UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS
MISSÕES
URI – CAMPUS DE ERECHIM
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE FARMÁCIA BIOQUÍMICA CLÍNICA
CRISTIANE KLEIN
AVALIAÇÃO DE ANEMIA EM GRUPOS DE IDOSOS NO MUNICÍPIO DE
ERECHIM
ERECHIM
2008
CRISTIANE KLEIN
AVALIAÇÃO DE ANEMIA EM GRUPOS DE IDOSOS NO MUNICÍPIO DE
ERECHIM
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Farmácia Bioquímica Clínica da
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e
das Missões – Campus de Erechim, como requisito
parcial para a obtenção de graduação em Farmácia
Bioquímica Clínica, sob orientação do Professor Luiz
Carlos Cichota.
ERECHIM
2008
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço aos meus pais, as pessoas mais importantes em minha vida.
Sempre me apoiaram e incentivaram em todos os momentos, desde os mais alegres até os de
dificuldades, sem eles nada do que eu consegui até hoje teria sido possível.
Agradeço ao meu namorado, que entrou em minha vida no momento de maior dificuldade,
mas mesmo assim não mediu esforços para fazer destes dias momentos mais agradáveis e alegres.
Também agradeço as minhas amigas e primas que moraram todos estes anos comigo, só elas
sabem o que passaram com o meu mau humor e choradeiras.
Agradeço aos colegas e professores que sempre me ajudaram nas dificuldades, me corrigindo
e orientando para o certo. Em especial agradeço ao meu orientador professor Luiz Carlos, que
sempre com seu conhecimento me ajudou para a realização deste trabalho, além de me animar e
incentivar nos momentos de preocupações.
Não posso deixar de agradecer a Deus, que nos momentos de maiores dificuldades sempre
busquei a ele para amenizar aquele aperto no coração.
Enfim agradeço a todos, que de alguma forma ou outra me ajudaram, sou grata a todos.
Ninguém é nada se não tem uma família e amigos para compartilhar todos os momentos de
realizações e conquistas.
AVALIAÇÃO DE ANEMIA EM GRUPOS DE IDOSOS NO MUNICÍPIO DE ERECHIM
Autores:
Cristiane Klein Citações: KLEIN, C. Acadêmica do Curso de Farmácia da URICampus de Erechim.
E-mail: [email protected]
Luiz Carlos Cichota Citações: CICHOTA, L. C. Mestre em Ciências Farmacêuticas
pela UFSM. Farmacêutico Bioquímico. Professor do Curso de Farmácia da URI Campus de Erechim.
E-mail: [email protected]
RESUMO
O aumento da proporção de idosos tem-se configurado um fenômeno global sendo a anemia um
dos maiores problemas hematológicos que mais acomete a população idosa. A anemia é
caracterizada pela diminuição de hemoglobina na concentração sangüínea. Ocorrendo por
produção deficiente resultando em carências de ferro, vitamina B12 e B6, pela perda sanguínea,
destruição excessiva de hemácias maduras ou pela produção reduzida de hemácias, que levam a
algumas alterações como a diminuição no transporte de oxigênio para os tecidos, alteração no
volume sanguíneo total e na capacidade do sistema cardiovascular e pulmonar não compensar a
diminuição da hemoglobina. Os parâmetros analisados foram hematócrito, hemácias e
hemoglobina. O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência de anemia em indivíduos idosos
no município de Erechim. Foram estudados 64 idosos com idades superiores há 60 anos,
pertencentes a entidades do município de Erechim. A prevalência de anemia foi baixa não
chegando a 1%.
Palavras-chave: Anemia. Idosos. Hemoglobina.
INTRODUÇÃO
O aumento da proporção de idosos tem-se configurado um fenômeno global. Na população
brasileira o seguimento que mais cresce é o do idoso (TAVARES et al). O processo de
envelhecimento e sua conseqüência natural, a velhice implica em uma série de modificações nos
aspectos físicos, psíquicos e sociais do ser humano (CASTRO; VARGAS. 2005). Apresentando
grande facilidade em desenvolver doenças, devido à redução da capacidade fisiológica, alterações
metabólicas, sedentarismo, diminuição da imunidade e outros motivos que fazem do
envelhecimento importante porta de entrada para as doenças (ASSIS, et al). Essas alterações
podem prejudicar a ingestão e absorção de determinados nutrientes, ocasionando maior
propensão ao desenvolvimento de anemia e deficiência de micronutrientes (MENEZES; NUNES;
HOLANDA, 2005). Sendo assim, a anemia é um dos problemas hematológicos que acomete a
população idosa.
Anemia é uma doença muito antiga, uma das enfermidades mais prevalentes em todo o
mundo, especialmente nos países em desenvolvimento, devido à desnutrição, infestações
parasitárias, falta de saneamento básico, desinformação em relação aos seus sinais e sintomas.
Entretanto nos países desenvolvidos, em conseqüência da presença das doenças crônicas, também
não são raras as anemias (FERREIRA, 2004).
A anemia é caracterizada pela diminuição da hemoglobina na concentração sangüínea, sendo
que possui uma variação nos seus níveis dependendo da idade e sexo. Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), o ponto de corte para os níveis normais de hemoglobina são de 14g/dl
para homens adultos e 12g/dl para mulheres adultas não grávidas. Para mulheres grávidas é de
11g/dl (WINTROBE; LUKENS; LEE, 1998).
As anemias que mais prevalecem em idosos é a anemia por doença crônica e a anemia por
deficiência de ferro.
As anemias são classificadas em anemias hemolíticas e anemias não-hemolíticas.
A anemia hemolítica resulta do aumento da taxa de destruição das hemácias sem o
comprometimento da medula óssea, produzindo mais para tentar compensar esta destruição. As
anemias hemolíticas são diferenciadas em defeitos intrínsecos e defeitos extrínsecos. Sendo que
os defeitos intrínsecos são herdados e os extrínsecos são adquiridos (HOFFBRAND; PETTIT,
2001).
As anemias não-hemolíticas acontecem por perda de sangue, produção deficiente resultando
em carências (ferro, vitamina B12 e B6) e deficiência na Eritropoese (WINTROBE; LUKENS;
LEE, 1998).
A anemia por perda sanguínea pode ser aguda ou crônica. A aguda ocorre em associação com
outras doenças subjacentes. O sangramento pode ser decorrente de uma lesão externa do corpo ou
sangramento dentro de uma cavidade, orifício do corpo como no trato intestinal.(THOMAS,
1973). Já a crônica acontece quando ocorrem pequenas perdas sanguíneas, mas por um longo
período (WINTROBE; LUKENS; LEE, 1998).
As anemias carênciais resultam da deficiência de qualquer substância necessária para a
formação da hemoglobina. As principais deficiências que ocorrem são de ferro, vitamina B12 e
B6.(WINTROBE; LUKENS; LEE, 1998).
Anemia ferropriva é a anemia mais comum, causada por um balanço negativo de ferro no
organismo (PATTERSON et al, 2001). O ferro é a parte fundamental da síntese de
hemoglobina.(WALSH, 1981). Sua deficiência pode acarretar numa insuficiência do transporte
de O2 para os tecidos (VERRASTRO; LORENZI; WENDEL NETO, 2005).
Anemia megaloblástica ocorre por deficiência de vitamina B12, ácido fólico ou associação
dos dois. Essa deficiência pode levar a uma falha na síntese de DNA, podendo levar a uma lesão
em algum ponto na síntese das purinas ou pirimidinas ou na inibição da polimerização do DNA
(HOFFBRAND; PETTIT, 2001).
Anemia perniciosa é causada por dois motivos: pela injesta deficiente da vitamina B12 ou
pela produção deficiente de um fator intrínseco (FI) nas secreções gástricas (WINTROBE;
LUKENS; LEE, 1998).
Deficiência da eritropoese acontece quando ocorre uma perda quantitativa de eritróides. A
eritropoese ocorre dentro da medula óssea, quando ocorre uma redução dos constituintes
celulares normais da medula óssea ou uma substituição por gordura resulta num quadro de
anemia hipoplásica ou aplástica (WINTROBE; LUKENS; LEE, 1998).
Anemia aplástica acometida por uma falha na produção das três células do sangue: eritrócitos,
plaquetas e leucócitos. Ela pode ser classificada em anemia aplástica adquirida e pancitopenia
congênita. Porém na maioria dos casos é adquirida, podendo ocorrer congenitamente, através da
Pancitopenia Congênita (anemia de Fanconi) (WINTROBE; LUKENS; LEE, 1998).
Anemia de doença crônica é uma síndrome clínica que se caracteriza pelo desenvolvimento
em pacientes que apresentam doenças infecciosas crônicas, inflamatórias ou neoplásicas. A
presença de anemia acontece quando ocorre uma diminuição na concentração de ferro sérico e da
capacidade de ligação do ferro. Pode acontecer quando as concentrações de ferro medular
estejam normais ou mesmo aumentadas. (CANÇADO; CHIATTONE, 2002).
OBJETIVO
Avaliar a prevalência de anemia em indivíduos idosos no município de Erechim.
METODOLOGIA
As amostras de sangue foram coletadas por punção venosa pelo método padrão e
posteriormente transferidas para tubos a vácuo Vacutainer® (BD Diagnostics®, USA), contendo
anticoagulante EDTA. As coletas foram realizadas por um profissional farmacêutico,
devidamente autorizado, obedecendo às normas de higiene e assepsia.
Os exames foram realizados pelo método automatizado ABX Micros 60 no laboratório
universitário da URI – Campus de Erechim.
Foram coletadas amostras de sangue de 64 pessoas, das quais, 45 mulheres (70,31%) e 19
homens (29,68%), pertencentes a entidades do município de Erechim. Nestas amostras foram
realizadas as análises de hemoglobina, hemácias e hematócrito. As pessoas analisadas tinham
idade superior a 60 anos, sendo que todos assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido, o qual foi devidamente aprovado pelo comitê de ética em pesquisa URI – Campus de
Erechim.
RESULTADOS
Tabela 1
Resultados e valores de referência dos parâmetros hematológicos e hematimétricos.
HEMOGLOBINA (g/dl)
HEMATÓCRITO (%)
VCM (fm3)
HCM (pg)
CHCM (g/dl)
RDW (%)
FEMININO
MASCULINO
REFERÊNCIA
11,7 – 16,4
11,2 – 17,0
11 - 13
32,6 – 48,8
32,7 – 46,6
42 - 47
79 - 95
81 - 101
80-95
27,7 – 33,4
26,8 – 34,8
27-32
32,9 – 36,0
33,0 – 36,1
32-36
12,4 – 15,4
11,4 – 15,9
10-15
Foram estudados 64 idosos com idades superiores há 60 anos, pertencentes a entidades do
município de Erechim, sendo que destes 70% são do sexo feminino e 30% do sexo masculino.
Essa diferença ocorreu, porque as amostras foram coletadas aleatoriamente e somente
posteriormente diferenciadas por sexo.
Analisando a tabela 1 podemos observar que todos os parâmetros analisados ficaram dentro
dos valores de referência. Com exceção do hematócrito onde os valores ficaram um pouco a
baixo dos valores de referencia, mas com limite tolerável.
Como o nosso estudo não teve uma considerável prevalência de anemia, sendo que não
chegou a 1%, a análise estatística não foi realizada.
DISCUSSÃO
A não prevalência de anemia neste estudo, utilizando como indicador a hemoglobina, foi
similar ao estudo de Barbosa et al, que encontrou uma baixa prevalência de anemia nos idosos.
No estudo que realizou Barbosa et al, encontrou uma maior prevalência de anemia segundo os
índices hematimétricos. Ele considera que isso pode ser devido à decorrência de mais casos de
doenças crônicas nos idosos em relação às pessoas mais jovens. Menezes et al, observou que a
causa mais freqüente de uma anemia em idosos é a doença crônica e também considerando a
anemia ferropriva pela baixa ingestão de ferro alimentar. Porém levando em conta os índices
hematimétricos, no nosso caso, não pode se considerar a doença crônica como um dos fatores
para a ocorrência de anemia, tão pouco a anemia ferropriva, pois os valores encontrados não
foram significativos podendo considerar que todos ficaram dentro dos valores de referencia.
Timiras & Brownstein realizaram um estudo em idosos institucionalizados em clínicas
geriátricas nos Estados Unidos e observaram maior alteração de hemoglobina em idosos do sexo
masculino em relação ao sexo feminino. O que poderia justificar é o ponto de corte mais baixo
para as mulheres em relação aos homens. Nós não observamos uma diferença significativa entre
os sexos, destacando que o ponto de corte para mulheres também foi mais baixo.
Quanto ao hematócrito foi observado uma pequena alteração nos índices segundo os valores
de referencia, como descrito por Barbosa et al, porém não foi significativa estas alterações
obtidas neste estudo.
É plausível considerar que as instituições analisadas podem estar direta ou indiretamente
protegidas por condições adversas através da realização de atividades diárias, mantendo um
acompanhamento nutricional adequado, médicos, enfermeiros e exames mensais, que podem
justificar a ausência do comprometimento do estado nutricional.
A autonomia da pessoa idosa está ligada à sua capacidade funcional, principalmente no que se
refere ao desempenho das atividades da vida diária e a manutenção da capacidade funcional
conferindo ao idoso a sensação de bem estar ou uma boa qualidade de vida, independente de sua
idade.
Como estas pessoas estão em ambientes que mantém rotinas, os maus hábitos (fumo e álcool,
por exemplo) são evitados e não estão expostos aos agentes ambientais, estes fatores contribuem
para manter a saúde e identificam estilos de vida saudáveis.
REFERÊNCIA
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