O Hemocentro de Botucatu: História e Objetivos Gilberto Luppi dos Santos A Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas – FCMBB foi criada em 1962 ( Lei nº 6.860, de 22 de j ulho de 1962) . Suas at ividades no núcleo de Bot ucat u t iveram seu início em abril de 1963, com sua inst alação. A inst it uição vinculada, na época, ao Conselho de Ensino Superior do Est ado de São Paulo ( CESESP) , congregava profissionais da área de saúde e oferecia quat ro cursos: Medicina, Biologia, Medicina Vet erinária e Agronom ia ( DEFFUNE & ALVARADO45) . At é o início da década de 70 as at ividades docent es foram concent radas no sent ido de im plant ar os cursos e criar infra- est rut ura indispensável para m inist ra- los. Na área m édica, especificam ent e, os esforços foram canalizados para os serviços de am bulat órios, enferm arias e unidades t écnicas e adm inist rat ivas do Hospit al de Clínicas e dos Departamentos45. Ent re as idéias que direcionavam a criação e im plant ação da FCMBB destacavam- se45: “ ... bem form ar hom ens e m édicos” ; “ ... m ent alidade abert a a t odas as verdades e volt ada a solução de problemas”; “ ... aluno se t ornasse cidadão conscient e e profissional com pet ent e, profissional com condições pessoais para prosseguir, fora da faculdade, os estudos e pesquisas nela iniciados e capaz de integrar a vultosa soma de conhecim ent os...” ; “ ... at enção volt ada um pouco m ais para o doent e e não só para a doença...”; “ ... t ransform ação do ensino clínico de inform at ivo para form at ivo...” . A int egração em vários níveis indicando avanços no sent ido da int erdisciplinaridade, a cont rat ação em t em po int egral dos docent es para que houvesse dedicação exclusiva às at ividades de ensino, feit as em pequenos grupos, e de form a im port ant e às pesquisas com m aior aproxim ação j unt o ao corpo discent e, elim inando barreiras, aum ent ando rendim ent o e produt ividade, seriam form as de alcançar as propost as iniciais, dest acando o “ Plano de Ensino Médico na Faculdade de Bot ucat u, em São Paulo” elaborado e publicado em 1966 pelo Prof. J. E. Dut ra de Oliveira 47. Vale Dest acar as quest ões relacionadas ao ensino int egrado ent re as várias disciplinas e as caract eríst icas de priorização do ensino sobre a assist ência. Com a criação da Universidade Est adual Paulist a “ Júlio de Mesquit a Filho” pelo Decret o Lei nº 952 de 30 de janeiro de 1976, houve desmembramento das faculdades em: Faculdade de Medicina, Instituto Básico de Biologia Médica e Agrícola, Faculdade de Medicina Vet erinária e Zoot ecnia e Faculdade de Agronom ia. Na Faculdade de Medicina, especificam ent e, m udaram - se os obj et ivos com relação ao ensino int egrado, as disciplinas aum ent aram em núm ero com o surgim ent o cada vez m aior das especialidades; as idéias iniciais descaracterizaram- se, hoj e m uit o m enos explicit as e at é desconhecidas, principalm ent e por docent es cont rat ados recent em ent e, resident es, alunos e t écnicos ( ANJOS45) . Em m arço de 1998, o Grupo Técnico de Desenvolvim ent o de Recursos Humanos – GTDRH, t rabalhando na linha de Desenvolvim ent o Organizacional, organizou sem inários com o obj et ivo de det erm inar a “ visão, valores e m issão da Faculdade de Medicina de Bot ucat u” , pressentindo a existência de objetivos diferentes entre as diversas áreas da Faculdade e do HC, o com port am ent o de “ em ergência de pront o socorro” , o crescim ent o desordenado e nunca discut ido, a falt a de projetos de t rabalho e chefias, t odos caract eríst icos da falt a de planej am ent o; t am bém o conflit o ent re as quest ões acadêm icas e técnico- adm inist rat ivas e a falt a de unidade de ensino ent re os diversos Depart am ent os ( ANJOS48) . Apesar dos esforços do GTDRH, desde ent ão, a definição da m issão ainda não havia sido concluída at é o final de 1999, abordando, separadam ent e, quest ões sobre ensino, pesquisa, assist ência e quadro funcional. Em 1967 foi im plant ado sist em a de capt ação de doadores e colet a de sangue pelo Prof. Carlos Gom es de Araúj o, docent e da Disciplina de Urologia do Depart am ent o de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Bot ucat u ( FCMBB) , com a finalidade de possibilit ar a realização de cirurgias no Hospit al de Clínicas ( HC) . Referido sistema envolvia o Serviço Social Médico do HC, na capt ação de doadores, solicit ados aos pacient es com o int uit o de repor ou m ant er est oques de sangue, em brião do sist em a exist ent e hoj e. Em 1976, quando a FCMBB foi int egrada a UNESP, a ent ão disciplina de Urologia const it uiu, na nova organização, o Depart am ent o de Urologia. A Hem ot erapia, m ant endo- se ligada ao Prof. Carlos Gom es de Araúj o, organizou- se com o Disciplina do Depart am ent o const it uído. A aquisição de equipam ent o denom inado “ cent rifuga refrigerada” , em m eados de 1979, const it uiu m arco hist órico relevant e na evolução da Hemoterapia na Faculdade de Medicina: o sangue deixou de ser coletado em frascos de vidro, passando a ser coletado em bolsas plásticas e estas passaram a ser cent rifugadas ao invés de decant adas, por gravidade, com o ocorreria com os frascos, para a obt enção de hem ocom ponent es. A cent rifugação refrigerada am pliou a obt enção de hem ocom ponent es, at é ent ão, rest rit os a concent rados de hem ácias. Est udo sobre a im plant ação de um Cent ro de Hem at ologia e Hemoterapia, com a participação dos Departamentos de Clínica Médica e de Urologia, iniciou- se em 1982, quando foi elaborada propost a de regim ent o int erno e proj et o de nova plant a física. Em agost o de 1982, os responsáveis pelas disciplinas de Hem atologia ( Depart am ent o de Clínica Médica) e Hem ot erapia ( Depart am ent o de Urologia), solicitaram a filiação da Faculdade de Medicina ao Pró- sangue, j unt o ao Minist ério da Saúde e, em 14 de set em bro do m esm o ano foi criado o HEMOCENTRO DE BOTUCATU, int egrado ao Pró- sangue do Minist ério da Saúde, segundo ofício SG/ GAB/ nº 02982 do Secret ário Geral do Minist ério da Saúde, sendo ent ão liberadas verbas para sua implantação. Em 6 de out ubro de 1982, a Congregação da Faculdade de Medicina de Bot ucat u deliberou favoravelm ent e a filiação, sendo referendada às disciplinas de Hem at ologia e Hem ot erapia a coordenação do Hemocentro. A Port aria UNESP nº 382, de 6 de dezem bro de 1983, criou a DI VI SÃO HEMOCENTRO, subordinada à Supervisão do Hospit al de Clínicas da Faculdade de Medicina de Bot ucat u at endendo, inicialm ent e, o Hospit al de Clínicas, nas áreas de Hem ot erapia e Hem at ologia, assim com o desenvolvendo program as de form ação de recursos hum anos m édicos ( graduação e residência m édica) , para- m édicos ( biólogos, farm acêut icos e biom édicos) , nas áreas de Hem at ologia, Hem ost asia e Hem ot erapia, de acordo com o program a da FUNDAP de aprim oram ent o. Ao curso de graduação, cont inuavam sendo oferecidas as disciplinas de Hem at ologia e Hem ot erapia, separadam ent e. No ent ant o, para a form ação de m édicos resident es, consolidou- se program a único de Residência Médica em Hem at ologia e Hem ot erapia, sendo oferecidas t rês vagas anuais. Apesar de a Residência Médica ser unificada, as disciplinas de Hem at ologia e de Hem ot erapia perm anecem dist int as e vinculadas, respect ivam ent e, aos depart am ent os de Clínica Médica e de Urologia. Ent re 1985 e 1986 foram inst alados e equipados os Laborat órios de Hem ost asia, Sorologia e Bioquím ica Erit rocit ária, com invest im ent os na área física, em equipam ent os e em pessoal especializado. Em 1987 foram iniciadas as Colet as Ext ernas de sangue. Em 1990, a Divisão Hem ocent ro iniciou proj et o de im plant ação na área de Biot ecnologia, para t ant o, necessit ou- se de profissional com experiência int ernacional na área de produção de ant icorpos m onoclonais e na área de qualidade e de biossegurança. Em 1991, com a aprovação da congregação da Faculdade de Medicina, inicia- se o processo de contratação de pesquisador, que se consolida em agosto de 1992. As atividades referentes à biotecnologia são iniciadas e, de form a concom it ant e, as de cont role de qualidade, consolidando evolução t écnica im port ant e. O Laborat ório de Biot ecnologia produz inúm eros ant icorpos m onoclonais ant i- erit rocit ários, com t ecnologia nacional, que subst it uem reat ivos policlonais ant eriorm ent e adquiridos no m ercado privado sem pre com cust o m uit o superior ( DEFFUNE & ALVARADO45) .Além da quest ão do avanço t ecnológico houve as seguintes considerações: - reagent es m onoclonais são biosseguros, não expondo o t écnico, repetidam ent e, a m at erial biológico hum ano pot encialm ent e contaminado; - uso ét ico dos com ponent es reservados at é ent ão exclusivam ent e para uso terapêutico; - cum prim ent o da const it uição brasileira que proíbe a com ercialização de sangue, com ponent es e derivados. O uso de reagent es policiclonais humanos fere estes princípios. As m udanças de área física, conform e proj et o inicial de 1982, foram concret izadas em 1992, inclusive para alocar os laborat órios descrit os. Na época, j á m ost rava sinais de t er espaços insuficient es para at ender às at ividades e às necessidades exist ent es. Em 1994, a Divisão Hem ocent ro foi am pliada pela inst alação de laborat ório de Biologia Molecular, para diagnost icar e prevenção de doenças, int egrant e do proj et o Genom a – Câncer da FAPESP. E, 1999, importante projeto de ampliação e reforma da estrutura física e aquisição de equipam ent os, apresent ado ao Minist ério da Saúde, é aprovado, são obt idos os recursos e iniciadas as obras no ano de 2000, ainda não concluídas at é m eados de 2001: proj et o REFOSUS. No ano de 2001 deve- se iniciar im plant ação de t écnicas de biologia m olecular em diversos laborat órios do Hem ocent ro em prosseguim ent o à processo – revolucionário, pois subst it ui m ét odos sorológicos – de incorporação t ecnológica. No dia 6 de out ubro de 2001 houve reunião, fora do horário habit ual de t rabalho, sobre o t em a “ Divisão Hem ocent ro: Análise do Present e e Planej am ent o do Fut uro” com a part icipação de 55 pessoas, correspondent es a 53% dos profissionais, dent ro de m et odologia part icipat iva de t rabalho, onde foram abordados t rês t em as que passaram pelas et apas de criação ou de reflexão, com post erior exposição colet iva das idéias e discussão. Os t em as abordados incluíram relacionam ent os pessoais int er- set oriais e int ra- set oriais, fluxo de recursos m at eriais e recursos hum anos, t endo sido descrit os cenários at uais dos cenários fut uros83. No organogram a vigent e, a Divisão Hem ocent ro encont ra- se diret am ent e subordinada à Supervisão do Hospit al de Clínicas e, est a, à Diret oria da Faculdade de Medicina. Subordinam - se à Divisão Hemocentro a Seção Técnica de Desenvolvimento Diagnóstico e Controle de Qualidade a Seção de Hem at ologia, a Seção Técnica de Hem ot erapia e a Seção Técnica de Quim iot erapia. A Divisão Hem ocent ro de Bot ucat u, segundo DEFFUNE & ALVARADO45, t em com o finalidade a prest ação de serviços, pesquisa e o desenvolvim ent o de processos biot ecnológicos na área de hem at ologia e hemoterapia. O est im ulo à doação de sangue em Bot ucat u e nos m unicípios da região é descrit o por LI MA49 com o a finalidade do Set or de Capt ação e At endim ent o aos Doadores de Sangue. ANJOS6 observa que, o cerne de toda a organização, tanto da Faculdade de Medicina, quant o do Hospit al de Clínicas e da Divisão Hem ocent ro passaria pela definição precisa da missão e dos objetivos da instituição e que a im plicação im ediat a seria o surgim ent o de obj et ivos circunst anciais, de acordo com necessidades apresent adas de m om ent o, sem a det erm inação das at ribuições e da com pet ência de cada nível hierárquico, não form alizadas para a Divisão Hem ocent ro naquele momento. A Divisão Hem ocent ro, ainda segundo ANJOS6, vinha desenvolvendo norm as e rot inas de t rabalho, padronização de t écnicas e cont role de qualidade, dispost os em m anuais, para seus diversos set ores e laborat órios, ressalt ando a probabilidade de ser o único local de ocorrência, com o processo, dent ro da Faculdade de Medicina. As m et as do hem ocent ro, com o int egrant e da Hem o- rede, são as definidas pelo Minist ério da Saúde at ravés do “ Program a Nacional de Doações Voluntárias de Sangue” que inclui, para o ano de 2003: - t ornar 4% da população, com idade ent re 18 e 65 anos, doadora e volunt ária de sangue; - aum ent ar em 80% a part icipação dos doadores espont âneos em relação ao t ot al de doadores da Hem o – rede: - aum ent ar em 6% ao ano a part icipação dos doadores habit uais em relação ao t ot al de doadores da Hem o- rede; - aum ent ar em 6% a part icipação da população fem inina, com idade ent re 18 e 60 nos, na doação volunt ária de sangue, em relação ao t ot al de doadores da Hem o- rede; - aumentar em 6% ao ano a participação da população jovem com idade entre 18 e 28 anos, na doação voluntária de sangue, em relação ao total de doadores da Hem o- rede; - reduzir em 50% a t axa de inapt idão clínica na Hem o- rede; - reduzir em 50% a taxa de inaptidão sorológica. A quest ão t ecnológica é det erm inant e dos cam inhos, m esm o por um a questão de sobrevivência do Hemocentro, antes as circunstâncias que se apresent avam de desenvolvim ent o t écnico. O proj et o Genom a – câncer, os laborat órios de biot ecnologia e de carga viral são exem plos do rum o adotado.