AVALIAÇÃO DO GRAU DE CONTROLE DA ASMA Dra. Ana Luisa Godoy Fernandes Profa. Associada Livre-Docente de Pneumologia Chefe da Disciplina de Pneumologia da Unifesp Potencial conflito de interesse CFM nº 1.59/00 de 18/5/2000ANVISA nº 120/2000 de 30/11/2000 Nos últimos doze meses recebi apoio financeiro da indústria farmacêutica,de laboratórios clínicos ou de outras empresas em forma de diárias, passagem ou apoio didático para participação em evento médico Ache; AstraZeneca; Glaxo Smith Klein; Mantecorp; Novartis; Sanofi-Aventis Sou funcionário de entidade governamental Prof Associada Livre-docente Unifesp/EPM Chefe da Disciplina de Pneumologia Sou membro de organização não-governamental destinada a defesa de interesses de profissionais de saúde Diretora de Ensino e Exercício Profissional da SBPT IDENTIFICAÇÃO V.A.C. 66 anos,brasileira,solteira costureira, natural de Jundiaí, procedente de São Paulo QD: crise de tosse, dispnéia, e chiado há 4 dias. HPMA: crises de chiado desde a infância (antes dos 12 anos de idade), tratada com medicações “caseiras”. 25 - 35 anos :remissão completa dos sintomas 35 - 55 anos :sintomas leves e ocasionais :nunca foi internada :visitas ao PS esporádicas Aos 55 anos, após a menopausa, os sintomas se intensificaram, com várias visitas à emergência Internações > 2x ano, cursos de corticosteróides orais e antibióticos. Atualmente, 66 anos : tem sintomas frequentes com limitação das atividades diárias, acorda de 3 a 4 vezes por semana para fazer inalação, visitas à emergência a cada 2 meses e pulsos de corticóide sistêmico. Nunca fez tratamento regular. AP: H.A.S.há 6 meses: faz uso de diurético alergias: pó, mofo irritantes:cheiro forte, mudança de tempo. nega sintomas de vias aéreas superiores e gástricos. AF: pai asmático primos paternos com “bronquite” EXAME FÍSICO GERAL: BEG, dispneica +++/4 em repouso, acianótica, anictérica, uso de musculatura acessória com fala entrecortada. Altura= 1,56 m Peso = 80 Kg , IMC= 33 PA = 170 x 90 mmHg FC= 120, T= 36,8ºC SpO2= 94% f: 32 irpm Orofaringe:ndn Pulmões: MV(+) bilateral c/ sibilos ins. e exp. Cardio-circulatório: BRNF s/s. Abdome: globoso, RHA +, sem viceromegalias. Extremidades: pulsos palpáveis, sem cianose, sem edemas PFE =120L/min (35%) Previsto: 340L/min Com esse quadro você diria que essa paciente apresenta: 1. 2. 3. 4. Asma grave de difícil controle Asma tardia grave Exacerbação de asma – grave Asma parcialmente controlada Com esse quadro você diria que essa paciente apresenta: 1. 2. 3. 4. Asma grave de difícil controle Asma tardia grave Exacerbação de asma – grave Asma parcialmente controlada Classificação da Gravidade da Crise de Asma • Crise leve a moderada – Estado geral e mental normal – Dispnéia ausente ou leve – FC < 110 bpm – Sibilos ausentes, localizados ou difusos – Pico de fluxo> 50% previsto IV Diretrizes Asma SBPT & GINA 2006 Classificação da Gravidade da Crise de Asma • Crise grave – Estado geral e mental normal – Dispnéia moderada – FC > 110 bpm – Sibilos ausentes, localizados ou difusos – Pico de fluxo 30 - 50% previsto IV Diretrizes Asma SBPT & GINA 2006 Classificação da Gravidade da Crise de Asma • Crise muito grave: – Estado geral: cianose, exaustão,sudorese – Estado mental: agitação, confusão, sonolência – Dispnéia intensa – FC > 140 bpm – Sibilos ausentes – Pico de fluxo < 30% previsto IV Diretrizes Asma SBPT & GINA 2006 INICIADO TRATAMENTO Beta2 de alívio via inalatória 2 jatos a cada 10 minutos com espaçador, até reversão dos sintomas Predinisona 40 mg v.o. EVOLUÇÃO Melhora do padrão respiratório PFE = 200L/min (58,8%) SpO2 = 97% FC = 90 bpm Alguns sibilos expiratórios bilaterais PROVA DE FUNÇÃO PULMONAR APÓS TRATAMENTO DA CRISE Com esses dados voce classifica a gravidade da asma como: 1. 2. 3. 4. Asma intermitente Asma leve Asma moderada Asma grave Com esses dados você classifica a gravidade da asma como: 1. 2. 3. 4. Asma intermitente Asma leve Asma moderada Asma grave Gravidade da ASMA Dados clínicos antes do tratamento regular Intermitente Leve Moderado Grave Sintomas diurnos < 1x/sem > 1x/sem < 1x /dia diários diários Sintomas noturnos < 2x/mes < 2x/mes > 1x/sem frequentes VEF1 Vaiação do PFE >80%prev < 20% var Exacerbações Breves >80%prev 60-80%prev 20-30% var >30% var Afetam atividade e sono Afetam atividade e sono <60%prev >30% var frequentes IV Diretrizes Asma SBPT & GINA 2006 CONDUTA NA ALTA M E D I C A Ç Ã O E D U C A Ç Ã O Prednisona 40mg/d por 10 dias Budesonida 400 mcg 2xdia Formoterol 12 mcg 2xdia Salbutamol aerosol 200 mcg s/n Revista a técnica de uso do medicamento inalatório e recomendado higiene oral após o uso do C.I. Evitar desencadeantes Acompanhamento ambulatorial regular Reforço que asma é doença crônica – atenção aos sintomas diurnos e noturnos RETORNO: Após 30 dias, paciente em uso regular Bud 800mcg /For24mcg/dia melhorou bastante, nega despertar noturnos por asma, usou bombinha de alívio, 2 jatos, 3 a 4 vezes por semana. Tem dispnéia para subir escada. Sem outras intercorrências. Exame Físico: BEG, eupneica, acianótica, FC= 88 bpm , PA = 150 x 80 mmHg , SpO2= 97%, f: 20 irpm. Orofaringe:ndn Pulmões: MV(+) bilateral sem ruídos adventícios. Cardio-circulatório: BRNF s/s. Restante sem alterações relevantes PFE =240L/min (70%) Previsto: 340L/min Radiograma de tórax n.d.n. TCA = 18 pontos No retorno essa paciente apresenta: 1. 2. 3. 4. Asma grave de difícil controle Asma não controlada Exacerbação de asma – leve Asma parcialmente controlada No retorno essa paciente apresenta: 1. 2. 3. 4. Asma grave de difícil controle Asma não controlada Exacerbação de asma – leve Asma parcialmente controlada IV Diretrizes Asma & GINA 2006 Nível de controle do paciente com asma Controlado Parcialmente controlado Nenhum ou Min < 2x/sem >2 x/sem Lim de atividades nenhuma alguma Desp noturnos nenhum pelo menos 1 Uso med alívio nenhum 2 ou + /sem PFE ou VEF1 nl próxima ao nl < 80 % prev ou MVR (se conhecido) Exacerbaçao nenhuma 1 ou mais por ano Características Sint diurnos Não controlado 3 ou mais parametros presentes em qualquer semana 1 em qq sem IV Diretrizes Asma SBPT & GINA 2006 Controle da asma Componentes individuais e instrumentos de composição Parametros NAEPP ACQ Diurnos Noturnos Limit atividd Med de alívio Função pulmonar TCA ACS VEF1 PFE VEF1 VEF1 PFE Auto percepção Gravidd sintomas ATAQ Marc inflamação Tempo (último) %Eos esc sem /mês sem mês/ano 4 sem na Acurácia do TCA - Pontos de Corte (ROC-Receiver Operating Characteristics Curve ) Ponto de Corte 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Valor Sensibilidade Especificidade preditivo (%) (%) positivo (%) 17.5 98.6 93.3 22.5 98.6 94.7 25.6 97.9 93.2 28.8 95.9 88.5 35.0 93.9 86.2 41.9 90.5 82.7 50.0 87.1 80.8 58.8 80.9 77.1 62.5 74.8 73.0 71.3 70.8 72.6 78.8 57.1 66.7 88.1 45.6 63.8 92.5 32.0 59.7 96.3 19.1 56.4 98.8 12.9 55.2 Valor % Área preditivo Classificação correta abaixo ROC negativo (%) 52.4 56.4 0.581 53.9 58.9 0.606 54.8 60.3 0.618 55.3 60.9 0.623 57.0 63.2 0.644 58.9 65.2 0.662 61.5 67.8 0.685 64.3 69.4 0.698 64.7 68.4 0.687 69.3 71.0 0.710 71.2 68.4 0.679 77.9 67.8 0.669 79.7 63.5 0.622 82.3 59.3 0.577 90.5 57.7 0.558 Pacientes com pontuação do TCA de 19 ou menos não estão controlados e o tratamento deve ser revisto NATHAN. et al. J Allergy Clin Immunol 2004 Sua conduta nesse caso: 1. Manter Budesonida 800 mcg+ Formoterol 24 mcg /d 2. Aumentar a dose da Budesonida para 1200mcg/dia 3. Trocar Fluticasona 500/salmeterol 50 mcg 12/12 hs 4. Acrescentar antileucotrieno ou teofilina Sua conduta nesse caso: 1. Manter Budesonida 800 mcg+ Formoterol 24 mcg /d 2. Aumentar a dose da Budesonida para 1200mcg/dia 3. Trocar Fluticasona 500/salmeterol 50 mcg 12/12 hs 4. Acrescentar antileucotrieno ou teofilina Manejo baseado no controle CONTROLADO PARCIALMENTE CONTROLADO NÃO CONTROLADO EXACERBADO aumento Nível de controle redução crianças>5 anos, adolecentes e adultos Conduta Manter e encontrar a mínima dose suficiente para o controle Considerar o aumento de uma etapa para obtenção do controle Subir uma etapa para o controle Tratar como exacerbação IV Diretrizes Asma SBPT & GINA 2006 redução Etapa 1 ETAPAS DO TRATAMENTO Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4 aumento Etapa 5 Educação e Higiene ambiental β 2 curta s/n Medicamento manutenção 1a opção Outras opções Selecione um Selecione um Adicione 1 ou mais Adicione 1 ou ambos CI baixa dose CI baixa dose+LABA CI media alta dose +LABA Corticoide Oral Anti-LT CI media Anti-LT Anti-IgE CI baixa +Anti-LT Teofilina CI baixa +Teofilina FÁRMACO Dose baixa (mcg/d) Dose média (mcg/d) Dose elevada (mcg/d) Adultos Beclometasona 200-500 500-1000 > 1000 Budesonida 200-400 400-800 > 800 Ciclesonida 80- 160 160-320 > 320 Fluticasone 100-250 250-500 > 500 Beclometasona 100-400 400-800 >800 Budesonida 100-200 200-400 >400 Bud nebulização 250-500 500-1000 >1000 Fluticasona 100-200 200-500 >500 Crianças Ciclesonida > 4 anos 80 a 160 mcg/dia IV Diretrizes Asma SBPT & GINA 2006 Curva de Kaplan-Meier de tempo, em meses, necessário para o paciente atingir o controle da asma, estratificado pelo PFE na inclusão no programa PFE =180L/min (39%) Previsto: 340L/min Proporç ão de pacientes bem controlados 1,2 1,0 p=0.03 0,8 PFE > 80% 0,6 50%>PFE>80% 0,4 < 50% 0,2 0 0 1 2 3 4 5 6 Meses Programa Estruturado de Educação Estudo longitudinal 120 pacientes do PAPA - UFMA COSTA MRR et al. J of Asthma 45:579-582, 2008. Uso comum dos termos “Gravidade” e “Controle” indicando pontos em comum e distinguindo achados Caracteristicas Gravidade Controle Sintomas Intensidade Frequencia Rapidez da instalação Ocorrência de IRpA Frequencia e gravidade das exacerbações Quantidade de med. necessária para cessar os sintomas Frequencia do uso de SABA ou pulsos de C.O. O grau de perda ao longo do tempo A variabilidade em um curto período de tempo O grau de resposta a Metacolina Como situações tais como exercício provocam sintomas O grau de inflamação qdo não tratado O grau de inflamação quando em tratamento Exacerbação Medicação Função Pulmonar HRB Inflamação Taylor et al . Eur Respir J 2008;32:545-554 Relação entre fenótipo da asma, gravidade e controle. Controle resulta da interação do fenótipo, ambiente e resposta ao tratamento Taylor et al . Eur Respir J 2008;32:545-554 Uma nova perspectiva nos conceitos de Gravidade e Controle da Asma Asma – síndrome heterogênea – variabilidade dos sintomas e sinais Definição – 2 domínios : sintomas e variação de obstrução da via aérea e mais 2 domínios adicionais inflamação da via aérea e hiperreatividade menos acessíveis na prática clínica. ATS/ERS/SBPT desde 2004 – padronizaram medidas para acessar controle, gravidade e exacerbação. Taylor et al . Eur Respir J 2008;32:545-554 Definição do Controle da Asma Sintomas mínimos durante o dia e a noite Necessidade reduzida de medicação de alívio dos sintomas Exacerbações infreqüentes Ausência de limitação das atividades físicas Função pulmonar normal IV Diretrizes Asma SBPT & GINA 2006