Revisão: Principais Agentes Antimicrobianos Utilizados em Embalagens Plásticas Review: Main Antimicrobial Agents Used in Plastic Packaging AUTORES AUTHORS ) Léa Mariza de OLIVEIRA Engenheira de Alimentos, MSc. Pesquisadora CETEA-ITAL Av. Brasil, 2880 - Jardim Brasil - 13070-178 Campinas-SP e-mail: [email protected] Paula Andrea P. L. V. de OLIVEIRA Bióloga, MSc. Pesquisadora-bolsista CETEA–ITAL Av. Brasil, 2880 - Jardim Brasil - 13070-178 Campinas–SP e-mail: [email protected] RESUMO Embalagens ativas caracterizam-se por uma interação com o produto, tendo por objetivo preservar sua qualidade e garantir sua segurança. A embalagem ativa procura corrigir limitações da embalagem convencional. Nos últimos anos têm se destacado os desenvolvimentos de embalagens com atividades antimicrobianas. A tecnologia baseia-se no fato de que, na maioria dos alimentos sólidos e semi-sólidos, o crescimento microbiano é superficial, daí a necessidade de um intenso contato entre o produto e o agente antimicrobiano. Vários compostos naturais e sintéticos têm tido seu potencial antimicrobiano analisado dentro deste conceito, a exemplo de íons metálicos, ácidos orgânicos, bacteriocinas e fungicidas, como os benzoatos e sorbatos. Polímeros com atividade antimicrobiana natural, como as quitosanas e as poliamidas, também estão sendo estudados. Um agente antimicrobiano ideal deve ser efetivo em um largo espectro e em baixas concentrações, não causar alterações nas características sensoriais do produto, ter um custo compatível e atender à legislação vigente. Os maiores desafios da tecnologia têm sido a estabilidade térmica, a eficácia a baixas temperaturas, o atendimento às exigências legais e o grau de alteração de propriedades físicas, mecânicas e de maquinabilidade dos filmes. SUMMARY Active packaging systems are characterized by an interaction with the product, aiming at preserving its quality, guaranteeing safety and correcting the limitations of conventional packaging. Recently emphasis has been given to the development of packages with antimicrobial activity. The technology is based on the fact that in the majority of solid and semi-solid foods, microbial growth is superficial, requiring an intense contact between the product and the anti-microbial agents. Within this concept the anti-microbial potential of many natural and synthetic agents has been studied, such as metal ions, organic acids, bacteriocins and anti-fungal agents such as benzoates and sorbates. Polymers with natural anti-microbial activity such as the chitosans and polyamides are also being studied. An ideal anti-microbial agent must be effective over a wide spectrum and in low concentrations, causing no alterations to the sensorial characteristics of the product, showing a compatible price and attending current legislation. The greatest technological challenges have been the thermal stability, efficacy at low temperatures, the legal requirements, the effect on the physical and mechanical properties and production line performance of the films. PALAVRAS-CHAVE KEY WORDS Embalagem ativa; Embalagem plástica; Filmes antimicrobianos; Compostos usados em filmes antimicrobianos; Zeólito / Active packaging; Plastic packaging; Anti-microbial films; Zeolite. Braz. J. Food Technol., v.7, n.2, p.161-165, jul./dez., 2004 161 Recebido / Received: 05/04/2004. Aprovado / Approved: 23/08/2004. OLIVEIRA, L. M. de OLIVEIRA, P. A. P. L. V. de 1. INTRODUÇÃO É sabido que uma das funções da embalagem é preservar ao máximo a qualidade do produto, criando condições que minimizem alterações químicas, bioquímicas e microbiológicas. Contudo, o conceito tradicional de que esta função deve ser exercida por meio de uma mínima interação entre a embalagem e o produto está superado frente às várias tecnologias que vêm sendo desenvolvidas nas últimas décadas, que têm por princípio justamente uma interação embalagem/produto, como forma de preservar a qualidade e a segurança do alimento, a exemplo dos absorvedores de oxigênio ou etileno e os controladores de umidade. Embalagens com estas características são conhecidas como embalagens ativas, pois além de atuarem como uma barreira a agentes externos, apresentam alguma outra função desejável. A embalagem ativa procura corrigir deficiências presentes na embalagem convencional. Neste segmento, nos últimos anos, têm se destacado os desenvolvimentos envolvendo o uso de agentes antimicrobianos na embalagem. Na maioria dos alimentos sólidos e semi-sólidos, o crescimento microbiano é superficial. A aplicação de fungicidas em cêras e outros revestimentos comestíveis já são utilizados em produtos como queijos e frutas. Os filmes antimicrobianos são divididos em dois grupos. No primeiro, o agente migra para a superfície do produto, enquanto no segundo eles são efetivos contra o crescimento microbiano superficial, sem a necessidade de migração para o produto. Em ambos, um intenso contato entre o produto e o agente antimicrobiano é necessário, logo, alimentos acondicionados a vácuo apresentam grande potencial de uso da tecnologia (VERMEIREN et al., 2002). Vários compostos naturais e sintéticos têm sido incorporados, a diferentes materiais como plásticos, fibras têxteis e papel, a exemplo de íons metálicos, ácidos orgânicos, bacteriocinas, isotiocianatos e fungicidas como os benzoatos, sorbatos e imazalil. O uso de embalagens com agentes antimicrobianos tem como vantagem sobre a incorporação do agente antimicrobiano diretamente no alimento, o fato de que menores teores de conservante entram em contato direto com o produto, atendendo uma tendência atual do consumidor que é a busca por alimentos minimamente processados e livre de conservantes. Os agentes antimicrobianos podem ser incorporados diretamente ao material de embalagem, em rótulos/etiquetas ou estar contidos em sachês. Deve-se considerar, na seleção do agente antimicrobiano, seu mecanismo de inibição, natureza química, cinética de migração e difusão do agente no alimento, características físico-químicas do alimento como pH, umidade e composição, tipo e população de microrganismos, fisiologia do microrganismo-alvo, processo de fabricação do material de embalagem, maquinabilidade e processabilidade do material de embalagem e aspectos relacionados à legislação (HAN, 2002). Braz. J. Food Technol., v.7, n.2, p.161-165, jul./dez., 2004 Revisão: Principais Agentes Antimicrobianos Utilizados em Embalagens Plásticas De acordo com BRODY; STRUPINSK; KLINE (2001), dentre os agentes antimicrobianos, os de maior potencial parecem ser aqueles contendo sais de prata, capazes de liberar íons do metal. Íons de cobre também podem destruir microrganismos, mas são considerados tóxicos quando em contato com alimentos, além de serem catalisadores de reações de oxidação, podendo, portanto, acelerar outras reações de degradação. A prata metálica não libera o íon tão facilmente como o cobre, mas é considerada segura e relativamente inerte, sendo utilizada como agente antimicrobiano na indústria farmacêutica e no tratamento de água. 2. TIPOS DE AGENTES ANTIMICROBIANOS Um dos produtos mais discutidos e estudados é o zeólito (cristais de alumino-silicatos com elementos da primeira e da segunda família de metais da tabela periódica como sódio, potássio, magnésio ou cálcio), nos quais uma porção dos íons sódio é substituída usualmente por íons prata (Agzeólito), o que confere atividade bactericida ao produto. Os zeólitos apresentam poros que permitem a retenção, no interior de sua rede cristalina, de moléculas de dimensões inferiores às dimensões de seus poros e cavidades, criando assim um fenômeno de adsorção seletiva. O Ag-zeólito é incorporado ao material plástico, ocorrendo uma liberação gradual dos íons prata para o alimento. O íon prata atua sobre uma grande variedade de bactérias, fungos e leveduras, por meio da alteração de seus metabolismos, mas não demonstrou efetividade sobre esporos de bactérias resistentes ao calor. Os íons prata podem reagir com alguns constituintes do meio, formando compostos inativos. Sulfatos, sulfetos de hidrogênio e aminoácidos sulfurados, presentes em vários alimentos, reagem com o íon prata, reduzindo sua atividade à temperatura ambiente. Devido ao custo elevado, um filme com 3 a 6µm, com 1 a 3% de Ag-zeólito, costuma ser coextrusado ou laminado a outros substratos. Contudo, quanto maior a concentração, maior a atividade antimicrobiana. Estudos demonstraram que a incorporação de 1% de Ag-zeólito em polietileno foi suficiente para reduzir, na superfície do plástico, a contagem microbiana de 105 a 106 células/mL para menos de 10 células/mL em 24 horas. O aumento da espessura do filme pode não aumentar a atividade antimicrobiana, pela dificuldade encontrada para a migração do íon prata para a superfície, já que sua efetividade depende de um contato direto com o microrganismo. Com elevada resistência térmica, o Ag-zeólito resiste às temperaturas de extrusão dos filme plásticos, podendo ser incorporados por exemplo ao polietileno e ao polipropileno. A quantidade de Ag-zeólito incorporada ao filme e o diâmetro das partículas podem ter efeitos adversos nas propriedades de termossoldagem e outras propriedades físicas, a exemplo da transparência. Vários materiais incorporados de agentes antimicrobianos, particularmente Ag-zeólito, estão disponíveis comercialmente, principalmente no Japão (BRODY; STRUPINSK; KLINE, 2001). 162 OLIVEIRA, L. M. de OLIVEIRA, P. A. P. L. V. de O AlphaSan RC 5000 é um aditivo antimicrobiano para filmes plásticos à base de fosfato de zircônio e uma resina de troca iônica contendo prata. A porcentagem de prata neste material é de 3,8%. Estável a altas temperaturas e com uma tendência reduzida à formação de compostos coloridos, pode ser utilizado em uma variedade de aplicações em teores de até 2% em peso do material tratado (MILLIKEN CHEMICAL, 2003). A Irgaguard B é uma linha de aditivos antimicrobianos à base de triclosan ou prata que pode ser usada em uma grande variedade de polímeros. Os produtos base prata apresentam-se na forma de um pó inodoro atóxico, com partículas com 2 a 5µm e podem ter como suporte um zeólito ou uma sílica. Possuem alta resistência ao calor, até 800ºC, atuam sobre amplo espectro microbiano, mantendo a eficiência por longos períodos, sendo liberado da embalagem para o produto lentamente e em baixa concentração (ppb). O Irgaguard B 5000 tem como suporte um zeólito de prata e recebeu aprovação do FDA (U S Food and Drug Administration) para uso em materiais plásticos em contato com alimentos (CIBA SPECIALTY CHEMICALS, 2003). O triclosan (C12H7Cl3O2) é um composto não-iônico, derivado de um difenil éter, capaz de bloquear a síntese de ácidos graxos por meio de inibição enzimática, inibindo o crescimento de bactérias gram-positivas e gram-negativas, mofos e leveduras. Atualmente, o triclosan não é utilizado em contato com alimentos, mas sim em outras áreas como por exemplo aplicações médicas. De acordo com HEATH et al. (1999) apud VERMEIREN et al. (2002), a E. coli pode adquirir resistência ao triclosan por meio da mutação de um gene específico, hipótese esta que deve ser confirmada por mais estudos. O triclosan pode ser incorporado a vários tipos de plásticos e precisa migrar para o alimento para exercer sua ação antimicrobiana. Contudo, temperaturas acima de 250ºC devem ser evitadas devido à volatilidade do produto. O triclosan incorporado ao polietileno de baixa densidade (PEBD) em concentração de 1000mg/kg apresentou alta atividade nos estudos desenvolvidos in vitro. Entretanto, quando peito de frango foi acondicionado a vácuo neste mesmo material e mantido a 7ºC, não foram detectadas reduções nas contagens de aeróbios e anaeróbios totais, bactérias do ácido láctico, leveduras, L. monocytogenes e Enterobacteriaceae. Estudos têm demonstrado que a presença de ácidos graxos ou gordura podem reduzir a atividade antimicrobiana do triclosan (VERMEIREN et al., 2002). Dióxido de cloro (ClO 2 ) é um gás recentemente aprovado como agente antimicrobiano capaz também de controlar odores. O efeito antimicrobiano deste gás sobre bactérias, fungos e vírus é bem conhecido na indústria de alimentos. O dióxido de cloro tem ação rápida sobre um largo espectro de microrganismos, não é irritante, é atóxico nas concentrações permitidas e não forma dioxinas nem trihalometanos (THM). A partir de um composto com cloro, incorporado ao material de embalagem, o gás é liberado sob determinadas condições ambientais, como por exemplo a umidade. A quantidade e o período de geração do dióxido de cloro podem ser controlados para destruir uma ampla gama de microrganismos, incluindo esporos de fungos. O dióxido de cloro tem ação oxidativa, destruindo vários processos Braz. J. Food Technol., v.7, n.2, p.161-165, jul./dez., 2004 Revisão: Principais Agentes Antimicrobianos Utilizados em Embalagens Plásticas celulares necessários à vida, não permitindo a seleção de microrganismos resistentes, e é efetivo em níveis baixos (poucos ppm), que não promovem alterações sensoriais no alimento. O dióxido de cloro tem como vantagem ser um dos poucos agentes antimicrobianos cuja ação não exige um contato direto entre a embalagem e o alimento. WELLINGHOFF (1995) apud BRODY; STRUPINSK; KLINE (2001) demonstrou que estes filmes podem ser efetivos na destruição de Escheria coli em carne fresca moída. Contudo, apesar desta eficácia, o gás promove alterações desfavoráveis na coloração da carne vermelha fresca (BRODY, 2001). Diferentes métodos têm sido desenvolvidos para aplicação de cloreto, o precursor do dióxido de cloro, em filmes plásticos como, por exemplo, a extrusão diretamente com o polímero, aplicação de um coating por spray ou extrusão e a aplicação em etiquetas fixadas internamente na embalagem. Como as partículas de cloreto têm dimensões reduzidas, não há comprometimento da transparência do filme (BRODY; STRUPINSK; KLINE, 2001). As bacteriocinas são proteínas derivadas de microrganismos que reúnem atividade bacteriostática e bactericida, atuantes principalmente em ambientes com baixo pH. A nisina, um destes compostos, aprovada como aditivos para alimentos no Japão e pelo FDA, é uma proteína hidrossolúvel, derivada de bactérias láticas, eficiente contra bactérias gram-positivas, principalmente as formadoras de esporos, mas ineficiente contra gram-negativas e fungos. Portanto, estas bacteriocinas são microbiologicamente específicas e pouco efetivas para a conservação da carne fresca, deteriorada por espécies psicrotróficas gram-negativas, como as Pseudomonas spp. Estudos comprovaram a eficiência da nisina em combinação com um agente quelante, sobre a Listeria monocytogenes, em alguns tipos de carnes processadas e sobre bactérias lácticas e aeróbios totais em presunto cozido e queijo fatiado acondicionados em atmosfera modificada. Os estudos nesta área são muitos e tendem a potencializar o efeito de antimicrobianos naturais com diferentes compostos. A comprovação da efetividade das bacteriocinas precisa ainda ser estabelecida em estudos (BRODY; STRUPINSK; KLINE, 2001; HOTCHKISS, 1995; SCANNELL et al., 2000). Os japoneses desenvolveram um filme de polietileno impregnado de alil-isotiocianato (AIT), um composto extraído de raiz forte, encapsulado em um oligossacarídeo cíclico, o qual inibe a proliferação de bactérias e fungos na superfície de alimentos. O composto torna-se ativo por meio da umidade do produto. O efeito antimicrobiano é significativamente aumentado quando o AIT encontra-se na forma gasosa. A maior limitação deste agente antimicrobiano é o odor intenso, normalmente indesejável (BRODY; STRUPINSK; KLINE, 2001). Enzimas com potencial para a produção de toxinas para microrganismos podem ser incorporadas à superfície interna do material de embalagem ou utilizadas em sachês, a exemplo da glucose oxidase que forma peróxido de hidrogênio. Contudo, o residual livre deste composto é questionável sob o ponto de vista toxicológico, além de reagir com muitos componentes dos alimentos, especialmente lipídeos (BRODY; BUDNY, 1995). Outros pontos questionáveis deste sistema são sua eficiência diretamente relacionada com a temperatura de estocagem e comercialização, pH do 163 OLIVEIRA, L. M. de OLIVEIRA, P. A. P. L. V. de produto, exigência da disponibilidade de glicose, relutância do produtor de alimentos em adicionar glicose em alimentos que não sejam doces (ADELL; MORETTI, 1995; LABUZA; BREENE, 1989). Alguns fungicidas também podem ser incorporados ao material de embalagem. Contudo, a adição direta ao PEBD de fungicidas ácidos tradicionais, como os ácidos propiônico, benzóico e sórbico, não se mostrou viável. Como esta incompatibilidade deve-se, provavelmente, a diferenças de polaridade, o problema pode ser contornado pelo emprego do ácido na forma de anidrido, o que reduz sua polaridade. Os anidridos são relativamente estáveis termicamente e quando secos. Quando entram em contato com o alimento, a umidade do produto promove a sua hidrólise, e o ácido livre formado migra para a superfície do produto, exercendo então sua função antifúngica (HOTCHKISS, 1995). Filmes de acetato de celulose incorporados de propionato de sódio (4%) mostraram-se efetivos na inibição do desenvolvimento microbiano em fatias de pão branco (SOARES et al. , 2002). SEABROOK; HEYMANN (1996) apud BRODY; STRUPINSK; KLINE (2001) descreveram como a vitamina E incorporada ao plástico pode controlar a liberação do agente antimicrobiano, impedindo que quantidades prejudiciais do elemento ativo sejam liberadas. Alguns polímeros apresentam atividade antimicrobiana inerente, a exemplo das quitosanas e das poliamidas. A quitosana é um biopolímero, obtido por desacetilação da quitina (presente na crosta protetora de crustáceos e insetos). Alguns estudos têm demonstrado seu efeito sobre algumas bactérias e fungos (BRODY; STRUPINSK; KLINE, 2001). As poliamidas são polímeros muito utilizados na área de embalagens para produtos cárneos devido às suas boas propriedades de barreira a gases e resistência mecânica. Estudos têm demonstrado que na poliamida 6,6, a radiação ultravioleta (UV) induz a conversão de grupos amida superficiais a amina, aumentando a concentração dos mesmos, o que leva a uma atividade antimicrobiana. COHEN et al. (1995) apud SHEARER et al. (2000) demonstraram que na poliamida com um nível de tratamento da ordem de 1 – 3J/ cm2 com luz ultravioleta a 193nm, há uma conversão de cerca de 10% dos grupos amida em amina. Adicionalmente, o tratamento com UV promove uma alteração na topografia superficial, o que leva a um aumento da área de contato embalagem/produto, não estando contudo comprovado que este aumento de área leva a uma maior atividade antimicrobiana. Por outro lado, o mecanismo de ação do grupo amina sobre o microrganismo não está completamente estabelecido, mas parece estar relacionado com a perda da integridade celular. Contudo, estudos comprovam a eficiência do material tratado sobre algumas bactérias, principalmente as gram-positivas (PAIK et al., 1998; SHEARER et al., 2000). De modo geral, um filme plástico incorporado de agentes antimicrobianos ideal deve ser efetivo em um largo espectro e a baixas concentrações, não causar alterações nas características sensoriais do produto, ter um custo compatível e atender à legislação vigente. Os maiores desafios da tecnologia têm sido a estabilidade térmica, a eficácia a baixas temperaturas e o atendimento às exigências legais (BRODY, Braz. J. Food Technol., v.7, n.2, p.161-165, jul./dez., 2004 Revisão: Principais Agentes Antimicrobianos Utilizados em Embalagens Plásticas 2001b). Por outro lado, quando agentes antimicrobianos são incorporados ao material de embalagem, as propriedades físicas, as mecânicas e a maquinabilidade dos filmes podem ser alteradas, o que precisa ser investigado. 3. COMENTÁRIOS Os estudos têm demonstrado que o número de agentes antimicrobianos passíveis de uso em materiais de embalagem não pára de crescer e, enquanto alguns são ou estão próximos de se tornarem realidade, para muitos a distância entre as pesquisas e a realidade comercial é grande. Para outros, faz-se necessário um maior foco da pesquisa na realidade. Adicionalmente, muitas das pesquisas não têm sido realizadas com sistemas alimentícios reais, o que gera dúvidas quanto à destruição do componente ativo na extrusão do polímero e à diluição dos mesmos por componentes do alimento. Desta forma, apesar das inúmeras pesquisas e dados disponíveis sobre a incorporação de aditivos antimicrobianos em materiais plásticos, muito ainda precisa ser feito para que este sistema realmente se torne comercial. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADELL, E.A.A. Contribuição ao estudo de absorvedores enzimáticos de oxigênio na conservação de café torrado e moído. Campinas: 1995. 57p. (Tese apresentada à Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas, para a obtenção do título de Mestre em Tecnologia de Alimentos). BRODY, A. L. What’s active in active packaging. Food Technology, Chicago, v. 55, n. 9, p. 104-106, sept. 2001. BRODY, A. L. Action in active and intelligent packaging. Food Technology, Chicago, v.56, n.2, p.70-71, feb. 2002. BRODY, A. L.; BUDNY, J. A. Enzymes as active packaging agents. In: ROONEY, M.L.(Ed.) Active food packaging. London: Blackie Academic & Professional, 1995. cap. 7, p.174–192 BRODY, A. L.; STRUPINSK, E. R.; KLINE, L. R. 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