Apostila básica do curso de
Parapente
Por: Carlos Henrique de Oliveira Carvalho
Escola de Vôo Livre Asas da Serra
"onde Voar é um estilo de vida"
www.asasdaserraparapente.com.br
A proposta deste material é fornecer informações básicas e
fundamentais aos iniciantes na prática do Voo Livre de Parapente.
Um bom piloto perceberá que está em contínuo processo de
aprendizagem, uma vez que a evolução do esporte conta com
substancial contribuição dos avanços tecnológicos, que têm permitido
a fabricação de equipamentos cada vez mais seguros, bem como o
surgimento de novas técnicas de voo, através de experimentos
realizados com frequência pelos pilotos mais antigos.
Cabe ressaltar que a prática do voo livre é um esporte
classificado como radical, oferecendo constante grau de risco à
integridade física e à vida do praticante.
Por
tanto,
esteja
disposto
a
seguir
rigorosamente
às
orientações do seu Instrutor de Voo, para reduzir ao máximo as
possibilidades de acidentes.
Reflexão: Deixo aqui a máxima que aprendi com meu mestre, o
renomado Instrutor de Voo Livre LUCIANO MIRANDA - Niterói, RJ:
"É melhor estar em baixo querendo estar em cima, do que
estar em cima querendo estar em baixo".
Carlos Henrique de Oliveira Carvalho
Instrutor de Parapente
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Palavras do mestre
O melhor piloto não é o que acerta, mas o que conserta mais
rápido os erros. Isso nos faz pensar que, no voo, nunca estamos
totalmente certos. Há sempre o que corrigir. Há sempre o que
aprender. Os que pensam assim alcançam mais rapidamente os
níveis satisfatórios de segurança e progridem até chegar aos mais
altos níveis do voo.
Estou certo que os alunos do meu amigo Carlos Henrique
estarão em boas mãos, pois ele, enquanto aluno, foi dedicado,
estudioso, competente e, acima de tudo, humilde a ponto de
reconhecer a cada passo o ato certo da correção.
Luciano Miranda Machado
Asas Ecológicas de Niterói, RJ
Instrutor de Parapente / Paramotor
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SUMÁRIO
Capa...................................................................................... 01
Apresentação.......................................................................... 02
Palavras do mestre...................................................................03
Sumário................................................................................. 04
Programa do curso básico......................................................... 05
A história do parapente ........................................................... 06
Histórico ............................................................................... 07
O equipamento ...................................................................... 08
As modalidades de voo ............................................................ 11
Observando as nuvens ............................................................ 12
A vida de um Cumulus ............................................................ 14
Nuvens perigosas ................................................................... 15
Bibliografia / Contatos.............................................................. 16
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Programa de aula para o Curso Básico de Parapente
1.
2.
Apresentação do equipamento
- condições psicológicas adequadas
- condições meteorológicas adequadas
- equipamentos adequados
Protocolos de segurança
3.
Treinamento prático de inflagem
4.
Exercícios de decolagem
5.
Exercícios de pouso
6.
Voos duplo de instrução
7.
Prova inicial
8.
Voos Solo monitorado
9.
Prova final
10.
Carteira de Piloto Desportivo
- métodos de inflagem
- controle de pêndulos
- exercícios de direção - slalom
- postura ideal
- anda e pára
- subida do morrinho c/ vela inflada
- aproximação segura
- controle de stall
- comportamento do equipamento em voo
- controle de pêndulos, da direção etc.
- controle da vela e deslocamentos em solo
- decolagem e pouso do morrinho
- rampas oficiais
- decolagem, voo e pouso
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A História do Parapente.
Antes de falar do nosso equipamento propriamente dito, a primeira notícia de um
voo experimental foi com um planador, aproximadamente 300 A.C., quando o filósofo
Architas, de Taranto, fez uma tentativa frustrada com o seu pombo mecânico, baseado
na força muscular do piloto. Na verdade foi uma tentativa com asas voadoras
demasiadamente rudimentares, que o inventor julgara ser necessário o movimento de
"bater" as asas, como fazem os pássaros.
Ovídio, o brilhante escritor que viveu no século anterior a Cristo, havia
concebido o homem voador, em sua obra Metamorfoses, Livro III, Cap. 3º, ao relatar as
aventuras de Dédalo e seu filho Ícaro, na fuga de uma prisão de Creta, onde haviam sido
feitos prisioneiros do rei Minos. Ícaro, desprezando as instruções de seu pai, subiu
muito alto, com suas asas feitas de penas de pássaros, interligadas com cera de abelha.
O calor solar derreteu a cera e causou a queda de Ícaro sobre o mar Egeu. Segundo a
obra de Ovídio, Ícaro foi a primeira vítima da tentativa humana de alçar voo num par de
asas. Ícaro passou a ser a figura mitológica representativa do homem voador. Sua
imagem era um desafio aos seus pósteros.
O Parapente (em francês) ou Paraglider (em inglês) é um aeroplano (aeronave
mais pesada do que o ar), em cuja asa (inflável e semelhante a um paraquedas, que não
apresenta estrutura rígida), são suspensos por linhas o piloto e possíveis passageiros.
Costuma-se denominar paramotor o parapente no qual um motor é empregado
para propelir o piloto.
O voo de parapente é uma modalidade de voo livre que pode ser praticado tanto
para recreação quanto para competição e é considerado esporte radical.
O parapente pode ser descrito como um híbrido entre a asa delta e o paraquedas.
Diferentemente do paraquedas o parapente oferece um voo dinâmico, onde o piloto
pode controlar sua ascendência e direção, dependendo das condições meteorológicas,
como velocidade do vento e termais.
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Histórico.
Tudo começou nas pesquisas com relação ao retorno de cápsulas espaciais à
Terra. O paraquedista americano e engenheiro em aerodinâmica, chamado David Barish
dedicou-se à concepção de um novo paraquedas especificamente destinado ao projeto
Apollo. David produziu alguns protótipos, até que em 1965 ele construiu uma espécie
de velame. A fim de fazer alguns ajustes, o americano decolou com o velame do monte
Hunter nos EUA. Era um equipamento muito peculiar. Possuía uma forma diferente dos
parapentes atuais, mas já contava com o bordo de ataque composto de extradorso e
intradorso em dois painéis independentes. O tecido inferior cobria um terço da corda e
ele era composto inicialmente de três e logo em seguida, de cinco grandes gomos. Ao
voar daquela montanha perto de Nova York, David Barish colocou o nome de slope
soaring na nova atividade. Ele chegou a construir um equipamento com um planeio
absolutamente incrível para a época: 4,2:1! Somente vinte anos mais tarde os
equipamentos teriam esta característica.
Paralelamente, Domina Jalbert inventa um paraquedas cujo velame é composto
por células (para gerar efeito asa). Este paraquedas com dorso e intradorso, separados
pelas células, foi o ancestral dos atuais paraquedas, parapentes e kites (as velas do
kitesurf).
O parapente, propriamente dito, foi criado no Parachute Club d'Annemasse
(França), em 1978 para treinar os paraquedistas na precisão da aterrissagem, sem a
necessidade de se utilizar um avião. Em 1980 foi aí criado o primeiro estágio de vol de
pente (voo de encosta) e três anos mais tarde o nome muda para parapente. Em 1985 é
reconhecido como desporto pela "Fédération Française de Vol à Voile".
Desde então passaram a evoluir separadamente e, atualmente, a diferença mais
importante entre paraquedas e parapente é em relação ao chamado L/D (em inglês, Lift
and Drag), ou coeficiente de planeio, que significa a distância horizontal que se pode
atingir quando se parte de certa altura. Por exemplo: com um parapente de L/D 7, se
decola de uma altura de 1 km, atinge-se 7 km de distancia horizontal. Nos parapentes
atuais os L/D's são superiores a 8, já os paraquedas são muito inferiores a isto.
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O Equipamento
- Velame
É feito de materiais como nylon e poliéster não porosos e impermeabilizados,
para que o ar que entra não saia através do tecido, mantendo assim a pressão interna e o
velame inflado. Quanto mais horas de voo e exposição ao sol, mais desgastado fica o
velame causando a perda da impermeabilidade, aumentando a porosidade e tendo assim
uma diminuição da performance. O velame varia de tamanho de acordo com o peso do
piloto mais o equipamento, e para voos duplos a área da vela pode aumentar em até
50% o seu tamanho.
- Células
São os gomos do parapente e variam de quantidade de um modelo para outro,
diferenciando assim a performance.
- Extradorso
É a parte de cima do velame, ou seja, as costas.
- Intradorso
É a parte de baixo do velame, ou seja, a barriga onde se prendem as fileiras de
linhas.
- Estabilizador
É a ponta do velame e visa à estabilidade em torno do eixo vertical. Faz com que
o parapente aproe para o vento e funciona impedindo a passagem de parte do ar do
intradorso, que tem pressão maior, passe para o extradorso, que tem pressão menor,
diminuindo assim o aumento do arrasto causado pelo turbilhonamento da ponta da asa.
- Bordo de ataque
É a parte da frente das células do velame onde se encontram as aberturas por
onde o ar entra.
- Bordo de fuga
É a parte de traz do velame que é costurada para o ar não sair e onde as linhas do
freio atuam para que se possa fazer as curvas, através da deformação de um dos lados,
ou diminuir a velocidade, atuando dos dois lados simultaneamente.
- Freios
São a união dos batoques e linhas usadas para frear e direcionar o parapente. São
usados para aumentar a sustentação na decolagem e, no pouso, para amortecer a
chegada. O freio é muito importante, pois através dele é que sentimos a variação de
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pressão do velame em voos turbulentos. É necessária uma pilotagem ativa aumentando
e diminuindo a tensão na linha de freio, para compensar a variação de pressão.
- Batoques
São as argolas que o piloto usa para segurar, ligadas às linhas de freio.
- Linhas
São as linhas do parapente que unem o velame aos tirantes e são feitas de vários
materiais como o dinema, aramida, tecnora e kevlar.
- Suspensão
É composta pelas linhas que unem os elevadores ao velame. A mais comum nos
dias de hoje é a suspensão linear, tendo cada tirante uma fileira individual de linhas.
- Elevadores ou Tirantes
São as tiras que unem as linhas aos mosquetões e são formadas por 2 a 5
elevadores. São classificados como tirantes A, B, C e D. O tirante A pode se subdividir
em dois: A e o chamado a (azinho), sendo este utilizado para fazer orelhas.
- Acelerador
É um dispositivo usado para encurtar o elevador dianteiro, ou tirante A,
mudando o ângulo ALFA do parapente, chamado de ângulo de ataque da vela, o que
altera a velocidade horizontal e vertical do parapente, fazendo com que ele voe mais
rápido ou mais devegar.
- Trimmer
É um tipo de acelerador usado para alongar o elevador traseiro, ou tirante D do
parapente. Este dispositivo atua mudando o ângulo ALFA, chamado de ângulo de
ataque da vela, o que altera a velocidade horizontal e vertical do parapente, fazendo com
que ele voe mais rápido ou mais devegar.
- Mosquetinhos
Feitos de aço. Ligam as linhas aos tirantes.
- Selete ou Arnés ou Arnez
É a cadeira de voo e existem vários tipos:
 As de escola, para iniciantes treinarem - São usadas para inflar e fazer pequenos
voos a baixa altura. Também usadas para levar passageiros em voos duplos. Não
possuem paraquedas reserva.
 As de voo duplo, projetadas para o piloto que carrega passageiro - Têm uma
abertura permitindo maior mobilidade para as pernas e possuem um paraquedas reserva
para duas pessoas.
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 As de voo solo, utilizadas por todos os níveis de pilotos - São vários modelos
com e sem carenagem, possuem paraquedas reserva e variam nos itens de fabricação.
- Paraquedas reserva
Equipamento de uso obrigatório para segurança em voo. Usado para
emergências no caso de colisão em voo, desinflagem com engravatamento
irrecuperável, causando a perda de altitude irreversível. O tamanho do paraquedas
reserva varia com o peso a ser sustentado. O tipo mais utilizado é o redondo, semelhante
ao utilizado por militares, porém este modelo possui pouca ou nenhuma dirigibilidade
(levado pelo vento). Existem outros tipos, como o Rogalo que tem a forma semelhante a
de um triângulo e permite o controle do voo até o solo, podendo o piloto escolher um
melhor local para pouso.
- Óculos de sol
Importante acessório para poder pilotar melhor sem que ao olhar para a vela o
sol atrapalhe o piloto. É importante que as lentes tenham realmente proteção UV.
- Capacete
Item obrigatório de voo, para proteção do piloto e passageiro, caso haja algum
acidente, ou incidente na decolagem e/ou pouso.
- Botas de voo
Geralmente tem proteção lateral para não torcer o tornozelo no caso de pouso
forte, ou caminhadas em terrenos irregulares.
- Rádio VHF
O rádio para comunicação em frequência VHF é conhecido como HT (hand
transmitter), de comprimento de onda de 2 metros.
- Variômetro ou Vário
Dispositivo que permite ao piloto identificar se está na presença de uma massa
de ar ascendente ou descendente (termal ou térmica).
- GPS
Equipamento de orientação e navegação. O GPS é a forma mais eficiente do
piloto ter uma noção da altura, direção e velocidade a que se desloca.
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As modalidades de vôo
Prego - Consiste em fazer uma decolagem e seguir
diretamente para o pouso. É a modalidade praticada pelos
alunos e tem como objetivo treinar justamente decolagem e
pouso. É de curta, ou curtíssima duração.
Lift - É o voo realizado em encostas, ou obstáculos de altura razoável, como: serras,
morros e até prédios.
Cross Country - É a modalidade mais popular do parapente, tendo como objetivo voar
certa distância no menor espaço de tempo possível, ou apenas voar longas distâncias
sem se preocupar com o tempo gasto no voo. Normalmente nos campeonatos de Croos
Country existe uma comissão técnica que define uma prova (trajeto) com dois ou mais
pontos a serem percorridos pelos pilotos. Cada piloto utiliza um GPS para seguir a rota
definida pela comissão técnica e o vencedor é o piloto que chegar primeiro ao final da
prova (goal).
Acrobacia - É uma modalidade extremante radical e que exige muita técnica do piloto
para ser realizada com segurança. O inicio da acrobacia como modalidade foi em
meados de 2001, quando o piloto espanhol Raul Rodriguez inventou a manobra
conhecida como SAT, onde o piloto gira de costas com um eixo vertical que fica entre o
piloto e o parapente. A partir da descoberta desta manobra, foram inventadas varias
outras manobras e então começaram a surgir os campeonatos de acro. Todos os
campeonatos de acro são obrigatoriamente realizados sobre a água, onde os pilotos
definem as manobras que irão realizar e os juízes analisam a velocidade, ritmo e
conexão entre as manobras que o piloto realiza. Atualmente já existem cursos
específicos para este tipo de modalidade e aprender a fazer acrobacia está se tornando
cada vez mais fácil e seguro.
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Observando as nuvens
Qualquer que seja a aeronave com que se voa, é vital a compreensão e o respeito
pelas condições meteorológicas. Este conhecimento afasta o medo e apreensão,
tornando o piloto mais confiante. Neste sentido, vamos começar observando as nuvens e
suas classificações:
Cumulus
Estratus
Lenticulares
Nuvens de várias camadas
11.000m11111
Camada
Alta
6.000m
Camada
Média
3.000m
Camada
Baixa
0m
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As fotos de cumulus em desenvolvimento e movimento das nuvens podem
fornecer bastantes informações sobre o tempo.
Quando temos certa quantidade de cúmulos de
bom tamanho, pode-se esperar que pelo menos metade
das nuvens tenha alguma ascendência quando você as
alcançar. Uma pesquisa mostra que debaixo de alguns
cúmulos, somente 10% do ar contém ascendência útil.
A nuvem ideal está longe de ser rara e a maioria dos
pilotos sabe como ela deve ser: tem a base chata, topo
bem definido com voltas arredondadas, sem repuxos ou falhas, parecendo-se com um
triângulo equilátero. Não é nem muito alta nem muito chata e são bem distribuídas
como árvores num pomar. Para conseguir estes cumulus ideais é necessária uma
instabilidade moderada, ar relativamente seco e vento vertical com poucas falhas.
Na maior parte do verão temos que nos contentar com um tipo mais inferior de
nuvens e aprender a tirar o melhor partido delas.
O ar pode conter apenas uma quantidade limitada de água, na forma de vapor.
Quanto mais quente estiver o ar, mais vapor d'água ele pode conter. Quando o ar
arrefece, o excesso de vapor se condensa. A condensação tem início quando o ar
arrefece abaixo do ponto de orvalho. Esta é a temperatura na qual o orvalho se forma
sobre uma superfície fria. A maioria dos relatórios meteorológicos dos aeroportos
fornece a temperatura do ar e o ponto de orvalho (Dew Point - DP). O arrefecimento do
ar é geralmente devido à ascensão, mas pode ocorrer também quando o ar entra em
contato com o solo frio, ou com o mar. Neste caso, forma-se uma camada de neblina
acima da superfície, ou bem perto dela.
No arrefecimento por ascensão, a pressão do ar diminui com a altitude. Assim, o
ar a subir expande-se. A expansão consome energia e este processo arrefece o ar. Se o ar
estiver seco, ele arrefece na razão de 3°C /1000 pés (9,8°C/km). Isto é conhecido como
Gradiente de Temperatura Adiabático Seco (Dry Adiabatic Lapse Rate - DALR), que é
constante. Adiabático significa que o processo acontece sem troca de calor com o
ambiente exterior. O termo Gradiente de Temperatura (Lapse Rate) é usado para
descrever a diminuição da temperatura em função da altitude.
A figura acima mostra quatro estágios na vida de uma térmica. Em "A" e "B", a
coluna está a forçar o ar para os lados, enquanto sobe. A seção inferior vai ficando cada
vez mais apertada; quando o ar morno acaba, a coluna é cortada ("C") e a parte superior
destaca-se na forma de uma bolha. A bolha mistura-se com o ar externo à medida que se
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expande, ficando diluída. No ponto "D", ela perdeu todo o suprimento de ar morno e
começa a deteriorar-se. Térmicas pequenas frequentemente ocorrem em sucessivos
"disparos".
A figura ao lado mostra a aparência de um
cúmulo. O vento está soprando da direita para a
esquerda. No minuto 3, uma nova célula começa a
formar-se, à direita. No minuto 6, a célula original
deteriorou-se. Agora, existe ar descendente no lado
esquerdo do cúmulo, mas ainda existe ar ascendente
no lado direito. No minuto 9, mais uma célula formase à direita da nuvem, enquanto o topo anterior fica
ondulado pelo vento acima. No minuto 12, o topo da
nuvem está com ganchos bem desenvolvidos a
dissolverem-se no cisalhamento gerado pelo vento
sobre a nuvem. No minuto 15, o contorno da nuvem
torna-se "esfarrapado", mostrando que ela está quase a
dissolver-se.
Quanto maior o tamanho da nuvem, mais devagar acontece esta sequência de
eventos. Grandes nuvens desenvolvem uma estrutura diferente. Quando as correntes
ascendentes e descendentes se combinam, produzem uma circulação de ar de longa
duração.
A vida de um Cumulus
Alguns pilotos têm uma idéia exagerada da duração de uma térmica. É bom estar
ciente do tempo de vida de um cumulus, pois alguém pode ficar numa má posição ao
esperar tempo demais numa térmica fraca, planejando saltar para outra nuvem com
melhor aspecto depois de ganhar altura. Na altura em que você finalmente se mover, a
próxima nuvem já pode estar em fim de ciclo de vida.
Os cumulus têm sempre melhores aspectos vistos de lado. Se você olhar outra
vez para a nuvem fraquinha que acabou de deixar para trás, ela deve parecer melhor
agora! Possivelmente, isto se deve ao fato de ela ter recebido uma nova injeção de
térmicas desde que você saiu dela. Fique atento, pois muitos cumulus parecem melhores
vistos de lado do que por baixo. Algumas nuvens supostamente bem formadas têm uma
boa aparência à distância, mas quando você chega por baixo delas, acabam sendo algo
bem decadente. Entretanto, se a sua última nuvem perdeu toda a sustentação antes de
você deixá-la, vai estar provavelmente a dissolver-se em farrapos quando você olhar
para trás.
É comum pufs efêmeros, ou mechas brancas aparecerem bem acima de uma
forte inversão e desaparecerem num minuto. Na altura em que você as avistar, a térmica
já terá acabado. Com sorte haverá outra logo em seguida. Entretanto, se o puf se formar
logo por baixo da inversão (onde o ar é mais úmido) normalmente indica uma nova
térmica que durará o suficiente para te dar uma boleia.
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Cumulus altos e alongados quase sempre têm vida curta. Estas "nuvens
relâmpagos" formam-se em cinco minutos, ou menos e se dissolvem dois minutos mais
tarde.
Cumulus com uma forma quase triangular têm um tempo de vida moderado.
Muitas parecem viver por dez ou quinze minutos, mas podem ser reavivadas por novas
térmicas. Quando isto acontece você poderá observá-las começarem a decair e serem
realimentadas com uma nova forma.
Cumulus que formam uma linha normalmente são uma série de pequenas torres
lado a lado e podem durar meia hora ou mais, especialmente se se formaram sobre a
linha de uma montanha com uma encosta ensolarada.
O tempo de vida depende de:
1. A massa de ar da nuvem e a quantidade de térmicas que continuam a
reavivá-la. Quanto maior uma nuvem se torna, mais ela demora a se dissipar, mas irá
tornar-se quase inerte no final da sua vida.
2. Quão seco está o ar à volta. A evaporação é lenta no ar úmido, então os
cumulus demoram a evaporar. Em contraste, cumulus que penetram no ar muito seco
(normalmente encontrado acima da inversão) dissipam-se muito rapidamente.
De manhã, dificilmente há uma grande reserva de calor para formar térmicas.
Como resultado, as nuvens recebem apenas uma ou duas térmicas. A pobre nuvenzinha
fica faminta de energia e logo desfalece.
De tarde, os cumulus são normalmente alimentados por várias térmicas, então o
seu tempo de vida é maior. Filmagens do tempo de vida mostram que estas nuvens são
mantidas por vários novos reavivamentos. Qualquer térmica tem uma vida curta, mas o
efeito geral é produzir uma nuvem de tamanho moderado com uma vida de 15 a 30
minutos.
Ganchos, dentes pontiagudos e pufs esfarelados são normalmente sinais do vento
seco a passar pelo topo da nuvem e evaporando as bolhas arredondadas em fiapos
espaçados. O último estágio antes da nuvem desaparecer acontece quando todos os
sinais de cumulus já desapareceram deixando uma massa esparramada apenas com
descendentes por debaixo dela.
Nuvens perigosas
Cumulonimbus (CB) são monstros que desenvolvem "supercélulas" e não
dependem apenas duma térmica individual. É uma nuvem de contornos bem definidos.
Assemelha-se a uma couve-flor, de máxima freqüência sobre a terra de dia e sobre a
água à noite.
Os muitos desenvolvimentos são chamados de cumulus congestus.
Quando apresentam seções fracionadas, são chamados de fracto cumulus.
Quando apresentam precipitação em forma de pancadas e nuvem de trovoada,
chamamos de cumulonimbus, de bases entre 700 e 1500 metros e quando bem
desenvolvidos, os topos chegam de 9 a 12 km. Às vezes em forma de bigorna, são
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nuvens mistas, formadas por cristais de gelo, gotas d’água, gotas super-resfriadas,
flocos de neve e granizo. Produzem trombas de água e funil de rotação violenta
(tornados), que possuem em seu interior, correntes de ventos que podem chegar a 180
km/h. Têm formação de atividade imprevisível e violenta, deixando rastros
devastadores.
Para a condição de voo, por exemplo, durante um dia de sol, quando a umidade
do ar é média, por volta das dez horas, começa a atividade térmica. A seguir, começam
as primeiras formações de nuvens em função da condensação. Este intervalo pode ser de
uma hora e meia e segue durante todo o dia, até que cesse o aquecimento do solo.
O aparecimento de cumulus é um bom sinal para a condição de voo. No entanto,
quando a atividade térmica é muito intensa, estes “bons cumulus” podem se tornar
cumulus congestus e até cumulonimbus (CB).
Mas quando você já estiver decolando, voando e pousando com certa habilidade,
o assunto relativo à meteorologia será mais amplamente abordado.
Até lá e bom treinamento!
Bibliografia:
- Wikipédia, a enciclopédia livre;
- Aeroclube de Tatuí, SP
- Artigo da "Gliding & Motorgliding International Magazine" - Autor: Tom Bradbury Edição de Novembro/2001
- Texto traduzido da Revista Cross Country nº 63 - junho/julho de 1999.
- 18ª Clínica de Pilotos e Instrutores da ABP, Atibaia, SP - março/abril de 2012.
Contatos:
[email protected]
(24) 2484-1012
(24) 8117-7417
(24) 8107-7236
8*13987
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