ASSOCIAÇÃO ENTRE INFECÇÃO PELO HPV E LESÕES INTRA-EPTELIAIS
POSTERIORES EM MULHERES ATENDIDAS NO MUNICÍPIO DE
CARINHANHA-BA
Mainna Santana de Araújo 1
Tiago Laranjeira Souza2
RESUMO: o câncer de colo uterino causa, em média, 230 mil mortes de mulheres por
ano no mundo, tendo sua incidência evidente na faixa etária de 20 a 29 anos, atingindo o seu
pico máximo entre 45 a 49 anos. É o segundo maior em incidência, em mulheres, no mundo.
A percentagem maior de casos novos ocorre em países em desenvolvimento e em algumas
regiões é o tipo mais comum na população feminina. Em vários estudos epidemiológicos, tem
sido relatado que o Papilomavíros Humano (HPV) é o principal fator de risco para o câncer
cervical. Assim, o presente artigo tem como objetivo avaliar as alterações associadas ao HPV
em mulheres atendidas pelo serviço público de saúde do município de Carinhanha – BA, onde
nos meses de Janeiro à Junho de 2012 foram feitas avaliações através dos resultados dos
exames de Papanicolau realizados durante o período da pesquisa. Foram analisados de 180
laudos citopatológicos. Os resultados dos laudos analisados com alterações epiteliais atípicas
demonstraram prevalência da Papilomavirose (HPV) em 4% dos casos na faixa etária acima
de 24 anos de idade. Na citopatologia foi evidenciadas associações da virose como metaplasia
escamosa 25%, lesões intra-epiteliais de baixo grau – LSIL, 3.37% lesões intra-epiteliais de
alto grau – HSIL 0.5%, e atipias de significado indeterminado em células escamosas – ASC –
US 1.36% e células atroficas com inflamação em 5.5%. Conclui-se, portanto que a
necessidade de se fazer a detecção e o tratamento precoce em lesões pré-malignas causadas
por HPV podem perfeitamente prevenir a progressão do câncer.
Palavras-Chave: Papilomavirose Humana (HPV). Co-fatores do HPV.
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2
Bacharel em Farmácia. E-mail: [email protected]
Bacharel em Farmácia. E-mail: [email protected]
Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para obtenção do título de
especialista em Citologia Clínica, sob a orientação do professor (a) Max. Salvador,
2015.
INTRODUÇÃO
HPV é a abreviatura utilizada para identificar o Papilomavirus Humano, causador do
condiloma acuminado (do grego kondilus= tumor redondo, e do latim acuminare= tornar
pontudo), também conhecido como crista de galo ou verruga venérea. Pode ainda ser
responsável por doença subclínica e estar associado a lesões pré-malignas e até mesmo a
algumas neoplasias intra epiteliais (ENCINA et al.,2005).
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de colo uterino causa, em
média, 230 mil mortes de mulheres por ano no mundo, tendo sua incidência evidente na faixa
etária de 20 a 29 anos, atingindo o seu pico máximo entre 45 a 49 anos. É o segundo maior
em incidência, em mulheres, no mundo. A percentagem maior de casos novos ocorre em
países em desenvolvimento e em algumas regiões é o tipo mais comum na população
feminina.
A infecção causada pelo Papilomavírus Humano (HPV) está diretamente relacionada
com a maior propensão ao câncer cervical, conforme estudos com biomoléculas, o DNA do
vírus está evidenciado em 95% nas tumorações cervicais, tendo como colaboradores: inicio
precoce em atividade sexual, múltiplos parceiros, multiparidade, tabagismo, deficiência
imunológica e nutricional (OLIVEIRA et al., 2011).
O HPV é um vírus de DNA, e existe em mais de 100 diferentes tipos identificados por
técnicas de biologia molecular. Destes, mais de 30 tipos infectam o trato ano genital, sendo
que alguns são de baixo risco e outros de alto risco para o desenvolvimento do câncer
cervical. Entre os HPVs de baixo risco, os tipos mais comuns são os 6 e 11, os quais
provocam lesões benignas como o condiloma, e esses tipos são encontrados de forma não
integrada ou epissormal ao genoma da célula hospedeira. Entre os HPVs de alto risco, os tipos
16 e 18 são encontrados em lesões pré-cancerosas e câncer cervical (PIAS et al.,2009).
Em vários estudos epidemiológicos, tem sido relatado que o Papilomavíros Humano
(HPV) é o principal fator de risco para o câncer cervical. A necessidade de se fazer a detecção
e tratamento precoces em lesões pré-malignas causada por HPV podem perfeitamente
prevenir a progressão do câncer (MARTINS et al, 2007).
A maior parte das mulheres infectadas pelo HPV não apresenta sintomas clínicos e,
em geral, a infecção regride espontaneamente sem nenhum tipo de tratamento. A infecção por
alguns tipos de HPV, considerados de alto risco oncogênico, está relacionada à transformação
neoplásica de células epiteliais, sendo o principal fator de risco para o desenvolvimento do
câncer de colo uterino (MARTINS et al, 2007).
O Coilócito é considerado o principal marcador citológico da presença do vírus HPV.
O halo coilocítico, presença de disceratose e bimultinucleação, são considerados os três
aspectos mais característico da infecção pelo HPV. Os coilócitos são considerados células
vivas e infectantes.
A infecção por HPV pode causar o câncer do colo do útero e lesões precursoras, como:
as células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASCUS), lesão escamosa intraepitelial de baixo grau (LSIL), lesão escamosa intra-epitelial de alto grau (HSIL). O que irá
determinar a progressão dessas lesões será o tipo do genótipo do HPV, que pode ser de baixo
e de alto risco (OLIVEIRA et al., 2011).
Dr. Georgios Papanikolaou, (1883-1962), médico grego, precursor da Citopatologia e
inventor da técnica do exame colpocitológico (também chamado de exame preventivo ou
papanicolau ou citologia oncótica), em 1928, porém seu primeiro artigo com uma grande série
de casos foi publicado em 1943 (OLIVEIRA et al., 2011). O exame é simples, prático e
barato, podendo ser utilizado como triagem populacional para identificar mulheres com lesões
pré-cancerosas (lesão intra-epiteliais escamosas – SIL ou displasias ou neoplasias intraepiteliais cervicais - NIC) ou câncer de colo uterino já instalado (OLIVEIRA et al., 2011).
As células são colhidas na região do orifício externo do colo e canal endocervical,
colocadas em uma lâmina de vidro, coradas através da técnica de coloração especifica, e
levadas a exame citológico (MARTINS et al, 2007). Para que o teste seja eficiente e permita a
identificação de lesões malignas ou das lesões pré-malignas, o esfregaço cérvico-vaginal deve
conter células representativas do ectocérvice e do endocérvice, preservadas e em número
suficiente para o diagnóstico. As lesões malignas ou pré-malignas do colo do útero somente
poderão ser detectadas se o esfregaço for de boa qualidade incluindo elementos
representativos de todas as áreas de risco (OLIVEIRA et al., 2011).
O presente estudo foi realizado com o objetivo de avaliar as alterações associadas ao
HPV em mulheres atendidas pelo serviço público de saúde do município de Carinhanha – BA
no período de janeiro a junho de 2012.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo é de caráter quantitativo e foi realizado no serviço público de saúde
do município de Carinhanha – BA.
Foram incluídas no estudo mulheres sexualmente ativas portadoras do papilomavírus
Humano (HPV) e de alterações que pudessem vir a desenvolver a lesão, dentre elas LSIL,
HSIL e ASC-US, mulheres com faixa etária entre 20 e 65 anos de idade. Foram excluídas do
estudo as pacientes cujo exame de Papanicolau foi considerado normal, ou seja, isentas de
processos inflamatórios, e as que foram atendidas fora do período de exame proposto.
Os dados foram coletados no banco de dados da secretaria municipal de saúde, no
setor da atenção básica com base no SISCOLO/dataSUS, e foram analisadas as seguintes
variáveis: a faixa etária acometida, e a porcentagem de acometimentos das alterações.
A pesquisa avaliou 180 laudos citopatológicos, dentre esses laudos, foram separados
os que apresentaram alterações associadas ao HPV, 72 no total. As amostras foram obtidas
através dos laudos citopatológicos. A pesquisa foi realizada com a autorização da enfermeira
coordenadora da atenção básica do município de Carinhanha-BA.
A análise dos resultados foi feita através da estatística descritiva e para isso utilizou-se
como auxilio o software epi.info versão 3.3.4, e os valores foram expressos em porcentagem.
A partir dos resultados foram construídos dados e tabelas utilizando o programa
Excel 2007 da Microsoft®, versão para Windows 7.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A infecção por HPV é transitória em 90% dos casos, desaparecendo após 36 meses.
Entretanto, uma pequena fração de mulheres, provavelmente por falha de mecanismos
imunológicos, apresenta persistência da infecção, podendo ocorrer alterações atípicas no
epitélio cervical e evoluir para transformação maligna (MARTINS et al, 2007). Sugere-se,
então, que fatores adicionais predisponentes devem agir em conjunto para o desenvolvimento
do câncer de colo do útero. Vários fatores de risco têm sido associados com o
desenvolvimento do câncer cervical, tais como antecedente de múltiplos parceiros sexuais,
início precoce das relações sexuais, uso de contraceptivos orais, tabagismo, imunossupressão,
particularmente relatado em pacientes com HIV, infecções com outras doenças sexualmente
transmissíveis, além de fatores genéticos (ROSA et al, 2009).
De acordo com Silva et al. (2012) Em 1988, o National Cancer Institute nos EUA
propôs um novo esquema de registro dos resultados da citologia cervical, que mais tarde se
tornou as lesões de baixo grau (LSIL), compreendendo as alterações por HPV e NIC-I, e as
lesões de alto grau (HSIL) que compreendem as NICII e III. As alterações que não podiam ser
classificadas em lesões de baixo ou alto grau foram classificadas em atipias de significado
indeterminado de células escamosas (ASCUS). De acordo com Silva et al. (2006) apesar da
frequência do uso ASCUS ainda se encontra dentro da recomendação do Sistema Bethesda,
da Sociedade Americana de Colposcopia e do Ministério de Saúde Brasileiro, que orienta que
menos de 5% das alterações em um laboratório sejam de atipias, não podendo exceder o
dobro das lesões de baixo grau. A grande preocupação das categorias indeterminadas é ser
usada como via de saída para limitações pessoais para diagnosticar corretamente a alteração
citológica, são erros frequente encontrados pelo o observador.
Durante o estudo, observou-se a distribuição do número de caso de pacientes com
alterações celulares dos laudos analisados do município de Carinhanha-Ba, distribuído por
faixas etárias de 20 a 65 anos e tendo uma média de idade de 42,5 anos, sendo possível a
evolução clínica devido a uma infecção por HPV em anos anteriores (Figura 1).
Figura 1. Faixa etária de mulheres infectadas por HPV no município de Carinhanha-Ba.
70
60
50
42,5
40
30
20
10
0
20 a 30 anos
31 a 40 anos
41 a 50 anos
51 a 65 anos
Média de idade
Fonte: autoria própria, 2015.
Muitos mecanismos têm sido sugeridos para explicar o aumento da prevalência do
HPV em indivíduos infectados e não infectados pelo Vírus da Imunodeficiência Humana
(HIV). Dentre esses, são citados a modulação (controle) da resposta imune, a imunidade local
e a instabilidade genética, que danifica a capacidade de reparo celular. Acredita-se que a
imunidade do trato genital tenha papel importante no controle da infecção pelo HPV. A
modulação da resposta imune ao HPV é o mecanismo mais provável pelo qual o HIV
potencializa a doença por esse vírus (MARTINS et al, 2007).
Nos estudos realizados por Borges et al. (2012), 75% das mulheres são atendidas pelo
sistema Único de Saúde (SUS), sendo esse serviço o maior responsável pelo rastreamento do
câncer do colo do útero. Assim, torna-se necessário a melhor estruturação do programa para
que haja um controle do tratamento efetivo e do diagnostico precoce.
A infecção pelo vírus HPV pode desencadear uma lesões malignas, sendo que está se
encontra associada às lesões precursoras do câncer cervical. Na cérvice, a infecção inicial
ocorre nas células basais, por meio de pequenas lesões no tecido ou durante o processo de
metaplasia de células escamosas na zona de transformação quando as células basais são
expostas. Uma vez que o HPV atinge as células alvo, este permanece oculta ou inicia seu
processo de replicação no núcleo, resultando na síntese e liberação de partículas virais
infectantes (SANTANA et al., 2008).
Dentre as alterações celulares observadas nos laudos citopatológicos, a que apresentou
maior prevalência foi a metaplasia escamosa 25,00%, seguidas de células atróficas com ou
sem inflamações em 5,5 %, lesões intra-epiteliais de baixo grau – LSIL 3,37%, atipias de
significado indeterminado em células escamosas – ASC – US 1,36% e lesões intra-epiteliais
de alto grau – HSIL 0,5% (Tabela 1).
Em estudo VENCESLAU (2011), o desenvolvido em um laboratório privado do
município de Santo Ângelo, em que a idade das pacientes variou de 14 a 71 anos, a alteração
citológica mais frequente foi às células glandulares de significado indeterminado (ASC/AG),
representando 53% das alterações citológicas, seguido de LSIL com 34,8% e 12,2% dos casos
corresponderam a HSIL. Neste estudo como pode se comprovar na tabela a baixo nota-se que
o LSIL dentre as alterações citológicas foi o que houve maior prevalência 3,37 % das
amostras
Tabela 1 – Prevalência de exames citopatológicos de colo de útero com alterações, de acordo
com a faixa etária e atipias celulares.
Alterações Celulares
Faixa
Etária
M.E
20-29 anos
30-39 anos
25,00 %
40-65 anos
Fonte: autoria própria, 2015.
C.A- c/s I
LSIL
ASC – US
HSIL
3,37%
1,36%
5,5%
0,5%
De acordo com JORDÃO et al. (2003), o LSIL é uma alteração celular que agride as
camadas mais basais do epitélio estratificado do colo do útero. O HSIL possui a existência de
desarranjo celular em até três quartos da espessura do epitélio, preservando as camadas mais
superficiais. Além do desarranjo em todas as camadas do epitélio ocasionando uma displasia
acentuada e carcinoma in situ, sem invasão do tecido conjuntivo subjacente.
Segundo Silva et al. (2006), os estudos acarretados em países desenvolvidos têm
mostrado que os resultados colpocitológicos de ASCUS, LSIL e HSIL são mais frequentes em
mulheres em situações de vulnerabilidade social (baixa escolaridade, baixo nível
socioeconômico, elevado número de filhos, tabagista). O baixo nível socioeconômico vem
sendo associado a essa neoplasia, no entanto, isso pode indicar uma baixa qualidade das
políticas públicas no controle desta patologia.
O tempo de desenvolvimento de uma lesão cervical para a forma invasiva é de
aproximadamente 20 anos, embora possa ser mais rápido. Este período relativamente longo
permite que ações preventivas sejam eficientes e alterem o quadro epidemiológico da doença,
podendo ser curável em até 100% dos casos (SANTANA et al., 2008). Na fase assintomática
do câncer cervical, a detecção de possíveis lesões precursoras se dá por meio da realização
periódica do exame preventivo. O método convencional para rastreamento do câncer cervical
é a colpocitologia oncótica, ou teste Papanicolau, considerado um método de baixo custo,
simples e de fácil execução (ANJOS et al., 2010).
Segundo LODI et al. (2012), no Brasil o Ministério da Saúde preconiza a realização de
colposcopia em todas as mulheres com diagnóstico citológico de HSIL. Caso a colposcopia
satisfatória não evidencie lesão, deve-se repetir a citologia em seis meses e retornar ao
controle habitual após duas citologias consecutivas normais. Se o resultado mantém o mesmo
diagnóstico de HSIL ou demonstra agravamento de lesão, mesmo com colposcopia normal, é
recomendável a exérese da zona de transformação (EZT), região situada entre os epitélios
glandular e estratificada, nos arredores do orifício externo do colo. Esta área proporciona
constante processo regenerativo e alta taxa de mitose, acarretados por agentes agressores
vaginais, como o pH ácido e a microbiota (LORDÃO et al., 2003).
Ao ser detectado o tipo lesão na colposcopia, realiza-se biópsia dirigida com
recomendação específica a partir do laudo histopatológico. Nos casos de colposcopia
insatisfatória, deve-se colher nova citologia com amostra endocervical. Mantendo o mesmo
grau de lesão, ou agravamento, é recomendável a conização para diagnóstico definitivo. Se a
citologia for normal, a paciente deverá realizar uma nova citologia a cada seis meses, e só
retornar ao seguimento normal após duas citologias negativas consecutivas (GUIMARÃES et
al., 2011).
Nota-se que neste estudo a alteração de LSIL foi prevalente na faixa etária de 20-29
anos, este achados corroboram com os achados de Pias et.al (2009), em que a lesão intra-
epitelial escamosa de baixo grau (LSIL) prevaleceu na mesma faixa etária. Porém em estudo
realizado por Paiva et al. (2009), o HSIL teve maior frequência entre mulheres com 20 e 29
anos, o que não condiz com o nosso estudo, pois foi observado que apenas 0,5 % dos laudos
analisados continha lesões escamosas intra-epiteliais de alto grau em pacientes na faixa etária
de 40 a 65 anos (Tabela 2).
Tabela 2 – Percentual de laudos citopatológicos de pacientes portadora de HPV.
Faixa Etária
Percentual de Pacientes
20 a 29 anos
1,5%
30 a 39 anos
2,5%
Fonte: autoria própria, 2015.
Da totalidade dos laudos analisados, 4% das pacientes apresentaram lesões cervicais
associadas ao Papilomavírus Humano (HPV), na faixa etária de 20 a 29 anos o resultado foi
de 1,5% e a maior prevalência foi observada na faixa etária de 30 a 39 anos 2,5% conforme
apresentado.
Sabe-se que os HPVs oncogênicos são importantes na persistência e na progressão da
infecção, especialmente o HPV 16, seguido pelo HPV 18. Alguns estudos têm comprovado
associação entre a carga viral e aumento de frequência de câncer cervical (ROSA et al., 2009).
A integração do DNA do HPV no genoma da célula hospedeira usualmente é observada em
carcinomas invasivos e em linhagens celulares de carcinoma cervical, mas as lesões benignas
e pré-malignas o DNA do HPV usualmente são extracromossômicos. De acordo com ROSA
et al. (2009), quando ocorre a evolução para o câncer, os genomas que estão mantidos de
forma epissomal passam, em algum momento, a interagir o genoma da célula do hospedeiro,
causando alterações morfológicas da célula, alterando seu controle do ciclo celular e levando
a lesões precursoras.
Segundo MARTINS et al. (2007), a infecção cervical pelo HPV é o principal sucessor
de uma série de eventos que levam ao desenvolvimento do câncer cervical. Entretanto, apenas
a infecção pelo HPV não é capaz de levar a uma transformação maligna, sendo que a história
natural das mulheres com diagnóstico de lesões precursoras de baixo grau é caracterizada por
regressão espontânea, e apenas pequena percentagem persiste e evolui para câncer (ROSA et
al., 2009).
Países em desenvolvimento apresentam altos níveis de mortalidade, com óbitos em
plena idade produtiva, o que penaliza a mulher e o grupo que lhe é próximo além de privar a
sociedade do seu potencial econômico e intelectual. Aos anos potenciais de vida improdutivos
e perdidos decorrentes das mortes precoces por câncer do colo do útero, associam-se,
também, o tempo gasto com a própria doença e o sofrimento físico e emocional das mulheres.
No Brasil, as taxas de mortalidade ainda são elevadas, com a doença persistindo como um
problema de Saúde Pública (MENDONÇA et al., 2008).
De acordo com RAMA et al. (2008), a efetividade da detecção precoce do câncer do
útero por meio do exame Papanicolaou, associada ao tratamento da lesão intra-epitelial, tem
resultado em uma redução da incidência do câncer invasor do colo do útero. De acordo com
RAMA et al. (2008), é estimado que uma redução de cerca de 80% da mortalidade por câncer
cervical pode ser alcançada pelo rastreamento de mulheres na faixa etária de 25 e 60 anos, por
meio do teste Papanicolauo, produzindo um impacto significativo nas taxas de
morbimortalidade.
Segundo AYRES et al. ( 2010), além da detecção e diagnóstico precoce e investigação
periódica por meio do exame Papanicolauo, ações preventivas contra o câncer cervical
também se fazem por meio da educação popular e do tratamento das lesões de colo em suas
fases iniciais antes de se tornarem lesões invasivas, quando o tratamento é de baixo custo e
tem elevado percentual de cura.
Os Programas de rastreamento ativos, vários países nórdicos conseguiram diminuir as
taxas de incidência do câncer do colo do útero entre 1986 e 1995, como Islândia (redução de
67%), Finlândia (75%), Suécia (55%), Dinamarca (54%) e Noruega (34%), e,
consequentemente, a mortalidade pela doença. No Brasil, a melhoria da cobertura do exame
citológico ainda não foi suficiente para reduzir a mortalidade por câncer do colo do útero em
muitas regiões (MENDONÇA et al., 2008).
De acordo com RAMA et al. (2008), a descoberta tardia ainda é o mais habitual,
podendo estar relacionada a dificuldades no acesso da população feminina aos serviços e
programas de saúde, baixa capacitação dos recursos humanos envolvidos na atenção
oncológica, incapacidade do sistema de saúde para absorver a demanda às Unidades de Saúde
e dificuldades dos gestores municipais e estaduais em definir e estabelecer um fluxo
assistencial com hierarquização dos diversos níveis de atenção (SANTANA et al., 2008).
Segundo VENCESLAU (2011), estudos epidemiológicos referentes à mortalidade por
câncer do colo do útero vêm sendo utilizado o Sistema de Informação sobre Mortalidade
(SIM), sendo este coordenado pelo Ministério da Saúde, como importante fonte de dados.
Segundo AYRES et al. ( 2010), O SIM representa um instrumento para a análise dos padrões
de episódio e evolução da mortalidade em diferentes populações, para avaliação indireta dos
programas de rastreamento e para identificação de grupos de mulheres e localidades com
maior risco de óbito por câncer do colo do útero, evento este considerado evitável à luz do
conhecimento atual.
Segundo informações do INCA (2008), no Brasil o câncer cervical é o segundo tipo de
câncer mais frequente. Para os anos de 2010 e 2011, a estimativa da incidência foi de 18.430
novos casos por 100 mil mulheres com um risco estimado de 18 casos a cada 100 mil
mulheres. No Nordeste Brasileiro, a estimativa é de 5050 novos casos com um risco estimado
de 18,4 casos a cada 100 mil mulheres e no Estado de Alagoas a taxa bruta é de 16,8 sendo
previsto 270 novos casos (BRASIL, 2009).
CONCLUSÕES
Analisando os resultados, conclui-se, portanto que a necessidade de se fazer a detecção
e o tratamento precoces em lesões pré-malignas causadas por HPV podem perfeitamente
prevenir a progressão do câncer, pois são capazes de produzir diagnóstico e tratamentos
precocemente impedindo a sua progressão.
No entanto observou-se que os resultados obtidos no trabalho realizado na Cidade de
Carinhanha – BA foi de estrema relevância para analisar o grau de conhecimento da
população sobre os riscos que o HPV pode causar.
Dessa forma nota-se que há a necessidade dos Municípios criarem programas e
estratégias permanentes através de Palestras educativas para levar a população, informações
sobre os fatores de riscos associados ao HPV, dentre eles principalmente os relacionados ao
comportamento sexual.
ASSOCIATION BETWEEN HPV INFECTION AND INJURIES INTRAEPTELIAIS LATER IN ASSISTED WOMEN IN MUNICIPALITY OF CarinhanhaBA
ABSTRACT: cervical cancer causes an average of 230,000 deaths of women each
year worldwide, with its clear focus on the age group 20-29 years, reaching its peak between
45-49 years. It is the second largest in incidence in women worldwide. The largest percentage
of new cases occur in developing countries and in some regions is the most common type in
the female population. In several epidemiological studies, it has been reported that the Human
Papilomavíros (HPV) is the main risk factor for cervical cancer. Thus, this article aims to
evaluate the changes associated with HPV in women attending the public health service of the
municipality of Carinhanha - BA, which in January to June 2012 were made evaluations
through the results of Pap tests performed during the survey period. We analyzed 180
cytological reports. The results of the reports analyzed with atypical epithelial changes
showed prevalence of Papilomavirose (HPV) in 4% of cases in the age group above 24 years
old. In cytopathology was evident virus associations as squamous metaplasia 25%
intraepithelial lesions of low grade - LSIL, 3:37% intraepithelial lesions of high-grade - HSIL
0.5%, and undetermined significance of atypical squamous cells - ASC - US 1:36 % to
inflammation and atrophic cells in 5.5%. It follows, therefore, that the need to make early
detection and treatment of pre-malignant lesions caused by HPV can perfectly prevent cancer
progression.
Key words: Human Papilomavirose (HPV). HPV co-factors.
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associação entre infecção pelo hpv e lesões intra