XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 12 HISTÓRIAS DE MEMÓRIAS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO - MODELOS EM PAUTA NA CRIAÇÃO DO CURSO NORMAL SUPERIOR DO ISERJ(1999-2001) Profª Drª Maria Carolina Granato Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro RESUMO Esta comunicação visa apresentar e discutir modelos e níveis de formação em pauta no momento de criação e início do funcionamento do Curso Normal Superior do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro, instituição representativa de permanências e mudanças nos modelos e níveis de Formação Docente. Versões de sua História presentes na revista Diálogos em Formação, em diferentes modalidades narrativas, como já demonstraram os estudos sobre Memória e História, construídas por interesses e circunstâncias do momento coloridas pelas experiências acumuladas do narrador orientam suas lembranças, silêncios e esquecimentos. Comemorações despertam o “dever de memória” em “agentes especializados em sua produção” (FERREIRA e FRANCO, 2009: 87) e também naqueles identificados com a efeméride. Seminários, encontros e publicações ao atualizar memórias, expressam opções políticas do momento. Determinados acontecimentos provocam “uma multiplicidade de memórias fragmentadas e internamente divididas, todas, de uma forma ou de outra, ideológica e culturalmente mediadas.” (PORTELLI, 1996: 127). Alçados ao status dos “chamados fatos da história”, segundo Sarlo, se tornam “um ‘mito epistemológico’ que reifica e anula sua possível verdade, encadeando-os num relato dirigido por alguma teleologia.” (SARLO, 2007: 28) Buscam uma linha de continuidade que associe o presente a determinado momento fundador do passado. (CHAUÍ, 2001) Comemorações despertam o “dever de memória” em “agentes especializados em sua produção” (FERREIRA e FRANCO, 2009: 87) e também naqueles identificados com a efeméride. Seminários, encontros e publicações ao atualizar memórias, expressam opções políticas, em geral, político-pedagógicas, no nosso caso em particular. Palavras-chave: Instituto de Educação – Modelos de Formação Docente – Memória e História Em maio de 2006, o Conselho Nacional de Educação (CNE) instituiu dois modelos e níveis de formação docente para as mesmas habilitações. Diretrizes Curriculares Nacionais destinaram a licenciatura em Pedagogia à formação de professores para Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio, na modalidade Normal (Art. 4). Sucessores do Curso de Formação de Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004185 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 13 Professores (CFP), profissionalizante instituído pela Lei de Diretrizes e Bases para o Ensino de 1º e 2º graus 5692, de agosto de 1971, e do mais recente Curso Normal Superior. Pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), 9394, de dezembro de 1996: “a formação de docentes para atuar na Educação Básica [passaria a ser feita] em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e Institutos Superiores de Educação” (Art. 62) que, por sua vez, manteriam “cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental”. (Art. 63) Porém, continuou a admitir a “formação mínima (...) em nível médio, na modalidade Normal” (Art. 62), que deveria ser extinto até o “fim da Década da Educação” quando “somente [seriam] admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço”. (Art. 87) Ana Elisa de Assis e Maria Eugênia Castanho consideram a promulgação e revogação de leis prejudicial ao “trabalho, não apenas ligado à formação de formadores e especialistas, mas ao circuito educacional como um todo.” (ASSIS e CASTANHO, 2006: 2) Circuito que articula a burocracia aos corpos docente e discente. Em 1997, o Instituto de Educação do Rio de Janeiro passou da Secretaria Estadual de Educação (SEE) para a Fundação de Apoio à Escola Técnica (FAETEC), da Secretaria de Ciência e Tecnologia; no ano seguinte foi transformado em Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ). Representativo de permanências e mudanças nos modelos e níveis de formação docente, no ISERJ, de 1999 até 2002, as últimas turmas do Normal Médio coexistiram com as primeiras do Curso Normal Superior (CNS) e, desde 2009, as últimas do CNS com as primeiras de Pedagogia. Extinto no ISERJ, o Normal Médio continua a funcionar em colégios estaduais da Secretaria Estadual de Educação, na cidade do Rio de Janeiro: Carmela Dutra (1949), Sara Kubitsckek (1959), Inácio Azevedo Amaral (1959), Heitor Lira (1959), Júlia Kubitschek (1960). O Projeto político-pedagógico do CNS-ISERJ, em processo de implementação, foi apresentado pelo grupo capitaneado por sua diretora Sandra Santos no X ENDIPE, em 2000. Diálogos em Formação, Revista Científica do Curso Normal Superior-ISERJ (2001), sua única publicação, reúne trabalhos apresentados no I Encontro do CNS- Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004186 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 14 ISERJ, “Homenagem aos 100 anos de Anísio Teixeira”, realizado em outubro de 2000, portanto, expressão de propostas e concepções presentes na criação e início do funcionamento deste curso. Em diferentes modalidades narrativas - apresentação, agradecimento, comunicação e pôster -, dos 37 textos distribuídos em 177 páginas, oito (30 páginas) elaboraram versões da História que valorizam diferentes modelos e momentos relacionados aos dois níveis de formação. No texto de abertura, diretora e professora do CNS, Sandra Santos explicou o caráter do Encontro e, por consequência, da publicação: Promover Diálogos em Formação entre os múltiplos espaços e sujeitos envolvidos no processo de formação docente, com vistas à reflexão coletiva permanente sobre a formação do professor e à construção de indicativos para políticas públicas que regem esta formação; e manter aberto um espaço de debate e troca acadêmica entre os diversos níveis de ensino de formação de professor para o Magistério da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental hoje existentes no Brasil. (p. 3-4) Este interesse geral propiciou a construção de Histórias marcadas pelos interesses e circunstâncias do momento coloridas por experiências acumuladas pelo narrador que orientam suas lembranças, silêncios e esquecimentos, já demonstraram os estudos sobre Memória e História. “O passado é sempre conflituoso”, advertiu Beatriz Sarlo (2007: 60); com a entrada de “operações com a história (...) no mercado simbólico do capitalismo tardio (...)”(idem: 11) proliferaram narrativas acadêmicas e, sobretudo, de vulgarização e não-profissionais. Determinados acontecimentos provocam “uma multiplicidade de memórias fragmentadas e internamente divididas, todas, de uma forma ou de outra, ideológica e culturalmente mediadas.” (PORTELLI, 1996: 127). Alçados ao status dos “chamados fatos da história”, segundo Sarlo, se tornam “um ‘mito epistemológico’ que reifica e anula sua possível verdade, encadeando-os num relato dirigido por alguma teleologia.” (SARLO, 2007: 28) Buscam uma linha de continuidade que associe o presente a determinado momento fundador do passado. (CHAUÍ, 2001) Comemorações despertam o “dever de memória” em “agentes especializados em sua produção” (FERREIRA e FRANCO, 2009: 87) e também naqueles identificados com a efeméride. Seminários, encontros e publicações ao atualizar memórias, expressam opções políticas, em geral, político-pedagógicas, no nosso caso em particular. Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004187 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 15 Esta comunicação visa apresentar e discutir os modelos e níveis de formação em pauta no momento de criação e início do funcionamento do CNS-ISERJ através das versões da História do Instituto apresentadas na revista Diálogos em Formação. Conjunto feminino reune versões “de fora”, da filha do homenageado, Babi Teixeira, presidente da Fundação Anísio Teixeira, e de Clarice Nunes, da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF); as demais “de dentro”, de professoras do CNS com vínculos distintos com a instituição, matizadas pela formação escolar, acadêmica e trajetória profissional. Com diferentes objetivos, da apresentação do encontro e projeto pedagógico àqueles voltados propriamente à reconstrução histórica, o CNS-ISERJ, o presente estabelece laços de continuidade com um dos níveis de formação: ou com a História centenária da Escola Normal da Corte (1880) secundária ou no foco sobre Anísio que ilumina a experiência do curso superior da Escola de Professores do Instituto de Educação (1932). Em quantidade, as referências a ambas se equiparam. Naquele momento, na apresentação, o reconhecimento pela diretora Sandra Santos dos “diversos níveis de ensino de formação docente” podia estar relacionado à derrota da proposta de “atribuir com exclusividade aos Cursos Normais Superiores a prerrogativa de formar professores para atuar na Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental” pelo decreto 3.276, de dezembro de 1999: “o CNE sugeriu ao MEC uma modificação no decreto, substituindo a palavra “exclusivamente” por “preferencialmente”, o que de fato ocorreu (...) (LOPES, 2006: 14-15) A partir daquele ano, no Instituto de Educação, no Médio as opções passaram a ser Formação Geral e Informática. Em processo de extinção nesta instituição, o Normal Médio prosseguiu e prossegue em funcionamento em outras colégios estaduais cariocas. Voltando ao texto de apresentação, o compromisso “com a formação de professores há 121 anos” precedeu a exposição sobre o CNS-ISERJ, dividido em oito períodos: “(...) licenciatura de graduação plena (...) duas habilitações: para o Magistério da Educação Infantil com ênfase em Educação Especial e para o Magistério dos anos inciais do Ensino Fundamental, com ênfase em Educação Especial ou em Educação de Jovens e Adultos” (p. 3). Explicitados mais adiante na exposição do projeto pedagógico (p. 68-77), sem referência ao homenageado, na apresentação, Sandra Santos sublinhou sua contribuição para os princípios norteadores do novo curso: Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004188 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 16 (...) à constituição profissional do cidadão/professor (...) Especialmente para o Curso Normal Superior do ISERJ, o caminhar utópico de Anísio em busca da superação de obstáculos e de interrupções na concretização de seus projetos, nos instiga a refletir sobre nossa responsabilidade de criar e implementar o primeiro Curso Normal Superior Público do Brasil. (p.4) Novidade ou retomada? Nos agradecimentos, Babi Teixeira relacionou o edifício à obra de Anísio e traçou uma linha de continuidade com o CNS: (...) esta Casa foi palco da grande reforma do ensino promovida por Anísio Teixeira na década de 30, durante sua gestão como Secretário de Educação e Cultura [1931-1935] do governo [do prefeito] Pedro Ernesto, ocasião em que a Escola Normal foi transformada em Instituto de Educação, dentro da estrutura da UDF [Universidade do Distrito Federal] por ele então criada, o que conferia ao curso de formação de professores de ensino primário a condição de curso de nível superior, ideia que hoje está sendo retomada com o Curso Normal Superior. (p. 5) Na apresentação do projeto pedagógico do CNS, Ana Abraão se reportou à “luta de todos os seguidores de Anísio” por uma “escola de vida” (p. 66) e ao ISERJ, “instituição histórica voltada à formação de professores desde 1880, credenciada pelo Parecer no. 258 [de 13/10/1998] do Conselho Estadual de Educação [CEE] do Rio de Janeiro vem construindo o processo de implementação do Curso Normal Superior.” (p. 67) Ao destacar este parecer, Ana Abraão fornece pistas para a compreensão do pioneirismo do ISERJ. Pelo Parecer 258, de acordo com Sonia Lopes: “antecipando-se ao parecer do CNE que ainda não havia se pronunciado sobre a criação dos Institutos Superiores de Educação, [o CEE] credenciou o ISERJ, autorizando o funcionamento de seu Curso Normal Superior.” (LOPES, 2006: 30) O “Breve histórico do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro”, de Sandra Santos, Miriam Nazaré Fernandes e Maria Helena Quelhas, que precede a apresentação do projeto pedagógico do CNS-ISERJ, assinala da inauguração no Colégio Pedro II, o Largo de São Francisco, a Rivadávia Correia (Atual Centro de Referência da Escola Pública (CREP) da Secretaria Municipal de Educação, Pedro Varela, no Estácio, até a construção do edifício e “a transformação da antiga escola Normal em Insituto de Educação, abrangendo todos os graus de ensino, desde o pré-escolar até o superior, tendo como objetivo prioritário a formação do professor primário”. (p. 68) Demarcaram ainda, a UDF, em 1935, e a retirada do “curso para a formação de professores secundários”, em 1938. Fundamentado em A formação da professora primária, de Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004189 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 17 Isabel Lelis (1989) e no relatório da pesquisa Recriando a Escola Normal (1988), a maior parte do item trata do “impacto negativo sofrido pela políca de profissionalização do 2º grau” do Curso de Formação de Professores (CFP) da 5692/71, segundo as autoras, o Normal “perdeu sua especificidade, na medida em que se transformou em habilitação de 2º grau, como qualquer outra”. Neste contexto não bastava mais o “curto prazo de três anos [para] formar professores e superar dificuldades acumuladas pelos alunos ao longo do 1º grau, já afetado pela agilização e pela deteriorização da qualidade de ensino.” (p. 69) Resultado do ciclo vicioso iniciado e concluído no CFP, alunos formados por professores sem habilitação específica. O CNS-ISERJ se distinguia, integralizado em 3.200 horas das quais “800 horas representam a Prática Docente Interdisciplinar, realizadas concomitantemente ao longo de todo curso” (p. 70), pela perspectiva da “formação continuada” e do “compromisso pró-pesquisa”, os seguintes “projetos interdisciplinares investigativos”: PROEJA – Projeto de Educação de Jovens e Adultos vinculado ao Curso Normal Superior – implementa classes de alfabetização de Jovens e Adultos de CA à 4ª série, abertas à comunidade, e viabiliza a prática docente voltada para a Educação de Jovens e Adultos; ISEB – Projeto de Integração Ensino Superior Educação Básica, visando a efetividade da coerência prático-teórico do ISERJ integral; PROMEMO – Projeto de Memória Pedagógico Cultural do ISERJ socialmente irradiadas ao longo de seus 120 anos de formação de professores. (p. 70) Continuam a funcionar em 2012, o PROEJA e o PROMEMO, ao qual está vinculada a presente comunicação, parte do projeto Memória e História Imediata da Formação de Professores no Instituto de Educação: O Curso Normal Superior – Entre o Normal Médio e a Pedagogia (1996-2009), com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeior (FAPERJ). Com base na formulação de Dinamara Garcia Feldens da “construção, organização e uso articulado do conhecimento acerca de seu próprio ensino e do ensino que acompanha” (FELDENS, 1998 apud p. 71), sem referência a Anísio Teixeira, os fundamentos teórico-metodológicos do CNS-ISERJ: Abordagem interdisciplinar do processo de construção do curso; Constituição plural do saber; Ressignificação do conceito de docência; Valorização da opção discente; Formação de um sujeito/docente integral; Exercício da Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004190 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 18 Pedagogia da pesquisa; Definição de eixos norteadores; Organização dos diversos conhecimentos em áreas de confluência; Avaliação contínua e multidimensionada. (p. 71-72) Na apresentação do painel de comunicações “Retratos do Professor – Uma Identidade em Construção Maria Thereza Alves da Silva sublinhou a representatividade do Instituto na formação docente e o peso do passado na projeção de seu destino: Avançamos para o futuro, resgatando a história da formação e da vida dos professores brasileiros – história que se confunde com a do próprio Instituto de Educação – IE -, que agora Instituto Superior de Educação – ISERJ – continua a se impor como centro de educação pública para a formação de professores. (p. 78-79) Dedicados especialmente à reconstrução da História, as comunicações de Sonia Lopes e Clarice Nunes e o pôster de Edna Moraes dos Santos e Elvira Lopes Pio Pereira. Este propôs “fazer o recorte da formação docente à luz dos documentos legais, desde os primórdios da instituição, época do Brasil Império, com a denominada Escola Normal da Corte, até os dias atuais, com o Curso Normal Superior do ISERJ”. (p. 176) Edna Santos e Elvira Pereira fundamentaram seu recorte em Resgate da memória do Instituto de Educação/RJ: de 1930 a 1970 (1964), da ex-aluna e ex-diretora Marion Villas Boas, e nos Arquivos do Instituto de Educação (1934). Sem maiores considerações, recortaram quatro marcos: “1880 – Escola Normal da Corte; 1932 – Insituto de Educação (IE); 1974 – Insituto de Educação do Rio de Janeiro; e, finalmente, 1998 – Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ)” (p. 176) Destaque para 1974, possivelmente se relacionado à História Política - ao processo de fusão do estado do Rio de Janeiro ao da Guanabara, em 1975, e à História da Educação, a introdução do CFP. Na mesma perspectiva que Babi Teixeira, Clarice Nunes, autora da tese Anísio Teixeira a poesia da ação (1991), valorizou a “concepção da Universidade do Distrito Federal (UDF) que se notabilizou (...) como locus de aglutinação de professores (...) Pela primeira vez no país, através da Escola de Educação, que se situava ao lado dos Institutos de Filosofia e Letras, de Ciências, de Política e Direito, de Artes e Desenho e de Música, o magistério primário alcançava uma formação em nível superior.” (p. 120) Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004191 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 19 Partindo de Clarice Nunes e Ana Waleska Mendonça (1993), entre outras, e do conceito de Pierre Nora (1984), Sonia Lopes discutiu “a importância conferida ao Instituto de Educação como ‘lugar de memória’ e referencial de ensino para todo o Brasil durante as décadas de 30 e 40, enquanto centro de excelência da formação de professores.” (p. 101) Como assinalara Babi Teixeira, atribuiu a Anísio Teixeira, Diretor de Instrução Pública do Distrito Federal (1931-1935), a iniciativa da transformação da Escola Normal (...) em Instituto de Educação, um centro educacional que incorporava num só estabelecimento a antiga Escola Normal e escolas modificações de estrutura e funcionamento fixadas pelo Decreto 3.810 de 19 de março de 1932. Essas modificações se constituíram, principalmente, na criação de uma escola secundária e de uma Escola de Professores em nível universitário, tendo como objetivo prioritário a melhoria de qualidade na formação do magistério primário, além de cursos de formação de orientadores e administradores escolares. A Escola de Professores do Instituto de Educação foi, pouco tempo depois, articulada à Universidade do Distrito Federal também criada por Anísio em 1935, sendo responsável pela formação pedagógica dos professores universitários formados naquela universidade. (p. 104) Destes Diálogos resultaram pelo menos duas teses. Sua comunicação se tornou o ponto de partida para a tese Oficina de Mestres: História, Memória e Silêncio sobre a Escola de Professores do Instituto de Educação do Rio de Janeiro (1932-1939), de Sonia de Castro Lopes, defendida em 2003, publicada em 2006. Inspirada propriamente na experiência do CNS, a tese Movimentos identitários e investigativos de professores no cotidiano escolar: o exercício instituinte da pesquisa como práxis em diálogo com relações sociais (2006), da ex-diretora do CNS e atual da instituição, Sandra Santos abordou “movimentos identitários e investigativos de professores e alunos implementadores do primeiro curso normal superior público do país, no tradicional Instituto de Educação”, documento para a construção da História do funcionamento do curso. Comemorações de maneira direta e indireta propiciam a expressão de opções, no caso, político-pedagógicas. A escolha do modelo de formação docente traduz a valorização de um legado mais ou menos distante relacionado a dois níveis de formação, o secundário, ou Médio - a Escola Normal da Corte de 1880 -, ou o superior, que se reporta mais diretamente ao centenário de Anísio Teixeira, a criação do Instituto Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004192 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 20 de Educação de 1932 e da UDF, em 1935. A despeito da crítica ao CFP da 5692/71, um silêncio solene pairou sobre o Normal Médio, em especial, do Instituto de Educação, da lendária Normalista cantada em prosa e verso, origem de pelo menos duas autoras: Maria Helena Quelhas (1961) e Sonia Lopes (1968). Nesse sentido, apesar das críticas ao CPF, até que ponto os Anos Dourados do Normal Médio pairaram sobre o CNSISERJ? Até que ponto suas contribuições foram reafirmadas ou refutadas em pesquisas que se desdobraram da experiência do Normal Superior? Quais as relações entre os três modelos de formação de professores instituídos a partir da LDBEN 9394/96? O CNS seria tão somente um aprofundamento do Normal Médio? E a Pedagogia, após as Diretrizes de 2006 se transformou num acúmulo de habilitações e ênfases do CNS? Nesse sentido, até que ponto a Pedagogia não teria se transformado num aprofundamento do Normal Médio? Quais as principais semelhanças e diferenças entre eles? Bibliografia: ASSIS, Ana Elisa e CASTANHO, M. Eugenia. “Especialistas, professores e pedagogos: Afinal, o que nós somos ou deveríamos ser? [2006] In http://www.fja.edu.br/praxis/documentos/artigo_02.pdf Acesso 6/5/2009. CHAUÍ, Marilena. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo: Perseu Abramo, 2001. Diálogos em Formação. – Homenagem aos Cem Anos de Anísio Teixeira, n.1. Rio de Janeiro: FAETEC, 2001 FERREIRA, Marieta de Moraes e FRANCO, Renato. Aprendendo História: reflexão e ensino. Rio de Janeiro: FGV/Editora do Brasil, 2009. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/ldb.pdf Acesso 06/2009. LOPES, Sonia de Castro. Oficina de mestres. História, Memória e Silêncio sobre a Escola de Professores do Instituto de Educação do Rio de Janeiro (1932-1939). Rio de Janeiro: DP&A/FAPERJ, 2006. PORTELLI, Alessandro. “O massacre de Civitella Vila di Chiana (Toscana, 29 de junho de 1994): mito e política, luto e senso comum”: In FERREIRA, M. & AMADO, J. (orgs.) Usos e abusos da História Oral. Rio de Janeiro: FGV, 1996: 103-130. Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004193 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 21 Resolução CNE/CP nº 1, 15 de maio de 2006 – institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf Acesso 1/3/2012. ROUSSO, Henri. La hantisse du passé. Paris: Textuel, 1998. SARLO, Beatriz. Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva. Belo Horizonte/São Paulo: UFMG/Cia das Letras, 2007. Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004194 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 22 Quadro I – Histórias do Instituto de Educação em Diálogos em Formação (2001) Formação escolar Título Autora (s) Abertura do I Encontro do Curso Normal Superior do ISERJ – Diálogos em Formação: Homenagem a ao centenário de Anísio Teixeira Sandra R. Pinto Santos e equipe docente/discente de criação e implementação do CNS Anna Christina Teixeira M. de Barros (Babi Teixeira) Agradecimento ao ISERJ Projeto Pedagógico do CNS do ISERJ Ana M. Carneiro Abrahão Projeto Pedagógico do CNS do ISERJ Sandra R. Pinto Santos, Maria Helena Q. Pereira, Miriam N. Fernandes Retratos do Professor – Uma identidade em construção: Observações sobre uma noite iluminada Instituto de Educação do Rio de Janeiro: ‘Lugar de ..... Normal I.E. (1961) ... Maria Thereza Alves da Silva Sonia de Lopes Castro Normal I.E. (1968) Formação acadêmica Função Ms Educação PUC-RIO Prof diretora CNS Pg Marcos 3-4 1880 - Escola Normal da Corte 1999- CNS e Presidente Fundação A.Teixeira 4-5 1932- Instituto de Educação 1935 - UDF Prof.CNS 6667 1880 - Escola Normal da Corte Parecer 258/CEE- 13/10/1998 Profs CNS 6877 1880 - Escola Normal da Corte 1930- Edifício Escola Normal 19/3/1932- IE Lei 5692/71 1999- CNS Ms Botânica UFRJ Prof. CNS 7879 IE ISERJ Ms. História UERJ Prof CNS 101 - 1930 – Edifício Escola Normal 19/3/1932- Escola Professores do I. Ms Matemática PUC-RIO Ms Educação PUC-RIO Ms Educação UFRJ Ms Pedagogia UGF Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004195 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 23 memória’ do ensino Brasil (anos 30/40) no A obra de Anísio Teixeira A formação do professor ao longo da História: IE-IERJISERJ ou A formação de professor à luz dos documentos legais: Da Escola Normal da Corte ao ISERJ (1998) Dra. Educação Clarice Nunes Edna M. Santos, Elvira L. Pereira dos Pio ... Normal I.E.? Prof UFF Especialistas FE- Profs CNS 108 E. 117 121 UDF (1935-39) 176 1880- Escola Normal Corte 1932 – Instituto de Educação (IE) 1974- Instituto de Educação do Rio de Janeiro (IERJ) 1998– Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ) Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004196