansiedade, e aumento da tolerância quanto ao tempo de cadeira necessário para o tratamento odontológico (FANGANIELLO, 2004). Auxilia de forma efetiva as técnicas convencionais de controle de comportamento e torna os pequenos pacientes mais colaboradores. Contribui para uma menor resistência ao retorno às consultas, encarando o tratamento odontológico com maior positividade. Ainda, contribui para diminuir o stress na administração do anestésico local, diminui os reflexos exagerados e a incidência de indicação de anestesia geral (BLAIN; HILL, 1998). O Óxido Nitroso atua no Sistema Nervoso, com mecanismo de ação ainda pouco conhecido, promovendo uma leve depressão do córtex cerebral, e diferentemente de outras drogas benzodiazepínicas que atuam em nível de bulbo, não deprime, por conseguinte o centro respiratório, mantendo o reflexo laríngeo. Acalma o paciente de forma rápida e segura, diminuindo a sua sensibilidade à dor. A mistura óxido nitroso-oxigênio possui propriedades analgésica e sedativa (FEIGAL, 1995). O paciente permanece todo o tempo lúcido e cooperativo; a sedação inalatória com a mistura oxigênio / óxido nitroso pode produzir um efeito amnésico, onde o paciente apresenta um lapso de memória, informando que o paciente permanece todo o tempo lúcido e cooperativo. A sedação inalatória com a mistura oxigênio / óxido nitroso pode produzir um efeito amnésico, onde o paciente apresenta um lapso de memória, informando que o tempo decorrido durante o procedimento foi menor do que aquele ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 641 efetivamente transcorrido. Em apenas cerca de 5 minutos ele atinge os níveis ideais de sedação, permanecendo a partir de então tranqüilo responsivo e relaxado para o procedimento a que vai submeter-se (ROSA, 2001). Ao terminar, em alguns minutos, também, estará liberado para a execução de suas atividades diárias. O óxido Nitroso é um gás com propriedades físico-químicas particulares que permitem um uso seguro e confortável no consultório do cirurgião dentista. É praticamente insolúvel (coef. 0.47) não se misturando com nenhum componente do corpo humano. Por estas características, sua ação é muito rápida e, conseqüentemente, sua eliminação também se faz em grande velocidade (FANGANIELLO, 2004). A analgesia inalatória está indicada, também, em pacientes que por problemas de saúde não podem se submeter a sedação com outros fármacos como por exemplo os benzodiazepínicos. Os portadores da doença de Parkinson são exemplos desta limitação (PARKHOUSE, 1960). CONCLUSÕES Baseado na revista da literatura compulsada pode-se chegar às seguintes conclusões: 1. A sedação com o óxido nitroso é descrita, por diversos profissionais, com sucesso durante o atendimento. O gás apresenta-se como eficiente agente sedativo, promovendo a realização de um atendimento tranqüilo e confortável. 2. A técnica proporciona um controle preciso sobre a dosagem administrada e, sobretudo, nenhum efeito colateral clinicamente significativo. 3. Promove um início de ação e recuperação rápidas da consciência, permitindo ao paciente um retorno às atividades normais tão logo sua utilização seja finalizada. 4. O óxido nitroso possui características inertes ao organismo, o que proporciona segurança ao seu uso, com mínimo risco à saúde e à vida do paciente. 5. O profissional deve se propor a realizar a sedação com óxido nitroso apenas depois de receber um excelente preparo técnico, em relação às possíveis emergências que possam acorrer durante a sua execução. 6. Quando utilizado corretamente, dentro da legislação vigente, dos padrões recomendados de segurança, a técnica pode ser uma excelente aliada no controle de comportamento de pacientes, proporcionando um atendimento tranqüilo e eficaz. 7. A porcentagem de N2O necessária para promover a analgesia ideal numa pessoa, é diferente da de outra, podendo também, ser que num mesmo paciente em diferentes dias variar, para obter o mesmo grau de analgesia anterior. 8. O estresse, ambiente ambulatorial, entrosamento da equipe, habilidade do operador, relação cirurgião/paciente, desconhecimento pelo paciente dos sintomas da analgesia e outros fatores, podem interferir neste sentido. 9. Há uma tendência geral de diminuição das batidas cardíacas e da sensibilidade dos dentes. 10. A analgesia relativa com N2O ocupa um papel muito importante para o oferecimento de um tratamento odontológico sem dor e emocionalmente atraumático. 11. O uso de N2O no estágio 1, ou seja, estágio de analgesia, mantém o paciente em estado de relaxamento e receptividade mental. Neste estágio, os ÓXIDO NITROSO REVISTA DA LITERATURA 642 reflexos vitais do paciente mantêm-se inalterados. A sua recuperação após o uso é rápida e sem efeitos colaterais. 12. A sedação consciente por N2O não é anestesia geral. REFERÊNCIAS AMARANTE, E. C. Proposta de Norma técnica e avaliação de equipamentos para sedação consciente (analgesia) por óxido nitroso / oxigênio aplicados em odontologia. 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