O Calvário da Esperança Em nenhuma época da história da humanidade a inocência foi evocada a se justificar como agora... A criança, o idoso, o mendigo, o trabalhador, o pai/mãe, o índio, o homossexual, o jornalista, o escritor, o filósofo, o adolescente, o aposentado, o professor, os curdos, os mesopotâmicos, os tibetanos, os iraquianos, todos estão intimados a prestarem depoimentos no tribunal mundial dos Direitos Humanos da má consciência. Com a inversão de valores e do estado de coma de Deus, o homem nunca esteve à mercê da atrocidade do olhar do outro, sem diferença; nunca foi tão julgado pelo simples fato de ser; nunca foi tão vilipendiado em seu modo de agir; quem sabe, talvez, o Cristo, tenha re-ocupado seu lugar no mundo como cordeiro imolado... “Foi por invejar a nossa dor que Deus veio a morrer na Cruz. Esse estranho olhar que ainda não era o seu...” (Albert Camus) ...atualmente, há uma epidemia que está se propagando sem que as pessoas se dêem conta: a peste da indiferença. Para os desavisados, não existe vacina e os ratos estão saindo dos esgotos e vindo a morrer em praça pública. Os guardiões da cidade não mais conseguem deter a propagação; para todos os atos praticados a partir da peste, há uma justificação... Esperemos que esta tempestade passe em breve; que o sol brilhe de novo a partir da presença e da solidariedade que se tornaram obsoletas... Mesmo que este inverno seja rigoroso, haverá, em torno do nosso Fuji, uma primavera do mundo... E, mesmo que o outro se negue a estar conosco no dia a dia, haverá sempre a possibilidade de se pegar o sol com as mãos... Que o calvário da esperança não ceda lugar à intolerância nem a indiferença! Boa Renovação !