RESULTADOS/DISCUSSÃO O ocidente do século XIV vivenciou momentos de crise, mas também de prosperidade. Realidade transfigurada na obra Decamerão (1353) de Giovanni Boccaccio (1313-1375). Através dessa obra, considerada uma das principais fontes sobre a pestilência do século XIV objetivo uma análise do período Tardo-Medieval, visando compreender as reações da sociedade diante de um momento de provações, e a maneira como esses fatores influenciaram o imaginário popular acerca da morte que permeava a vida cotidianamente. Viso entender como o otimismo e a alegria estão presentes na obra do erudito, podendo ser considerados uma alternativa de fuga para aqueles que valorizavam a vida em um período de incertezas. A Baixa Idade Média foi um período de contrastes e contradições, que são as próprias marcas da vida. Através do diálogo que Phillip Wolff estabelece com Johan Huizinga, analisamos esse momento onde morte e renovação eram inseparáveis, não apenas como um período de provações, mas principalmente de valorização da vida. Essa perspectiva esta presente no Decamerão, que através de sua narrativa bem humorada apresenta-se aos leitores como uma das alternativas de alegria num contexto mercado pela peste negra. CONCLUSÕES Após a realização de leituras da bibliografia acerca do contexto tardo-medieval e da literatura enquanto fonte histórica, foram analisadas as cem novelas que compõem o Decamerão e elencadas dezoito, escolhidas a partir da presença do bom humor dos personagens diante de momentos de dificuldades, das superações e de situações ruins que acabam por se tornarem cômicas. Através dessas novelas analisamos as diferentes reações da sociedade no momento em que a peste negra fazia da morte uma presença constante. A partir das novelas analisadas nessa pesquisa, ainda não concluída, e da bibliografia acerca do contexto no qual Decamerão esta inserido, podemos perceber o sentimento e a consciência de Boccaccio em relação à vida e suas possíveis armadilhas, porém, o erudito ressalta uma postura otimista diante das dificuldades. Portanto, não encontramos apenas o símbolo da morte no período da peste negra, mas também o da renovação. Pudemos observar a Baixa Idade Média italiana não como um prelúdio do humanismo e do renascimento, mas como esse momento deu mostras de superação e prosperidade, essenciais para a regeneração da sociedade e das próprias cidades italianas. REFERÊNCIAS AUERBACH, Eric. Frate Alberto. In: Mímesis: a representação da realidade na Literatura ocidental. Tradução coletiva para a língua portuguesa. São Paulo: Perspectiva, ed. 2009, pp. 177-201. BOCCACCIO, Giovanni. Decamerão. São Paulo: Nova Cultural, 1996. ‘HUIZINGA, Johan. O outono da Idade Média. Estudos sobre as formas de vida e de pensamento dos séculos XIV e XV na França e nos países baixos. São Paulo: Cosac Naify, 2010. LE GOFF, Jacques. A civilização do ocidente medieval. Tradução: José Rivair de Macedo. SP: EDUSC, 2005. WOLFF, Philip. Outono da Idade Média ou Primavera dos Novos Tempos? São Paulo: Martins Fontes, 1988.